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ORÇAMENTO PÚBLICO:

Uma análise geral sobre a sua importância para eficiência no


serviço público.

SOUSA MELO, Klístenes Alexandre¹.

ANTONOVZ, Tatiana².

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo identificar e analisar os reais benefícios que os
instrumentos orçamentários proporcionam à Administração Pública. O uso não
planejado do orçamento público acarreta inúmeros prejuízos à Administração
Pública: déficit primário, má alocação das receitas e responsabilização dos
gestores públicos são alguns exemplos de uma administração mal estruturada
e sem planejamento. A observância dos princípios orçamentários auxilia no
eficiente planejamento por parte do agente público. Ademais, são eles que
balizam a estruturação orçamentária. Além dos princípios orçamentários, o
presente estudo buscou sintetizar os instrumentos orçamentários que devem
ser obrigatoriamente utilizados visando à execução do orçamento em
quaisquer esferas governamentais, ou seja, federal, estadual e municipal.
Outro ponto merecedor de destaque diz respeito ao orçamento participativo,
instrumento democrático que busca inserir o cidadão no planejamento
orçamentário. Desta forma, o presente estudo explanará sobre os princípios
orçamentários, seu ciclo, dentre outros assuntos pertinentes e pretenderá
responder à seguinte questão: qual a importância do orçamento público
planejado no alcance da eficiência no serviço público.

Palavras chave: Orçamento Público. Princípios Orçamentários. Eficiência.

1 INTRODUÇÃO

O orçamento público é um instrumento de planejamento de curto prazo


que estima as receitas e fixa as despesas, visando o equilíbrio entre elas. No
Brasil, o orçamento segue o ano-calendário, que corresponde ao exercício
financeiro. Este instrumento público objetiva a continuidade, eficiência, eficácia,

¹ Acadêmico do curso de MBA em Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal da


Faculdade UNINTER- Brasília/DF- e-mail: klistenes2006@gmail.com
² Coordenadora do curso de pós graduação em MBA em Contabilidade Pública e
Responsabilidade Fiscal da Faculdade UNINTER- Brasília/- e-mail:
tutoriacontabilidade@grupouninter.com.br
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efetividade e economicidade dos serviços e obras realizados à sociedade. Nas


lições do professor Roberto Bocaccio Piscitelli (2010, p. 29), o orçamento
público é o instrumento de que dispõe o Poder Público (em quaisquer de suas
esferas) para expressar, em determinado período de tempo, seu programa de
atuação, discriminando a origem e o montante dos recursos a serem obtidos,
bem como a natureza e o montante dos dispêndios a serem efetuados.

Em breve histórico, nas lições do professor Heilio Kohama (2009, p. 34),


estudos técnicos e científicos realizados pela Organização das Nações Unidas
(ONU) buscaram determinar as ações a serem realizadas pelo poder público.
Os estudos aludidos concluíram que os recursos financeiros gerados pelo
governo eram escassos, desta forma o melhor meio para minimizar os
problemas econômicos e sociais seria a criação de um Sistema de
Planejamento Integrado.

No Brasil, após o Descobrimento do Brasil, o Pacto Colonial determinou


as relações exclusivamente comerciais entre a Metrópole e a Colônia. (SILVA,
2009). No entanto, com a vinda do rei D. João VI ao Brasil, houve a ampliação
da abertura dos postos e consequente aumento dos impostos aduaneiros, deu-
se início a organização das finanças públicas. (PIRES e MOTTA, 2006).

Todavia, a matéria orçamentária fora aprimorada nas Constituições de


1934, 1937 e 1946. Assim, temos como marco a edição da Lei 4320 de 17 de
março de 1964, uma vez que ela padronizou os orçamentos e balanços da
União, Estados, Municípios e do Distrito Federal.

Desta forma, a utilização do orçamento público brasileiro se aperfeiçoou


com o advento da Lei 4320 de 17 de março de 1964, cujo ordenamento
enumerou alguns princípios orçamentários a serem observados na utilização
dos recursos públicos visando à eficiência no interesse público. É sabido que a
arrecadação orçamentária segue regras e por esta razão é de fundamental
importância o prévio planejamento orçamentário, uma vez que a eficiência
orçamentária deve ser atingida pelos administradores de recursos púbicos.

Contudo, não basta a observância dos princípios orçamentários


consagrados, nem tampouco o devido e pretérito planejamento por parte do
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gestor público, pois a eficiência necessita da participação popular, em suas


necessidades e demandas. Razão pela qual o orçamento participativo é o
instrumento inovador que busca aliar a execução orçamentária aos anseios
sociais.

Sendo assim, este trabalho busca identificar e analisar os reais


benefícios que os instrumentos orçamentários proporcionam à Administração
Pública, uma vez que os recursos públicos devem ser utilizados de forma
coesa, planejada e eficiente, porque assim requer o interesse público. Razão
pela qual se justifica o estudo em questão pautado pela relevância do
planejamento orçamentário no Brasil, observando que os governos devem
utilizar a ação planejada e transparente na gestão fiscal.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS

Os princípios orçamentários são os balizadores na elaboração da


proposta orçamentária. Em outras palavras, são eles que normatizam a forma
eficiente da organização planejada do orçamento público.

Os princípios, sendo enunciados genéricos que quase sempre se


expressam em linguagem constitucional ou legal, estão a meio passo
entre os valores e as regras na escala da concretização do direito e
com eles não se confundem. (TORRES, 2007, p.89).

A Lei 4.320/1964, em seu art. 2º, enumerou alguns princípios


orçamentários a serem observados:

A Lei de Orçamento conterá discriminação da receita e da despesa,


de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa
de trabalho de Governo, obedecida os princípios de unidade,
universalidade e anualidade.

Além dos princípios supracitados, a doutrina e a jurisprudência


enumeram outros princípios: o da Discriminação ou Especialização, o da
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Exclusividade, o do Equilíbrio, o do Orçamento Bruto, o da Não-Afetação das


Receitas, o da Clareza e o da Publicidade.

Desta forma, segue a discriminação dos princípios para conhecimento


do preceito básico que os regem.

2.1.1 Unidade

Este princípio se fundamenta na ideia de uma única política


orçamentária e uma estrutura uniforme. O Orçamento deve ser uno, isto é,
cada esfera governamental (União, Estados, DF e Municípios) deve possuir um
único orçamento.

Todavia, em que pese a opinião de vários autores no que diz respeito ao


orçamento uno, cada instituição poderá propor seu orçamento, compreendendo
todas as sua receitas e despesas, como cita o professor Heilio Kohama.

Contrariamente ao que alguns autores têm descrito, refere-se à


unidade, do ponto de vista global, para o setor público em seu
conjunto; contudo, relaciona-se também com as propostas
orçamentárias de cada instituição em particular, e não como querem
fazer crer, que o orçamento deve compreender todas as receitas e
despesas em uma única peça. Em vista da existência de um grande
número de entidades autárquicas, em todos os níveis de governo,
como sejam no Federal, no Estadual e no Municipal, faz com que
cada uma delas possua um orçamento próprio, independente do
aprovado pelo Poder Legislativo. (KOHAMA, 2009, p.41).

Desta forma, indo de encontro a opinião de vários estudiosos, o


orçamento pode ser estrutura por entidade pública, ou seja, cada ente poderá
prever suas receitas e fixar suas receitas.
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2.1.2 Universalidade

O princípio da Universalidade norteia a obrigatoriedade da inclusão no


orçamento de todas as receitas e todas as despesas do exercício financeiro. A
existência deste princípio está estabelecida no art. 165, § 5º, da Constituição
Federal de 1988, c/c os artigos da Lei 4.320/1964:

Art. 2º A Lei de Orçamento conterá discriminação da receita e da


despesa, de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o
programa de trabalho de Governo, obedecidos os princípios de
unidade, universalidade e anualidade. Art. 3º A Lei de Orçamento
compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito
autorizadas em lei. Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas
as despesas próprias dos órgãos do Governo e da administração
centralizada, ou que por intermédio deles se devam realizar,
observado o disposto no art. 2º.

Sendo assim, a discriminação da receita e da despesa, contido no


programa de trabalho governamental, deve respeitar os princípios da unidade,
universalidade e anualidade.

2.1.3 Anualidade

O princípio da anualidade corresponde ao seu caráter temporário,


conforme preceitua Maria Berenice.

A autorização legislativa do gasto deve ser dada para cada exercício


financeiro. Ou seja, o orçamento deve ser elaborado e autorizado
para um período de tempo. (ROSA, 2011, p.50).

Corroborando com o exposto, a Lei 4.320/1964 estabeleceu no art. 34


que o exercício financeiro coincidirá com o ano civil (1º de janeiro a 31 de
dezembro). Sendo assim, a cada exercício, o Poder Executivo terá que
solicitar nova autorização do Poder Legislativo para cobrar e arrecadar tributos,
bem como para aplicar os recursos obtidos, conforme menciona Inaldo da
Paixão.
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2.1.4 Discriminação ou especialização

O princípio da Discriminação tem por fim coibir autorizações genéricas,


uma vez que no orçamento público deve conter a discriminação da despesa
por unidade orçamentária, detalhada por categoria de programação em seu
menor nível, com suas rescpectivas dotações, o grupo de natureza de
despesa, o identificador de resultado primário, a modalidade de aplicação, a
fonte de recursos, conforme as leis de diretrizes orçamentária estabelecidas
nos últimos exercícios. Vale observar que são compreendidos tanto os
aspectos qualitativos quanto quantitativos dos créditos orçamentários.

Incorporado ao art. 5º, com a ressalva dos arts. 15 e 20 da Lei 4320/1964,


é um princípio da teoria clássica do orçamento público.

A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a


atender indiferentemente a despesa de pessoal, material, serviços de
terceiros, transferências ou quaisquer outras, ressalvado o disposto
no artigo 20 e seu parágrafo único.“Art. 15. Na Lei de Orçamento, a
discriminação das despesas far-se-à, no mínimo, por elementos.§ 1º
Entende-se por elementos o desdobramento da despesa com
pessoal, material, serviços, obras e outros meios de que se serve a
Administração Pública para consecução dos seus fins. Art. 20 Os
investimentos serão discriminados na Lei de Orçamento segundo os
projetos de obras e de outras aplicações. Parágrafo único. Os
programas especiais de trabalho que, por sua natureza, não possam
cumprir-se subordinadamente às normas gerais de execução da
despesa poderão ser custeadas por dotações globais, classificadas
entre as Despesas de Capital.

Por isso, excetuados os programas especiais de trabalho que não


possam cumprir às normas gerais de execução de despesas e o
desdobramento da despesa com pessoal, material, serviços ou obras, não
serão aceitos no orçamento dotações globais.

Contudo, determinados programas especiais de trabalho, que por sua


natureza não possam subordinar-se às normas gerais de execução, cujas
despesas poderão ser custeadas por dotações globais e classificadas entre as
despesas de capital (investimentos) fogem a este princípio, conforme reza o já
citado Art. 20 da Lei 4.320/1964.
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2.1.5 Exclusividade

Este princípio dispõe que não poderão existir dispositivos estranhos à lei
orçamentária.

Todavia, a abertura de créditos suplementares e a contratação de


operações de crédito não esbarram na proibição outrora citada, tendo em vista
que tais exceções já são previamente autorizadas na própria Constituição
Federal de 1988, art. 165, § 8º, cujo parágrafo reza que a autorização para
abertura de créditos suplementares e contratação de operações de créditos,
ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei, não se incluem na
proibição mencionada.

2.1.6 Equilíbrio

O princípio do equilíbrio é conhecido desde a constituição de 1967, que


já dispunha que o montante da despesa autorizada em cada exercício
financeiro não poderia ser superior ao total das receitas estimadas para o
período.

Em outras palavras, o equilíbrio financeiro é a adequação das despesas


fixadas com as receitas previstas, ou seja, formalmente, é o Estado gastar
conforme a disposição da receita orçamentária, visando sempre o superávit
fiscal.

2.1.7 Orçamento Bruto

Previsto na no art. 6º da Lei 4.320/1964, este princípio pugna pela


utilização de todas as parcelas das receitas e despesas pelos seus valores
brutos, ou seja, sem qualquer dedução.
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Art. 6º Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento


pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.§ 1º As cotas de
receitas que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-
ão, como despesa, no orçamento da entidade obrigada à
transferência e, como receita, no orçamento da que as deva receber.

De forma coesa, os valores constantes na Lei de Orçamento devem ser


inscritos sem deduções, ou seja, consignados de forma bruta.

2.1.8 Não- afetação das receitas

O fundamento deste princípio está no art. 167, IV, da CF/88, ou seja, o


próprio texto constitucional já veda a vinculação de receita de impostos a
órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto de arrecadação
dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159 da Constituição Federal de
1988, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde,
para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades
da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts.
198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito
por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no
§ 4º do artigo Constitucional de 1988.

Além das vedações constitucionais, vale referenciar o art. 8º da Lei de


Responsabilidade Fiscal, Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, que
determina que “ os recursos legalmente vinculados a finalidade específica
serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação,
ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.”

Desta forma, o princípio da Não-Afetação das Receitas proíbe a


vinculação de quaisquer receitas de impostos a órgão, fundo ou despesa,
ressalvados os dispostos nos parágrafos acima mencionados.
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2.1.9 Clareza

Este princípio determina que o orçamento deva ser concebido de forma


clara, ordenada e objetiva visando o fácil entendimento a todos aqueles que se
interessarem pelo seu acesso.

2.1.10 Publicidade

Por questões de interesse público, o orçamento público é um


instrumento que todos podem ter o seu acesso, uma vez que a Administração
pública deve obedecer a este princípio constitucional previsto no caput do art.
37, CF/88. É com a publicação que o cidadão passar a tomar conhecimento
dos programas e metas físicas e financeiras dos orçamentos do Estado.

2.2 ORÇAMENTO PÚBLICO

A ideia de orçamento público está intimamente ligada à ideia de


planejamento, uma vez que planejar significa perceber a realidade de forma a
estruturar coesamente e transparentemente o orçamento pelos gestores
públicos.

O planejamento ou planeamento é uma ferramenta administrativa, que


possibilita perceber a realidade, avaliar os caminhos, construir um referencial
futuro, estruturando o trâmite adequado e reavaliar todo o processo a que o
planejamento se destina.

Sendo, portanto, o lado racional da ação, o planejamento é visto como


um processo de deliberação abstrata e explícita que escolhe e organiza ações,
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antecipando os resultados esperados. Esta deliberação busca alcançar, da


melhor forma possível, alguns objetivos pré-definidos. Em outras palavras, o
planejamento é a possibilita de percepção da realidade, é a avaliação dos
caminhos para a construção do futuro.

2.2.1 Plano Plurianual (PPA)

O Plano Plurianual (PPA) é um instrumento de planejamento orientador


de médio prazo que organiza as ações em programas, ou seja, ações de
governo para atendimento das problemáticas e necessidades da população.
Sendo assim, o PPA se constitui de projetos e atividades que o governo
pretende realizar em um mandato eletivo, ou melhor, em quatro anos.

O planejamento do PPA se materializa em uma lei ordinária que


estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e metas da
Administração Pública para as despesas de capital (gastos com investimentos)
e outras delas decorrentes, e para as relativas aos programas de duração
continuada, conforme preceitua o art. 165, § 1º, da CF/88.

Com duração de quatro anos e confeccionado no primeiro ano de


mandato do eleito Chefe Do Executivo, o PPA se inicia no segundo exercício
financeiro de seu mandato, terminando, assim, no primeiro exercício financerio
subsequente ao mandato.

Didaticamente, esclareceremos o início e o fim de um Plano Plurianual.


Para tanto, tenhamos como exemplo o início de um mandato a partir de 2015:

a) O primeiro ano de vigência do PPA coincidirá com o segundo ano de


mandato, ou seja, 2016;
b) O último ano do orçamento será executado no primerio ano do
mandato subsequente, no caso, 2019.

A importância do planejamento prévio é vital, uma vez que é vedado


qualquer investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro sem
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que tenha prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a
inclusão, sob pena de crime de responsabilidade, conforme art. 167, § 1º da
CF/88.

2.2.2 Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)

Este instrumento orçamentário, também consubstanciado em Lei


Ordinária, tem vigência anual e é o elo entre o PPA e o orçamento sendo,
portanto, o balizador na elaboração da Lei Orçamentária anual.

Conforme leciona Sérgio Jund (Direito Financeiro e Orçamento Públcio,


2007, p. 70), a LDO compreende as metas e prioridades que deverão ser
observadas pela Administração Pública, incluindo as despesas de capital
(investimentos) para o exercício financeiro subsequente. Além de dispor sobre
alterações na legislação tributária, a Lei de Diretrizes Orçamentária estabelece
a política de aplicações das agências financeiras onficiais de fomento (Banco
do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDS, dentre outras.) e autoriza a
concessão de quaisquer vantagens ou aumento de remuneração de servidores,
a criação de cargos, empregos, funções ou alteração na estrutura de carreria,
bem como a admissão e contratação de pessoal a qualquer título nos órgãos e
entidades da Administração Pública, com exceção das empresas públicas e as
sociedades de economia mista (art. 169, § 1 e II, da CF/88).

A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de


Responsabilidade Fiscal), em seu art. 9º, por sua vez, reza que a LDO disporá
sobre critérios e formas de empenho por ato próprio dos Poderes e do
Ministério Público, a ser efetivada quando verificada, ao final de um bimestre,
que a realização de receita poderá não comportar o cumprimento das metas
de resultado primário ou nominal estabelecidos no Anexo de Metas Fiscais. Da
mesma forma, a mesma lei menciona que a LDO disporá sobre o equilíbrio de
receitas e despesas, normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos
resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos e demais
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condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e


privadas.

Outro aspecto importante é a apresentação na LDO do Anexo de Metas,


bem como do Anexo de Riscos Fiscais, ambos mencionador na Lei
Complementar nº 101/2000, onde serão avaliados os passivos contingentes e
outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências
a serem tomadas, caso se concretizem.

Nos relatórios do Anexo das Metas Fiscais, serão estabelecidas metas


anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas,
resultado nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a
que se referirem e para os dois seguintes. Da mesma forma, o Anexo conterá a
avaliação do cumprimento das metas dos anos anteriores, a evolução do
patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e
a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos. Finalizando, o
relatório de Metas Fiscais conterá a avaliação da situação financeira e atuarial
dos Regimes Geral da Previdência Social e Próprio dos Servidores Públicos,
do Fundo de Amparo ao Trabalhador e dos demais fundos públicos e
programas estatais de natureza atuarial.

O Anexo de Riscos Fiscais serão avaliados os passivos contingentes e


outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências
a serem tomadas, caso se concretizem, e fixando o percentual da Receita
Corrente Líquida destinado à cosntituição da citada reserva.

2.2.3 Lei Orçamentária Anual

Esta lei ordinária é o instrumento orçamentário discrimanador das


receitas e fixador das despesas das esferas governamentais, como leciona
Maria Berenice Rosa:
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A Lei Orçamentária Anual é o instrumento orçamentário que


discrimina a estimativa de todas as receitas e fixa as despesas do
Governo nas três esferas de Poder, ou seja, Executivo, Legislativo e
Judiciário. Nesta lei ordinária orçamentária, os orçamentos deves ser
feitos de forma estruturada e uniforme, levando-se em consideração
suas prioridades e características, respeitados os princípios da
unidade, univesalidade e anualidade. (ROSA, 2011, p.39).

Esta lei se consubstancia em um único orçamento, conhecido com


Orçamento Geral da União (OGU), subdivindo em Orçamento Fiscal,
Orçamento da Seguridade Social e Orçamento de Investimento das Empresas
Estatais. Além desta subdivisão, o demonstrativo regionalizado do efeito sobre
as receitas e despesas, decorrentes de isenções, anistias, remissões,
subsídios e benefícios de natureza finaceira, tributária e creditícia também
acompanharam o projeto de lei orçamentária.

Observa-se também que o Projeto de Lei Orçamentária Anual deve ser


elaborado de forma compatível com o Plano Plurianual, com a Lei de Diretrizes
Orçamentárias e com normas da lei de Responsablidade Fiscal, contendo, em
anexo, demostrativo de compatibilidade da programação dos orçamentos com
os objetivos e metas constantes do Anexo de Metas Fiscais e conter, na Lei
Orçamentária, as reservas de contigência, cuja forma de utilização e
montantes, definidos com base na receita corrente líquida, estabelecido
previamente na LDO, destinados ao atendimento de passivos contingentes e
outros riscos e eventos fiscais imprevistos.

2. 3 O CICLO ORÇAMENTÁRIO

O ciclo orçamentário é um processo de caráter contínuo e simultâneo,


atráves do qual o Estado elabora, aprova, executa, controla e avalia a
programação de dispêndios do setor público nos aspectos físico e financeiro.
Neste ciclo, processam-se as atividades típicas do orçamento público, desde
sua concepção até a apreciação final.
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Este processo contínuo é maior que o próprio exercício financeiro, uma


vez que nele se compreendem todas as fases do processo orçamentário:
elaboração da proposta, discussão e aprovação, execução e, por fim, controle
e avaliação do orçamento. Desta forma, vejamos estas fases.

2.3.1 Elaboração da Proposta Orçamentária

A elaboração do orçamento, de conformidade com a Lei de Diretrizes


Orçamentárias, compreende a fixação de objetivos para o exercício
considerado, bem como o cálculo dos gastos necessários à sua concretização.

O Chefe do Poder Executivo Federal é o responsável pelo envio anual


do projeto de lei orçamentária ao Poder Legislativo Federal até quatro meses
antes do encerramento do exercício financeiro; a devolução para sanção se
dará até o encerramento da sessão legislativa, conforme dispões o § 2º do art.
35 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

2.3.2 Discussão e Aprovação

Cabe ao Poder Legislativo a discussão e aprovação da proposta de lei


orçamentária. Todavia, caso o Poder Executivo não encaminhe nos quatro
últimos meses antes do encerramento do exercício financeiro, o Congresso
Nacional considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente.

Eventuais emendas ao projeto de lei orçamentária só podem ser


aprovadas caso sejam compatíveis com o Plano Plurianual e com a Lei de
Diretrizes Orçamentárias, ou que sejam relacionadas com a correção de erros
ou omissões, ou com os dispositivos do texto do próprio projeto de lei,
conforme preconiza o art. 166, § 3º da Constituição Federal.
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2.3.3 Execução do Orçamento

A execução do orçamento é a concretização dos projetos e objetivos,


descritos na Lei de Orçamento, realizados dentro do exercício financeiro. Esta
execução do orçamento, caracterizada por despesa pública, é realizada
mediante emissão de documento chamado de empenho. Tal documento,
concebido antes mesmo da despesa, registra valiosas informações: credor,
conta orçamentária, valor saldo da conta e as características básicas da
despesa.

Por sua vez, Heilio Kohama ensina que as cotas de despesa são
responsáveis pela fixação das autorizações máximas em um subperíodo
orçamentário para que as unidades executoras possam empenhar ou realizar
pagamentos. Sendo, pois, instrumentos de regulação para condicionar os
recursos financeiros às reais necessidades dos programas de trabalho.

2.3.4 Avaliação do Orçamento

A avaliação se destina a julgar o nível dos objetivos fixados no


orçamento e as modificações nele ocorridas durante sua execução. É nesta
fase que são fixadas as futuras programações orçamentárias, uma vez que ela
se refere à organização e aos critérios de julgamento das metas traçadas no
orçamento.

Esta fase avaliativa é um valioso instrumento de transparência, e seu


descumprimento gera responsabilizações, tendo em vista que a Lei
Complementar nº 101/2000 estabelece punições no caso de descumprimento
das leis orçamentárias, uma vez que tal Lei preconiza a transparência das
contas públicas.
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2. 4 ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

O Orçamento Participativo (OP) proporciona o apontamento das


necessidades e anseios da sociedade, surgindo, desta forma, os pontos
cruciais na elaboração orçamentária, ou seja, as necessidades eminentes.
Apesar de se apresentar de forma transparente, uma vez que busca um
contato direto entre cidadão e gestores públicos, por vezes este instrumento de
ação é esquecido pela Administração Pública ou ignorado pelo cidadão.

Orçamento Participativo (OP) é um importante instrumento democrático,


uma vez que faculta ao cidadão o debate visando melhorias a sua cidade.
Nele, a população diretamente interessada possui a prerrogativa de decidir os
investimentos em obras e serviços prioritários a serem realizados a cada ano,
com os recursos orçamentários.

A participação popular no planejamento orçamentária condiciona


positivamente no balizamento das ações governamentais, uma vez que a
população é a verdadeira interessada nas políticas de curto, médio e logo
prazos. Além de participar na efetivação do orçamento, o cidadão é um
excelente fiscal na gestão orçamentária, tendo em vista que as metas e
objetivos são traçados em prol do interesse público. A boa fiscalização popular
pode detectar ato lesivo, podendo assim propor uma ação popular, cujo objeto
é o ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, como preconiza como preconiza a Constituição do Brasil de 1988, no
inciso LXXIII, art.5º.

3. METODOLOGIA

A metodologia do estudo se baseou em pesquisa bibliográfica de


autores como Ricardo Lobo Torres e Heilio Kohama que contribuíram na busca
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das teorias e conhecimento sobre o Orçamento Público no Brasil. Outros livros,


artigos publicados e sites também foram utilizados na pesquisa acadêmica.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os instrumentos orçamentários e os princípios que os regem por si só


não garantem o atingimento das metas e objetivos traçados, uma vez que é de
primordial importancia a atualção eficente do gestor público, evitando-se obras
ou serviços incompletos ou mesmo não voltadas às reais necessidades sociais.

O princípio da eficiência, inserido no caput do art. 37 da CF pela


Emenda Constitucional nº 19, de 4-6-98, veio para exigir que a atividade
administrativa seja desempenhada com produtividade, presteza, perfeição e
rendimento funcional.

Nas lições do doutrinador Helly Lopes Meirelles, o principal objetivo do


princípio da eficiência é o alcance dos melhores resultados na prestação do
serviço público: “é o mais moderno princípio da função administrativa, que já
não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo
resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das
necessidades da comunidade e de seus membros” (MEIRELLES, Hely Lopes,
Direito Administrativo Brasileiro, Malheiros, 32ª Ed., São Paulo, 2006, p. 96).

Desta forma, ressalta-se a importante do agir eficientemente, tendo em


vista que este princípio deve-se somar aos demais princípios, não podendo
sobrepor-se a nenhum deles, haja vista que a boa administração é aquela onde
haja o respeito dos limites legais e morais, aliados aos demais princípios
orçamentários, como a unidade, universalidade, discriminação ou
especialização, exclusividade, equilíbrio, orçamento bruto, não-afetação das
receitas, clareza e o da publicidade, todos já explicados neste trabalho.
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Sendo assim, a eficiência é um padrão de qualidade administrativa a ser


alcançado na gestão fiscal administrativa, na imposição de que o administrador
público atue pautado na celeridade, perfeição técnica, economicidade,
coordenação, controle e eficácia.

Outrossim, a elaboração orçamentária com a participação popular


deveria ser algo fundamental na elaboração do PPA, LDO e LOA, uma vez que
o Estado deve servir ao interesse público obrigatoriamente e, nesta ideia, este
estudo pondera a importância do agir eficiente por parte dos Administradores
Públicos
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REFERÊNCIAS

ANDRADE, I.B. de ; LIMA, M.C.M. Manual para elaboração e apresentação


de trabalhos científicos: artigo cientifico. Campos dos Goytacazes:
Fundação Benedito Pereira Nunes, 2007.

ARAÚJO, Inaldo da Paixão. Contabilidade Pública. 2. ed. São Paulo: Saraiva.


2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORAMS TÉCNICAS- ABNT. BBR 6022:


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