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Cronograma de Estudos – Teoria

Geral de Processo

Thiago Camargo Comelli

 Despesas Públicas, conceito – Todo e qualquer gasto realizado


por algum ente ou pessoa de direito público, tenha ele correlação com
a aquisição de bens e prestações de serviços ou não. Buscam a
manutenção das atividades do ente estatal ou a conservação ou
construção de bens públicos. Ou seja, são o conjunto de dispêndios
realizados pelos entes públicos para custear os serviços públicos
(despesas correntes) prestados à sociedade ou para realização de
investimentos (despesas de capital)
 1°Classificação – Quanto a Periodicidade: Ordinárias,
Extraordinárias e Especiais.

 Ordinárias – Trata-se de uma despesa que sempre se repete no


mesmo ciclo (é periódica). Logo, são frequentes e previstas.
 Extraordinárias – Não são frequentes, ou seja, é difícil prever
quando voltarão a se repetir.
 Especiais – Assemelha-se com a ordinária, porém não se tem um
período certo para pagamento.

 2°Classificação – Quanto a Competência: Despesas Federais,


Estaduais e Municipais.

 3°Classificação – Quanto a Extensão: Despesa Interna e Externa

 4°Classificação – Quanto ao Aspecto Econômico: Despesa de


Compra e Transferência.

 5°Classificação – Quanto ao motivo de dispêndio ou


classificação legal (Lei n.4.320/64):
 A) Despesa Corrente: São as despesas as quais o Estado faz sem
aumentar seu patrimônio.
 Despesas de Custeio – Despesas necessárias à prestação de serviços
e manutenção da ação administrativa. Ex: Pagamento de pessoal,
material de consumo, terceirização de serviços.
 Pagamento com Pessoal – Inclui-se todos os servidores públicos;
 Material de Consumo – Bens de caráter consumível. Ex. Merenda
escolar.
 Serviços de Terceiros
 Encargos – Pagamento de férias, 13º, FGTS, adicionais etc.
 Subvenções – Visam fomentar atividade econômica pública; dividem-se
entre Sociais e Econômicas. Basicamente, são verbas que são
arrecadadas por um ente público, transferidas a outras pessoas jurídicas
ou físicas. Quando esta verba se destinar ao atendimento de direitos
sociais, como saúde, educação, habitação, alimentação, transporte e
afins, será considerada uma Subvenção Social. Quando a verba tiver
como objetivo incentivar uma atividade econômica industrial, comercial,
de serviços, será chamada de Subvenção Econômica. É uma doação
feita pelo governo que futuramente ajudará na economia.
 Inativos/Pensionistas – pagamentos que possuem índole
previdenciária.
 Salário Família – Acréscimo salarial para necessitados com filhos de
até 14 anos.
 Juros de Dívida Pública
 Transferências Correntes – São verbas destinadas para as despesas
as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços.
Ex: uma entidade transfere dinheiro para outra sem um fim específico.

 B) Despesa de Capital – É a despesa realizada pelo ente público


que gera acréscimo patrimonial, O gasto é convertido em algum bem.
 Investimentos – Aplicação de algum tipo de recurso com a expectativa
de receber algum retorno futuro superior ao aplicado, compensando
assim a perda de uso desse recurso durante o período de aplicação
(juros ou lucros, em geral a longo prazo). Nesse caso, o bem não existe
e é criado.
 Inversões Financeiras – É o gasto estatal destinado a compra de bens
já em utilização, ao invés de investir na produção de bens novos. Logo,
entende-se que sai das mãos do privado e vai para o público. Porém, o
mesmo já era utilizado pelo Estado, pelo menos um pouco. Ex: É por
meio da inversão financeira que a Receita Federal adquire um prédio
antes pertencente á faculdade de farmácia da UFMG.
 Transferências de Capital – São verbas destinadas para
investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito
público ou privado devem realizar, independente da contraprestação
direta em bens ou serviços, desde que o objetivo seja a aplicação em
despesas de capital. Logo, entende-se como a arrecadação de capital
e transferência do mesmo para outro entre.

 Créditos Adicionais – São despesas que não estão previstas


originalmente na LOA.
 Suplementares – Quando havia a previsão de gastos, mas superou-se
os limites supostos. Ex: Previu-se 10, mas gastou-se 11 no final.
 Especiais – Algo que não esteja previsto no LOA e não seja
extraordinário, uma despesa que surgiu no decorrer do exercício
financeiro, mas que não possui a urgência de uma despesa
extraordinária.
 Extraordinárias – Não existiu previsão da despesa, porém a mesma
aconteceu, num caso de urgência. Acontecem em caso de Guerra
Declarada, Calamidade Pública e Comoção Interna.

 3° Bimestre

 Orçamento – Consiste num instrumento público de planejamento do


Estado que permite o desenvolvimento e previsão de suas receitas e
fixações de despesas para um determinado período de tempo;
 Porém, vale ressaltar que o mesmo não apresenta apenas um aspecto
contábil, não podendo ser visto sob um ângulo financeiro apenas. Na
verdade, trata-se de um quadro orgânico da economia política, que
apresenta os seguintes aspectos.
 No aspecto político: Faz funcionar os 3 poderes, assegurando-lhes
recursos para que cumpram suas finalidades.
 No aspecto econômico: Verifica-se o equilíbrio que deve imperar entre
as receitas e as despesas, dando uma justa medida de ponderação das
forças em jogo (uma mediação, para assim dizer). O Orçamento deve
atender as conjunturas econômicas, buscando uma planificação e
evitando uma economia que seja deficitária ou superavitária.
 No aspecto técnico: Aqui, ressalta-se o aspecto contábil, sendo
alinhados princípios orçamentários com a técnica de elaboração da
peça. Embora possua rígidas regras contábeis, deve permitir fácil
compreensão para o cidadão.
 E por fim, o aspecto jurídico: Materializa-se por meio de 3 leis, o PPA
(Plano Plurianual), a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e a LOA (Lei
Orçamentária Anual).

 Princípios Orçamentários:
 Princípio da Unidade – Determina que o orçamento público seja
materializado em uma única peça (documento). Com isso, tem-se uma
transparência maior do assunto orçamentário, que deve apresentar
claramente as origens (receitas) e destinações (despesas) dos
recursos em determinado período.
 Princípio da Universalidade – Todas as receitas devem estar
contidas no orçamento, não sendo admitidos orçamentos secretos ou
que desobedeçam a tramitação regular (existe, porém, a exceção para
com os tributos que podem ser cobrados de um ano para outro sem
previsão na lei orçamentária, pois os mesmos podem ser previstos
posteriormente à aprovação e sanção da lei própria. Tributos estão
sujeitos ao princípio da anterioridade, bastando que tenha sido instituído
no exercício anterior para que seja cobrado no exercício seguinte). Tal
como o princípio da unidade, é indispensável ao controle parlamentar
sobre as finanças públicas, buscando assim exatidão das finanças do
Estado, evitando omissões ou imperfeições. A diferença entre o
princípio da unidade para o da universalidade encontra-se no aspecto
formal do documento (unidade) enquanto este refere-se ao conteúdo.
 Princípio da Anualidade ou Periodicidade – O Orçamento, de
acordo com esse princípio, deve referir-se a um período de tempo
determinado. O prazo da vigência da lei orçamentária será anual,
devendo esta ser elaborada, votada e devidamente aprovada
anualmente. Isso serve para que o Executivo reveja anualmente suas
prioridades e metas. Devemos destacar também, paralelamente ao LOA,
o PPA (que acontece de 4 em 4 anos) que estabelece de forma
regionalizada as diretrizes, objetivos e metas das administrações
públicas.
 Princípio da Exclusividade – As leis orçamentárias devem
apresentar exclusivamente matéria relacionada às finanças, excluindo
assim qualquer texto estranho para com as mesmas. A exceção para tal
princípio encontra-se na abertura de créditos suplementares e
contratação de operações de créditos.
 Princípio de Legalidade – O Orçamento encontra-se sujeito a
exame e deliberação do Poder Legislativo. Deve haver licitude e a
administração pública deve realizar suas atividades segundo previsões
das leis orçamentárias.
 Princípio de Limitação – Condiciona a realização das despesas e
utilização de créditos ao montante previsto pelo orçamento.
 Princípio de Equilíbrio – O montante de despesas não pode ser
superior às receitas previstas para o exercício. Para tanto, propõem-se
um equilíbrio financeiro. Logo, para toda despesa deve haver uma
receita que a financie, evitando assim o surgimento de déficits.
 Princípio da Especificidade – Determina-se que as dotações
figurem de forma descriminada, visando assim facilitar o controle
legislativo. Exige que as receitas e despesas sejam
pormenorizadamente expostas nas peças orçamentárias, sendo este um
requisito para uma maior eficiência na gestão.
 Princípio da não afetação (não vinculação) das receitas –
Nenhuma parcela da receita global pode ser reservada visando ao
atendimento de dispêndios específicos. Tal princípio evita o
engessamento da execução orçamentária. Isso significa que o gestor
deve procurar os ajustes necessários de acordo com as prioridades.
Algumas receitas, porém, são naturalmente vinculadas à execução de
determinadas despesas (empréstimos compulsórios, taxas e fundos
orçamentários). Há as exceções quando se diz respeito ao ensino
público, saúde e atividade administrativa tributária.
 Princípio da Publicidade – Exige que os orçamentos sejam
levados a público. As decisões devem ser abertas à sociedade, para que
esta possa ter participação nas finanças públicas. Presume-se que as
principais peças orçamentárias sejam publicadas nos órgãos oficiais de
imprensa, não apenas buscando a divulgação, mas a compreensão das
informações.
 Princípio da Exatidão – As peças orçamentárias devem refletir a
realidade orçamentária do Estado. A verdade é a premissa moral e fator
de segurança dos modelos atuais de orçamento.
 Princípio da Clareza – Os princípios devem ser inteligíveis para as
pessoas comuns, logo, é necessário que as peças sejam apresentadas
com clareza e de forma compreensível.

 Princípios

 Princípio de Especialização – Este princípio determina ao


legislador que a elaboração da LOA descreva as despesas públicas de
forma minimamente concreta (por elemento) de modo a evitar que por
meio de uma descrição abstrata o gestor possa manipular a despesa a
seu bel-prazer. Basicamente, uma descrição mínima da despesa.
 Princípio da Anualidade – Diz respeito ao prazo de validade da lei
orçamentária, fixando que a mesma valerá até o término do exercício
financeiro, independentemente da existência ou não de uma nova lei
orçamentária aprovada para aquele ente federativo. Assim, caso não
haja orçamento aprovado para o próximo exercício, a lei prevista para o
exercício atual não poderá ser utilizada para aquele próximo exercício;
neste caso, abre-se crédito suplementar.
 Vale ressaltar que leis normais possuem tempo indeterminado, ou seja,
as mesmas valerão até que outra lei a revogue. Por outro lado, leis de
âmbito financeiro são temporárias, com um prazo de 1 ano de duração,
e não possuem ultratividade (deixam de valer após o prazo de 1 ano).
 PPA – 4 Anos
 LOA – 1 ano
 LDO – 1 ano

 Princípio de Anterioridade – Prevê que em regra o projeto de lei


orçamentária será aprovado pelo poder legislativo no ano anterior a
aquele que começar a vigorar; trata-se de uma regra (não absoluta) que
visa evitar vazios transitivos de um código para outro.
 Deve ser aprovado no ano anterior para evitar assim possíveis
surpresas que possam vir por parte dos contribuintes (um exemplo para
tanto seria o contribuinte programar-se guardando dinheiro para pagar e
surpreender-se com um valor maior do que o esperado/programado pelo
mesmo).
 Princípio de Programação – Determina que as leis orçamentárias
além de explicitar a descrição das receitas e despesas implicitamente,
trarão a concretização dos projetos e programas traçados no PPA e
LDO; tem-se uma ideia dos programas que serão focados e aprovados
no período de vigência da lei orçamentária.
 Princípio de Equilíbrio Orçamentário – Tal princípio visa
contrabalancear a intenção arrecadatória do Estado em face à
propriedade privada e livre iniciativa. Por este princípio, num estado
ideal de coisas, o poder público deve arrecadar apenas o necessário
para fazer frente as suas despesas públicas; equilíbrio entre despesas
previstas, arrecadando apenas o suficiente/necessário para sanar as
necessidades públicas.
 Princípio da Não Afetação – Em regra, proibi vincular
especificamente percentuais de arrecadação; por este princípio, a
receita arrecadadora de impostos não pode ser vinculada a
despesas específicas. Tal princípio visa dar flexibilidade ao sistema,
permitindo assim que o administrador pontualmente a cada exercício
financeiro fixe os investimentos que pretende dar a esta receita. As
exceções para tal princípio encontram-se na vinculação no caso de
educação/saúde, na repartição constitucional de receitas entre os entes
federativos, nos valores da administração tributária e na prestação de
garantias e contra garantias.

 Características Gerais das Leis Orçamentárias:


 Iniciativa – as 3 leis (LOA,LDO e PPA) partem do Poder Executivo, ou
seja, é o chefe do Executivo que realiza o projeto de lei e o encaminha
ao Legislativo. A exceção encontra-se no Art.99 da CF, §§  1 e 2:
 Art.99 da CF – Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia
administrativa e financeira.
§  1° - Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos
limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de
diretrizes orçamentárias.
§  2° - O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais
interessados, compete:
I - No âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e
dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais;
II - No âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos
Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos
tribunais.
 Emendas – Devem ser:
 1) Compatíveis com o PPA e a LDO;
 2) Devem indicar os recursos necessários para a alteração da proposta
em questão, admitindo-se somente aqueles que sejam provenientes de
anulação de despesa;
 3) Relacionados com correções de erros, omissões ou com os
dispositivos do texto do projeto de lei;
 Quanto ao Prazo de Encaminhamento (Art.35, § 2 dos ADCT):
 Em resumo, podemos dizer que o PPA deve ser encaminhado até 31
de agosto do primeiro ano de mandato; a LDO até 15 de abril de
cada ano e a LOA até 31 de agosto de cada exercício.
 Quanto a Rejeição dos Projetos (Art.57, § 2 CF/88 e Art.166, § 8
CF/88):
 LDO – O Legislativo não pode rejeitar a lei, não podendo encerrar a
sessão legislativa antes da aprovação da mesma (vide Art.57
mencionado acima);
 LOA – Pode ser rejeitada integralmente, porém em tal situação ficará
sem o orçamento para o ano seguinte, sendo a solução encontrada para
tal situação mediante abertura de créditos suplementares (vide Art.166
mencionado acima).

 Leis Orçamentárias em Espécie:


 Plano Plurianual (PPA) – O PPA é um planejamento feito a médio
prazo, que deve ser realizado por meio de lei. Nele, são identificados
as prioridades para o período de 4 anos e os investimentos de
maior porte. O projeto é encaminhado pelo Executivo ao Congresso até
31 de agosto do primeiro ano de cada governo (como dito
anteriormente), porém só começa a valer no ano seguinte. Sua
vigência vai até o final do primeiro ano do governo seguinte. Essa
passagem do PPA de um governo para outro visa promover a
continuidade administrativa, de forma que os novos gestores possam
avaliar e até mesmo aproveitar partes do plano que está sendo
encerrado;
 Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) – Estabelece quais serão as
metas e prioridades para o ano seguinte. Para tanto, fixa o montante
de recursos que o governo pretende economizar; traçar metas,
vedações e limites para as despesas dos Poderes; autoriza o
aumento das despesas com pessoal; regulamenta as transferências a
entes públicos e privados; disciplina o equilíbrio entre as receitas e as
despesas; indica as prioridades para os financiamentos pelos bancos
públicos.
 Lei Orçamentária Anual (LOA) – Estabelece os orçamentos da União,
por onde são estimadas as receitas e fixadas as despesas do
governo federal. Sua elaboração consiste ao Congresso Nacional
avaliar e ajustar a proposta do Executivo, tal como faz com a LDO e o
PPA. Os orçamentos da União são de importância vital para os
cidadãos, pois geram impactos diretos na vida dos brasileiros. O
Orçamento Brasil é um instrumento que ajuda na transparência das
contas públicas ao permitir que todo cidadão acompanhe e fiscalize a
correta aplicação dos recursos públicos.

 Tramitação das Leis Orçamentárias:


 1) Iniciativa – Pode partir do Poder Executivo e do Judiciário.
 2) Após a iniciativa, é enviado então o projeto ao Congresso Nacional
nos prazos especificados no art.35 do ADCT.
 3) Remessa à Comissão Mista – Cabe a esta:
 a) Examinar os projetos de lei e sobre eles emitir parecer;
 b) Fiscalizar e acompanhar a execução orçamentária;
 c) Receber eventuais emendas e emitir parecer (antes de iniciada a
votação da parte cuja alteração é proposta).
 4) Tem-se então a apreciação por parte do Congresso Nacional.
 5) Encaminha-se então ao Presidente da República, para sanção ou
veto.
 6) Por fim, tem-se a promulgação e publicação do projeto.

 Controle de Constitucionalidade das Leis Orçamentárias:


 Desde 1998, o STF manifestava entendimento que seria impossível o
controle concentrado de constitucionalidade das LO, pelo fato delas
constituírem atos administrativos de efeito concreto;
 A partir de 2003 o entendimento mudou com o julgamento da ADI 2925,
entendendo na ocasião que LOs que apresentassem contornos
abstratos poderiam ser de controle concentrado de
constitucionalidade.
 Em 2008, no julgamento da ADI 4048 o STF entendeu que pelo
simples fato de se tratar de lei, é possível o controle concentrado de
constitucionalidade.

 Natureza do Orçamento:
 A questão posta diz respeito em saber se as previsões orçamentárias
feitas nas respectivas LOs imprimem a obrigação do Poder Público em
realizar os gastos ali previstos ou se então se trata de uma sugestão,
sem que haja o dever de implementá-los.
 No Brasil, em regra, o orçamento é de natureza autorizativa e não
impositiva, de modo que o gestor faz previsões de gastos que podem ou
não ser realizados de acordo com a disponibilidade de receitas
arrecadadas no exercício.
 Contudo, mesmo sendo o orçamento não impositivo, é importante
destacar que em grande parte das receitas do Estado há uma
destinação própria vinculada a finalidades específicas, como por
exemplo acontece com as contribuições sociais, cuja finalidade
vinculada é o financiamento da Seguridade Social.
 É certo que atualmente tem-se vivenciado manobras políticas para
desvincular parte dessas contribuições de modo a conferir ao
administrador maior mobilidade no manejo destas receitas. Trata-se
da prática denominada desvinculação das receitas da União, prática
essa que se iniciou com a EC n. 27/2000 que permitiu a desvinculação
de 20% dos impostos e contribuições sociais até o exercício de
2003. Entretanto tal manobra foi prorrogada sucessivamente pelas ECs
42/2003 e 56/2007 e mais recentemente pela EC 68/2011 que a
prorrogou.

 Endividamento Público: Divide-se em dívidas públicas


consolidadas/fundadas e dividas mobiliárias.
 Consolidadas/fundadas – São compromissos pecuniários assumidos
pelo poder público em virtude de contratos, convênios, tratados,
realização de operações de crédito, etc.
 Mobiliárias – Trata-se da dívida assumida pelo ente público que se
encontra instrumentalizado em títulos de dívida pública, emitidos pela
União, Estados, DF, Munícipios e até 2002 pelo Banco Central.

 Operações que Geram o Endividamento: São elas as


Operações de Crédito, Concessões de Garantia/Contra Garantia e o
Refinamento de Dívida Mobiliária.
 Operações de Crédito – São compromissos financeiros assumidos
pelo ente público através de diversas formas, tais como a celebração
de contrato de mútuo, abertura de crédito, emissão de títulos,
aquisição financiada de bens a prazo, arrendamento mercantil, dentre
outros.
 Concessão de Garantia/Contra Garantia – Trata-se da obrigação de
adimplemento (pagamento) assumida por um ente da federação ou
instituição pública em caso de inadimplência do dever principal. Já a
Contra Garantia é a obrigação assumida pelo devedor principal em face
do garantidor, normalmente vinculando parte dos repasses
constitucionais obrigatórios ou parte da arrecadação de seus próprios
tributos para pagamento de garantidos em eventual exercício do direito
de regresso.
 Refinamento da Dívida Mobiliária – É a realização da emissão de
novos títulos para pagamento de títulos anteriores, devidamente
acrescido de todos os acessórios.

 Limites de Endividamento Público:


 Limite Global de 16% da Receita Corrente Líquida (não há limitações
quando se trata de dívida mobiliária, podendo assim obter mais que os
16% da receita corrente líquida); tais são 16% da receita consolidada
(nascidas de um compromisso assumido pelo Estado por meio de
contratos e afins).
 Quanto aos valores vinculados (amortização, juros e encargos), limita-
se em 11,5% da receita corrente líquida.
 O art.30 da LRF determinou ao presidente da república que no prazo de
90 dias da data de sua publicação enviasse ao Senado Federal
projeto de lei fixando os limites da dívida pública consolidada da
União e, no mesmo prazo, enviasse ao congresso nacional projeto
prevendo limites para a dívida mobiliária. Nenhum destes projetos foi
feito forçando o Senado Federal no ano de 2001 a editar a resolução
do número 40, a qual fixa os limites globais da dívida pública
consolidada. Tais limites são os já citados 16% do total das receitas
correntes líquidas para novas operações e os 11,5% para pagamento
de dívidas e encargos pretéritos.
 Ao fim de cada quadrimestre, tem-se a verificação se as dívidas se
encontram nos limites estipulados (16% ou 11,5%); caso extrapolados
os gastos, tem-se as medidas de saneamento, medidas essas
adotadas (com duração de 3 quadrimestres) com o intuito de normalizar
as dívidas, reconduzindo-as aos devidos limites.
 Nesses casos de extrapolação da dívida pública, o ente deve reduzir o
excesso em pelo menos 25% logo no 1°quadrimestre (e os outro 75%
nos 2 subsequentes).
 Para proceder esta recondução para a normalidade, o ente público fará
limitações de empenho, devendo reduzir seus gastos. Porém, tal
redução não poderá incidir na repartição constitucional de receitas
tributárias nem no pagamento das receitas relativas para com a
despesa pública.
 Podemos destacar como exceções: empréstimos para pagar dívidas
mobiliárias (pois faz com que o mercado gire); repasses obrigatórios
e despesas de dívidas (para não gerar uma futura “bola de neve” de
dívidas); Excessos no ultimo ano de mandato de um presidente
(nesse caso, entra com uma medida logo que possível para sanar o
quanto possível da dívida, para que a mesma não sobressaia sobre o
próximo ano de mandato).

 Proibição da Limitação de Empenho (obrigações/gastos):


 A) Repartição Tributária – A LRF impõe ao ente público em situação
de superendividamento a obrigação de reduzir seus gastos com a
finalidade de sanar o sistema. Entretanto, tal limitação não poderá incidir
sobre a repartição constitucional de tributos, nem sobre as despesas
com dívida pública. No 1° caso a proibição da limitação visa evitar que
a má gestão da União ou de algum Estado possa contaminar os demais
entes. Já no 2° caso o objetivo é evitar o aumento da dívida pública.
 Vale ressaltar que existe a sanção imposta caso se passem os 3
quadrimestres estipulados para normalização da dívida (sendo aplicada
medidas automáticas caso esteja no último ano de mandato, pois é
necessário “entregar a casa em dia”).
 B) Despesas com a dívida pública (encargos/juros) – Tem-se tal
proibição visando que as dívidas não se tornem uma “bola de neve”
futuramente (logo, o ente em questão deve continuar pagando, não
sendo aplicada a limitação de empenho).
 Sanção para A e B – Não recebimento de transferências voluntárias.

 Condições para Contratação de Operações de Crédito:


 A) Elementos Fáticos – Devidas justificativas (necessidades para tanto)
para o empréstimo.
 B) Elementos Normativos – Devem-se encontrar expressas em lei tais
condições, devidamente estipuladas e autorizadas.
 C) Observância dos Limites de Endividamento – Respectivamente,
16% e 11,5 % (limites estes que se forem extrapolados, impedem o ente
de contratar de operações de crédito).
 D) Autorização Específica do Estado – Quando se tratar de uma
operação de crédito externo.
 E) Impossibilidade de contrair dívidas superiores às despesas de
capital previstas para o ente em questão – Exceção para tanto,
aprovação por maioria absoluta do Parlamento.

 Vedações:
 A) Emissão de títulos mobiliários (de dívida pública) pelo Banco Central
após maio de 2002;
 B) Proibição de realização de operações de crédito dos entes da
federação entre si (SP não pode emprestar do PR). Tal vedação visa
evitar insanidade financeira passar de um ente passar para outro;
 C) Proibição da realização de operações de crédito entre uma
instituição financeira estatal e o ente da Federação que a controle
(BANESPA, sendo seu maior devedor SP, não podendo dizer não ao
mesmo);
 D) Realização de operações de antecipação de receitas de tributos
cujo fato gerador não ocorreu (apenas sujeitas a termo, ou seja, o
futuro é certo que o individuo receberá o montante em questão). Não se
aplica a condição (na qual o futuro é incerto, como por exemplo no caso
de um tributo).

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