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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
A228m
49 p.
CDU: 32
Introdução à Macroeconomia
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Não
estudamos macroeconomia apenas para explicar os fatos econômicos;
também queremos aperfeiçoar a política econômica. Os instrumentos
fiscais e monetários do governo podem exercer uma influência
poderosa – para o bem e para o mal – sobre a economia. O
conhecimento da macroeconomia ajuda as autoridades públicas a
avaliarem as políticas alternativas. Os economistas são chamados a
explicar o mundo econômico como ele é e a refletir sobre como poderia
vir a ser. (MANKIW, 1992, p. 3).
Para que esses objetivos possam ser atingidos, existem alguns instrumentos
de política macroeconômica que envolvem a atuação dos agentes econômicos, com
destaque para o governo. Esses instrumentos são conhecidos como políticas fiscal,
monetária, cambial e comercial, que serão vistos mais adiante.
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Fonte: Banco do Brasil, Curso de Economia Básica (1987).
As famílias, por sua vez, adquirem bens e serviços produzidos pelas empresas
e efetuam pagamentos pelos bens e serviços adquiridos por meio dos salários, lucros,
aluguéis e juros recebidos.
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Fonte: Banco do Brasil, Curso de Economia Básica (1987).
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Fonte: Banco do Brasil, Curso de Economia Básica (1987).
Nesse caso, há a interação comercial entre países, além da presença de
brasileiros no exterior e estrangeiros no Brasil, que enviam recursos para dentro e
para fora do país. Esse funcionamento é regido por leis internacionais, que visam
disciplinar o relacionamento comercial, de forma a tornar as relações o mais justas
possível.
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A política fiscal cuida dos mecanismos de que o governo, em todas as suas
esferas, dispõe, para arrecadar tributos – para tanto existe uma política tributária -, e
controlar suas despesas. Esses dois componentes tem como objetivo manter o
orçamento da União em patamares adequados, compatibilizando gastos com
receitas, considerando as necessidades de investimentos e de manutenção.
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Outro instrumento utilizado é a política monetária, onde o governo atua sobre
a quantidade de moeda em circulação e sobre os títulos públicos1.
A política monetária está sob o controle do Banco Central, que dispõe alguns
instrumentos clássicos de controle;
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Títulos Públicos ou Títulos da Dívida Pública são títulos emitidos e garantidos pelo governo (federal, estadual ou
municipal), que servem para financiar um déficit do orçamento público, ou garantir o equilíbrio do mercado do dinheiro.
De acordo com as suas características, pode ter a forma de apólice, bônus ou obrigação do Tesouro Nacional. (SANDRONI,
1989).
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Fonte: Troster e Mochón (2002, p. 267)
Para efeitos de política cambial, o país pode utilizar, basicamente, dois regimes
cambiais, o regime de taxas fixas e o regime de taxas variáveis ou flutuantes.
Vasconcellos e Garcia (2005), assim os definem:
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Nesse regime, o Banco Central fixa de forma antecipada a taxa de câmbio com
a qual o mercado deverá operar. Como consequência, o país se obriga a possuir
reservas para honrar os compromissos (saídas de capital do país).
Como desvantagem, o câmbio fixo obriga aos países que o adotam (por regras
internacionais) a manter reservas para lastrear as operações cambiais. Isso deixa o
país vulnerável no caso de ataques especulativos, com ameaça de fuga maciça de
capitais. Para tentar frear essa fuga, o país é obrigado a elevar as taxas de juros,
mesmo que a situação econômica interna não o indique, ou seja, a economia fica
refém da questão cambial.
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Esse
tipo de intervenção é frequentemente utilizado por vários países tem o nome de dirty
floating (intervenção suja).
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Fonte: Troster e Mochón (2002, p. 295).
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A Política Comercial define as ações de política econômica utilizada pelo país
em suas relações externas, que apoiam-se nas outras vertentes da política econômica
para sua efetivação. Sua importância é vital para a saúde da balança comercial do
país. Destacam-se duas ferramentas para esse fim: as alterações nas tarifas sobre
importações e a regulamentação do comércio exterior.
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importação de produtos demanda por produtos
brasileiros. importados.
Subsídios e Isenções de impostos e Definição de barreiras
incentivos taxas de juros menores alfandegárias desestimula as
para os produtos importações.
exportáveis estimulam a
exportação.
Fonte: adaptado de Vasconcellos e Garcia (2005).
PILpm = PIBpm - D
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PNBpm = PIBpm + RLE
Onde:
PIBcf Produto Interno Bruto a Custo de Fatores
PIBpm Produto Interno Bruto a Preço de Mercado
PILpm Produto Interno Líquido a Preço de Mercado
PNBpm Produto Nacional Bruto a Preço de Mercado
TI Tributos Indiretos
Subs Subsídios
D Depreciação
RLE Renda Líquida do Exterior
Preços de Mercado são os preços finais pagos, ou seja, os custos de fatores mais
os impostos indiretos (ICMS, IPI) menos os subsídios.
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Renda Líquida do Exterior Remuneração dos ativos, de acordo com o país de
origem. É a diferença entre a renda recebida do exterior e a renda enviada ao exterior,
na forma de lucros, juros, royalties e assistência técnica.
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Quadro 8 – Balanço de Pagamentos
A. BALANÇA COMERCIAL
A.1 Exportações
A.2 Importações
B. BALANÇA DE SERVIÇOS
C. TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS
C.1 Donativos
D.1 – A + B + C
F. ERROS E OMISSÕES
G.1 – D + E + F
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1.6.1
Balança Comercial
Exemplo:
Balança Comercial do País TriMundial em 2014 (em US$ Milhões)
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Serviços governamentais – gastos com manutenção de representações
diplomáticas ou de efetivos militares no exterior e contribuições
nacionais para fundos e organismos multilaterais.
Exemplo:
Balança de Serviços do País TriMundial em 2014 (em US$ Milhões)
Exemplo:
Saldo Líquido de Donativos do País TriMundial em 2014 (em US$ Milhões)
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1.6.4 Balança de Transações Correntes
Exemplo:
Obs.: o saldo negativo (déficit) das transações correntes indicam que as compras de
bens e serviços superaram as vendas, ou seja, o país comprou mais do que vendeu.
Exemplo:
Balança de Capitais Autônomos do País TriMundial em 2014 (em US$ Milhões)
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1.6.6 Erros e Omissões
Exemplo:
Exemplo:
Obs.: O déficit apresentado indica que o País TriMundial perderá divisas (reservas
internacionais).
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1.6.8 Saldo dos Capitais Compensatórios
Exemplo:
B. BALANÇA DE SERVIÇOS
B.1 Viagens internacionais ..................................................... 4.400
B.2 Transportes ...................................................................... 4.500
B.3 Seguros ............................................................................ 100
B.4 Rendas de Capitais .......................................................... 17.000
B.5 Serviços Governamentais ................................................ 300
B.6 Outros Serviços ............................................................... 2.000
Saldo da Balança de Serviços ............................................. 28.100
C. TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS
C.1 Donativos ....................................................................... 2.600
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H. BALANÇA DE CAPITAIS COMPENSATÓRIOS = (-G) 10.700
Fonte: Banco do Brasil (1987)
A afirmação de Say não poderia estar mais equivocada, mas retrata a visão
sobre a exploração de recursos naturais em um mundo com uma população pequena
e com um nível de exigência muito menor que o atual.
Mas o que a economia tem a ver com a entropia? Georgescu-Roegen (1971) afirma
que a atividade econômica extrai do meio ambiente energia e matéria prima de baixa
entropia, ou seja, fortemente organizadas; e as transforma em matéria e energia
altamente entrópicas, ou seja, extremamente desorganizadas, sem possibilidade de
voltarem 100% à situação de origem.
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Daí
decorrem duas preocupações: a economia precisa continuar crescendo, mas os
recursos precisam ser utilizados racionalmente, sob pena de simplesmente faltarem.
2O custo de oportunidade de um recurso é definido como o valor dos usos alternativos deste recurso que tiveram que ser
sacrificados para que este uso específico fosse realizado. (Seroa da Motta, 1998, p. 21). Já Margulis (1990, p.160) afirma
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variações equivalentes e compensatórias para um bem que não tenha preço no
mercado.
Uma vez que um dos pontos básicos de uma análise de custo-benefício reside
na hipótese de que o nível de satisfação ou bem-estar dos indivíduos pode ser
mensurado pelos preços que eles estão dispostos a pagar pelo consumo de bens e
serviços (Mota, 2001, p. 89), as medidas de variação e excedente são importantes
para melhor definir essa disposição a pagar.
Pearce e Turner (1990, p.172) afirmam que haverá quatro medidas referentes
a benefícios de uma melhora ambiental ou a perdas relativas a danos ao ambiente:
que o custo de oportunidade corresponde ao valor que poderá ser obtido, em alguma época futura, da exploração do
recurso em apreço. Este custo tem que ser incorporado quando se procura determinar o caminho ótimo no tempo de
exaustão e utilização de um recurso exaurível. A condição de eficiência é dada, pois, pela equação: PREÇO DO PRODUTO
= CUSTO MARGINAL DO PRODUTO + CUSTO DE OPORTUNIDADE.
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2.1 A Análise Custo-benefício
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Quando ocorre uma falha de mercado, o preço de equilíbrio pode ser diferente
do preço ótimo. Assim, o benefício marginal social de uma unidade extra de um bem
não é igual ao seu custo marginal social. Dessa forma, a curva de custo ou benefício
marginal social será diferente da curva de custo ou benefício marginal privado. Na
figura 6 podemos observar que o nível de produção considerado socialmente ótimo é
QS, dado pela interseção das curvas de benefício e custos sociais, ao preço PS.
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Já no ano de 1808 Albert Gallatin, Secretário do Tesouro dos EUA, havia
recomendado a comparação de custos e benefícios nos projetos relacionados à água.
Isso precede os muito citados escritos sobre custo-benefício do francês Jules Dupuit,
em 35 anos”. Mas, somente a partir de 1936 começou a se desenvolver aplicações
práticas nos EUA.
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Desconto dos Custos e Benefícios Correntes: uma vez que todo custo e
benefício relevantes devem ser expressos monetariamente, é necessário
trazê-los ao seu valor atual (Present Value), através da aplicação de uma taxa
de desconto4;
a taxa de desconto;
quantidades materiais e qualidades de força;
preços sombra dessas forças;
quantidades materiais e qualidades de produção;
preços sombra dessas produções; e
duração de vida do projeto.
4Taxa de desconto pode ser definida como a taxa à qual um indivíduo está disposto a ceder parte do seu
consumo atual para obter mais consumo futuro. (Miller, 1978, p.137)
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Quadro 9 - Exemplos de Custos e Benefícios em Rodovias
Custos dos danos Custos diretos Eliminação do bosque Valor da mata como
ambientais recurso renovável
para produção de
carvão - custo
Custos indiretos Contaminação da água Valor do potencial da
por acidente com carga produção pesqueira
perigosa que se perder - custo
Custos das medidas Custos de - Valor das despesas
de proteção regulamentação e com fiscalização –
controle custo
Custos financeiros - Valor dos custos de
oportunidade das
medidas – custo
Custos do aumento de Custos de preexistente redução do número e
capacidade do meio recuperação de da gravidade de
ambiente capacidade acidentes - benefício
deteriorada
Custos de criação de - perda de trechos de
novas capacidades estrada por
ambientais impedimento de
tráfego – benefício
Custos de - obras específicas
preservação visando proteção de
monumento – custo
Custos Sociais realocação involuntária custos totais
(desapropriação) incorridos para
restauração do bem-
estar dos afetados -
custo
Fonte; Bellia e Bidone, 1990
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valores, dado que a duração de um projeto pode ser longa, há a necessidade de
aplicação de uma taxa de desconto para traze-los ao seu valor atual. O próximo tópico
abordará a questão da valoração econômica de bens ambientais.
Smith (1998, p.35) em Mota (2001, p.84) observa que o significado do termo
valor pode ter duas conotações. Algumas vezes designa utilidade de determinado
objeto, outras, o poder de compra que ele possui em relação a outras mercadorias. O
valor econômico dos recursos ambientais geralmente não é observado no mercado
através de preços que reflitam os seus custos de oportunidade. É preciso, então,
quantificar os preços não valorados no mercado. Esses preços derivam de todos os
seus atributos (recreação e turismo, proteção de bacias hidrográficas, educação e
pesquisa, proteção à biodiversidade etc.). Ocorre que esses atributos podem ou não
estar associados ao seu uso.
De forma geral, pode-se afirmar que o valor dos bens e serviços ambientais
pode ser medido a partir das preferências dos agentes pela utilização ou conservação
desses ativos. Para o caso de bens para os quais os agentes econômicos exprimem
um consentimento em pagar e esse valor decorre do seu uso corrente, temos um
conceito de valor de uso (Faucheaux e Noël, 1995, p.252). Esse conceito é melhor
explicado por Marques e Comune (1995, p. 30): “o valor de uso refere-se ao uso
efetivo ou potencial que o recurso pode prover.”
O valor de uso pode ser decomposto em valor de uso direto, que é o valor
atribuído aos recursos pelos indivíduos e pelas organizações que usufruem dos
insumos e dos produtos do meio ambiente (Haddad e Resende, 2001, p.59); valor de
uso indireto, que está afeto às funções do meio ambiente relativos à manutenção da
biodiversidade; e valor de opção, que diz respeito à disposição dos indivíduos em
conservar os recursos ambientais para evitar o risco de que eles não estejam mais
disponíveis para uso no futuro.
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Para os casos em que os atributos dos bens ambientais não estão associados
ao seu uso, temos o valor de não uso, ou seja, aquele que “reflete um valor que reside
nos recursos ambientais, independentemente de uma relação com os serem
humanos, de uso efetivo no presente ou de possibilidades de uso futuro.” (Marques e
Comune, 1995, p. 31).
Alguns autores, como Pearce Turner (1995) subdividem o valor de não uso em
valor de existência e valor de legado. O primeiro ocorre quando há atribuição de valor
para o recurso apenas pela sua existência, independente do seu uso futuro (Mota,
2001, p. 144). Já quando o desejo de pagar para preservar um ativo ambiental está
vinculado aos benefícios que este ativo poderá trazer para os seus descendentes,
temos o caso do valor de legado (Haddad e Rezende, op. cit.).
Valor de Valor de
Uso Não- Uso
Valor de Valor de
Valor de Valor de Valor de
Uso Uso
Opção Existência legado
Direto Indireto
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A definição de métodos para valoração econômica é uma tentativa de
minimizar os efeitos das imperfeições ou da inexistência de mercados para atribuir
valores mais próximos dos reais para bens ambientais.
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determinadas situações contingentes. Trata-se portanto, de um método com base em
modelos de comportamento econômico, que, segundo Carson (1995, p. 1-2)
conseguem captar elementos essenciais dos consumidores para subsidiar decisões
sobre problemas envolvendo o meio ambiente.
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Estágio 3: Cálculo da média da DAP ou da DAR – é preciso desprezar os
valores extremos, bem como as respostas de protesto6. Usualmente é utilizada
a mediana para esse cálculo;
Estágio 4: estimativa das curvas de oferta (no caso seriam os valores ofertados
pelos entrevistadores, a sua DAP) isso se traduziria na demanda por bens e
serviços ambientais. A DAP ocorreria em função de variáveis como a renda
(Y), educação (E), idade (A) e variação na dotação do bem ambiental (Q):
DAP = f (Y, E, A, Q)
Obs.: Mota (2001, p.147) exemplifica uma função da DAP: DAP = f (R, I, G, S), onde R = renda
do usuário, I = idade, G = grau de instrução e S = sexo do usuário;
Viés estratégico: visto, normalmente sob duas formas. A primeira, quando por
ocasião da pesquisa o entrevistado pressentir que futuramente terá que pagar
o valor obtido na pesquisa, tenderá a informar valores menores do que
normalmente o faria. Outra forma é obter respostas dos entrevistados em
6 É um dos problemas da entrevista. Será explicado mais adiante, juntamente com outros problemas do método.
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valores maiores do que a sua verdadeira DAP, de forma a influenciar a decisão
sobre a provisão do bem em questão, de forma a garantir seu bem-estar,
sabendo que não arcará com os custos a ele associados;
Viés do ponto inicial (ou ancoramento): no caso dos jogos de leilão (bidding
games), a sugestão do ponto inicial pode influenciar o lance final (normalmente
baixos lances iniciais levam a baixos lances finais e vice-versa). A utilização de
cartões de pagamento amenizam esse efeito, embora crie um ancoramento
(condicionamento) aos lances sugeridos no cartão;
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Sobre os vieses do MVC, Salgado (2002, sp) cita, ainda, o chamado viés de
respostas de protesto, onde o entrevistado pode apresentar um comportamento de
forma a protestar contra algum quesito da pesquisa, ou até mesmo contra a pesquisa,
deixando para um segundo plano a explicitação de sua preferência em relação ao que
está sendo pesquisado.
O custo de viagem pode ser composto de gastos com combustível, gastos com
a permanência no local da visita (hospedagem, alimentação, souvenirs etc.), gastos
com taxas de entrada, além do custo de oportunidade do tempo. Sob esse último,
Pearce e Turner (1995, p. 201-202) destacam a sua importância para a definição da
curva de demanda. Segundo esses autores, o consumidor escolhe entre o trabalho e
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o
laser e, ao optar pelo segundo, a partir do tempo que nele despende, estará
declarando a sua disposição a pagar por aquele recurso, considerando os custos de
viagem e o valor do seu tempo, onde poderia estar produzindo e sendo remunerado
por isso. McConnell (1993, p.176) corrobora esse pensamento ao afirmar que o
elemento crítico nos custos de acesso é o valor do tempo.
Uma vez que o princípio que norteia o modelo estabelece que a quantidade de
visitas é função de variáveis socioeconômicas e de comportamento, podemos
representá-lo através de funções. Há no entanto, duas variantes do método, uma
individual e outra por zona. A variante individual é definida como o número de visitas
feitas por cada visitante durante um dado período a determinado local. Pode ser
realizado através de um survey aplicado aos usuários de um local de recreação. Os
dados coletados servem para estimar uma curva de demanda, cuja função pode ser
assim representada:
onde : QVij = número de visitas feitas pelo indivíduo “i” ao local “j”;
CDij,= custo da distância do indivíduo “i” para visitar o local “j”;
Tij = tempo (custo de oportunidade);
Fij = custo da entrada no local de recreação.
Localização do sítio
C
B
A
A
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Assim, a variável dependente é uma taxa de visitação, resultante da razão do
número de visitas efetuadas a partir de cada zona, pela população daquela zona,
durante determinado período.
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indivíduo. A primeira opção é expressa por visitas per capita e a segunda é
uma coleta de dados de visitas por ano e por indivíduo. Ambas podem
apresentar resultados diferentes e não há consenso sobre qual é a mais
adequada;
cálculo dos custos da distância: saber quais os custos que serão considerados
e como calculá-los constitui-se num grande problema. Além disso, há que se
considerar a desutilidade da viagem (dificuldades no caminho, riscos etc.).
Todos esses aspectos são difíceis de mensurar;
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2.2.3 Outros Métodos
Esse método parece ser mais aplicável à área imobiliária, porém, com alguns
dificultadores. O principal deles é a tendência da utilização da função apresentada,
ignorando a segmentação característica do mercado imobiliário. Isso pode trazer
desvios à própria função, tornando-a questionável sob o ponto de vista da
confiabilidade. Por outro lado, não ignorar tal segmentação pode se tornar por demais
oneroso, uma vez que para alcançar tal objetivo, seria necessário estimar uma função
hedônica para cada segmento do mercado.
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interpretações econômicas, sem, contudo, conseguir evitar as incertezas quanto à
confiabilidade dos resultados obtidos.
42
Sobre a validade de convergência, Nogueira e Medeiros (1997, p. 80), ao
analisarem o valor de existência sugerem a possibilidade de comparar e contrastar
resultados de métodos de valoração direta e indireta e, mais especificamente, os
resultados alcançados em análise utilizando o MVC com os obtidos com o MCV. A
preocupação, neste trabalho, embora não abandone os outros critérios, estará
direcionada para a validade de convergência, quando serão analisadas quatro
aplicações de métodos de valoração distintos (MVC e MCV) em dois bens ambientais
também distintos (Parque Nacional do Iguaçu e Parque Nacional de Brasília).
As críticas aos métodos de valoração iniciam pela sua própria base teórica, a
teoria do bem-estar, como parte da teoria econômica neoclássica, passando por
restrições à análise de custo-benefício e culminando na condenação parcial ou total,
por alguns autores, dos métodos de valoração. A base teórica neoclássica supõe que
os indivíduos maximizam a sua utilidade, estendendo essa suposição para os
mercados, mas passou a reconhecer que as inter-relações entre o meio ambiente e
a economia, muitas vezes, ocorre fora do âmbito desses mercados, e começou a
preocupar-se em procurar formas de internalizar os custos provocados por excessos
ao meio ambiente.
7Pigou (1877-1959) coloca os fundamentos da teoria das externalidades, segundo a qual um agente, ao fornecer a outro
determinado serviço pelo qual receba um pagamento, ocasiona também vantagens ou inconvenientes que não estão
contemplados àqueles que se beneficiam das vantagens ou àqueles que sofrem os inconvenientes. Para o caso de bens
ambientais, a economia ou a deseconomia externa é passível de análise em termos da divergência entre o custo privado
e o custo social.
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Esses questionamentos à visão neoclássica partem de outra tendência da
economia, a economia ecológica, rebatizada por Mueller de economia da
sobrevivência. O conjunto dessas ideias não chega a ser uma corrente organizada e
influente como a neoclássica, mas preocupa-se em analisar os fenômenos,
considerando um horizonte temporal mais amplo do que uma ou duas gerações.
Justamente em razão desse horizonte temporal é que parte uma de suas críticas mais
diretas à análise custo benefício.
Além disso, há uma objeção ética do desconto dos benefícios das gerações
futuras. Solow (1974, p.8-9) em Mueler (op cit), afirma ser “eticamente indefensável a
sociedade descontar as utilidades do futuro. Indivíduos podem fazer isso (...) pois têm
a consciência de que a vida é curta. No processo de decisão social, entretanto, não
há desculpa para tratar de forma desigual as diferentes gerações, e o horizonte
temporal é, ou deveria ser, muito longo.”
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Jacobs (1995, p. 373) enfatiza uma incompatibilidade existente entre a ACB e
a sustentabilidade, quando aborda a questão das gerações futuras. Esse autor afirma
que o problema não é apenas a determinação da taxa de desconto, mas a atribuição
do valor, ou seja, o ponto crítico da análise seria a incapacidade dos métodos de
valoração em determinar com precisão os valores a que se propõem, além de não
captarem a opinião de quem está à distância.
Outra restrição que se faz é citada por Field (op cit) e diz respeito a censuras
que estão sendo feitas às entidades públicas por utilizarem a ACB para justificar
projetos sociais, com o entendimento de que esse fato constitui uma intenção de
frustrar o processo de discussão e tomada de decisão. Jacobs (1995, p. 413) afirma
que os movimentos ambientalistas preocupam-se também com esta questão,
supondo que as autoridades governamentais podem manipular procedimentos
supostamente imparciais, para direcionar os resultados ao encontro de seus
interesses. Embora não deixe de ser uma crítica, trata-se de divergência no campo
político e não uma condenação de um instrumento técnico.
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defesa do meio ambiente e exprimir uma disposição a pagar por essa defesa. No
entanto, ao agir como consumidor, adquire bens e serviços que provocam a
degradação ambiental (Jacobs, 1995 p. 405).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1976.
47
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Procura. 2a. Edição, Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1964.
Hugon, Paul. História das Doutrinas Econômicas. Atlas, São Paulo, 13ª Edição,
1992.
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Gedanke. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1981.
48
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Paulo, 7ª Edição, 2005.
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