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Atividades

financeiras
do Estado:
Orçamentos
Públicos
Ortigara, Janes Sandra Dinon.
SST Atividades financeiras do Estado: Orçamentos Públicos /
Janes Sandra Dinon Ortigara.
Local: 2020
nº de p. : 12

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Atividades financeiras
do Estado:
Orçamentos Públicos

Apresentação
O Estado faz uso das receitas que arreda por meio dos tributos e das receitas
decorrentes de atividades econômicas que pode vir a realizar, inclusive, por meio
de empresas, parcerias, investimentos, etc. Os governantes devem seguir diversas
normas no uso dessas receitas.

Vamos abordar os conceitos de despesa pública que são os gastos do Estado


de uma maneira ampla. Seguido a isso, serão analisados aspectos relacionados
ao orçamento público no qual se definem a destinação das receitas a partir das
despesas do Estado.

Despesa pública
Assim como a receita, as despesas públicas são classificadas quanto à categoria
econômica em despesas correntes e despesas de capital.

Despesas correntes: são aquelas que não geram aumento do patrimônio, mas sim
a redução dele. Por exemplo: pagamento a pessoal militar, material de consumo,
serviços de terceiros e encargos diversos.

Despesas de capital: são aquelas que contribuem diretamente para a formação ou


aquisição de um bem. Por exemplo: investimentos em obras públicas, equipamentos
e instalações.

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Saiba mais
O ciclo pelo qual passa a despesa pública pode englobar diferentes
fases, o que é regulamentado pela legislação, que orienta como
realizar os empenhos.

O assunto é tratado na Lei nº 4.320/64, complementada pela Lei


nº 101 de 4 de maio de 2000, que trata da responsabilidade fiscal.
Assim, as despesas necessitam ser fixadas e o empenho efetuado
para, posteriormente, ocorrer a liquidação e o pagamento.

Para conhecer a Lei nº 4.320/64 acesse o link:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm

Para conferir as alterações complementar, acesse o link:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm

Vamos conferir agora como a receita e as despesas públicas se


comportam no orçamento público.

Orçamento público
O orçamento público, aqui tratado, é um pouco diferente daquele orçamento que
conhecemos do dia a dia doméstico: é um orçamento que engloba todo o governo.
Ele é muito mais, como coloca Fabretti (2011, p. 19): “No Estado de Direito, não
é mero documento de caráter contábil ou administrativo, mas sim poderoso
instrumento de política econômica e social que, para sua execução, depende da
correta e eficaz alocação dos recursos”. Assim, vamos ver aqui como o governo
arrecada e gasta o dinheiro.

É importante que tenhamos em mente que para que o orçamento público funcione
corretamente, é de suma importância que ele esteja de acordo com as leis
orçamentárias, previstas em nossa Constituição Federal de 1988.

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A Constituição Federal de 1988, em seu art. 165, indica a existência de três leis
orçamentárias, as quais se referem ao orçamento plurianual, a Lei de Diretrizes
Orçamentárias e ao orçamento anual.

Orçamento plurianual
Para realizar é preciso planejar, e no orçamento público não é diferente. O
planejamento de médio prazo realizado pelo governo está consolidado no orçamento
conhecido como Plano Plurianual (PPA) e deve ser elaborado a cada quatro anos,
no primeiro ano de governo, de modo que contemple as ações governamentais
desdobradas em programas e metas, representando um importante documento no
sistema orçamentário. É no planejamento do PPA que o governo define as grandes
prioridades nacionais e regionais para cada período de quatro anos.

O PPA é a resposta elaborada pelos diversos ministérios e órgãos dos poderes


Legislativo, Executivo e Judiciário, que planejam as suas propostas a partir das
demandas que recebem dos estados e municípios.

Manutenção em estradas contemplada no PPA

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

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Agora vamos imaginar a seguinte situação: Antônio planejou durante o ano tirar
férias com a família e viajar para o litoral para curtir o verão na praia e levar seu
filho mais novo para conhecer o mar. Durante esse período, Antônio e sua esposa
fizeram economias suficientes para ficarem uma semana em um hotel e cobrir os
gastos com comida e transporte. Mas nem sempre tudo sai como planejamos, não
é mesmo? Um dia antes da viagem, seu filho mais velho bateu o carro. Ao chegar
em casa, Antônio ficou desolado: sua prioridade, naquele momento, passou a ser a
reforma do carro e teve de deixar a viagem para outro momento. Ele sabe que, assim
que consertar o carro, a viagem de férias voltará para sua lista de prioridades.

No orçamento público também ocorre algo parecido: existe um planejamento de


médio prazo – o PPA –, mas ele deve ser ajustado anualmente para dar conta
de imprevistos, necessidades emergenciais etc. O planejamento anual é a Lei
Orçamentária Anual (LOA), mas, antes de fazê-la, o governo precisa dizer como vai
fazer esse orçamento, o que ocorre com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Lei de diretrizes orçamentárias – LDO


A Lei de Diretrizes Orçamentárias, conhecida como LDO, define as metas e
prioridades em termos de programas a executar pelo governo. Ela tem como
objetivo dizer como será feito o orçamento anual e quais são os gastos mais
importantes para aquele período.

LDO discutida e aprovada pelo Congresso Nacional

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

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A LDO é elaborada no Ministério do Planejamento com o apoio técnico do Ministério
da Fazenda. Ela traz uma série de regras para elaborar, organizar e executar o
orçamento anual. Também indica o reajuste do salário mínimo e quanto o governo
precisa poupar para pagar a sua dívida.

É a LDO que diz quais são as despesas mais importantes que o governo deve fazer
a cada ano, e, conforme definido no § 2 do art. 165 da CF de 1988, ela

[...] compreenderá as metas e prioridades da administração pública


federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro
subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá
sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de
aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. (BRASIL, 1988)

Veja como a LDO se relaciona com o PPA e a LOA na figura a seguir.

As três leis orçamentárias

Fonte: Elaborada pela autora (2014).

Assim, para efetivar as metas propostas no Plano Plurianual a partir das diretrizes
estabelecidas pela Lei de Diretrizes Orçamentárias, é elaborado o orçamento anual.

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Orçamento anual
O orçamento anual, conhecido como Lei Orçamentária Anual (LOA), é elaborado
todos os anos pelo Poder Executivo. É um instrumento constitucional de
planejamento operacional. O orçamento anual federal envolve bilhões de reais, mas
lembra muito bem o orçamento doméstico. Ele inclui toda a programação de gastos
da Administração Pública, como pagamento de despesas com saúde, pessoal,
aposentadoria, entre outros.

Planejamento orçamentário
Você já viu até aqui que o orçamento público, de acordo com a Constituição Federal
de 1988, compreende o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Na figura a seguir você poderá observar
como as três leis orçamentárias se comportam no processo de planejamento
previsto na Constituição.

Planejamento Orçamentário

Fonte: Elaborada pela autora (2014).

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Após o estudo sobre orçamento público, receitas e despesas, é importante que você
conheça o outro lado da moeda: o déficit orçamentário, ou seja, a dívida pública e
como ela é constituída.

Dívida pública
Dívida pública é quando o governo contrai uma dívida com entidades e com a
sociedade. O governo pega dinheiro emprestado para pagar parte dos seus gastos,
pois só a arrecadação de impostos não é suficiente.

A Lei Complementar 101, de 4 de maio de 2000, em seu art. 29, define e classifica
dívida pública como:

Dívida pública consolidada:

são as obrigações assumidas pelo governo, seja por contratos, seja em


virtude da lei, entre outras;

Dívida pública mobiliária:

são as dívidas representadas pela emissão de títulos, por exemplo, do Banco


Central ou dos estados e municípios;

Operações de crédito:

são aquelas dívidas geradas pela compra financiada de bens, abertura de


crédito etc.;

Concessão de garantia:

são as dívidas que o governo assume ao garantir os pagamentos, em dia, de


obrigações que os estados e municípios têm;

Refinanciamento da dívida mobiliária:

é a dívida que o governo faz ao refinanciar empréstimos, emitindo títulos.

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A dívida pública pode ser agrupada em:

• operação de crédito por antecipação de receita – é o empréstimo de curto


prazo, como, por exemplo, a arrecadação do ICMS de prazo definido;
• operações de crédito em geral – são os empréstimos de longo prazo como,
por exemplo, a compra de títulos de dívida ativa.
• Conhecemos até aqui como o Estado obtém receita e lida com as despesas e
a dívida pública, assim como o processo de elaboração do orçamento. Tudo
isso só pode ser validado se estiver de acordo a Lei de Responsabilidade Fis-
cal, que você verá a seguir.

Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)


Essa lei veio estabelecer normas de finanças públicas voltadas para refinar
a responsabilidade na gestão fiscal. A LRF, também conhecida como Lei
Complementar nº 101, de 2000, tem o objetivo de consolidar o controle dos gastos
de estados e municípios, que até então vinha sendo regido pela Lei nº 4.320, de
1964, e que fora disseminada pela nossa Constituição Federal de 1988. A Lei
Complementar vigora em todo o território nacional. As normas da LRF dispõe sobre:

• orçamento público: rigoroso equilíbrio entre receita e despesa;

• receita pública: previsão e arrecadação;

• despesas públicas: definições e limites;

• endividamento: limites;

• gestão patrimonial;

• transparência na gestão fiscal: escrituração, consolidação de contas,


relatórios, prestação de contas e fiscalização. (FABRETTI, 2011)

Atenção
Em alguns aspectos, as duas leis – a de 1964 e a de 2000, que
trata sobre a responsabilidade fiscal – entram em conflito. Nesses
casos, a tendência é contemplar a Lei Complementar, porque é
mais recente.

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Com base nisso, a Lei de Responsabilidade Fiscal traz importantes avanços, entre
eles:

• Consagra os princípios constitucionais;

• Introduz conceitos novos como os de responsabilidade e de


transparência;

• Consolida normas e regras já existentes;

• Estabelece limites a serem observados para os principais variáveis


fiscais e cria mecanismos que oferecem as condições para o
cumprimento dos objetivos e metas, bem como formas de correção
de eventuais desvios;

• Estabelece penalidades para as administrações fiscais, permitindo


que sejam imputadas responsabilidades pessoais a seus
administradores, conforme a Lei nº 10.028 de 19/10/2000. (GOMES,
2002)

Sem planejamento e orçamento não avançamos, nos perdemos no meio do caminho,


e, consequentemente, fica mais difícil chegar aos objetivos definidos.

Fechamento
Pudemos compreender mais sobre o modo pelo qual o Estado gasta suas receitas e
sobre o conceito de despesa pública, bem como a sua categorização.

Também entendemos sobre como a atividade financeira passou a ter mais


importância com as melhorias e ajustes da Constituição Federal de 1988, do
Código Tributário Nacional (CTN) e da Lei Complementar 101, de 2000, a qual
estabeleceram normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na
gestão fiscal.

Além do processo de elaboração do orçamento público que envolve o Plano


Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e o Orçamento Anual, assim como as
regras que envolvem a contração de dívida pública.

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Referências
BRASIL. Constituição Federal, de 1988. Brasília, DF. <Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acesso em: set
2020.

BRASIL. Lei nº 4.320, de 1964. <Disponível em http://www.planalto.gov.br/civil_03/


leis/l4320.htm> Acesso em: set 2020.

BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 2000. <Disponível em: http://www.planalto.


gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm> Acesso em: set 2020.

FABRETTI, L. C. Direito tributário para os cursos de Administração e Ciências


Contábeis. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

GOMES, C. R. M. Considerações sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal. 2. ed.


Natal: TCE/RN, 2002. v. 1.

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