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Resumos 2º frequência de Finanças Públicas

ORÇAMENTO DO ESTADO

É através do Orçamento de Estado que é fixada a utilização que será dada aos dinheiros
públicos. O Orçamento de Estado é uma previsão económica (ou plano financeiro) das receitas
e despesas do Estado para o período de um ano. É uma autorização política desse plano,
visando garantir, quer direitos fundamentais dos cidadãos, quer o equilíbrio e a separação de
poderes. Por fim, é uma limitação dos poderes financeiros da Administração para o período
orçamental.

O Orçamento de Estado é proposto pelo Governo, é aprovado pela Assembleia da República, é


executado pelo Governo e fiscalizado quanto à respetiva execução pelo próprio Governo, pelo
Tribunal de Contas e pela Assembleia da República.

O Orçamento de Estado é uma lei de valor reforçado, ou seja, prevalece sobre todas as
normas que estabeleçam regimes orçamentais particulares que a contrariem.

O Orçamento de Estado admite algumas variantes, sendo elas:

 Orçamento de gerência – contém o conjunto de cobranças e pagamentos realizados


num dado período. Como se reporta ao momento da cobrança e pagamento, engloba
as receitas que o Estado irá cobrar e as despesas que irá pagar durante o ano
 Orçamento de exercício – é o conjunto de cobranças e pagamentos resultantes de
créditos e dívidas nascidos num dado período. Reporta-se ao momento do
aparecimento, engloba os créditos e as dívidas que irão surgir a favor e contra o
Estado durante o ano, o que irá permitir saber se os créditos serão ou não suficientes
para cobrir as dívidas e, consequentemente, ter uma visão global da situação
financeira do Estado.

A atividade financeira do Estado encontra-se vertida no Orçamento do Estado no artigo 150 da


CRP, nos Orçamentos das Regiões Autónomas (artigo 227, nº1, alínea p) da CRP), e nos
Orçamentos das Autarquias Locais, nos termos do artigo 238, nº1 da CRP.

Diferença entre OE, Conta Geral de Estado e Balanço


No orçamento temos um documento onde se escreve as receitas que se preveem arrecadar e
as despesas que se preveem gastar.
A conta é um documento que vai permitir a registar a execução orçamental, é um documento
onde se vão descrever as despesas pagas e as receitas cobradas num determinado período
financeiro, a conta regista o passado. Através do registo das despesas vamos aferir da
fiscalização, portanto, na conta vai se registar as despesas que foram efetivamente pagas,
podem ser iguais às orçadas. O nosso valor de défice tem sido mais positivo, visto que o défice
desceu, isto explica-se pelo facto que as receitas que se contava receber foram muito maiores,
ou seja, a receita esperava-se render 500, mas, por exemplo, rendeu 1000. A conta geral de
estado é um documento contabilístico onde se regista as despesas efetivamente pagas e as
receitas efetivamente cobradas, há medida que o orçamento é executado vai se registando a
CGE.
O balanço é um documento contabilístico no qual se regista um património do Estado, é um
documento que tem uma validade momentânea. Costuma dizer-se que é uma fotografia, que
regista o ativo e o passivo. No balanço regista-se o ativo do Estado e o Passivo do Estado. Uma
alteração do balanço pode ter alteração no orçamento. O balanço é momentâneo, pois a
qualquer momento pode ficar desatualizado.

Orçamento Geral do Estado


Para definir o orçamento, que é o documento onde estão inscritas as receitas que se preveem
arrecadar e as despesas que se preveem realizar num determinado período financeiro, sendo
esta previsão objeto de uma autorização política (pelo Parlamento ou AR), fala-se de previsão
de receitas e de despesas pois o orçamento é elaborado todos os anos, para o período político
seguinte, que depois é aceite ou não pelo Parlamento e, posteriormente, publicada e entrando
em vigor a 1 de janeiro do ano subsequente. Dá-se uma previsão através da contabilização
dos gastos, tal como, dos recursos que vão cumprir as despesas, contudo, pode ser uma
previsão falível.

Embora seja o Governo a apresentar o OE, a verdade é que por falarmos de dinheiro público,
obrigatoriamente, essa previsão deverá merecer o consentimento dos representantes dos
cidadãos, ou seja, tem de ser aprovada pelo Parlamento ou AR sob pena de não entrar em
vigor. É uma previsão para determinado período de tempo.

Assim sendo, constitui a base da atividade financeira do Estado, as despesas e as receitas,


sendo assim um instrumento fundamental para as finanças públicas.
A partir do OE a administração pública, que executa este orçamento, vai ficar limitada aos
montantes e registos que estão descritos no orçamento.
Este é um instrumento de clarificação que acaba por estabelecer um limite aos poderes
financeiros da administração pública.

A atividade financeira do Estado encontra-se no OE no artigo 105 da CRP.

Processo orçamental
Inicia-se com a elaboração da proposta de orçamento, logo no início do ano em janeiro. O OE
é uma lei com valor reforçado, publicado no Diário da República. Há uma fiscalização para
ver se há uma correspondência entre a previsão e a execução, fiscalização realizada pela
administração pública, pela AR e pelo Tribunal de Contas.
O processo orçamental é então dividido em 3 grandes fazes:
- Elaboração;
- Execução;
- Fiscalização.
É uma lei especial pois tem leis muito próprias, pois é apresentada pelo Governo, mas tem
forma de lei, que será aprovada pela AR e, além disso, é uma lei de valor reforçado pois é uma
lei que condiciona as demais leis, as leis que estiverem no orçamento acaba por prevalecer
sobre as restantes matérias com valor financeiro.

Quanto à despesa…
O Orçamento pode ser elaborado de duas formas alternativas:

 sistema de gerência
 sistema de exercício.
No Sistema de Gerência olha-se para o momento de efetivação da despesa, o que é relevante
não é quando a despesa nasce, mas sim o momento em que ela vai ser paga, ou seja, se o
orçamento seguir este modelo, a despesa só vai ser registada quanto ao que se prevê pagar
naquele ano. Contém o conjunto de cobrança e pagamento realizados num dado período.
No Sistema de Exercício vai se olhar para a fase inicial de nascimento do crédito ou da divida,
no fundo preveem-se as cobranças e pagamentos resultantes de créditos e dividas nascidos
num dado período. Reportando-se ao momento do aparecimento, ele engoba os créditos e as
dividas que irão surgir a favor e contra o Estado durante o ano, permitindo saber se os créditos
serão suficientes para cobrir as dividas e, consequentemente, ter uma visão global da situação
financeira do Estado.

No fundo o sistema de gerência é muito útil pois nos ajuda a criar uma gestão para saber o
quê e quando é que se tem que pagar. O sistema de exercício é muito mais rigoroso porque
faz com que, quem assume uma divida, tenha de assumir nesse próprio ano como deve pagar.
O sistema de gerência é num ponto de vista mais eficaz, mas no ponto de vista da situação
financeira do pais o sistema de exercício é mais eficaz.

Quanto à receita…
Sistema de gerência – o Estado está a prever receber 10 milhões de euros em IRS em 2020,
nós sabemos, no entanto, que uma parte não vai ser liquidada pelos contribuintes, alguma
dela só vai ser paga em anos seguintes. Os 10 milhões que se pretendem arrecadar, 1 milhão
desses 10 milhões só entrará no cofre em 2021.
Nesta situação, vamos ter o nascimento do crédito quando é gerado o rendimento, ou seja, em
2020. Destes 10 milhões, vai ser 9 mil vão ser cobrados em 2020, mas havia 1 milhão que era
retardada a sua entrada (que será em 2021).

Sistema de exercício – momento do nascimento do crédito, a inscrição daquela receita afazer-


se-ia em 2020 pelo valor de 10 milhões.

Fenómeno da orçamentação – há uma legal e outra ilegal. Durante muitos anos, as regras que
regiam esta matéria permitiram que muitas receitas/despesas ficassem longe do orçamento,
significando que acabavam por gastar muito mais porque não havia qualquer controlo.

Orçamento do Estado
A primeira função do Orçamento de Estado é de relacionar as despesas com as receitas, ou
seja, tenho de fazer uma previsão onde todas as minhas despesas sejam correspondidas com
receitas.
A segunda função é a fixação da despesa pública. Apesar de se tratar de uma previsão, essa
previsão tem de ter alguma rigidez, de forma a estabelecer o melhor possível aquilo que se irá
traduzir na realidade. Para o orçamento funcionar a despesa deve ser fixa, ou seja, as receitas
fixadas no orçamento devem ser as únicas despesas que efetivamente se devem angariar, pois,
se assim não for, não haverá receita que cubra a despesa efetuada “a mais” do que o que era
suposto. Nada me impede que possa gastar menos do que o previsto, mas não posso gastar
mais do que o previsto.

 Há algumas previsões de Orçamento do Estado que, efetivamente, não correspondem


há realidade de despesas que o Estado tem durante o ano e, por isso, dá-se a meio do
ano um Orçamento Retificativo, que irá corrigir o Orçamento de Estado de forma a que
o Orçamento possa então cobrir as despesas que apareceram e que não estavam
previstas. Esta situação dá-se muitas vezes, relativamente à saúde.

Créditos Orçamentais – são as verbas de despesa descritas no orçamento e que constituem as


autorizações para gastar.

A terceira função é a exposição do plano do financeiro do Governo. Se tivermos um Governo


Liberal, a tendência será para que os impostos diminuam, se por outro lado, tivermos um
Estado Social, haverá mais despesa, devido ao maior número de prestações, logo mais
impostos. No fundo, quando o Governo vai elaborar o Orçamento deve ter como intenção
acolher no Orçamento as promessas a que se comprometeram na campanha eleitoral.

As autarquias e regiões autónomas têm orçamentos distintos, refletidos em Serviços


Integrantes e Fundos e Serviços Autónomos, estes dois integram o SPA (orçamento da
segurança social).

Lei de enquadramento orçamental


A última lei de enquadramento orçamental é a lei 151/2015 de 11 de setembro, só que em
bom rigor esta lei quase que não está em vigor, porque originariamente estabeleceu-se que o
artigo 3º e 20º a 76º desta lei só entrariam em vigor 3 anos depois, só que estes anos já
passaram e eles ainda não entraram em vigor, ou seja, voltou a ser promulgada. Ainda assim,
este é caraterizado por ser o documento chave do sistema de organização, apresentação,
debate, aprovação, execução, fiscalização e controlo do Orçamento do Estado. Lei do
enquadramento é diferente da lei do orçamento.
Nesta lei do enquadramento orçamental vem disciplinado o orçamento de Estado, estabelece
os procedimentos relativos à sua elaboração e organização.

Esta lei consagra um conjunto de regras e princípios que disciplinam o Orçamento do Estado e
estabelece os procedimentos relativos à sua elaboração e organização, discussão e aprovação,
execução e alteração, bem como ao correspondente controlo.

Contém princípios e regras orçamentais importantes a saber, que mais à frente serão
explicadas:

 Anualidade;
 Plenitude (unidade e universalidade);
 Equilíbrio (formal e material);
 Discriminação orçamental (especificação, não compensação e não consignação);
 Publicidade;
 Equilíbrio.

Como a totalidade desta lei 151/2015 não está em vigor, a lei que está em vigor é a lei
91/2001, mas não é utilizada a versão de 2001, visto que já foi revista e atualizada muitas
vezes, por isso, a versão que é utilizada é a de 2014. Ou seja, utilizamos a lei 41/2014 de 10 de
outubro, que é a lei 91/2001. A maior parte da matéria utilizada é a de 2014.
Princípios e regras orçamentais
A unidade e a universalidade integram a regra da Plenitude. A especificação, a não
compensação e a não consignação integram a discriminação orçamental. As regras da
plenitude e da discriminação orçamental integram as chamadas regras clássicas.

O equilíbrio orçamental, anualidade e plurianualidade são as regras novas.


A lei de enquadramento orçamental estabelece as regras e princípios que vão integrar o
orçamento

Recentemente, foram criados os novos princípios que foram acrescentados a estes. Atuam
como instrumento político de controlo dos orçamentos públicos.
Os princípios clássicos do Estado Liberal tinham a função de assegurar a manutenção das
funções governamentais do modelo liberal imposto ao Estado.
A Magna Carta de 1215 em Inglaterra, representa o marco formal desta tendência ao
estabelecer que qualquer tributo ou subsídio somente poderia ser instituído no Reino
mediante aprovação do Conselho do Reinado, ou seja, Parlamento.

Regra da plenitude que engloba a regra da unidade e da universalidade


Artigo 2º da LEO de 2015– dá uma definição geral da administração pública
Artigo 4º da LEO de 2015 – atribui o valor reforçado
Artigo 6º da LEO de 2015

O artigo 2 da lei 151/2015 fala do âmbito institucional. O artigo 3 ainda não está em vigor. O
artigo 4 atribui o valor reforçado à lei do orçamento. Artigo 6, 7 e 8 pertencem à lei nova e
estão em vigor.

A regra da unidade e da universalidade podem ser integradas na regra da plenitude. Estas


regras constam do artigo 9 da nova lei (2015) e é uma concretização do artigo 105 da
Constituição (o orçamento é unitário – só há um). Neste orçamento unitário, vão estar
previstas as receitas da administração central, ou seja, quando falamos do OE não falamos do
das autarquias locais ou das regiões autónomas, apesar de poder haver alguma ligação à
posteriori.
Ou seja, o orçamento deve ser só um (unidade) e tudo deve constar no Orçamento
(universalidade).
Apesar do orçamento da SS fazer parte do OE, ele é elaborado de forma separada porque as
contribuições têm regras especiais:

1. O OE engloba todas as receitas de administração central e da SS;


2. Quando falamos em administração temos de distinguir os serviços integrados (ex.:
hospital de st. António) e fundos autónomos (tem autonomia financeira, 2/3 é pago
com receita própria)

Regra da Unidade – há um único orçamento

Regra da universalidade – não só há um único documento, como este deve abranger a


totalidade das receitas que pretende arrecadar e a totalidade das despesas que se propõem
pagar num determinado tempo. Esta é muito importante porque a ideia é trazer para a luz do
dia todo e qualquer gasto público, bem como, todo e qualquer dinheiro público, para poder
controlar em que é que ela vai ser gasta.

O orçamento é unitário pois encontra-se num único documento, e é caraterizado de


universalidade pois integra todas as despesas e todas as receitas. Há uma grande preocupação
para que não haja despesas secretas, de modo a que não se dê o fenómeno da
desorçamentação.

Princípio da anualidade e plurianualidade


A anualidade reflete-se por a execução do Orçamento do Estado ser anual. A plurianualidade
reflete-se por num período de 4 anos, as despesas que estavam propostas serem executadas
durante o período do Governo eleito. A anualidade reflete-se pela votação anual do
orçamento, mas também pela execução anual do mesmo. A plurianualidade reflete-se em que
embora o orçamento seja votado anualmente, ele vai sendo executado no período do
mandato.
Artigo 14 da LEO de 2015 e artigo 106 da CRP

De acordo com o Princípio da Anualidade, incluem-se no Orçamento tanto todas as receitas a


cobrar como todas as despesas a realizar efetivamente durante o ano, independentemente do
momento em que juridicamente tenham nascido (orçamento de gerência), bem como todos os
créditos e débitos originados naquele período orçamental, independentemente do momento
em que se venham a concretizar (orçamento de exercício).

A elaboração dos orçamentos deve ser enquadrada na perspetiva plurianual, que for
determinada pelas exigências da estabilidade financeira e pelas resultantes das obrigações
decorrentes do Tratado da União Europeia.

Regra da Especificação – artigo 17 da LEO de 2015


Tem a haver com a classificação orçamental das regras e das despesas, corresponde à
obrigação individualizada de cada receita e de cada receita.

Em relação à despesa, temos uma classificação económica, orgânica, funcional e por


programas. Em relação às receitas temos apenas uma classificação económica por fonte de
financiamento.
A regra da especificação visa concretizar a finalidade do orçamento, ou seja, onde o Governo
se propõe gastar o dinheiro público. É uma ideia de individualizar a despesa e a receita.

A receita corrente é a que provém de rendimento do próprio período, a receita de capital


provém do aforro de particulares. A receita corrente são os impostos, a de capital são os
empréstimos.
Uma despesa corrente é uma despesa cujo gasto vai ser realizado direta ou indiretamente em
bens consumíveis, a despesa de capital os gastos vão ser feitos em bens duradouros. Os
salários dos funcionários são uma despesa corrente, as de capital são despesas feitas em bens
públicos.
A despesa está também sujeita a uma classificação orgânica que é sujeita a uma
hierarquização onde se vai fazer uma distribuição organizada por códigos, capítulos,
subcapítulos, e a cada um é distribuída uma parte da verba, é feita uma distribuição pelos
órgãos do ministério.
Classificação funcional da despesa é importante pois nos ajuda a identificar quais as áreas
privilegiadas e absolutas do Governo. Esta classificação vai permitir a quem vai aprovar o
orçamento quais as áreas privilegiadas que vão promover.
A classificação por programas é muito importante de forma a prevenir o desperdício.

Princípio da não compensação ou regra do orçamento bruto – artigo 15 da LEO de 2015


Este princípio diz que todas as receitas são previstas pela importância integral em que foram
avaliadas, sem dedução algum para encargos de cobrança ou de qualquer outra natureza.
A importância integral das receitas tributárias corresponde à previsão dos montantes que,
depois de abatidas as estimativas das receitas cessantes em virtude de benefícios tributários e
os montantes estimados para reembolsos e restituições, são efetivamente cobrados.

Princípio da não consignação – artigo 16 da LEO de 1015


A não consignação significa que as receitas públicas devem ser indiscriminadamente
destinadas à cobertura das despesas, não podendo haver receitas afetas, em especial, à
cobertura de despesas em particular.

Princípio do Equilíbrio Orçamental – artigo 9 da LEO de 2015 e artigo 105 da CRP

Equilíbrio formal – temos de olhar para o que é o logico. O orçamento relaciona despesas com
receitas e o total de despesas terá cobertura com as receitas, esse equilíbrio do ponto de vista
formal, o orçamento estará sempre equilibrado, não podendo falar de défice orçamental ou
superávite do ponto de vista formal, aqui a despesa total = receita total
Equilíbrio material ou substancial – significa que ao falar de equilíbrio falamos de igualdade
entre despesas e receitas, mas neste equilíbrio falamos de despesas e receitas especificas.
Aqui a igualdade não se verifica na totalidade, mas sim entre certas e determinadas despesas e
certas e determinadas receitas.

Artigo 20 da LEO de 2015 (não é um artigo vigente) – redução da divida e conceito de saldo
estrutural, artigo 12, b, c, etc., da lei antiga.

Défice orçamental – o défice não deve ultrapassar 3% do valor do PIB. Como se calcula esse
défice? Ao longo dos tempos houve várias concessões de equilíbrio. A definição que era
utilizada era o equilíbrio do orçamento efetivo, ou seja, o DE=RE, haveria défice quando
DE>RE, mas se aquela despesa efetiva não encontra cobertura em receita efetiva, então terá
que encontrar cobertura em receita não efetiva, ou seja, empréstimos. Despesa efetiva é
despesa que diminui o património do Estado, a receita efetiva é a que aumenta o património
do Estado. A despesa e receita não efetiva não alteram o património do Estado. Ao utilizar uma
receita não efetiva para cobrir uma despesa efetiva, estaríamos a prejudicar o património do
Estado. Vimos que o Orçamento de Estado engloba o Serviço de Administração Central, a S.
Social e Administração Regional e Local.

O equilíbrio orçamental comporta realidades diferentes, consoante as variáveis tidas em


conta. Desta forma podemos falar em:
 Saldo global – que corresponde à diferença entre as receitas totais e as despesas
totais, com exclusão dos ativos e passivos financeiros;
 Saldo de capital – é igual à diferença entre as receitas de capital e as despesas de
capital;
 Saldo primário – corresponde à diferença entre o saldo global e os juros e outros
encargos de dívidas;
 Saldo corrente primário – resulta da diferença entre as receitas correntes e as
despesas correntes, excluindo os juros de dívida.

O Serviço de Administração Central é a maior “fatia” do Orçamento de Estado, e este


relaciona-se com o saldo primário.
Saldo primário, que é o principal, é igual ao saldo global, mas tem a particularidade que às
despesas efetivas retiramos os juros da divida pública.
Na Segurança Social é o saldo global, nas regiões autónomas é o saldo global e nas regiões
locais é o saldo corrente.

Embora existam várias concessões de equilíbrio, o grosso dos serviços está sujeito ao saldo
primário. O problema do saldo primário tem a caraterística que implica sempre o aumento da
divida.

Atualmente, a concessão de equilíbrio que utilizamos é do saldo primário e do saldo global. A


base dos dois saldos é a igualdade entre as despesas efetivas e as receitas efetivas. Quando
falamos de défice orçamental e do conceito de equilíbrio estamos a falar de como se relaciona
a despesa. Falamos de saldo global quando a despesa efetiva iguala a despesa efetiva.

A receita total é composta pela receita efetiva e pela receita não efetiva, a despesa total é
composta pela despesa efetiva e pela despesa não efetiva, a receita total e despesa total dão
origem ao equilíbrio formal. A principal receita não efetiva é o empréstimo, a principal despesa
não efetiva é o reembolso dos empréstimos, os juros são despesa efetiva.
O equilíbrio formal vem no artigo 9º da LEO da lei antiga
Equilíbrio substancial artigo 23º, 25º e 28º da LEO antiga

As despesas efetivas diminuem o património financeiro, as receitas efetivas aumentam o


património financeiro.
Há défice quando a despesa efetiva é superior à receita efetiva, sendo que esta tem de ser
paga pelos empréstimos, o que irá contribuir para o aumento da divida pública.

Qual a diferença entre o saldo primário e saldo global?


Somos um pais altamente endividado e o maior problema são os juros da divida. Havendo
problema dos juros, num país fortemente endividado era difícil apresentar um saldo global,
sendo por isso que se criou o saldo primário. Por motivos políticos e para facilitar uma
concessão de equilíbrio criou-se a concessão de equilíbrio primário. No saldo primário, o que
acontece é que, a receita efetiva não tem de cobrir a despesa efetiva total, e porquê? Porque
vamos retirar da despesa efetiva os juros da divida pública, sabendo que os juros fazem parte
da despesa efetiva, então o que acontece é os empréstimos vão servir para pagar os juros da
dívida pública, então este equilíbrio primário vai sempre contribuir para o aumento da divida
pública, este tipo de saldo primário é importante pois nos permite arrecadar sempre créditos.
O saldo global puro faz com que o património do Estado não seja alterado, se houver
igualdade chega-se ao final do ano e o património continua igual. No fundo, o grande defeito
do orçamento efetivo é que altera o património do Estado e por isso dificulta a ação do Estado,
o saldo primário já permite contrair empréstimos pois permite défice.

Na administração local o saldo aplicado é o saldo corrente.

O saldo primário é menos racional que o saldo efetivo, mas por outro lado permite que os
juros possam ser pagos com novos empréstimos e não com receita efetiva.
Ao contrair empréstimos contraímos uma situação difícil e quem nos emprestou o dinheiro
colocou-nos juros muitos altos, então nós vamos contrair novos empréstimos para pagar os
empréstimos antigos, mas com taxas de juro mais baixos. Então a substituição de um
empréstimo por um menos oneroso vai fazer com que um dia os juros a pagar sejam menores
e por isso a divida reduza.

Processo Orçamental
Inicia-se no inico do ano. Vai ser elaborado durante o ano, é apresentado em outubro à AR
para ser promulgado e em janeiro é apresentado ao Presidente da República.

No dia 1 de janeiro começa a fase de execução orçamental.

Como se carateriza o orçamento em termos formais?

 É uma lei cuja competência pertence em exclusivo ao Governo, carece de ser aprovada
pelo Parlamento, se não for aprovada a lei do orçamento não pode vigorar.

O crescimento económico é decisivo, a base das previsões de orçamento é feita com base nele.

O conselho de finanças públicas é uma entidade administrativa independente profundamente


técnica, que dá credibilidade às propostas que são apresentadas pelo Governo.

Em termos de estrutura formal o orçamento é composto pelo articulado (regras de natureza


financeira e orçamental), por mapas orçamentais (especificações económicas, como despesas,
receitas, etc., eles fazem a classificação da despesa e receita em termos gerais para o ano
seguinte) e por demonstrações orçamentais e financeiras.

Regra da especificação – as despesas e receitas não devem ser vistas de forma global, mas sim
devem estar descritas de forma especificada, com classificação por programas, orgânica,
funcional e etc.

O processo orçamental ele inclui 3 fases: elaboração, execução e acompanhamento/controlo.

Elaboração do Orçamento
O OE é elaborado de harmonia com as Grandes Opções do Plano Anual (diretrizes votadas pela
AR – artigo 91 da CRP) e tem em conta as obrigações decorrentes de lei ou de contrato.

O OE, começa a ser preparado pelo Gabinete do Ministro das Finanças, em colaboração com as
Secretarias de Estado do Orçamento, dos Assuntos Fiscais e do Tesouro, a partir dos objetivos
e prioridades constantes dos programas macroeconómicos plurianuais, do Quadro Plurianual
de Programação Orçamental e das imposições resultantes do Pacto de Estabilidade e
Crescimento, processo que ocupa vários meses.

Este processo compreende o programa de estabilidade e crescimento (PEC), é um programa


que todos os EM estão obrigados a apresentar em Bruxelas, de forma a garantir que não
aconteça o passado e de forma a que as instituições europeias possam conhecer quais serão as
políticas dos Estado. Estabelecem as metas para o ano seguinte segundo as regras
orçamentais.

A elaboração integra o programa de estabilidade e crescimento, o quadro plurianual de


programação orçamental (onde se integram objetivos a implementar nos próximos 4 anos) e
as grandes opções do plano anual (são diretrizes a ser votadas pela AR).

Os diferentes organismos de administração pública dão um feedback sobre as propostas que


são apresentadas pelo OE para o ano seguinte.

Quando concluído, assume a forma de proposta aprovada pelos secretários de Estado que irá
posteriormente para o Conselho de Ministros, para discussão neste órgão e seguinte
aprovação, depois de aprovado no Conselho de Ministros, assume a forma de proposta de lei
do orçamento de Estado, vai dar-se a concretização de um valor para cada um dos ministérios
e será esta proposta de lei que irá para a AR.

Apresentação na AR para Discussão e Aprovação


Cumpre ao Governo, até 15 de outubro de cada ano, apresentar à AR a proposta de
orçamentos (artigo 36 da LEO de 2015). A AR tem 45 dias para a discutir e aprovar, artigo 38 da
LEO de 2015. A votação deverá efetuar-se até meados de dezembro para ser promulgada pelo
Presidente da República e entrar em vigor a 1 de janeiro.
Aqui, a AR pode:

 Aprovar pura e simplesmente a proposta que lhe foi apresentada;


 Aprová-la com alterações, o que traduz o direito de emenda parlamentar, mas só pode
fazer as alterações que se inscrevam no âmbito da Proposta apresentada pelo Governo;
 Deve sempre respeitar no processo a Lei de Enquadramento Orçamental, as Grandes
Opções do Plano, as leis e contratos que impõem obrigações ao Estado, os princípios
constitucionais e os instrumentos plurianuais;
 Rejeitar, caso em que se mantém em vigor o Orçamento do ano antecedente,
continuando a cobrar-se as receitas nele previstas e a fazerem-se, por duodécimos, as
despesas nele inscritas (artigo 58 da Lei de Enquadramento Orçamental)

Direito de emenda parlamentar – significa que a AR pode aprovar, mas com alterações, apesar
de que essas alterações não podem ser totalmente o contrário da proposta apresentada pelo
Governo, podem haver alterações, mas que sejam do mesmo âmbito, não é um direito
absoluto pois está condicionado à proposta.

Quando a proposta é rejeitada chega-se a 1 de janeiro sem Orçamento de Estado, e como o


orçamento é anual, há normas do orçamento do ano anterior que caducam, então o que se faz
é que o Estado irá continuar a exercer o orçamento do ano anterior, mas com muitas
limitações, pois um orçamento é só previsto durante um ano, e fazê-lo durar mais do que isso
dá ao Governo muitas limitações de execução, continua a cobrar-se as receitas do orçamento
anterior e por despesas por duodécimos nele inscritas.

Promulgação pelo Presidente da República


Cabe ao Presidente da República a promulgação e o envio para publicação das Leis da
Assembleia da República. A falta de promulgação provoca a ineficácia jurídica do diploma
respetivo (artigo 134, alínea b) da CRP).

O Presidente da República pode ou não promulgar. A promulgação significa que o Presidente


da República entende que a Lei Orçamental respeita a CRP.
Caso contrário, o PR pode vetar a Lei. O Presidente da República tem o poder e dever de
solicitar a fiscalização preventiva ou a fiscalização sucessiva, ou seja, na fiscalização preventiva
o orçamento não chega a entrar em vigor, na fiscalização sucessiva o orçamento entra em
vigor, mas se for comprovada a inconstitucionalidade toda a situação anterior tem de ser
reposta, ou seja, por exemplo, se houver cortes a situação tem de ser reposta como
anteriormente estava.

Publicação e entrada em vigor


Quando promulgada, a Lei do Orçamento do Estado é enviada para publicação no jornal oficial
que é o Diário da República, contendo a indicação de que entra em vigor o dia 1 de janeiro do
ano a que respeita.

Execução orçamental
O conjunto de atos e operações materiais de administração financeira levados a efeito para
cobrar as receitas e realizar as despesas previstas, ou para realizar os necessários
ajustamentos orçamentais.

Relativamente às receitas temos as entidades administrativas que tratam da liquidação e as


que tratam de cobrar as receitas. Como o nosso sistema é o de gerência, todos os créditos
orçamentais constituem autorizações de pagar durante o período financeiro (artigo 52 da LEO)

As despesas estão sujeitas à execução por duodécimos, ou seja, em cada mês ele só vai poder
gastar o duodécimo correspondente aquele mês, ou seja, se por exemplo tiver 1 milhão, em
cada mês só posso gastar 100 mil, mas se num mês só gastar 80 mil, no mês seguinte posso
usar os 100 mil correspondente a esse mês, mais 20 mil correspondente ao que sobrou do mês
anterior. O principio da execução por duodécimos tem como fundamentos duas razoes: 1º
evitar que quando esta prevista a verba anual, que logo no inicio do ano se concentrem muitas
despesas quando ainda não entrou receita, então é preciso que se faça uma distribuição
mensal dos recursos para não sobrecarregar os primeiros meses na tesouraria que ainda não
tem receita; 2º - evitar que se chegue ao fim do ano sem verba disponível para gastar

Cobrança das Receitas


Lei antiga do artigo 42, versão de 2014 - importante
Tipicidade qualitativa das receitas – consiste no princípio da legalidade das receitas,
condiciona a espécie das receitas, mas não o montante orçamentado. Por exemplo, se o
Governo se esquecer de pôr no orçamento quanto iria receber de IVA, isso iria impedir o
Governo de cobrar IVA nesse ano. Condiciona a espécie das receitas, mas não o montante
orçamentado.
Princípio da segregação das funções de liquidação e de cobrança das receitas – quem líquida
e quem cobra são entidades diferentes. É apontado um mecanismo de controlo, significando
que quem tem interesse na liquidação (repartição), não deve ser aquele que tem interesse em
cobrar.
Princípio da tipicidade qualitativa (artigo 52 da LEO) – apenas podem ser cobradas as receitas
que hajam sido expressamente autorizadas na Lei do Orçamento. Qualquer receita que não
tenha sido objeto de inscrição orçamental correta e/ou não esteja adequadamente classificada
não poderá ser cobrada.

Realização das despesas


Lei antiga do artigo 42, versão de 2014 – importante; e artigo 52 e seguintes da LEO
A despesa a realizar está condicionada ao valor do crédito orçamental, ainda que a despesa
esteja prevista, o valor não pode exceder o valor do crédito orçamental.
Legalidade – todo o facto gerador das despesas tem de respeitar as normas legais aplicáveis
Regularidade orçamental – a despesa deve estar inscrita no OE, na classe e com o quantitativo
respetivo, o qual funciona como teto orçamental, como por exemplo, o vencimento dos
funcionários públicos, ou seja, não se pode pagar um salário superior a um funcionário se não
tiver o valor previsto na lei para essa função
Cabimento – deve caber na correspondente dotação e estar adequadamente classificada, a
despesa não pode ultrapassar o valor do crédito orçamental
Execução por duodécimos – respeite em cada mês o montante duodécimo do crédito anual
Satisfaça exigências de economia, eficiência e eficácia – permita a obtenção do máximo
rendimento com o mínimo dispêndio

Se se tratar de uma despesa que tem uma receita articulada, não posso realizar a despesa se
não cobrar a receita.

Execução orçamental – artigo 58 da LEO


O Governo não pode transferir verbas de capítulo para capítulo e de função para função, ele
tem de ficar restrito às regras programáticas que o Parlamento aprovou.
Dotação provisional – há uma verba que está restrita ao ministério das finanças e cujo destino
não é concreto, ou seja, ela existe, mas é para despesas excecionais, como terramotos, etc.

Por exemplo, há um imposto da AR que está previsto no OE, a AR não pode eliminar esse
imposto pois estaria a comprometer a execução do OE. É verdade que o parlamento pode
introduzir alterações chamados de orçamentos retificativos, mas nunca de modo a diminuir a
receita e a aumentar a despesa, apenas pode aumentar a receita e diminuir a despesa.

Só Parlamento tem o direito de emenda parlamentar, direito que deve ser exercido durante a
discussão do Orçamento, sendo proibida qualquer iniciativa parlamentar, que incida sobre
aumento de despesas e diminuição de receitas, durante a vigência do Orçamento.

Controlo Orçamental – artigo 68 da LEO


A execução vai ser acompanhada por uma fiscalização. Fiscalização administrativa, política e
jurisdicional. O controlo administrativo é feito através dos serviços de administração pública,
internos ou externos, que vai emitindo relatórios. Jurisdicional é feito pelo tribunal de contas,
e a fiscalização política é feita pela AR.
A função do controlo orçamental:
À medida que a execução é realizada os partidos vão realizar os registos das liquidações e das
cobranças, e ver o que foi realmente efetivado conforme o que era previsto.
Nos serviços integrados, que não têm autonomia financeira, como não têm verba, têm de
pedir receita ao Estado, pois não têm receita própria que financie a sua despesa.
Assegurar o respeito pela legalidade, pela exatidão e correção financeira das operações
orçamentais e pelos sistemas de controlo financeiro.

Há 3 tipos de controlo. O que se pretende é apurar as receitas e despesas que se realizam


durante o ano, para esse efeito é realizado um controlo, controlo de carater administrativo,
jurisdicional pelo tribunal de contas, e político pela AR.
De acordo com o artigo 68 da LEO, as despesas e receitas devem ser cumpridas como previsto.
A cobrança do IVA e dos impostos este ano foi além do montante que estava previsto, ou seja,
foram cobrados mais do que o que estava previsto, mas se fosse o contrário e se ficasse
aquém, teria de se fazer um ajuste nas despesas que se iria realizar.
Se as previsões não se confirmarem, podem causar necessidade de ajustamentos.
A previsão plurianual permite escalar no tempo os projetos que se pretendem adotar.

O controlo orçamental tem como objetivos:

 Assegurar o respeito pela legalidade, exatidão e correção financeira das operações


orçamentais e pelos sistemas de controlo financeiro;
 Garantir a prossecução de uma boa gestão financeira, informada nos princípios da
economia, da eficiência e da eficácia;
 Responsabilizar quem o executa pela prática dos seus atos;
 Ajuizar o mérito e eficácia dos programas pré-estabelecidos.

Controlo Administrativo
- É realizado pela própria administração pública, sendo que vão proceder à execução do
orçamento. Esse controlo é feito previamente e também à posteriori
- Além da AP o conselho de finanças públicas é um órgão que foi criado, independente do
Governo, AR, etc., que faz uma análise das previsões e que vai emitindo relatórios sobre todos
os atos que vão ser apresentados pelo Governo. Este Conselho apesar de ser um órgão público
tem como garantir a transparência da política orçamental.

Controlo jurisdicional
- É efetuado pelo Tribunal de Conta, este acumula funções jurisdicionais e não jurisdicionais.
Compete-lhe julgar como os restantes tribunais, tem funções jurisdicionais pelo controlo da
fiscalização, e tem funções não jurisdicionais, como quando emite pareceres sobre as contas
do Estado.
O controlo jurisdicional vai incidir pelo documento elaborado pelos serviços administrativos
onde compara o orçamento elaborado e a conta. O tribunal de contas audita a legalidade das
contas e é um consultor qualificado da AR, ele tem uma classificação técnica especial. O
parecer emitido pelo tribunal de contas vai ser o documento de análise do controlo por parte
da AR.

Controlo político
Para a AR se poder pronunciar, vai receber o parecer do tribunal de contas a conta geral do
Estado, que vai permitir à AR analisar, e determinar as modificações políticas necessárias a
realizar.
O controlo político é exercido pela AR.

A conta geral do Estado


A conta compreende o conjunto das contas relativas às entidades que integraram o perímetro
do Orçamento do Estado, tal como definido no artigo 2 da LEO. Compreende também um
relatório, as demonstrações orçamentais e financeiras e é elaborada com o apoio das unidades
de contabilidade.
Cabe ao Ministério das Finanças elaborar a Conta Geral do Estado, contando para o efeito com
o apoio dos órgãos e entidades do setor público administrativo.
A Conta Geral do Estado é submetida a parecer do Tribunal de Contas.

Ela integra vários documentos:


- Um relatório – documento que contém a apresentação das contas, a análise da situação
financeira do Estado, a evolução dos principais agregados macroeconómicos, a execução e as
alterações do orçamento do Estado entre outras matérias;
- Mapas contabilísticos gerais referentes à execução orçamental – com informação as receitas
e das despesas efetivamente realizadas, da situação de tesouraria, revelando as cobranças e
pagamentos orçamentais, e movimentos e saldos das caixas de tesouraria;
- Elementos informativos – apresentados sob a forma de mapas, referentes às contas dos
subsetores dos serviços integrados, dos serviços e fundos autónomos e do sistema de
segurança social;
- Demais elementos que se mostrem adequados a uma prestação clara e completa das contas
públicas, como acumulados da dívida consolidada do Estado e os encargos com juros que lhe
estão associados;

A conta é apreciada pela AR, após parecer emitido pelo Tribunal de Contas.

Fiscalização do tribunal de contas


É um órgão jurisdicional, externo, dotado de independência e que não exerce apenas funções
jurisdicionais, dispondo de poderes não jurisdicionais que se traduzem pela fiscalização.
O Tribunal de Contas tem como poderes jurisdicionais:

 Julgamento de contas;
 Efetivação de responsabilidades financeiras.

Tem como poderes não jurisdicionais:

 Dar parecer sobre a Conta Geral do Estado;


 Dar parecer sobre as contas das Regiões Autónomas;
 Verificar as contas dos organismos, serviços ou entidades sujeitas à sua prestação;
 Realizar auditoria a algumas entidades (artigo 2);
 Fiscalizar a cobrança dos recursos próprios e a aplicação dos recursos financeiros
oriundos da EU;
 Emitir recomendações.
POLÍTICAS PÚBLICAS
Há necessidades que tem de ser satisfeitas e é necessário que o Governo estabeleça quais as
necessidades a satisfazer, e quais instrumentos adotar para satisfazer essas mesmas
necessidades.

Política, em geral, é a atividade social e arte dos homens para governar, com o objetivo de
alcançar o bem-estar coletivo de uma comunidade, de um grupo social ou de uma organização
humana.

Relevância das políticas públicas


A evolução verificada nas democracias ocidentais implicou e implica desafios enormes para o
conjunto de atores do setor público, de que cabe realçar:

 Redução dos défices orçamentais e das dívidas estruturais;


 Manutenção de uma certa capacidade de controlo político;
 Satisfação das cada vez maiores e heterogéneas exigências dos cidadãos quanto às
prestações que entendem estar a cargo dos poderes públicos;
 Lidar com a crescente concorrência entre as administrações públicas;
 Resolução de conflitos de redistribuições decorrentes de fenómenos de exclusão;

Política económica
É a atividade social que os Governos exercem sobre os recursos humanos e materiais da nação
para, através dos instrumentos da ciência económica, satisfazerem as necessidades coletivas
da sociedade. A política económica visa a resolução de problemas económicos e sociais
concretos, verificados em determinado tempo, lugar e contexto, através de determinados
instrumentos e atuações.
Dentro da política económica temos:

 Política Monetária;
 Política Cambial;
 Política Orçamental/Fiscal.

A política monetária e cambial deixou de pertencer aos países que fazem parte da UEM,
deixando de ter soberania sobre as mesmas, passando esta a pertencer ao BCE. Desta forma, a
política económica só constitui, atualmente, a política orçamental/fiscal, ainda assim com
muitas restrições, pois tem que cumprir as regras da EU.

Política Monetária
- Tem se em vista controlar a massa monetária, ou seja, a oferta de moeda na economia, pois
quando há muita moeda em circulação na economia há uma maior tendência para a inflação.
Estamos a ver o instrumento em que o ente público responsável por essa política vai manusear
a quantidade de moeda em circulação. Estamos a falar, na prática, em controlar a oferta de
moeda na economia

Política Cambial
- Tem a haver com o valor relativo das moedas. Em alturas de crise utiliza-se muitas vezes a
desvalorização económica da moeda. A política cambial facilita as exportações e dificulta as
importações, pois ao desvalorizar a moeda, é mais fácil a exportar pois os nossos bens são
mais baixos e não importamos pois é mais caro.

Política Orçamental/fiscal
- É o principal instrumento de política económica do setor público, concretizada através da
elaboração e organização do Orçamento do Estado, o qual demonstra quais as despesas
públicas e as receitas públicas a efetuar num determinado período de tempo.
- O exercício da política orçamental/fiscal classicamente está habitualmente dividido em 3
grandes funções:

 Eficiência alocativa – tem por objeto o fornecimento de bens públicos, financiado por
um sistema de contribuições pago ao longo do tempo de acoro com um orçamento de
despesa pré-estabelecido.
 Distribuição equitativa – visa corrigir os efeitos decorrentes dos custos e dos
benefícios obtidos de acordo com as regras do mercado.
 Estabilização – visa, juntamente com a política monetária, a estabilização
macroeconómica.

Uma política fiscal expansionista tem como objetivo estimular a procura global, sendo
utilizada, nomeadamente, quando a economia viver um momento recessivo e se mostrar
necessário estimular o seu crescimento. Tendo assim por objetivo, aumentar a produção e
reduzir o desemprego, recorrendo-se para o efeito a um aumento das despesas públicas ou a
uma descida dos impostos, que aumentam o rendimento disponível e estimulam o consumo.

Uma política fiscal contracionista tem como objetivo travar o crescimento da procura global,
devendo ser usada em períodos de expansão excessiva da economia, com valores da inflação a
escapar ao controlo. Está normalmente associada a superávite orçamentais. Ao diminuir a
procura global, a política fiscal restritiva reduz o emprego e produz um excesso de oferta de
bens, criando assim uma pressão deflacionária na moeda.

FINANÇAS PÚBLICAS DA UNIÃO EUROPEIA


A EU tem um orçamento, que como qualquer outro tipo de orçamento está sujeito a quadro
plurianuais, há a discussão de programas que têm uma margem mais alargada.
Na EU não existem empréstimos

Em que consiste o orçamento da EU? Que tipo de receitas e despesas devem estar nele
previstas?
O Orçamento da União Europeia é o documento que traça as receitas e despesas da União
Europeia e é elaborado anualmente. É o Conselho de Ministro, órgão de formação colegial que
reúne os ministros das finanças dos EM, que deliberando por unanimidade, após consulta ao
Parlamento Europeu, quem adota uma decisão que “estabelece as disposições aplicáveis ao
sistema de recursos próprios da União, em votação por unanimidade pelo Conselho Europeu
(artigo 311 e 312 do TFUE)

Há uma grande preocupação neste processo do orçamento que a decisão não seja apenas do
conselho de ministros, mas também aos cidadãos do EM – artigo 312 do TFUE

Orçamento da EU
A EU utiliza as administrações publicas de todos os EM para implementar as suas despesas. Daí
o orçamento da EU não é um orçamento pesado. Diferentemente do que acontece com os EM
a despesa da EU não é uma despesa com máquina administrativa da EU, a despesa é
sobretudo intervencionista.

O Orçamento cobre os gastos de funcionamento e os de intervenção dirigida à realização das


políticas comunitárias.
O orçamento da EU é um orçamento de intervenção pois não são verbas para pôr em
funcionamento, pois aproveitam da máquina administrativa dos EM para as implementar.

Contribuintes líquidos é diferente de beneficiários líquidos, ou seja, é quando além contribui


com X dinheiro, mas os beneficiários dessas contribuições não eram os que mais contribuíram.
Esta diferença vai levar a que haja uma remodelação sobre as prioridades, vai se salvaguardar
os recursos naturais. Esta preservação dos recursos naturais não é apenas uma aposta no país,
mas sim na EU como um todo, pois um problema ambiental por exemplo em Espanha, afeta
toda a Europa, devido à proximidade geográfica.

A principais componentes do Orçamento da EU são:

 A Política Agrícola Comum (PAC), que financia a política de preços e mercados e o


fomento do desenvolvimento rural;
 A intervenções/ações estruturais, que são fundos estruturais + fundo de coesão que
financiam a política regional e social de estruturas agrárias;
 As políticas internas;
 As ações exteriores, como ajudas a países menos desenvolvidos e outros países
terceiros e prevenção de conflitos a respeito de Direitos Humanos e Política Externa
de Segurança Comum;
 Gastos administrativos, como com pessoal, imóveis, etc.;
 Reservas, como emergências e garantias para empréstimos;
 As ajudas de pré-adesão e compensações.

Despesas
As despesas da União Europeia:

 São quase exclusivamente despesas de intervenção, ou seja, despesas operacionais,


utilizadas para financiar as atividades específicas no terreno. As despesas operacionais,
ou seja, as despesas com ações e políticas da União, representam no OE de 2018, 94% do
orçamento.
 As despesas de funcionamento são os salários e pensões dos funcionários da EU, e
despesas relativas a imóveis e equipamentos, tendo representado em 2018 apenas 6%
do OE.

Distribuição das despesas operacionais segundo a hierarquia atual:


- Crescimento sustentável;
- A preservação e gestão dos recursos naturais;
- A EU como ator global; - deve-se sempre afirmar como um ator principal no plano mundial, é
normal que haja verbas que se destinam a salvaguardar este ponto
- A cidadania e a liberdade, segurança e justiça.
Como é financiada a União Europeia?
As receitas sofreram uma evolução ao longo dos tempos. A EU é financiada com recursos
próprios, mas esses recursos próprios pertencem à EU, mas ela não cobra por si só nenhum
imposto.
O orçamento é financiado por 2 recursos próprios:
Tradicionais – direitos aduaneiros; direitos niveladores agrícolas e direitos sobre a ISO glicose
– estes seriam a principal forma de financiamento da EU
Novos – IVA e RNB, este último só deveria ser utilizado quando os outros não fossem
suficientes, ou seja, eram residuais e complementares, mas atualmente é totalmente ao
contrário, sendo o principal modo de financiamento.

Recursos tradicionais
Atualmente representam uma pequena parte. Os recursos tradicionais são cobrados por
operadores económicos pelos EM, por conta da EU e abrangem:
Direitos aduaneiros – provêm da pauta aduaneira comum, essa verba será canalizada pelo EM
para a EU, pois é um recurso próprio da EU, a titularidade pertence à EU, embora quem os
cobre são os EM.
Direitos niveladores agrícolas – para garantir o escoamento da produção agrícola europeia era
necessário estabelecer um nivelamento dos preços, para que estes não fossem muito mais
baixos do que os importados de outros Estados. A ideia é fazer com que no mercado agrícola a
produção agrícola europeia não estivesse muito penalizada relativamente à dos outros EM.
Quotizações sobre o açúcar e ISO glicose – direito sobre o açúcar, a isoglicose e o xarope de
inulina.

Recursos Novos
Recurso ao IVA – contribuição dos EM correspondente ao montante do IVA cobrado sobre
uma base harmonizada do IVA nos países da EU, com uma taxa de 0.5% desde 2004. A base do
IVA tomada em conta para cada EM, foi estabelecida em 50% do seu PIB a partir de 1999. O
IVA deixou de ser o principal recurso da EU, passando a representar 9.45% dos recursos
próprios em 2013.
Recurso RNB – imposto sobre o Rendimento Nacional Bruto de cada EM cuja taxa é uma
percentagem fixada anualmente pelo Orçamento da União.

Ao longo do tempo, a estrutura da despesa comunitária tem sofrido alterações significativas,


com destaque:

 A perda de importância relativa da política agrícola;


 O aumento do peso das intervenções estruturais, das políticas internas e das ações
exteriores e uma ligeira redução dos gastos administrativos.

Os recursos limitados e as despesas crescentes geram insuficiência financeira, que leva a:

 Conflitos entre as instituições comunitárias e os EM;


 Conflitos entre EM;
 Ampliação das discrepâncias sobre a definição das despesas prioritárias;
 Acentuação da desigualdade entre EM, em termos de benefícios e custos.

Caraterísticas do Orçamento da EU
 Orçamento operativo ou de intervenção, reflexo do exercício de funções próprias
transferidas pelos EM;
 Orçamento que desde de 1970 é financiado com recursos próprios;
 Orçamento de dimensão relativamente pequena;
 Orçamento que não pode incorrer em défice;
 Orçamento em que a autoridade orçamental é partilhada entre o Conselho de Ministros
e o Parlamento;
 Instrumento de análise imprescindível para o conhecimento da evolução do processo de
integração e compreensão de algumas políticas comunitárias.

Princípios básicos do Orçamento da EU

 Unidade – toda a receita/despesa deve constar no orçamento;


 Universalidade – inexistência de afetações/consignações ou compensações;
 Anualidade – todas as operações se referem ao período de 1 ano civil;
 Equilíbrio – receitas = despesas;
 Especialidade – os créditos têm de ter um destino e um objetivo específicos

Utilização das verbas do Orçamento da EU


As verbas do Orçamento da EU são utilizadas em domínios onde há interesse em pôr em
comum os recursos em benefício da Europa no seu conjunto, por exemplo:

 Melhorar as redes de transporte, energia e comunicação entre os países da EU;


 Proteger o ambiente em toda a Europa;
 Tornar a economia europeia mais competitiva a nível mundial;
 Ajudar os cientistas e investigadores a conjugar os esforços além-fronteiras;

Processo Orçamental

Processo de decisão – o Comité de Conciliação trabalha com base nas posições do Conselho e
do PE, e decide por maioria qualificada dos membros da delegação do Conselho e por maioria
absoluta dos membros da delegação do PE (artigo 314, nº5 do TFUE).

Temos então, duas hipóteses:

1. Conclusão dos trabalhos do CC sem acordo sobre um projeto comum: se no prazo de 21


dias acima referido, o CC não chegar a acordo sobre um projeto comum, a Comissão
deve apresentar um novo projeto de orçamento e o processo volta ao início (artigo 314,
nº8, do TFUE).
2. Conclusão dos trabalhos do CC com acordo sobre um projeto comum: se o CC chegar a
acordo sobre um projeto comum, este será transmitido aos dois ramos da autoridade
orçamental, que disporão de 14 dias para o aprovar (artigo 314, nº6 do TFUE). Assim
podemos ter como desfecho:

O orçamento é aprovado se:


1º - O PE e o Conselho aprovarem;
2º - O PE aprovar e o Conselho não deliberar;
3º - O PE aprovar e o Conselho rejeitar;
4º - O PE não deliberar e o Conselho aprovar;
5º - Nem o PE nem o Conselho deliberarem.

O orçamento é rejeitado se:


1º - O PE não deliberar e o Conselho rejeitar;
2º - O PE rejeitar e o Conselho aprovar;
3º - O PE rejeitar e o Conselho não deliberar;
4º - O PE e o Conselho rejeitarem

Execução Orçamental
A execução é assegurada pela Comissão e o orçamento pode ser alterado após a sua
aprovação. E m circunstâncias excecionais, a Comissão pode apresentar projetos de orçamento
retificados.
O controlo da execução faz-se a dois níveis:
Interno – por cada instituição com competência para gastar;
Externo – cabe ao Tribunal de Contas (quanto a aspetos legais) e ao Parlamento (quanto a
aspetos políticos)

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