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Lei n.º 8/2012, de 21 de Fevereiro (versão actualizada)


LEI DOS COMPROMISSOS E PAGAMENTOS EM ATRASO DAS
ENTIDADES PÚBLICAS
Contém as seguintes alterações:
‐ Lei n.º 20/2012, de 14 de Maio
‐ Lei n.º 64/2012, de 20 de Dezembro
‐ Lei n.º 66‐B/2012, de 31 de Dezembro
‐ Lei n.º 22/2015, de 17 de Março
SUMÁRIO
Aprova as regras aplicáveis à assunção de compromissos e aos pagamentos em atraso das entidades
públicas
__________________________

Lei n.º 8/2012, de 21 de fevereiro


Aprova as regras aplicáveis à assunção de compromissos e aos pagamentos em atraso das entidades
públicas
A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o
seguinte:

Capítulo I - Disposições Gerais

Artigo 1º)
Finanças Públicas
1- Versam sobre opções- são escolhas de despesa do Estado, as que este pode fazer dada a sua
restrição orçamental (Teoria da Restrição Orçamental - curto prazo).
2- Teoria RO - Despesa = Receita Púb (receita fiscal) + Possibilidades de Financiamento do Estado (p/
emissão de obrigações ou da moeda) - Após Maastricht a decisão orçamental fica limitada p/
objetivos Macroeconómicos).
3- “Possibilidade de Financiamentos do Estado em q/ fenómeno financeiro tem restrições e
condições” - Filosofia do Monetarismo - objetivo máximo de Estabilidade dos Preços.

Artigo 2º)
Objetivos de Política Orçamental
1- Correspondem a Novos Modelos Orçamentais e O Mimetismo de Regras.
2-Principais são: Equilíbrio Politico; Equilíbrio dos Mercados; Repartição do Rendimento. Opções mais
utilizadas são: Diferir; Expandir; Mudar; Reduzir; Abandonar; Substituir.
3- Existem p/ que haja Consolidação Orçamental (medida de alteração do saldo primário ajustado ao
ciclo em percentagem do PIB potencial durante o episódio registado) e realizar um Princípio de Visão
a Longo Prazo (p/ sustentabilidade das Finanças Públicas).
4- Faz-se através: Plurianualidade (Lógica de programação anual da despesa; Objetivo de apurar
despesas, fundadas e infundadas, e criar barreiras à manipulação de receitas e despesas - favorece
uma responsabilidade política); Técnicas Top Down (Necessidade de conversão da despesa; Micro-
orçamentação de estrutura orçamental e regras q/ a condicionam, instrumentalizada p/ macro-
orçamentação - objetivos de política orçamental); Orçamentação de Meios (Inputs - modelo de
rubrica vs. Outputs - orçamentação de fins - modelo de objetivos).

Artigo 3º)
Política Económica do Estado
1- Desta faz parte a política financeira.
2- Áreas de Intervenção Macroeconómica: pleno emprego; estabilidade de preços, equilíbrio externo.
Isto através dos instrumentos típicos das FP - receita e despesa públicas.
3- Distinguem-se duas dimensões: Conjuntural (curto-prazo) e Estrutural (longo-prazo).
4- Conjuntural - Política Financeira vs. Política Monetária - objetivos de estabilização (pleno
emprego; estabilização preços; equilíbrio externo).
5- Estrutural - Objetivos + complexos (Desenvolvimento, Crescimento Económico, Redistribuição da
Riqueza9 através de: politica financeira, intervenção da economia e adoção de reformas estruturais.

Artigo 4º)
Ideia de bens comuns
1- Distinguem-se por: Sustentabilidade de Exclusão (defesa nacional) - Exclusividade no uso do bem;
Capacidade para excluir de forma eficiente alguém do acesso a um bem ou serviço. (Não) Rivalidade
no Uso (programa de tv é não rival; batatas fritas é rival) - Reduz quantidade disponível para
restante; utilizador não sai prejudicado por mais pessoas acederem a esse bem, extrai na sua
totalidade a utilidade desse bem.
2- Bens Privados - Preenchem os dois requisitos.
3- Bens Públicos/Coletivos - Não preenchem os dois requisitos. Pode gerar feito boleia (retira
benefícios da existência sem ter que suportar os custos correspondentes) e sobre-exploração do bem;
Sendo de todos, ninguém está disposta a produzi-lo para dar a terceiros: risco de subprodução, sendo
que aqui o estado tem que assegurar a produção.
4- Bens Semipúblicos - Um preenchido, o outro não (não ter 1 dá origem a outra); Podem ser:
Recursos Comuns - s/ suscetibilidade de exclusão mas rivalidade no uso, exp. Barco que pesca em
águas internacionais, todos podem aceder mas quem chegar em último tem menos peixe; Monopólios
Naturais - suscetibilidade de exclusão sem rivalidade no uso, exp. Num estádio de futebol, tenho
acesso porque pago, mas lá dentro consigo ver o jogo de todos os lugares.

Artigo 5º)
Funções Financeiras/Musgravianas (parte I)
1- Afetação de recursos (função microeconómica) - estão em causa as falhas de mercado (bens
coletivos, externalidades negativas e positivas e assimetria informativa).
2- Redistribuição (ligado ao argumento da justiça social) – Estado usa as receitas e despesas públicas
para “corrigir” os resultados da repartição económica.
3- Estabilização (função macroeconómica) – Intenta suavizar as flutuações da economia através da
receita e despesa públicas; explora a ação dos multiplicadores de despesa e dos impostos; ajuda a
compreender a ação contra cíclica.
4- Ação contra cíclica- Em períodos de recessão (pelo aumento da despesa pública e diminuição da
carga fiscal); em períodos de expansão (pela diminuição da despesa pública e aumento dos
impostos).

Artigo 6º)
Função de Alocação de Recursos (parte II)
1- + Consensual; reconhece q/ há hipótese p/ Estado intervir devido às falhas de mercado, q/ são:
2- Bens Coletivos - Não há interesse em financiar este bem devido a terem um “free riding effect”;
Só se financiam através do Estado - só ele tem mecanismos coercitivos p/ internalizar a falha,
cobrando impostos.
3- Externalidades - São situações de fatores exógenos ao mercado em q/ a conduta de um agente
económico se projeta na esfera de outrem, afetando-a, s/ ser pago um preço p/ benefício ou haver
indemnização p/ prejuízo. Podem ser Negativas (se não for possível uma solução de coase -
negociando ou contratualizando -, o Estado deve intervir cobrando taxas pigouvianas - instrumento
de receitas), ou Positivas (Estado assegura o financiamento pois internaliza-se o benefício social -
caso da vacinação pública). O Estado pode ainda financiar p/ não haver externalidades (despesa).
4- Assimetria Informativas - reconhece-se q/ nem sempre a informação contida nos preços
(sinalização) atesta as características (qualidades) do bem ou serviço a vender ou a prestar no
mercado.

Artigo 7º)
Função de Redistribuição (parte III)
1- Muito pouco consensual; corrige o resultado do repartimento primário c/ base na justiça social:
princípios marxistas; doutrina social da igreja).
2- Nozick- Estado ultramínimo que tem função de segurança e defesa, mas pouco mais; repartição do
mercado é legítima desde que seja adquirida p/ título justo e qualquer intromissão que ponha em
causa a propriedade privada é inadmissível; título justo não põe em causa a propriedade privada.
3- Hayeck- Todas as formas de intervenção que poem em causa a lógica natural do mercado são
ilegítimas e irracionais, porque os resultados do mercado são o pináculo da racionalidade (em função
da atuação das pessoas nesse mercado, pagando os fatores de produção); É conservador - o que vale
para organizar o mercado é a tradição; é contra a planificação da economia; Justiça de Fins -
Igualdade de Resultados.
4- Rawls- Importância de retornar às origens sobre o véu de ignorância em que todos vamos desejar
liberdade e propriedade; p/ assegurar temos que aplicar o princípio taximim (maximiza-se aqueles
que estão na pior situação possível) - escolhendo-se a melhor pior situação possível; Justiça de Meios
- Igualdade de Oportunidades.

Artigo 8º)
Função de Estabilização Macroeconómica (parte IV)
1- Pouco consensual; Instrumentos macroeconómicos q/ exploram a ação dos multiplicadores e das
despesas; Debate surge entre se a estabilização é Automática ou através de medidas mais Efetivas do
Estado.
2- Estuda-se os grandes agregados económicos, ao nível da procura agregada e da oferta agregada.
3- Análise a curto prazo dos ciclos curtos da economia, numa perspetiva de flutuações:
4- Output Gap Negativo- Recessão; P/ desenvolver, o Estado deve intervir e aumentar a despesa
pública (apoio aos desempregados - subsídio de desemprego - funciona como estabilizador
automático p/ pessoas conservarem alguma capacidade de consumo); Despesas c/ investimento dão
dinamismo económico e o motor público mobiliza o investimento privado: Efeito Mobilizador sobre
Economia (p/ ação do multiplicador há aumento do produto - sobre a despesa) + Multiplicador dos
Impostos (pode-se reduzir a carga fiscal q/ liberta riqueza disponível e mantém incólume as
possibilidades de consumo.
5- Output Gap Positivo- Expansão; Excesso de consumo tem perigo de inflação; Tem que se conter o
consumo privado para diminuir a tendência inflacionista. Estado pode reduzir despesa ou ainda
aumentar impostos - são argumentos que justificam a intromissão do Estado na economia tipologia
das funções financeiras do Estado para coleta de receitas e despesas.

Artigo 9º)
Política Orçamental
1- Consiste na utilização de variáveis orçamentais fundamentais com vista a atingir certos objetivos
em matéria de produto, emprego e taxa de inflação.
2- Usam-se receitas e despesas para atingir certos objetivos; no curto prazo, os instrumentos
orçamentais devem contrair o ciclo e deve-se aliviar a carga fiscal para incentivar ao consumo.
3- Havendo dissonância relativamente à estratégia desta, entre opção por políticas de estabilização
ativas ou funcionais vs. pelo funcionamento dos estabilizadores automáticos; opção pela
discricionariedade vs. sujeição a regras.

Artigo 10º)
Quadro Europeu da Política Orçamental
1- Friedman - visão neoclássica que combate a inflação, impulsionando a oferta; política mais à
direita, com carácter espontâneo do OE que exerce ação contra-cíclica espontaneamente
(estabilizadores automáticos).
2- A inflação tinha que ser contida pois cria um quadro de expetativas em que surge um certo tipo de
inflação em que preços sobem antecipadamente.
3- Tinham que se definir taxas de inflação máximas e tudo se mobilizaria em torno desse objetivo -
“rules rather than discretion” (subordinação a essas regras é condição de credibilidade política -
Governo credível que tencione reduzir inflação - expetativas inflacionistas decrescem).
4- Regras Económicas e de Política Monetária Estabilizadora acima de tudo; política da UE tem
objetivo cimeira da estabilidade dos preços - mas, contrariamente, a atual politica expansionista não
está a criar o esperado nem a aumentar a inflação (há até deflação) - armadilha de liquidez.
5- No quadro europeu, é importante saber que: Política Monetária está a cargo do BCE (banco Central
Europeu), mas a Política Orçamental é da responsabilidade dos Estados Membros.

Artigo 11º)
União Económica e Monetária (UEM)
1- Apenas estão no Euro 19 dos 28 membros da EU.
2- Os que não estão, dividem-se em três grupos: os que têm condições mas não quiseram entrar
(UR/Dinamarca); Os que não têm condições; Os que estão no período de convergência (estão a
adquirir as condições necessárias)
3- Existiram 3 fases da UEM

Artigo 12º)
Primeira Fase
1- Até 1990/93 (Tratado de Maastricht 1992)
2- Tratado da EU lança as bases de convergência com as condições necessárias para os Estados
aderirem (reforço das políticas económicas dos Estados para se criar um mercado único).
3- Previa-se a integração de todas as moedas comunitárias no sistema monetário europeu.
4- Os 2 critérios para estados estarem aptos à adoção de uma moeda única – máximo 3% défice
orçamental e não ultrapassar 60% PIB, sendo cumulativos.
5- Relaciona-se com decisão das taxas de câmbio e com determinação dos países que estavam em
condição de aderir ao euro; marcada pela adoção de moeda única pela generalidade dos Estados –
esta adoção implicou a perda dos seus instrumentos convencionais de estabilização macroeconómica.
6- Começa a livre circulação de capitais.

Artigo 13º)
Segunda Fase
1- De 1994 até 31/12/1998
2- Fase de transição e convergência dos principais agregados macroeconómicos dos estados com
programas de convergência - países que se propunham a aderir convergiram nas taxas de inflação, de
juro, de câmbio e das variáveis orçamentais (regras de défice e dívida pública).
3- Aprovado o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), que é um regulamento comunitário
vinculativo para os Estados
4- Este tinha dois tipos de natureza: Natureza Preventiva - em que os países submetem programas
plurianuais para reduzir o défice; na base desses programas há fiscalização multilateral do
Eurogrupo, Comissão Europeia, etc; Decisão de criar um sistema de bancos centrais e o BCE;
Natureza Sancionatória - com instauração de procedimentos para défice excessivo - países podem
justificar-se mas se não progredirem podem ter sanções (multas)
Artigo 14º)
Terceira Fase
1- A partir de 1999
2- Adotada a moeda única (adaptação até circulação em 2002).
3- Todos os países apresentam PEC para garantir que sejam cumpridos e que as finanças públicas a
longo prazo são sustentáveis (reformas estruturais em setores estruturantes para reduzir despesa a
longo prazo - pensões passam para capitalização privada).
4- Todos os países que apresentaram convergência nominal com programas perdem instrumentos de
estabilização.

Artigo 15º)
Pacto de Estabilidade e Crescimento
1- Surge com a necessidade de coordenação das políticas orçamentais - se todos os países
promoverem políticas orçamentais expansionistas levará a um aumento da taxa de juro comum, o
que leva à penalização dos países bem comportados pela ação dos outros (défices orçamentais,
mesmo que involuntariamente); estabilizadores automáticos entram em ação - transmissão dos
efeitos das políticas orçamentais (taxa de juro num país contraria os outros - diminuição do
investimento).
2- Supervisão multilateral das políticas orçamentais dos Estados: Estatuto do programa e conteúdo -
quadro global da política, perspetivas económicas, equilíbrio das contas públicas, análise de cenários
alternativos, etc.
3- Aplicabilidades do PEC em 1999 - Hoje são apenas Programas de Estabilidade

Artigo 16º)
Programas de Estabilidade
1- Estados apresentam à Comissão Europeia programas bienais que de ano a ano se atualizam - daí
começam a contar mais dois anos (atualização anual dos programas que constituem peças centrais de
programas de médio prazo - programação orçamental tout court).
2- Instrumento de programação plurianual - art.12ºE LEO - contém objetivos orçamentais a médio
prazo de consolidação orçamental.
3- Mais importante é a prossecução de objetivos, apresentação de dados e pressupostos para
desenvolvimento, elementos sobre medidas e reforma estruturais.

Artigo 17º)
Vertentes do PEC
1- Vertente Preventiva - prevê que os Estados Membros atinjam uma posição de equilíbrio orçamental
- através da criação de um sistema de supervisão multilateral de acordo com o qual os Estados devem
apresentar os seus PEC’s, concretizando formas de ajustamento para atingir o objetivo.
2- Vertente Sancionatória Corretiva - não pode ultrapassar o 6% PIB; Aplicação de sanções de
gravidade crescente.

Artigo 18º)
História PEC
1- PEC funcionou bem nos primeiros anos até à crise dos dotcom (2001/2002) - em que Alemanha e
França foram também afetados e deixaram de cumpri o PEC como os países economicamente mais
fracos (que tinham sido ameaçados), embora sem ameaça de sanções.
2- Chamou-se a atenção para as fragilidades do PEC: Cegueira dos 3/ do défice para economias
completamente diferentes (regra arbitrária sem relevância económica expressa); Cegueira de que
toda a despesa pública era tratada por igual (até aquela que era virtuosa e que trazia benefícios) e
contabilidade no défice (único indicador); Cegueira em que não se ligava ao ciclo económico (pois em
recessão o Estado tem certa despesa, como subsídios de desemprego, etc.); Sanções só agravavam as
situações; Conceitos imprecisos - “Orçamento próximo do equilíbrio ou em excedente”.
3- Deste modo, seria necessário fixar um objetivo em matéria de dívida para a percentagem do PIB -
permite um aumento de dívida, desde que igual ou inferior ao crescimento do PIB nacional.
4- No saldo orçamental (nominal ou global), tem que se distinguir a parte que não tem a ver com o
ciclo (despesa estrutural do saldo) e a contabilidade do ciclo.

Artigo 19º)
Reforma PEC - 2005
1- Flexibilização das regras do PEC: posição de carácter rígido e ortodoxo, visão estrita com missão
de salvaguardar credibilidade institucional e funcional do PEC vs. Posição de carácter mais flexível,
visão que não se fixa só no plafond nominal do défice de 3%.
2- Solução compromissora: disciplina ortodoxa; perspetiva flexível - saldos orçamentais corrigidos por
variações estruturais + qualidade das FP e sustentabilidade das políticas orçamentais - dando espaço
suficiente para acomodar recuões económicos e para reduzir a dívida pública.
3- O saldo orçamental tem que ser ajustado ao ciclo: Saldo Estrutural (saldo ajustado ao ciclo e que
gira em torno do PIB potencial; a partir dele sabemos o output gap - parte cíclica - e daí calculamos
o saldo estrutural - para onde passa a haver/valer a regra dos 3% que avalia o progresso dos países
quanto ao saldo orçamental); Saldo Nominal = Saldo Estrutural + Saldo Cíclico (Se tornarmos o saldo
estrutural positivo ganhamos folga orçamental para que em recessão acomodarmos melhor esse
impacte - sem folga fazemos políticas pró-cíclicas em vez de contra-cíclicas; deve criar-se folga
orçamental que permita “afetar recursos a um determinado fim sem prejudicar a sustentabilidade da
posição orçamental do Estado” - conceito de espaço orçamental é estreito com o da sustentabilidade
das FP).
4- Impulsão da bolha imobiliária - Famílias deixam de pagar hipotecas - Mercados bolsistas
afundaram, destruindo riqueza e menos procura - São adotados planos de segurança ou concedidas
garantias para apoiar o setor financeiro - Encolhem ativos do Estado (crise da Dívida Soberana) -
União Monetária (transmissão de efeitos que trarão perturbações enormes; moeda depreciará -
sobrevivência).

Artigo 20º)
Crise 2007/2008
1- Começa por ser estritamente mercados financeiros, alargou a subprime (crash da bolha
imobiliária) e expandiu para uma crise de dívidas soberanas e crise do euro.
2- Resposta Europeia à crise: Europa lançou pacotes de estímulo orçamental para que os Estados
gastassem para garantir os empreendimentos imobiliários e setor da construção civil (que tinha
implodido) - em Portugal foi criado a Parque Escolar.
3- Países foram desonerados do PEC, saldo estrutural caiu e surgiu a crise da dívida pública - Estado
deixa de poder aceder aos mercados e aí houve uma crise de dívida soberana (Estado não se pode
financiar).
4- Intervenção da Troika e Memorando de Entendimento - comprometidos com a Troika para refazer
a economia - Enviesamento deficitário das políticas com o PEC transitoriamente suspenso que depois
ganhou força como instrumento rígido e implacável.
5- Lógica de Ajustamento Orçamental para melhorar o saldo estrutural e Melhorar Défice Primário
(ligado À sustentabilidade da dívida pública) - tentativa de desvalorização cambial real por ser mais
competitivo no exterior (reduz-se custos de produção; medidas fiscais agravadas, aumentando a
capacidade exportadora da economia).
6- Segundo a regente: Alteração do Modelo Económico seria sustentável? Não e fácil a mobilidade
funcional e o aumento das exportações pode não ser causa mas sim a consequência.

Artigo 21º)
Revisão do PEC 2011 - Six Pack
1- Composta por 5 regulamentos (Altera o PEC - vertente preventiva, na qual se a comissão
identificar um desvio significativo em relação à trajetória de ajustamento ao objetivo orçamental de
médio prazo, há uma advertência precoce ao Estado Membro; vertente sancionatória - novas sanções)
e 1 diretiva (têm o dever de assegurar que o planeamento se baseia em previsões realistas - quadro
orgânico eficaz e credível).
2- Reforço das medidas de supervisão multilateral e aplica-lhe novas sanções - 1 deles versa sobre o
desvio significativo dos Estados + Desequilíbrio macroeconómico = medidas de emergência para voltar
a consolidar as economias.
3- PEC em 2009 ganha nova vida após ter sido temporariamente suspenso - emerge como um
instrumento rígido e implacável na esfera multilateral da situação dos Estados.
4- Surge o conceito de Desvio Significativo, complementado com Mecanismo de Sanções, tendo como
referência o saldo estrutural (com o critério quantitativo de 0.5% - desvio de 0.5% PIB num ano - em
oposição ao critério qualitativo, no qual se o Estado membro tiver ultrapassado significativamente o
objetivo de médio prazo, há a possibilidade de receitas significativas).
5- Assinou-se o Tratado que cria o Mecanismo Europeu de Estabilidade (assistência financeira), que é
um tratado sobre a Estabilidade, Coordenação e Governação da UEM (reforçando deste modo o pilar
económico da UEM).

Artigo 21º)
Revisão do PEC 2013 - Two Pack
1- Composto por 2 regulamento que compõem:
2- Novos Procedimentos; Novas regras de supervisão aos países em dificuldade; Fortalecem base
jurídica do processo de coordenação económica do “semestre europeu”.
3- Isto leva a uma maior monitorização da comissão sobre o cumprimento de objetivos do PEC -
Estados membros devem enviar projeto da OE à Comissão Europeia - 15 Outubro.
4- Leva também a uma obrigatoriedade dos Estados Membros de enviarem draft orçamental à
Comissão Europeia, etc.
Capítulo II - Orçamento de Estado

Artigo 22º)
Orçamento de Estado (geral)
1- OE evoca a previsão económica, o cálculo antecipado da importância, monetariamente expressa,
que se admite que em determinado período, atingirão certas receitas e certas despesas
interrelacionadas.
2- É uma previsão associada a funções económicas que se configura como autorização (que as
despesas sejam efetuadas e receitas cobradas) política (dos Parlamentos ao Governo) de um
documento onde as receitas e despesas estejam previstas, tendo aí funções jurídicas.
3- São previstas de forma realista com enormes cálculos financeiros, com base em indicadores
económicos e previsão de alteração do consumo por modelos e métodos regressivos, tendo-se
também e conta o elemento histórico.
4- As suas funções (desse documento) são: Racionalidade Económica (numa perspetiva de eficácia
como quadro de elaboração das políticas financeiras - função económica) e Garantia dos Dtos
Fundamentais.
5- E enquadrado pela Lei de Enquadramento Orçamental.

Artigo 23º)
Lei de Enquadramento Orçamental - art. 106º/1 CRP
1- Lei de Valor reforçado; Aprovado com maioria simples; É pressuposto normativo para outras leis
(como a Lei Orçamento Estado); Enquadra a feitura do OE.
2- Problema: Qual a relação de forças entre as leis de valor reforçado - Não existe qualquer relação
de dependência hierárquica; Legislador OE pode alterar LEO - Sousa Franco - art.106º/1CRP - LEO é
formalmente de enquadramento, logo LOE não pode vir a alterar porque não é Lei de
Enquadramento.

Artigo 24º)
LEO (integral)
1- Versa sobre duas vertentes: Plano de incidência formal (estrutura e procedimentos) e Plano de
Incidência Substancial (resultados orçamentais); Este último plano apresenta 3 eixos - Estrutura,
conteúdo e resultados; Processo orçamental; Controlo orçamental e responsabilidade financeira.
2- Ao longo do tempo foi sofrendo alterações, evoluindo, devido principalmente: Crise + Boas
práticas - A partir do Memorando de Entendimento da Troika - resulta de um programa de
ajustamento feito pelas instâncias comunitárias e FMI, que regula e condiciona os termos da ajuda
(Princípio da Condicionalidade Estrita).
3- Nova LEO - Lei 151/2015 - Lei mainstream que vai na linha das influências da orientação
internacional (boas práticas internacionais); Motivada pela crise que explicou as alterações na
legislação europeia; Foi consequência/resultado do memorando da Troika.
4- Relação LEO e LOE - art.106º CRP - diz que LOE tem que ter LEO, pelo que LEO (sendo nominativa)
tem valor enquanto tal; LEO é o “chapéu” para LOE - fazendo sobra sobre OE.

Artigo 25º)
Lei do Orçamento de Estado
1- Orçamentos podem contribuir para uma boa política orçamental.
2- Função Jurídico-política de Democracia Financeira - De iniciativa exclusiva do Governo - Aprovada
pela AR (161º/1) - É instrumento de concretização do programa politico do Governo - Função
económica no plano de condução da vida.
3- Afetados pelas novas ideias que condicionam o orçamento, menos preocupados com o
procedimento e focados nos “fiscal outcomes” de uma disciplina orçamental e sustentabilidade de
longo prazo da FP.
4- Nesta ótica, a micro-orçamentação encontra-se subordinada a objetivos de macro-orçamentação,
tendo várias características.

Artigo 26º)
Características desses objetivos
1- Enquadramento Plurianual da Despesa Pública - lógica de programação deslizante como nos PEC’s -
sistema de programação da despesa; Início em Abril ano-1.
2- Estratégias Top Down - limites de despesa condicionam a base, todas as locações de despesa serão
precondicionadas pelo limite, devido às regras de restrição orçamental; Outubro ano-1.
3- Novas Regras e Princípios Orçamentais - condicionam resultados orçamentais para maior
estabilidade e transparência orçamental com regras de natureza quantitativa; Estão neste momento
pensadas para todo o setor público ao longo da execução: Procedimentais (entidades que intervém
no processo orçamental), Numéricas (com valores e objetividade rigorosa; risco de pró-ciclicidade
que pode afetar a receita corrente económica e orçamental daquele ano), Contabilísticas (recorre-se
a verdadeiras projeções financeiras para contabilidade a cru).
4- Adaptação de Estruturas Orçamentais - Relaxamento na gestão orçamental dos controlos sobre
inputs e maior fiscalização dos outpus; Orçamentação por Objetivos (ponto de partida é a
classificação funcional da despesa - agregar dados de serviços que prosseguem atividades similares) e
Orçamento de Desempenho (não interessam os meios -dotações orçamentais- mas sim os fins -
desempenho em determinada área- este está vs. Orçamento de Meios).

Artigo 27º)
Organização do OE
1- Regras do Orçamento traduzem vinculações jurídicas internas do orçamento e têm em conta
princípios clássicos (art. 105º + 106º CRP).
2- Encontram-se enquadrados na NLEO

Artigo 28º)
Regras Clássicas - Princípio da Anualidade (art. 14ºNLEO + 4ºLEO)
1- Dupla exigência - Votação anual do Orçamento pela AR + Execução anual do OE pelo Governo.
2- Existe assim um Sistema de Gerência - gera dificuldade de responsabilização a cada Governo; Para
combater esta desvantagem o OE é elaborado de acordo com perspetiva da plurianualidade - com
enquadramento de perspetiva plurianual.
3- Nos orçamentos do setor público há previsão de despesa total - mesmo com mapas plurianuais, as
verbas devem ser incluídas no OE - 106º CRP
4- Período Anual - tem coincidido com o ano civil - é o período mínimo de vigência, sendo que o
período máximo é definido pelo poder executivo através de períodos complementares.

Artigo 29º)
Regras Clássicas - Principio da Plenitude (art. 9ºNLEO + 5ºLEO)
1- Também denominado da Unidade e Universalidade; é a regra de ouro.
2- Prevê-se a existência de um só orçamento e tudo no orçamento, para evitar que haja uma massa
de receitas e despesas que escape ao controlo orçamental e autorização parlamentar.
3- Serve para que serviços administrativos tenham conhecimento das receitas que podem cobrar e
despesas que podem realizar - só se aplica às receitas e despesas dos serviços integrados, serviços e
fundos autónomos e segurança social.
4- Abrangência limitada - não abrange operações de tesouraria; gestão patrimonial do Estados;
fenómenos de independência orçamental.

Artigo 30º)
Regras Clássicas - Princípio da Discriminação (parte I)
1- Não Compensação - art. 15ºNLEO + 6ºLEO
2- Receitas e despesas sevem ser inscritas no Orçamento de forma bruta e não líquida.
3- Receita integral sem deduções-
4- Maior racionalidade, possibilita um controlo efetivo, político e administrativo da execução
orçamental.

Artigo 31º)
Regras Clássicas - Principio da Discriminação (parte II)
1- Não Consignação - art. 16ºNLEO + 7ºLEO
2- Num orçamento não se pode afetar qualquer receita à cobertura de determinada despesa.
3- Evita-se AP fragmentária e desprovida de gestão financeira de conjunto.

Artigo 32º)
Regras Clássicas - Princípio da Discriminação (parte III)
1- Especificação - art. 17ºNLEO + 8ºLEO
2- Orçamento deve individualizar suficientemente cada receita e cada despesa - CRP obriga à
especificação e proíbe fundos secretos - art. 105º/3 CRP
3- Pressupõe 3 classificações: Económica (art. 3º/2 DL 26/2002); Orgânica (105º/3 CRP + 22ºLEO);
Funcional (105º/3 CRP + DL 171/94).
4- Assegura clareza e limpidez e também uma maior racionalidade financeira e um efetivo controlo
orçamental, racionalidade dos gastos públicos e controlo orçamental efetivo.

Artigo 33º)
Regras Clássicas - Princípio da Publicidade (105º, 106º, 161º/g) e 119º CRP)
1- Publicação em DR é condição de eficácia jurídica e forma da AP conhecer conteúdo preciso deste
instrumento financeiro.
Artigo 34º)
Regras Clássicas - Princípio do Equilíbrio Orçamental (art. 105º/4 CRP)
1- Previsto em sentido formal - postula estrita igualdade entre as receitas e as despesas (interdição
dos défices e excedentes de receitas).
2- Respeito pelos critérios de convergência quanto ao défice e endividamento público.

Artigo 35º)
Diferença entre Regras Clássicas e Novas Regras Orçamentais
1- Clássicas: Dizem respeito ao OE e a sua elaboração e aprovação; Focam-se na estrutura e
procedimento (Orçamento de Meios); Função de Controlo.
2- Novas: Abrangem todas as AP e durante todo o ciclo orçamental; Centram-se nos resultados,
associando micro e macro orçamentação (Orçamento de Fins); Função de Gestão.

Artigo 36º)
Novas Regras Orçamentais
1- De conteúdo determinável, exclusivas e definitivas.
2- São imperfeitas e conjunturais uma vez que são construídas à medida da necessidade concreta e
heterogénea.
3- Maior parte indica uma restrição permanente.
4- Tendem a suplantar as regras clássicas - exigem que materialmente estejam enquadradas por
vários instrumentos.

Artigo 37º)
Regras de Natureza Procedimental
1- Visa assegurar a transparência e a boa gestão financeira.

Artigo 38º)
Regras de Natureza Procedimental - Princípio da Estabilidade (art. 10ºNLEO)
1- Equilíbrio do todo que enforma o Estado.
2- Maior rigor quanto ao equilíbrio das AP - está em causa a noção de saldo global.
3- Corolário da aprovação do PEC.

Artigo 39º)
Regras de Natureza Procedimental - Princípio da Equidade Intergeracional (art. 13ºNLEO)
1- Impactos em mais de uma geração.
2- A longo prazo põe em causa as FP.
3- Distribuição de custos e benefícios entre gerações.
4- Vago e sem concretização sobre como o OE deve fazê-lo.

Artigo 40º)
Regras de Natureza Procedimental - Princípio da Transparência Orçamental (art. 19ºNLEO)
1- Exigência de um bom comportamento orçamental, que contribui para a disciplina orçamental
financeira e para a afetação adequada de recursos numa abertura Intergeracional.
2- Obrigatoriedade de dar informações (Governo tem que prestar contas).

Artigo 41º)
Regras de Natureza Procedimental - Princípio da Estabilidade Recíproca
1- Apela ao comprometimento de todos os níveis de decisão num esforço de estabilidade.

Artigo 42º)
Regras de Natureza Procedimental - Princípio da Especificação Lógica
1- Lógica de outputs em que a orçamentação é por objetivos.

Artigo 43º)
Regras de Natureza Numérica (arts. 20º - 26º NLEO)
1- Referem-se a alvos específicos quantitativos.
2- Impõem limites à política orçamental, geralmente definida tendo por referência um indicador de
performance financeira global.
3- Pouco flexíveis e dadas a engenharias financeiras.
4- Distinguem-se entre as Gerais (de toda a AP) e as Específicas.
Artigo 44º)
Regras de Natureza Numérica Geral - Regra do Saldo Estrutural (art. 20º/3NLEO)
1- Subjacente tem uma regra de despesa (art. 20º/6NLEO - concretiza o Six Pack art. 22º - 25º).
2- Saldo Estrutural = Saldo Nominal - Saldo Cíclico (corresponde ao PIB potencial).
3- Como se calcula: Calcular PIB potencial (Y=Lª+K (elevado a 1-a) x TFP) // Determinar sensibilidade
das despesas e das receitas ao output gap (elasticidades fiscais) // Aplicar essas elasticidades ao
output gap, apurando parte das receitas e despesas que é devida ao ciclo económico // Subtrair
estas receitas e despesas ao valor do saldo nominal e assim obter o saldo estrutural.

Artigo 45º)
Regras de Natureza Numérica Geral - Regras de Dívida (art. 26ºNLEO)
1- Concretiza Six Pack e o Tratado Orçamental.
2- Obriga 1/20 de redução ao ano até se atingir o valor dos 60% no rácio Dívida/PIB.
3- Associada à Sustentabilidade das FP e da Dívida: Financeira (contração de empréstimos e
operações de financiamento da economia) e Não Financeira.
4- Associa-se ao Princípio da Sustentabilidade das Finanças Públicas.

Artigo 46º)
Regras de Natureza Numérica Geral - Regras de Dívida - Princípio Sustentabilidade das FP
1- Presente no art. 11º/2 NLEO
2- Pensado como a cobrança de receitas necessárias para se pagar a dívida.
3-Pode ser feito para: Garantir condições de crescimento sustentado; Rigor orçamental com saldos
primários positivos (boa gestão orçamental); Emissão e gestão da divida em condições favoráveis;
Emissão de moeda.
4- Sustentabilidade depende de 3 fatores: Taxas de crescimento assinaláveis; Condições de
financiamento favoráveis (via taxa de juro - renegociação de dívidas); Saldo global estrutural próximo
do zero e saldos primários positivos - retira juros da dívida pública e estreita a necessidade de
financiamento líquido no futuro, melhorando as condições de pagamento da dívida que já existe.

Artigo 47º)
Regras de Natureza Numérica Geral - Regra de Despesa (art. 20º/6 NLEO)
1- Obriga a relacionar a taxa de crescimento da despesa pública e a taxa de crescimento do PIB
potencial.
2- O desvio significativo tem que ser corrigido (art. 22º - 25º NLEO), como medidas de concretização
do Six Pack.

Artigo 48º)
Regras de Natureza Numérica Específicas
1- Presentes nos arts. 27º e 28º NLEO

Artigo 49º)
Dinâmica do Estado e Procedimento Orçamental
1- Há 2 fases numa perspetiva Top Down - 34ºNLEO no que diz respeito aos vários setores.
2- NLEO já tem positivadas essas orientações que já vigoravam com LEO como Costume - sendo que
NLEO ainda não está em vigor na parte Procedimental.
3- Articulado: LOE tem conteúdo muito extenso e versa sobre várias matérias (art. 41ºNLEO, 31ºLEO -
formatam o conteúdo desejável do OE, não o concretizando porque não lhe compete concretizar),
mas que nem só o OE pode regular - exp: matérias fiscais podem ser reguladas por diplomas avulsos
da AR - introduzidas no OE por os fazer valer face ao ano fiscal = ano civil (têm regime caducidade
próprio).

Artigo 50º)
Cavaleiros Orçamentais
1- Há normas estritamente orçamentais, e outras não especificamente orçamentais mas que se
tornam em tal como prática ou costume orçamental - há ainda matérias orçamentais que não estão
expressamente elencadas no art.31º.
2- OE pode ser veículo de muitas matérias (pois OE é prolixo) e até não orçamentais - como é o caso
dos Cavaleiros Orçamentais.
3- Estes são normas de conteúdo Não Orçamental que integram o OE porque beneficiam da certeza
de aprovação da lei em tempo reduzido, da entrada em vigor em prazo determinado, devido à
diluição política das medidas, etc.
4- Discussão se são contaminadas pela natureza orçamental beneficiando de regras especiais de
aprovação, caducidade e blindagem, ou não - a consequência é a não contaminação pelo veículo,
podendo não ter a mesma caducidade (reentrando no OE no ano seguinte).
5- Pode haver autorizações legislativas no âmbito fiscal que surgem como Boleias Orçamentais,
embora o legislador assuma que esta matéria fiscal é de conteúdo especificamente orçamental - não
podendo ser prorrogadas além do OE - art.165º/5 CRP + art. 12ºH/3 LEO).

Artigo 51º)
Mapas Orçamentais
1- Limitam-se a dar dotações e significado financeiro a despesa já criada e dada por códigos.
2- Não tem função ativa de intervenção normativa.
3- Demonstrações: acolher regras de contabilidade financeira com carácter de previsão.
4- Proposta da LOE inclui mapas e etc. - art.37º NLEO
5- NLEO - Estrutura orçamental ganha lógica programadora. Especificação.

Artigo 52º)
Programação Orçamental
1- Despesa apresenta várias classificações.
2- Classificação Económica: despesa corrente, despesa.
3- Classificação Funcional: serviços que prosseguem atividades similares - anexo II Lei 171/94
4- Classificação Orgânica: base do programa - cada uma das funções é base que dá origem ao
programa - missões de base orgânica (como se chama a NLEO); exp. Se escolher a Educação, na
classificação orgânica vai ter o Ministério da Educação, mas não o Ministério do Ensino Superior; art.
18º - 20º LEO - nível mais agregado é missão de base orgânica, depois desce para parte do programa e
daí desagrega para objetivos/ações (já não se usa lógica funcional).
5- A Programação Orçamental tem o nível de desagregação em sentido - estrutura orçamental
aparece vestida em programas orçamentais - missões de base orgânica, programas, ações.
6- Ainda não é regulamentada e aos poucos será concretizada - agora é um modelo híbrido de meio
caminho entre orçamento de programas tout court e modelo de performance budget.

Artigo 53º)
Processo Orçamental
1- Antes de ser visto como processo legislativo, deve ser visto como um processo político com
dimensão económica e financeira - daí que seja mais crucial regular todos os fatores críticos que o
condicionam e não o processo legislativo tout court.
2- Ao processo orçamental interessa mais os resultados orçamentais do que a questão do “due
process”.
3- Vai adquirir uma dimensão política com a consideração de situações como a gestão do ciclo
político eleitoral - que tem vários modelos: as políticas de pork barrel e logrolling (caso dos
Orçamentos limianos em Portugal - 2000 e 2001), o lobbying, rent-seeking e corrupção.
4- Tendência para a predominância do Ministro das Finanças - sendo agudizada com a crise em que há
um maior controlo e há maior constrangimento da AP por orientações e regras, definidas amiúde pelo
serviço central de orçamentação.

Artigo 54º)
Orçamento e a sua Tarefa de Previsão Orçamental
1- Sendo que a previsão de receitas e de despesas estão sujeitas a técnicas de apuração diferentes.
2- Quanto às receitas só intervém o Ministro das Finanças, enquanto que em relação às despesas
intervém os outros Ministérios.
3- Há 3 métodos para as receitas: Empíricos, Avaliação Direta e dos Modelos (o mais recente com
recurso a econometria e a equações de regressão).
4- Para as despesas depende de se são novas ou já existiam em anteriores exercícios orçamentais -
tudo de carácter muito técnico e no campo da modelização macro econométrica.

Artigo 55º)
Orçamento de Base-Zero
1- Art. 21º-A a E LEO
2- Aparece associada à gestão por objetivos e consiste na justificação detalhada das despesas que
cada serviço pretende inscrever - implicando a obrigatoriedade de indicação de alternativas e
avaliação de todas elas - a partir do 2º ou 3º OE após início de nova legislatura.

Artigo 56º)
Aprovação OE
1- É elaborado, organizado e votado anualmente de acordo com LEO - art. 106º/1CRP
2- Iniciativa legislativa da LOE é EXCLUSIVA do Governo (pois e o principal instrumento de
concretização financeira da política do governo) - art. 161º/1/g) CRP - e deve ser apresentada até 15
Out de cada ano na AR.
3- Prazos de votação e onde decorrem na AR - art. 12º-E + 12º-F LEO
4- Votação é efetuada na Generalidade quanto ao articulado no seu todo - salvo situações de Votação
Obrigatória na Especialidade (quando resulta de obrigatoriedade legal como matéria de impostos e
financiamento).
5- NLEO já contempla 2 fases do Processo Orçamental.
6- Aprovação do OE é da competência do Parlamento na sua expressão de democracia financeira -
cabe aos representantes do povo autorizar politicamente o Governo a conduzir a gestão financeira do
país.

Artigo 57º)
Prorrogação de Vigência do OE
1- Entra em vigor a 1/1 e termina a 31/12
2- Se for necessário, o Governo aprova DL com o regime orçamental transitório.
3- A prorrogação de vigência (art. 12º-H LEO) abrange o respetivo articulado e correspondentes
mapas orçamentais - bem como os seus desenvolvimentos e DL de execução orçamental - deve
respeitar o princípio da utilização por duodécimos:
4- Não abrange as autorizações legislativas contidas no articulado, que caducam no fim o ano
económico; Governos também estão limitados pelo ar. 12º-H/5 LEO;
5- Pode continuar a cobrar-se receita, nos termos do OE anterior, e despesa, cumprindo duodécimos;
6- Podem emitir-se dívida mas com limite de duodécimos.
7- Sempre que o orçamento não é votado a tempo, o OE do ano anterior mantém-se em vigor.
8- Quando o novo OE for aprovado, vai incorporar a parte já executada do OE anterior que estava em
vigor - evita-se o vazio jurídico e financeiro (período transitório de execução orçamental) e restaura-
se o princípio da Anualidade Orçamental.

Artigo 58º)
Execução Orçamental
1- Art. 199º/b) CRP dá a competência ao Governo.

Artigo 59º)
Vinculações Externas
1- Art. 17º LEO - traduz um desenvolvimento do art. 195º/2 CRP
2- Vinculação dominante é a que resulta hoje das exigências de disciplina orçamental e de
sustentabilidade das FP resultantes da legislação comunitária aplicável - subordinação do OE às
exigências do PEC e aos limites de despesa dos quadros plurianuais.
3- É um pano de fundo que condiciona a elaboração do OE - que começa a ser executado na mudança
do ano, havendo um período para de fechar contas (período complementar).
4- No plano de execução orçamental, as vinculações associadas a despesas obrigatórias (art. 15º LEO)
resultam da lei e de contratos, e projetam-se na concretização do Princípio da Legalidade da Despesa
- Para que uma despesa possa ser realizada tem que respeitar as normas legais e tem que estar
prevista e cabimentada no orçamento.
5- Lei das Grandes Opções do Plano - faz parte dessas vinculações externas, dando novo significado
útil, sendo associada ao quadro plurianual de despesa.
6- OE apresenta legalidade dupla: Cria despesa e Acolhe despesa criada (por lei ou contratos).

Artigo 60º)
Princípios da Execução Orçamental
1- Arts. 42º/ss LEO - responsabilidades dos serviços do Estado (gestores financeiros e/ou dirigentes
máximos dos serviços) de fazer entrar logo OE a 1/1.
2- Competência de execução orçamental é exclusiva do Governo (que no final é chamado a prestar
contas - accountability).
3- Governo emana DL de execução orçamental que orienta o Governo e os serviços quanto à matéria
que deve necessariamente conter - regras específicas de execução e normas sobre cativações de
verbas, duodécimos e exceções.
4- Fixação do período complementar (normalmente 7 dias) - o próprio OE já tem regras sobre
execução orçamental (art. 41º NLEO, articulado OE e execução).
5- Qual deles vale? - Solução de justaposição que não tem levantado problemas (Governo na proposta
de OE já elenca as soluções que consagrará no DL).

Artigo 61º)
Princípios que orientam os serviços (de Execução Orçamental) - Orçamento da Receita
1- Princípio da Segregação de Funções entre Liquidação e Cobrança - não deve ser o mesmo agente
que liquida o imposto e aquele que o cobra (há uma dupla verificação para segurança de boa
execução).
2- Princípio da Legalidade Genérica - nenhuma receita pode ser cobrada se não for legal, em face da
legislação genérica aplicável.
3- Princípio da Legalidade Específica - tem que ser objeto de inscrição no OE para poder ser cobrada.
4- Princípio da Tipicidade Qualitativa - espécie de receita devidamente descrita e especificada no OE
e enquadrada em mapas orçamentais

Artigo 62º)
Princípios que orientam os serviços (de Execução Orçamental) - Orçamento da Despesa
1- Princípio da Segregação entre Entidade que Autoriza Despesa e a que Autoriza o Pagamento -
regras em função do montante no código dos contratos públicos (dupla verificação da regularidade).
2- Princípio da Legalidade Genérica - despesas para serem realizadas tem que ser legais.
3- Princípio da Legalidade Específica - despesa inscrita e especificada no OE para ser realidade
Daqui resulta
4- Princípio da Tipicidade Qualitativa - Inscrita em OE
5- Princípio da Tipicidade Quantitativa - dotação atribuída à despesa é um montante máximo que se
pode ter dessa despesa nesse ano (é diferente pois nas receitas pode cobrar-se acima, mas na
despesa não) - Quando não cabe na dotação, não tem cabimento simples - não pode exceder a
dotação afeta a essa despesa.
6- Princípio da Exigência de Duplo Cabimento Orçamental para as Receitas Consignadas - mas em
certo tipo de despesa não basta o simples e há o duplo cabimento orçamental: cabimento simples na
dotação da despesa + cabimento no produto da receita que lhe é consignada (depende da dotação e
do produto da receita cobrada) - exp. A cobra 500, B tem dotação de 500; se algo acontece a A e só
cobre 400, então B só tem 400 - Casos de consignação são EXCEÇÕES E NÃO A REGRA; não e pode
fazer com que as despesas obrigatórias fiquem na dependência de certos fatores aleatórios; só há
certas receitas consignadas: como as taxas.
7- Princípio da Utilização por Duodécimos - despesa é dividida pelos meses do ano e é regulada pelo
DL de execução orçamental - exp. Subsídio de férias
8- Princípio da Economia e Eficácia - regra dos 3 E’s: Economia, Eficiência e Eficácia; ganhou
importância na NLEO (arts. 16º e 17º); Economia - despesa gasta de forma parcimónia; Eficiência -
tentar fazer o mais possível com o menos; Eficácia - confronto de resultados (quer-se proximidade
ente o previsto e o obtido).

Artigo 63º)
Alterações Orçamentais
1- No desenrolar do OE há possibilidade de ele ser alterado - resulta da execução orçamental
(embora muitas possam ser previamente antecipadas e logo autorizadas no OE).
2- Iniciativa do Governo - pelo art. 161º/g) CRP - por interpretação sistemática recorrendo a
argumentos lógicos e sistemáticos - competência para iniciar o processo é SEMPRE do Governo, pois é
ele que sabe quais as alterações a fazer, que surgem dada a execução orçamental - pois já é uma
numa fase superveniente da execução do orçamento.

Artigo 64º)
Regras de Competência de Aprovação
1- As regras de competência de aprovação são definidas a partir de uma escala gradativa - desde os
níveis mais agregados de despesa às bagatelas orçamentais (que atendem a níveis muito
desagregados de despesa).
2- Na competência AR - art. 50º-A LEO - regras capítulo II da LEO; competência tipificada para alterar
alguns mapas de base.
3- Na competência do Governo - art. 51º LEO - modificação na redação da rubrica (sem alterar
designações de classificação económica e seus desenvolvimentos tipificados), transferências de
verbas dentro do mesmo capítulo sem alterar classificação funcional e etc; competência residual
para alterar todos os mapas (de base não tipificados, derivados e desenvolvimentos orçamentais), por
exclusão de partes - quando não se implica grandes linhas de despesa e se trate de coisas ínfimas ao
nível do gestor.
4- Algumas alterações são pelo Governo SEM PASSAR pela AR - como aplicação da dotação provisional
(não vai à AR porque tem de ser expedita e reforçar verbas dos ministérios - é o Ministro das Finanças
que desbloqueia a verba e loca ao que for necessário).

Artigo 65º)
Limites da Emenda Parlamentar
1- Quando vai À AR, e contrariamente ao que acontece na fase inicial da proposta em que deputados
não têm limites e podem propor alterações a tudo (cujo nível de acolhimento varia consoante a força
política do Governo), nesta fase já se está num contexto de execução orçamental, pelo que têm
limites.
2- Até onde vai a emenda parlamentar dessa proposta? - Confirmado por acórdãos do TC: 297/86 e
317/86; impondo-se aos grupos parlamentares que não possam fazer alterações quantitativas nem
qualitativas.
4- Espírito da Lei Travão - obriga os deputados a respeitarem os limites da proposta do Governo (TC
confirmou pelos acórdãos) - exp. Governo quer dar 200 e AR diz para dar 300; aumento da despesa ou
diminuição de receita no ano económico em curso.
5- Sentido de Alteração - se deputados na emenda alterarem o sentido da disposição inicial de
alteração do OE há subversão do princípio da separação de poderes, o que não é aceitável (Governo é
que executa o OE, logo ele é que sabe - AR não pode pretender saber as necessidades, pois é do
Governo o âmbito de execução orçamental); já não se está em fase de revisão, mas sim de execução;
o Governo tem o exclusivo na iniciativa de alteração do Orçamento e encargo e responsabilidade da
execução orçamental.
6- O Governo pode fazer um 2 em 1 e ao mesmo tempo que altera a legislação de funcionalismo
público (que aumenta as despesas e por isso tem de passar na AR) no articulado na lei de revisão
orçamental e altera os mapas orçamentais respetivos para inscrever a despesa (só com ela inscrita é
que pode ser feita - cabimento).

Artigo 66º)
Lei Travão
1- Governo NUNCA ESTÀ ABRANGIDO pela lei travão.
2- Serve para vedar a iniciativa aos deputados, e não tem nada a ver com a competência e as
realidades não se podem confundir.
3-Formas de atuação:
4- Critério Subjetivo: veda projetos de leis (dos deputados), nunca propostas do Governo,
5- Critério Objetivo: veda conteúdo que envolva aumento de despesas e diminuição de receitas (não
veda o contrário - e mesmo se OE não se alterar, pois tem-se despesa mas receita compensa, não
pode haver esta alteração).
6- Critério Temporal - veda para uma afetação do ano orçamental em curso (não veda se for para
anos subsequentes)
7- Ocorrendo, TC declararia inconstitucionalidade parcial da lei avulsa, por afetar ano económico em
curso (era parcialmente inconstitucional nesse ano e vigoraria no próximo) - outra doutrina declara a
ineficácia dos efeitos.
8- É relacionado com iniciativas legislativas avulsas e nada tem a ver com alterações orçamentais -
nunca se poderá aplicar lei travão a propostas de alteração pois então nunca se poderia alterar o OE,
pois elas vão afetar o ano económico em curso obrigatoriamente.

Capítulo III - Setor Público e Administrações

Artigo 67º)
Sector Público e Administrações
1- Segundo o art. 6º CRP, tendo em conta o Estado numa aceção administrativa e financeira.

Artigo 68º)
Tipos de Administração - Administração Independente
1- Autoridades reguladoras e outras à margem: as suas cotas estão no OE, mas mantêm-se
independentes.

Artigo 69º)
Tipos de Administração - Administração Direta
1- Serviços integrados do Estado - Ministérios, Direções Gerais, Direções Regionais.
2- Estado Central (de âmbito nacional e por onde se repartem as funções que não devem ser
repartidas; todo o seu âmbito está no OE) /Governo exerce hierarquia sobre elas (poder de direção e
dever de obediência).
3- Serviço de gestão administrativa desconcentrada.
4- Não há consignação de receitas e tem registo das despesas.
5- Autonomia Administrativa: art. 2º, Lei 8/90; sem personalidade jurídica; regime geral em que não
pode contrair crédito.

Artigo 70º)
Tipos de Administração - Administração Indireta
1- Pessoas Coletivas distintas do Estado (com personalidade jurídica própria) que exercem funções de
prossecução do interesse público - Institutos Públicos, empresas públicas (SET), fundações públicas,
“fundos e serviços autónomos” (com autonomia administrativa e financeira de gestão) - relação de
tutela.
2- Pode haver consignação de receitas e tem um registo de transferências (sendo que do seu
financiamento, 2/3 são receitas próprias).
3- Autonomia Administrativa, Financeira e Patrimonial: art. 6º/ss Lei 8/90 - com personalidade
jurídica; regime especial em que pode contrair crédito.
4- Segundo regente, como está agora o recurso ao crédito depende do Ministro das Finanças, pode-se
pôr em causa a autonomia desta lógica de descentralização administrativa.
Artigo 71º)
Tipos de Administração - Administração Autónoma
1- Pressupõe uma atribuição de competências.
2- Entre o Estado e a Administração Autónoma há um 1º grau de independência orçamental.
3- O 2º grau de independência orçamental dá-se entre a Administração Autónoma e as empresas
públicas desses setores.
4- Regional: Estado exerce tutela; Também comporta empresas públicas mas no Sector Empresarial
Regional (SER) - Fora do OE e com orçamentos próprios - Independência do OE mas com verbas (há
transferência de verbas pois há independência em que estamos numa lógica de autonomia e
descentralização).
5- Local: Estado exerce poderes de tutela limitados (legalidade) - comporta empresas públicas locais;
Fora do OE e com orçamentos próprios - Independência do OE mas com verbas.
6- Associações Públicas: Ordens Profissionais.

Artigo 72º)
Tipos de Autonomias
1- Autonomia Orçamental - Elaboração e execução dos seus próprios orçamentos, embora sem
independência orçamental (estão no OE, art. 5º LEO).
2- Autonomia Patrimonial - Gestão, empreendimento e compra de património próprio.
3- Autonomia de Tesouraria - Arrecadar fundos autónomos de forma autónoma (agora limitado por
tesouraria nacional/tesouraria única do Estado, única exceção é a Segurança Social - art. 48º/4 LEO).
4- Autonomia creditícia - Recurso ao crédito com ampla liberdade (que era permitido e agora
proibido - art. 26º LEO).
5- Autonomia administrativa e financeira já não se faz sentir tanto como no passado desde a
proibição de recurso ao crédito, restrição de oneração, etc; Reduz-se hoje à autonomia orçamental e
patrimonial e, mesmo essas, estão limitadas por regras exigentes atinentes à execução orçamental
(em que muitos atos de gestão estão também dependentes do Ministro das Finanças).

Artigo 73º)
Setor Público
1- Conjunto de todas as Administrações e respetivos serviços.
2- Todas as entidades controladas pelo poder político.
3- Podemos distinguir (pelo carácter empresarial ou não - art. 56º DL 133/2013):

Artigo 74º)
1. Setor Empresarial do Estado / Setor Público Empresarial / Administrações Públicas
1- Art. 2º DL 133/2013 - Ótica Económica que caracteriza as instituições que lhe pertencem,
concretizando regras do Sistema Europeu de Contas (contabilidade nacional).
2- Estado Central: Empresas Públicas (EP): art. 5º DL 133/2013 - distinção é a forma societária;
Sociedades Comerciais de empresas mercantis (seguem o regime de empresas) regidas por direito
privado; O estado mesmo assim tem que ter uma influência dominante - art. 9º // Empresas
Participadas: art. 7º DL 133/2013 // Entidades Públicas Empresariais (EPE): exp. Hospitais.
3- Estado Regional e Local

Artigo 75º)
Contabilidade Nacional
1- Sistema contabilístico orçamental e patrimonial regulado por regras comunitárias, regras SEC -
estabelecem metodologia relativa às normas, definições, nomenclaturas e regras contabilísticas
comuns para que sejam comparáveis e pormenorizadas.
2- Contabilidade de compromissos em que se registam receitas e despesas atendendo ao momento do
seu surgimento do ponto de vista jurídico.
3- Interesse Externo: cujos destinatários são entidades europeias competentes e responsáveis pela
monotorização e avaliação das finanças dos Estados membros.
4- Instrumento de uniformização Contabilística: produzida e prestada pelos membros; dos dados do
INE, corrige-se e envia-se às instituições Europeias e EU valida.
5- Regras SEC: servem para contabilizar o défice e contam para o procedimento por défice excessivo.

Artigo 76º)
2. Setor Público Administrativo
1- Ótica jurídico-institucional dos entes públicos que operam numa lógica redistributiva, sujeitos a
um regime de contabilidade pública.
Artigo 77º)
Contabilidade Pública
1- Sistema contabilístico orçamental e patrimonial regulado pela Lei 8/90 e pelo DL 155/92 - aprovou
as bases da contabilidade pública e o regime da administração financeira do Estado.
2- Registo de acordo com o Plano Oficial de Contabilidade Pública, DL 232/97.
3- Registo de Caixa: despesas e receitas são registadas atendendo ao momento da sua ocorrência e
efetividade financeira - orienta serviços competentes da AP Portuguesa na elaboração das respetivas
contas ou demonstrações financeiras.
4- Reportam a Entidades Nacionais - apurada pela Direção Geral de Orçamento que envia ao INE.

Artigo 78º)
Unidade Institucional
1- Entidade Económica capaz de possuir bens e ativos, de contrair passivos e de realizar operações
económicas com outras unidades em seu nome - centro elementar de decisão económica (tem que
ter autonomia decisória/administrativa e uma contabilidade completa de operações financeiras e
económicas com balanço de ativos e passivos).
2- Forma de integração de atividades - agrupa-se em setores institucionais com base no tipo de
produtor, aferido através da análise da atividade principal e da função da unidade institucional em
causa, indicadores do seu comportamento económico.
3- Atividades agrupam-se em 5 setores: Sociedades Não Financeiras; Sociedades Financeiras;
Administrações Públicas; Famílias; Instituições Sem Fins Lucrativos ao Serviço das Famílias.
4- No SEC há 3 produtores: Produtores Mercantis Privados e Públicos (considerado público se for
controlado pelas AP) - produtores vendidos a preços economicamente significativos (quando mais de
50% dos custos de produção forem cobertos pelas vendas); produtos objeto de troca direta, etc. //
Produtores Privados Para Utilização Final Própria - bens ou serviços para consumo final da própria
unidade institucional // Produtores Não Mercantis Privados e Públicos.
5- O primeiro critério para ser incluído na AP é o do valor dos bens e serviços que prestam, e se
conseguem cobrir 50% despesas com as receitas.
6- SEC 2010 - critério económico exclui das AP/Setor Empresarial do Estado os produtores não
mercantis, financiados tendencialmente pelos impostos (em que a contrapartida para as atividades
não é o pagamento de preço) - enquadram o SPA.
7- Pelas regras do SEC, devem ser incluídas no SPE (e por definição no SEE) as que praticam atos d
comércio, que venderam bens a preços significativos e que cobriram 50% das despesas com os seus
lucros.

Artigo 79º)
Consolidação de Contas
1- SEC tenta capturar os encargos financeiros associados a transferências financeiras entre as AP e o
sector empresarial local, fazendo a contabilização não só através de valores brutos de transferências,
mas também através de valores líquidos dessas transferências (valores consolidados).
2- Permite verificar quais as despesas realizadas diretamente com a economia e quais as que supõem
intermediação de outros setores para as quais o Estado faz transferências.
3- Tem havido, numa lógica de controlo europeu, uma reclassificação das entidades empresariais.
4- Tendência para inclusão no perímetro orçamental das contas que precisam de ser consolidadas -
consolidação é bom instrumento de visualização das relações financeiras entre setores e clarifica a
dimensão dos fluxos financeiros entre eles, cada vez mais a informação é relevante para todo o
Estado.

Artigo 80º)
Desorçamentação
1- Forma de fraude à lei ou manipulação das regras contabilísticas, tendo em vista apenas a obtenção
de certos efeitos contabilísticos.
2- Exp. Retirada artificial de entidade do setor público e qualificando-a como privada, sendo apoiada
pela via fiscal; retirada artificial do perímetro orçamental, etc.

Artigo 81º)
Descentralização e Independência - Descentralização Financeira
1- Financiamento segue a função.
2- Primeiro define-se o lado da despesa e depois o lado da receita, identificando-a e quais os
respetivos critérios de afetação.
3- Acontece sempre que há níveis inferiores de decisão relativamente ao estado central e desde que
essa existência se traduza num acervo de funções e/ou recursos financeiros.
4- Não se confunde com descentralização política nem administrativa.
5- Descentralização Orçamental - Estado faz sair de si as funções que não sejam de âmbito nacional;
para onde sai tem orçamento próprio, pelo que gozam de autorização e estão fora do OE;
financiamento deve acompanhar a função (não se confunde com descentralização política).

Artigo 82º)
Descentralização e Independência - Autonomia Financeira
1- Lei 8/90, DL 155/92 e art. 2º LEO
2- Autonomia mais intensa que mera autonomia administrativa de atos de gestão como são os
serviços integrados (há dependência hierárquica do Governo).
3- No caso dos fundos e serviços autónomos, há apenas tutela do Governo e para se ter esta
independência, 2/3 das receitas respetivas têm que ser próprias.

Artigo 83º)
Descentralização e Independência - Independência Orçamental
1- Resulta da natureza politicamente descentralizada das Regiões Autónomas e Autarquias Locais,
tendo cada uma o seu orçamento que não consta do OE - tal como as Empresas Públicas.
2- Há 2 graus de independência:
3- Primeiro - relaciona diretamente OE com SPE, ou Administrações Regionais e Locais.
4- Segundo - relaciona as Regiões ou Locais com os respetivos setores empresariais (que só
indiretamente se relacionam ao OE).
5- Formalmente o OE é unitário (art. 105º/3 CRP) - mas tem vários “micro orçamentos”, como o da
Segurança Social, que lá está incorporado, mas tem uma considerável autonomia relativamente à
gestão orçamental do Estado Central - IMPORTANTE!

Capítulo IV - Fiscalização Orçamental

Artigo 84º)
Fiscalização Orçamental
1- “Orçamento mal nasce já está a ser executado” - o acompanhamento e a fiscalização também
começam.
2- Celebração de negócios pelo Estado fica sujeita a um escrutínio especial do público - numa ótica
de transparência e clareza financeira - afloramento do princípio da responsabilidade financeira e
accountability.
3- Além do Tribunal de Contas (TC), foi criado um novo órgão em Portugal de acompanhamento
global da execução orçamental: Conselho das Finanças Públicas.
4- A sua missão principal está definida no art. 12º-I LEO
5- Tem as atribuições de: Avaliar os cenários macroeconómicos do Governo; Cumprimento das Regras
Orçamentais; Dinâmica e sustentabilidade da Dívida Pública, etc.
5- Verifica se o objetivo de médio prazo orçamental está a ser prosseguido, avaliando também a
evolução orçamental e os agregados macroeconómicos que a condicionam - Não tem controlo político
como AR, mas os partidos aproveitam politicamente as pronúncias desta entidade.
6- Regente: não identifica bem a natureza do controlo que é feito e quais são os seus efeitos, como
também não se estabelece uma óbvia ligação em relação aos controlos já existentes; Pode vir a
constituir-se, na qualidade de controlador técnico, um elemento subjetivo novo no sentido de
despolitizar o estabelecimento do quadro de política macroeconómica e orçamental.

Artigo 85º)
Bases de Controlo/Fiscalização
1- Bases de controlo/fiscalização orçamental estão no art. 107º CRP
2- A fiscalização da execução orçamental assume uma importância significativa, uma vez que importa
prever a existência de mecanismos de controlo que permitam aos órgãos representativos
certificarem-se da correta e adequada gestão orçamental.

Artigo 86º)
Tipos de Fiscalização - Fiscalização Administrativa
1- Entidades administrativas dos serviços inspetivos dos Ministérios exercem controlo no âmbito das
suas competências (controlo interno).
2- Autocontrolo - aqueles que executam diariamente o orçamento.
3- Heterocontrolo - entidades especializadas, como a Inspeção Geral das Finanças, ou outros serviços
de inspeção - como a inspeção geral de ordenamento do território.
4- Está virado sobretudo para aspetos de legalidade e cabimento orçamental e é realizada “a priori”.

Artigo 87º)
Tipos de Fiscalização - Fiscalização Politica
1- Compete à AR fiscalizar:
2- Controlo a posteriori - apreciação e aprovação anual da Conta Geral do Estado (art. 197º/1/h) +
art. 162º/d) CRP) - relato ex post da execução do ano anterior, tendo consequências políticas se for
chumbado.
3- Controlo Concomitante - troca de informações regulares entre os ministérios e os deputados para
apreciarem o modo como os Governos vão executando os Orçamentos e pondo em prática as suas
políticas económico-financeiras.
4- Controlo a priori - primeira fiscalização da AR ao votar o OE (ex ante).
5- Na fiscalização a posteriori e concomitante, a AR é assistida tecnicamente pelo TC; este emite não
só um parecer, não vinculativo, sobre a CGE, com destino à AR, como a assiste durante a execução
orçamental até ao momento da publicação daquela Conta.
6- O Parlamento pode recusar a sua aprovação à CGE apresentada e responsabilizar politicamente o
Governo em funções, se for o mesmo que executou o OE.
- Segundo o art. 197º CRP, a AR pode ainda votar moções de censura ao executivo, que deverão ser
propostas por ¼ dos Deputados em efetividade de funções ou por qualquer grupo parlamentar.
7- A aprovação de uma moção de censura nestes termos implica a demissão do Governo (art.
194º/1/f) CRP).
8- AR pode ainda acionar mecanismos de responsabilização politica ou solicitar informações sobre o
modo como se processa a execução orçamental.

Artigo 88º)
Tipos de Fiscalização - Fiscalização Jurisdicional
1- Tribunal de Contas - art. 214º CRP e art. 4ºLOPTC
2- Dá parecer sobre a Conta Geral do Estado, fiscaliza a legalidade das despesas públicas e julga as
contas que a lei mande submeter-lhe (art. 214º/1 CRP).
3- TC é órgão de acompanhamento global da execução orçamental.

Artigo 89º)
Tribunal de Contas
1- Tem havido uma densificação do papel deste tribunal integrado no poder judicial - art. 209º/1/c)
CRP - que tem uma integração especial no poder judicial, não estando na dependência do Conselho
Superior de Magistratura.
2- CRP comete-lhe tarefas que se revelam fundamentais no âmbito do Estado de Dto e na
prossecução dos objetivos de disciplina e sustentabilidade financeira e orçamental:
3- Órgão Supremo de Controlo, Fiscalização e Auditoria das Contas Públicas - dando parecer sobre a
CGE, incluindo a Segurança Social e as contas das RA - art. 107º CRP (parecer obrigatório, mas não
vinculativo); art. 66º/6 NLEO (Prazo); art. 73º/2 até 31/12 (se não aprovado, pode dar
responsabilidade financeira).
4- Fiscaliza previamente a Legalidade e o Cabimento Orçamental - dos atos e contratos de qualquer
natureza que sejam geradores de despesa ou representativos de quaisquer encargos e
responsabilidades para as entidades sujeitas aos seus poderes de controlo e à sua jurisdição.
5- Julga a Efetivação de responsabilidades Financeiras.
6- Realiza Auditorias.
7- Aprecia a Legalidade - bem como a economia, eficiência e eficácia das entidades sujeitas aos seus
poderes de controlo.

Artigo 90º)
Competências do Tribunal de Contas
1- Competência Consultiva (art. 72º).
2- Competência Jurisdicional (julga e efetiva responsabilidades financeiras).
- Competência de Fiscalização a priori das despesas públicas (examina e concede o visto ou emite
declaração de conformidade relativamente a diversos atos geradores de despesa - art. 5º/1/c)
LOPTC.
3- Competência de fiscalização Concomitante e Sucessiva (avaliam procedimentos administrativos
relativos a tos que impliquem despesas de pessoa e contratos que não estejam sujeitos a visto e em
que verificam contas - art. 49º e 50º LOPTC).
4- Competências Puramente Administrativas (art. 6º - remete para arts. 32º/a) e c)).

Artigo 91º)
Fundamento do papel do Tribunal de Contas
1- Controlo orçamental dos dinheiros públicos - com fundamentos jurídico-políticos e económicos.
2- Razão de ser do TC é o interesse público na boa administração dos recursos públicos e no controlo
da legalidade, regularidade e boa gestão desses mesmos dinheiros públicos.
3- Jurisdição Material do TC - persegue o dinheiro e valores públicos - Controlo Financeiro dos
Dinheiros Públicos, receitas e despesas onde quer que elas se encontrem (independentemente da
natureza jurídica das entidades que os têm à sua guarda: universo vasto sujeito ao TC) - arts. 214º
CRP + arts. 1º, 5º e 6º LOPTC - generalidade das receitas e das despesas públicas e da correspondente
atividade de gestão, sem que seja possível dissociar a sua competência a utilização de dinheiros
públicos por parte das entidades sujeitas ao seu controlo e jurisdição (ver art. 2º LOPTC)
4- Jurisdição Material é definida por lei com base no conceito de dinheiro ou valores públicos.
5- Jurisdição esgota-se nos dinheiros públicos.
6- Atos sem dimensão jurisdicional são a Auditoria e o Visto - que são atos de natureza múltipla que
congregam competências de várias índoles.
7- A apreciação da boa gestão financeira está dividida por secções.

Artigo 92º)
1º Secção: Secção do Visto - art. 77º LOPTC
1- Ato sem dimensão jurisdicional.
2- Exerce competências de Fiscalização Prévia e Fiscalização Concomitante de atos e contratos que
estejam submetidos a visto - acompanhamento de atos ou contrato sujeito a visto.
3- Neste âmbito - arts. 44º - 48º TC - pelo visto prévio ( à realização de atos geradores de despesa, ou
até de receita pública); art. 31º/n) NLEO como norma de isenção - verifica se despesa de OE está
conforme a legalidade.
4- Visto/Declaração de Conformidade - ato do tribunal através do qual se faz a apreciação da
generalidade dos factos ou atos de despesa que podem ser validamente realizados, desde que
obedeçam à legalidade e ao cabimento orçamental.
5- Condição da produção de efeitos do ato a que se refere (discussão na doutrina se é ato
administrativo ou ato jurisdicional - este último gera anulação do ato se houver recusa.
6- Ato que assegura o controlo da legalidade de decisões com implicações financeiras (atos ou
contratos).
7- Visto não consiste em mera verificação administrativa que cabe à administração financeira do
Estado: os vistos são de legalidade e os atos sujeitos a visto podem produzir todos os seus efeitos
antes da respetiva emissão - expeto nos caos do art. 45º/1.
8- Recusa de visto implica a ineficácia desses atos após notificação aos interessados, determinando a
cessação da generalidade dos efeitos do ato sobre que recai, por via da anulação deste e a cessação
dos efeitos verifica-se ex-tunc.
9- Visto deve ser apreciado à luz do critério do carácter do órgão que produz (CRP dá aos Tribunais
de Contas a natureza de verdadeiro tribunal especializado em matéria financeira) e do conteúdo
próprio da decisão em que se consubstancia (apreciação da legalidade de um ato administrativo).
10- Pode aplicar multas e relevar a responsabilidade financeira.

Artigo 93º)
2º Secção - Secção da Auditoria
1- Exerce competências de Fiscalização Sucessiva e Fiscalização Concomitante da atividade
financeira.
2- Pode aplicar multas mas não releva a responsabilidade financeira.
3- Não produz sentenças e apenas formula recomendações.
4- As Auditorias assentam sobretudo num controlo de gestão, preocupando-se com a estrutura
organizativa, o planeamento, o controlo dos resultados, o acompanhamento de atividades e os
procedimentos - ao passo que as avaliações assentam mais na substância das intervenções politicas e
com a sua repercussão na sociedade.
5- Fiscalização Concomitante: arts. 49º e 50º LOPTC - auditorias que acontecem quando um certo
ato, programa ou iniciativa ainda estão a decorrer (pode ser a serviços públicos a toda uma
entidade); é diferente conforme o objeto - verifica legalidade, regra 3E (fiscalização de mérito),
meio de detetar irregularidades financeiras e apurar responsabilidades e vale por si só, podendo
verificar coisas, mas também sendo veículo para Tribunal de Contas apurar responsabilidades (como
nos casos a posteriori de verificação da CGE).
6- Fiscalização Sucessiva - através da prestação de contas (princípio da accountability) em processos
de amostragem; também é veículo para processos efetivos de responsabilização financeira (CGE -
registo ex post da realidade orçamental - TContas emite parecer obrigatório e não vinculativo) pode
levar a processos judiciários.

Artigo 94º)
3º Secção - Secção do Julgamento
1- Exerce Função Jurisdicional (ao contrário do Visto e Auditoria).
2- Procede ao julgamento dos processos de efetivação de responsabilidades financeiras e de multa, a
requerimento das entidades competentes - julgamento das responsabilidades financeiras.
3- Responsabilidades Financeiras podem ser: Reintegratória - responsáveis devem repor os montantes
determinados na lei e apurados objetivamente em função dos factos que constituem os pressupostos
da responsabilidade - desvio, pagamentos indevidos, etc. // Sancionatória - aplicação de uma multa -
não há hipótese de reposição (art. 65º LOPTC); art. 59º LOPTC.
4- Ambas as responsabilidades não são alternativas, pelo que a aplicação de multas não prejudica a
efetivação da responsabilidade pelas reposições devidas.
5- Efetivação da responsabilidade civil e criminal já não se julga no Tribunal de Contas.

Capítulo V - Despesas e Receitas Públicas

Artigo 95º)
Despesa Pública
1- Conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos para custear os serviços públicos (despesas
correntes) prestados à sociedade, ou para a realização de investimentos (despesas de capital).
Artigo 96º)
Principais Categorias de Despesa
1- A principal divisão é entre civis e militares, mas há várias.
2- Despesas em Bens e Serviços - todas aquelas que se fazem diretamente ao assegurar a criação de
utilidades, por meio da compra de bens ou serviços do estado (que os adquire diretamente).
3- Despesas de Transferência - redistribuem recursos, atribuindo-os a entidades no setor privado ou
no setor público (atribuição de bens e serviços a partir de outras entidades - Estado transfere para
setores e esses setores adquirem bens e serviços): Podem ser de: Capital ou Correntes (conforme
afetem o património duradouro do Estado); Diretas ou Indiretas; para entidades do Setor Público ou
Setor Privado.

4- Despesas de Investimento - concorrem para a formação de capital fixo do Estado.


5- Despesas de Funcionamento - gastos necessários para assegurarem o normal funcionamento da
máquina administrativa.

6- Despesas Produtivas - geram utilidades.


7- Despesas Reprodutivas - aumentam a capacidade produtiva no futuro.

8- Despesa Efetiva - toda a despesa do Estado, exceto passivos e ativos.


9- Despesa Não Efetiva - despesa relacionada com ativos e passivos.

10- Despesa Não Primária - toda a despesa.


11- Despesa Primária - despesa exceto os juros da dívida pública (o que permite calcular o saldo
primário).

Artigo 97º
Tendência para o crescimento da despesa pública
1- Existem duas justificações:
2- Fatores do lado da procura: Lei de Wagner - fatores de crescimento aparente da despesa (inflação)
e fatores de crescimento real (aumento da população, necessidades do progresso da sociedade).
3- Fatores do lado da Oferta: Public Choice - o Estado é que se alimenta a si próprio - fenómeno
burocrático, ciclo político-eleitoral, lobbying, logrolling e rent-seeking.
4- A substituição da visão romântica do Estado (promotor do bem estar social, monolítico e onde não
haveria espaço para incongruências), pelo ceticismo liberal dos anos 70 e 80, conduziu à substituição
da tese “wagneriana” de inevitabilidade de crescimento da despesa e dos setores públicos, pela tese
da indispensabilidade da reforma da despesa pública.

Artigo 98º)
Sujeitos da Despesa Publica
1- São as entidades que integram as AP (entidades que fazem parte do perímetro subjetivo do OE).
2- Há 3 setores: Estado, Regional e Local.
3- No passado, entidades públicas de natureza empresarial (mas também de natureza associativa e
funcional), por princípio da independência orçamental, não poderiam ser vistos como sujeitos de
despesa pública.
4- Hoje há tendência para a observância de regras e princípios que antes eram só do Estado (exp. Lei
dos Compromissos e Pagamentos em Atraso - lei 8/2012 - serviços só podem assumir compromissos
tendo fundos disponíveis - extensível às empresas públicas; Reclassificação de Execução de Despesa).

Artigo 99º)
Princípios da Execução Orçamento de Despesa
1- Art. 42º LEO
2- + Princípio da Tesouraria Única do Estado - significa que é no Tesouro (IGCP) que se centraliza os
pagamentos e recebimentos dos serviços do Estado, não devendo eles ter contas próprias.
3- Todas as entidades públicas têm que fazer demonstrações financeiras - aproximando-se às regras
de contabilidade financeira empresarial; Elaboram contas trimestrais que devem remeter ao membro
do Governo com tutela e Tribunal de Contas.
4- Deriva de um modelo de caixa para um modelo crucial (de acréscimo).

Artigo 100º)
Receitas Públicas
1- Qualquer recurso mediante o qual um sujeito público pode cobrir as suas necessidades, ou seja,
realizar as suas atividades.
2- Ficam de fora as Receitas de Tesouraria - recurso às linhas de crédito de curto prazo; esta receita
entra, mas não é receita pública e é meramente de tesouraria e sem relevância orçamental.
3- Atribuição Definitiva - referidas a certo período orçamental (soma em numerário) com expressão
monetária.
4- Benefício de Sujeito Público - numa ótica de alargamento do perímetro orçamental (com
reclassificações, etc.).
5- Cobrir as Despesas Públicas - no Estado Central e a níveis mais baixos de decisão é a despesa que
determina a receita (primeiro a função e depois o funcionamento).

Artigo 101º)
Princípios das Receitas Públicas
1- Legalidade (Genérica e Específica) - receita para ser cobrada não basta que seja legal, é preciso
que esteja inscrita no OE e especificada.
2- Renovação Anual.
3- Não Dedução de Despesas, Não Compensação, Não Consignação - receitas inscritas pela receita
bruta e sem dedução de espécie alguma.

Artigo 102º)
Modalidades das Receitas Públicas
1- Bens e Serviços, Transferências.
2- Correntes e de Capital.
3- Efetivas e Não Efetivas (em que os passivos e ativos são as despesas creditícias e empréstimos).

Artigo 103º)
Receitas Patrimoniais
1- Resultam da gestão do património do Estado ou da disposição de elementos do seu ativo que não
tenham carácter tributário - património imobiliário (duradouro) e mobiliário (natureza financial ou
empresarial).
2- Receitas do Património - resultam da normal administração.
3- Receitas de Disposição Patrimonial - resultam da oneração ou alienação desse mesmo património.
4- No património há Bens do Domínio Público (art. 84º CRP, com 3 tipos de titularidade de alcance
territorial: nacionais, regionais e municipais - não podem estar sujeitos a gestão privada nem
usucapião; são imprescindíveis) e Bens de Domínio Privado (esses podem ser alienados).
5- Bens do Domínio Público - estão elencados m lei e estão fora do comércio jurídico, logo, o Estado
não pode adquirir receitas com tal património - são inalienáveis.
6- Há também Património Classificado (ver lei de bases do património cultural) - Tem proteção
especial e deve ser inventariado e classificado - art. 37º - porque tem um fim de interesse público
(art. 5º); Condiciona a venda.
7- Processo de vendas no art. 77º DL 280/07 - e tem lá as condições de venda, dando as noções de
que o Governo pode vender e as condições a que se sujeita.
8- Matéria da gestão Patrimonial está centralizada no Ministério das Finanças.

Artigo 104º
Receitas Tributárias
1- Resultam da cobrança de tributos.
2- Tributos - prestações pecuniárias a favor do Estado (numa manifestação de soberania e autonomia
do Estado), de natureza obrigatória e sem carácter sancionatório.
3- A sua natureza não é punir; Embora algumas vezes, atendendo à curva de Laffer, os impostos
deixam de ter qualquer utilidade e até há uma desutilidade; A partir de determinado montante de
carga fiscal, deixa de ser legítima a cobrança e passa a ter uma natureza de confisco; Além dos
desincentivos da grande carga de impostos.
4- O destinatário último destes tributos são os serviços públicos.
5- Impostos pessoais visam a prossecução da justiça social (função musgraviana redistributiva).
6- A introdução de impostos está associada a incentivos, sendo que a escolha depende das vantagens
que trazem a nível fiscal.
7- Dento das Receitas Tributárias, há 3 categorias - art. 165º/i) desde 1997.

Artigo 105º)
Teoria da Tributação Ótima
1- Prescrições sobre o modo como deve funcionar um sistema fiscal em condições de eficiência.
2- Minimizando as distorções, calibrando as componentes do sistema fiscal com vista à aproximação
de um sistema fiscal ótimo.
Artigo 106º)
Impostos
1- Principal fonte de financiamento dos Estados.
2- Prestações pecuniárias unilaterais - não há contrapartida específica entre aquilo que é pago e
aquilo que se recebe - não se sabe, À partida, para onde vai essa receita.
3- Não há qualquer tipo de relação de prestação entre o sujeito passivo e a Administração.
4- Não há sinalagma - marca jurídica é a Não Consignação (art. 16º NLEO).
Artigo 107º)
Princípio da Capacidade Contributiva
1- Pressuposto e Critério de tributação é o Princípio da Capacidade Contributiva - que manifesta a
capacidade económica dos contribuintes (sujeitos passivos).
2- Exp. IRC tem tributação proporcional - problema de que em termos marginais suporta mais quem
menos pode (à medida que se aumenta é menos proporcional).
3- IRS tem tributação progressiva - procura-se garantir que marginalmente pague tanto ou mais
aqueles que mais podem (marginalmente o esforço não diminui) - garante a justiça social e a
redistribuição (para que a certo momento se não passa a haver carácter confiscatório na tributação).
4- Este princípio tem dupla vertente: Medida de Igualdade e Direito Fundamental; É o núcleo
essencial do imposto.
5- É dominante, embora possa haver concessões a princípios de fronteira.
6- Certos impostos muitas vezes incorrem no princípio do benefício e há lógica de se tributar pelo
benefício e não pela capacidade:
7- Impostos Especiais de Consumo - além da mera redistribuição de riqueza, como fundamento do
núcleo essencial do imposto, é a existência de um custo social associado ao consumo de
determinados bens, tendo em vista a internalização de externalidades negativas geradas, como o
prejuízo da saúde pública ou do meio ambiente, que fundamentam a arrecadação de receita do
Estado; Há uma noção de extra-fiscalidade.

Artigo 108º)
Tipos de Impostos
1- No nosso sistema fiscal temos impostos sobre três componentes:
2- Sobre o rendimento (das pessoas singulares – IRS- e das pessoas coletivas – IRC).
3- Sobre o património (IMC).
4- Sobre o consumo (sobre o valor acrescentado – IVA como nas operações intermédias do circuito
económico-, especiais sobre o consumo – IEC como caracter repressivo no tabaco- e sobre os veículos
– ISV como custos ambientais dos veículos).

Artigo 109º)
Taxas
1- Prestações pecuniárias bilaterais - espera-se uma contrapartida específica (tendencialmente direta
e imediata, ainda que possa ser diferida no tempo).
2- Há sinalagma, que pode ser aferido a 3 níveis: Prestação/Obtenção de serviços públicos;
Disponibilização/Utilização de um bem público; Remoção de obstáculos jurídicos a atividades
económicas para os particulares.
3- Pressuposto é uma prestação administrativa da qual o sujeito passivo é o causador/beneficiário.

Artigo 110º)
Princípio da Equivalência
1- Tributa-se não quanto às possibilidades, mas sim quanto ao benefício que se tira.
2- Falamos de equivalência jurídica - no caso das taxas, não é necessário equivalência económica e
pode ser cobrado a preços inferiores ao de produção; não há objetivos de lucro e visa o interesse
público sem lógica mercantil.

Artigo 111º)
Contribuições Financeiras
1- Meio caminho entre impostos e taxas.
2- Natureza de voluntariedade mas quase que tem carácter coercivo (exp. Fatura da água e da luz) -
preços públicos com alguma coercibilidade associada, preços pagos a empresas com finalidade
mercantil mas com uma aproximação às taxas.
3- Sinalagma difuso e pode não haver contrapartida específica:
4- Pressuposto de prestação administrativa presumivelmente provocado ou aproveitada pelo sujeito
passivo e têm ainda finalidade compensatória, que deve ser confirmada pelo destino da receita
cobrada (consignação).
5- Exp. MEO paga ANACOM e contrapartida não é direta mas sim difusa na regulação do mercado, etc;
Segurança Social tem aspetos que se aproximam de impostos unilaterais e assentam na capacidade
contributiva; na parte empregadora há um imposto, logo tudo é contaminado pela lógica de imposto.
6- Não se confundem com Contribuições Especiais, que são impostos - embora a lógica do benefício
(positivo ou negativo) esteja presente: caso dos Impostos Especiais de Consumo; Podem ser
Contribuições Especiais por externalidades positivas (beneficio social; exp. Contribuições de melhoria
- alguém nada fez e ao construir-se uma ponte, o terreno valoriza) ou externalidades negativas (ex.
contribuições de especial desgaste; caso dos camiões que pagavam mais porque estragavam mais a
via pública).
Artigo 112º)
Como saber se é Tributo ou Taxa
1- Há dois testes:
2- Bilateralismo: há contrapartida específica ou não? Há sinalagma, mesmo que não seja imediato?
3- Não se pode cobrar taxas lucrativas (cobrar taxas acima do custo de produção é taxa
desproporcionada) - teste da proporcionalidade: as taxas têm que ser proporcionais ao custo - senão
ocultam um imposto (o que é importante de aferir, já que jurídico-constitucionalmente é diferente
criar-se imposto ou taxa); se a taxa tiver imposto oculto, é ilegal.

Artigo 113º)
Elementos Essenciais/Estruturantes na Criação do Imposto - art. 103º/2 CRP
1- Momentos Essenciais do Imposto (art. 103º/2 CRP) em que a legalidade cobre esses 4 aspetos,
sendo reserva relativa de lei.
2- Incidência: objeto ou pessoas que estão sujeitas a pagar aquele imposto particular - Pode ser de
incidência Real ou Pessoal, e tem que se explicitar sobre o que versa o imposto e quem o paga - Exp.
Rendimentos - rendimento do trabalho, tem que se perceber que prestações é que vão ter imposto-
elenco bem definido para se perceber incidência real do imposto.
3- Taxa (Quota e Progressão) - não se confunde com a outra categoria tributária e significa
“percentagem do imposto”; Maioria é proporcional - aplicando a taxa à matéria coletável determina-
se qual o montante que retiro; Pode também ser progressiva - onde a utilidade é marginalmente
crescente, ou constante, por oposição à proporcional.
4- Benefícios Fiscais - tratamento mais vantajoso a certos contribuintes, que pagam menos imposto -
derrogação do princípio a capacidade contributiva, prosseguindo finalidades económicas e sociais; Se
acontece por prossecução de finalidades intrínsecas ao sistema fiscal - casos de desagravamento
(exp. Rendimentos tão baixos que nem sequer pagam imposto); Os benefícios estão associados À
extra-fiscalidade em que o tratamento fiscal mais vantajoso é justificado por objetivos extrínsecos
ao sistema fiscal, mas que, por qualquer razão, devem prevalecer.
5- Relativamente a este último, Há desagravamentos justificados por finalidades extra-fiscais;
Quando o estado dá um benefício fiscal abdica de receita, pois não coleta o imposto na totalidade.
6- Garantias dos Contribuintes - o que está em causa são os direitos dos particulares (deveres de
administração, etc.).

Artigo 114º)
Princípio da Legalidade Fiscal
1- Os impostos têm de ser criados por lei (reserva relativa), enquanto que para as taxas e
contribuições apenas se exige que a lei crie os regimes gerais, sendo que a concretização pode ser
feita por atos infra-legais.
2- No caso das taxas: lei apenas tem que aprovar regime geral e o tipo em concreto de taxa pode ser
feito por outro diploma.
3- Regime geral: objeto (denominador comum nos critérios de fixar taxas), não cria logo a taxa (o
tipo fiscal); estabelece parâmetros ou critérios relativamente a elementos essenciais do tributo.
4- Hoje em dia as taxas estaduais e regionais não têm regime geral, só as locais.

Artigo 115º)
Artigo 104º CRP e os dois tipos de Impostos
1- Diretos: incidem diretamente sobre as manifestações de riqueza; Há de dois tipos: Sobre o
Rendimento (IRS e IRC - art. 104º/1 - imposto único, que pode provir de várias fontes, mas que se
considera de forma global, rendimento bruto englobado em que se aplicam taxas e se fazem
deduções. Ainda pode haver deduções À coleta. Sobre as empresas incide sobre o rendimento real, o
que elas realmente auferem, apura-se o rendimento normal e não as estimativas de rendimento) //
Sobre o Património.
2- Indiretos: exprimem indiretamente a manifestação de riqueza - atendem à capacidade
contributiva de forma indireta - essa capacidade só é tida em conta se consegue comprar o bem ou
não (não se afere em função do sujeito titular de rendimentos e funda-se na aquisição do produto - é
a manifestação dessa capacidade contributiva). Existem sobre o Consumo - atende menos a riqueza e
às vezes é cega; Certos tipos de artigos têm taxas diferenciadas - artigos de luxo vs. artigos de
primeira necessidade - Imposto Geral sobre o Consumo (IVA - único), Impostos Especiais (concessões à
equivalência que tributam os custos desse consumo - atendem às utilidades divisíveis e não
divisíveis).

Artigo 116º)
Receitas Creditícias
1- Resultam do crédito público e são receitas não efetivas (ainda têm de ser amortizadas) - resultam
da entrada de ativos na tesouraria do Estado.
2- Dá origem à dívida pública, que obriga o Estado a pagar a credores, créditos para pagar défices
orçamentais ou dívida já existente; passivos financeiros públicos.
3- Há relação entre a díida pública, as receitas creditícias e as regras de dívida.
Artigo 117º)
Receitas Públicas
1- Receitas Patrimoniais – resultam da administração do património do estado ou da disposição de
elementos do seu ativo e que não tenham carácter tributário; são as que resultam da normal
administração do património, seja mobiliário ou imobiliário; resultam da oneração ou alienação desse
mesmo património.
2- Receitas Tributárias – provenientes da cobrança de tributos.
3- Receitas Creditícias – resultantes do crédito público e têm particularidade de serem receitas não
efetivas; implicam o registo no passivo financeiro, de um valor exatamente igual ao da receita assim
obtida.

Artigo 118º)
Dívida Pública
1- Dívida do Estado - compromisso ou conjunto de compromissos financeiros vencíveis num
determinado prazo - quando o estado recorreu ao crédito
2- Diferença da Dívida Soberana é o prazo temporal a que estão sujeitas.

Artigo 119º)
Modalidades da Dívida Pública
1- Critério da fonte: dívida financeira (aquela que está associada à contratação de empréstimos ou à
emissão de dívida pública) e dívida não financeira (dívidas a fornecedores e àqueles a quem o estado
adquire bens e serviços).
2- Critério da moeda: dívida interna (denominada em moeda com curso legal em Portugal) e dívida
externa (denominada em moeda que não tenha curso legal em Portugal).
3- Critério da evidência: dívida expressa (resulta da contratação de empréstimos ou da emissão de
dívida, a sua evidência é imediata), dívida implícita (resulta da assunção de compromissos que
podem no imediato trazer receitas para o estado mas que redundarão em despesa, a sua evidência é
diferida no tempo) e dívida condicional (evidência meramente difusa, podendo nem se vir a
concretizar).
4- Critério do tipo de débito: dívida direta (quando estado é devedor principal) e dívida acessória
(quando estado é devedor subsidiário).
5- Critério da maturidade: dívida de curto prazo (inferior a um ano) ou de longo prazo (maturidade
superior a um ano).
6- Critério do exercício orçamental: dívida flutuante (amortização ocorre no mesmo exercício
orçamental em que a dívida foi contraída) e dívida fundada (amortização ocorre em exercício
diferente daquele em que haja sido contraída) art. 161º/h) CRP.

Artigo 120º)
Emissão e Gestão da Dívida Pública Direta
1- Processo regulado pela CRP, LEO e lei ordinária (Lei 7/98).
2- Necessita de autorização parlamentar - para a dívida fundada, cuja grande condição é o montante
- define também as condições gerais dos empréstimos a emitir.
3- Autorização no OE, logo, é anual.
4- Condições complementares são em Conselho de Ministros (art. 5º/1 Lei 7/98).
5- Condições Específicas definidas pela Agência de Gestão de Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP,
EPE) - e também tem responsabilidades na gestão normal da dívida.
6- Depois de emitida a dívida, ela tem que ser gerida e os juros de dívida pública concorrem para o
saldo nominal (despesa corrente) e a amortização é despesa de capital.
7- Renegociação da Dívida - forma de gestão anormal/extraordinário (embora a amortização
antecipada já seja ato de gestão corrente), tecnicamente qualificada, anteriormente, como
conversão; Consiste na alteração das condições contratuais em que foi celebrado o empréstimo
público, já no decurso da vigência deste; Podem ser processos de perdão parcial ou pode ocorrer
default (incumprimento).

Artigo 121º)
Instrumentos de Dívida Pública Direta (art. 11º Lei 7/98)
1- Contrato - pois os empréstimos têm tendencialmente uma natureza voluntária; amortizáveis pelo
valor nominal e renegociáveis em mercador próprios.
2- Obrigação de Tesouro - principal instrumento do Estado para satisfazer as suas necessidades de
financiamento; São valores imobiliários de médio e longo prazo, cuja emissão se efetua através de
operações sindicadas, leilões ou por operações de subscrição limitada (tapping).
3- Bilhetes de Tesouro - valores imobiliários de curto prazo com um valor unitário de 1€ e que podem
ser emitidos com prazos até 1 ano.
4- Certificados de Aforro - instrumentos de díida criados com o objetivo de captar a poupança das
famílias e são distribuídos a retalho sendo colocados junto dos aforradores.
Artigo 122º)
Dívida Acessória
1- Art. 161º/h) e art. 7º Lei 122/97
2- Em relação à dívida acessória onde se mencionam os avales, deve ser feita uma interpretação
extensiva e atualista de modo a entender-se de um modo geral as garantias pessoais do Estado.
3- Garantias têm limite máximo fixado pela AR a ser concedido ao Governo - sendo que tal é
concedido na LOE, conforme disposto no art. 31º LEO.
4- Ver também art. 8º + 9º + 15º Lei 112/97
5- O Estado funciona como garantia ma não em qualquer circunstância e as condições estão na Lei
122/97 e no art. 31º LEO.

Capítulo VI - Aquelas cenas que já estavam e eu tenho pena de apagar

Artigo 123º)
Consolidação Orçamental
1- Refere-se a um determinado sentido da política financeira que conduza a um efetivo saneamento
das contas públicas.
2- Está em causa a ideia de controlabilidade das finanças públicas.
3- Propõe-se uma abordagem que desagregue o orçamento do estado, atenta a respetiva composição,
não se tratando apenas de apreciar o saldo primário do orçamento mas também a estrutura
detalhada das receitas fiscais e das categorias de despesa.

Artigo 124º)
Estabilidade Orçamental
1- Princípio sobre o OE, atendendo aos resultados orçamentais.
2- Em sentido formal- igualdade contabilística entre receitas e despesas (total das receitas deve se
igual ao total das despesas): a violação desta exigência é quase impensável.
3- Em sentido substancial- permite evidenciar a situação orçamental do Estado, confrontando um
certo tipo de receita com um certo tipo de despesa (de referência) e definindo uma linha acima da
qual haverá equilíbrio e abaixo se verificará um défice orçamental.

Artigo 125º)
Estabilizadores Automáticos
1- Teoria segundo a qual o orçamento exerce espontaneamente uma ação contra cíclica, sendo que a
confirmação desta resultou da utilização de certos impostos e instrumentos gerados de despesa
pública.
2- Defende-se a utilização de uma política ativa de estabilização segundo regras de flexibilidade, na
qual as variações nos instrumentos são realizadas de acordo com certas regras de flexibilidade
previamente estabelecidas.

Artigo 126º)
Pacto Orçamental
1- Visa a proteção da disciplina orçamental, um reforço da coordenação das suas políticas
económicas e o melhoramento da governação na área do euro – concretizando a regra de ouro (regra
de equilíbrio orçamental).
2- Há situação de equilíbrio se o saldo estrutural anual das AP tiver atingido o objetivo de médio
prazo específico desse país, tal como definido pelo PEC revisto, com limite de défice estrutural de
0.5% PIB.

Artigo 127º)
Despesas Públicas
1- É o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos para custear os serviços públicos
prestados à sociedade (despesas correntes) ou para a realização de investimentos (despesas de
capital).
2- Despesas correntes: não alteram o património duradouro do estado, exp. Pagamento de salários.
3- Despesas de capital: alteram o património duradouro do estado, exp. Amortização de um
empréstimo.
4- O conjunto de dispêndios abrange dois comportamentos típicos do agente: consumo (aquisição
presente de bens com vista à satisfação de necessidades a que um sujeito se propõe) e investimento
(representa todo o capital físico adicional adquirido pelo sector público e privado, ao fim de um
determinado período de tempo).

Artigo 17.º
Entrada em vigor: A presente lei entra em vigor no 1.º dia útil seguinte ao da sua publicação. Enjoy e
se não passarmos que se lixe, a faculdade não fecha! #FinançasIsLove #FinançasIsLife

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