Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
TEMA DESPESAS PÚBLICAS (RESTRIÇÃO ORÇAMENTAL, DÉFICES ORÇAMENTAIS E DÍVIDA
PÚBLICA)
Q.E. 1 - INTRODUÇÃO
1.1. Papel do Estado enquanto Agente Regulador e Interveniente na Economia – Visão
Keynesiana e Perspetiva Liberal.
1.2. Distinção do Estado enquanto Agente Económico de Outros Agentes económicos
Q.E. 2 – DEFINIÇÃO E CONTEXTO LEGAL DE ORÇAMENTO
OBJECTIVO DO TEMA:
BIBLIOGRAFIA:
2
Q.E. 1 - INTRODUÇÃO
Estabilizador Macroeconómico;
Prestador de certos serviços (Justiça, Educação, Segurança pública);
Promotor de alguns tipos de investimento;
Incentivador da actividade privada;
Redistribuidor do rendimento.
Para exercer a sua actividade o Estado cobra imposto (que constitui a sua fonte
tradicional de receita) e realiza Despesa, dai o tema deste capítulo, Despesa Pública e
Orçamento do Estado.
3
1º. Elemento económico: constitui uma previsão da actividade financeira anual a
realizar por determinados subsectores da Administração Pública sob comando
do Governo.
2º. Elemento Político: constitui uma autorização política concedida pela
Assembleia Nacional mediante aprovação formal da proposta elaborada e
submetida pelo Governo.
3º. Elemento jurídico: constitui um instrumento sob a forma de lei, que limita os
poderes financeiros do Estado no que respeita a realização das despesas e a
obtenção das receitas.
Dimensão Política e Económica do Orçamento
Considerar o Orçamento como um documento técnico é uma perspectiva muito
redutora já que:
1º. Ele é na sua essência documento político, por reflectir as prioridades de um
governo, consubstanciadas nos tipos e estruturas quer dos Recursos Obtidos
economia, quer da sua afectação às políticas sectoriais e aos seus programas,
projectos e medidas. Tal significa que toda e qualquer despesa ou receita tem,
na sua natureza e montante um fundamento e um objectivo.
2º. Todo e qualquer orçamento influencia o quadro económico, sendo por ele
também influenciado. Com efeito, e pensando agora em termos dos grandes
agregados orçamentais, os recursos financeiros aplicados, por exemplo, nas
transferências sociais para as famílias, na melhoria das condições
remuneratórias dos trabalhadores da Administração Pública, afectam positiva e
directamente grandes agregados macroeconómicos (Rendimento Disponível
das Famílias, Consumo Privado e Investimento) e por conseguinte o ritmo da
economia.
Do exposto acima, poder-se-á então afirmar que as receitas e despesas do
Orçamento traduzem sempre as escolhas políticas e produzem sempre efeitos
de diferentes sentido e intensidade, ao nível económico e social.
4
3.1- Aumento das Despesas Públicas e Implicações.
Um aumento das despesas públicas implica sempre uma subida da procura global da
economia e tem geralmente um impacto positivo no acréscimo de consumo e também de todos
o sistema produtivo, devido ao efeito multiplicador das variáveis de despesa – G; Tr. Significa
que as autoridades de política económica, em certas circunstâncias, podem fazer aumentar o
nível de actividade económica simplesmente aumentando o valor da despesa pública. Tal levará
a um maior valor para o PIB e portanto, a mais rendimento e eventualmente a mais emprego.
Mais em que circunstâncias as autoridades devem fazer isso?
1º. Devem assegurar-se que existe capacidade produtiva disponível. De outro modo, um
aumento da despesa pública leva não a um aumento da actividade económica mas,
antes a um aumento dos preços;
2º. Este aumento não deve ser ilimitado. Deve ter em conta as receitas públicas (Impostos)
que se podem cobrar. De outro modo aumenta-se o défice público e isto significa que
as gerações futuras de contribuinte terão de pagar os encargos da divida pública, o que
coloca problemas de equidade entre gerações.
SO = R – D
SO = T – (G + TR)
SO = T + tY – G – TR
Do confronto entre receitas e despesas três situações podem ser observadas:
1º. R> D Saldo, ou seja, Capacidade de Financiamento;
2º. R <D Défice, ou seja, Necessidade de Financiamento.
3º. R D Saldo nulo.
6
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO SALDO ORÇAMENTAL DE EQUILIBRIO
SO
SO = (T – G – TR ) + tY
0
Y
T -G-TR
7
Dívida Pública
Do recurso ao crédito pelo Estado resulta a dívida pública que pode ser interna
e externa.
Restrição Orçamental no Contexto do Modelo IS/LM Estático
A restrição orçamental do Governo, tal como a restrição orçamental do
consumidor, impõe como limite das despesas o montante de financiamento disponível.
O financiamento das Despesas Públicas terá de ser feito mediante as receitas de
impostos, empréstimos colocados junto do sector privado ou variação do stock de
moeda causada por motivos de financiamento orçamental.
A restrição orçamental do Governo estabelece então:
G + TR = T + B + M + A , sendo:
B Variação do Stock da Dívida Pública;
M Variação da Base Monetária por motivo de financiamento;
A Venda de Activos.
A Restrição Orçamental mostra que um défice Orçamental (G+TR-T) implica
uma variação, ou no Stock da Dívida na posse dos privados, ou no Stock de Moeda.
Hipótese do Modelo:
1º. O orçamento está equilibrado (T – G – TR = 0)
2º. Os preços são constantes;
3º. O multiplicador da base monetária é igual à unidade;
4º. A taxa de imposto nunca se altera.
8
O financiamento das despesas públicas com a dívida leva à equivalência
ricardiana. Esta diz que, o financiamento do défice orçamental através da dívida pública
é equivalente a um imposto (corrente), uma vez que se limita a adiar no aumento dos
impostos. Assim a equivalência ricardiana pode ser vista como uma equivalência formal
entre dívida pública e imposto. Quando o governo aumenta os gastos públicos e os
financia com dívida pública, mais tarde vai ter de obter dinheiro para pagar essa mesma
dívida pública e fá-lo através do aumento dos impostos.
No entanto, pode ser uma forma correcta de adiar o peso das despesas públicas
pois muitas delas, em particular os grandes investimentos públicos, só surtem efeitos a
prazo e é correcto que sejam as gerações futuras a pagar os impostos necessários para
financiar esse investimento público, já que são elas que usufruem do mesmo.
Financiamento do Défice Orçamental com Emissão Monetária
Suponhamos agora que o défice orçamental é financiado por emissão de moeda,
ou seja, B = 0. Uma variação das despesas do Estado implica:
G + TR = tY + M
Neste caso, o resultado do modelo IS/LM convencional já não é válido, dado que
alteração de política orçamental é acompanhada por alterações de política monetária.
Em termos gráficos e continuando a admitir um acréscimo dos gastos do Estado,
torna-se clara a razão pela qual o efeito sobre o rendimento vem ampliado: deslocação
da curva LM, causada pelo aumento do stock real de moeda, implica uma menor
variação da taxa de juro e logo um efeito crowding-out menor, com um consequente
aumento do rendimento.
A IS desloca-se inicialmente de IS0 para IS1 devido ao acréscimo de gastos
públicos, no ponto E´0 passa a existir um défice que se supõe financiado pela emissão de
moeda, o aumento de massa monetária em termos reais provoca a deslocação da curva
LM de LM0 para LM1 pelo que o equilíbrio final será E1.
9
i
LM0
LM1
E´0
E0 E1
IS1
IS0
Y0 Y´0 Y1 Y
𝝏𝒀 𝝏𝒀
∆𝒀 = ∆𝑮 + ∆𝑴
𝝏𝑮 𝝏𝑴
Mas como:
M = H = G - tY
Onde: H é a Base Monetária = Circulação Monetária + Reservas
M é a Massa Monetária = Circulação Monetária + Depósitos.
Conclui-se então que, com o financiamento monetário do défice, o multiplicador
dos gastos é maior do que o anteriormente, o que corrobora com a figura, já que a
distancia Y1 - Y0 que a distancia Y´0 – Y0.
10