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Intervenção de estado na economia: Causas; objectivos e Instrumentos Utilizados para

o alcance desses objectivos.

(Licenciatura em Gestão de Empresas, 1º Ano, Pós – Laboral)

Universidade Rovuma
Instituto Superior de Transportes, Turismo e Comunicações
Intervenção de estado na economia: Causas; objectivos e Instrumentos Utilizados para
o alcance desses objectivos.

Trabalho de Carácter Avaliativo, a ser apresentado na


Cadeira de Introdução à Economia, no Departamento de
Transporte e logística, do Instituto Superior de Transporte,
Turismo e Comunicações, como requisito para avaliação.

Nacala – Porto, Maio de 2022

Índice
1. Introdução.........................................................................................................................4
2. Intervenção do estado na economia..................................................................................5
2.1. Causas e objectivos da intervenção do estado na economia......................................5
2.2. Politicas utilizados pelo estado na sua intervenção na economia..........................7
2.2.1. Política fiscal......................................................................................................7
2.2.2. Política monetária...............................................................................................7
2.2.3. Política cambial................................................................................................10
2.2.3. Política de controlo de preços..........................................................................11
3. Conclusão........................................................................................................................12
4. Referências bibliográficas...............................................................................................13
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1. Introdução

Este trabalho trata da intervenção de Estado na economia, onde será destacado com maior
destaque, as principais causas de intervenção; objectivos e os instrumentos utilizados para o
alcance desses objectivos.

Concernente aos objectivos, o trabalho tem como objectivo geral compreender o processo
de intervenção do estado na economia. Para o alcance desse objectivo utilizou – se os seguintes
objectivos específicos: identificar as causas de intervenção; apresentar os objectivos e os
instrumentos utilizados para o alcance desses objectivos.

No que tange os aspectos metodológicos, utilizou – se pesquisa bibliográfico, onde se fez


a consulta de manuais que tratam sobre o tema em estudo.

A estrutura do trabalho obedece: capa; folha do rosto; índice; introdução;


desenvolvimento; conclusão e referências bibliográficas.
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2. Intervenção do estado na economia

2.1. Causas e objectivos da intervenção do estado na economia


Segundo Santiago (2011), antes da quebra da bolsa de Nova Iorque ocorrida em 1929, a
política econômica dos governos seguia os ensinamentos da Economia Clássica Liberal, que
estipulava a importância de deixar o mercado encontrar seu caminho, com o mínimo de
intervenção possível no campo econômico.

De acordo o autor, gradualmente a partir da crise de 29, foi sendo reconhecido a


necessidade de uma intervenção do governo no âmbito econômico, controlando possíveis
excessos danosos às contas do país. Influenciados especialmente pelos estudos de John Maynard
Keynes, economista britânico, as nações passam a aceitar que os entes estatais poderiam
influenciar os níveis de produtividade macroeconômicos, aumentando ou diminuindo o número
de tributos, bem como o gasto público. Tal política, por sua vez controlaria a inflação,
aumentaria o emprego, e manteria um valor saudável do dinheiro.

Já, Mosca e Aiuba (2020) ressaltam que na economia de mercado, ao Estado compete
definir estratégias, elaborar e implementar planos para o desenvolvimento dos mercados e do
sector privado (eliminação de distorções, melhorar o ambiente de negócios, criar incentivos ao
investimento e à modernização do tecido produtivo). Estas funções requerem políticas públicas
de implementação longa. A política fiscal pode ser um dos instrumentos mais eficazes para
induzir a economia no quadro de uma estratégia que seja assumida em pactos sociais de
consenso de longa duração pelas forças políticas, económicas e sociais.

Mosca e Aiuba (2020) defendem que, existem várias políticas para implementação de
medidas e para se alcançar os objectivos. As políticas devem ser simultaneamente:

 Exequíveis: aplicáveis com procedimentos e acessibilidades ao alcance dos


agentes económicos e sociais abrangidos;
 Eficazes: o que significa que os objectivos são alcançados, seja pela
praticabilidade das medidas, seja pelos benefícios e aceitação dos abrangidos e da
sociedade em geral;
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 Eficientes: o que se traduz pela relação dos resultados com os custos de


implementação da política; e,
 Comparativamente vantajosos: isto é, optar pela política que melhor assegure
os três aspectos anteriores

Mosca e Aiuba (2020) alistam algumas importantes funções do Estado:

 A distributiva (ou, segundo alguma literatura, a função redistributiva): consiste


em assegurar, através do orçamento, que exista maior equidade social e
territorial, sobretudo assegurando o acesso universal aos serviços básicos dos
cidadãos e, por meio de investimentos públicos, criar oportunidades de negócios
e geração de emprego de forma direccionada para correcção das distorções e
desequilíbrios provocados pelo mercado. Esta função está directamente
relacionada com a função “colectora”, sobretudo de partes do rendimento das
empresas e das famílias, através de diferentes tipos de impostos e taxas.
 A estabilização da economia: o que significa assegurar que os indicadores da
economia permaneçam duradouramente em níveis que proporcionem um bom
ambiente de negócios e de confiança dos agentes económicos (empresas e
famílias) para investir e consumir, isto é assumirem riscos na perspectiva de
eventuais futuras convulsões que ponham em perigo os negócios e o bem-estar e
a segurança dos cidadãos.
 A função a locativa: que tem como objectivo a afectação de recursos, de forma
complementar ao mercado, para corrigir as distorções, sobretudo na correcção
dos factores de estabilidade da economia e resistência às crises económicas, e
para que, através dos serviços públicos essenciais (saúde, educação, segurança
social), reduzir as desigualdades sociais. Verifica-se a funcionalidade/articulação
e complementaridade das três funções principais do Estado.
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2.2. Politicas utilizados pelo estado na sua intervenção na economia

2.2.1. Política fiscal


Santiago (2011), a Política Fiscal é o nome dado às acções do governo destinadas a
ajustar seus níveis de gastos, assim monitorando e influenciando a economia de um país. Nos
diversos manuais de Economia, a política fiscal está intimamente ligada à política monetária,
podendo-se afirmar, em termos bastante simplistas, que as duas políticas econômicas são como
irmãs, pois ambas buscam influenciar um aspecto da economia: a política monetária irá
modificar o comportamento da moeda, e a política fiscal irá operar frente aos gastos estatais.
Todo o governo invariavelmente irá utilizar as duas políticas sob várias combinações e
graduações, num esforço para orientar as metas econômicas de um país.

Na visão do autor, a forma de articular uma política fiscal dá-se através da efectiva
arrecadação de impostos, aplicando seus recursos da forma mais racional e eficaz possível. Isso
equivale a uma interferência também no sector tributário, modificando as despesas do sector
privado. Uma maior arrecadação de impostos irá influenciar directamente a disponibilidade de
moeda no mercado, provocando uma redução de recursos que particulares poderão destinar ao
consumo e à poupança. Assim, quanto maior a carga de impostos ditada pela política fiscal do
governo, haverá menor renda disponível para a população em geral, inibindo o consumo. Esta é
uma das armas disponíveis aos governos para controlarem a taxa de inflação, pois tem como
objectivo atingir a demanda.

2.2.2. Política monetária


Pinho e Vasconcellos (2004, p. 591) consideram que a "Política Monetária diz respeito à
actuação do Banco Central sobre a quantidade da moeda, do crédito e do nível da taxa de juros,
com o objectivo de manter a liquidez do sistema económico". Segundo os mesmos autores, a
Política Monetária constitui-se nos processos de oferta de moeda, nos instrumentos utilizados e
nos mecanismos de transmissão dos seus efeitos. A oferta de moeda é feita pelas autoridades
monetárias, pela emissão de notas e moedas metálicas e pelos bancos comerciais que não emitem
a moeda, mas criam moeda através de captação de depósitos.
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2.2.2.1. Os Objectivos da Política Monetária


De acordo com Hillbretcht (1999), a Política Monetária tem como objectivos a
estabilidade de preços, da taxa de juros e do sistema financeiro, o elevado nível de emprego, o
crescimento económico e a estabilidade do mercado cambial.

No entender do autor, é desejável para um país a estabilidade de preços, pois a inflação12


pode ser extremamente prejudicial à economia e assim torna difícil a interpretação da informação
que os preços transmitem no que concerne à escassez de recursos que leva, deste modo, à má
distribuição dos mesmos e consequentemente, à queda do bem-estar da população

Hillbretcht avança que uma economia deve procurar ter a estabilidade na taxa de juros,
pois igualmente às flutuações dos níveis de preços, as taxas de juro dão lugar à incerteza na
economia, o que põe em causa a tomada de decisões das famílias e das empresas em relação à
poupança, aos projectos e aos investimentos. O Banco Central considera a estabilidade da taxa de
juros como um objectivo da Política Monetária, devido à necessidade de criar um ambiente
favorável para as decisões de poupança, investimentos e à existência de pressões políticas, pois,
o Banco Central é frequentemente responsabilizado pelas elevações das taxas de juro.´

A estabilidade do sistema financeiro contribui para a transferência eficiente dos fundos


das pessoas que poupam para indivíduos e empresas que pretendem investir e permite reduzir o
grau de incerteza nas decisões das instituições financeiras (Banco Central, bancos comerciais,
bancos de investimento, empresas de seguro, fundos de pensão, cooperativas de crédito entre
outras). (Mishkin, 2000).

Um elevado nível de emprego, que acompanhe a estabilidade do nível de preços, é


considerado um objectivo da Política Monetária, pois, o desemprego elevado representa um sério
problema social. Uma das soluções para a redução do nível de desemprego pode ser a definição
duma política do Governo de forma a criar mais postos de trabalho, fornecer as melhores
informações sobre emprego e elaborar os programas de formação (Mishkin, 2000).

O objectivo de crescimento económico está associado com o objectivo de elevado nível


de emprego, pois as empresas tendem a investir em bens de equipamento para aumentar a sua
eficiência na produção. Quando o desemprego é elevado, as empresas procuram produzir com
mão-de-obra intensiva versus capital intensivo (Mishkin, 2000).
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É importante para uma economia globalizada a estabilidade do mercado cambial, pois, as


oscilações das taxas de câmbio causam incerteza e prejudicam os negócios dos exportadores e
importadores, o que torna mais difícil planificar as actividades futuras. Uma valorização ou
apreciação cambial torna a indústria nacional menos competitiva nos mercados internacionais,
enquanto, uma desvalorização ou depreciação cambial torna caro os produtos e pode elevar o
nível de preços dos produtos domésticos por isso o Banco Central procura tomar medidas de
Política Monetária para evitar alterações repentinas significativas da taxa de câmbio (Mishkin,
2000).

2.2.2.2. Os Instrumentos de Política Monetária

Segundo Santiago (2011), os instrumentos de Política Monetária são meios que o Banco
Central utiliza para controlar e manipular a Política Monetária do país. Através da utilização
desses instrumentos, as autoridades monetárias podem influenciar a oferta de moeda e regular a
taxa de juros duma determinada economia.

Na visão de Lopes e Vasconcellos (2000), o Banco Central têm à disposição apenas três
instrumentos para o controle da moeda nomeadamente as reservas obrigatórias, a taxa de
redesconto e as operações de mercado aberto.

No entanto, Rossetti (2003:671) na sua discussão sobre os instrumentos de Política


Monetária considera também as reservas obrigatórias, a taxa de redesconto e as operações de
mercado aberto, mas acrescenta o controle selectivo do crédito:

 O controle selectivo do crédito: que consiste nas intervenções directas do Banco Central
no mercado de crédito em que este selecciona as actividades produtivas que serão
alcançadas pelas operações financeiras e o seu volume e categorias dos agentes
económicos com que realizarão cada uma das operações de financiamento.
 As reservas obrigatórias (também denominada de reserva legal): são consideradas uma
espécie de imposto sobre os depósitos à vista dos bancos comerciais. É exigido aos
bancos comerciais que mantenham uma fracção dos seus recursos à vista junto do Banco
Central.
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 A taxa de redesconto: é uma de taxa de juros cobrada pelo Banco Central pelos
empréstimos aos bancos comerciais que pode ser usada tanto para sinalizar as taxas de
juros a serem praticadas pelo mercado, como, principalmente, para determinar a
disposição dos bancos em ter mais ou menos liquidez, isto é, a taxa de redesconto permite
a concessão de empréstimos do Banco Central aos bancos comerciais para cobrir
eventuais problemas de liquidez (Lopes & Vasconcellos, 2000).
 As operações de mercado aberto: são instrumentos que o Banco Central utiliza quando
tem como objectivo de contrair ou expandir a base Monetária. Se o Banco Central tem o
objectivo de contrair a base Monetária, este vende parte dos seus títulos públicos e desta
forma retira a moeda em circulação. Mas se pretende fazer a expansão monetária, o
Banco Central compra títulos públicos no mercado, o que aumenta a moeda em
circulação (Lopes & Vasconcellos, 2000).

2.2.3. Política cambial e de comércio exterior


Mendes, Tredezini, Borges e Fagundes (2015) definem a taxa de câmbio como a
expressão do número de unidades da moeda nacional por unidade de moeda estrangeira. Sua
variação altera diversas variáveis econômicas, sobretudo aquelas relacionadas ao comércio
exterior. De forma resumida a taxa de câmbio pode também ser entendida como o preço de uma
unidade monetária de uma moeda em unidades monetárias de outras moedas.

Segundo Mankiw (2009), a taxa de câmbio divide – se em duas: a nominal e a real. A


taxa nominal de câmbio é o preço relativo das moedas de dois Países. Já a taxa de câmbio real é
o preço relativo dos bens em dois Países. Que também por vezes é chamado de troca.

De acordo com Mendes at all. (2015), o comércio internacional é realizado na prática


seguindo uma série de restrições, que variam de intensidade de acordo com o país. Tais
restrições são necessárias, pois visam a proteger certos sectores considerados estratégicos para a
indústria nacional, impedindo, dessa forma, por exemplo, o avanço do desemprego no país e o
aumento da dependência externa. Assim, podemos afirmar que as medidas proteccionistas são
tomadas para proteger o mercado nacional; e para executá-las os governos se valem de alguns
instrumentos:
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 Impostos de importação (tarifas): valor adicional cobrado sobre as importações.


 Quotas à importação: estabelecimento de quantidades fixas de produtos de importação.
 Subsídios à exportação: benefícios concedidos aos produtores nacionais com vistas
ampliar o volume exportado.
 Política cambial: administração monetária realizada pelas autoridades para a taxa de
câmbio do país.
 Regulamentações administrativas: imposição de normas a produtos importados, com o
objectivo de restringir as importações, como barreiras sanitárias, padrões de qualidade.

Em relação as Políticas de comércio exterior, Mankiw (2009, p. 155) define às como


sendo “medidas destinadas a influenciar directamente a quantidade de bens e serviços exportados
e importados”. Frequentemente constituem uma protecção das empresas nacionais face à
concorrência estrangeira, seja através de um imposto sobre as importações (uma tarifa) ou de
uma restrição à quantidade dos bens e serviços que podem ser importados (uma quota).

2.2.3. Política de controlo de preços


De acordo Lopes e Vasconcellos (2008), a política de renda, de controles de preços e
salários, é uma medida que interfere directamente na formação dos preços dos diversos factores
de produção e dos próprios bens.

Deste modo, Pindyck e Rubinfeld (2013, p. 312), informam que um limite de preço
imposto pelo governo faz com que “a quantidade demandada de determinada mercadoria
aumente (os consumidores desejam adquirir mais em virtude do preço menor) e a quantidade
ofertada diminua (os produtores não estão dispostos a ofertar tais quantidades em virtude do
preço menor). O resultado é uma escassez do produto — ou seja, excesso de demanda. Claro, os
consumidores que ainda conseguem adquirir a mercadoria estão em melhor situação, já que
agora têm condições de pagar menos por ela. (Presumivelmente, esse teria sido o objectivo
original da política) ”.
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3. Conclusão

De uma forma resumida, podemos considerar que a intervenção de estado na economia é


justificada para regular as falhas do mercado. Através da utilização de políticas monetárias,
fiscais, controlo de preço e cambiais, o governo consegue controlar os níveis de desemprego,
inflação, desaceleração na economia.

Através das funções do estado tanto como distribuidora, estabilizadora económica, bem
como alocação de recursos, o estado procura garantir igualdade económica e livre competição.

Em relação as taxas de câmbios é importante lembrar que quanto maior for a taxa de
câmbio real de um País, menor a demanda pelas exportações liquidas desse País. À taxa de
câmbio nominal é determinada pela taxa de câmbio real e pelos níveis de preços nos dois Países.
Tudo o mais mantido constante, uma taxa de inflação elevada leva à desvalorização da moeda.
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4. Referências bibliográficas

Santiago, E. (2011). Política Fiscal. Disponível em


https://www.infoescola.com/economia/politica-fiscal/. Acesso em 13/05/2022
Mosca, J. Aiuba, R. (2020). Contributo para um debate necessário da política fiscal em
Moçambique. Maputo: OMR
Hillbrecht, R. (1999). Economia Monetária. São Paulo: Atlas S.A
Mishkin, F. S. (2000). Moedas, Bancos e Mercados Financeiros (5ª ed.). Rio de Janeiro:
Tradução, Livros Técnicos e Científicos S.A.,
Rossetti, J. P. (2003). Introdução à Economia (20ª ed.).São Paulo: Atlas S.A.
Lopes, L. M. & Vasconcellos, M. A. (2000). Manual de Macroeconomia (2ª ed.). São Paulo:
Atlas.
Pinho, D. B. & Vasconcellos, M. A. (2004). Manual de Economia (5ª ed.). São Paulo: Saraiva.
Pindyck, R. & Rubinfeld, D. (2013). Macroeconomia (8ª ed.). São Paulo: Person Education
Mankiw, N. G. (2009). Introdução À economia (3ª ed.). São Paulo: Cengage Learning

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