Você está na página 1de 3

(III) Orçamento do Estado

18 de setembro de 2023 11:10

Sumário

Aula nº 3 de 2023/09/18
O orçamento do estado. Bibliografia: Capítulo I do Manual adotado.

De <https://sigarra.up.pt/fdup/pt/sumarios_geral.ver?pv_ocorrencia_id=524055&pv_turma_id=15880&pv_tipo_aula=T&pv_per_aula=2>

Orçamento = previsão (das receitas e das despesas)

No orçamento vamos ter o Governo (compete elaborar o orçamento). Orçamento é uma previsão das receitas e
despesas de um ano civil (1 de janeiro a 31 de dezembro); a questão das datas/periodicidade é importante.

O orçamento prossegue o interesse público/bem comum. Há uma organização económica do Estado para a
satisfação do interesse público; há a realização de despesas e para as fazer o Estado precisa de receitas. O Governo,
este ano, já vem planeando as receitas e despesas para 2024.

Em termos de legislação esta matéria olha para a CRP (arts.º 105.º e 107.º); o texto constitucional é objetivo e
preciso. O orçamento é um documento unitário, estruturado por programas e deve conter a descrição das receitas e
despesas do Estado. Ora, o Estado inclui a administração direta e indireta e isto ter por consideração o seguinte:
o orçameto é unitário; possui dentro do orçamento um capítulo autónomo dedicado à SS (não lhe retirando o
caráter unitário); fica fora do Orçamento do Estado as Regiões Autónomas, as autarquias locais e o setor
empresarial do Estado.

O orçamento das Regiões Autónomas e das autarquias locais são independentes.

Vamos falar, adiante, das receitas e despeas, autonomamente, mas diga-se que as despesas tem duas classificações:
classificação orgânica e funcional.

Despesas de classificação orgânica (porque diz respeito a um organismo) v. g. despesas do ministério da defesa
nacional.

Despesas de classificação funcional v. g. despesas ambientais, despesas relativas à educação.

Portugal, sendo um país da Zona Euro, há uma preocupação com o equilíbrio das Finanças Públicas (equilíbrio das
despesas e receitas); há uma preocupação com os excedentes orçamentais porque o objetivo é o equilíbrio
orçamental.

Enquadramento legal destas matérias

Para além da CRP temos a chamada Lei de Enquadramento Orçamental (LEO). O orçamento, preparado pelo
Governo anualmente, a sua disciplina e lógica é regulado pela LEO; a LEO define as regras como o orçamento, a
sua fiscalização, a sua execução.

Para além da LEO temos de ter em consideração a Lei de organização do Processo do Tribunal de Contas
(LPTC).

O orçamento do Estado é elaborado de harmonia com as grandes opções do plano; o Governo tem de ter uma
perspetiva plurianual - grandes opções do plano - e, por conseguinte, as grandes opções do plano é uma prospetiva
a médio prazo. As grandes opções do plano é um documento teórico e nele estão os grandes objetivos e as
prioridades do Governo.

O Governo é livre de executar a Lei de Orçamento mas despois, na execução, o Tribunal de Contas vai fiscalizar a
execução do Orçamento - fiscalização jurisdicional - bem como a AR - fiscalização política.

(6) Finanças Públicas Página 1


No que toca ao TContas; se o orçamento é a previsão a conta é o resultado. Na conta o Governo vai apresentar
todas receitas e as despesas. A Conta Geral do Estado é enviada para o TContas que vai elaborar um parecer sobre
a mesma.

Concentrando na LEO, esta vai definir todas as regras orçamentais (mas não só) que são aplicadas à administração
pública e à administração central e social. O setor da administração pública abrange todos os serviços -
administração central e SS. A SS não obstante ter um orçamento específico, entra ainda no Orçamento do Estado.
As Universidades têm um regime especial de autonomia administrativa e financeira (art.º 5.º da LEO).

Processo orçamental

Tem três fases (art.º 35.º da LEO):

(1) Apresentação pelo Governo do Programa de Estabilidade (ou, geralmente, a atualização do Programa) e da
apresentação da proposta de lei das Grandes Opções em Matéria de Planeamento e da Programação Orçamental
Plurianual - Lei das Grandes Opções - que toma por base o Programa de Estabilidade para os quatro anos
seguintes. É apresentado - o Programa de Estabilidade, para os quatro anos seguinte - à AR a 15 de abril - salvo
situação excecionais v. g. como a demissão do Governo ou situações de natureza eleitoral; de acordo com a docente
estas situações devem ser justificadas, porque temos direito à previsibilidade nas nossas vidas, e deve dar lugar a
responsabilidade política do Governo - (hoje, dia 18, já teve de ser apresentado até 15 de abril) para que esta - a
AR - o aprecie num prazo de dez (10) dias. Tem de enviar até final de abril à Comissão Europeia. A proposta de lei
das Grandes Opções deve ser apresentada, pelo Governo, à AR até 15 de abril tem de ser aprovada até 30 dias a
contar do dia da sua apresentação.

(2) O Governo vai elaborar e apresentar à AR até dia 10 de outubro, de cada ano, a proposta de lei do Orçamento
do Estado; esta proposta de lei deve ser acompanhada dos referidos dos documentos referidos no art.º 36.º da
LEO. Deve enviar, dentro deste prazo, à Comissão Europeia, salvo as situações previstas (situações muito
excecionais) no art.º 39.º da LEO

(3) Fase da votação; uma vez apresentada (após a data de entrada na AR) a 10 de outubro esta proposta de lei do
orçamento do Estado vai ser votada no prazo de cinquenta (50) dias após a sua admissão pela AR; discute-se e vota-
se na generalidade e discute-se e vota-se na especialidade (os Deputados vai ter a oportunidade de dar algumas
sugestões). Esta matéria encontra-se regulamentada no RAR (Regimento da Assembleia da República).

[Manual, até página 20]

Questões relativamente à introdução:

1. As finanças portuguesas são mais neutrais ou intervencionistas? Respondam, com base na estrutura da
organização económica constitucional portuguesa [Ir a Introdução - Estrutura Económica do Estado].

2. Em que imposto estabelece a Constituição o princípio da progressividade?

3. Exemplifique algumas das eventualidades cobertas pelo sistema de Segurança Social.

Principios das Finanças Públicas (princípios clássicos e princípios modernos) - nota: em termos de exigência, no que
toca a legislação avulsa, apenas releva os que constam do Manual de Finanças Públicas

Legislação

LEO

LPTC

Constituição da CRP

TFUE

PEC (Pacto de Estabilidade e Crescimento)

"Tratado Orçamental" (ou Tratado sobre a Estabilidade, Coordenação e Governação da União Europeia)

Princípios orçamentais

A política orçamental tem de ser prospetiva - numa base anual - mas numa base plurianual - lei das Grandes Opções
e Programa de Estabilidade, etc. - subordinada aos grandes princípios, tais como:

Princípios clássicos

(1) Princípio da unidade e universalidade: orçamentação das receitas e despesas, numa base anual, devem
ser orçamentadas num único documento, com exceção das receitas e despesas da regiões autónomas e
autarquias locais.

(2) Princípio da especificação: todas as receitas e despesas têm de ser descriminadas (a receitas que advém
do IVA, as propinas - que são taxas -, as receitas do IRS; as despesas devem ser descriminadas: despesas da
saúde, da educação, da defesa nacional, etc.).

(3) Princípio da não compensação: a receitas e as despesas devem ser inscritas com os seus montantes
ilíquidos não podem ser inscritas com deduções que sejam necessárias. Receita de IRS; o Estado para
arrecadar as receitas de IRS vai ter despesas (máquina burocrática); a Receita do IRS podia ser inscrita como
"receita líquida" - a receita do IRS menos as despesas para a sua arrecadação.

(4) Princípio da não consignação e anualidade: significa, este princípio, que nenhuma receita pode ser
alocada especificamente à cobertura de uma determinada despesa; deve ser alocada indiscriminadamente às
despesas; tem havido bastantes exceções a este princípio e como eleitor deve-se exigir a proveniência das
receitas e quais as despesas serão feitas (parte da receita do IRS vai ser afeta à maternidade e paternidade [aqui
temos uma consignação ou afetação da receita a uma determinada despesa; o princípio clássico é, pelo
contrário do que tem vindo a suceder, o não consignação]) e há uma tendência a tornar este princípio num
diferente.

(5) Princípio da anualidade: a orçamentação das receitas e despesas é feita numa base anual, o ano
económico, coincidindo este com o ano civil.

Princípios modernos

(6) Finanças Públicas Página 2


diferente.

(5) Princípio da anualidade: a orçamentação das receitas e despesas é feita numa base anual, o ano
económico, coincidindo este com o ano civil.

Princípios modernos

(1) Estabilidade orçamental: implica a balança equilibrada; os Estados devem ter Orçamentos equilibrados.
A questão da "excedentariedade" (excedente orçamental) a posição da EU é a de uma balança equilibrada: as
receitas e despesas devem ser igual a zero. Hoje diz-se que é perfeitamente normal os Estados terem uma
balança excedentária.

(2) Princípio da sustentabilidade das finanças públicas (muito importante!): se o da estabilidade se centra
nos orçamentos anuais (nos deficits - despesa exceda a receita -; já a dívida nada mais é do que um acumular de
deficits), ou a acumulação de deficits, já este princípio preocupa-se com a dívida ("olhar para o futuro"); falamos
da sustentabilidade das finanças públicas.

(3) Princípio da solidariedade recíproca e (4) princípio da equidade intergeracional (muito importantes!)

(3) Princípio da solidariedade recíproca (definida no art.º 12.º da LEO): todos temos, na medida do
possível, contribuir (pagar impostos) e as despesas devem beneficiar a sociedade;

(4) Princípio da equidade intergeracional (art.º 13.º da LEO) - impõe justiça e equilíbrio das contas
públicas de modo a não onerar as gerações futuras (problema da Segurança Social).

(5) Princípio da economia, (6) princípio da eficiência e (7) princípio da eficácia: são princípios
essencialmente económicos por causa da quantificações que lhes é associada mas com pequenas variações;
[aparecem na alínea a) - economia - , b) - eficiência - e c) - eficácia - do Manual];

(5) Princípio economia - mínimo de recursos (racionalização) que a assegurar os padrões de qualidade do
serviço público;

(6) Princípio eficiência - alcançar mais produtividade utilizando o mínimo possível de despesa;

(7) Princípio eficácia - é uma especialização da eficiência; pressupões a eficiência mas pressupões que
utilizemos os meios mais adequados para atingir este desiderato fazendo isto de uma modo eficaz (meios com
que podemos alcançar).

(8) Princípio da transparência orçamental (definido no art.º 19.º da LEO): este princípio da transparência é
um mais abrangente; obriga o Governo a informar a AR, e outros órgãos e organismos, sobre a implementação e
execução dos programas à medida que o Orçamento é executado. As informações devem ser completas, atualizadas
e comparável internacionalmente.

São princípios de natureza financeira, económica, mas com relevância financeira

[Página 20]

Amanhã Orçamento, controlo de contas e (?)

(6) Finanças Públicas Página 3

Você também pode gostar