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TEMA:
RESTRIÇÃO ORÇAMENTAL INTERTEMPORAL DO
GOVERNO E AS CONTAS PÚBLICAS
Nº 209262
CADEIRA: Macroeconomia I
TEMA:
RESTRIÇÃO ORÇAMENTAL INTERTEMPORAL DO
GOVERNO E AS CONTAS PÚBLICAS
Nº 209262
TURNO: Noturno
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 5
1. RESTRIÇÃO ORÇAMENTAL INTERTEMPORAL DO GOVERNO E AS CONTAS PÚBLICAS.. 6
1.1. Factos Sobre as Contas Públicas................................................................................ 6
1.1.1. Principais impostos arrecadados pelas contas públicas ....................................... 6
1.1.2. Saldo Orçamental .................................................................................................. 8
1.1.3. Políticas económicas e sociais ............................................................................. 11
1.2. Estabilização Macroeconómica ............................................................................... 12
1.2.1. Estabilizadores automáticos:............................................................................... 13
1.2.2. Tendência para a acumulação de défices orçamentais ...................................... 13
1.2.3. O Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) ..................................................... 14
1.2.4. Financiamento dos défices e a dinâmica da dívida ............................................. 15
1.2.5. Financiamento da dívida e regras de política orçamental .................................. 18
1.3. Restrição Orçamental Intertemporal (ROI) do Governo ......................................... 20
1.3.1. O Tempo e as Decisões Económicas ................................................................... 21
1.3.2. Famílias................................................................................................................ 23
1.3.2.1. Consumo e troca intertemporal ...................................................................... 23
1.3.3. Empresas ............................................................................................................. 25
1.3.3.1. As Restrições Orçamentais intertemporais setor Privado consolidado .......... 28
1.3.4. Estado .................................................................................................................. 29
1.3.4.1. As Restrições Orçamentais intertemporais setor Privado e Público
consolidados........................................................................................................................ 31
1.4. Princípio da Equivalência Ricardina (PER) ............................................................... 35
1.4.1. Implicações do Princípio da Equivalência Ricardiana:......................................... 38
1.4.2. Críticas ao Princípio da Equivalência Ricardiana ................................................. 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 44
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INTRODUÇÃO
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1. RESTRIÇÃO ORÇAMENTAL INTERTEMPORAL DO
GOVERNO E AS CONTAS PÚBLICAS
1.1. Factos Sobre as Contas Públicas
Em Angola, assim como em outros países, pagar impostos é uma acção obrigatória.
A Administração Geral Tributária (AGT) é, no território da República de Angola, o
organismo tributário único comprometido pela execução das políticas fiscais e
aduaneiras, ou seja, a instituição que arrecada os impostos no país.
Imposto (do latim “imposìtu”, particípio passado de “imponère”: “impor”, “pôr como
obrigação”) é a imposição de um encargo financeiro ou outro tributo sobre o contribuinte
(pessoa física ou jurídica) por um estado ou o equivalente funcional de um estado, a partir
da ocorrência de um facto gerador, sendo calculado mediante a aplicação de uma alíquota
a uma base de cálculo, de forma que o não pagamento do mesmo acarreta,
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irremediavelmente, sanções civis e penais impostas à entidade ou indivíduo não pagador,
sob forma de lei.
O imposto é uma das espécies do género tributo, que são frequentemente divididos em
directos e indirectos. Os impostos directos são destinados a taxar directamente o
contribuinte, sendo que o principal exemplo deste é o imposto de renda e riqueza.
Os impostos indirectos, entretanto, são repassados ao contribuinte através do “markup”
(marco) adicionado ao custo do produto e o reflexo deste é sentido no preço final dos
produtos.
A AGT entrega os impostos arrecadados totalmente à designada Conta Única do Tesouro
(CUT) sob tutela do Ministério das Finanças que, como órgão auxiliar do Chefe do Poder
Executivo, processa e faz as planeadas alocações pelo Governo, para revertê-los para o
bem comum, para investimentos e para o custeio de bens e serviços públicos, como saúde,
segurança e educação. Porém, não há vinculação entre receitas de impostos e determinada
finalidade, ao contrário do que ocorre com as taxas e a contribuição de melhoria, cujas
receitas são vinculadas à prestação de determinado serviço ou realização de determinada
obra.
O seu uso pelo Estado é dependente das prioridades definidas na alocação de despesas no
âmbito do Orçamento Geral do Estado (OGE). Os impostos mais comuns no sistema
fiscal angolano são:
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25% sobre os 60% das rendas efectivamente pagas, ou seja, efectivamente 15%
sobre o valor da renda. Enquanto que, para prédios não arrendados, a taxa é de
0,5% sobre o excesso de 5.000.000 Kz;
• Imposto Sobre Aplicação de Capitais (IAC) – O imposto sobre a aplicação de
capitais incide sobre rendimentos que resultam da aplicação de capitais. Assume
uma taxa de 15% para os rendimentos previstos na secção A e 5% e 10% ou 15%
para os rendimentos previstos na secção B;
• Imposto sobre Sucessões e Doações – Incide sobre a transmissão gratuita dos
bens mobiliários e imobiliários. O encargo deste imposto recai sobre o adquirente
dos bens;
• Imposto industrial (II) – O imposto industrial incide sobre os lucros que são
obtidos no exercício de qualquer atividade comercial e industrial, tais como:
explorações agrícolas, avícolas, pecuária etc. Assume uma taxa geral de 30%.
Para actividades de explorações agrícolas, avícolas, aquícolas, pecuárias,
piscatórias e silvícolas a taxa é de 15%. A taxa de Liquidação provisória de
imposto sobre as vendas do 1º semestre é de 2%. A taxa de tributação liberatória
que incide sobre serviços acidentais é de 6.5%.
O pagamento dos impostos corresponde a um dever de cidadania e é um dever de todos
os cidadãos enquanto contribuintes. A importância do pagamento de impostos justifica-
se pelo facto de que é através da tributação que se pode obter recursos financeiros para a
satisfação das necessidades colectivas da população.
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▪ T = impostos (líquidos de subsídios pagos às empresas, impostos de capital e
transferências recebidas do exterior) – TR (transferências para o sector privado),
por exemplo subsídio de desemprego, pensões de reforma, benefícios de
assistência social como o rendimento mínimo ou o subsídio de família, subsídios
pagos às empresas).
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Sg = Receitas correntes – Despesas correntes = SO corrente
➢ Nas Despesas:
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O saldo orçamental constitui ainda um indicador muito utilizado na análise da situação
económica de um país.
Um saldo orçamental positivo significa que as receitas públicas são superiores às despesas
públicas. Neste caso, o Estado contribui para a poupança nacional e para a redução da
despesa global da economia.
No caso de o saldo orçamental ser negativo, quando as despesas públicas são superiores
às receitas públicas, o Estado está a contribuir para o aumento da despesa global da
economia.
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Outra classificação que é importante reter é a que se liga a exemplos de políticas
económicas e sociais. São exemplos de políticas consideradas essencialmente
económicas:
• Política fiscal;
• Política monetária;
• Política de preços;
• Política orçamental.
São exemplos de políticas consideradas de vertente essencialmente social:
• Política de educação;
• Política de saúde;
• Política de redistribuição do rendimento.
Observa-se que a maior parte dos países apresenta um saldo orçamental que é,
normalmente, deficitário, o que pode ser consequência do objectivo - Estabilização
Macroeconómica.
Agentes económicos têm preferência por níveis de consumo estáveis (alisamento do
consumo). Isto também acontece relativamente aos bens e serviços públicos -
Manutenção ou agravamento das despesas correntes numa recessão.
A manutenção ou agravamento das receitas via impostos, penalizaria proporcionalmente
mais o rendimento em fases de recessão. Os impostos são normalmente estabelecidos em
proporção ao rendimento - Redução das receitas correntes numa recessão.
Papel do Governo na sua função de estabilização macroeconómica:
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Quando a economia está em recessão deverá optar por políticas contraccionistas; política
orçamental contra-cíclica - leaning against the wind.
Mas, mesmo sem uma actuação discricionária de política orçamental, o orçamento de
Estado reage contra-ciclicamente ao estado da Economia o efeito dos estabilizadores
automáticos.
Défices tendem a aumentar nas fases de recessão e a diminuir nas fases de expansão.
Efeito miopia dos eleitores: os benefícios de um défice “hoje” são claros e visíveis para
os eleitores, enquanto o custo associado aos impostos a cobrar “amanhã” é distante, não
totalmente conhecido e excessivamente penalizado pelo factor desconto.
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A geração que vai pagar a dívida (mais jovem ou ainda inexistente) muitas vezes não é a
geração relevante para maximizar os votos, i.e, não tem representatividade política.
Quanto menores as probabilidades de re-eleição, maior a tentação de acelerar o
crescimento dos gastos públicos em períodos de pré-campanha e durante a campanha
eleitoral - não é o Governo actual que vai “herdar” os problemas por ele gerado.
Objectivo :
▪ Salvaguardar a solidez das finanças públicas:
• Estabilidade de preços;
• Forte crescimento sustentável;
• Criação de emprego.
Objectivo de médio prazo: posições orçamentais (saldo estrutural ajustado de medidas
temporárias) próximas do equilíbrio ou excedentárias.
Componentes:
▪ Procedimentos relativos aos défices excessivos (procedimentos e prazos,
avaliações e sanções, grosso modo) – componente correctiva (corrective arm).
• Recessão económica grave (= redução anual do PIB real de, pelo menos, 2%;
passível de avaliação entre 0.75% e 2%);
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1.2.4. Financiamento dos défices e a dinâmica da dívida
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Para que ∆B = 0 (estabilização absoluta da dívida) é necessário:
(T – G) = r B
Para a estabilização do valor da dívida pública é necessário existir um superavit primário
no montante do serviço da dívida. Quanto mais tarde se estabelecer como meta a
estabilização do valor da dívida, maior o valor a estabilizar e, consequentemente, maior
o valor que o SO primário deve observar.
Mas, na prática, a variável de dívida relevante é o rácio da dívida relativamente ao PIB -
a capacidade que o país tem para pagar a sua dívida está directamente relacionada com o
que produz.
Quais as condições necessárias para uma estabilização do rácio da O financiamento da
despesa pública e a dinâmica da dívida no PIB? Ou seja, para a estabilização relativa da
dívida?
➢ Se r> g: o processo pode ser explosivo (efeito “bola de neve”); são necessários
saldos primários positivos para reverter a situação.
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Desde que g > 0, o SO primário necessário para estabilizar o rácio da dívida é menor do
que o SO primário necessário para estabilizar o valor absoluto da dívida.
Com g < r, os custos para a economia podem ser acentuados:
i. Evitar um trajecto explosivo implica significativos superavits primários, ou seja,
profundos cortes na despesa pública ou aumentos politicamente impopulares nos
impostos;
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➢ Se y>rg : o equilíbrio orçamental primário é suficiente para diminuir o rácio da
dívida;
• Ciclos político-económicos;
• Efeito miopia dos eleitores: os benefícios de um défice “hoje” são claros e visíveis
para os eleitores, enquanto o custo associado aos impostos a cobrar “amanhã” é
distante, não totalmente conhecido e excessivamente penalizado pelo factor
desconto.
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A partir dos anos 1990, a estabilização do rácio da dívida pública surge como preocupação
central dos governos - redução/eliminação do défice orçamental primário - consolidação
orçamental: política orçamental que promove a sustentabilidade do rácio da dívida.
Como se financia a dívida pública?
a. Financiamento “normal” - emissão de títulos da dívida que são adquiridos
pelo sector privado doméstico ou pelo exterior, colocação da dívida
pública nos mercados financeiros;
ii. Ajuda financeira externa por parte de entidades internacionais (e.g., FMI, UE),
reestruturação da dívida e/ou eventual não pagamento de parte ou da totalidade da
dívida - default / incumprimento.
- Financiamento monetário/Senhoriagem
▪ Transfere o processo de explosividade da dívida para a inflação - os episódios de
hiperinflação presentes e passados estão quase todos associados à monetização da
dívida pública (e.g., episódios nos anos 1980 e 1990 na América Latina e
episódios recentes na Bolívia, na Sérvia e no Zimbabué);
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(princípio de Fisher), promovendo uma transferência de riqueza dos credores (sector
privado) para os devedores (Estado).
Mas, na sequência da senhoriagem, só podemos falar em imposto inflacionário se a dívida
for emitida em moeda nacional e se a inflação não for antecipada e a taxa de juro não for
indexada a essa inflação.
Por outro lado, o aumento da inflação gerado pela senhoriagem gera exigências de taxas
de juro nominais cada vez mais elevadas em futuras colocações de dívida pública.
A própria colocação dos títulos da dívida torna-se mais difícil, principalmente para prazos
mais longos devido à “desconfiança” dos Financiamento da dívida e regras de política
orçamental principalmente para prazos mais longos devido à “desconfiança” dos
investidores; com a redução da maturidade da dívida, o Governo fica obrigado a recorrer
sistematicamente ao mercado emitindo novos títulos para pagar as dívidas de curto prazo
e, muito provavelmente, pagando juros cada vez mais elevados.
Este tipo de solução é usualmente utilizado por países com mercados financeiros pouco
eficientes e acesso condicionado aos mercados financeiros internacionais; uma espécie
de solução de último recurso.
- Ajuda externa, reestruturação da dívida e/ou incumprimento/default
Ajuda financeira externa permite o financiamento da dívida a taxas de juro mais baixas
do que as taxas de mercado (e.g., casos recentes da Islândia, Irlanda, Grécia e Portugal);
geralmente acompanhada de programas de estabilização macroeconómica e de reformas
estruturais Financiamento da dívida e regras de política orçamental 41 estabilização
macroeconómica e de reformas estruturais.
Reestruturação da dívida pode equivaler à cobrança de um imposto sobre os detentores
de títulos da dívida pública, que no limite pode ser de 100%.
Historicamente aparece associado a períodos pós-guerras ou pós-revoluções ou na
sequência de graves crises económicas e financeiras (e.g., Itália de Mussolini; países da
América Latina na década de 1980).
Problemas de credibilidade, podendo dificultar o acesso aos mercados financeiros para
colocação futura da dívida.
A restrição orçamental intertemporal é uma teoria econômica que afirma que o governo
deve estabelecer um orçamento equilibrado ao longo do tempo para evitar problemas
futuros com dívida e inflação. Isso significa que, ao invés de gastar mais do que arrecada,
o governo deve economizar dinheiro durante os períodos de crescimento econômico para
poder gastar mais durante períodos de recessão. Essa teoria é baseada na ideia de que a
dívida do governo pode ser prejudicial para a economia a longo prazo.
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De acordo com esta teoria, o governo deve ser consciente das suas obrigações financeiras
futuras e das implicações de suas decisões de gastos e receita atuais. Isso significa que,
ao invés de gastar mais do que arrecada, o governo deve economizar dinheiro durante os
períodos de crescimento econômico para poder gastar mais durante períodos de recessão.
A restrição orçamental intertemporal também se concentra na importância de se equilibrar
as receitas e despesas ao longo do tempo, de modo que o governo não se comprometa
com dívida excessiva. A dívida excessiva pode ser prejudicial para a economia, já que
pode levar a problemas como inflação, taxas de juros mais altas e incerteza econômica.
Além disso, a restrição orçamental intertemporal também enfatiza a importância de se
considerar as implicações sociais e políticas das decisões do governo. Por exemplo,
investimentos em infraestrutura, educação e saúde podem ter benefícios a longo prazo
para a economia e para a sociedade, mas também podem ter custos a curto prazo.
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Pressupostos principais da análise:
1. Tempo tem apenas 2 períodos – 1: hoje (presente); 2: amanhã (futuro).
Por simplificação, vamos mais longe e adoptamos uma forma extrema da HER: assume-
se erro de previsão sempre igual a 0 – Perfect Foresight.
Há hipóteses alternativas sobre a formação de expectativas:
▪ Expectativas adaptativas: expectativa é igual à formulada para o período anterior
mais uma proporção do erro de previsão então observado
▪ Fundamentos para adopção da HER: Coerência interna com teoria económica, que
assume comportamentos racionais; Irrealismo de hipóteses alternativas, que
admitem erros repetidos, sistemáticos; caso exista um número suficiente de
agentes racionais nos mercados é de esperar que se comportem como o modelo.
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1.3.2. Famílias
A troca intertemporal pode ser realizada a uma taxa de juro real (r)
• A taxa de juro real define o preço intertemporal, i.e., o preço de uma unidade de
consumo no período futuro avaliado em termos de unidades de consumo presente,
1/(1+r).
O rendimento no período 1 (presente) pode ser repartido entre Consumo (C) e Poupança
(S), logo
Se S1 > 0 (S1 < 0) o agente pode emprestar essa poupança a outrem (ser financiado por
outrem), pelo que o seu consumo futuro poderá ser maior (menor) do que o seu
rendimento futuro, dado que a poupança será remunerada à taxa de juro real (r).
No período 2 (futuro), o consumo futuro será:
A restrição orçamental, numa perspetiva intertemporal, significa que terá de haver uma
coincidência entre os recursos que são obtidos através de impostos e a despesa pública
concretizada. Esta restrição implica que o valor de dívida inicial deve ser igual ao valor
actual esperado dos excedentes futuros.
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ROI: linha reta [BD] que identifica, dadas as dotações de recursos presentes (Y1) e futuros
(Y2) e o preço intertemporal [ 1/( 1+r)], todas as possibilidades de consumo potenciadas
pela troca intertemporal.
Uma dada S1>0 (S1 < 0) proporciona um maior C2 (menor C2).
Pontos extremos da ROI:
Em D C1=0 C2=Y1(1+ r) +Y2
Em B C2=0 C1= Y1+Y2/ (1+ r)
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Se existisse uma dotação inicial de riqueza (e.g. uma herança disponível no início do
período 1), a riqueza do agente aumentaria nesse montante.
1.3.3. Empresas
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Fator trabalho: exógeno para a decisão de investimento.
F(K) crescente com K (PmgK >0);
PmgK decrescente (dada a dotação de fator trabalho; lei da produtividade marginal
decrescente).
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Nesse caso diz-se que a tecnologia é produtiva e deve investir-se;
No caso contrário, a tecnologia diz-se não produtiva e é mais compensador poupar e não
investir (i.e., emprestar S=K, obtendo K(1+r)).
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1.3.3.1. As Restrições Orçamentais intertemporais setor Privado
consolidado
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NOVA ROI do setor privado consolidado (famílias + empresas) [ROI desloca-se para
cima, em função do montante de I e da sua produtividade].
1.3.4. Estado
Num modelo mais realista, há que admitir que existe Estado. O setor público pode:
• Cobrar impostos (líquidos de transferências), no presente e futuro: T1, T2;
• Comprar bens e serviços, em ambos os períodos: G1, G2;
• Comprar bens e serviços, em ambos os períodos: G1, G2;
• Emprestar recursos ou emitir dívida (obter crédito) para antecipar recursos;
• Conseguir crédito a taxa de juro inferior à cobrada ao setor privado (r g < r) [porque
risco de falência é supostamente menor; e “soberania” equivale a direito de tributação e
confiscação de recursos privados em teoria ilimitado].
No modelo com 2 períodos (presente=1, futuro=2) o setor público:
o Tem de respeitar a sua própria ROI, escrita em termos de 1 e 2.
o Pode ter dívida pública no início do presente [D0, herdada do passado]
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Presente (1):
• Estado cobra impostos T1, compra bens/serviços G1 e paga juros pela dívida acumulada
até ao início do período:
o A soma dos valores presentes dos saldos orçamentais primários for igual à dívida
devida inicialmente;
o O valor actual (em unidades de consumo de 1) das receitas públicas equivaler ao
valor atual das despesas públicas acrescidas de D1 (a dívida expressa em unidades
de consumo de 1).
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1.3.4.1. As Restrições Orçamentais intertemporais setor Privado e
Público consolidados
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1. O setor privado apenas pode consumir o produto que o S. Público não
utiliza;
2. Num efeito imediato, mais G reduz a riqueza privada.
Exemplo simplificado:
Horizonte temporal de 2 períodos: período 1 = “Presente”; período 2 = “Futuro”;
O sector público pode conseguir obter crédito a uma taxa de juro inferior à
cobrada aos particulares (rG < r) por:
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Consolidando para o presente:
A soma da dívida inicial e do valor presente dos défices primários tem de ser igual a zero:
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• Ignorando a existência da empresa:
Reescrevendo vem:
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1.4. Princípio da Equivalência Ricardina (PER)
Se a taxa de juro do setor privado (r) for igual à do Estado (r g), a ROI consolidada reduz-
se a:
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A. Efeitos de uma alteração nos impostos no modelo Keynesiano :
• Como 0 < PmgC < 1, a poupança privada aumenta menos do que o correspondente
ao corte fiscal (redução da poupança pública) ⇒ ∆(Spriv + Sg) < 0 ⇒ ↓ SBN.
C. Justificação:
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• Agentes económicos racionais vão aumentar a sua poupança no presente
para poder pagar os impostos futuros adicionais;
▪ Mantendo-se SBN não existem pressões para a alteração da taxa de juro real
⇒inexistência de efeito crowding-out sobre o investimento;
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D. Evidência empírica:
▪ Observa-se uma relação de causalidade unidireccional entre défice e taxa de juro
de longo prazo - não verificação empírica do PER;
▪ Choques na dívida pública afectam negativamente os preços, produto e taxas de
juro (EUA) - não verificação do PER para os EUA;
▪ A evidência empírica é mista quanto à validação do PER em países em
desenvolvimento: existem estudos que suportam a validade do PER para países
desenvolvimento: existem estudos que suportam a validade do PER para países
com rácios elevados de défice e de dívida pública no PIB (na maioria, em
desenvolvimento) e a sua não validade para países com melhores performances
orçamentais (países desenvolvidos);
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2) Na presença de crescimento populacional, a redução fiscal no presente é superior,
em termos per capita, ao aumento futuro, que será dividido entre um maior número
de pessoas. Assim, a riqueza das famílias aumenta, aumentando também o
consumo e o produto.
3) Efeitos de distorção associados aos impostos: os impostos têm efeitos de distorção
sobre a economia porque os agentes reagem de forma a contrariar os efeitos
fiscais.
4) Mercados de crédito imperfeitos - existência de restrições ao crédito / de liquidez:
• Restrição total ao crédito;
• Restrição parcial ao crédito;
• Taxa de juro crescente com o nível do endividamento;
• Taxas de juro diferentes para diferentes agentes;
Um défice público, i.e., o agravamento da dívida pública, permite que o sector público se
endivide “em vez” dos particulares, aumentando o bem-estar social ⇒ a redução dos
impostos alivia as restrições ao crédito.
▪ R.O.I. da nação com rg ≠ r:
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-Mortalidade e novos cidadãos
Os cidadãos não são todos iguais perante o fisco:
• Uns pagam mais impostos do que outros;
• Uns detêm títulos da dívida pública, outros não.
Contudo, no agregado, o setor privado não pode escapar à ROI; os impostos necessários
para que o Estado cumpra a sua ROI terão de ser pagos, mesmo que uns paguem mais do
que outros.
Há, ainda assim, fenómenos demográficos que podem afetar o cumprimento agregado das
ROI e, portanto, a validade do PER.
Mortalidade
Como os agentes têm uma esperança média de vida finita, podem antecipar que não
estarão vivos em 2 e não internalizar a ROI do Estado na sua própria ROI (i.e., podem
antecipar que não estarão entre aqueles que pagarão os impostos futuros necessários para
amortizar a dívida pública emitida em 1.)
Então, se o setor privado não incorpora todas as responsabilidades fiscais futuras, a dívida
pública poderá ser vista como riqueza: os cidadãos que detêm títulos da dívida pública
(remunerados a rg) consideram-nos riqueza líquida e por isso não aumentam a sua
poupança presente para fazer face à tributação necessária ao reembolso dessa dívida
(usam esses recursos em consumo).
Novos cidadãos
• Tipicamente, a população vai crescendo, pelas causas naturais;
• A população pode ainda crescer por causas migratórias – pode haver entrada;
• A população pode ainda crescer por causas migratórias – pode haver entrada líquida de
emigrantes na Nação.
Como os impostos necessários para amortizar a dívida pública emitida no presente são
pagos no futuro, os novos cidadãos pagarão parte desses impostos. Então, no agregado,
em alguma medida se quebra a ligação entre a geração presente e as receitas fiscais
futuras.
Apesar das considerações sobre Mortalidade e Novos Cidadãos, pode argumentar-se que
o P.E.R. continua válido, se se considerar que:
o A maior parte da dívida pública tem prazos mais curtos que a vida dos 45
agentes,… é difícil que agentes racionais pensem que não a amortizarão. [contra-
argumento: a dívida pode ser amortizada mediante emissão sucessiva de nova
dívida];
o Apesar de mortais os agentes podem ser intergeracionalmente altruístas.
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Princípio do legado intergeracional activo (Barro, 1974): os indivíduos podem reagir
às transferências intergeracionais de riqueza impostas pelo Estado através de
transferências intergeracionais voluntárias.
- Restrições ao financiamento
O mercado financeiro é imperfeito – assimetria de informação, moral hazard – e para
muitos agentes há restrições ao crédito, à liquidez. Pode haver:
a) Crédito totalmente vedado (ou parcialmente);
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-Efeitos de distorção dos Impostos
O P.E.R. pode falhar porque os agentes alteram os seus comportamentos em resposta aos
impostos. De facto, a generalidade dos impostos afeta os 51 incentivos dos agentes (para
trabalhar, para poupar, para investir, etc.) pelo que a riqueza intertemporal não é
insensível ao padrão temporal dos impostos. Ex.: Se se espera um aumento de T em 2, há
uma contracção do investimento em 1, pelo impacto negativo dos impostos sobre os
rendimentos potenciais desse investimento; o que compromete o crescimento do produto;
e, portanto torna desejável o alisamento dos impostos ao longo do tempo (Barro, 1996).
Excepção: impostos lump-sum (não indexados a riqueza, rendimento).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• CAP4_Aulas_2010_11.pdf (up.pt);
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