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A intervenção do Estado na economia

1) Setor público em Portugal


setor público: constituído por entidades controladas pelo Estado.
Inclui o:
- Setor público administrativo (SPA): atividade administrativa do Estado
Constituído pela:
● Administração Central EX: Ministério da Educação, Ministério da Saúde, etc…
● Administração Regional (RA Madeira e do Açores)
● Administração Local (municípios e freguesias)
● Segurança Social
● Fundos autónomos
- Setor público empresarial (SPE): atividade do Estado enquanto produtor de bens e
serviços
Constituído por:
● Empresas públicas: Aquelas cuja propriedade é do Estado (Estado detém mais de
50% do capital ou dos direitos de voto, ou a capacidade de designar e destituir a
maioria dos membros dos órgãos de administração ou fiscalização)
EX: Metropolitano de Lisboa, RTP, TAP, Metro do Porto, etc…
● Empresas participadas: Aquelas em que existem os requisitos para serem
consideradas públicas, mas em que o Estado detém uma participação permanente,
desde que não tenha uma posição dominante
EX: Águas de Portugal, Circuito Estoril, etc…

2) A intervenção do Estado na economia


Após a Revolução Industrial (a partir do final do século XVIII) iniciou-se o período do
liberalismo político e económico, em que o Estado não intervinha diretamente na atividade
económicas apenas interferia definia o quadro jurídico que a atividade económica terá de
respeitar, garantindo o livre funcionamento do mercado
No entanto, com Crises económicas, como a crise de 1929, o Estado foi forçado a intervir
na economia (Estado intervencionista), intervindo nos domínios económicos e sociais de
forma a prevenir crises económicas futuras ou de minimizar os seus efeitos e de igual forma
providenciar a satisfação das necessidades da população (educação, saúde, etc…) de
forma a garantir o equilíbrio da economia.
Finalidades da intervenção do Estado na economia:
- Eficiência: utilização do mínimo de recursos na produção de bens e serviços de forma a
obter-se o mínimo de custo
Ex: Reduzir os custos de produção e os desperdícios/ Produzir energia com menores
custos ambientais representa um ganho de eficiência para a sociedade
- Estabilidade: medidas tomadas pelo Estado para reduzir as oscilações da atividade
económica, para que esta estabilize e as crises económicas e financeiras sejam
minimizadas
Ex: Combate ao aumento dos preços e desemprego, medidas tomadas pelo Estado em
2020 em combate à pandemia Covid-19, que visaram repor a estabilidade
- Equidade: Estado intervém através de medidas de apoio às pessoas mais
desfavorecidas, para garantir uma maior igualdade de oportunidades e justiça social
Ex: Distribuição dos rendimentos (IRS), fornecer bens públicos (educação, saúde,
transportes, iluminação pública, etc..)
Instrumentos de intervenção do Estado na esfera económica e social
- Planeamento económico: consiste num plano elaborado pelo Estado para o
desenvolvimento económico e social do país, ou seja inventariar os recursos e as
necessidades de satisfação prioritária (os ramos de atividade a incentivar, tipo de subsídios
a conceder, etc…) e definir os objetivos a alcançar com um prazo estabelecido. Este é
indicativo para o setor privado (uma vez que o Estado não pode obrigá-los a aceitar o
planeamento, utiliza determinadas estratégias, como políticas fiscais e regulamentação de
preços, de forma a conseguir atingir os objetivos definidos no plano) e imperativo para o
setor público (são obrigados a cumprir os objetivos e os meios definidos pelo plano
económico) → É um importante instrumento de intervenção, pois permite adequar os
recursos existentes às necessidades da coletividade
- Políticas económicas e sociais: são ações desenvolvidas pelo Estado que visam
prevenir e corrigir os desequilíbrios da economia, a utilização racional dos recursos e a
satisfação das necessidades básicas da população, para isso utilizam instrumentos
macroeconômicos como taxas de juro, impostos, transferência sociais, etc….
Estas podem ser classificadas em:
1) Políticas conjunturais: têm como objetivo corrigir os desequilíbrios a curto prazo (até 1
ano) Ex: políticas fiscais, orçamentais, monetárias, preço, emprego, redistribuição
rendimento
2) Políticas estruturais: de médio prazo (1 a 5 anos) e de longo prazo (mais de 5 anos),
alteram o funcionamento e as estruturas em que assenta a economia Ex: políticas agrícola,
industrial, ambiental, etc…
- Orçamento do Estado: documento onde se encontram previstas as receitas e despesas
do Estado, para um determinado período de tempo, geralmente um ano

3) Orçamento de Estado
O orçamento do Estado é constituído por receitas e despesas públicas
Receitas públicas: São arrecadadas pelo Estado para financiar as suas despesas,são
portanto recursos para o Estado. Estas podem ser classificadas como:
- Receitas correntes: São montantes que o estado recebe todos os anos provenientes das
receitas fiscais (impostos), das contribuições sociais (por exemplo contribuições para a
segurança social) e da venda de bens e serviços (venda de madeira das matas nacionais,
por exemplo)
- Receitas de capital: Incluem recebimentos de verbas ocasionais, associadas à venda de
imóveis e bens de investimento e até mesmo do recebimento de transferências de fundos
europeus

As principais fontes de receita do Estado são os impostos, podendo estes ser diretos e
indiretos:
→ Impostos indiretos: Incidem sobre o consumo ou despesa
Ex: IVA, Imposto de selo, IUC, etc…
→ Impostos diretos: Incidem sobre os rendimentos ou sobre o patrimônio dos
contribuintes, com base em matéria coletável (valor sobre o qual incide a taxa de imposto)
perfeitamente determinada
Ex: IRS, IRC, IMI, etc…
Entre os impostos diretos, destacam-se os impostos sobre o rendimento, que podem ser
progressivos (quanto maior for os rendimentos maior é a taxa de imposto aplicada)
ou proporcionais (quando a taxa a aplicar é fixa). O IRS e o IRC são impostos progressivos.

São um importante instrumento para diminuir as desigualdades sociais e promover a
equidade. Ao fazer com que famílias mais favorecidas paguem mais IRS, o Estado está a
redistribuir o rendimento e a promover a equidade

Por sua vez, os impostos indiretos são, de um modo geral, impostos regressivos,
diminuem relativamente ao acréscimo de rendimento, pois todas as pessoas pagam a
mesma taxa de imposto independentemente do seu rendimento. Assim o imposto têm
maior peso no rendimento de famílias com menores rendimentos, e vice-versa

Menor equidade
Despesas públicas: consistem nos gastos que o Estado tem na aquisição de bens e
serviços para a satisfação das necessidades coletivas, é portanto um emprego para o
Estado. Estas podem ser classificadas como:
- Despesas correntes: Efetuam-se ao longo de um determinado ano e terminam nesse
mesmo ano Ex: vencimentos dos funcionários públicos, transferências sociais, compra de
bens não duradouros, pagamento de juros da dívida pública, etc…
- Despesas de capital: Incluem gastos que não se repetem todos os anos, mas que
perduram no tempo Ex: despesas em investimentos em capital fixo (construção de
infraestruturas, aquisição de equipamentos e de tecnologias), transferências de capital,
compra de ações, reembolso dos empréstimos, etc…
Saldo orçamental
saldo orçamental= receitas- despesas
receitas > despesas → saldo orçamental superavitário
receitas < despesas → saldo orçamental deficitário
Saldo orçamental corrente: receitas correntes- despesas correntes
Saldo orçamental de capital: receitas capital- despesas capital
Saldo orçamental global ou convencional: receitas (total) - despesas (total)- juros da
dívida pública e outros encargos
Saldo orçamental primário: saldo orçamental global + juros da dívida pública
O orçamento de Estado constitui um importante instrumento de intervenção económica e
social cujos fins são a promoção do crescimento, a estabilização da economia e a equidade
(pág.163)

3) Políticas económicas e sociais do Estado


Políticas económicas
1) Política fiscal: incide sobre os impostos e tem como principal objetivo a equidade e a
estabilidade. O estado pode desenvolver uma política fiscal expansionista, quando
procura reduzir os efeitos recessivos através da promoção do crescimento económico,
assim diminui os impostos de forma a aumentar o consumo e o investimento (procura) ou
uma política fiscal restritiva/contracionista, se o objetivo for, por exemplo, a diminuição
do défice orçamental, assim o Estado aumenta o valor dos impostos, o que fará aumentar o
volume das receitas e diminuir o consumo e investimento
2) Política de preços: tem como objetivo o controlo dos preços e da inflação. Alguns dos
instrumentos utilizados nesta política são: fixação dos preços dos bens essenciais
(subsidiados pelos Estado), controlo administrativo dos preços para que estes não sofram
distorções por parte das empresas (mercados monopólio e oligopólio) e o controlo dos
preços dos bens públicos
3) Política orçamental/de contraciclo: tem como principal objetivo corrigir os excessos do
ciclo económico e promover a estabilidade, tendo como instrumentos as receitas e
despesas públicas.Podendo ser uma política orçamental restritiva /retracionista
/contracionista (consiste na redução das despesas e aumento das receitas públicas, tendo
como objetivo minimizar os desequilíbrios provocados pela expansão da atividade
económica) e política orçamental expansionista (consiste no aumento das despesas
públicas e redução dos impostos (receitas), de forma a inverter a fase recessiva do ciclo
económico)
4) Política monetária: tem como principal objetivo o controlo da oferta da moeda e manter
a estabilidade dos preços. A política monetária pode ser:
Política monetária expansionista: objetivo é aumentar a oferta de moeda, através da
→ Redução das taxas de juro (facilitar a procura de crédito)
→ Compra de títulos em open market pelo Banco Central aos bancos comerciais
→ Diminuição das reservas bancária para promover o crédito
→ Inexistência de limites ao crédito
→ revalorização da moeda nacional (as importações mais baratas e as exportações perdem
competitividade, pois são mais caras no mercado internacional)

Faz aumentar o consumo e o investimento. No entanto, pode criar tensões inflacionistas e
um agravamento do défice externo (aumento das importações em relação às exportações)
Política monetária restritiva: objetivo é diminuir a oferta de moeda
→ Subida das taxas de juro (diminui a procura de crédito)
→ Venda de títulos em open market pelo Banco Central aos bancos comerciais
→ Aumento das reservas bancária para limitar o crédito
→ Imposição de limites ao crédito
→ desvalorização da moeda nacional (as importações mais caras e as exportações ganham
competitividade, pois são mais baratas no mercado internacional)

Redução da inflação e do défice externo. No entanto, pode conduzir à estagnação ou
redução da atividade económica (diminuição do consumo e do investimento)

Interdependência entre as políticas orçamental e monetária restritivas


Numa situação de risco de inflação e de sobreaquecimento da economia, a política
monetária deverá atuar medidas restritivas de forma a diminuir a oferta de moeda em
circulação e desincentivar a procura, contribuindo para a diminuição dos preços; do lado da
política orçamental, as medidas restritivas a tomar, como o aumento dos impostos e
diminuição da despesa pública, irão contribuir para a redução do rendimento disponível, e
portanto a redução da procura (investimento e consumo), provocando a descida dos preços

Políticas sociais: o Estado através destas políticas promove o combate ao desemprego, a


redução das desigualdades sociais, justiça social e a equidade
1) Política de combate ao desemprego: tem como objetivo a redução do desemprego,
através de medidas que o previnam
Ex: diminuição da idade da reforma (antecipar a retirado dos trabalhadores mais velhos do
mercado de trabalho), melhoria do nível educacional e qualificação dos trabalhadores
(manutenção do trabalhador no mercado cada vez mais exigente e competitivo), descida ou
congelamento dos salários suportados pela entidade patronal, através de subsídios
concedidos pelo Estado, redução do horário de trabalho e apoio às empresas que criem
emprego
2) Política de redistribuição dos rendimentos: tem como foco alterar a distribuição
primária dos rendimentos
Ex: Imposição de impostos diretos progressivos (famílias e empresas com maiores
rendimentos terão de pagar maior taxa de imposto do que as com menores rendimentos),
aumento das transferências sociais para as famílias mais desfavorecidas (RSI, reforma,
abono de família, etc…) e a oferta de bens públicos (educação, saúde, habitação social,
etc…) para que todos os cidadãos tenham direito e acesso a estes

Reduz as assimetrias sociais, promove a equidade e reforça a coesão social

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