Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Conceito: o conceito trazido pelo autor Ricardo Lobo Torres, que define o Direito Financeiro
como: o conjunto de normas e princípios que regulam a atividade financeira, incumbindo-lhe
disciplinar a constituição e a gestão da fazenda pública, estabelecendo as regras e os
procedimentos para a obtenção da receita pública e a realização dos gastos necessários à
consecução dos objetivos do Estado.
Atividade Financeira
Por meio da atividade financeira é que o Estado obtém e despende recursos, com a
finalidade de satisfazer as necessidades públicas. Essa atividade é considerada um meio para
atingir os objetivos estatais e por essa razão entende-se que seu caráter é notadamente
instrumental. Portanto, ao realizar diversas ações voltadas à criação, gestão e gasto dos
recursos públicos a fim de atender necessidades coletivas de natureza pública, o Estado
exercerá a atividade financeira.
Necessidade Pública
A necessidade pública é considerada tudo aquilo que o Estado, se incumbiu de prestar,
com base em uma decisão política contida em um instrumento normativo. (Há uma submissão
do Estado ao princípio da legalidade)
Obs: A realização dessas necessidades pode ocorrer por meio da prestação de serviços
públicos delegáveis ou não a particulares. Nesse sentido a Constituição Federal trata de vários
temas relevantes: segurança, educação, saúde e alimentação ( art. 3º da CF). Como exemplo
concreto da atuação do Estado, temos a construção de prédios públicos, monumentos,
manutenção de sistemas de transporte, rodovias, praças, hospitais prestação jurisdicional,
cultura etc.
Obs: Existe outra atividade que pode ser exercida pelo Estado para obtenção de receitas
públicas que cubram os custos com a prestação de serviços públicos?
A resposta é afirmativa. É possível, por exemplo, que os entes atuem na ordem econômica.
Além da possibilidade de intervenção no domínio econômico, por meio do poder normativo
estatal, o exercício do poder de polícia também permite a obtenção de receitas.
Princípios Orçamentários
Princípio da legalidade: O princípio é previsto no art. 37 e 167, incisos I e II, da Constituição e
traz a exigência de que o orçamento seja precedido de um processo legislativo completo e os
gastos públicos sejam precedidos de autorização legal. Em outras palavras, partimos da
indisponibilidade das receitas públicas e por isso a realização de despesas deve estrita
observância ao princípio da legalidade.
Princípio da Exclusividade
A lei orçamentária anual não pode tratar de outro assunto que não seja a previsão de receitas
e fixação de despesas.
CF/88:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
[...] § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à
fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos
suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita,
nos termos da lei.”
• Regra geral: proibição de que a lei orçamentária contenha disposições estranhas ao Direito
Financeiro, ou seja, à previsão da receita e à fixação da despesa.
Obs: Com base no princípio da exclusividade as alterações na legislação tributária não podem
ser feitas pela lei orçamentária e devem ser feitas através de leis próprios. Especialmente em
relação à concessão de benefícios fiscais, é preciso observar que a CF/88 prevê regra expressa
nesse sentido.
Lei orçamentária anual (LOA): ciclo orçamentário de 1 ano, como o seu próprio nome já
sugere.
Isso não significa que o prazo deva coincidir com o ano civil, mas atualmente isso acaba
ocorrendo, por previsão do art. 34 da Lei 4.320/64.
A exceção do princípio consta no artigo 167,§2 da Constituição Federal que traz a previsão dos
créditos especiais e extraordinários com vigência plurianual, nos seguintes termos:
Princípio da Universalidade
De acordo com esse princípio, a LOA (Lei Orçamentária Anual) deve incluir todas as receitas e
despesas da Administração Pública, independente de natureza, destinação ou procedência.
Repare que a Constituição determina que a LOA inclua todas as receitas e despesas:
Exceção: Sim. O princípio não se aplica às receitas extraorçamentárias (parágrafo único do art.
3 da Lei 4.320/1964): operações de credito por antecipação da receita; Permissões de papel-
moeda; outras entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiros, como, por exemplo,
depósitos e cauções. Além disso, o fato de o princípio exigir que todas as receitas e despesas
estejam previstas na LOA não é incompatível com a criação e cobrança de tributos após a
aprovação da lei orçamentária. Isso porque, nos termos da Súmula 66 do STF, a lei
orçamentária não precisa incluir previamente a receita de um tributo para que ele possa ser
cobrado.
Princípio da Unidade
Esse princípio determina que todas as receitas e despesas devem constar em uma única lei. Do
ponto de vista formal, significa dizer que cada lei orçamentária será veiculada,
respectivamente para cada ciclo orçamentário, através de uma única lei.
Princípio do Equilíbrio
Esse princípio dispõe que o montante estimado para as receitas e despesas deve ser o mesmo,
buscando manter uma igualdade entre entradas e saídas. Importante ressaltar que não se
trata de uma igualdade matemática, mas sim de uma estimativa, portanto, ao final do
exercício financeiro os valores não precisam ser idênticos.
LEIS ORÇAMENTÁRIAS
▪ As três leis orçamentárias previstas na nossa Constituição são: a LPP, a LDO e a LOA.
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
Além disso, já vimos que as leis orçamentárias são leis ordinárias, nos termos do art. 165,
caput, mas que lei complementar (LC) disporá sobre seus prazos, exercício financeiro, vigência,
elaboração e organização (165, §9).
A iniciativa é privativa do Chefe do Poder Executivo, conforme se observa nos artigos, 84,
inciso XXIII, c/c 165 e 166,§3 da Constituição Federal.
Obs - Vigência: 4 anos (produz efeitos a partir do segundo exercício financeiro do mandato do
Chefe do Executivo).
Essa lei é dividida em três partes contendo (i) o orçamento fiscal, (ii) o de investimento
das empresas estatais e (iii) o da seguridade social. O fiscal e o da seguridade Social, envolvem
toda a programação de gastos dos Poderes da União (exemplos: manutenção da máquina
pública, desembolsos com saúde, educação, defesa, benefícios previdenciários, folha de
pessoal, juros da dívida), bem como todas as receitas que são esperadas para serem
arrecadadas. O investimento das Estatais contém a previsão de investimento das entidades em
que a o ente federado, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com
direito a voto.
Como explicado por MARCUS ABRAHAM, trata-se “de uma lei anual, cujo projeto deve
ser encaminhado ao Poder Legislativo até 31 de agosto de cada ano, para viger no exercício
financeiro seguinte. É o documento básico e fundamental para a realização da atividade
financeira do Estado. Nela, temos a previsão de todas as receitas públicas e a fixação de todas
as despesas públicas, para os três Poderes, seus órgãos, fundos e entidades da administração
direta e indireta, inclusive as fundações públicas, e também todas as despesas relativas à
dívida pública, mobiliária ou contratual, e as receitas que as atenderão. Portanto, tudo
referente a receitas e despesas constará da lei orçamentária anual”
O tributo se impõe ao sujeito passivo, como obrigação jurídica, ‘ex lege’. Isso significa
que o tributo nasce da Lei, e não como manifestação de vontade dos que ao seu pagamento se
obrigam.
Portanto, a obrigação que tem por objeto o pagamento de um tributo nasce antes de
qualquer atividade administrativa; ela nasce independente de qualquer acordo, tratativa ou
reunião entre as partes. A obrigação surge, como dito linhas acima, pela ocorrência de um fato
da vida que se amolda a uma norma hipotética. “Auferir renda”, diz a norma hipotética; se
alguém, de carne e osso, obtém a renda, esse fato gera uma obrigação.
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
Como identifica-las:
Embora o CTN afirme que a natureza jurídica do tributo é determinada pelo fato
gerador, diante da regulação do tema pela CF/88 podemos afirmar que tão somente o fato
gerador não é suficiente para determinar a natureza do tributo.
OBS: O Código Tributário Nacional, de 1966, foi concebido em uma época na qual
existiam apenas três espécies tributárias (impostos, taxas e contribuições de melhoria), sendo
estas elencadas em seu art. 5º ao qual parte da doutrina atribui o nome de “teoria tripartite
das espécies tributárias”. Assim, o CTN utilizou uma técnica de elencar quais são as espécies
tributárias, omitindo – por ser uma característica do seu tempo – a existência de empréstimos
compulsórios e contribuições que só viriam a ser inseridas constitucionalmente como tributos
tempos depois.
Obs: A origem fática de um tributo não é a prática de um ato ilícito: tributo ≠ multa;
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS NA CF
A CF/88 atrela ou integra duas coisas: (i) diz de quem é a competência para instituir e
(ii) diz qual o tributo.
A Constituição Federal dita que TODOS os entes federativos podem instituir: impostos,
taxas e contribuições de melhoria.
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos: I – impostos; II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização,
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou
postos a sua disposição; III – contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
Depois, a Constituição Federal apresenta mais um tributo, mas esse somente pode ser
instituído por um determinado ente federativo: a União.
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I –
para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra
externa ou sua iminência; II – no caso de investimento público de caráter urgente e de
relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b”. Parágrafo único.
A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa
que fundamentou sua instituição.
A Constituição apresenta mais uma espécie de tributo, que também só pode ser, em regra,
instituída por um ente federativo: a União. Contudo, no §1º, do art. 149, a Constituição
permite que os entes federativos Estados, DF e Municípios instituam também uma
‘subespécie’ desse tributo.
OBS: A Constituição Federal não cria o tributo; ela prevê as espécies tributárias e suas
características gerais, atribuindo competência tributária aos entes federativos para que criem
o tributo: em regra, por lei ordinária, mas, em alguns casos, mediante lei complementar.
Assim, embora a Constituição Federal não contenha nenhum dispositivo que diga “os tributos
são”, a partir da análise dos artigos acima transcritos, podemos dizer que OS TRIBUTOS SÃO: •
Impostos; • Taxas; • Contribuição de melhoria; • Empréstimos compulsórios; • Contribuições
especiais.
O IMPOSTO
Os impostos são tributos que incidem sobre revelações de riquezas do contribuinte,
cujas normas de distribuição de competência estão nos Artigos 153, 155 e 156 da Constituição
Federal. Os fatos geradores dos impostos são, portanto, situações relacionadas ao contribuinte
(art. 16 do CTN) – e não ao Estado – como exteriorizações de riqueza ou da atividade
econômica desenvolvida. Isso significa dizer que se tratam de tributos não vinculados a
qualquer atividade do Poder Público.
O montante da exação será calculado tendo em conta as materialidades sobre as quais
incide; por exemplo, tributada a propriedade, a base de cálculo será o seu valor venal, na
circulação de mercadorias, o valor da operação.
TAXAS
Por uma questão de isonomia e justiça fiscal, as taxas são tributos cobrados de alguém
que fez uso específico de um serviço estatal (serviço singular).
Assim, as taxas têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a
utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao
contribuinte ou posto à sua disposição. A atuação estatal direcionada ao contribuinte constitui,
portanto, o fato gerador da obrigação tributária, cabendo a cada ente federado a competência
para cobrar taxas pelos serviços que preste ou pelo poder de polícia exercido, dentro da sua
competência política e administrativa. Conforme expressa o CTN, a taxa de serviço pressupõe
que este seja específico e divisível.
Obs: O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. [Súmula
Vinculante 41.] A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta,
remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o
art. 145, II, da CF. [Súmula Vinculante 19.] É inconstitucional a taxa municipal de conservação
de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica à do imposto territorial rural.
[Súmula 595/STF]
Relevante destacar que não se pode cobrar taxas relativamente aos serviços públicos
que a CF/88 prevê como públicos e gratuitos, tal como saúde e educação. DICA! Nesse sentido
é o verbete vinculante de n. 12 do Supremo Tribunal Federal: “A COBRANÇA DE TAXA DE
MATRÍCULA NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS VIOLA O DISPOSTO NO ART. 206, IV, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL.”
O Supremo Tribunal Federal já reconheceu a possibilidade de existir o efeito
confiscatório (Artigo 150, IV, da CF) quando há manifesta desproporção entre o valor da taxa e
o custo do serviço prestado, ferindo assim o princípio da capacidade contributiva.
O Artigo 145, §2º, da CF/88 estabelece que “as taxas não poderão ter base de cálculo
própria de impostos.
DICA! Entretanto, sobre esse ponto, em fevereiro de 2010, o Supremo Tribunal editou a
Súmula Vinculante n. 29. É CONSTITUCIONAL A ADOÇÃO, NO CÁLCULO DO VALOR DE TAXA, DE
UM OU MAIS ELEMENTOS DA BASE DE CÁLCULO PRÓPRIA DE DETERMINADO IMPOSTO, DESDE
QUE NÃO HAJA INTEGRAL IDENTIDADE ENTRE UMA BASE E OUTRA.
Para os impostos há vedação específica da sua destinação a fundo ou despesa art. 167, IV, da
CF – ou seja, de um lado, o imposto é tributo não vinculado a nenhum agir estatal específico
dirigido ao contribuinte; de outro, o imposto é tributo não vinculado a nenhum gasto
específico do Estado, servindo para remunerar os chamados “serviços públicos universais”. Por
outro lado, as taxas são vinculadas a um agir específico do Estado e servem para remunerar os
“serviços públicos singulares” (ou “uti singulis”). Portanto, a vedação do art. 167, IV, da CF não
alcança as taxas.
CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA
Dentro da ideia de justiça comutativa, não é razoável que uma obra pública causadora
de considerável e específica valorização de imóveis privados seja custeada por todos os
contribuintes. Nesse sentido, realizada a obra pública da qual decorra particular
enriquecimento de determinados contribuintes, estes podem ser chamados ao seu custeio, de
modo que os recursos daí derivados sejam reaplicados em prestações estatais que favoreçam
a todos, atendendo assim ao ideal de justiça fiscal.
Assim, prevista no Artigo 145, III, da Constituição Federal, e Artigo 81 do CTN, como
tributo de competência comum – a ser cobrado pelo ente político executor da obra – a
contribuição de melhoria revela-se como um tributo vinculado a um agir específico do Poder
Público: obra pública da qual decorra valorização imobiliária específica.
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer
face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total
a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para
cada imóvel beneficiado.
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I –
para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra
externa ou sua iminência; II – no caso de investimento público de caráter urgente e de
relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b”. Parágrafo único.
A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa
que fundamentou sua instituição.
O traço distintivo que marca o empréstimo compulsório como espécie tributária diferenciada e
autônoma é a promessa de devolução, sem a qual não se caracteriza o tributo. O empréstimo
compulsório inaugura duas relações jurídicas: a de natureza tributária, nascida pela subsunção
do fato gerador à hipótese de incidência descrita na lei complementar; e outra de natureza
administrativa, surgida do pagamento do crédito pelo contribuinte, impondo ao Estado o
dever de restituir o valor anteriormente arrecadado e o correspondente direito do
contribuinte de recebê-lo.
A restituição deve ser em moeda, paritariamente à exação recolhida aos cofres públicos, tal
como decidiu o STF no RE 121.336.
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
São medidas com finalidades específicas, dentro da ordem social, custeadas através de
tributo denominado contribuição.