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A intervenção do Estado na atividade económica

Estado Novo
Reduzida participação do Estado na atividade económica:
- Construção de algumas infraestruturas
- Regulamentação estatal
- Medidas de política económica: isenções fiscais, pautas aduaneiras, contenção salarial,
etc

Após 25 de abril de 1974 – Importante peso que o setor público possuiu na


economia
- Nacionalizações - Transferência para o Estado, com ou sem indemnizações, da
propriedade de empresas que pertenciam a privados, passando para a propriedade
pública nacional.
- Criação de novas empresas públicas
- Intervenção do Estado em algumas empresas, facultando créditos e nomeando gestores

Fatores justificativos das nacionalizações:


• Controlo de setores-chave da economia (banca, seguro, energia, água,
transportes, etc), dada a importância que tem para o país
• Situação de desagregação de empresas, prevenindo o desemprego
• A não satisfação das necessidades da população
• A má administração ou boicote ao desenvolvimento do país

Após 1978 em Portugal


- Privatizações e Reprivatizações - Transferência da propriedade de uma empresa
pública para o setor privado. Só a partir da revisão constitucional de 1989 é que a regra
da irreversibilidade das nacionalizações terminou (privatização da totalidade do capital
das empresas públicas).

A partir dos anos 70, nos EUA e Europa Ocidental


- Primeiro choque petrolífero
• Aumento da inflação
• Endividamento do setor público
• Favorecimento das teorias neoliberais: Estado social limitado e
desregulamentação dos mercados, pondo em causa a legitimidade do Estado-
Providência (importância do setor público produtivo e da despesa pública).

Fatores justificativos das privatizações:


• Redução da dívida pública
• Modernização e aumento da competitividade das unidades económicas
• Reforço da capacidade empresarial nacional
• Desenvolvimento do mercado de capitais
• Redução do peso do Estado na economia

- Redução do controlo do Estado de setores de elevada importância para a economia


- Limitações ao nível do desempenho das funções económicas
A Intervenção do Estado na Atividade Económica

Estado Liberal – Sec. XVIII – Época do laissez-faire


Caraterísticas:
• Não intervenção do Estado na economia
• Mecanismo de mercado – “mão invisível”- concorrência perfeita
• Livre iniciativa
• Livre concorrência
• Liberdade de troca entre países
• Propriedade privada dos meios de produção

Funções:
• Garantir o funcionamento do mercado através de políticas de autorregulação
• Criar um quadro jurídico para a atividade económica
• Garantir a segurança interna e externa
• Administrar a justiça
• Assegurar a igualdade entre os cidadãos
• Garantir os direitos individuais
• Satisfazer algumas necessidades coletivas
Efetivamente, no Estado liberal entendia-se que ninguém melhor do que cada indivíduo
deveria saber escolher as suas próprias necessidades e o modo mais eficaz de as
satisfazer. Assim, o Estado teria apenas o papel de criar as condições necessárias ao
livre exercício dos direitos naturais dos cidadãos e deveria abster-se quanto a qualquer
conduta que pudesse perturbá-lo.

A partir de meados do Sec. XIX


• Surgimento de monopólios e oligopólios – Mercado de concorrência imperfeita
• Desfasamentos entre a oferta e a procura
• Excesso de produção de certos bens em detrimento de outros

- Mecanismo de mercado incapaz de assegurar o equilíbrio económico


• A primeira guerra mundial (1914 – 1918)
- Crises sociais
- Desemprego
- Diminuição dos níveis de produção
- Inflação
• Grande Depressão 1929
- Aumento especulativo das ações na Bolsa de Valores de Nova Iorque que
implicou numa subida das taxas de juro, para que os especuladores transferissem
os capitais para os depósitos bancários. Como não aconteceu, isso implicou:
- Excesso de oferta face à procura
- Diminuição da produção
- Aumento do desemprego
- Diminuição dos rendimentos
- Forte retração do comércio internacional
- Adoção, por parte de muitos países, de políticas protecionistas

• New Deal contra a depressão – 1933 – Baseado nas teorias de John Keynes
Forte intervenção do Estado na economia:
- Investimento público (barragens, estradas, caminhos de ferro, escolas, etc)
- Apoio aos consumo e investimento
- Reforma do mercado laboral (horário de 40h semanal e criação de sindicatos)
- Controlo da produção agrícola e industrial, visando a estabilidade dos preços
- Reforma do mercado de trabalho

• 2.ª Guerra Mundial

O Estado foi obrigado a repensar a sua intervenção, passando a intervir no domínio


económico e social
Estado Intervencionista

Caraterísticas:
• O Estado torna-se produtor, nacionalizando empresas existentes ou criando
novas, constituindo o setor público empresarial
• Criação de instrumentos fiscais, monetários e de controlo dos preços
• Regulação da atividade económica
• Fiscalização dos agentes económicos
• Planeamento indicativo, para o desenvolvimento regional e nacional

Funções:
• Intervir na atividade económica
• Promover a justiça social
• Minimizar as falhas de mercado (políticas antitrust, evitando a formação de
monopólios e impedindo os abusos de posições dominantes; criar
mecanismos que fiscalizem as condições efetivas da concorrência –
Autoridade da Concorrência)
• Redistribuir os rendimentos
• Garantir a satisfação das necessidades coletivas

Estado Providência
No Estado-Providência ou Estado social, reclama-se agora a intervenção profunda e
condicionante do Estado sobre a orgânica e o funcionamento da sociedade. É assim que,
pelo menos em certos países e no âmbito de certas ideologias, as conceções de Estado,
de liberal e abstencionista, vão passar a considerá-lo numa perspetiva intervencionista e
de preocupação social.
Funções económicas e sociais do Estado
O Estado, dentro das suas funções económicas e sociais, deverá repor a eficiência, a
equidade e a estabilidade.
• Eficiência – Gestão racional dos recursos, minimizando os custos de produção e
satisfazendo o maior número de necessidades possível e ainda a produção de
bens públicos.
No entanto, existem falhas do mercado que provam que os mercados nem
sempre são eficientes:
• Concorrência imperfeita (monopólios, oligopólios e concorrência
monopolística)
- As grandes empresas impõem o preço e a oferta, não tendo de
minimizar os custos de produção, pois dominam o mercado
- Certa diferenciação entre os bens
- O mercado não é transparente
- Não se verifica a atomicidade do mercado
- O conceito de eficiência de uma empresa pode não coincidir com o da
sociedade

• Externalidades – Impacto que a ação de uma empresa causa na


sociedade, de acordo com o custo/benefício social e/ou ambiental.

Quando de trata de externalidades negativas, o Estado deve intervir


para tentar minimizar/compensar os custos sociais e ambientais:
- Aumentando os impostos para desincentivar a produção e o consumo
- Proibindo a utilização de determinados produtos.
Quando o preço do bem incorpora impostos ou taxas, diz-se que houve
internalização da externalidade negativa.

Quando se trata de externalidades positivas, os efeitos da produção ou


consumo traduzem-se num benefício para a sociedade e o Estado deve
intervir:
- Incentivando a produção ou consumo dos produtos, através de
subsídios ou incentivos fiscais e, neste caso, diz-se que o Estado
internalizou a externalidade positiva.
• Bens Públicos – Bens produzidos pelo Estado, pois são indivisíveis e
satisfazem necessidades coletivas (Bibliotecas, iluminação pública, p.
ex.). Estes bens possuem duas caraterísticas:
- não rivalidade – A utilização destes bens por uma pessoa não impede a
respetiva utilização por outras pessoas.
- não exclusividade - O acesso a estes bens não pode ser negado a
nenhum indivíduo.
Dada a sua natureza, os bens públicos dificilmente poderiam ser produzidos por
mecanismos de mercado e pela iniciativa empresarial privada (as empresas
privadas nunca poderiam excluir ninguém da sua utilização, pelo que a produção
deste tipo de bens e serviços não se torna atrativa para as mesmas - implicaria
grandes investimentos e o preço de venda nunca seria suficientemente lucrativo).

• Equidade – Garantia de uma repartição dos rendimentos mais equitativa, para


que haja justiça social, através de uma política de redistribuição dos
rendimentos e de uma política fiscal. Sendo a repartição primária dos
rendimentos geradora de desequilíbrios ou de situações de desigualdade
económica e social operada pelo sistema de mercado, cabe ao Estado a
repartição secundária dos rendimentos. Para isso:
- Cobra impostos progressivos a quem tem rendimentos mais elevados
- Atribui prestações sociais às pessoas mais carenciadas
Desta forma, o Estado tenta diminuir o fosso existente entre os rendimentos mais
elevados e os rendimentos mais baixos, tornando a distribuição dos rendimentos mais
equitativa.

• Estabilidade – Situação de redução das flutuações da atividade económica,


fases de recessão e de expansão, para que esta estabilize:
- ao nível da produção
- ao nível de preços/inflação
- ao nível do emprego
- ao nível da taxa de crescimento e equilíbrio das contas externas.
O mercado por si só não consegue garantir elevados níveis de emprego, taxas de
crescimento justas, inflações moderadas, equilíbrios das contas externas e taxas de
crescimento viáveis.
Neste sentido, o Estado deve intervir, no sentido de prevenir e atenuar estas flutuações,
corrigir os desequilíbrios que o mercado não consegue evitar, através de políticas
sociais, económicas e fiscais (ex: estímulos ao emprego, diminuição da carga fiscal
para incentivar a produção, incentivos à exportação, etc).
Instrumentos de intervenção económica e social do Estado
O Estado Intervencionista desenvolveu-se a fim de corrigir as assimetrias na repartição
dos rendimentos e de promover a estabilidade da atividade económica. Neste sentido,
desenvolveu três importantes instrumentos:

• Planeamento Económico

A intervenção do Estado na atividade económica, através do planeamento ou da função


planificadora, permitiu a:
- Previsão e coordenação a nível nacional das empresas públicas e das políticas
económicas.
- Integração de forma harmoniosa das atividades desenvolvidas pelas iniciativas
privadas, articulando-as com as empresas públicas.
- Organização e estudo previsional de determinadas empresas públicas de certa
dimensão.
- Correção dos desequilíbrios nos esquemas nacionais e internacionais.
Assim, através de um Plano, o Estado determina objetivos a atingir e define os meios
necessários para os por em prática, durante um determinado período de tempo.

Plano – Documento resultante da função planificadora do Estado, onde constam um


conjunto de orientações e de ações e os meios necessários para atingir o
desenvolvimento económico e social do país. Os planos nacionais são elaborados com
base na Lei das Grandes Opções do Plano.
Assim, para a elaboração de Planos e através da função planificadora, o Estado
necessita:
- Inventariar recursos disponíveis
- Definir as necessidades de satisfação prioritária
- Os ramos de atividade a incentivar
- As regiões prioritárias
- Os tipos de incentivos e subsídios a conceder, entre outros,
promovendo assim a eficiência da economia, a justa repartição da riqueza e o
desenvolvimento harmonioso das diferentes regiões e setores de atividade económica.

Objetivos da função planificadora:


✓ Articular as diferentes iniciativas públicas e privadas, ao nível económico e
social, maximizando a satisfação das necessidades individuais e coletivas
(adequação dos recursos existentes às necessidades da coletividade).
✓ Maximizar a eficiência económica da produção de bens de consumo e de
investimento (máximo rendimento dos meios de produção e máxima
produtividade).
✓ Oferecer às empresas privadas o enquadramento da sua atividade, permitindo
aos empresários elaborar os seus planos de forma consentânea com a
economia nacional.

O Planeamento reveste-se de duas formas:


✓ Plano Imperativo – Para todo o setor público e, neste caso, os gestores públicos
são obrigados a cumprir os objetivos e os meios definidos no Plano.
✓ Plano Indicativo – Para todo o setor privado e, neste caso, o Estado não pode
obrigar o setor privado a aceitá-lo, mas pode desenvolver estratégias para que os
objetivos definidos sejam efetivamente cumpridos (ex: políticas fiscais,
subsídios e regulamentação de preços, entre outras)

• Orçamento do Estado
Documento onde são previstas as despesas (a Administração Pública prevê e fixa o
montante de despesas que irá efetivar) e as receitas (a Administração Pública prevê o
montante de receitas que irá arrecadar) do Estado para um determinado período de
tempo, geralmente um ano.
https://www.dgo.pt/politicaorcamental/Paginas/ConhecerProcessoElaboracaoOE/i
ndex.html
O Orçamento do Estado é aprovado pela Assembleia da República e a sua elaboração
tem de respeitar a Constituição da República e a Lei de Enquadramento Orçamental. O
Tribunal de Contas e a Assembleia da República fiscalizam a execução do Orçamento e
para a fiscalização da constitucionalidade e legalidade do Orçamento pode ter de se
pronunciar o Tribunal Constitucional.
O Orçamento do Estado pode ser abordado por três perspetivas:
- Económica - Dado que se trata de uma previsão de receitas e despesas e
respetiva adequação.
- Política – Dado que tem de ser aprovado pela Assembleia da República que,
aceitando as decisões do Governo, autoriza a sua execução.
- Jurídica – Dado que reveste a forma de lei, obedecendo a regras e fases do
processo legislativo.

Funções do Orçamento
✓ Adaptação das receitas às despesas (serão arrecadadas receitas
estritamente necessárias à efetivação das despesas).
✓ Limitação das despesas (não poderão ser realizadas despesas não
previstas ou de montantes superiores aos previstos).
✓ Exposição pública do plano financeiro do Estado (desta forma, os
cidadãos poderão ter conhecimento das áreas que a Administração
privilegia e saber a que coleta estarão sujeitos.

Despesas Públicas
São despesas/gastos que o Estado suporta para por em prática as suas funções,
averiguando à priori, a utilidade pública de cada gasto, de modo a maximizar a
utilidade social das despesas efetuadas, tais como, pagamento de vencimentos aos
funcionários públicos, aquisição de equipamentos, construção de infraestruturas,
atribuição de subsídios, etc.

Classificação económica das despesas públicas


(tendo em conta o período de tempo em que se fazem sentir os seus efeitos)
Despesas correntes – São aquelas que garantem o normal
funcionamento da Administração Pública, que se efetuam ao longo de um
determinado ano e cujo efeito termina nesse ano. Como exemplos temos:
vencimentos dos funcionários públicos, transferências sociais, compra de bens
duradouros destinados ao funcionamento dos serviços, pagamentos de juros de
dívida pública.
Despesas de capital – São aquelas que estão relacionadas com o
aumento da capacidade produtiva do país, realizando-se ao longo de um ano,
mas cujos efeitos perduram nos anos seguintes. Como exemplos, temos:
investimentos em capital fixo (construção de infraestruturas, aquisição de
equipamentos e de tecnologias), transferências de capital, compras de ações e os
reembolsos de empréstimos.

Classificação funcional das despesas públicas


(distinção das despesas de acordo com a sua distribuição pelas diferentes áreas
de intervenção do Estado)
Despesas associadas às funções:
- gerais de soberania: defesa nacional, segurança/ordem pública
- sociais: educação, saúde
- económicas: setores de atividade económica
-outras funções: operações da dívida pública
Receitas Públicas
São os recursos obtidos pelo Estado, durante um período económico, para financiar os
encargos com as despesas públicas.

Classificação das receitas públicas

Receitas patrimoniais ou voluntárias – Receitas relativas à exploração,


arrendamento ou alienação de património do Estado, tais como, exploração de
matas nacionais, arrendamento/venda de terrenos ou edifícios, dividendos de
ações, lucros de empresas públicas.

Receitas creditícias – São receitas que se obtêm através do recurso a


financiamento interno ou externo, originando a dívida pública interna ou
externa. O recurso ao crédito, para cobrir as despesas públicas, deverá revestir-se
de caráter excecional, tendo de ser devidamente autorizado pela Assembleia da
República.

Receitas tributárias ou coativas – São receitas ou prestações pecuniárias,


fixadas por via legislativa, exigidas aos particulares, de carater bilateral.
Taxas – Pagamento de um serviço prestado pelo Estado. Ex: propinas,
preço dos transportes.
Impostos – Prestação em dinheiro exigida coativamente pelo Estado,
sem carater de sanção e sem qualquer prestação de serviço por parte do Estado
(unilateral). Os impostos podem ser diretos (quando incidem diretamente sobre
o rendimento ou sobre o património dos contribuintes. Ex: IRS, IRC, IMI, IMT)
e indiretos (quando incidem sobre a utilização do rendimento, sobre a produção
ou sobre o consumo. Ex: IVA, imposto de selo, imposto de consumo sobre o
tabaco).
Os impostos sobre o rendimento podem ser:
Progressivos – Quando sobre os rendimentos a taxa a aplicar é maior.
Proporcionais – Quando a taxa a aplicar sobre os rendimentos é fixa.
Regressivos – São aqueles que diminuem relativamente ao acréscimo de
rendimento das famílias, ou seja, independentemente do rendimento, todas as
pessoas pagam o mesmo imposto.

Contribuições para a Segurança Social – São contribuições


obrigatórias exigidas coativamente pelo Estado para financiar a Segurança
Social, pagas pelas empresas e pelos trabalhadores.

Classificação económica das receitas públicas


Receitas correntes – Incluem os impostos, as taxas e as contribuições
para a Segurança Social.
Receitas de capital – Incluem as receitas da venda de património, os
bens de capital, a aplicações financeiras ou a obtenção de empréstimos.

Efeitos das receitas públicas


Saldo Orçamental
Corresponde à diferença entre as receitas e as despesas públicas, num dado ano e
constitui um importante indicador da situação económica de um país.
• Se receitas > despesas  Superavit
• Se receitas < despesas  Défice
• Se receitas = despesas  Equilíbrio
No caso de Défice orçamental, o Estado terá de recorrer a empréstimos, pelo que o
Orçamento de Estado também inclui rúbricas, como a emissão da dívida pública, o
pagamento de juros e as amortizações da dívida pública.
Saldo orçamental corrente - Diferença entre as receitas e as despesas correntes.

Saldo orçamental convencional ou global – Diferença entre o valor total das receitas
(exceto emissão de dívida pública) e o valor total das despesas (exceto as amortizações
da dívida pública).

Saldo orçamental primário – Saldo orçamental global, após a dedução dos juros da
dívida pública e outros encargos.

Dívida Pública – Total de empréstimos contraídos pelo Estado para fazer face ao défice
orçamental.

Dívida pública flutuante (curto prazo) – Resultante do recurso a financiamentos de


curto prazo, amortizável no próprio ano em que é pedido.

Dívida pública fundada (médio/longo prazo) – Resultante do recurso a


financiamentos de médio/longo prazo, amortizáveis em vários anos. Neste caso, o
Governo necessita de autorização da Assembleia da República.
• Políticas Económicas e Sociais
Conjunto de medidas ou ações que os estados intervencionistas desenvolvem, a fim de
prevenir e corrigir os desequilíbrios que advêm do funcionamento das economias. Com
estas medidas procura-se obter a máxima racionalização na afetação dos recursos e
atingir determinados objetivos, como por exemplo:
✓ Incentivar o crescimento económico
✓ Diminuir as desigualdades sociais
✓ Reduzir o desemprego e a inflação
✓ Promover a estabilidade dos preços e o equilíbrio das contas externas
Muitas vezes existe conflitualidade entre os objetivos, pois o progresso de uns pode
resultar do desinvestimento de outros.
As políticas económicas e sociais utilizam indicadores macroeconómicos ou de
conjuntura, para medir e analisar a atividade económica e efetuar previsões, tais como,
índices de preços, taxas de desemprego, montante de importações e exportações, entre
outros.

Políticas Conjunturais – Políticas implementadas pelo Estado num período


inferior a um ano, tendo como objetivo promover a estabilização da economia,
corrigindo os desequilíbrios existentes.

Política Fiscal - Incide sobre os impostos (principal fonte de financiamento das


despesas públicas). Os impostos constituem também um instrumento fundamental da
política de redistribuição dos rendimentos.
Neste tipo de política, poderá acentuar o défice orçamental e produzir tensões
inflacionistas devido ao aumento da procura em relação à oferta.
Inversamente, teremos uma política fiscal restritiva e, neste caso, poderá reduzir o
défice orçamental, mas poderá estar a comprometer o crescimento económico e a
aumentar o desemprego.

Política Orçamental/ou de contraciclo – Tem como finalidade corrigir os


excessos do ciclo económico e promover a estabilidade económica.
Política orçamental expansionista – Desenvolverá medidas quando a
economia se encontra em fase de recessão económica, de modo a estimular a
atividade económica (incentivar o aumento da procura, apoiar as famílias mais
carenciadas e criar condições de estabilidade económica).
Política orçamental restritiva – Atuará no sentido de minimizar os
desequilíbrios provocados por um aquecimento da economia, acompanhada de
tensões inflacionistas e do aumento do défice orçamental e do défice externo.

Política Monetária – Conjunto de decisões tomadas pelo Estado com a


finalidade de estabilizar a massa monetária em circulação, a inflação e a atividade
económica. Os instrumentos mais utilizados são: taxas de desconto e de juro, reservas
bancárias, “open market”, limites ao crédito e taxas de câmbio.
Política monetária restritiva ou deflacionista – Quando se pretende
reduzir a inflação e o défice externo. Estas medidas poderão provocar uma diminuição
da procura global, com efeitos no crescimento económico e no emprego. Ajudam a
estabilizar os preços e o défice externo, mas podem provocar uma estagnação ou
redução da atividade económica.
Política monetária expansionista – Quando se pretende aumentar a
massa monetária em circulação, para dinamizar a economia. Promove o crescimento
económico (redução das taxas de juro, incentivando o recurso ao crédito e fazendo
aumentar a procura global), mas pode provocar tensões inflacionistas e um agravamento
do défice externo.

Interdependência entre as políticas orçamental e monetária restritiva


Na Zona Euro, compete ao BCE a definição da política monetária, que utiliza
essencialmente três instrumentos:
✓ Operações de mercado aberto
O aumento ou a diminuição da taxa de juro das operações principais de refinanciamento
influencia as taxas de juro do mercado e o facto de poder comprar e vender ativos vai
fazer variar a massa monetária em circulação.
✓ Facilidades de cedência e absorção de liquidez
Os bancos comerciais têm facilidade permanente de absorção de liquidez para efetuar
depósitos ou obter fundos em overnight.
✓ Reservas mínimas
Os requisitos de reservas mínimas (ficando o BCE com a possibilidade de controlar a
quantidade de moeda em circulação) suavizam as taxas de juro de curto prazo e,
remunerando-as a uma taxa próxima da taxa de mercado.

Política de Preços – Tem como finalidade o controlo do preço e da inflação. Cabe ao


Estado regulamentar os preços dos serviços prestados pelas empresas públicas não
sujeitas à concorrência. Com o processo de privatizações, o SEE tem vindo a reduzir,
diminuindo assim o controlo dos preços por parte do Estado.
As autoridades poderão tomar as seguintes medidas:
✓ Fixação dos preços de bens essenciais, que serão subsidiados pelo Estado
✓ Controlo administrativo dos preços, em especial nos mercados em situação de
monopólio e oligopólio
✓ Controlo dos preços dos bens e serviços produzidos pelo SEE.

Política de combate ao desemprego – Tem como prioridade baixar a taxa de


desemprego através de um conjunto de medidas que se situam quer do lado da oferta,
quer do lado da procura de trabalho e estão articuladas com a política de emprego.

Do lado da procura de trabalho Do lado da oferta de trabalho

 Diminuição dos salários e dos encargos  Diminuição da idade da reforma


sociais das empresas  Alongamento da formação dos jovens

 Flexibilização do mercado de trabalho  Maior nível educacional e de qualificação

(flexigurança) profissional

Nota: em Portugal, os salários são muito baixos  Formação ao longo da vida ativa – promoção

e existe um elevado número de trabalhadores da empregabilidade

empregados a viver na pobreza.


Política de redistribuição de rendimentos – Atua sobre os rendimentos primários e
tem como prioridade reduzir as assimetrias sociais para reforçar a coesão social. O
Estado introduz um princípio de justiça redistributiva (a cada um segundo as suas
necessidades) e não apenas aderir ao princípio da justiça comutativa (a cada um
segundo aquilo que pagou e paga ao Estado).

Medidas utilizadas pelo Estado:


✓ Imposição de impostos diretos progressivos.
✓ Aumento das transferências sociais para as famílias mais desfavorecidas, para
que possam viver com dignidade.
✓ Prestação de serviços à comunidade: saúde, educação, transportes, habitação
social, entre outros.
Constrangimentos às Políticas Económicas e Sociais
Pelo facto de Portugal ser membro da Zona euro encontra-se sujeito a constrangimentos
no âmbito das suas políticas económicas e sociais.
A política monetária da Zona Euro é definida pelo banco Central Europeu (BCE),
enquanto que as políticas orçamental, fiscal e de redistribuição dos rendimentos são da
responsabilidade dos Estados-membros, embora sujeitas aos constrangimentos do Pacto
de Estabilidade e Crescimento (PEC).

Políticas Estruturais – Políticas implementadas pelo Estado para modificar o


comportamento da economia e limitar os efeitos dos mecanismos de mercado, através
de políticas setoriais, políticas de regulamentação do mercado de trabalho, políticas de
reforma dos sistemas fiscais e da segurança social, entre outras.

Políticas setoriais – Política Agrícola


Tem como finalidade a alteração das estruturas produtivas e o aumento da produtividade
e sustentabilidade. Portugal, tal como os outros Estados-membros da EU, está sujeito às
diretivas da Política Agrícola Comum (PAC).

Políticas setoriais – Política Industrial


Tem como finalidades:
 Promover a modernização do setor industrial e o aumento a competitividade;
 Dinamizar certos ramos industriais através de uma fiscalidade orientada para esse fim;
 Desenvolver a I&D.
Política do Ambiente

Promoção da sustentabilidade através de um conjunto de medidas como, por exemplo:


 Redução da poluição atmosférica, da água e dos solos;
 Redução da utilização de pesticidas e de compostos químicos que poluem e originam
doenças;
 Tratamento dos lixos tóxicos e urbanos;
 Reciclagem;
 Reutilização;
 Redução dos desperdícios.

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