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Princípios

orçamentários
Erthal, Rubia Carla
SST Princípios orçamentários / Rubia Carla Erthal
Ano: 2020
nº de p.: 10

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Princípios orçamentários

Apresentação
Nesta unidade, analisaremos os 12 princípios orçamentários: da Unidade; da
Universalidade; do Orçamento Bruto; da Anualidade; da Não Afetação das Receitas;
da Discriminação; da Exclusividade; do Equilíbrio; da Clareza; da Publicidade; da
Exatidão e da Programação.

Conheceremos suas características, particularidades e sua importância no contexto


do nosso país. Desse modo, visaremos a identificação e facilidade na compreensão
dos assuntos.

Planejamento orçamentário
O Sistema de Planejamento e Orçamento Federal é estabelecido e organizado pela
Lei n. 10.180/2001. Além disso, temos a Lei n. 4.320/1964 e a Lei Complementar n.
101/2000 que definem as regras e etapas para a execução dos orçamentos. Cumpre
lembrar que encontramos nessa base legal as regras para a gestão pública.

Saiba mais
Conheça, na íntegra, as Leis n. 10.180/2001, n. 4.320/1964, bem
como a Lei Complementar n. 101/2000. Disponíveis em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10180.htm

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm

Além disso, acesse o Painel do Orçamento Federal do site da


Secretaria de Orçamento Federal e conheça mais sobre como é
organizado e consolidado o orçamento da União. Disponível em:

h t t p s : / / w w w 1 . s i o p . p l a n e j a m e n t o . g o v. b r / Q v A J A X Z f c /
opendoc.htm?document=IAS%2FExecucao_Orcamentaria.
qvw&host=QVS%40pqlk04&anonymous=true

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Tipos de princípios orçamentários
Você começará, agora, a estudar os 12 princípios orçamentários, a saber: da
Unidade; da Universalidade; do Orçamento Bruto; da Anualidade; da Não Afetação
das Receitas; da Discriminação; da Exclusividade; do Equilíbrio; da Clareza; da
Publicidade; da Exatidão e da Programação. Vamos lá?

Princípio da Unidade
Estabelece que existe apenas uma Lei Orçamentária Anual. De acordo com
Giacomoni (2012, p. 71), “na expressão mais simples desse princípio, o orçamento
deve ser uno, isto é, cada unidade governamental deve possuir apenas um
orçamento”.

A Constituição Federal de 1988 trouxe uma nova roupagem ao orçamento público.


Com base nesse documento, o orçamento público é composto por três partes:

a. orçamento fiscal: compreende as receitas e despesas de todas as unidades


e entidades da administração direta e indireta;
b. orçamento de investimentos das empresas estatais;
c. orçamento das entidades de seguridade social.

Portanto, no orçamento público, temos três suborçamentos que constituem


uma única peça orçamentária. Pode-se dizer que ele é multidocumental, pois é
composto por vários documentos, os quais são elaborados de forma independente,
porém, são consolidados e possibilitam o conhecimento do desempenho global das
finanças públicas.

Princípio da Universalidade
Pressupõe que todas as receitas e despesas estejam englobadas em um único
documento: no orçamento. “De acordo com esse princípio, o orçamento (uno) deve
conter todas as receitas e todas as despesas do Estado” (GIACOMONI, 2012, p. 73).
Ou seja, para o controle público, é indispensável que constem todos os valores no
orçamento, já que essa é a peça de maior controle que se dispõe na gestão pública.

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Esse princípio permite ao Poder Legislativo conhecer as receitas e despesas do
governo e autorizar a arrecadação e os gastos públicos, controlando assim essas
operações.

Curiosidade
Poder Legislativo: poder ao qual é atribuída a função legislativa,
isto é, a elaboração das leis que regulam o Estado e a conduta dos
cidadãos e das organizações públicas e privadas.

Princípio do Orçamento Bruto


Determina que as receitas e despesas sejam demonstradas na Lei Orçamentária
Anual pelos seus valores totais, sem deduções ou compensações. “Todas as
parcelas da receita e da despesa devem aparecer no orçamento em seus valores
brutos, sem qualquer tipo de dedução” (GIACOMONI, 2012, p. 77). Esse princípio
impede que os valores sejam apresentados no orçamento somente pelo saldo
resultante do confronto entre receitas e despesas de determinado serviço público.

Princípio da Anualidade
Define que o orçamento tenha vigência limitada de tempo, que é de um ano. “A
origem mais remota desse princípio está na regra da anualidade do imposto, que
vigorou na Inglaterra antes mesmo do surgimento do orçamento” (GIACOMONI,
2012, p. 79). Os impostos e o programa de aplicações dos recursos eram votados
anualmente pelo Parlamento. Assim, era possível ter certo controle sobre os gastos
do governo. Caso algum recurso não fosse aplicado de maneira coerente, no início
do ano não era mais autorizada a cobrança daquele determinado imposto.

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Princípio da Anualidade

Fonte: Deduca, 2020.

Princípio da Não Afetação das Receitas


Por esse princípio, a receita orçamentária de impostos não pode ser vinculada
a órgãos, fundos ou despesas, ressalvados os casos permitidos pela própria
Constituição Federal. Isso quer dizer que nenhuma parcela da receita poderá ser
reservada ou comprometida para determinados gastos. Portanto, a receita de
impostos é livre. A exceção diz respeito às vinculações que a Constituição Federal
de 1988 faz. De acordo com Giacomoni (2012, p. 80):

Não sendo considerado como um dos clássicos princípios elaborados a


partir do interesse parlamentar, a exigência de que as receitas não sofram
vinculações, antes de qualquer coisa, é uma imposição de bom senso, pois
qualquer administrador prefere dispor de recursos sem comprometimento
algum, para atender às despesas conforme as necessidades.

Quando os recursos são excessivamente vinculados, pode haver prejuízo para o


andamento da gestão pública. Frequentemente, observa-se sobra de recursos em
programas de menor importância e falta em outros de maior prioridade.

Princípio da Discriminação
Também chamado de Princípio da Especialização ou Especificação. Ele estabelece
que as receitas e despesas apareçam no orçamento de forma pormenorizada,
para que seja possível a identificação da origem dos recursos, assim como sua

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aplicação. Quando um orçamento é bem especificado, fornece condições ideais
para a fiscalização. Para isso, as contas de receitas e despesas precisam ser
classificadas para atender a diferentes papéis, ou seja, atender ao controle externo
e também interno.

Princípio da Exclusividade
Princípio constitucional que diz que a Lei Orçamentária Anual não poderá conter
dispositivos estranhos à fixação das despesas e à previsão das receitas. Portanto, o
orçamento deve conter apenas matéria financeira. Para Giacomoni (2012, p. 83):

Esse princípio surgiu com o objetivo de impedir que a Lei de Orçamento,


em função da natural celeridade de sua tramitação no legislativo, fosse
utilizada como meio de aprovação de matérias outras que nada tinham
que ver com questões financeiras.

A Lei n. 4.320/1964 também cita esse princípio quando afirma que a Lei
Orçamentária Anual pode autorizar a abertura de créditos suplementares e a
realização de operações de crédito por antecipação da receita.

Princípio da Exclusividade: apenas matéria financeira

Fonte: Deduca, 2020.

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Princípio do Equilíbrio
Estipula que o orçamento mantenha o equilíbrio, do ponto de vista financeiro, entre
os valores de receita e despesa. Assim, as despesas devem acompanhar a evolução
das receitas. Esse princípio serve para evitar o déficit público, isto é, evitar que o
governo gaste mais do que arrecada.

Princípio da Clareza
Segundo esse princípio, o orçamento deve ser apresentado em linguagem clara e
compreensível a todas as pessoas. No entanto, Giacomoni (2012, p. 86) adverte:
“é uma regra de difícil observação, pois, devido exatamente aos seus variados
papéis, o orçamento reveste-se de uma linguagem complexa, acessível apenas
aos especialistas”. Uma forma de talvez melhorar essa situação seria simplificar
a linguagem dos anexos da Lei Orçamentária Anual, transformando-os em peças
comentadas com informações globais sobre o orçamento.

Princípio da Publicidade
Estabelece que o orçamento mereça ampla publicidade. Esse princípio é cumprido,
pois, como as demais leis, o orçamento é publicado nos diários oficiais. Assim
como prega o Princípio da Clareza, é preciso divulgar o orçamento de forma
simples, para que todos o entendam.

Princípio da Exatidão
“A exatidão orçamentária envolve questões técnicas e éticas” (GIACOMONI, 2012,
p. 87). O setor público deve preocupar-se com a realidade e a capacidade de nela
intervir. A ferramenta a ser utilizada para essa intervenção é o orçamento público.

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Princípio da Programação
Por último, temos o Princípio da Programação. Ele estipula que o orçamento seja o
plano de ação governamental. De acordo com Giacomoni (2012, p. 87):

Para representar os elementos do planejamento, o orçamento vem


sofrendo mudanças profundas em sua linguagem, buscando veicular
a programação de trabalho de governo, isto é, os objetivos e metas
perseguidos, bem como os meios necessários para tal.

Antes, o orçamento público era utilizado basicamente como forma de controle


e fiscalização. Atualmente, o orçamento-programa expressa as realizações
pretendidas e aponta os meios que serão necessários para atingi-las. Esses meios
podem ser recursos humanos, materiais, prestação de serviços etc. e devem ser
expressos em termos físicos e financeiros.

Fechamento
Nesta unidade, você aprendeu que o Estado possui atribuições econômicas, que são
as funções alocativa, distributiva e estabilizadora, e que a gestão pública obedece
a um ciclo que pode ser explorado e conhecido para melhor desempenho das
funções.

Nesse aspecto, ainda conseguimos verificar que os princípios orçamentários


servem para nortear o ciclo do orçamento, em que cada um possui características e
objetivos que contribuem para a melhor gestão dos recursos públicos.

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Referências
GIACOMONI, J. Orçamento público. São Paulo: Atlas, 2012.

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