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Despesas Públicas

Uma nótula sobre as despesas públicas

 1ª análise das principais formas de financiamento do Estado.


 2ª análise das despesas públicas: embora sejam a razão de ser das finanças, não
apresentam questões fundamentais que justifiquem um estudo aprofundado e os
estudos de Finanças Públicas, pouca atenção deram a esta matéria.

Acentua-se que as preocupações em matéria financeira estiveram quase sempre mais


relacionadas com a receita do que com a despesa. Porém, há uma convicção de que
apenas a análise conjunta dos dois aspetos (receita + despesa) permite uma apreciação
adequada das opções financeiras.

É pela despesa pública que se realiza a função de afetação de recurso, e que


podemos compreender e questionar as opções de um Estado/Região/entidade
pública. O conteúdo da despesa e o seu montante são reflexo de opções políticas e
financeiras.

A perceção de que cada comunidade tem da utilidade da despesa pública, condiciona a


reação à própria carga fiscal. Estudos sobre a despesa pública foram muito perturbados
pela penetração de fatores ideológicos que levaram a que numa visão se defendesse a
despesa pública ou a despesa privada, como alternativas que se excluíam mutuamente.

A conceção clássica de finanças públicas, de matriz liberal vê a despesa pública


como responsável pela destruição real/potencial de riqueza. Enquanto o
Keynesianismo, defende a intervenção do Estado na economia, reconhece na
despesa pública, funções sociais e económicas: contribuir para a solidariedade e
coesão sociais e desempenhar o papel de estabilizador económico.

Despesa
(diferentes campos de ação e diferentes objetivos)
Públicas Privadas
O que contribui para o afastamento do
interesse pela despesa pública:
sobrevalorização dos mecanismos de controlo
e um tratamento conjunto de ambos os lados
do Orçamento (receitas + despesas).

Análise comparativa entre Estados com o mesmo modelo económico e social revela
variações no nível global da despesa pública, bem como a sua distribuição sectorial, o que
leva à impossibilidade de dar uma resposta puramente económica à problemática da
decisão financeira.

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Para saber as principais opções em matéria de despesa pública estabelece-se algumas
tipologias de despesa:

Despesas de funcionamento e investimento Despesas de aquisição de bens e serviços e


despesas de redistribuição

No estudo do OE, serão revistas classificações orçamentais existentes em Portugal.

Lei de Wagner: aponta para a existência de uma tendência de crescimento das despesas
públicas (mais uma tentativa de explicação desse aumento pela industrialização).

Peacock e Wiseman: partindo da verificação da irregularidade do crescimento das


despesas públicas a existência de períodos em que os contribuintes manifestariam uma
menor oposição ao aumento da carga fiscal (Ex: tempos de guerra).

Stigler: (Teoria da Public Choice) o crescimento da despesa é resultado de grupos


de pressão organizados que conseguiriam capturar os decisores financeiros para a
defesa dos seus interesses.

É necessário admitir que o direito financeiro conheceu sem grande


desenvolvimento na área das receitas públicas e principalmente daquelas que
poderiam implicar o sacrifício de valores patrimoniais privados ao arbítrio do
Estado.

Liberalismo surge: princípio da legalidade financeira (exigência de aprovação parlamentar


dos impostos e da emissão de empréstimos públicos como forma de conter o Estado e
evitar sacrifícios excessivos aos particulares).

Este princípio estende-se a todo o Orçamento, vai traduzir-se não apenas num
limite aos poderes de imposição do Estado, mas também às despesas públicas.

Surge assim, em torno do Orçamento e da sua execução, um conjunto de normas


de contabilidade pública (respeitantes do princípio da legalidade)

Lei de Enquadramento Orçamental (estabelece os princípios que regem tanto as receitas


como as despesas). Para além de terem de obedecer ao princípio da legalidade e serem
corretamente inscritas no OE, as despesas deverão obedecer aos critérios da economia,
eficiência e eficácia (art.52º/3 Lei Nº151/2015 de 11 Setembro).

 Nº4 do mesmo artigo: exigência de serem os Orçamentos de Tesouraria a


suportar os pagamentos das despesas.
 art.44º/1 Lei de Organização e Processo do Tribunal de Contas.

Recorta-se assim um princípio da legalidade que em matéria de despesas públicas


conhece um reforço significativo que o afasta do seu entendimento tradicional,
que só se podiam realizar despesas públicas expressamente previstas na lei.

Com o desenvolvimento das formas contratuais na administração e com a


passagem para uma administração de prestação, o princípio da legalidade

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financeira passa a ser entendido no sentido de que as despesas devem ser
efetuadas em conformidade com o disposto na lei.

Princípio da legalidade impõe: quer no momento da decisão de despesa, como no da sua


execução, se respeite todas as normas referentes à formação da vontade do Estado.

Afirmação de que as despesas estão sujeitas a um princípio de legalidade deixa de


corresponder à exigência de que elas resultem diretamente da lei, passando a
própria CRP a admitir que as despesas possam ter origem contratual e até sujeitas
a decisão orçamental ao respeito pelos contratos do Estado – art.105º/2.

Acórdão Nº142/94 Tribunal de Contas/1ª Secção.

Penetração das ideias de economicidade e eficácia do direito financeiro português fez-se


pela ação do Tribunal de Contas e pela influência das organizações internacionais.

Legalidade financeira importaria sempre 2 aspetos:

Corresponde à verificação da observância Pressuporia a apreciação dos aspetos de


das normas jurídicas reguladoras da racionalidade económica e financeira.
atividade em apreço.

Direito Financeiro em conjunto com o Direito Administrativo (legislação reguladora


da realização de despesas públicas releva para o direito financeiros, mas é na sua
essência direito administrativo) em conjunto com o respeito pelo princípio da
legalidade administrativa, é pressuposto da validade de qualquer ato
administrativo.

Não obstante da relevância do estudo da despesa pública é mais adequado ocuparmo-nos


do estudo da desigualdade e pobreza, Segurança Social e questões afins legitimadoras da
carga fiscal.

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