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Os princípios ou regras orçamentais

Os princípios são normas gerais que, pela sua relevância, abrangência e valor intrínseco,
fundamentam o sistema jurídico. Permitem a interpretação de situações concretas com
base nos fins a que se destinam a norma. Desde seus primórdios, a instituição
orçamentária foi cercada de uma série de princípios e regras com a finalidade de
aumentar-lhe a consistência no cumprimento de sua principal finalidade política:
auxiliar o controle parlamentar sobre o governo.

Na preparação do orçamento, deve-se respeitar vários princípios e regras, normalmente


designadas por regras orçamentais. Estas regras foram teorizadas durante o período do
liberalismo e tem como objectivo tornar o orçamento claro, simples e verdadeiro, de
forma a garantir que as funções económica, política e jurídica da instituição os
orçamentais não sofram desvios.

Anualidade: a regra da anualidade envolve uma dupla exigência: votação anual do


Orçamento pelo Parlamento e execução anual do Orçamento pelo Governo e
Administração Pública. O registo das receitas e das despesas poderá ser feito na óptica
do orçamento de gerência ou na óptica do orçamento de exercício. No critério de
gerência incluem-se no Orçamento todas as despesas a realizar efectivamente e as
receitas de facto cobradas independentemente do momento em que tenham sido geradas
juridicamente.

Equidade: tem como finalidade garantir que os recursos sejam gastos considerando a


necessidade de não oneração das gerações futuras, especialmente no tocante a encargos
cujo benefício reverta apenas para as gerações presentes. Deve, pois, existir equidade na
distribuição de benefícios e custos entre gerações.

Publicidade: o Governo deverá assegurar a publicação de todos os documentos que se


revelem necessários para assegurar a adequada divulgação e transparência do OE e da
sua execução.

Plenitude Orçamental (Regra da Unidade e da Universalidade): um só Orçamento e


tudo no Orçamento. Com esta formulação tradicional pretende-se ligar a unidade e a
universalidade orçamentais. Procurando evitar-se a proliferação de contas, o que está
em causa é uma preocupação essencial de racionalidade.

Regra da Não Consignação: segundo este princípio “não pode afectar-se o produto de


quaisquer receitas à cobertura de determinadas despesas”. Pretende-se, deste modo, que
a totalidade das receitas públicas seja destinada à generalidade das despesas. Trata-se de
um princípio republicano, decorrente da satisfação das necessidades públicas com meios
colectivos.

Regra da Especificação: estipula que o Orçamento deve especificar “as despesas


segundo a respectiva classificação orgânica e funcional, de modo a impedir a existência
de dotações e fundos secretos, podendo ainda ser estruturado por programas”. Assim, as
despesas são fixadas de acordo com uma classificação orgânica, económica e funcional.

Regra do orçamento bruto: a regra do orçamento bruto diz-nos que todas as receitas e
despesas são inscritas no orçamento pela importância ou valor integral em que foram
avaliadas. Ou seja, as receitas e as despesas devem ser inscritas no orçamento de forma
bruta não líquida.

Equilíbrio orçamental: na sua formulação clássica o equilíbrio orçamental é visto


como uma determinação formal: tem de se prever em cada orçamento as receitas
necessárias para cobrir todas as despesas. Esta obrigação formal aplica-se sem prejuízo
dos regimes dos programas e das medidas que os compõem, da especificação nos
orçamentos dos serviços integrados e do equilíbrio dos fundos e serviços autónomos.

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