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e Financeira
Aula 3
Lei Orçamentária Anual
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REVISÃO
Antonio José Saraiva de Oliveira Junior
CONTEUDISTA
Leonardo Rodrigues Albernaz
TRATAMENTO PEDAGÓGICO
Flavio Sposto Pompeo
Silvia Helena de Campos Martins
Na aula de hoje, estudaremos a forma legal definida pela Constituição do Brasil para
o orçamento público no país: a Lei Orçamentária Anual, comumente referida simplesmente
como LOA.
Vamos conhecer as partes que integram a LOA, os limites constitucionais e legais para
a elaboração da proposta orçamentária anual e um conjunto de tópicos complementares, que
incluirão questões relevantes, como a reserva de contingência, as vedações orçamentárias e a
“regra de ouro” para a gestão fiscal responsável.
Esperamos que ao término dessa aula, você consiga caracterizar a LOA no nível federal,
estadual e municipal.
Síntese......................................................................................................................................................... 16
Referências Bibliográficas............................................................................................................. 17
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades
da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo
poder público;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vin-
culados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e
mantidos pelo poder público. (grifou-se)
Em razão dessa formatação dada pela Constituição de 1988 – segundo a qual uma única
LOA consolida três orçamentos – a doutrina tende a atualizar o princípio orçamentário da unida-
de, substituindo-o pelo da totalidade.
Na esfera federal, a autorização para a abertura de créditos suplementares tem sido confe-
rida a todos os Poderes, ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas da União, os quais, por ato
próprio, podem abrir créditos suplementares autorizados em LOA, observadas as condicionantes
fixadas em lei de diretrizes orçamentárias.
Mas a regra – cabe lembrar – é que a lei orçamentária anual deve se limitar a estimar recei-
tas e fixar despesas. Nesse contexto, em obediência ao princípio da universalidade, devem estar
compreendidas na LOA todas as receitas e todas as despesas da administração direta e indireta.
Destaca-se, no entanto, que, embora esse princípio seja bem aplicável no âmbito dos or-
çamentos fiscal e da seguridade social, sofre restrições em relação ao orçamento de investimen-
to, tendo em vista que neste somente são contempladas as despesas com “investimento”. De
acordo com as LDOs da União, têm sido considerados investimentos, basicamente, as despesas
com aquisição de ativo imobilizado.
Ainda em relação ao objeto dos orçamentos que compõem a LOA, é oportuno esclarecer
que o orçamento da seguridade social guarda correspondência com o conceito gravado no art.
194 da Constituição, o qual informa que a seguridade social compreende um conjunto integrado
de ações destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
• limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades
controladas pelo poder público federal; e
Quanto às garantias, o art. 9º da mesma Resolução fixou em 22% da RCL o limite para o
saldo global das garantias concedidas pelos mencionados entes, podendo esse percentual ser
elevado para 32%.
A inobservância dos limites e condições fixados pelas Resoluções em estudo constitui in-
fração de natureza penal. Em relação a operações de crédito, o Decreto nº 2.848/1940 (Código
Penal) comina ao crime a pena de reclusão.
Em relação à concessão de garantias, a LRF estatui que essa operação depende do ofereci-
mento de contragarantia, em valor igual ou superior ao da garantia a ser concedida. A violação
desse preceito, consoante dispõe o Código Penal, sujeita o infrator à pena de detenção.
Dívida Pública
Já em relação à dívida mobiliária federal, cabe à lei – e não a Resolução do Senado – fixar
o seu montante máximo, conforme definido pela Constituição.
Não há, até o presente momento, limites de endividamento já aprovados para a União,
tendo em vista que ainda se encontram em tramitação no Senado Federal o Projeto de Resolução
do Senado nº 84/2007 (com o limite proposto de 350% da RCL, em termos de dívida conso-
lidada líquida) e o Projeto de Lei iniciado na Câmara dos Deputados nº 54/2009 (com o limite
proposto de 650% da RCL para a dívida mobiliária federal).
Durante esse período, o endividamento excedente aos referidos limites, apurado ao final
do exercício do ano da publicação da Resolução mencionada, deve ser reduzido, no mínimo, à
proporção de 1/15 (um quinze avo) a cada exercício financeiro.
Ao lado dessa disciplina particular, a LRF estatui que, se a dívida consolidada de um ente
da Federação ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, o excedente deve-
rá ser eliminado, em regra, até o término dos três subsequente. Esta regra também deve ser
observada nos casos de descumprimento dos limites da dívida mobiliária e das operações de
crédito internas e externas.
Nesse contexto, é relevante observar que o art. 60 da LRF prevê que lei estadual ou mu-
nicipal poderá fixar limites inferiores aos estabelecidos por Resolução do Senado Federal, relati-
vamente ao respectivo ente federado, para as dívidas consolidada e mobiliária, bem como para
operações de crédito e concessão de garantias.
Estabelece o art. 169 da Constituição de 1988 que a despesa com pessoal ativo e inativo
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites esta-
belecidos em lei complementar.
À luz desse mandamento constitucional, a LRF estatuiu que a despesa total com pessoal,
em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os seguintes
percentuais da receita corrente líquida:
Considerando que esses limites são repartidos no âmbito de cada Poder, o esquema adian-
te resume a repartição desses limites globais, conforme disposto na lei em comento. Trata-se de
Em face do quadro apresentado, cabe registrar que o Supremo Tribunal Federal (ADI 3.756,
2007), por unanimidade, decidiu que o DF deve observar o limite global de 52% da RCL para as
despesas com pessoal (49% para o Poder Executivo e 3% para o Legislativo), já que compete à
União, nos termos da Constituição, organizar e manter o Poder Judiciário e o Ministério Público
do Distrito Federal.
Na hipótese de ocorrer a extrapolação desses limites máximos para despesas com pesso-
al, a LRF estabelece o prazo de dois quadrimestres, em regra, para a eliminação de percentual
excedente.
Em reforço, o art. 5º da Lei de Crimes Fiscais (Lei nº 10.028/2000) informa que constitui in-
fração administrativa contra as leis de finanças públicas “deixar de ordenar ou de promover”,
na forma e nos prazos da lei, a execução de medida para a redução do montante da despesa
total com pessoal que houver excedido a repartição por Poder do limite máximo. O responsável
fica sujeito à punição com multa de 30% dos vencimentos anuais.
Por força do art. 198, § 2º, da Constituição Federal, a União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios devem aplicar um valor mínimo em ações e serviços públicos de saúde. Na esfera
federal, por exemplo, o valor mínimo deve corresponder a 15% da receita corrente líquida.
Além do gasto mínimo com saúde, o art. 212 da Lei Magna estabelece que a União deve
aplicar, anualmente, nunca menos de 18%, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
25%, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferên-
cias, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
O art. 42 do ADCT, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 89/2015, deter-
mina que a União, durante os 40 anos subsequentes à promulgação da Constituição Federal de
1988 – até 2028, portanto – deve aplicar, do total dos recursos destinados à irrigação, 20% na
Região Centro-Oeste e 50% na Região Nordeste, preferencialmente no semiárido.
• que as emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas
quando incompatíveis com o PPA (art. 166, § 4º);
• que as emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem
somente podem ser aprovadas caso sejam compatíveis com o PPA e com a LDO
(art. 166, § 3º, I).
Considerando que compete ao Poder Executivo enviar o Projeto de Lei Orçamentária Anual
– PLOA ao Legislativo, cabe àquele Poder estimar as receitas quando da elaboração da proposta
orçamentária.
Por outro lado, para prestigiar a autonomia financeira que acompanha a tripartição fun-
cional do Poder, a Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece que o Executivo de cada ente da
Federação deve colocar à disposição dos demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo
Além disso, cabe ressaltar que, após o envio do PLOA ao Poder Legislativo, este ainda pode
reestimar a receita nele prevista, se comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal, em
conformidade com o disposto na LRF.
E a Reserva de Contingência?
De acordo com as LDOs federais, os riscos fiscais podem ser classificados como riscos or-
çamentários e riscos da dívida.
À luz dessa realidade, em que o equilíbrio formal é ineficaz para combater o desequilíbrio
orçamentário substancial (real), o constituinte de 1988 optou não por impedir, mas por qualificar
desequilíbrios materiais que se apresentam sob as vestes de equilíbrios formais.
Nessa esteira, dispõe o art. 167, III, da Constituição, que é vedada a realização de opera-
ções de créditos que excedam o montante das despesas de capital. Trata-se da chamada regra
de ouro das finanças públicas, cuja ideia central é a de que o setor público não deve financiar
despesas correntes mediante endividamento, sob a perspectiva de valores globais.
Importante observar que o art. 11 da Lei nº 4.320/1964 informa que as operações de cré-
dito representam espécie do gênero “receitas de capital”, e que o art. 12 da mesma lei explicita
que as despesas de capital são compostas por três parcelas:
• investimentos;
• inversões financeiras; e
• transferências de capital.
Juntamente com esse mandamento geral, a Constituição previu exceção à regra de ouro
ao ressalvar as operações de crédito autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais
com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta.
Com espírito semelhante, o art. 44 da LRF veda a aplicação da receita de capital derivada
da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público para o financiamento de des-
pesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos
servidores públicos. O objetivo desse artigo é promover a gestão fiscal responsável.
III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital,
ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade pre-
cisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta;
VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal
e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e
fundos, inclusive dos mencionados no art. 165, 5º;
Tal vedação torna-se necessária para não dar margem a condutas inaceitáveis que carac-
terizariam gestão temerária (imprudente, arriscada, perigosa, precipitada) de recursos públicos.
Entendemos como o orçamento público no Brasil é estabelecido sob a forma de uma lei
ordinária e especial: a Lei Orçamentária Anual – LOA, que, com caráter autorizativo, irá orien-
tar a aplicação dos recursos públicos arrecadados pelos governos nas três esferas da federação.
___. ___. Secretaria de Orçamento Federal. Manual técnico de orçamento MTO. Versão 2011. Brasília, 2010.
MACHADO JR, José Teixeira. A Técnica do Orçamento-Programa no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro
de Administração Municipal, 1979.