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- Finanças Públicas -
Falhas de Mercado:
è Quando estamos perante um bem que não é produzido pelo mercado de forma
eficiente – existência de um desequilíbrio entre a utilidade individual e a utilidade
social na produção e utilização de um bem, que faz com que este não se produza ou
se produza insuficientemente:
o Gera custos ou benefícios para a comunidade sem que esta possa imputá-los
a quem os provoque;
o A produção de certos bens conduz à destruição da concorrência nesse
mercado;
3. Exterioridades\Externalidades:
è Correspondem aos efeitos externos dos comportamentos económicos:
o Provoca benefícios a terceiros – positivas;
o Implica a imposição de custos – negativas;
è Não é incorporada pela empresa produtora e é regulada pelo bom senso dos
sujeitos económicos;
è As positivas geram um défice no fornecimento dos bens – a utilidade social supera a
utilidade de quem suportou os seus custos – provocam benefícios a outros sujetos
económicos sem que os seus fornecedores possam receber por isso uma
recompensa (ex.: escolas públicas);
è As negativas geram uma proliferação das atividades que as causam – provocam
prejuízos a outros, sem que se possa impor uma compensação;
4. Assimetrias de Informação:
è Os vendedores podem assegurar que transmitem toda a informação, mas nada
garante que assim seja (ex.: vender medicamentos pela internet, os consumidores
só estão descansados se houver um vendedor qualificado e informado a vender).
Desequilíbrio entre a oferta e a procura;
è O Estado intervém:
o Impondo o fornecimento de mais informação;
o Criando serviços de certificação de qualidade;
o Assumindo alguns serviços de informação;
5. Mercados Incompletos:
è Reconhecimento de que nem sempre o mercado provê todas as necessidades
sentidas pelos consumidores;
è Casos de incerteza e risco na atividade económica, podem conduzir a situações de
aprovisionamento insuficiente de bens correspondentes a necessidades sentidas por
uma comunidade, e ainda os casos em que se faz sentir a falta de coordenação dos
agentes do mercado.
Despesa Pública
è O Estado tem despesa (ex.: obras públicas, o plano nacional de vacinação,
empresas, segurança, transportes públicos, etc.), porque é esta que gera toda a bola
de neve da criação financeira do Estado. O Estado precisa de ter muito dinheiro e de
criar impostos.
è Temos despesa pública, porque vivemos num Estado Social.
è Visão histórica de Estado Social:
o Antiguidade: Aristóteles – flautista, o princípio que está por trás da atribuição
de bens é atribuir a cada um o que é seu.
o Idade Média: S. Tomás de Aquino, corrigiu este formalismo clássico –
introduz uma regra de artibuição de bens aparentemente injusta, a
apropriação de bens pode, em certos casos, saltar esta regra, dando como
exemplo casos de perigo eminente que permite a apropriação de bens
alheios (ex.: se os mais fortes tiverem fome podem roubar comida).
o Século XVIII: encara-se o cuidado com os outros como uma dever de justiça
pública e do Estado.
§ Rosseau, o Estado não deve ser indiferente aos mais pobres, deve
fazer o que puder para que não exista riqueza ou pobreza excessiva
(ninguém deve sentir a necessidade de se vender e ninguém deve
sentir o poder de comprar outras pessoas) – meramente inspirador
(um dos inspiradores de Kant, ensina a amar a liberdade).
§ Adam Smith – o Estado deve assumir as suas obrigações sociais (é
uma faculdade, uma conveniência), na riqueza das nações
encontramos esta ideia: “nenhuma sociedade pode seguramente ser
flurescente e feliz, se a maior parte das suas pessoas que a compõe
for pobre e infeliz”, primeiro a criticar a ridicula noção de que não se
deve pagar ou se deve pagar o menos possível para as pessoas
trabalharem, pois quanto menos receberem mais indolente é o seu
trabalho – dizia-se que se devia pagar menos aos pobres porque eles
eram os bebâdos, resolvia facilmente o problema da pobreza, fáceis
de irradicar, deixava-los morrer a fome – Adam Smith contrariou.
§ Kant – é um verdadeiro dever do Estado, quando está perante uma
necessidade alheia, avança com uma proposta de um sistema público
de ajuda aos mais pobres, só isto faz com que seja encarado como
um favor. Devemos traçar um caminho mais racional ao sermos
moralistas, só criando no Estado este dever, que devia ser subsidiado
por meio de impostos (ex.: criar orfanatos, apoiar o cuidado aos mais
pobres, manter os indivíduos que não conseguem assegurar de outra
forma a sua prórpia existência).
o Século XIX: já se estava a preparar (1822), consagra-se pela primeira vez
Serviços Integrados:
Autarquias Locais
Regiões Autónomas
Federalismo Financeiro:
è Não se consegue falar das Regiões Autónomas e das Autarquias Locais sem falar
do Federalismo Financeiro. Será que as finanças autarquicas e regionais podem ser
consideradas parasitárias?
o A principal receitas das regiões e das autarquias resulta dos impostos que
são cobrados a nível nacional.
o Em Portugal optou-se por ter um modelo centralizado de finanças, mas não
tinha que ser assim, pois há possíbilidade de se dizer que estas tendo
autonomia podem arranjar as suas próprias receitas. Criaria problemas:
Situação Orçamental:
è Por via de regra está fora do Orçamento, mas ainda não é um imperativo
constitucional, é por uma razão prática contabilística, as empresas têm como
objetivo gerar lucro, o que é incompatível com a lógica de funcionamento do Estado,
é a lógica de prestar serviço. Regra tendencial, pois a União Europeia tem
encontrado várias situações de entidades públicas empresarializadas para efeitos de
melhoramento das contas públicas. Por isso há entidades reclassificáveis para
integrarem no Orçamento de Estado, se economicamente as entidades forem de
prestação de atividades administrativas do Estado.
è Critério económico para distinguir do setor administrativo, faz com que algumas
empresas passem para dentro do orçamento do Estado, aplica-se o regime da
autonomia financeira (o legislador abusou na classificação das empresas):
o Só é considerada uma empresa do Estado se cobrar preços que cubram
significativamente os custos;
o Essa empresa tem que assegurar que os seus lucros e receitas paguem 50%
dos custos.
è Há dois grandes conjuntos de entidades:
o Empresas Públicas: o Estado tem uma influência dominante, ou porque
detém a maioria do capital, ou a maioria dos direitos de voto, ou pode
nomear e destituir os membros do Conselho da Administração, ou porque
tem golden shares (participações qualificadas ou direitos especiais dentro de
certas empresas – têm vindo a acabar, pois põe em causa a concorrência
que deve existir no mercado). Podem ter duas formas de criação:
§ Entidades Públicas empresariais: é o Estado a criá-las, para
prosseguir fins do Estado, com meios que este lhes dá.
§ SA: empresas constituídas nos termos da lei comercial.
o Empresas Participadas: o Estado não tem influência dominante, por causa
Segurança Social
è Está dentro do Orçamento do Estado, porque têm também serviços e fundos
autónomos.
è Lei de Bases da Segurança Social.
è Despesas divididas em despesas com:
o Proteção social de cidadania: não contributiva – pagas com recurso às
verbas do Orçamento de Estado (ex.: IRC, etcetera); solidariedade é a fonte
principal de financiamento pelo Orçamento de Estado (servem para pagar
rendimento social de inserção, pensões de velhice, etcetera) – prestações
que o Estado entende que devem ser pagas por razões de justiça, dignidade
da pessoa humana, niguém deve estar sujeito a determinadas condições.
o Sistema complementar: base contributiva – tem uma lógica diferente: cada
pessoa reserva a si, para auferir no futuro, uma parte dos seus rendimentos.
É facultativo, reforma organizada pelo Estado, permitindo às pessoas que
não estão satisfeitas com a perspetiva daquilo que vão ganhar poderem pôr
mais dinheiro do Estado junto da segurança social, para mais tarde ser
convertido numa pensão.
o Sistema previdencial: base contributiva – despesas que cobrem falhas nos
rendimentos do trabalho, pagas a partir de contribuições feitas pelos
trabalhadores e empregadores – todas as prestações substitutivas do
rendimento de trabalho quando ele, por algum motivo, não consiga ser
auferido (ex.: desemprego, materinidade, velhice, morte, etcetera).
è Estão separados por causa de uma ideia ou princípio de “adequação seletiva dos
recursos financeiros”:
o As receitas que financiam cada um destes sistemas, variam de acordo com a
natureza dos objetos em causa.
è Sustentabilidade da Segurança Social (não é da sustentabilidade de todos estes
sistemas): problema do sistema previdencial – objetivo do legislador é que seja
integralmente pago pelas contribuições dos trabalhadores e dos empregadores, para
o conseguir, pode ser feito de duas formas:
o Adotando um sistema de capitalização – constituição de contas individuais,
cada um entrega à Segurança Social uma parte do seu rendimento e esta
parte é igualada pela Segurança Social, para que no fim da carreira
contributiva reverta para o trabalhador.
o Adotando um sistema de repartição – princípio do “pay as you use” geral que
obriga os beneficiários a financiar, de forma equitativa, as despesas cuja
utilidade se prolongue no tempo. Para as várias futuras gerações também, há
racionalidade na necessidade de contrair dívidas para que as gerações
futuras paguem o que vão usar também.
§ Na Segurança Social este princípio foi aplicado com o nome “pay as
Visão clássica
è Está associada ao liberalismo, resulta daquilo que foi explicado por Locke – os
direitos devem ser vistos como ações negativas por parte do Estado, este deve
respeitar a esfera de liberdade não intervindo nela:
o Direitos, liberdades e garantias são direitos de abstenção.
o Direitos económicos, sociais e culturais são direitos de intervenção do
è “The Cost of Rights”, Stephen Holmes and Cass R. Sustein. Não há direitos
gratuitos, todos são caros e implicam a despesa pública, “um direito só existe
quando e se tiver custos orçamentais”. A ideia de abstenção do Estado é falsa (ex.:
para manter o direito à vida o Estado tem que construir hospitais), há toda uma
máquina do Estado que trabalha também para que os direitos, liberdades e
garantias tenham efetividade. Todos os custos estão escondidos na ideia do
funcionamento do próprio Estado. Consequências desta ideia inovadora:
o Escassez de recursos vale para todos os direitos, a reserva do possível,
nalguma medida, tem que se aplicar aos direitos, liberdades e garantias, mas
numa medida menor, pois há uma parte maior logo determinada pela
Constituição (ex.: direito à vida, desde logo, da vida intra-uterina – forma
mais barata é criminalizar o aborto, as prisões já foram construídas; forma
mais cara é o Estado apoiar as mães grávidas para que não abortem),
mesmo dentro dos direitos, liberdades e garantias há opções, o Estado tem
discricionariedade.
o Os direitos fundamentais deixam de ter grandes diferenças estruturais,
reconhece-se a todos uma componente de intervenção do Estado, todos têm
uma dimensão positiva e uma dimensão negativa.
o Dever de proteção do Estado em relação a todos os direitos fundamentais,
acaba por uniformizar os direitos, todos têm uma dimensão positiva e
negativa – Gomes Canotilho, grande novidade do direito público
Visão Contemporânea
è Todos os direitos valem o mesmo? Nem tudo o que a doutrina disse estava errado,
para entender o valor dos direitos é preciso olhar ao que a doutrina constitucional
clássica chama elementos determináveis e indetermináveis. Devem valer mais os
elementos determináveis e é verdade que os direitos, liberdades e garantias têm
mais elementos determináveis.
è Concretização dos direitos, liberdades e garantias é cristalizável? A proibição do
retrocesso não deve ser tida como um bem a proteger em todos os casos, deve
prevalecer a alternância democrática.
è Tese de Doutoramento de Maria d’Oliveira Martins: as Finanças Públicas têm por
trás juízos de justiça distributiva. Questão ética, não envolve apenas contas, estas
são meramente instrumentais.
o Visão substancialista – à medida que a justiça social se vai realizando e
desenvolvendo, alguns elementos têm que ficar cristalizados (ex.: ensino
obrigatório, a Constituição só fala de ensino básico obrigatório, hoje é dos 4
aos 18. O legislador hoje não pode voltar a fixar o ensino obrigatório é até à
4ª classe, a nossa consciência jurídica tem enraizada o ensino obrigatório até
ao 12º ano). Sempre que vemos um elemento de justiça social que começa a
ficar enraizado, aí deixa de ser possível voltar atrás. Há certas conquistas
que damos como irreversíveis.
o Não há direitos de primeira e de segunda, deve-se olhar para a sua
concretização e às conquistas que já foram alcançadas e exigir ao Estado
que não volte atrás nisso.
Solidariedade internacional:
Execução Orçamental:
Controlo Orçamental:
A Responsabilidade financeira
è Contratos duradouros em que uma entidade privada combina com o Estado uma
construção de uma obra vista (operação e manutenção de uma obra pelo privado
previamente projetada, financiada e construída) como um investimento de interesse
público.
è Estão muito relacionadas com o problema da dívida pública, os Estados têm cada
vez menos margem para fazer o investimento, pois o défice orçamental está cada
vez mais limitado (0,5%). Tem que haver um equilibrio entre receitas e despesas. A
questão que se coloca é como é que o Estado continua, ou a fazer novos serviços
que correspondem a novas necessidades das pessoas, ou continua a manter os já
existentes (ex.: Hospital Santa Maria – a sua manutenção é cara, não falando da
parte do pessoal, só a manutenção do edifício, tem que estar constantemente a ser
intervencionado, em termos exteriores [ex.: levar com um pedaço de teto em cima],
mas também interiores [ex.: caso da legionela no Hospital São Francisco Xavier]).
Uma vez que se abre a torneira da despesa não se consegue fechá-la, as despesas