Você está na página 1de 23

Direito Financeiro: aspectos gerais

Sérgio Ricardo Freire de Sousa Pepeu

Publicado em 09/2014. GOSTOU?


Elaborado em 07/2014. 13

   
• DIREITO CONSTITUCIONAL
• DIREITO PROCESSUAL CIVIL
• DIREITO TRIBUTÁRIO
• DIREITO FINANCEIRO
Um olhar sobre os aspectos gerais do Direito Financeiro no Brasil.

Sumário: 1. Orçamento. Conceito e espécies. Natureza jurídica. Princípios orçamentários. Normas


gerais de direito financeiro (Lei n.º 4.320, de 17/3/1964). Fiscalização e controle interno e externo
dos orçamentos. 2. Despesa pública. Conceito e classificação. Disciplina constitucional dos
precatórios. 3. Receita pública. Conceito. Ingressos e receitas. Classificação: receitas originárias e
receitas derivadas. 4. Dívida ativa da União de natureza tributária e não-tributária. 5. Crédito
público. Conceito. 6. Dívida pública: conceito. 7. Finanças públicas na Constituição de 1988 8.
Bibliografia
 
1. Orçamento – Conceitos e espécies:
Conceito moderno de orçamento – Lei que contempla a previsão de receitas e despesas,
programando a vida econômica e financeira do Estado por um certo período (Régis Fernandes de
Oliveira).
O moderno orçamento caracteriza-se, pois, por ser um instrumento de planejamento. É um
instrumento dinâmico, que leva em conta aspectos do passado, a realidade presente e as projeções
para o futuro.
Espécies de orçamento:
a) Orçamento clássico ou tradicional: O orçamento tradicional ou clássico era aquele onde
constavam apenas a fixação da despesa e a previsão da receita, sem nenhuma espécie de
planejamento das ações do governo. Era peça meramente contábil – financeira, um documento de
previsão de receita e de autorização de despesas. Neste tipo de orçamento não havia preocupação
com a realização dos programas de trabalho do governo, preocupando-se apenas com as
necessidades dos órgão públicos para realização das suas tarefas, sem se questionar sobre objetivos
e metas.
b) Orçamento de desempenho ou por realizações: Uma evolução do orçamento clássico foi o
chamado orçamento de desempenho ou por realizações. Neste tipo de orçamento, o gestor começa a
se preocupar com o resultado dos gastos e não apenas com o gasto em si, ou seja, preocupa-se agora
em saber “as coisas que o governo faz e não as coisas que o governo compra”. Apesar de ser um
passo importante, o orçamento de desempenho ainda se encontra desvinculado de um planejamento
central das ações do governo.
c) Orçamento- Programa: O orçamento - programa foi introduzido no Brasil através da Lei 4320/64
e do decreto – lei 200/67. O orçamento – programa pode ser entendido como um plano de trabalho,
um instrumento de planejamento da ação do governo, através da identificação dos seus programas
de trabalho, projetos e atividades, além dos estabelecimentos de objetivos e metas a serem
implementados, bem como a previsão dos custos relacionados.
A CF/88 implantou definitivamente o orçamento-programa no Brasil, ao estabelecer a normatização
da matéria orçamentária através do PPA (Plano Plurianual), da LDO (Lei de Diretrizes
Orçamentárias) e da LOA (Lei Orçamentária Anual), ficando evidente o extremo zelo do
constituinte para com o planejamento das ações do governo, falaremos acerca do PPA, da LDO e da
LOA mais adiante.
d) Orçamento de base zero ou por estratégia: Técnica utilizada para a confecção do orçamento –
programa, consiste basicamente em uma análise crítica de todos os recursos solicitados pelos órgãos
governamentais. Neste tipo de abordagem, na fase de elaboração da proposta orçamentária, haverá
um questionamento acerca das reais necessidades de cada área, não havendo compromisso com
qualquer montante inicial de dotação. Os órgão governamentais deverão justificar anualmente, na
fase de elaboração da sua proposta orçamentária, a totalidade de seus gastos, sem utilizar o ano
anterior como valor inicial mínimo.
e) Orçamento-Participativo: O que se convencionou chamar de “orçamento-participativo”
caracteriza-se por uma participação direta e efetiva das comunidades na elaboração da proposta
orçamentária do governo. A iniciativa pode ser resumida na busca de uma decisão descentralizada;
na criação de conselhos populares, o que enseja a produção de opinião pública independente; faz
com que o cidadão desloque seu centro de atenção para questões locais; gera a consciência da
participação do cidadão; e dá nascimento a dois focos de poder democrático, um pelo voto e outro
pelas instituições diretas de participação. 
 
1.2 Natureza Jurídica:
A teoria mais adequada ao atual ordenamento jurídico brasileiro é a de Ricardo Lobo Torres que
indica que o orçamento é lei formal, que apenas prevê as receitas públicas e autoriza os gastos, sem
criar direitos subjetivos e sem modificar as leis tributárias e financeiras. Sendo assim, pode-se
afirmar que no Brasil, o orçamento é apenas AUTORIZATIVO. Os gestores só podem realizar as
despesas que estejam previstas no orçamento, mas a efetivação das despesas não é obrigatória só
pelo fato de estarem projetadas no orçamento. Exemplo: O governo colocou no orçamento do
próximo ano despesas referentes à construção de novas rodovias. Neste caso, trata-se tão somente
de uma intenção. No curso do exercício financeiro, antes de assinar qualquer contrato, o Governo
poderá desistir da obra[1].
Desta feita, o próprio ordenamento jurídico brasileiro trata o orçamento público como LEI (art. 165
da CF/88). É uma LEI:
a) TEMPORÁRIA (vigência limitada);
b) ESPECIAL (de conteúdo determinado e processo legislativo peculiar);
c) LEI ORDINÁRIA (aprovada por maioria simples).
à Não confunda: As três leis orçamentárias (PPA, LDO e LOA) são aprovadas por maioria simples e
tem vigência limitada. A lei que explica o procedimento para aprovação das três leis orçamentárias,
indicando o prazo e o conteúdo (art. 165 §9 da CF) é uma lei complementar que não possui vigência
limitada. Atualmente, esta lei, que trata das normas gerais de direito financeiro, é a lei
complementar 4.320/64.
1.3 Princípios Orçamentários:
 
a) Princípio da legalidade: não pode haver despesa pública sem a autorização legislativa prévia (art.
167, I e II da CF). São vedados, portanto, o início de programas ou projetos não incluídos na lei
orçamentária anual, bem como a realização de despesas ou assunção de obrigações diretas que
excedam os créditos orçamentários ou adicionais (exceção: abertura de
créditos extraordinários em situações imprevisíveis e urgentes por meio de Medida Provisória
(União) e Decretos (Estados, DF e Municípios).
b) Princípio da anterioridade ou precedência: o orçamento deve ser aprovado antes do início do
exercício financeiro. Exceção: créditos suplementares, especiais e extraordinários (art. 165, §8º e
167, V, §§2º e 3º da CF). Na prática, quase sempre é descumprido.
c) Princípio da universalidade: todas as receitas e despesas orçamentárias[2] devem estar
compreendidas no orçamento (Art. 165§8º da CF). Exceção: súmula 66 do STF que informa que é
legitima a cobrança de tributo se houver sido criado após o orçamento, mas antes do respectivo
exercício financeiro. Para alguns dá origem a um sub-princípio: Orçamento-Bruto, que indica que
todas as despesas e receitas constaram da lei orçamentária pelos seus totais, vedadas quaisquer
deduções (não pode, por exemplo, a União simplesmente colocar o total liquido de arrecadação do
IR nas receitas e “esquecer-se” da parte destinada aos Estados e Municípios).
d) Princípio da unidade: o orçamento é uno. O princípio não pode ser visto como documento único,
já que a CF prevê três leis orçamentárias (PPA, LDO e LOA), deve ser entendido como totalidade e
harmonia (compatibilidade) da LOA com a LDO e da LDO com o PPA.
e) Princípio da exclusividade: o orçamento não pode conter dispositivo estranho à previsão de
receita e à fixação de despesa. Exemplo: o orçamento não pode criar cargos públicos ou criar
tributos. Exceção: autorização para abertura de crédito suplementar e contratação de operações de
crédito, ainda que por antecipação de receita (tipo de empréstimo- art. 165,§8º da CF).
f) Princípio da não afetação de receitas (não-vinculação): é proibido vincular receitas
de impostos[3] a órgão, fundo ou despesa. Excetuam-se os recursos para a saúde ou ensino, a
prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita ou garantia ou
contragarantia à União e para pagamento de débitos para com esta ( art. 167, IV ). Nota-se que as
exceções são previstas expressamente pela própria Constituição Federal
g) Princípio da Anualidade ou periodicidade: é absolutamente imprescindível um novo orçamento a
cada período de 12 meses. Este período coincide com o ano civil, no Brasil.
h) Princípio da Especialização ou Especificação ou discriminação: é vedada a consignação de
dotações globais (gerais) para atender as despesas. A discriminação de despesas tem que ser dar, no
mínimo, por elementos. Exemplo: não é possível que o orçamento discrimine globalmente
“despesas para a manutenção de ensino” e não destrinche o item. É preciso que indique “despesas
com salários de professores”, “despesas pela compra de mobiliário”, dentro da despesa geral.
i) Proibição do estorno de verbas: São vedadas a transposição, o remanejamento ou a transferência
de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia
autorização legislativa, bem como a utilização, sem autorização legislativa, dos recursos de
orçamento fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas,
fundações ou fundos.
j) Princípio do equilíbrio: o orçamento deve ser aprovado com igualdade entre receitas e despesas (o
artigo 166 §8º da CF admite, excepcionalmente, nos casos lá listados, que possa haver um
orçamento com desequilíbrio positivo, ou seja, que existam receitas sem as correspondentes
despesas (jamais o contrário).                                                                                                                
1.4 Normas Gerais de Direito Financeiro (Lei 4.320 de 17/03/1964):
 
Ciclo Orçamentário e o Exercício Financeiro:
Elaboração à Apreciação e Votação à Execução à Controle.
- Elaboração: estudos preliminares em que são estabelecidas as metas e as prioridades, definição de
programas, de obras e as estimativas das receitas, sendo possível a discussão com a população e
entidades representativas (orçamento participativo). O MP, O Judiciário, O Legislativo enviam
propostas parciais quanto as suas despesas.
- Apreciação e Votação: cabe ao Poder Legislativo apreciar a proposta enviada pelo Executivo,
podendo emendá-la segundo certos critérios ou até mesmo rejeitá-la. Mesmo após  o final da
votação do orçamento poderá haver a votação de autorizações para a abertura de créditos adicionais.
- Execução: encerrado o processo legislativo, o Executivo terá até trinta dias para estabelecer a
programação financeira e o cronograma de execução de desembolso dos valores.
- Controle: depois de executada a despesa ou de forma concomitante a esta, caberá aos órgãos de
controle apreciar e julgar se a aplicação dos recursos públicos se deu nos termos previstos nas leis
orçamentárias.
Tipos de leis orçamentárias:

Lei
1.Plano Plurianual (PPA)
Orçamentária

2. Lei de Diretrizes Orçamentárias


            
(LDO)

             3. Lei Orçamentária Anual (LOA)

Lei Orçamentária
1. Orçamento Fiscal
Anual

  2. Orçamento de Investimentos

3. Orçamento de Seguridade
 
Social
 
Em primeiro lugar, destaque-se que não existe um orçamento nacional consolidado para todos os
entes da federação (União, Estados, DF e Municípios). Cada ente da federação tem o dever de
elaborar sozinho suas próprias leis orçamentárias.
Existem três leis orçamentárias (plano plurianual, diretrizes orçamentárias e orçamento anual art.
165 da CF ), de iniciativa do Presidente da República e que devem ser apreciadas pelas duas Casas
do Congresso ( art. 166 da CF ). Pode haver emendas pelo Congresso, mas há restrições do art. 166,
§3º da CF.
O plano plurianual (PPA) estabelece programas e metas governamentais de longo prazo (art.
165,§1°).
Características:
- Vigência: 04 (quatro) anos, começa a produzir efeitos a partir do segundo exercício financeiro do
mandado do chefe do executivo até o final do primeiro exercício do mandado subseqüente. Isto
ocorre para evitar que haja descontinuidade dos programas governamentais.
- Orienta as demais leis orçamentárias.
- Todo investimento que ultrapasse mais de um ano deve estar no PPA, sob pena de crime de
responsabilidade. Pode haver a inclusão de um novo investimento (não previsto inicialmente no
PPA) após a sua aprovação, por meio de uma lei específica.
- Prazo para envio: Na União, o envio deve se dar até quatro meses antes do encerramento do
exercício financeiro (31 de agosto) do primeiro mandato do presidente e o Congresso deverá
devolver para a sanção do Presidente até o encerramento da sessão legislativa (22 de dezembro).
A lei de diretrizes orçamentárias (LDO) é um instrumento de planejamento de curto prazo.
Características:
- Elaborado em harmonia com o PPA e orientará a elaboração da LOA.
- Estabelece as metas e prioridades da Administração, incluindo as despesas de capital, para o
exercício subseqüente.
- Disporá sobre as alterações na legislação tributária.
- Fixará as política de aplicação das agencias financeiras oficiais de fomento (políticas prioritárias
para o Banco do Brasil, BNDES, CEF, etc)
- Autorizará a concessão de qualquer vantagem ou aumento da remuneração de servidores, bem
como a admissão e contratação de pessoal a qualquer título na administração. Exceção: Empresa
Pública e Sociedade de Economia Mista não precisam desta autorização (art. 169 §1º da CF).
- Prazo para envio: Na União, O Presidente deve enviar ao Congresso Nacional a proposta da LDO
até 15 de abril (oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro) e o Congresso
devolverá para sanção do presidente até o fim do 1º período da sessão legislativa (17 de julho).
- A Lei de Responsabilidade Fiscal ( LC 101/01 ) exige que a LDO contenha anexo de metas fiscais
em que serão estabelecidas as metas anuais e serem implementadas no exercício financeiro a que se
refere a lei e nos dois seguintes.
A lei orçamentária anual corresponde, na verdade, a 3 sub-orçamentos:
a) Orçamento fiscal – de toda administração pública, direta e indireta (todos os poderes, MP,
TC, Autarquias, Fundações, EP e SEM) englobando a despesa e a receita de toda a União
para um exercício financeiro, menos os investimentos de empresas de empresas estatais e as
receitas e despesas relativas à seguridade social.
b)  Orçamento de investimentos - das empresas em que o Poder Público, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto (EP e SEM).
c) Orçamento da seguridade social (saúde, previdência e assistência social) – a existência de
um sub-orçamento específico é a garantia de que os recursos da seguridade não serão
desviados para qualquer fim.
Características:
- Tem que ser compatível com o PPA e a LDO.
- O governo só pode iniciar qualquer programa ou projeto se houver autorização específica na Lei
Orçamentária Anual (LOA).
- A CF exige que devem acompanhar a LOA um demonstrativo regionalizado sobre os efeitos da
concessão de anistia, isenção, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e
credentícia. (visa manter o equilíbrio nas contas públicas).
- A lei do orçamento conterá a discriminação da receita e da despesa de forma a evidenciar a política
econômica financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios da
Universalidades, Unidade e Anualidade. 
- - Prazo para envio: Na União, o envio deve se dar até quatro meses antes do encerramento do
exercício financeiro (31 de agosto) do primeiro mandato do presidente e o Congresso deverá
devolver para a sanção do Presidente até o encerramento da sessão legislativa (22 de dezembro) –
Idêntico ao PPA.
 
Processo Legislativo Orçamentário:
- A iniciativa do Processo Legislativo Orçamentário é privativa e indelegável do chefe do Poder
Executivo. A apreciação das leis orçamentárias pelo Poder Legislativo é também indelegável (não
pode ser alvo de lei delegada).
- Na União, a apreciação dos referidos projetos de leis orçamentárias, bem como dos projetos
relativos aos créditos adicionais (suplementares e especiais) será feita CONJUNTAMENTE pelas
duas casas do Congresso Nacional. A sessão é CONJUNTA, a apuração dos votos porém se darão
de forma SEPARADA (exige a aprovação em cada uma das casas por maioria simples)[4].
- Emendas às leis orçamentárias – devem ser apresentadas à Comissão Mista Permanente[5] de
Deputados e Senadores que emitirá um parecer e após remeterá ao plenário das duas casas[6].
- No transcurso da apreciação, pode o Presidente encaminhar mensagem retificadora da proposta,
ela, porém, só será apreciada se não iniciada a votação, na comissão mista, da parte que se pretende
alterar. De resto, as leis orçamentárias obedecem ao processo comum (sanção, veto, etc).
 - Não-envio da Lei Orçamentária{C}[7]:Se na receber a proposta orçamentária no prazo fixado, o
Poder Legislativo considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente.
- Rejeição das Leis Orçamentárias: é praticamente um consenso na doutrina que O PPA e a LDO
não podem ser rejeitados porque a CF não previu esta possibilidade (art. 35 do ADCT).
Quanto à LOA há possibilidade expressa de rejeição pela CF (art. 166§8º). Neste caso a aplicação
de recursos públicos se dará por créditos suplementares (rejeição parcial) ou especiais
(rejeição parcial ou total).
- Não-devolução da Lei Orçamentária: é situação não regulada pelo ordenamento
jurídico atual.  A CF antiga indicava que o executivo promulgaria o seu projeto como se fosse lei.
Hoje, as LDOs vem tratando do assunto, indicando que o executivo fica autorizado a gastar 1/12 da
proposta que está tramitando.

CF (Art. 166)    

Comissão Mista
Projetos de Lei -> Plenário do Congresso Nacional
Permantente ->

Parecer -> Emendas -> Sessão Conjunta - Regimento Comum -


PPA
Redação Final Apuração de Votos em Separado

LDO        "                          "

LOA        "                          "

Créditos        "                          "


CF (Art. 166)    

Suplementares

Créditos
       "                          "
Especiais
 

CF (Art. 62)          

Medida
Comissão Plenári
Provisória Plenári
Mista o da
*Crédito CCJ   Câmara-> CCJ     Senado -> o do
Permanent Câmar
Extraordinário- Senado
e -> a ->
>

Exame da Exame da
  Parecer Constitucionalidad   Constitucionalidad  
e e
 
Créditos Adicionais:
INDICAR A
AUTORIZAÇÃO ABERTURA E
TIPOS FINALIDADE VIGÊNCIA PRORROGAÇÃO FONTE DE
LEGISLATIVA INCORPORAÇÃO
RECURSOS

Necessidade de No
Decreto do Executivo:
Reforçar autorização exercício
incorporam-se ao
despesas já legislativa; em que
SUPLEMENTARES orçamento , adicionando-se Improrrogável SIM
previstas em autorização na foi aberto
à dotação orçamentária a
orçamento própria LOA ou (até
que se destinou reforçar.
em lei específica 31/12)

Só para o exercício
seguinte quando o ato
de autorização tiver
Decreto do Executivo:
No sido promulgado nos
Atender a incorporam-se ao
exercício últimos 04 (quatro)
despesas Necessidade de orçamento, mas conservam
e que foi meses do exercício.
ESPECIAIS NÃO autorização em sua especificidade, SIM
aberto Nesse caso, os saldos
previstas em lei específica demnstrando-se a conta
(até são incorporados, por
orçamento dos mesmos
31/12) decreto, ao orçamento
separadamente.
seguinte (créditos
com vigência
plurianual).

EXTRAORDINÁRI Atender a Independe Na União, a abertura se dá No Só para o exercício NÃO


OS despesas por meio de Medida exercício seguinte quando o ato
imprevisíveis Provisória. Nos Estados, em que de abertura (MP ou
e urgentes DF e Municípios, a foi aberto Decreto) tiver sido
INDICAR A
AUTORIZAÇÃO ABERTURA E
TIPOS FINALIDADE VIGÊNCIA PRORROGAÇÃO FONTE DE
LEGISLATIVA INCORPORAÇÃO
RECURSOS

abertura se dá por Decreto


do Executivo ou por
Medida Provisória, se
houver previsão na
Constituição do Estado ou editado nós últimos
na Lei Orgânica do 04 (quatro) meses do
Município. Se a abertura exercício. Nesse caso,
(Ex: guerra,
ocorrer por meio de os saldos são
calamidade, (até
Decreto, este deverá ser incorporados, por
comoção 31/12)
enviado imediatamente ao decreto, ao orçamento
interna)
Legislativo. Incorporam-se seguinte (créditos
ao orçamento, mas com vigëncia
conservam sua plurianual).
especificidade,
demonstrando-se a conta
dos mesmos
separadamente.

 
1.5 Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos
 
-  Dispõe o artigo 70 da CF: “a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo controle interno de cada Poder.”
-Características:
- a fiscalização abrange entidades da administração direta e indireta;
- legitimidade: abrange a análise se foi atingido o real atendimento das necessidades públicas: passa
a ser admitido o exame do mérito, se as práticas utilizadas alcançaram o seu fim.
- subvenções: são auxílios prestados a entidades públicas ou privadas sem finalidade lucrativa para
a consecução de atividades de interesse relevante ou público.
- Tipos de controle:
a) Controle Interno: está previsto no artigo 74 da CF: “Os Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I-
avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas
de governo e dos orçamentos da União; II- comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e
entidades da administração federal, bem como o da aplicação de recursos públicos por
entidades de direito privado; III- exercer o controle das operações de crédito, avais e
garantias, bem como dos direitos e haveres da União, IV – apoiar o controle externo no
exercício da sua missão constitucional.
Características:
- Incube, internamente, a cada um dos poderes constituídos.
- O controle interno poderá ser prévio, concomitante  ou subseqüente em relação aos atos
praticados.
- Estão obrigadas as prestações de contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada que
utilize, arrecade, gerencia, administre dinheiro, bens e valores públicos da União ou que esta
responda pela sua utilização.”
b)  Controle externo: o controle externo é feito pelo Poder Legislativo, com o auxílio do
Tribunal de Contas.
 
2. Despesa pública. Conceito e classificação. Disciplina constitucional dos Precatórios
 
-Conceito: A despesa pública corresponde aos desembolsos efetuados pelo Estado para fazer face às
suas diversas responsabilidades junto à sociedade.
- Classificações:
1.  Orçamentária e Extra-orçamentária

 
a) Orçamentária é a despesa que decorre da lei orçamentária e dos créditos adicionais.
b) Extra-orçamentária é a despesa que não decorre da lei orçamentária e dos créditos
adicionais, corresponde à saídas de numerários resultantes de depósitos, cauções,
pagamentos de restos a pagar, consignações, resgate de operações de crédito por antecipação
de receita (ARO), tem como característica principal a transitoriedade.
 
2. Segundo à categoria econômica (Classificação da Lei 4.320/64):
 
a) {C}Despesas correntes: são os gastos de natureza operacional que se destinam à
manutenção e ao funcionamento dos serviços públicos, que em regra são realizados pela
Administração Pública. Via de regra, não trazem acréscimos ao patrimônio público.
b)  {C}Despesas de Capital: são os gastos realizados pela Administração Pública em
investimentos, inversões financeiras e transferências de capital. Implicam, via de regra, em
acréscimo do patrimônio público.
Estágios da Despesa Pública: Empenho à Liquidação à Pagamento.
Disciplina constitucional dos Precatórios:
 - Precatórios: são requisições de pagamentos decorrentes de dívidas do poder público reconhecidas
por decisão judicial com trânsito em julgado.
- Ante o princípio da impenhorabilidade dos bens públicos[10], existirá todo um procedimento
especial para se efetuar a execução contra a Fazenda Pública. A este procedimento se deu o nome de
precatórios.
- O pagamento se dará por meio de duas listas, em que o pagamento se dá na ordem cronológica de
apresentação dos precatórios (quem ganha a ação antes, fica “primeiro” na fila)
- A primeira lista é a convencional. A segunda lista abrange os créditos de natureza alimentícia., ou
seja se o seu crédito for decorrente de obrigação alimentar (ex: pagamento de salários de
funcionários públicos) irá para uma lista especial, em que por ser teoricamente menor, se terá uma
vantagem.
- A Constituição Federal indica que é obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito
público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em
julgado, constantes de precatórios judiciais, apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento
até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.
- Só caberá seqüestro de quantia se houver preterição na lista de pagamento (pagar pessoa que esteja
situada em lugar pior na lista).
- Cometerá crime de responsabilidade, o Presidente do Tribunal que por ato omissivo ou comissivo
retardar ou tentar frustrar a liquidação regular do precatório.
- o STF já decidiu que o ente político que atrasa ou suspende o pagamento de precatório (ou seja
descumprimento de decisão judicial oriunda do Presidente do Tribunal) não terá procedente contra
si o pedido de intervenção federal, pois o descumprimento não é voluntário, mas sim fruto da
inexistência de recursos.
3. Receita pública. Conceito. Ingressos e receitas. Classificação: receitas originárias e receitas
derivadas
 
Conceito: O Estado para fazer face as suas obrigações, necessita de recursos que podem ser obtidos
junto à coletividade ou através do endividamento público. O conjunto destes recursos é que nos
chamamos de receita pública. É através dela que o Estado poderá atender às diversas demandas da
sociedade, como saúde, educação e segurança.
Ingressos e Receitas:  Todo e qualquer dinheiro que ingressa para os cofres públicos seja a que
título for, denomina-se entrada ou ingresso (ex: empréstimos compulsórios, operações de crédito
por antecipação de receita, cauções como garantia da proposta de licitação).  Ao ingresso definitivo
do dinheiro nos cofres públicos, como acréscimo permanente ao patrimônio público, não estando
sujeito à devolução, dá-se o nome de receita (ex: impostos, taxas, contribuições de melhoria,
multas).
Classificação: receitas originárias e receitas derivadas.
Receitas originárias (ou de economia privada ou de direito privado): a receita originária
decorre da exploração pelo Estado, de seus próprios bens. O Estado participa da atividade
econômica através da cobrança de preço ou tarifa, que é a contraprestação paga pelos
serviços prestados pelo Estado ou decorrente da exploração do seu patrimônio (inclusive
alienação de bens públicos). É uma receita voluntária, espontânea e volitiva.
Receitas derivadas: a receita derivada provém do constrangimento sobre o patrimônio do
particular. É o jus imperium em ação. Ex: multas, impostos, taxas, contribuições de
melhoria, reparações de guerra, confisco e perdimento de bens.

TARIFA OU PREÇO TAXA

NÃO é receita tributária. É espécie de tributo.

Receita Originária. Receita Derivada.

Ato de vontade bilateral, independe de lei. Instituída e Majorada por LEI.

Dotada de voluntariedade. INDEPENDE de vontade, é COERCITIVA.

NÃO se submete ao princípio da anterioridade Obediência à anterioridade.

Natureza contratual. Natureza legal-tributária.

A cobrança só ocorre com o uso do serviço. O serviço à disposição autoriza a cobrança.

Exemplo: Receita de um aluguel de imóvel Ex: Taxa de fiscalização e controle


público. ambiental.
*Pedágio -> Terá natureza de taxa, se a utilização do serviço for compulsória (RE 181.475 do STF).
4. Dívida ativa da União de natureza tributária e não-tributária
 
-A Dívida Ativa da União é uma espécie de crédito público, cuja matéria é definida desde a Lei
4320/64, sendo sua gestão econômica, orçamentária e financeira resultante de uma conjugação de
critérios estabelecidos em diversos outros textos legais.
- Os créditos devidos à Fazenda Pública, quando já exigíveis pelo transcurso de prazo, sem
pagamento, serão inscritos, como Dívida Ativa, após apurada a sua liquidez e certeza.
- A Dívida Ativa da União é dividida em dois tipos que estão previstos no artigo 39 da Lei 4.320/64:
 
- Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza, proveniente de obrigação
legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas.
- Dívida Ativa não Tributária são os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes
de empréstimos compulsórios[12], contribuições estabelecidas em lei, multa de qualquer origem
ou natureza, exceto as tributárias, foros, laudêmios, alugueis ou taxas de ocupação, custas
processuais, preços de serviços prestados por estabelecimentos públicos, indenizações, reposições,
restituições, alcances dos responsáveis definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes
de obrigações em moeda estrangeira, de sub-rogação de hipoteca, fiança, aval ou outra garantia, de
contratos em geral ou de outras obrigações legais.
- A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional (gestão
administrativa e judicial).
 
5. Crédito Público. Conceito:
 
Crédito Público consiste em um dos meios de que se utiliza o Estado visando a obter recursos para
cobrir as despesas de sua responsabilidade. Diferencia-se das receitas derivadas (tributos), por
exemplo, pois diferentemente destas, são simples ingressos de recursos em caixa, gerando uma
contrapartida no passivo (gera dívida). Geram a obrigação de restituição do valor recebido acrescido
de juros[13]. Para a maioria da doutrina, é chamado, também, de empréstimo público, tendo
natureza CONTRATUAL.
 
6. Dívida Pública. Conceito:
 
Dívida Pública é uma decorrência natural dos empréstimos. Significa o conjunto de compromissos,
de curto ou longo prazos, assumidos pelo Estado com terceiros, nacionais ou estrangeiros.
Compreende os juros e a amortização (pagamento do débito principal) do capital devido pelo
Estado.
 
7. Finanças Públicas na Constituição de 1988:
 
Principais dispositivos acerca das finanças públicas na Constituição Federal de 1988
 
Normas gerais: artigo 163 e artigo 164 da Constituição Federal:
 
Art. 163. Lei complementar disporá sobre:
I - finanças públicas;
II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais
entidades controladas pelo Poder Público;
III - concessão de garantias pelas entidades públicas;
IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;
V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 40, de 2003)
VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios;
VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União,
resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao
desenvolvimento regional.
Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo
banco central.
§ 1º - É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao
Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira.
§ 2º - O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional,
com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros.
§ 3º - As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público
e das empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os
casos previstos em lei.
Orçamentos: artigo 165 até artigo 169 da Constituição Federal:
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.
§ 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,
objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas
decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.
§ 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração
pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a
elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e
estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.
§ 3º - O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, relatório
resumido da execução orçamentária.
§ 4º - Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão
elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional.
§ 5º - A lei orçamentária anual compreenderá:
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a
maioria do capital social com direito a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da
administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder
Público.
§ 6º - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito,
sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de
natureza financeira, tributária e creditícia.
§ 7º - Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual,
terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional.
§ 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da
despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e
contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.
§ 9º - Cabe à lei complementar:
I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano
plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual;
II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem
como condições para a instituição e funcionamento de fundos.
Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento
anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma
do regimento comum.
§ 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:
I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas
anualmente pelo Presidente da República;
II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos
nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da
atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art.
58.
§ 2º - As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá parecer, e
apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional.
§ 3º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente
podem ser aprovadas caso:
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa,
excluídas as que incidam sobre:
a) dotações para pessoal e seus encargos;
b) serviço da dívida;
c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou
III - sejam relacionadas:
a) com a correção de erros ou omissões; ou
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.
§ 4º - As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas quando
incompatíveis com o plano plurianual.
§ 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor
modificação nos projetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão
mista, da parte cuja alteração é proposta.
§ 6º - Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual
serão enviados pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, nos termos da lei
complementar a que se refere o art. 165, § 9º.
§ 7º - Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que não contrariar o disposto nesta
seção, as demais normas relativas ao processo legislativo.
§ 8º - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária
anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante
créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa.
Art. 167. São vedados:
I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;
II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos
orçamentários ou adicionais;
III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital,
ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa,
aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta;
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do
produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos
para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para
realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts.
198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de
receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação
dos recursos correspondentes;
VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de
programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;
VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;
VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e da
seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos,
inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º;
IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa.
X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação
de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de
despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195, I, a, e II,
para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência
social de que trata o art. 201. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 1º - Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado
sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de
responsabilidade.
§ 2º - Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem
autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele
exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do
exercício financeiro subseqüente.
§ 3º - A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas
imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública,
observado o disposto no art. 62.
§ 4.º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se referem os arts.
155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de
garantia ou contragarantia à União e para pagamento de débitos para com esta. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos
suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério
Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na
forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º. Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos
e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a
qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações
instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas: (Renumerado do parágrafo único,
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal
e aos acréscimos dela decorrentes; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas
públicas e as sociedades de economia mista. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação aos
parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou
estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos
limites. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na
lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
adotarão as seguintes providências:  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de
confiança;  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - exoneração dos servidores não estáveis. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o
cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá
perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade
funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização
correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a
criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro
anos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no §
4º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
8. BIBLIOGRAFIA
1.CHIMENTI, Ricardo Cunha. Direito Tributário. 16ª Edição, Ano 2013, Ed. Saraiva
2.OLIVEIRA, Regis Fernandes de. Manual de Direito Financeiro. 6ª Edição, Ano 2014, Ed. RT.
3.PASCOAL, Valdecir. Direito Financeiro e Controle Externo. 8ª Edição, Ano 2013, Ed. Campus.

[1] No mesmo sentido o STF (RExt 75.908-PR) tem se posicionado: “O simples fato de ser
incluída, no orçamento uma verba de auxílio a esta ou aquela instituição não gera, de pronto, direito
a esse auxílio. A previsão de despesa, em lei orçamentária, não gera direito subjetivo a ser
assegurado pela via judicial.” Observe-se, porém, que as despesas previstas no orçamento em razão
de norma constitucional, legal ou contratual, denominadas de fixas, podem ser exigidas
judicialmente ou administrativamente. É o caso da remuneração dos servidores públicos ou as
obrigações da dívida pública.
[2] Operações de crédito por antecipação de receita – ARO (Tipo de Empréstimo), cauções,
depósitos e consignações são receitas extra-orçamentárias.
[3] Pode haver a vinculação de taxa, contribuição de melhoria, contribuições sociais e empréstimos
compulsórios.
- Os créditos extraordinários têm tramitação diferente, já que o instrumento formal que autoriza a
abertura dos referidos é a MEDIDA PROVISÓRIA. Neste caso, a MP é encaminhada inicialmente a
Comissão Mista de Deputados e Senadores. Em seguida a MP submete-se a exame acerca da sua
constitucionalidade na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Após a deliberação se dá de
maneira SEPARADA E SUBSEQUENCIAL em cada uma das casas legislativas.
[5] Emite pareceres sobre as emendas dos parlamentares, acompanha a fiscalização e execução
orçamentária, emite parecer sobre as contas do presidente, planos e programas nacionais, regionais
e setoriais.
[6] As emendas deverão ser compatíveis com o PPA e com a LDO e terão de indicar os recursos
necessários, admitidos APENAS os provenientes de anulação de outras despesas (dotações),
excluídas as despesas que incidam sobre pessoal e seus encargos, serviço da dívida, e transferências
tributárias constitucionais (Ex:FPM). As emendas de simples correção por erros e omissões não
precisam obedecer estas disposições.
[7] É crime de responsabilidade do Presidente da República.
[8] Aprofundando, abrangem despesas de custeio que implicam em manutenção de serviços
anteriormente criados (pagamento de servidores, p. ex) e transferências correntes que são as
contribuições a outras entidades de direito público ou privado, subvenções sociais, econômicas,
pagamento de inativos, pensionistas, etc. Veja que no último caso sequer há contraprestação de bens
ou serviços.
[9] Para aprofundar: Investimentos: são gastos para o planejamento e execução de obras e
aquisição de imóveis para as últimas, aquisição de material permanente e constituição de aumento
de capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro. Inversões
Financeiras são as dotações destinada á aquisição de imóveis ou de bens de capital já em utilização
(hospital que estava em imóvel locado), aquisição de títulos representativos do capital de empresas
ou entidades de qualquer espécie já constituídas ou aumento de capital de empresa com fins
comerciais ou financeiros. Transferências de Capital são as dotações para investimentos ou
inversões financeiras  que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar sem
contraprestação de bens ou serviços.
[10] Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista podem ter seus bens penhorados, desde
que não estejam vinculados as suas atividades essenciais e desde que não exerçam atividades típicas
de Estado.
[11] É uma divida ativa dos particulares em favor da Administração Pública.
[12] Por força do próprio dispositivo legal, os empréstimos compulsórios são vistos como dívida
ativa não tributária.
[13] Veja-se que quando vamos a um banco fazer um empréstimo, o gerente pergunta se temos
“crédito”.

• Assuntos relacionados

• Controle interno

• Princípios do Direito Financeiro

• Processo legislativo

• Precatórios

• Dívida ativa

• Receita

• Crédito

• Fiscalização

• Execução contra a Fazenda Pública

• Orçamento

• Administração Tributária

• Legislação (Direito Constitucional)

• Direito Financeiro

• Direito Tributário

• Direito Processual Civil

• Direito Constitucional
Autor
• Sérgio Ricardo Freire de Sousa Pepeu

procurador do Estado de Alagoas


Textos publicados pelo autor Fale com o autor

Informações sobre o texto


Este texto foi publicado diretamente pelo autor. Sua divulgação não depende de prévia
aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados
na Revista Jus Navigandi.
Publique no Jus
Artigos, monografias, notícias, petições, pareceres, jurisprudência etc.

Comentários
 

Comentar
Regras de uso


Sarah0Fadanelli 25/10/2016 10:05
Acho que faltou falar sobre as funções do orçamento (alocativa, distributiva e estabilizadora).
Mas, fora isso, agradeço a disponibilidade do conteúdo.

ALOCATIVA - visa à promoção de ajustamentos na alocação de recursos.


É o Estado oferecendo determinados bens e serviços necessários e desejados
pela sociedade, porém que não são providos pela iniciativa privada.
Relaciona-se à alocação de recursos por parte do governo a fim de oferecer bens públicos (ex. rodovias,
segurança), bens semi-públicos ou meritórios (ex. educação e saúde)

DISTRIBUTIVA – Visa a promoção de ajustamentos na distribuição de renda. Os instrumentos mais usados para
o ajustamento são os sistemas de tributos e as transferências.
Ex.: IR(progressivo de acordo com a renda) compra de bens de consumo com valor reduzido e aumento no preço
dos bens de luxo

ESTABILIZADORA – visa manter a estabilidade econômica, diferenciando-se das outras funções por não ter
como objeto a destinação de recursos.
Campo de atuação: manutenção do elevado nível de emprego(combate ao desemprego) e estabiliodade dos níveis
de preço(combate a inflação)

Você também pode gostar