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ESTADO COMO REGULADOR DA ATIVIDADE ECONÓMICA

25 HORAS
ESTADO COMO REGULADOR DA ATIVIDADE ECONÓMICA

Objectivos:
 Reconhecer o conceito de Estado e
as respectivas funções e esferas de
intervenção.
 Descrever os objectivos de
intervenção do Estado na esfera
económica e social.
ESTADO COMO REGULADOR DA ATIVIDADE ECONÓMICA

 Identificar as principais fontes de


receita do Estado, bem como as
despesas públicas.

 Enunciar as principais políticas


sociais e económicas do Estado.
ESTADO COMO REGULADOR DA ATIVIDADE ECONÓMICA

 Reconhecer o conceito de orçamento


de Estado como instrumento de
intervenção económica e social.
 Enunciar as alterações verificadas
em termos de políticas económicas
e sociais do Estado Português
decorrentes do facto de Portugal ser
membro da União Europeia.
ESTADO COMO REGULADOR DA ATIVIDADE ECONÓMICA

Estado - conceitos e funções


Estado - conceitos e funções

Conceito
Estado - é uma entidade com poder soberano
para governar um povo dentro de uma área
territorial delimitada.
O Estado, no sentido restrito, pode ser definido
como a sociedade politicamente organizada,
fixa em determinado território que lhe é privativo
e tendo como características a soberania e a
independência.
Estado - conceitos e funções

Funções do Estado:
As funções tradicionais do Estado englobam três
domínios: Poder Legislativo, Poder Executivo, e
Poder Judicial.
Numa nação, o Estado desempenha ainda as
funções políticas, sociais e económicas.
Estado - conceitos e funções

Função legislativa – actividade pela qual se cria


o direito positivo, estabelecendo o quadro legal,
pelo qual se irá pautar a actuação dos órgãos de
soberania, dos restantes órgãos e dos cidadãos,
disciplinando as relações entre eles. Esta função é
exercida tanto pelo Governo como pela
Assembleia da Republica
Estado - conceitos e funções

Função executiva ou administrativa – tem por


fim a execução das leis e a satisfação das
necessidades colectivas. Nesta função
enquadram-se as politico-legislativas do Estado;

Função jurisdicional – consiste no conjunto de


actividades exercidas por órgãos colocados numa
posição de imparcialidade e independência – os
tribunais. Tem como objectivo resolver os
conflitos existentes na sociedade
Esferas de intervenção do
Estado
Esferas de intervenção do Estado

 - Política
 - Económica
 - Social
Esferas de intervenção do Estado

 Função Política

“A função política corresponde à prática de actos


que exprimem opções fundamentais sobre a
definição e prossecução dos interesses ou fins
essenciais da colectividade”.
Esferas de intervenção do Estado

Para FREITAS DO AMARAL seriam políticos os


seguintes actos:

a) Actos diplomáticos ;
b) Actos de defesa nacional;
c) Actos de segurança do Estado;
d) Actos de dinâmica constitucional ( promulgação
de leis, referendos, eleições, nomeação e
exoneração do Governo, etc.);
Esferas de intervenção do Estado

e) Actos de clemência ( indulto e comutação de


penas);

Já não seriam actos políticos por exemplo:

- nomeação e exoneração de Directores Gerais,


Governadores Civis, Gestores Públicos, dissolução
dos órgãos autárquicos
Esferas de intervenção do Estado

“ A função politica corresponde à prática de actos


que exprimem opções sobre a definição e
prossecução dos interesses essenciais da
colectividade, e que respeitam, de modo directo e
imediato, às relações dentro do poder político e
deste com outros poderes políticos.

A essência do político reside na realização de


escolhas em que se encontram em causa interesses
essenciais do Estado – colectividade, que cabem na
função política.” - Marcelo Rebelo de Sousa
Esferas de intervenção do Estado

 Função Económica
O Estado condiciona a actividade económica
através das disposições legais que os outros
agentes económicos têm de cumprir – são as
medidas de política e de regulamentação – e
através do impacto das suas receitas e despesas. O
nível e a composição das receitas e despesas
correspondem a orientações políticas que se
designam por política orçamental.

Esferas de intervenção do Estado


O Estado deve garantir a estabilidade económica.
A economia pode sofrer desequilíbrio, ex.: inflação
ou desemprego.
Assim quando uma economia entra em regressão é
ao Estado que compete dinamizar a economia, por
exemplo, através da criação de incentivos ao
consumo ou ao investimento.
Se, por outro lado, a economia entra em expansão,
devem ser tomadas medidas de modo a reduzir o
consumo e o investimento.
Esferas de intervenção do Estado

 Função Social
Consiste em reduzir as desigualdades na repartição
dos rendimentos garantindo à comunidade um
conjunto de prestações sociais consideradas
fundamentais. Isto acontece segundo um processo
de transferencia de rendimentos, principalmente do
estado para a população mais carenciada.
Esferas de intervenção do Estado

 Tem como finalidade a:


- protecção individual
- correcção das desigualdades sociais

 Modos de intervenção:
- Repartição da carga fiscal (isenção de impostos)
- Transferencias sociais (abonos, subsidios)
Esferas de intervenção do Estado

A redistribuição do rendimento realiza-se


através de diferentes instituições publicas e
sob diversas formas:
Para as famílias
– fornecimento de bens e serviços gratuitos ou
pagamento parcial (escolaridade)
- pensões e subsídios vários
Para as empresas
– subsídios à produção em determinados sectores
e isenção de impostos
Princípios da Intervenção
económica e social do Estado
Princípios da Intervenção económica e
social do Estado

O papel do Estado

Em resposta às falhas de mercado e à deficiente


oferta privada de bens o governo substitui os
mercados para realizar certas actividades. As
funções económicas do Estado são três:

1. A promoção da Eficiência
2. A promoção da Equidade
3. Crescimento e Estabilidade Macroeconómica
Princípios da Intervenção económica e
social do Estado

1. Princípio da Eficiência

As economias por vezes têm falhas de


mercado, como a concorrência imperfeita, a
presença de externalidades ou a insuficiente
provisão de bens públicos, que conduzem a
produções e consumos ineficientes. Em
qualquer um dos casos o Estado intervém.

Princípios da Intervenção económica e


social do Estado

1.1. Concorrência Imperfeita (Monopólio):

- Faz com que os preços subam e com que as


quantidades consumidas diminuam.
- Como elimina a concorrência pode originar
bloqueamentos nas inovações tecnológicas.

↓ ↓ ↓ ↓

O estado intervém com o objectivo de estimular a


concorrência, através de leis anti-trust, que
proíbem a fixação dos preços, a divisão de
mercados ou a constituição de monopólios.

Princípios da Intervenção económica e


social do Estado

1.2. Externalidades:

- Ocorrem quando as empresas ou os indivíduos


impõem custos ou benefícios a outros que se situam
fora do mercado.
- As externalidades dão origem a custos sociais que se
afastam dos custos privados e a benefícios sociais que
se afastam dos benefícios privados.
- As externalidades podem ser positivas ou negativas. ↓
↓ ↓ ↓
O estado intervém com o objectivo de regular e assim
igualar os custos/benefícios sociais aos
custos/benefícios privados. O governo regulamenta as
externalidades através da imposição de impostos e de
leis (externalidades negativas) e através da concessão e
atribuição de subsídios (externalidades positivas).
Princípios da Intervenção económica e
social do Estado

1.3. Bens Públicos:

- São bens que apresentam utilidade para os


agentes económicos, mas estes não têm de
fazer nenhum esforço para os obter.
- São bens cujo consumo é indivisível, que não
podem ser divididos pelos consumidores.
- São bens cuja produção cabe ao estado porque
os benefícios da sua produção são tão
difundidos pela população que nenhuma
empresa ou consumidor singular teria
incentivos para os fornecer.
Princípios da Intervenção económica e
social do Estado
- O consumo feito por um ou mais indivíduos
não diminui a sua disponibilidade (Princípio da
Não-diminuibilidade).
- Todos os indivíduos têm direito ao seu
consumo (Princípio da Não-Exclusividade).

- Os ≪bens públicos≫ são um caso especial de


externalidades. Estes produtos ou serviços
especiais são bens que, embora não sejam
grátis, num sistema de mercado todos podem
gozar sem pagar, pois não existe modo de o
mercado cobrar o seu custo.
Princípios da Intervenção económica e
social do Estado

Exemplos de Bens Públicos:

Defesa Nacional, Segurança e Saúde


Pública, construção de estradas.
↓ ↓ ↓

O Estado intervém produzindo este tipo


de bens ou concedendo subsídios para
que empresas privadas os produzam.
Princípios da Intervenção económica e
social do Estado
2. Princípio da Equidade

A eficiência de mercado não garante a justiça na


distribuição dos resultados de produção. Os mercados
não produzem uma repartição de rendimento que seja
encarada como socialmente justa ou equitativa.↓ ↓

O Estado pode intervir porque entende que não existe


equidade na distribuição dos rendimentos. O governo
intervém assim no mercado para redistribuir o
rendimento com o intuito de garantir a todos os
cidadãos um nível mínimo de vida. A sua intervenção é
feita através da introdução de impostos progressivos
sobre o rendimento e a riqueza e através de Programas
de apoio ao rendimento.
Princípios da Intervenção
económica e
social do Estado

Justiça social na repartição de


rendimentos:

O rendimento das famílias tem origem


nas receitas provenientes da:
- actividade produtiva (salários / juros /
rendas / lucros)
- transferências internas (pensões /
abonos / subsídios, etc)
- transferências externas (remessas
dos emigrantes)

Princípios da Intervenção
económica e
social do Estado

No entanto, as famílias têm de pagar


impostos sobre o rendimento (imp.
directos), que deste modo, reduz o seu
rendimento

Rendimento disponível (Liquido) = (Rend


primários + Transferências) – Impostos
Directos –
Contribuições Sociais

ou Rendimento bruto – Impostos = Rend


Liquido

Princípios da Intervenção
económica e
social do Estado

3. Crescimento e Estabilidade Macroeconómica

A evolução da economia é feita através de um


ciclo económico, onde existem fases de expansão
e de recessão. A economia está sujeita a ciclos
ascendentes quando há expansão ou crescimento
económico e a ciclos descendentes quando há
estagnação ou retrocesso da economia.

↓ ↓ ↓

O Estado intervém com o objectivo de


estimular o crescimento e a estabilidade
macroeconómica, através de políticas orçamentais
e monetárias.

Visão e Medição da Macroeconomia


A macroeconomia estuda a economia como um
todo, analisando a determinação e o
comportamento de grandes agregados, tais
como: o rendimento e produto nacional, nível
geral de preços, emprego e desemprego, a
emissão de moeda e taxa de juros, balança de
pagamentos e taxa de câmbio.
Visão e Medição da Macroeconomia

São objectivos da política macroeconómica:

 Alto nível de emprego


 Estabilidade de preços
 Distribuição do rendimento socialmente
justa
 Crescimento económico
Visão e Medição da Macroeconomia

Instrumentos de política macroeconómica

Os principais instrumentos de política


macroeconómica são: política fiscal, monetária,
de câmbio, comercial e de rendimento. Estes
instrumentos são administrados com o objetivo de
permitir que a economia opere a pleno emprego,
com baixas taxas de inflação e uma distribuição
justa do rendimento.
Orçamento de Estado
Orçamento de Estado

 Conceito
O Orçamento Geral do Estado é uma previsão das
receitas e despesas anuais do Estado. Engloba o
montante e a discriminação das despesas a efetuar,
bem como a forma de as cobrir. Inclui ainda a
autorização concedida à Administração Financeira
para cobrar receitas e realizar despesas.
Orçamento de Estado

Componentes

Qualquer Orçamento de Estado cumpre três


conjuntos de funções:
 Económicas (de racionalidade, já que permite
uma melhor gestão dos dinheiros públicos, e de
eficácia, pois permite ao Governo conhecer a
política económica global do Estado);
Orçamento de Estado

 Políticas (garante os direitos fundamentais


dos cidadãos, ao impedir que sejam tributados
sem autorização dos seus legítimos
representantes, e o equilíbrio de poderes, já
que, através do mecanismo de autorização
política, a Assembleia da República pode
controlar o Governo);e
 Jurídicas (através de normas que permitem
concretizar as funções de garantia que o
Orçamento pretende
prosseguir).
Orçamento de Estado

Existem cinco regras orçamentais clássicas,


embora nem todas sejam atualmente seguidas
com frequência:

1. Regra da anualidade: qualquer Orçamento


tem um ano de vigência e, como tal, uma
execução orçamental anual.
Orçamento de Estado

2. Regra da plenitude: um só orçamento e tudo


no orçamento. Em cada ano, o Estado deve
elaborar apenas um Orçamento (unidade), no
qual todas as despesas devem estar inscritas
(universalidade).

3. Regra da discriminação orçamental, que


comporta três regras relativas à forma de
inscrição orçamental das receitas e despesas:
Orçamento de Estado

- a especificação (deve ser especificada cada


receita a cada despesa);
- a não-compensação (os montantes devem
constar no Orçamento de uma forma bruta);
- a não-consignação (todas as receitas devem
servir para cobrir todas as despesas, não se
podendo afetar quaisquer receitas à cobertura de
determinadas despesas).
Orçamento de Estado

4. Regra da publicidade: o OGE tem que ter


publicação oficial.

5. Regra do equilíbrio orçamental: o OGE deve


ser elaborado de forma a que as receitas previstas
cubram na realidade as despesas previstas
Orçamento de Estado

 - Despesas públicas

São despesas suportadas pelo Estado e outras


entidades públicas para satisfação de necessidades
coletivas (saúde, educação, segurança, habitação,
etc)
Orçamento de Estado

 - Receitas públicas

Para fazer face às despesas públicas o Estado


necessita de meios financeiros que são obtidos
através de receitas públicas.

A principal fonte de receita do Estado são os


impostos, cuja finalidade é a obtenção de meios
destinados à satisfação das necessidades
financeiras do Estado e outras entidades públicas.
Orçamento de Estado

 Saldo orçamental
Saldo Orçamental = Receitas – Despesas, excluindo
o serviço da dívida pública.
Orçamento de Estado

 Saldo Orçamental (SO) = Receitas – Despesas


 Se SO > 0 temos um superávite (ou excedente).
 Se SO < 0 temos um défice.

 Mas uma alteração dos instrumentos de política


orçamental provoca alterações no saldo orçamental.
 Essas alterações têm consequências sobre o stock de dívida
pública.
 O saldo orçamental é uma variável endógena porque depende:
 das variáveis de política orçamental;
 do produto de equilíbrio.
Orçamento de Estado

 Diferentes conceitos de saldo orçamental:


 Saldo Corrente = Receitas Correntes – Despesas
Correntes
 Saldo Global (ou convencional) = Receitas totais (sem
emissão de dívida) – Despesas totais (sem amortização
de dívida)
 Saldo Primário = Saldo Global – Juros da dívida pública
Orçamento de Estado

Relação entre saldo orçamental, poupança e dívida


públicas:
 A poupança do Estado iguala o saldo orçamental.
 Se SO < 0 (défice), há necessidade de financiamento do
Estado.
 A variação da dívida pública é o simétrico do Saldo
Orçamental (nominal): B 
t
Bt
Bt

1
SO

D
O
 Um corredor para a gestão do orçamento: défice
equilibrado
ou rácio da dívida constante

Orçamento de Estado

 A Importância do Saldo orçamental

O Saldo Orçamental constitui um instrumento de


intervenção do Estado na esfera económica e
social, visto que através das receitas cobradas das
despesas efectuadas, o Estado influencia o
comportamento dos agentes económicos e de toda
a actividade económica em geral.
Orçamento de Estado

FIM

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