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RESUMO DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

SUMÁRIO

1. Orçamento público;
2. Instrumentos de planejamento (PPA, LDO E LOA);
3. Princípios orçamentários;
4. Ciclo orçamentário;
5. Créditos adicionais;
6. Estágios da receita e da despesa;
7. CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA PÚBLICA;
8. CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA PÚBLICA;
9. Restos a pagar e despesas de exercícios anteriores;
10. Dívida ativa;
11. Lei de responsabilidade fiscal (LEI Nº 101 DE 2000);
12. Lei sobre normas gerais de direito financeiro (LEI Nº 4320 DE 1964).
ORÇAMENTO PÚBLICO
É um instrumento de planejamento governamental em que constam as despesas da
administração pública para um período de um ano, em equilíbrio com a arrecadação das
receitas previstas. É o documento onde o governo reúne todas as receitas arrecadadas e progra-
ma o que de fato vai ser feito com esses recursos. É onde alocam os recursos destinados a hospi-
tais, manutenção das estradas, construção de escolas, pagamento de professores. É no orça-
mento onde estão previstos todos os recursos arrecadados e onde esses recursos se-
rão destinados.

O orçamento é um importante instrumento de planejamento de qualquer entidade,


seja pública ou privada, e representa o fluxo previsto de ingressos e de aplicações de
recursos em determinado período.

TIPOS DE ORÇAMENTO

1. Orçamento Legislativo: a elaboração, a votação e o controle do orçamento são compe-


tências do Poder Legislativo. Normalmente ocorre em países parlamentaristas. Ao Executivo
cabe apenas a execução.
2. Orçamento Executivo: a elaboração, a votação, o controle e a execução são competên-
cias do Poder Executivo. É típico de regimes autoritários.
3. Orçamento Misto: a elaboração e a execução são de competência do Executivo,
cabendo ao Legislativo a votação e o controle.

ESPÉCIES DE ORÇAMENTO

ORÇAMENTO CLÁSSICO OU TRADICIONAL

A falta de planejamento da ação governamental é uma das principais características


do orçamento tradicional. Constitui-se num mero instrumento contábil e baseia-se no orça-
mento do exercício anterior, ou seja, enfatiza atos passados. Demonstra uma despreocupação
do gestor público com o atendimento das necessidades da população, pois considera
apenas as necessidades financeiras das unidades organizacionais. Assim, nesta espécie
de orçamento não há preocupação com a realização dos programas de trabalho do Governo, im-
portando-se apenas com as necessidades dos órgãos públicos para realização das suas tarefas,
sem questionamentos sobre objetivos e metas. Predomina o incrementalismo. É uma peça mera-
mente contábil financeira, sem nenhuma espécie de planejamento das ações do Governo, onde
prevalece o aspecto jurídico do orçamento em detrimento do aspecto econômico, o qual possui
função secundária. Almeja-se a neutralidade e a busca pelo equilíbrio financeiro. As funções de
alocação, distribuição e estabilização ficam em segundo plano. Portanto, o orçamento tradici-
onal é somente um documento de previsão de receita e de autorização de despesas.

OBS:

 A principal função do orçamento, na sua forma clássica ou tradicional, é o controle políti-


co; já em sua forma moderna, o orçamento foca o planejamento.
 No Orçamento Clássico/Tradicional, o Legislativo queria saber apenas quanto o Execu-
tivo pretendia arrecadar e quanto seria gasto, e não se questionavam objetivos e metas do
Governo. Percebe-se que o aspecto jurídico do orçamento era mais valorizado do
que o aspecto econômico.

ORÇAMENTO DE DESEMPENHO OU POR REALIZAÇÕES

O orçamento de desempenho ou por realizações enfatiza o resultado dos gastos e não


apenas o gasto em si. A ênfase reside no desempenho organizacional. Caracteriza-se pela apre-
sentação de dois quesitos: o objeto de gasto (secundário) e um programa de trabalho
contendo as ações desenvolvidas. Nessa espécie de orçamento, o gestor começa a se pre-
ocupar com os benefícios dos diversos gastos e não apenas com seu objeto. Apesar da
evolução em relação ao orçamento clássico (tradicional), o orçamento de desempenho ainda
se encontra desvinculado de um planejamento central das ações do Governo, ou seja, nesse mo-
delo orçamentário inexiste um instrumento central de planejamento das ações do Governo vincu-
lado à peça orçamentária. Apresenta, assim, uma deficiência, que é a desvinculação entre
planejamento e orçamento.

ORÇAMENTO BASE ZERO OU POR ESTRATÉGIA

Orçamento Base-Zero ou por Estratégia, Constitui-se na verdade, em técnica utilizada para a


elaboração do orçamento-programa, pois é um processo operacional, de planejamento e orça-
mento, exigindo que cada administrador justifique detalhadamente os recursos solicitados. Todas
as funções dos departamentos devem ser analisadas e identificadas em lotes de deci-
são (ou pacotes de decisão), os quais serão avaliados e ordenados de acordo com a
sua relevância.

Suas características principais são:

1. Todos os programas devem ser justificados a cada início de um novo ciclo orçamentário,
não existindo direitos adquiridos sobre verbas anteriormente outorgadas;
2. As solicitações de recursos não obedecem a nenhuma prioridade;
3. Revisão crítica dos gastos tradicionais de cada área, e estimativas dos custos para o exercí-
cio seguinte, partindo-se de uma nova base, ou seja, base zero;
4. Nível de expansão de esforço está dentro do pacote de decisões e procura incrementar
níveis acima do corrente, buscando favorecer a permissão para a execução de funções ou
serviços adicionais.

ORÇAMENTO-PROGRAMA

O orçamento-programa foi introduzido no Brasil através da Lei 4320/64 e do Decreto-lei


200/67.

A CF/88 implantou definitivamente o orçamento-programa no país, ao estabelecer a normatiza-


ção da matéria orçamentária através do PPA (Plano Plurianual), da LDO (Lei de Diretrizes
Orçamentárias) e da LOA (Lei Orçamentária Anual), ficando evidente o extremo zelo do
constituinte para com o planejamento das ações do governo.

O orçamento-programa é um instrumento de planejamento da ação do Governo, por meio da


identificação dos seus programas de trabalho, projetos e atividades, com estabelecimento de ob-
jetivos e metas a serem implementados e previsão dos custos relacionados.
Por meio do orçamento-programa, tem-se o estabelecimento de objetivos e a quantificação de
metas, com a consequente formalização de programas visando ao atingimento das metas e alcan-
ce dos objetivos. Com esse modelo, passa a existir um elo entre o planejamento e as funções
executivas da organização, além da manutenção do aspecto legal, porém não sendo considerado
como prioridade. É a espécie de orçamento utilizada no Brasil.

O ORÇAMENTO PROGRAMA é o atual e mais moderno Orçamento Público. Está intimamen-


te ligado ao planejamento, e representa o maior nível de classificação das ações governamentais.
Ele expressa o compromisso e as ações do governo para a sociedade, pois indica com clareza os
objetivos da nação. O Orçamento Programa é um plano de trabalho que integra – numa con-
cepção gerencial - planejamento e orçamento com objetivos e metas a alcançar. A ênfase do or-
çamento-programa é nas realizações, e a avaliação de resultados abrange a eficácia (alcance das
metas) e a efetividade (análise do impacto final das ações). É a única técnica que integra pla-
nejamento e orçamento e, como o planejamento começa pela definição de objeti-
vos, não há Orçamento Programa sem definição clara de objetivos. “Essa integração é
feita através dos "programas", que são os ''elos de união" entre planejamento e orçamento. Le-
vem para a prova que, atualmente diz-se que o Orçamento Programa é o elo entre planeja-
mento, orçamento e gestão, portanto, no Orçamento Programa a ênfase é no que se
realiza e não no que se gasta.

ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

Contempla a população no processo decisório, por meio de lideranças, audiências pú-


blicas ou por outras formas de consulta direta à sociedade. Trata-se de ouvir de forma
direta as comunidades para a definição das ações do governo, para resolução dos pro-
blemas por elas considerados prioritários.
FUNÇÕES CLÁSSICAS DO ORÇAMENTO

1. ALOCATIVA;
2. DISTRIBUTIVA;
3. ESTABILIZADORA.

Segundo Sérgio Mendes, a classificação das funções mais cobradas em concursos são:

1. Alocativa: é a função em que o Estado oferece determinados bens e serviços desejados, e


até mesmo necessários, pela sociedade. O Estado atua diretamente na produção de bens e
serviços necessários, mas que não são ofertados pela iniciativa privada.

2. Distributiva: visa ajustar a renda, surge em razão da necessidade de corrigir as falhas de


mercado. Isso leva a que o governo se utilize do Orçamento para promover políticas de dis-
tribuição de recursos públicos como forma de tentar resolver tais tipos de problemas.

3. Estabilizadora: visa manter a estabilidade econômica, diferencia-se das demais funções


por não ter como foco a destinação de recursos. Seu campo de atuação é na manutenção
do elevado nível de emprego e estabilidade de preços. Age na demanda, de forma a au-
mentá-la ou diminuí-la.

ATENÇÃO: das funções clássicas do orçamento, a estabilizadora é a única que não tem como
foco o gasto.

Os orçamentos públicos podem ainda ser classificados em orçamentos de natureza impositiva e


de natureza autorizativa:

Orçamento impositivo: é aquele em que, uma vez consignada uma despesa no orçamento, ela
deve ser necessariamente executada. Nesta visão, o orçamento, por se tratar de uma lei, deve ser
rigorosamente cumprido. No Brasil, é adotado para a execução de emendas parlamentares indivi-
duais.
Orçamento autorizativo: não existe obrigatoriedade de execução das despesas consignadas no
orçamento público, já que o Poder Público tem a discricionariedade para avaliar a conveniência e
a oportunidade do que deve ou não ser executado. Em nosso país, o orçamento é autorizativo na
quase totalidade da LOA. Como regra geral, o fato de ser fixada uma despesa na lei orçamentária
anual não gera o direito de exigência de sua realização por via judicial.
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO (PPA/LDO/LOA)

PLANO PLURIANUAL (PPA)


Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

1. O plano plurianual;
2. As diretrizes orçamentárias;
3. Os orçamentos anuais.

O PPA é o instrumento de planejamento de médio prazo do Governo Federal, que estabelece,


de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e metas da Administração Pública Federal
para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de dura-
ção continuada.

O Plano Plurianual – PPA é o instrumento de planejamento do Governo Federal que estabele-


ce, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública Fede-
ral para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de
duração continuada. Retrata, em visão macro, as intenções do gestor público para um período
de quatro anos, podendo ser revisado, durante sua vigência, por meio de inclusão, exclusão ou
alteração de programas.

Segundo o art. 165, § 1º da CF/88: A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de
forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal
para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos progra-
mas de duração continuada.

Logo, o PPA (planejamento estratégico governamental) possibilita o controle social (exercido pelo
cidadão); estipula as diretrizes que orientam os gestores públicos; objetivos serão traçados em
busca de resultados (administração gerencial); tais objetivos serão desdobrados em metas.

As diretrizes, os objetivos e as metas são da administração pública federal, ou


seja, aqueles referentes à gestão pública no âmbito do Governo Federal. O PPA fede-
ral não inclui diretrizes, objetivos e metas dos demais entes públicos, pois cada ente
possui seu próprio PPA.
Quanto aos investimentos, determina o art. 167, § 1º da CF/88: Nenhum investimento cuja exe-
cução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano
plurianual, OU sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade”.

Na esfera federal, os prazos para o ciclo orçamentário estão no Ato das Disposições Consti-
tucionais Transitórias (ADCT) e estarão em vigor enquanto não for editada a lei complementar
prevista na CF/88, a qual deve versar sobre o tema.

Segundo o ADCT, a vigência do PPA é de quatro anos, iniciando-se no segundo exercício fi-
nanceiro do mandato do chefe do executivo e terminando no primeiro exercício financeiro do
mandato subsequente. Ele deve ser encaminhado do Executivo ao Legislativo até quatro
meses antes do encerramento do primeiro exercício, ou seja, até 31 de agosto. A de-
volução ao Executivo deve ser feita até o encerramento do segundo período da sessão
legislativa (22 de dezembro) do exercício em que foi encaminhado.

A Constituição Federal, em seu art. 165, § 4º determina que: Os planos e programas nacio-
nais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados em consonân-
cia com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional.
Entretanto, os programas nacionais, regionais e setoriais muitas vezes têm duração supe-
rior ao PPA, porque são de longo prazo, como o Plano Nacional de Educação (10 anos).

O PPA é adotado como referência para os demais planos e programas nacionais, regionais e seto-
riais previstos na Constituição Federal. A regionalização prevista na CF/88 considera, na formula-
ção, na apresentação, na implantação e na avaliação do Plano Plurianual, as diferenças e desi-
gualdades existentes no território brasileiro.

Podemos afirmar que o PPA compõe-se de dois grandes módulos:

1. Base Estratégica;
2. Programas.

A Base Estratégica compreende:

1. Análise da situação econômica e social;


2. Diretrizes, objetivos e metas estabelecidas pelo chefe do Poder Executivo;
3. Diretrizes, objetivos e metas dos demais órgãos compatíveis com a orientação estratégica
do chefe do Poder Executivo.
4. Previsão dos recursos orçamentários e sua distribuição entre os setores e/ou entre os pro-
gramas.

Os programas compreendem:

1. Definição dos problemas a serem solucionados;


2. Conjunto de ações que deverão ser empreendidas para alcançar os objetivos estabelecidos

DESDE 2012 O PPA TEM TRÊS DIMENSÕES:

Dimensão estratégica: macro desafios e visão de longo prazo.


Dimensão tática: define caminhos exequíveis para o alcance de objetivos. Essa dimensão vincu-
la os programas temáticos para consecução dos objetivos.
Dimensão operacional: desempenho da ação governamental no nível da eficiência e tratada no
orçamento. Busca a otimização na aplicação dos recursos disponíveis e a qualidade dos produtos
entregues.

LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO)


A LDO também surgiu por meio da Constituição Federal de 1988, almejando ser o elo entre o pla-
nejamento estratégico (Plano Plurianual) e o planejamento operacional (Lei Orçamentária Anual).
Sua relevância reside no fato de ter conseguido diminuir a distância entre o planejamento estraté-
gico e o planejamento operacional, as quais dificilmente conseguiam incorporar as diretrizes dos
planejamentos estratégicos existentes antes da CF/1988.

Segundo o art. 165 § 2º da CF/88: A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as me-


tas e prioridades da administração pública federal, estabelecerá as diretrizes de políti-
ca fiscal e respectivas metas, em consonância com trajetória sustentável da dívida pú-
blica, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na
legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras
oficiais de fomento.
No tocante à função de orientar a elaboração da LOA, a Constituição também prevê
que a LDO deve dispor sobre os prazos e os limites das propostas orçamentárias dos
três poderes, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União.

A LDO orienta a elaboração e execução do orçamento anual, mas é de curto prazo.

Parte da doutrina afirma que a vigência da LDO é de um ano. Todavia, a LDO extrapola
o exercício financeiro, uma vez que ela é aprovada até o encerramento do primeiro período
legislativo e orienta a elaboração da LOA no segundo semestre, bem como estabelece regras or-
çamentárias a serem executadas ao longo do exercício financeiro subsequente. Por exemplo, a
LDO elaborada em 2022 terá vigência já em 2022 para que oriente a elaboração da LOA e tam-
bém durante todo o ano de 2023, quando ocorrerá a execução orçamentária.

A LDO é anual no sentido de que a cada ano teremos uma LDO (LDO-2019, LDO-2020,
LDO-2021 etc). Todavia, a vigência (duração) da LDO extrapola o exercício financeiro,
uma vez que ela é aprovada até o encerramento do primeiro período legislativo e orienta a elabo-
ração da LOA no segundo semestre, bem como estabelece regras orçamentárias a serem execu-
tadas ao longo do exercício financeiro subsequente. Por exemplo, a LDO elaborada em 2022
terá vigência já em 2022 para que oriente a elaboração da LOA e também durante todo o ano de
2023, quando ocorrerá a execução orçamentária.

O prazo para encaminhamento da LDO ao Legislativo é de oito meses e meio antes do encer-
ramento do exercício financeiro (15 de abril) e a devolução ao Executivo deve ser realizada até o
encerramento do primeiro período da sessão legislativa (17 de julho). A sessão legislativa
não será interrompida sem a aprovação da LDO.
Além dos dispositivos referentes à lei de diretrizes orçamentárias previstos na CF/88, a Lei de
Responsabilidade Fiscal aumentou o rol de funções da LDO. Entre elas, está a obrigação de que o
anexo de metas fiscais e o anexo de riscos fiscais integrem a LDO. Outra obrigação, por
exemplo, é que a LDO deve dispor sobre o equilíbrio entre receitas e despesas.

A CF/88 determina que a LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS considere as altera-


ções na legislação tributária, mas a LDO não pode criar, aumentar, suprimir, autorizar
ou diminuir tributos, o que deve ser feito por outras leis. Também não existe regra determi-
nando que tais leis sejam aprovadas antes da LDO, nem que só possam vigorar após serem in-
cluídas na LDO.

LDO não pode fazer o CASAD ---> TRIBUTOS

 Criar;
 Aumentar;
 Suprimir;
 Autorizar;
 Diminuir.

De acordo com a CF/88, é a LDO que vai fixar LIMITES e PRAZOS para as propostas orçamen-
tárias dos Tribunais, Ministério Público e Defensoria Pública.

LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA)

A Lei Orçamentária Anual é o instrumento pelo qual o Poder Público prevê a arrecada-
ção de receitas e fixa a realização de despesas para o período de um ano. A LOA é o
orçamento por excelência ou o orçamento propriamente dito (orçamento fiscal).

A CF/88 veda o início de programas ou projetos não incluídos na LOA. Ainda, proíbe a
consignação de crédito com finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada.

Art. 165, § 8º da CF: A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previ-
são da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para
abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que
por antecipação de receita, nos termos da lei.

A LOA deve conter apenas matérias atinentes à previsão das receitas e à fixação das despesas,
sendo liberadas, em caráter de exceção, as autorizações para créditos suplementares e operações
de crédito, inclusive por antecipação de receita orçamentária. Trata-se do princípio constitu-
cional da exclusividade. A finalidade da LOA é a concretização dos objetivos e metas estabele-
cidos no PPA. É o cumprimento ano a ano das etapas do PPA, em consonância com o que foi es-
tabelecido na LDO. Portanto, orientada pelas diretrizes, objetivos e metas do PPA, compreende as
ações a serem executadas, seguindo as metas e prioridades estabelecidas na LDO.

Quanto aos prazos, a Lei Orçamentária Anual federal, conhecida ainda como Orçamento Geral da
União (OGU), também segue o ADCT. O projeto da Lei Orçamentária anual deverá ser encami-
nhado ao Legislativo quatro meses antes do término do exercício financeiro (31 de agosto), e
devolvido ao executivo até o encerramento da sessão legislativa (22 de dezembro) do exercício
de sua elaboração.

A Lei Orçamentária Anual é uma lei em sentido formal, ou seja, aprovada pelo Legisla-
tivo e sancionada pelo Executivo.
De acordo com a lei orçamentária anual, os orçamentos das empresas estatais independentes
constam do orçamento de investimento. Os orçamentos das empresas estatais dependentes cons-
tam do orçamento fiscal e da seguridade social.

RESUMINDO:

 Empresa Estatal INdependente -> orçamento de INvestimento e não seguirá a LRF.


 Empresa Estatal dependente -> orçamento fiscal e da seguridade social

O projeto da LOA deverá ser encaminhado ao Legislativo quatro meses antes do término do
exercício financeiro (31/08), e devolvido ao executivo até o encerramento da sessão legislati-
va (22/12) do exercício de sua elaboração.

Ainda, o projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito,


sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios
de natureza financeira, tributária e creditícia (art. 165, § 6º, da CF/1988).

A LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA) compreenderá:

I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da ad-
ministração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente,
detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vincu-
lados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e manti-
dos pelo Poder Público.

A LOA define as prioridades contidas no PPA e as metas que deverão ser atingi-
das naquele ano e todas as ações do Poder Executivo. Nenhuma despesa pública poderá
ser executada fora do Orçamento.

"Com base no PPA, que estabelece o plano para o período de 4 anos, e na LDO, que define as
metas e prioridades para o ano seguinte, é elaborada a Lei Orçamentária Anual - LOA."
A LOA tem como principais objetivos estimar a receita e fixar a programação das des-
pesas para o exercício financeiro.

(Art. 169,§ 1º, CF). A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de
cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou con-
tratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indire-
ta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas:

1. Se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de


pessoal e aos acréscimos dela decorrentes;
2. Se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as em-
presas públicas e as sociedades de economia mista.

É fato que a LDO estabelece as metas e prioridades, bem como orienta a elaboração da
LOA; porém, mesmo que não esteja na LDO, a LOA poderá conter outros projetos a serem execu-
tados. As metas e prioridades da LDO orientam sobre o que é mais importante, mas a
LOA contém também diversas despesas não classificadas como metas ou prioridades.

Os recursos são escassos e as necessidades da sociedade são ilimitadas. Logo, são necessárias
escolhas no momento da elaboração dos instrumentos de planejamento e orçamento e natural-
mente alguns setores serão mais beneficiados, de acordo com as ideias dominantes dos governan-
tes daquele momento. Logo, não é possível garantir aos entes públicos que suas necessidades de
recursos financeiros serão plenamente atendidas.

De acordo com o art. 166 da CF/88, os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às di-
retrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados
pelas duas Casas do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), na forma do
regimento comum.

No âmbito de cada ente, PPA, LDO e LOA constituem etapas distintas, porém integra-
das, de forma que permitam um planejamento estrutural das ações governamentais.

O processo orçamentário brasileiro é direcionado principalmente por três leis distintas: PPA, LDO
e LOA. O plano plurianual tem maior vigência, a qual é de quatro anos; a lei de diretrizes orça-
mentárias em conjunto com o anexo de metas e riscos fiscais conforme determina a Lei de Res-
ponsabilidade Fiscal e, por fim, a lei orçamentária anual, na qual se incluem o orçamento fiscal, o
de seguridade social e o de investimentos das empresas.

Art. 165, § 6º, CF: O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionali-
zado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsí-
dios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia.

RESUMO PARA A PROVA

1. PPA - DOM - DIRETRIZES, OBJETIVOS E METAS.


2. LDO – MP - METAS E PRIORIDADES

 Compreenderá metas e prioridades;


 Orientará a elaboração da LOA;
 Disporá sobre as alterações na legislação tributária;
 Estabelecerá política de agências de fomento;
 Trata sobre os anexos de riscos fiscais e de metas fiscais.
 Trata sobre o Equilíbrio entre receitas e despesas;
 Trata sobre Critérios e forma de limitação de empenho;
 Trata sobre Normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos pro-
gramas financiados com recursos dos orçamentos;
 Trata das Demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públi-
cas e privadas;
3. LOA - TRÊS ORÇAMENTOS - FISCAL, DE INVESTIMENTOS E DE SEGURIDADE SO-
CIAL.

A LOA é um instrumento de planejamento que operacionaliza em curto prazo nos programas


obtidos no Plano Plurianual. A PLOA comtempla conforme selecionado pela LDO, as prioridades
obtidas no PPA e as metas que deverão ser atingidas no exercício financeiro.

É correta a afirmação de que o PPA e a LDO são referências para a LOA. Porém, a sua
aprovação não está condicionada à aprovação do PPA. Como os dois projetos são enviados até a
mesma data, não faz sentido condicionar a aprovação da LOA ao do PPA.

LEI Nº 4.320/64. Art. 32. Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas
Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo considerará
como proposta a Lei de Orçamento vigente.
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS São premissas ou linhas norteadoras a serem observadas na
concepção e execução da LOA. Válidos para todos os entes e para todos os poderes E visam au-
mentar a consistência e estabilidade do sistema orçamentário.

Os Princípios Orçamentários visam estabelecer diretrizes norteadoras básicas, a fim de confe-


rir racionalidade, eficiência e transparência para os processos de elaboração, execução e
controle do orçamento público. Válidos para os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de to-
dos os entes federativos – União, estados, Distrito Federal e municípios – são estabelecidos e dis-
ciplinados por normas constitucionais, infraconstitucionais e pela doutrina.

1. Princípio da universalidade ou globalização;


2. Princípio da unidade ou totalidade;
3. Princípio da anualidade ou periodicidade;
4. Princípio do orçamento bruto;
5. Princípio da exclusividade;
6. Princípio da especificação, especialização ou discriminação;
7. Princípio da proibição do estorno;
8. Princípio da quantificação dos créditos orçamentários;
9. Princípio do equilíbrio orçamentário;
10. Princípio da legalidade;
11. Princípio da publicidade;
12. Princípio da transparência orçamentária;
13. Princípio da programação ou planejamento;
14. Princípio da uniformidade ou consistência;
15. Princípio da clareza ou da inteligibilidade;
16. Princípio da não afetação ou não vinculação de receitas;
17. Princípio da exatidão.

PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE OU GLOBALIZAÇÃO

PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE: no UNIVERSO eu tenho TUDO! TUDO tem que estar


na LOA (TODAS as receitas e despesas vão estar alí).

De acordo com o princípio da universalidade, o orçamento deve conter todas as recei-


tas e despesas referentes aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da Adminis-
tração direta e indireta. Assim, o Poder Legislativo pode conhecer, a priori, todas as receitas e
despesas do governo.

PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE OU GLOBALIZAÇÃO: O orçamento deve conter todas as


receitas e despesas referentes aos órgãos e poderes, inclusive das operações de créditos.
PRINCÍPIO DA UNIDADE OU TOTALIDADE

O ORÇAMENTO DEVE SER UNO PARA CADA ENTE DA FEDERAÇÃO.


PRINCÍPIO DA UNIDADE: Uma ÚNICA LOA (Lei Orçamentária Anual) por ente federativo.
A LOA compreende três tipos de orçamentos para a composição (orçamento fiscal, de
investimento das empresas estatais e da seguridade social).
O orçamento deve ser UNO, ou seja, cada unidade governamental deve possuir apenas
um orçamento.

A Lei n.º 4.320/64 estabelece que cada esfera de governo deve possuir apenas um orçamento,
fundamentado em uma única política orçamentária e estruturado uniformemente.
O Princípio da Unidade significa que o orçamento deve ser uno, ou seja, cada esfera do Governo
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios) deve possuir apenas um orçamento, tendo como
fundamentação uma única política orçamentária e uma estrutura uniforme.

PRINCÍPIO DA ANUALIDADE OU PERIODICIDADE

Segundo o princípio da anualidade, o orçamento deve ser elaborado e autorizado para


um período de um ano.

Está na Lei 4.320/64: Art. 2º A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa
de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do Governo, obe-
decidos aos princípios de unidade, universalidade e anualidade.

E também na nossa Constituição Federal de 1988:

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

 I – o plano plurianual;
 II – as diretrizes orçamentárias;
 III – os orçamentos anuais.

É conhecido também como princípio da periodicidade, numa abordagem em que o orçamento


deve ter vigência limitada a um exercício financeiro.

No Brasil, tal princípio coincide com o ano civil, segundo a Lei 4.320/64: Art. 34. O exercício
financeiro coincidirá com o ano civil. (1º de janeiro a 31 de dezembro)

Vários artigos da Constituição remetem à anualidade, como o § 1º do art. 167:

§ 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá


ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclu-
são, sob pena de crime de responsabilidade.

A Lei 4.320/64 poderia ser alterada, porém não desconfiguraria o princípio, pois o conceito de
anualidade não está relacionado ao ano civil, mas com o exercício financeiro e o período de 12
meses. Anualidade é princípio orçamentário, porém Anterioridade não é. O princípio
constitucional da anterioridade é princípio tributário e não orçamentário.
PRINCÍPIO DO ORÇAMENTO BRUTO

O princípio do Orçamento Bruto determina que as receitas e despesas devem constar


na LOA pelos seus valores totais, sendo vedadas quaisquer deduções ou compensa-
ções.

Lei 4.320/64 Art. 6º Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos
seus totais, vedadas quaisquer deduções.

OBS: Ao vedar as deduções, esse princípio possibilita a aplicação plena do princípio da universali-
dade, pois as receitas e despesas referentes a essas deduções não apareceriam no orçamento.

DICA: Operação de transferência de recursos entre entes federativos não fere o prin-
cípio do orçamento bruto. Nesse caso, os recursos deverão ser incluídos como despe-
sa no orçamento do ente que transfere e, como receita, no orçamento daquele que
os receber.

A aplicação do princípio do orçamento bruto visa impedir a inclusão, no orçamento,


de importâncias líquidas, isto é, a inclusão apenas do saldo positivo ou negativo resultante do
confronto entre as receitas e as despesas de determinado serviço público.

OBS: O princípio do orçamento bruto constitui um pressuposto básico do princípio da


universalidade.

PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE/PUREZA ORÇAMENTÁRIA

Determina que a Lei Orçamentária não poderá conter matéria estranha à previsão das
receitas e à fixação das despesas. Exceção se dá para as autorizações de créditos suple-
mentares e operações de crédito, inclusive por antecipação de receita orçamentária
(ARO). Por exemplo, o orçamento não pode conter matéria de Direito Penal.

Assim, o princípio da exclusividade tem o objetivo de limitar o conteúdo da Lei Orçamentária,


impedindo que nela se inclua normas pertencentes a outros campos jurídicos, como forma de se
tirar proveito de um processo legislativo mais rápido. Por outro lado, as exceções ao princípio pos-
sibilitam uma pequena margem de flexibilidade ao Poder Executivo para a realização de alterações
orçamentárias.

Possui previsão no art. 165 § 8º da CF/88:

“A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à


fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de cré-
ditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação
de receita, nos termos da lei”.

REGRA -----> LOA só disporá sobre previsão de receitas e fixação de despesas.


EXCEÇÃO --> LOA pode conter autorização para abertura de crédito suplementar e contratação
para OPERAÇÃO DE CRÉDITO.
PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO, ESPECIALIZAÇÃO OU DISCRIMINAÇÃO

O princípio da especificação determina que, na Lei Orçamentária Anual, as receitas e despe-


sas devam ser discriminadas, demonstrando a origem e a aplicação dos recursos.

 PPA e LDO --> Não há necessidade de um detalhamento tão grande de receitas e des-
pesas.
 LOA --> É OBRIGADA A SEGUIR O PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO.

CUIDADO: Se especifica as Receitas e Despesas e NÃO as Unidades Administrativas.


(CESPE COBROU)

O princípio da especificação, especialização ou discriminação determina que, na Lei Orça-


mentária Anual, as receitas e despesas devam ser discriminadas, demonstrando a origem e a apli-
cação dos recursos. Tem o objetivo de facilitar a função de acompanhamento e controle do gasto
público por toda a sociedade, evitando a chamada “ação guarda-chuva”, que é aquela ação
genérica, mal especificada, com demasiada flexibilidade.

Para o PPA e a LDO, não há necessidade de um detalhamento tão grande de receitas e


despesas. Isso vai ocorrer posteriormente, pois a LOA é obrigada a seguir o princípio
da especificação.

PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DO ESTORNO

O princípio da proibição do estorno determina que o administrador público não pode


transpor, remanejar ou transferir recursos sem autorização. Quando houver insuficiência
ou carência de recursos, deve o Poder Executivo recorrer à abertura de crédito adicional ou solici-
tar a transposição, remanejamento ou transferência, o que deve ser feito com autorização do Po-
der Legislativo.

CUIDADO: Entretanto, há uma exceção, acrescida pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015:
Por ato do Poder Executivo, sem necessidade da prévia autorização legislativa, poderá
transpor, remanejar ou transferir recursos de uma categoria de programação no âmbi-
to das atividades de ciência, tecnologia e inovação, com o objetivo de viabilizar os re-
sultados de projetos restritos a essas funções.

Veja o dispositivo constitucional:

“Art. 167”. São vedados: (...)

 VI – a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma ca-


tegoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia auto-
rização legislativa.

PRINCÍPIO DA QUANTIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS

O princípio da quantificação dos créditos orçamentários veda a concessão ou utiliza-


ção de créditos ilimitados. Está na CF/88:

Art. 167. São vedados:


 VII – a concessão ou utilização de créditos ilimitados.

O princípio da quantificação dos créditos orçamentários determina que todo crédito na LOA seja
autorizado com uma respectiva dotação, limitada, ou seja, cada crédito deve ser acompanhado de
um valor determinado. Assim, não são admitidas dotações ilimitadas, sem exceções.

O art. 59 da Lei 4.320/64 exige a observância do princípio:

 Art. 59. O empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos conce-
didos.

PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO

O princípio do equilíbrio orçamentário visa assegurar que as despesas autorizadas não


serão superiores à previsão das receitas na lei orçamentária anual.

A LRF determina que a lei de diretrizes orçamentárias trate do equilíbrio entre receitas e despesas.

Art. 4º A lei de diretrizes orçamentárias:

 I – disporá também sobre:


 Equilíbrio entre receitas e despesas.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Todos os instrumentos de planejamento e orçamento, PPA, LDO e LOA e também de


créditos adicionais são encaminhadas pelo Poder Executivo para discussão e aprova-
ção pelo Congresso Nacional.

O art. 5º da Constituição determina em seu inciso II que “ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.

O art. 37 cita os princípios gerais que devem ser seguidos pela Administração Pública,
que são legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Para ser legal, a aprovação do orçamento deve observar o processo legislativo.

O respaldo ao princípio da legalidade orçamentária também está na Constituição:

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

 I – o plano plurianual;
 II – as diretrizes orçamentárias;
 III – os orçamentos anuais.

Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias,


ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do
Congresso Nacional, na forma do regimento comum.

PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

O art. 37 da Constituição cita os princípios gerais que devem ser seguidos pela Administração Pú-
blica, que são legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
O princípio da publicidade também é orçamentário, pois as decisões sobre orçamento
só têm validade após a sua publicação em órgão da imprensa oficial. É condição de eficá-
cia do ato a divulgação em veículos oficiais de comunicação para conhecimento público, de forma
a garantir a informação na elaboração e execução do orçamento. Assim, tem-se a garantia de
acesso para qualquer interessado às informações necessárias ao exercício da fiscalização sobre a
utilização dos recursos arrecadados dos contribuintes.

PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA ORÇAMENTÁRIA

A transparência exige que todos os atos de entidades públicas devem ir além da publicidade for-
mal, pois determina ampla prestação de contas em diversos meios. A LRF exige ampla divulgação,
inclusive em meio eletrônico, dos instrumentos de planejamento e orçamento, da prestação de
contas e de diversos relatórios e anexos. A transparência será assegurada também median-
te incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os
processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e or-
çamentos; da liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo
real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios ele-
trônicos de acesso público; e da adoção de sistema integrado de administração financeira e con-
trole, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União.

PRINCÍPIO DA PROGRAMAÇÃO OU PLANEJAMENTO

O orçamento deve expressar as realizações e objetivos de forma programada e plane-


jada. O princípio da programação decorre da necessidade da estruturação do orçamento em pro-
gramas, dispondo que o orçamento deva ter o conteúdo e a forma de programação. Assim, alguns
autores defendem que o princípio da programação é decorrente da evolução das funções do or-
çamento e que não poderia ser observado antes da instituição do conceito de orçamento progra-
ma. O princípio da programação vincula as normas orçamentárias à consecução e à fi-
nalidade do plano plurianual e aos programas nacionais, regionais e setoriais de de-
senvolvimento.

PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE OU CONSISTÊNCIA

O princípio da uniformidade ou consistência dispõe que o orçamento deve manter uma


mínima padronização ou uniformidade na apresentação de seus dados, de forma a per-
mitir que os usuários realizem comparações entre os diversos períodos. O orçamento de cada ente
deve apresentar e conservar ao longo dos diversos exercícios financeiros uma estrutura que per-
mita comparações entre os sucessivos mandatos. Apesar de facilitar para os usuários, tal princípio
perdeu um pouco de importância, pois atualmente é possível fazer realinhamentos de séries histó-
ricas utilizando outros meios, que trazem dados passados para a formatação atual.

PRINCÍPIO DA CLAREZA OU DA INTELIGIBILIDADE

O orçamento público deve ser apresentado em linguagem clara e compreensível a todas as pesso-
as que, por força do ofício ou interesse, precisam manipulá-lo. Dispõe que o orçamento deve ser
expresso de forma clara, ordenada e completa. Embora diga respeito ao caráter formal, tem
grande importância para tornar o orçamento um instrumento eficiente de governo e administra-
ção.

REFORÇANDO OS TRÊS PRINCÍPIOS:

PRINCÍPIO DA NÃO AFETAÇÃO OU NÃO VINCULAÇÃO DE RECEITAS

O princípio da não afetação ou não vinculação de receitas dispõe que nenhuma receita de
IMPOSTOS poderá ser reservada ou comprometida para atender a certos e determinados gastos,
salvo as ressalvas constitucionais.

PRINCÍPIO DA EXATIDÃO

Sanches define como: Princípio orçamentário, de natureza complementar, segundo o


qual as estimativas orçamentárias devem ser tão exatas quanto possível, a fim de do-
tar o Orçamento da consistência necessária para que esse possa ser empregado como
instrumento de gerência, de programação e de controle.
CICLO ORÇAMENTÁRIO
O ciclo orçamentário é um processo contínuo, dinâmico e flexível, por meio do qual se
elabora ou planeja, aprova, executa e controla ou avalia a programação de dispêndios do
setor público nos aspectos físico e financeiro. No nosso país identificam-se, basicamente, quatro
etapas do ciclo ou processo orçamentário:

1. ELABORAÇÃO;
2. APROVAÇÃO;
3. EXECUÇÃO;
4. AVALIAÇÃO E CONTROLE.

Sendo que ELABORAÇÃO e EXECUÇÃO é de competência do PODER EXECUTIVO.


Enquanto APROVAÇÃO e AVALIAÇÃO/CONTROLE é de competência do PODER LEGISLA-
TIVO.

Isso faz dele um ORÇAMENTO MISTO!!!

No Brasil, o Orçamento Público tem caráter AUTORIZATIVO, e não IMPOSITIVO.


Quando o orçamento anual é aprovado, transformando-se na Lei Orçamentária Anu-
al, apenas contém a AUTORIZAÇÃO do Poder Legislativo para que, no decorrer do
exercício financeiro, o gestor verifique A REAL NECESSIDADE e utilidade de realização
da despesa autorizada, e, sendo ela necessária, proceda a sua execução. Portanto,
ele não é obrigatório,

O processo orçamentário é dinâmico, entretanto, não autossuficiente, porque a elabo-


ração da proposta, primeira etapa do ciclo orçamentário, renova-se anualmente e é
resultante das definições da programação de médio prazo, que por sua vez detalha o
plano de longo prazo, para integrá-lo ao processo de planejamento.

O exercício financeiro coincide com o ano civil, ou seja, inicia-se em 1º de janeiro e se


encerra em 31 de dezembro de cada ano.
ELABORAÇÃO/PLANEJAMNETO

Iniciativas

A iniciativa é do Poder Executivo, Segundo o art. 165 da Constituição Federal de 1988:

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I – o plano plurianual;
II – as diretrizes orçamentárias;
III – os orçamentos anuais.

De acordo com esse artigo, as leis do PPA, LDO e LOA são de iniciativa do Poder Exe-
cutivo: Presidente da república, Governadores e Prefeitos.

No nível federal, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão é o órgão do Poder


Executivo responsável pela elaboração dos instrumentos de planejamento e orçamento. Nos esta-
dos, Distrito Federal e municípios, como regra geral, há uma Secretaria do Poder Executivo do
ente com a atribuição de elaborar tais leis.

Na esfera federal, a Constituição Federal, em seu art. 84, XXIII, determina que a iniciativa dos
instrumentos de planejamento e orçamento é de competência privativa do Presidente da Repúbli-
ca, mas ela deve ser lida como exclusiva:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

 XXIII – enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de dire-


trizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstas nesta Constituição.

Conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF, o Poder Executivo de cada ente colo-
cará à disposição dos demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo 30 dias antes
do prazo final para encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimati-
vas das receitas para o exercício subsequente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas me-
mórias de cálculo. Isso ocorre porque todos os Poderes (Legislativo, Judiciário e mais o Ministério
Público) elaboram suas propostas orçamentárias parciais e encaminham para o Poder Executivo, o
qual é o responsável constitucionalmente pelo envio da proposta consolidada ao Legislativo.

Art. 99 da CF/88: ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financei-


ra.

§ 1º ressalta que os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos li-
mites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na Lei de Diretrizes Orça-
mentárias.

§ 2º Ainda, o encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete:


I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superio-
res, com a aprovação dos respectivos tribunais;
II - no âmbito dos Estados e no Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos Tribu-
nais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais.
Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as respectivas propostas orçamentárias dentro
do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para
fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentá-
ria vigente.

De acordo com o art. 127 da CF/88, ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e
administrativa. O § 3º ressalta que o Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária den-
tro dos limites estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias. De forma semelhante ao Po-
der Judiciário, se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro
do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará para
fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária
vigente.

Art. 32 da Lei 4.320/64. Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas
Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo considerará
como proposta a Lei de Orçamento vigente.

O art. 165, § 9º da CF/88 dispõe que:

Cabe à lei complementar:


I – dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do pla-
no plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual;
II – estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem
como condições para a instituição e funcionamento de fundos.
III - dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de procedimentos que serão adotados
quando houver impedimentos legais e técnicos, cumprimento de restos a pagar e limitação das
programações de caráter obrigatório.

CUIDADO: Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do


orçamento anual serão enviados pelo Presidente da República ao Congresso Nacional,
nos termos de lei complementar.

DISCUSSÃO/ESTUDO/APROVAÇÃO

A fase de discussão corresponde ao debate entre os parlamentares sobre a proposta. Segundo o


art. 166 da CF/88: Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orça-
mentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas
Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum. Ainda, a CF/88 determina
que cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, dispor sobre todas as
matérias de competência da União, especialmente sobre, entre outros, plano plurianual, diretrizes
orçamentárias e orçamento anual e planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desen-
volvimento.

No Poder Legislativo Federal, os projetos dos instrumentos de planejamento e orça-


mento e dos créditos adicionais transitam por uma comissão mista permanente com-
posta por senadores e deputados, denominada de Comissão Mista de Planos, Orça-
mentos Públicos e Fiscalização. Nos demais entes é uma comissão permanente co-
mum, pois possuem apenas uma casa legislativa, composta por deputados nos estados
e vereadores nos municípios.

Conforme a CF/88, caberá à Comissão mista permanente de Deputados e Senadores:

Examinar e emitir parecer sobre os projetos relativos ao PPA, LDO, LOA, CRÉDITOS ADICI-
ONAIS e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República;

Examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previs-
tos nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo
da atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas casas criadas de acordo com a
CF/88.
O Presidente da República poderá enviar mensagem ao CN para propor modificação nos projetos
(PPA, LDO, LOA e CRÉDITOS ADICIONAIS) enquanto não iniciada a votação, na comis-
são mista (não é no Plenário), da parte cuja alteração é proposta.

Quanto à possibilidade de rejeição (não aceitação do projeto de lei pelo Poder Legislativo e devo-
lução ao Poder Executivo), apesar de ser uma medida extrema, permite-se a rejeição da LOA,
pois, segundo o § 8º do art. 166: “Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou
rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes
poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementa-
res, com prévia e específica autorização legislativa”.

As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas


quando incompatíveis com o plano plurianual.

As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem


somente podem ser aprovadas caso:

I – sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;


II – indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação
de despesa, excluídas as que incidam sobre: DST
a) Dotações para pessoal e seus encargos;
b) Serviço da dívida;
c) Transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal;
III – sejam relacionadas:
a) com a correção de erros ou omissões; ou
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei (são chamadas de emendas de redação, pois vi-
sam melhorar o texto, tornando-lhe mais claro e preciso).

Ainda no que se refere às emendas, a Lei 4.320/64 traz um artigo sobre o tema. Segundo o art.
33 dessa lei, não se admitirão emendas ao projeto de lei de orçamento que visem:

1. Alterar a dotação solicitada para despesa de custeio, salvo quando provada, nes-
se ponto a inexatidão da proposta;
2. Conceder dotação para o início de obra cujo projeto não esteja aprovado pelos
órgãos competentes;
3. Conceder dotação para instalação ou funcionamento de serviço que não esteja
anteriormente criado;
4. Conceder dotação superior aos quantitativos previamente fixados em resolução
do Poder Legislativo para concessão de auxílios e subvenções.

APROVAÇÃO

Em cada uma das Casas do Poder Legislativo, a aprovação dos instrumentos de planejamento e
orçamento se dá por maioria simples, pois são leis ordinárias, apesar do ciclo diferenciado de
uma lei ordinária comum (por isso chamamos de ciclo orçamentário). Entretanto, o que não esti-
ver previsto de diferente nesse ciclo orçamentário, devem ser aplicadas aos projetos de PPA, LDO,
LOA e de Créditos Adicionais às demais normas relativas ao processo legislativo.
Caso os prazos para a aprovação do PPA, LDO e LOA não sejam respeitados, só há “punição” se a
LDO não for aprovada.

A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de Lei de Dire-
trizes Orçamentárias. Assim, a CF/88 dispõe que a sessão legislativa não será interrompida
sem a aprovação da LDO, ou seja, não haverá recesso parlamentar se a LDO não for aprovada.
Entretanto, como tal regra não se aplica à LOA ou ao PPA, pode haver recesso com a LOA ou com
o PPA pendentes de aprovação.

Sanção e veto
A sanção é a aquiescência do Chefe do Poder Executivo ao projeto de lei aprovado no Legislativo.
Ou seja, corresponde à concordância do Chefe do Executivo com o que foi discutido e aprovado
no Parlamento. Já o veto corresponde à discordância do Executivo com o projeto aprovado no
Legislativo. Essa discordância pode ser de uma parte do texto (veto parcial) ou com todo o projeto
(veto total). Pode ocorrer caso o titular do Executivo considere o projeto inconstitucional ou con-
trário ao interesse público. De qualquer forma, ocorrendo o veto, ele deve ser apreciado
pelo Parlamento, podendo ser confirmado ou rejeitado.

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

A fase de execução orçamentária e financeira consiste na arrecadação das receitas e


na realização das despesas. É a transformação, em realidade, do planejamento elaborado pelo
Chefe do Executivo e aprovado pelo Legislativo.

As execuções orçamentária e financeira ocorrem concomitantemente. Estão atreladas uma à ou-


tra, pois, havendo orçamento e não existindo o financeiro, não poderá ocorrer a despesa. Por ou-
tro lado, pode haver recurso financeiro, mas não se poderá gastá-lo se não houver a disponibili-
dade orçamentária.

O Poder Executivo publicará, em até 30 dias, após o encerramento de cada bimestre,


Relatório Resumido da Execução Orçamentária.

Segundo o art. 168 da CF/88, os recursos correspondentes às dotações orçamentárias,


compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Po-
deres Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, serão en-
tregues, em duodécimos, até o dia 20 de cada mês. O artigo ainda ressalta que será na
forma da lei complementar, que ainda não foi editada.

ATENÇÃO: os recursos legalmente vinculados à finalidade específica serão utilizados exclusiva-


mente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em
que ocorrer o ingresso.

AVALIAÇÃO E CONTROLE

AVALIAÇÃO

A avaliação orçamentária é a parte do controle orçamentário que analisa a eficácia e a eficiên-


cia dos cursos de ação cumpridos, e proporciona elementos de juízo aos responsáveis da gestão
administrativa para adotar as medidas tendentes à consecução de seus objetivos e à otimização
do uso dos recursos colocados à sua disposição, o que contribui para realimentar o processo de
Administração Orçamentária. O propósito da avaliação é de contribuir para a qualidade da
elaboração de uma nova proposta orçamentária, reiniciando um novo ciclo orçamentá-
rio. Esta definição traz três critérios de análise, o de eficiência, eficácia e efetividade.

DIFERENÇAS ENTRE:

EFICIÊNCIA: EFICÁCIA:

 Ênfase nos meios;  Ênfase nos resultados;


 Fazer corretamente as coisas;  Fazer as coisas certas;
 Resolver problemas;  Atingir os objetivos;
 Ausência de desperdícios;  Capacidade de realizar resultados;
 Uso econômico de recursos;  Grau de realização dos objetivos.
 Mais resultados com menos recursos
utilizados.

EFETIVIDADE: Impacto social causado pelo ato praticado.

CONTROLE

O orçamento surge como um instrumento de controle. Tradicionalmente, é uma forma de asse-


gurar ao Executivo (controle interno) e ao Legislativo (controle externo) que os recursos serão
aplicados conforme previstos e segundo as leis. Atualmente, além desse controle legal, busca-se o
controle de resultados, em uma visão mais completa da efetividade das ações governamentais.

A CF/88 e a Lei 4320/64 determinam a coexistência de dois sistemas de controle: interno e ex-
terno. O controle interno é aquele realizado pelo órgão no âmbito da própria Adminis-
tração, do próprio Poder, dentro de sua estrutura. Já O controle externo é aquele rea-
lizado por uma instituição independente e autônoma.

A CF/88 dispõe que a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da


União e das entidades da Administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, eco-
nomicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Na-
cional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Segundo o Art. 75 da Lei 4.320/64: O controle da execução orçamentária compreenderá:

I – a legalidade dos atos de que resulte a arrecadação da receita ou a realização da despesa, o


nascimento ou a extinção de direitos e obrigações;
II – a fidelidade funcional dos agentes da administração, responsáveis por bens e valores
públicos;
III – o cumprimento do programa de trabalho expresso em termos monetários e em termos
de realização de obras e prestação de serviços.

Controle Interno

Segundo o art. 74 da CF/88, os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma


integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:
I – avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União;
II– comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orça-
mentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da
aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
III – exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e ha-
veres da União;
IV – apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou


ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade
solidária.

Controle Externo

Na esfera federal, o controle externo é exercido pelo Congresso Nacional, com o auxí-
lio do Tribunal de Contas da União.

No âmbito dos demais entes, o controle externo é exercido de forma semelhante, aplicando as
disposições federais naquilo que couber. Nos estados, é realizado pela Assembleia Legislativa, com
auxílio do Tribunal de Contas do Estado. Nos municípios, é exercido pela Câmara Municipal, com
auxílio também do Tribunal de Contas do Estado (regra geral) ou do Tribunal de Contas do Muni-
cípio. No Distrito Federal é exercido pela Câmara Legislativa com o auxílio do Tribunal de Contas
do Distrito Federal.

De acordo com o art. 14 da Lei 4.320/1964, constituem:

Unidade orçamentária o agrupamento de serviços subordinados ao mesmo órgão ou repartição


a que serão consignadas dotações próprias. Em casos excepcionais, serão consignadas dotações a
unidades administrativas subordinadas ao mesmo órgão.

Unidade Administrativa é um agrupamento de serviços subordinados a mesma UO ou reparti-


ção ao qual a lei orçamentária anual não consigna dotação e que depende de descentralizações
de créditos para executar seus programas de trabalho.
CRÉDITOS ADICIONAIS
Os créditos adicionais são alterações qualitativas e quantitativas realizadas no orça-
mento. Segunda a Lei 4.320/64, são créditos adicionais as autorizações de despesa não
computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento.

O ato que abrir o crédito adicional, que poderá ser um decreto, uma medida provisória
ou uma lei, de acordo com sua classificação, deve indicar a importância, a espécie e a
classificação da despesa até onde for possível.

Art. 40 da Lei nº 4.320/64. São créditos adicionais as autorizações de despesa não com-
putadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento.

Conforme o art. 41 da Lei nº 4.320/64, os créditos adicionais são classificados em:

1. SUPLEMENTARES, são os destinados a reforço de dotação orçamentária;


2. ESPECIAIS, são os destinados a despesas para as quais não haja dotação orça-
mentária específica;
3. EXTRAORDINÁRIOS, são os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em
caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública.

1. CRÉDITO SUPLEMENTAR ---> autorizado por lei e aberto por decreto;


2. CRÉDITO ESPECIAL ---------> autorizado por lei e aberto por decreto;
3. CRÉDITO EXTRAORDINÁRIO ----> medida provisória e independe de autorização
legislativa.

O CRÉDITO SUPLEMENTAR incorpora-se ao orçamento, adicionando-se à dotação or-


çamentária que deva reforçar, enquanto que os CRÉDITOS ESPECIAIS E EXTRAORDINÁ-
RIOS conservam sua especificidade, demonstrando-se as despesas realizadas à conta
dos mesmos, separadamente. Nesse sentido, entende-se que o reforço de um crédito especial
ou de um crédito extraordinário deve dar-se, respectivamente, pela regra prevista nos respectivos
créditos ou, no caso de omissão, pela abertura de novos créditos especiais e extraordinários.

Os CRÉDITOS SUPLEMENTARES E ESPECIAIS serão abertos por decreto do poder exe-


cutivo, dependendo de prévia autorização legislativa, necessitando da existência de
recursos disponíveis e precedida de exposição justificada. Na União, para os casos em que
haja necessidade de autorização legislativa para os créditos adicionais, estes são considerados
autorizados e abertos com a sanção e a publicação da respectiva lei.

O art. 44 da Lei nº 4.320/64 regulamenta que os CRÉDITOS EXTRAORDINÁRIOS devem ser


abertos por decreto do poder executivo e submetidos ao poder legislativo correspon-
dente. Na União, esse tipo de crédito é aberto por medida provisória do Poder Executi-
vo e submetido ao Congresso Nacional.

CRÉDITO SUPLEMENTAR = incorpora à LOA vigente (alteração quantitativa no orça-


mento);

CRÉDITO ESPECIAL/EXTRAORDINÁRIO = Não incorpora à LOA (alteração qualitativa


no orçamento), pois concretiza uma nova ação orçamentária.
Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orça-
mento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso
Nacional, na forma do regimento comum. Assim, os projetos de lei dos créditos adicionais
são apreciados da mesma forma que os projetos do PPA, da LDO e da LOA.

 CRÉDITOS----------------AUTORIZADO---------------ABERTO
1. SUPLEMENTARES--------LEI ESPECÍFICA OU LOA --Decreto
2. ESPECIAIS----------------LEI ESPECÍFICA------------Decreto
3. EXTRAORDINÁRIOS-----------X------------------------Decreto ou Medida Provisória

Os CRÉDITOS ADICIONAIS representam alterações quantitativas e qualitativas.

 QUANTITATIVAS -------------> CRÉDITOS SUPLEMENTARES;


 QUALITATIVAS ---------------> CRÉDITOS ESPECIAIS e EXTRAORDINÁRIOS.

Os Créditos SUPLEMENTARES tem vigência exclusivamente dentro do exercício finan-


ceiro em que são abertos;

Os Créditos ESPECIAIS e EXTRAORDINÁRIOS são exceções ao Princípio da Anualida-


de.

CRÉDITOS SUPLEMENTARES

Os créditos suplementares são os destinados a reforço de dotação orçamentária. Tal


espécie de crédito incorpora-se ao orçamento, adicionando-se à dotação orçamentária
que deva reforçar. Os créditos suplementares terão vigência limitada ao exercício em
que forem autorizados e sua abertura depende da existência de recursos disponíveis e
de exposição que a justifique. A LOA poderá conter autorização ao Poder Executivo para aber-
tura de créditos suplementares até determinada importância ou percentual, sem a necessidade de
submissão do crédito ao Poder Legislativo. SÃO AUTORIZADOS POR LEI (PODENDO SER A
PRÓPRIA LOA OU OUTRA LEI ESPECIAL), porém são abertos por decreto do Poder
Executivo. Na União, para os casos em que haja necessidade de outra lei específica,
são considerados autorizados e abertos com a sanção e publicação da respectiva lei.

O crédito suplementar é a única espécie de crédito adicional que é exceção ao princípio orça-
mentário da exclusividade, o qual determina que a lei orçamentária anual não conterá
dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na
proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e a contratação de operações de
crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

Caso o Poder Executivo abra um crédito suplementar, os recursos correspondentes ao


referido crédito serão INCLUÍDOS no cômputo total de créditos orçamentários.

De acordo com MTO 2022, No caso das ações de sua competência, os créditos suplementares
autorizados na LOA podem ser abertos por atos próprios dos Poderes Legislativo e Judiciá-
rio, do MPU e da DPU se houver indicação de recursos compensatórios dos órgãos favorecidos.
Ressalta-se que é vedado o cancelamento de despesas financeiras para suplementa-
ção de despesas primárias, sem prejuízo às demais disposições aplicáveis.
CRÉDITOS ESPECIAIS

Os créditos especiais são os destinados a despesas para as quais não haja dotação or-
çamentária específica, devendo ser autorizados por lei. Sua abertura também depende
da existência de recursos disponíveis e de exposição que a justifique. Os créditos es-
peciais não poderão ter vigência além do exercício em que forem autorizados, salvo se
o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, ca-
sos em que, reabertos nos limites dos seus saldos, poderão viger até o término do
exercício financeiro subsequente. Nesse caso, a reabertura do crédito é facultativa,
limitada ao saldo remanescente, e novo ato da Administração Pública deverá reabri-lo.
SÃO AUTORIZADOS POR LEI ESPECIAL (NÃO PODE SER NA LOA), porém, são abertos
por decreto do Poder Executivo. Na União, são considerados autorizados e abertos
com a sanção e publicação da respectiva lei.

Estudamos que o crédito suplementar se incorpora ao orçamento, adicionando-se à


dotação orçamentária que deva reforçar. Entretanto, os créditos especiais conservam
sua especificidade, demonstrando-se as despesas realizadas à conta destes, separa-
damente. Nesse sentido, entende-se que o reforço de um crédito especial deve dar-se
pela regra prevista no respectivo crédito ou, no caso de omissão, pela abertura de no-
vos créditos especiais.

CRÉDITOS ESPECIAIS (não tinha, mas precisou)

1. Alteração QUALITATIVA;
2. Destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária;
3. Devem ser autorizados em lei especial, não pode ser na LOA;
4. Não se incorporam ao orçamento - mantém sua especificidade;
5. O reforço de um crédito especial é feito pela regra prevista no próprio crédi-
to ou abertura de novos créditos especiais;
6. Sua abertura depende da existência de RECURSOS + JUSTIFICATIVA;
7. Sua vigência é limitada ao exercício em que foi autorizado - salvo autorização
promulgada nos últimos 4 meses do exercício, poderão ser reabertos nos limites
de seus saldos e viger até o término do exercício seguinte;
8. É exceção ao princípio da anualidade.
Segundo o art. 168 da CF, os recursos correspondentes às dotações orçamentárias,
compreendidos os CRÉDITOS SUPLEMENTARES E ESPECIAIS, destinados aos órgãos
dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, se-
rão entregues, em duodécimos, até o dia 20 de cada mês. O artigo ainda ressalta que
será na forma de lei complementar, que ainda não foi editada.

Enquanto o CRÉDITO SUPLEMENTAR é incorporado ao orçamento, por adição da im-


portância autorizada à dotação orçamentária, a despesa com CRÉDITO ESPECIAL e
com CRÉDITO EXTRAORDINÁRIO apresenta-se separadamente do orçamento.

Art. 42 da lei 4.320/64. Os créditos suplementares e especiais serão autorizados por lei e
abertos por decreto do executivo.

Art. 43 da lei 4.320/64. A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da


existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa e será precedida de exposi-
ção justificativa.

Art. 167 da CF/88: SÃO VEDADOS:

V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem


indicação dos recursos correspondentes.

CRÉDITOS EXTRAORDINÁRIOS

Os créditos extraordinários são os destinados a despesas urgentes e imprevisíveis, tais


como em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública, conforme rol exem-
plificativo apresentado pelo art. 167 da CF/88. A indicação da fonte de recursos é facultati-
va, ou seja, não depende da existência de fontes de recursos disponíveis para a sua
abertura. Serão abertos por medida provisória, no caso federal e de entes que possu-
em tal instrumento, e por decreto do Poder Executivo para os demais entes, dando
imediato conhecimento deles ao Poder Legislativo. Os créditos extraordinários não
poderão ter vigência além do exercício em que forem autorizados, salvo se o ato de
autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, casos em
que, reabertos nos limites dos seus saldos, poderão viger até o término do exercício
financeiro subsequente. Nesse caso, a reabertura do crédito é facultativa, limitada ao
saldo remanescente, e novo ato da Administração Pública deve reabri-lo.

Todas as espécies de créditos seguem o princípio da quantificação dos créditos orça-


mentários, o qual determina que todo crédito na LOA seja autorizado com uma respec-
tiva dotação, limitada, ou seja, cada crédito deve ser acompanhado de um valor de-
terminado.

Exceções ao princípio orçamentário da anualidade: Vimos que os créditos adicionais es-


peciais e extraordinários autorizados nos últimos quatro meses do exercício podem ser reaber-
tos no exercício seguinte pelos seus saldos, se necessário, e, neste caso, viger até o término des-
se exercício financeiro. Por esse motivo, alguns autores consideram que se trata de exce-
ções ao princípio orçamentário da anualidade.
FONTES PARA A ABERTURA DE CRÉDITOS ADICIONAIS

Art. 43. A abertura dos créditos SUPLEMENTARES E ESPECIAIS depende da existência de


recursos disponíveis para ocorrer a despesa e será precedida de exposição justificati-
va.

§ 1º Consideram-se RECURSOS para o fim deste artigo, desde que não comprometidos:

I – o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior;


II – os provenientes de excesso de arrecadação;
III – os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de cré-
ditos adicionais, autorizados em Lei;
IV – o produto de operações de crédito autorizadas, em forma que juridicamente pos-
sibilite ao poder executivo realizá-las.

EXCESSO DE ARRECADAÇÃO é o saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês


entre a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do exercício.
Ressalta-se, ainda, que para o fim de apurar os recursos utilizáveis, provenientes de excesso
de arrecadação, deduzir-se-á a importância dos créditos extraordinários abertos no
exercício.

Temos ainda mais uma fonte de recursos, segundo o § 8º do art. 166 da CF/88: Os recursos
que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual,
ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, me-
diante créditos suplementares ou especiais, com prévia e específica autorização legis-
lativa.

Fontes para a abertura de CRÉDITOS ADICIONAIS ROSERA

1. Recursos decorrentes de veto, emenda ou rejeição;


2. Operações de crédito;
3. Superavit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior;
4. Excesso de arrecadação;
5. Reserva de contingência;
6. Anulação total ou parcial de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais,
autorizadas em lei.

Os CRÉDITOS ADICIONAIS não provocam, necessariamente, um acréscimo do valor global


do orçamento aprovado, mas podem aumentá-lo. O aumento ocorre quando as fontes são ex-
cesso de arrecadação, superávit financeiro do balanço patrimonial do exercício anterior e opera-
ções de créditos autorizadas para esse fim. Quando o crédito advier das fontes anulação total ou
parcial de dotação, reserva de contingência ou recursos sem despesas correspondentes, o mon-
tante final de receitas e despesas não será alterado, logo, o valor global da LOA permanecerá o
mesmo.
RECEITA PÚBLICA
RECEITA PÚBLICA é o montante total (taxas, impostos, contribuições e outras fontes
de recursos) em dinheiro recolhido pelo Tesouro Nacional, incorporado ao patrimônio
do Estado, que serve para custear as despesas públicas e as necessidades de investi-
mentos públicos.

A RECEITA PÚBLICA pode ser definida em sentido amplo (lato) ou em sentido restrito
(stricto).

Receita pública em sentido amplo (lato sensu) ou ingresso público: são todas as entradas
ou ingressos de bens ou direitos a qualquer título, em certo período de tempo, que o Estado utili-
za para financiar seus gastos, podendo ou não se incorporar ao seu patrimônio e independente de
haver contrapartida no passivo. Exemplos: receitas tributárias, operações de crédito, operações
de crédito por antecipação de receita, cauções etc.

Receita pública em sentido estrito (stricto sensu): são todas as entradas ou ingressos de
bens ou direitos, em certo período de tempo, que se incorporam ao patrimônio público sem com-
promisso de devolução posterior. Exemplos: alienação de bens, receita de contribuições, receitas
industriais etc.

As RECEITAS ORÇAMENTÁRIAS são classificadas segundo os seguintes critérios:

1. Natureza de receita;
2. Indicador de resultado primário;
3. Fonte ou destinação de recursos;
4. Esfera orçamentária.

IMPORTANTE: O detalhamento das classificações orçamentárias da receita, no âmbito


da União, é normatizado por meio de portaria da Secretaria de Orçamento Federal
(SOF), órgão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).

CLASSIFICAÇÃO QUANTO A FORMA DE INGRESSO

Quanto à forma de ingresso, as receitas podem ser:

ORÇAMENTÁRIAS: são entradas de recursos que o Estado utiliza para financiar seus
gastos, transitando pelo patrimônio do Poder Público. Serão classificadas como receita
orçamentária, sob as rubricas próprias, todas as receitas arrecadadas, inclusive as
provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no orçamento (exceto
as classificadas como extraorçamentárias).

Exemplos:

 Recebimento de tributos;
 Obtenção de empréstimos;
 Alienação de bens, etc.
CUIDADO: A receita pública pode ser considerada orçamentária mesmo se não estiver
incluída na LOA. São chamadas também de ingressos orçamentários.

EXTRAORÇAMENTÁRIAS: tais receitas não integram o orçamento público e constituem


passivos exigíveis do ente, de tal forma que o seu pagamento não está sujeito à auto-
rização legislativa. Isso ocorre porque possui caráter temporário, não se incorporando
ao patrimônio público. São chamadas de ingressos extraorçamentários.

Exemplos:

 Depósitos em Cauções e garantias em dinheiro;


 Depósitos administrativos e judiciais;
 Operações de crédito por Antecipação de Receita Orçamentária (ARO);
 Emissão de moeda.

CLASSIFICAÇÃO POR NATUREZA OU CATEGORIA DA RECEITA

A classificação por natureza da receita orçamentária procura refletir o fato gera-


dor/acontecimento real que ocasionou o ingresso dos recursos aos cofres públicos.
CATEGORIA ECONÔMICA

Este nível da classificação por natureza obedece ao critério econômico. É utilizado para
mensurar o impacto das decisões do Governo na economia nacional (formação de capital, custeio,
investimentos etc.). É codificado e subdividido da seguinte forma:

1. Receitas correntes;
2. Receitas de capital;
3. Receitas correntes intraorçamentárias;
4. Receitas de capital intraorçamentárias.

RECEITAS CORRENTES: classificam-se nessa categoria aquelas receitas oriundas do


poder impositivo do Estado – tributária e de contribuições; da exploração de seu pa-
trimônio – patrimonial; da exploração de atividades econômicas – agropecuária, in-
dustrial e de serviços; as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras
pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classifi-
cáveis em despesas correntes – transferências correntes; e as demais receitas que não
se enquadram nos itens anteriores – outras receitas correntes.

RECEITAS DE CAPITAL: são as provenientes da realização de recursos financeiros ori-


undos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os re-
cursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender
despesas classificáveis em despesas de capital e, ainda, o superávit do orçamento cor-
rente. Em geral, as receitas de capital são representadas por mutações patrimoniais
que nada acrescentam ao patrimônio público, só ocorrendo uma troca de elementos
patrimoniais, isto é, um aumento no sistema financeiro (entrada de recursos financei-
ros) e uma baixa no sistema patrimonial (saída do patrimônio em troca de recursos
financeiros).

Receitas Orçamentárias Correntes são aquelas arrecadadas dentro do exercício financei-


ro, aumentam as disponibilidades financeiras do Estado e constituem instrumento pa-
ra financiar os objetivos definidos nos programas e ações orçamentárias, com vistas a satisfazer
finalidades públicas.

Receitas Orçamentárias de Capital são arrecadadas dentro do exercício financeiro, aumen-


tam as disponibilidades financeiras do Estado e são instrumentos de financiamento dos
programas e ações orçamentárias, a fim de se atingirem as finalidades públicas. Porém, de for-
ma diversa das receitas correntes, as receitas de capital em geral não provocam efeito
sobre o patrimônio líquido.

Na Lei 4320/64

Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Cor-


rentes e Receitas de Capital

São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, in-


dustrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras
pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em
despesas Correntes.
São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de
constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de
outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em
despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente.

Segundo a Lei 4.320/64, o superávit do orçamento corrente resulta do balanceamento


dos totais das receitas e despesas correntes, porém não constituirá item de receita
orçamentária.

CUIDADO: O Superávit do Orçamento COrrente é RECEITA DE CAPITAL, porém não é


receita orçamentária.

RECEITAS INTRAORÇAMENTÁRIAS: são receitas oriundas de operações realizadas entre ór-


gãos e demais entidades da Administração Pública integrantes do orçamento fiscal e da segurida-
de social de uma mesma esfera de governo. São chamadas também de ingressos intraorçamentá-
rios. Não inclui o Orçamento de Investimento das Estatais.

ORIGEM

A Origem é o detalhamento das Categorias Econômicas “Receitas Correntes” e “Recei-


tas de Capital”, com vistas a identificar a procedência das receitas no momento em
que ingressam nos cofres públicos.

Receitas CORRENTES: >>> TRIBUTA CON PAIS

 Receita TRIBUTÁria>>> Taxas, Impostos, Contribuições de Melhoria.


 Receita de CONtribuições.
 Receita Patrimonial>> Receitas de Valores Mobiliários, Imobiliárias, Participações e Dividen-
dos.
 Receita Agropecuária.
 Receita Industrial>> Receita de Serviços Industriais; Outras Receitas Industriais.
 Receita de Serviços.
 Transferências correntes.
 Outras receitas correntes >> Multas, juros, Cobrança da Dívida Ativa, Outras Receitas
Diversas.

Receitas DE CAPITAL: >>> OPERA ALI AMOR TRANSOU

 OPERAções de crédito.
 ALIenações de bens.
 AMORtização de empréstimos.
 TRANSferências de capital.
 OUtras receitas de capital
ORIGENS DAS RECEITAS CORRENTES:

TAXAS, IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA

De acordo com a Lei 4320/64 TRIBUTO é a receita derivada instituída pelas entidades
de direito público, compreendendo as taxas, os impostos e contribuições de melhoria
nos termos da constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinando-se o
seu produto ao custeio de atividades gerais ou especificas exercidas por essas entida-
des.

CONTRIBUIÇÕES

As receitas de contribuições correspondem ao ingresso proveniente de contribuições


sociais, econômicas e para entidades privadas de serviço social e de formação profis-
sional.

 CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico)


RECEITAS PATRIMONIAIS

A receita patrimonial corresponde ao ingresso proveniente de rendimentos sobre in-


vestimentos do ativo permanente, de aplicações de disponibilidades em operações de
mercado e outros rendimentos oriundos de renda de ativos permanentes.

As mais importantes para a prova são as receitas patrimoniais oriundas da Exploração


do Patrimônio Imobiliário do Estado, como: Aluguéis, Arrendamentos, Foros, Laudê-
mios, Tarifas de Ocupação; Concessão, Permissão, Autorização ou Cessão do Direito de
Uso de Bens Imóveis Públicos.

DEMAIS ORIGENS

TRANSFERÊNCIAS CORRENTES: é o ingresso proveniente de outros entes ou entidades, refe-


rente a recursos pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou entidade transferido-
ra, efetivado mediante condições preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, desde que
o objetivo seja a aplicação em despesas correntes.

OUTRAS RECEITAS CORRENTES: são os ingressos correntes provenientes de outras origens


não classificáveis nas anteriores. Exemplos: multas administrativas, contratuais e judiciais; inde-
nizações, restituições e ressarcimentos.
ORIGEM DAS RECEITAS DE CAPITAL:

Operações de crédito: são os ingressos provenientes da colocação de títulos públicos ou da


contratação de empréstimos e financiamentos internos ou externos obtidos junto a entidades es-
tatais ou privadas.

Alienação de bens: é o ingresso proveniente da alienação de bens móveis ou imóveis


de propriedade do ente. Exemplos: privatizações ou venda de um prédio público.

Amortização de empréstimos: é o ingresso referente ao recebimento de parcelas de emprés-


timos ou financiamentos concedidos em títulos ou contratos, ou seja, representam o retorno
dos recursos anteriormente emprestados pelo poder público.

Transferências de capital: é o ingresso proveniente de outros entes ou entidades, referente a


recursos pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou entidade transferidora, efe-
tivado mediante condições preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, desde que o obje-
tivo seja a aplicação em despesas de capital.

Outras receitas de capital: são os ingressos de capital provenientes de outras origens não clas-
sificáveis nas anteriores. Exemplos: integralização de capital social, resultado do Banco
Central, remuneração das disponibilidades do tesouro e resgate de titulos do tesouro.

ESPÉCIE

É o nível de classificação vinculado à origem, composto por títulos que permitem qua-
lificar com maior detalhe o fato gerador dos ingressos de tais receitas. Por exemplo,
dentro da origem Contribuições podemos identificar as suas espécies, tais como “Contribuições
Sociais”, “Contribuições Econômicas” e “Contribuições para Entidades Privadas de Serviço Social e
de Formação Profissional”.

DESDOBRAMENTOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE PECULIARIDADES DA RECEITA

Para a estrutura de codificação foram reservados 4 dígitos para desdobramentos com o objetivo
de identificar as particularidades de cada receita, caso seja necessário. Assim, esses dígitos po-
dem ou não ser utilizados, observando-se a necessidade de especificação do recurso.

Até o exercício de 2021, as receitas exclusivas de estados, Distrito Federal e municípios, eram
identificadas pelo quarto dígito da codificação, utilizando o número “8” (Ex.: 1.9.0.8.xx.x.x - Ou-
tras Receitas Correntes Exclusivas de Estados e Municípios), respeitando a estrutura dos três dígi-
tos iniciais. Assim, os demais dígitos (quinto, sexto e sétimo) eram utilizados para atendimento
das peculiaridades e necessidades gerenciais dos entes.
A partir do exercício de 2022, facultativamente, e 2023, obrigatoriamente, as receitas exclusivas
de estados, Distrito Federal e municípios, serão identificadas nos 5º e 6º dígitos da codificação
com números de “50” até “98” (Ex: 1.1.1.2.51.0.0 - Imposto sobre a Propriedade de Veículos Au-
tomotores), respeitando a estrutura de quatro dígitos iniciais. Assim, o sétimo dígito será utilizado
para atendimento das peculiaridades e necessidades gerenciais dos entes, ressaltando que sem-
pre deverá haver portaria específica da STN para fins de estabelecimento de tais códigos.

TIPO

O tipo, correspondente ao último dígito na natureza de receita, tem a finalidade de


identificar o tipo de arrecadação a que se refere aquela natureza, sendo:

 0, quando se tratar de natureza de receita Não valorizável ou agregadora;


 1, quando se tratar da Arrecadação Principal da receita;
 2, quando se tratar de Multas e Juros de Mora da respectiva receita;
 3, quando se tratar de Dívida Ativa da respectiva receita;
 4, quando se tratar de Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa da respectiva receita.

A classificação por fontes ou por destinação de recursos tem como objetivo agrupar
receitas que possuam as mesmas normas de aplicação na despesa. Ou seja, QUANTO À
FONTE busca identificar o DESTINO dos recursos arrecadados.

É uma classificação tanto da receita como da despesa. Vimos que a classificação por natu-
reza da receita busca a melhor identificação da origem do recurso segundo seu FATO GERADOR.
No entanto, existe a necessidade de classificar a receita conforme a destinação legal dos recursos
arrecadados.

CLASSIFICAÇÃO QUANTO À FONTE:

 RECEITA -> Identificar o destino da arrecadação;


 DESPESA -> Identificar a origem da arrecadação.

Por meio da classificação por fontes, possibilita-se o atendimento dos seguintes dispo-
sitivos da Lei de Responsabilidade Fiscal:

 Os recursos legalmente vinculados à finalidade específica serão utilizados exclusivamente


para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que
ocorrer o ingresso;
 A disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos vinculados
a órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem identificados e escriturados de forma indivi-
dualizada.

A classificação por fonte de recursos consiste em um código de três dígitos, sendo que o
primeiro indica o grupo de fontes de recursos, e o segundo e terceiro, a especificação das fontes
de recursos. O grupo de fonte de recursos identifica se o recurso é ou não originário do
Tesouro Nacional e se pertence ao exercício corrente ou a exercícios anteriores.
CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA POR FONTE DE RECURSOS

GRUPO DE FONTE DE RECURSOS

1. Recursos do Tesouro (exercício corrente)


2. Recursos de Outras Fontes (exercício corrente)
3. Recursos do Tesouro (exercícios anteriores)
4. Recursos de Outras Fontes (exercícios anteriores)
5. Recursos Condicionados (são recursos que dependem de alguma aprovação para
que sejam executados).

CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA QUANTO AO INDICADOR DE RESULTADO PRIMÁRIO:

 Classificação instituída pela União e válida para os demais entes;


 Têm por objetivo identificar quais são as receitas e as despesas que compõem o resultado
primário do Governo Federal, que é representado pela diferença entre as Receitas Primárias
e as Despesas Primárias;
 As receitas do Governo Federal podem ser divididas entre primárias e não primárias (finan-
ceiras).

RECEITA PRIMÁRIA: Refere-se predominantemente a receitas correntes (exceto recei-


tas de juros) e é composta daquelas que advêm de:

 Tributos;
 Contribuições sociais;
 Concessões;
 Dividendos recebidos pela União;
 Cota-parte das compensações financeiras;
 Decorrentes do próprio esforço de arrecadação das unidades orçamentárias;
 Proveniente de doações e convênios e outras também consideradas primárias.

RECEITA FINANCEIRA: Não contribuem para o resultado primário no exercício finan-


ceiro correspondente. São adquiridas junto ao mercado financeiro, decorrentes da:

 Emissão de título;
 Contratação de operações de crédito por organismos oficiais;
 Receitas de aplicações financeiras da União (juros recebidos, por exemplo);
 Privatizações, amortização de empréstimos concedidos e outras.

CUIDADO:

A classificação da receita orçamentária é de utilização OBRIGATÓRIA para todos os


entes da Federação, sendo facultado seu desdobramento para atendimento das res-
pectivas peculiaridades.

A classificação da receita para apuração do Resultado Primário é FACULTADA, sendo


obrigatória somente para a UNIÃO.
CLASSIFICAÇÃO POR ESFERA ORÇAMENTÁRIA

A classificação por esfera orçamentária é uma classificação que pode ser vista tanto
na ótica da receita como na da despesa.

No que tange à receita, tal classificação tem por finalidade identificar se a receita pertence ao
Orçamento Fiscal, ao orçamento da Seguridade Social ou ao orçamento de Investi-
mento das Empresas Estatais, conforme distingue o § 5º do art. 165 da CF/1988.

A RECEITA PÚBLICA ainda pode ser classificada nos seguintes aspectos:

1. Coercitividade ou procedência;
2. Poder de tributar;
3. Afetação patrimonial;
4. Regularidade.

COERCITIVIDADE OU PROCEDÊNCIA:

RECEITA PÚBLICA ORIGINÁRIA: seriam aquelas arrecadadas por meio da exploração


de atividades econômicas pela Administração Pública. Resultam, principalmente, de rendas
do patrimônio mobiliário e imobiliário do Estado (receita de aluguel), de preços públicos, de pres-
tação de serviços comerciais e da venda de produtos industriais ou agropecuários.

 RECEITA ORIGINÁRIA = Obtidas pelo ente público a partir do próprio patrimônio público.
Ex.: Bens ou serviços vendidos pelo Estado. (Pagamento NÃO É OBRIGATÓRIO)

RECEITA PÚBLICA DERIVADA: seria a receita obtida pelo poder público por meio da
soberania estatal. Decorrem da imposição constitucional ou legal e, por isso, auferidas de forma
impositiva, como, por exemplo, as receitas tributárias e as de contribuições especiais.

 RECEITA DERIVADA = Obtidas a partir do patrimônio privado. Ex.: Tributos, multas de trân-
sito ou taxa de iluminação pública. (Pagamento É OBRIGATÓRIO)

PODER DE TRIBUTAR: classifica as receitas de acordo com o poder de tributar que compete a
cada ente da Federação, considerando e distribuindo as receitas obtidas como pertencentes aos
respectivos entes, quais sejam: Governo Federal, Estadual, do Distrito Federal e Municipal.

AFETAÇÃO PATRIMONIAL:

EFETIVA: É aquela em que os ingressos de disponibilidade de recursos NÃO foram pre-


cedidos de registro de reconhecimento do direito e NÃO constituem obrigações cor-
respondentes. Contribuem para o aumento do patrimônio líquido, sem correspondên-
cia no passivo. São efetivas todas as receitas correntes, com exceção do recebimento de
dívida ativa, que representa fato permutativo e, assim, é não efetiva.
NÃO EFETIVA OU POR MUTAÇÃO PATRIMONIAL: É aquela em que os ingressos de dis-
ponibilidades de recursos foram precedidos de registro do reconhecimento do direito
ou constituem obrigações correspondentes, como é o caso das operações de crédito.
Nada acrescentam ao patrimônio público, pois se referem às entradas ou alterações
compensatórias nos elementos que o compõem. São não efetivas todas as receitas de
capital, com exceção do recebimento de transferências de capital, que causa acréscimo patrimo-
nial e, assim, é efetiva.

REGULARIDADE OU PERIODICIDADE:

ORDINÁRIAS: compostas por ingressos permanentes e estáveis, com arrecadação re-


gular em cada exercício financeiro. Assim, são perenes e possuem característica de continui-
dade, como a maioria dos tributos: IR, ICMS, IPVA, IPTU etc.

EXTRAORDINÁRIAS: não integram sempre o orçamento. São ingressos de caráter não


continuado, eventual, inconstante, imprevisível, como as provenientes de guerras, doações, inde-
nizações em favor do Estado etc.

As etapas da receita orçamentária seguem a ordem de ocorrência dos fenômenos


econômicos, levando-se em consideração o modelo de orçamento existente no país e a tecnolo-
gia utilizada. Dessa forma, a ordem sistemática inicia-se com a previsão e termina com o recolhi-
mento.
.
Na elaboração de sua proposta orçamentária, as unidades devem considerar o históri-
co de arrecadação de períodos anteriores, associado a aspectos legais que possam
afetar a previsão, os índices de preços e o crescimento econômico.

A CLASSIFICAÇÃO POR IDENTIFICADOR DE USO – IDUSO vem completar a informação


concernente à aplicação dos recursos e destina-se a indicar se os recursos compõem contrapartida
nacional de empréstimos, doações ou destinam-se a outras aplicações, constando da lei
orçamentária e de seus créditos adicionais.

OBS:

 OPERAÇÕES DE CRÉDITO = RECEITA ORÇAMENTÁRIA


 OPERAÇÕES DE CRÉDITOS POR ARO = RECEITA EXTRAORÇAMENTÁRIA.

No Brasil adota-se o regime contábil denominado regime de caixa no que se refere às receitas
públicas, que faz com que elas sejam reconhecidas apenas quando ingressam no caixa da admi-
nistração pública.

Diferentemente, as despesas públicas adotam o regime contábil denominado regime de com-


petência, que faz com que as despesas sejam reconhecidas apenas quando o fato gerador das
mesmas ocorrer.

Por adotar o regime contábil de caixa nas receitas e regime de competência nas des-
pesas, diz-se que a administração pública no Brasil adota o regime misto.
DESPESA PÚBLICA
DESPESA PÚBLICA é o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos para
custear os serviços públicos prestados à sociedade (despesas correntes) ou para a rea-
lização de investimentos (despesas de capital).

ESTRUTURA DA PROGRAMAÇÃO ORÇAMENTÁRIA DA DESPESA

A estrutura da programação orçamentária da despesa é dividida em:

PROGRAMAÇÃO QUALITATIVA: o programa de trabalho define qualitativamente a programa-


ção orçamentária e deve responder, de maneira clara e objetiva, as perguntas clássicas que carac-
terizam o ato de orçar, sendo, do ponto de vista operacional, composto dos seguintes blocos de
informações: classificação por esfera, classificação institucional, classificação funcional,
estrutura programática e principais informação do programa de ação.

Programação Qualitativa de acordo com MTO 2022:

Classificação da despesa:

1. Por Esfera: Em qual orçamento? O Fiscal, de Investimento ou da Seguridade Social.


2. Institucional: Quem é o responsável por fazer? Órgão orçamentário (XX)/Unidade Orça-
mentária (XXX). São cinco dígitos.
3. Funcional: Em que área? Indica as funções e subfunções (é possível combinar as sub-
funções a funções diferentes daquelas a elas diretamente relacionadas, o que se denomina
de matricialidade).
4. Programática: O que se pretende alcançar com a implementação da Política Pública?
5. Principais Informações do programa de Ação.

PROGRAMAÇÃO QUANTITATIVA: A programação orçamentária quantitativa tem duas dimen-


sões: A FÍSICA E A FINANCEIRA.

1. A DIMENSÃO FÍSICA define a quantidade de bens e serviços a serem entregues.


2. A DIMENSÃO FINANCEIRA estima o montante necessário para o desenvolvimen-
to da ação orçamentária.

CLASSIFICAÇÃO QUANTO A FORMA DE INGRESSO

O primeiro passo para a classificação de determinada despesa pública é identificar se


o valor ingressado é orçamentário ou extraorçamentário.

Quanto à forma de ingresso, as despesas podem ser:

DESPESAS ORÇAMENTÁRIAS:

 São aquelas despesas fixadas na lei orçamentária ou nos créditos adicionais;


 Dependem de autorização legislativa;
 Obedecem aos estágios da despesa (fixação, empenho, liquidação e pagamento);
 Exemplo: construção de prédios públicos, manutenção de rodovias, pagamento
de servidores.
DESPESAS EXTRAORÇAMENTÁRIAS

 São despesas não consignadas no orçamento ou nas leis de créditos adicionais;


 Correspondem à devolução de recursos transitórios que foram obtidos como re-
ceitas extraorçamentárias;
 Não dependem de autorização legislativa;
 Exemplo: depósitos em caução, operações de crédito por ARO, pagamento de
restos a pagar, despesas com a emissão de papel-moeda.

CLASSIFICAÇÃO POR NATUREZA/POR CATEGORIAS DA DESPESA

CATEGORIA ECONÔMICA DA DESPESA

Assim como a receita, este nível da classificação por natureza obedece ao critério econômico.
Permite analisar o impacto dos gastos públicos na economia do país. A despesa é classificada
em duas categorias econômicas, com os seguintes códigos:

3 - DESPESAS CORRENTES: São as despesas que NÃO CONTRIBUEM, diretamente, pa-


ra a formação ou aquisição de um bem de capital;

4 - DESPESAS DE CAPITAL: São as despesas que CONTRIBUEM, diretamente, para a


formação ou aquisição de um bem de capital.

GRUPO DE NATUREZA DA DESPESA


GND DAS DESPESAS CORRENTES:

Pessoal e Encargos Sociais: são despesas orçamentárias com pessoal ativo, inativo e pensio-
nistas, relativas a mandatos eletivos, cargos, empregos ou funções, civis, militares e de membros
de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e
variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratifi-
cações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e
contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência.

Juros e Encargos da Dívida: são despesas com o pagamento de juros, comissões e outros en-
cargos de operações de crédito internas e externas contratadas, bem como da dívida pública mo-
biliária.

Outras Despesas Correntes: são despesas com aquisição de material de consumo, pagamento
de diárias, contribuições, subvenções, auxílio alimentação, auxílio transporte, pagamento de
energia elétrica, além de outras despesas da categoria econômica “despesas correntes” não classi-
ficáveis nos demais grupos de natureza de despesa.

GND DAS DESPESAS DE CAPITAL:

Investimentos: são despesas orçamentárias com softwares e com o planejamento e a execução


de obras, inclusive com a aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últi-
mas, e com a aquisição de instalações, equipamentos e material permanente.

Inversões Financeiras: A Lei 4320/64 § 5º, Classificam-se como Inversões Financei-


ras as dotações destinadas a:

I - aquisição de imóveis, ou de bens de capital, já em utilização;


II - aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qual-
quer espécie, já constituídas, quando a operação NÃO importe aumento do capital;
III - constituição ou aumento do capital de entidades ou empresas que visem a objeti-
vos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros.

Amortização da Dívida: são despesas com o pagamento ou refinanciamento do principal e da


atualização monetária ou cambial da dívida pública interna e externa, contratual ou mobiliária.

MODALIDADE DE APLICAÇÃO

Trata-se de informação gerencial que tem por finalidade indicar se os recursos são aplicados dire-
tamente por órgãos ou entidades no âmbito da mesma esfera de Governo ou por outro ente da
Federação e suas respectivas entidades. Indica se os recursos serão aplicados diretamente pela
unidade detentora do crédito ou mediante transferência para entidades públicas ou privadas. A
modalidade também permite a eliminação de dupla contagem no orçamento.

O que a gente precisa lembrar sobre Modalidade de Aplicação é o seguinte:

1. A modalidade 90 é a mais utilizada: - Aplicações diretas;


2. As modalidades de aplicação representam transferências de recursos financei-
ros;
3. Pode ser usada para vários níveis de governo ou entidades privadas com ou sem fins lucra-
tivos;
4. Serve para evitar a dupla contagem;
5. Não é a mesma coisa que as ''transferências'' mencionadas no art. 16 e 21 da 4.320/64 que
são as subvenções, auxílios e contribuições;
6. Engloba transferências decorrentes de descentralização orçamentaria.

IMPORTANTE: A modalidade de aplicação indica a forma de gasto da despesa, poden-


do ser direta ou indireta.

A Modalidade indireta se divide em duas:

1. Indireta mediante transferência: A forma de aplicação é por outras esferas de gover-


no, seus órgãos, fundos ou entidades ou por entidades privadas - exceto as por delega-
ção.
2. Indireta por delegação: A forma de aplicação é por outros entes da federação ou
consórcios públicos.

ELEMENTO DA DESPESA

O elemento de despesa tem por finalidade identificar os objetos de gasto, tais como
vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, material de consumo, serviço de tercei-
ros prestados sob qualquer forma, subvenções sociais, obras e instalações, equipa-
mentos e material permanente, auxílios, amortização e outros que a Administração
Pública utiliza para a consecução de seus fins.

DESDOBRAMENTO FACULTATIVO DO ELEMENTO DA DESPESA

Conforme as necessidades de escrituração contábil e controle da execução orçamentá-


ria fica facultado por parte de cada ente o desdobramento dos elementos de despesa.

RESUMO PARA A PROVA!!!!

CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA - CGMED

 CATEGORIA ECONÔMICA: permite analisar o impacto dos gastos públicos na eco-


nomia do país, obedece ao critério econômico.

1. Despesa Corrente;
2. Despesa de Capital.

 GRUPO DE NATUREZA DA DESPESA (GND): É o agregador de elementos de despesa.

Despesas correntes Despesas de capital

 Pessoal e encargos sociais  Investimentos


 Juros e encargos da dívida  Inversões financeiras
 Outras despesas correntes  Amortização da dívida

 MODALIDADE DE APLICAÇÃO: objetiva eliminar a dupla contagem.


 ELEMENTOS DA DESPESA: identifica os objetos de gasto.
 DESDOBRAMENTO FACULTATIVO DO ELEMENTO: "facultativo", guarde isso.

A despesa pública ainda pode ser classificada nos seguintes aspectos:

1. Competência institucional;
2. Afetação patrimonial;
3. REgularidade.

COMPETÊNCIA INSTITUCIONAL: classifica as despesas de acordo com o ente político compe-


tente à sua instituição ou realização, quais sejam: Governo Federal, Estadual, do Distrito Federal e
Municipal.

AFETAÇÃO PATRIMONIAL:

DESPESA EFETIVA: é aquela que, no momento da sua REALIZAÇÃO, REDUZ a situação


líquida patrimonial da entidade e constitui fato contábil modificativo diminutivo.
Exemplos: despesas correntes, exceto aquisição de materiais para estoque e a despesa com
adiantamento, que representam fatos permutativos e, assim, são não efetivas.

DESPESA NÃO EFETIVA OU POR MUTAÇÃO PATRIMONIAL: é aquela que, no momento


da sua REALIZAÇÃO, NÃO REDUZ a situação líquida patrimonial da entidade e consti-
tui fato contábil permutativo. Exemplo: despesas de capital, exceto as transferências de
capital que causam decréscimo patrimonial e, assim, são efetivas.

REGULARIDADE OU PERIODICIDADE:

ORDINÁRIAS: compostas por despesas perenes e que possuem característica de con-


tinuidade, pois se repetem em todos os exercícios, como as despesas com pessoal, encargos,
serviços de terceiros etc.

EXTRAORDINÁRIAS: não integram sempre o orçamento, pois são despesas de caráter


não continuado, eventual, inconstante ou imprevisível, como as despesas decorrentes de
calamidade pública, guerras, comoção interna etc.

CLASSIFICAÇÃO POR ESFERA ORÇAMENTÁRIA

A primeira classificação da programação qualitativa é a classificação por esfera orçamentaria. A


esfera orçamentaria tem por finalidade identificar se o orçamento é fiscal, da seguri-
dade social ou de investimento das empresas estatais.

 Orçamento Fiscal: é referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
Administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Publi-
co;
 Orçamento de Investimento: é o orçamento das empresas em que a União, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;
 Orçamento da Seguridade Social: abrange todas as entidades e órgãos a ela vinculados,
da Administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos
pelo Poder Publico.
A classificação por esfera orçamentária aponta em qual orçamento será alocada a
despesa. Na base do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento - SIOP, o campo destina-
do a esfera orçamentaria é composto de dois dígitos e será associado a ação orçamentaria, com
os seguintes códigos:

A classificação por esfera orçamentária é uma classificação que pode ser vista tanto
na ótica da receita como na da despesa. No que tange a receita, tal classificação tem por
finalidade identificar se a receita pertence ao Orçamento Fiscal, da Seguridade Social ou de Inves-
timento das Empresas Estatais. Da mesma forma, no que tange a despesa, tal classificação tem
por finalidade identificar se a despesa pertence ao Orçamento Fiscal, da Seguridade Social ou de
Investimento das Empresas Estatais.

CLASSIFICAÇÃO INSTITUCIONAL OU DEPARTAMENTAL

1. ITEM DA ESTRUTURA: Órgão orçamentário e Unidade Orçamentária;


2. PERGUNTA A SER RESPONDIDA: Quem é o responsável por fazer?

A classificação institucional ou departamental reflete a estrutura organizacional de


alocação dos créditos orçamentários, e está estruturada em dois níveis hierárquicos:
órgão orçamentário e unidade orçamentaria.

O código da classificação institucional compõe-se de CINCO DÍGITOS, sendo os dois


primeiros reservados a identificação do órgão e os demais a unidade orçamentaria.
A classificação institucional aponta quem faz a despesa. Ela permite comparar imediata-
mente as dotações recebidas por cada órgão ou unidade orçamentaria, pois identifica o agente
responsável pelas dotações autorizadas pelo Legislativo, para dado programa. Assim, o agente
encarregado do gasto pode ser identificado na classificação institucional.

CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL

A classificação funcional, por funções e subfunções, busca responder basicamente a


indagação em que área de ação governamental a despesa será realizada.

Trata-se de uma classificação de aplicação comum e obrigatória, no âmbito dos municípios, dos
estados, do Distrito Federal e da União, o que permite a consolidação nacional dos gastos do setor
publico.

A classificação funcional é representada por CINCO DÍGITOS. Os dois primeiros refe-


rem-se à função, enquanto os três últimos representam a sub-função, e podem ser
traduzidos como agregadores das diversas áreas de atuação do setor público, nas es-
feras legislativa, executiva e judiciaria.

A função pode ser traduzida como o maior nível de agregação das diversas áreas de
atuação do setor público. Está relacionada com a missão institucional do órgão, por exemplo,
cultura, educação, saúde, defesa, que guarda relação com os respectivos Ministérios.

No entanto, tem-se a função "encargos especiais", a qual engloba as despesas em relação às


quais não se pode associar um bem ou serviço a ser gerado no processo produtivo corrente, tais
como: dívidas, ressarcimentos, indenizações, cumprimento de sentenças judiciais e outras afins,
representando, portanto, uma agregação neutra. Nesse caso, as ações estarão associadas aos
programas do tipo "operações especiais.”.

Deve-se adotar como função aquela que é típica ou principal do órgão. Entretanto, ha
situações em que o órgão pode ter mais de uma função típica, considerando-se que suas compe-
tências institucionais podem envolver mais de uma área de despesa. Nesses casos, deve ser sele-
cionada, entre as competências institucionais, aquela que esta mais relacionada com a ação.
A sub-função representa um nível de agregação imediatamente inferior à função e de-
ve evidenciar cada área da atuação governamental, por intermédio da agregação de determinado
subconjunto de despesas e identificação da natureza básica das ações que se aglutinam em torno
das funções.

As ações devem estar sempre conectadas as subfunções que representam sua área específica.
Existe a possibilidade de matricialidade na conexão entre função e sub-função, ou se-
ja, combinar qualquer função com qualquer sub-função, mas não na relação entre
ação e sub-função.

A função pode ser traduzida como o maior nível de agregação das diversas áreas de
atuação do setor público. Reflete a competência institucional do órgão, como, por
exemplo, cultura, educação, saúde, defesa, que guarda relação com os respectivos Mi-
nistérios. Na verdade, são as ações orçamentárias que são operações das quais resul-
tam produtos (bens ou serviços) que contribuem para atender ao objetivo de um pro-
grama.

CLASSIFICAÇÃO POR ESTRUTURA PROGRAMÁTICA

1. OBJETIVO: identificar a finalidade do gasto, os bens e serviços que dele resultam


e os locais em que serão alocados os recursos.
2. PERGUNTA A SER RESPONDIDA: Qual o tema da Política Pública?

Segundo a classificação programática da despesa, as ações são operações das quais


resultam em bens e serviços à sociedade. As ações podem ser classificadas em proje-
tos, atividades e operações especiais.

Projetos: Envolve um conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais resulta um pro-
duto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação do governo.
Atividades: Envolve um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e perma-
nente, das quais resulta um produto ou serviço necessário à manutenção da ação de governo.
Operações Especiais: não contribuem para a manutenção, a expansão ou o aperfeiçoamento
das ações do governo. não resulta um produto e não gera contraprestação direta sob a forma
de bens ou serviços.
ESTÁGIOS DA RECEITA E DA DESPESA
ESTÁGIOS DA RECEITA PÚBLICA

1. PREVISÃO: ocorre por meio da estimativa de arrecadação;


2. LANÇAMENTO: procedimento que verifica a ocorrência do fato gerador da obrigação;
3. ARRECADAÇÃO: entrega dos recursos aos agentes de arrecadação;
4. RECOLHIMENTO: transferência dos recursos à conta do tesouro.

CUIDADO: Nem todos os estágios ocorrem para todas as receitas orçamentárias.

Os estágios da receita orçamentária são previsão, lançamento, arrecadação e recolhimento. En-


tretanto, o lançamento, que tem origem fiscal, não se aplica a todas as receitas orçamentárias,
mas basicamente às receitas tributárias, conforme dispõe o Código Tributário Nacional.

Somente a RECEITA ORÇAMENTÁRIA reúne condições de percorrer os estágios de pre-


visão, lançamento, arrecadação e recolhimento.

Pode ocorrer arrecadação de receitas que não passaram pelo lançamento, como é o caso de uma
doação em espécie recebida pelos entes públicos. Outro exemplo seria a arrecadação de receitas
que não foram previstas.

Segundo o MCASP, as etapas da receita orçamentária seguem a ordem de ocorrência


dos fenômenos econômicos, levando-se em consideração o modelo de orçamento exis-
tente no país e a tecnologia utilizada. Dessa forma, a ordem sistemática inicia-se com
a previsão e termina com o recolhimento.

Há de se observar, contudo, que nem todas as etapas apresentadas ocorrem para to-
dos os tipos de receitas orçamentárias. Como exemplo, apresenta-se o caso da arrecadação
de receitas orçamentárias que não foram previstas, não tendo, naturalmente, passado pela etapa
da previsão. Da mesma forma, algumas receitas orçamentárias não passam pelo estágio do lan-
çamento, como é o caso de uma doação em espécie recebida pelos entes públicos.

PREVISÃO

A previsão (ou planejamento) se configura por meio da estimativa de arrecadação da receita,


constante da Lei Orçamentária Anual, resultante de metodologia de projeção de receitas orça-
mentárias.

Segundo o art. 12 da LRF: Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas
e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de
preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acom-
panhadas de demonstrativos de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para
os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas
utilizadas.

Assim, são parâmetros para a previsão de receitas os efeitos das alterações na legislação, como a
alteração de alíquotas, as desonerações fiscais e a concessão de créditos tributários. Devem ser
considerados, ainda, a variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer
outro fator relevante.

A previsão de receitas é a etapa que antecede à fixação do montante de despesas que


irão constar nas leis de orçamento, além de ser base para se estimar as necessidades
de financiamento do governo.

LANÇAMENTO

Art. 53 da Lei 4.320/64 define o lançamento da receita como o ato da repartição compe-
tente, que verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e ins-
creve o débito desta.

De forma mais completa, o lançamento, segundo o Código Tributário Nacional (CTN), é o pro-
cedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obriga-
ção correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo
devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade
cabível.

CUIDADO: segundo a Lei 4.320/64: “Art. 52”. São objeto de lançamento os impostos dire-
tos e quaisquer outras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou
contrato.
ARRECADAÇÃO

A arrecadação é a entrega dos recursos devidos ao Tesouro, realizada pelos contribu-


intes ou devedores aos agentes arrecadadores ou bancos autorizados pelo ente. Eles
atuam como depositários, ora descontando e retendo tributos sobre rendimento pagos, ora co-
brando de seus clientes e consumidores tributos sobre bens e serviços fornecidos.

Consoante a Lei 4.320/64, os agentes da arrecadação devem fornecer recibos das importâncias
que arrecadarem, em uma única via, os quais devem conter o nome da pessoa que paga a soma
arrecadada, a proveniência e a classificação, bem como a data e a assinatura do agente arrecada-
dor.

RECOLHIMENTO

O recolhimento é a transferência dos valores arrecadados à conta específica do Tesou-


ro, responsável pela administração e pelo controle da arrecadação e programação fi-
nanceira, observando o Princípio da Unidade de Caixa (ou de Tesouraria), representado pelo
controle centralizado dos recursos arrecadados em cada ente.

O recolhimento de todas as receitas far-se-á em estrita observância ao princípio de


unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para criação de caixas especi-
ais.

ARRECADAÇÃO ≠ RECOLHIMENTO

A ARRECADAÇÃO consiste na entrega do recurso ao agente ou banco arrecadador pelo contribu-


inte ou devedor.

Já o RECOLHIMENTO consiste no depósito em conta do Tesouro, aberta especificamente para


esse fim, pelos caixas ou bancos arrecadadores.

Veja abaixo um exemplo dos estágios da receita

ESTÁGIOS DA DESPESA PÚBLICA

1. FIXAÇÃO: dotação inicial contida na LOA;


2. EMPENHO: cria para o estado a obrigação de pagamento;
3. LIQUIDAÇÃO: verifica o direito do credor em receber do estado;
4. PAGAMENTO: entrega de numerário ao credor.
De acordo com Paludo, a DESPESA possui duas etapas: PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO.

Na etapa de EXECUÇÃO, estão os estágios da despesa: Empenho, Liquidação e Paga-


mento.

Já na etapa de PLANEJAMENTO, que acontece antes, estão: Fixação da despesa, Des-


centralização de créditos orçamentários, Programação orçamentária e financeira, Pro-
cesso de licitação, Formalização de contrato.

FIXAÇÃO

A fixação ou programação da despesa orçamentária insere-se no processo de plane-


jamento, apesar de não estar previsto na Lei 4320/64. É a dotação inicial da LOA que,
segundo o princípio do equilíbrio, visa assegurar que as despesas autorizadas não se-
rão superiores à previsão das receitas.

Assim, a fixação é concluída com a autorização dada pelo Poder Legislativo por meio da lei orça-
mentária anual, ressalvadas as eventuais aberturas de créditos adicionais no decorrer da vigência
do orçamento.

A legislação não permite a inversão de qualquer estágio. O que pode ocorrer é exceção
quanto ao estágio da programação, como acontece com as despesas realizadas por
meio da abertura de créditos extraordinários. Esse tipo de despesa não passa pelo es-
tágio da programação, em virtude de sua imprevisibilidade e urgência.

EMPENHO

Segundo a Lei 4.320/64, o empenho é o ato emanado de autoridade competente que cria
para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.

As despesas só podem ser realizadas mediante prévio empenho, consoante a Lei 4.320/64, a
qual veda a realização de despesa sem prévio empenho.

Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho.

§ 1º Em casos especiais previstos na legislação específica será dispensada a emis-


são da nota de empenho.

CUDADO:

 EMPENHO => é obrigatório


 NOTA DE EMPENHO => não obrigatória

O EMPENHO PODE SER DE TRÊS TIPOS:

 Global - para despesas com montante previamente definido, visa atender despesas contra-
tuais ou sujeitas a parcelamentos. Por exemplo: aluguéis, salários, prestação de serviços.
 Estimativo - quando não é possível determinar o montante da despesa, no geral são gas-
tos que estão sujeitos a variações. Por exemplo: água, luz, telefone etc.
 Ordinário - para despesas com montante conhecido e cujo pagamento ocorrerá
de uma só vez.
LIQUIDAÇÃO

A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor (ou


entidade beneficiária) tendo por base os títulos e os documentos comprobatórios do
respectivo crédito (ou da habilitação ao benefício). Assim, a despesa deve passar pelo pro-
cesso de verificação do direito adquirido do credor denominado liquidação antes de ser paga. Esse
procedimento tem como objetivo verificar a importância exata a pagar e a quem se deve pagar,
para extinguir a obrigação.

A liquidação tem por finalidade reconhecer ou apurar:

 A origem e o objeto do que se deve pagar.


 A importância exata a pagar.
 A quem se deve pagar a importância para extinguir a obrigação.

PAGAMENTO

O pagamento consiste na entrega de numerário ao credor mediante cheque nominati-


vo, ordens de pagamentos ou crédito em conta. É o último estágio da despesa. O pa-
gamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua regular liquidação.
Desta forma, nenhuma despesa poderá ser paga sem estar devidamente liquidada.
RESTOS A PAGAR E DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES

RESTOS A PAGAR
Art. 36 da Lei 4.320/64: Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas, mas
não pagas até o dia 31 de dezembro distinguindo-se as processadas das não proces-
sadas.

Parágrafo único. Os empenhos que sorvem a conta de créditos com vigência plurienal, que não
tenham sido liquidados, só serão computados como Restos a Pagar no último ano de vigência do
crédito.

PRA REFORÇAR!!!!!!!!

(CESPE) Empenhos não liquidados oriundos de créditos com vigência plurianual só se-
rão inscritos em restos a pagar no último ano da vigência do crédito (CERTO)

(CESPE) Os empenhos com vigência plurianual que não tenham sido liquidados deve-
rão ser inscritos como restos a pagar apenas no último ano da vigência do crédi-
to (CERTO)

Depois que é feito o empenho tendo como base a dotação orçamentária à respectiva despesa,
tem-se o início do cumprimento do contrato, convênio ou determinação legal.

O próximo passo é a liquidação da despesa, a qual consiste na verificação do direito do credor


com base nos títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito, tendo por finalidade
apurar a origem e o objeto do que se deve pagar, a importância exata, e a quem se deve pagar
para extinguir a obrigação.

No entanto, se a despesa não for paga até o término do exercício financeiro, dia 31 de dezembro,
o crédito poderá ser inscrito em “restos a pagar”, com o pagamento podendo realizar-se em exer-
cício subsequente, caso se concluam os estágios faltantes.

Consideram-se restos a pagar (RP) ou resíduos passivos as despesas empenhadas, mas não
pagas dentro do exercício financeiro, logo, até o dia 31 de dezembro.

Os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida, constituem-se em modalidade de dívida pública


flutuante e são registradas por exercício e por credor, distinguindo-se as despesas processadas
das não processadas.
O entendimento dos estágios da despesa é importante porque a Lei 4.320/64 distingue as despe-
sas em processadas e não processadas. As despesas processadas referem-se a empenhos execu-
tados e liquidados, prontos para o pagamento; as despesas não processadas são os empenhos
de contratos e convênios em plena execução; logo, ainda não existe direito líquido e certo do cre-
dor. Por exemplo, caso a Administração Pública assine contrato com um laboratório para o forne-
cimento de vacinas contra o sarampo e, ao final do exercício, ainda não se saiba o número exato
de crianças que serão vacinadas, tal despesa não poderá ser liquidada e será considerada não
processada, pois ficará pendente a verificação do direito líquido e certo do credor e da importân-
cia exata a pagar. Enquanto não ocorrer a verificação do implemento da condição prevista, não
haverá o reconhecimento da liquidez do direito do credor, não podendo o empenho ser considera-
do liquidado. Assim, a despesa será inscrita em restos a pagar não processados.

Ressalta-se que a despesa pública deve passar pelos estágios da execução: empenho, liquida-
ção e pagamento. Assim, o pagamento dos restos a pagar não processados, o qual passou ape-
nas pelo estágio do empenho, também só poderá ocorrer após a sua regular liquidação.

RESTOS A PAGAR: São as despesas empenhadas, mas não pagas dentro do exercício financeiro.
Podem ser:

1. Restos a pagar PROCESSADOS = Empenho + Liquidação + Não pagamento.

2. Restos a pagar NÃO PROCESSADOS = Empenho + Não liquidação + Não pagamento.

Os empenhos referentes a despesas já liquidadas e não pagas, assim como os empenhos não
anulados, serão inscritos em Restos a Pagar no encerramento do exercício (31/12) pelo valor de-
vido ou, se não conhecido, pelo valor estimado, desde que satisfaça às condições estabelecidas
para empenho e liquidação da despesa, pois se referem a encargos incorridos no próprio exercí-
cio.

Os restos a pagar com prescrição interrompida, os quais são aqueles cuja inscrição tenha sido
cancelada, mas ainda vigente o direito do credor, poderão ser pagos à conta de despesas de
exercícios anteriores, respeitada a categoria própria.

Ainda consoante o Decreto 93.872/86: “Art. 15. Os restos a pagar constituirão item específico da
programação financeira, devendo o seu pagamento efetuar-se dentro do limite de saques fixado.”
Os restos a pagar são constituídos por recursos correspondentes a exercícios financeiros já encer-
rados. No entanto, integram a programação financeira do exercício em curso.

* DEA (Despesas de Exercícios Anteriores)

Os empenhos que sorvem a conta de créditos com vigência plurianual, que não tenham sido li-
quidados, só serão computados como restos a pagar no último ano de vigência do crédito. Ou
seja, durante os outros anos só serão inscritos em restos a pagar os créditos plurianuais liquida-
dos.
Exemplo: determinado crédito adicional especial com vigência plurianual teve no primeiro ano:

Empenhados: R$ 200 mil.


Liquidados: R$ 160 mil.
Pagos: R$ 130 mil.

Assim, apenas 30 mil (liquidados e não pagos) serão inscritos em restos a pagar no primeiro ano,
porque os empenhos que sorvem a conta de créditos com vigência plurianual, que não tenham
sido liquidados, só serão computados como restos a pagar no último ano de vigência do crédito.
A redução ou cancelamento, no exercício financeiro, de compromisso que caracterizou o empe-
nho, implicará sua anulação parcial ou total. A importância correspondente será revertida à res-
pectiva dotação orçamentária.

De acordo apenas com a Lei 4320/64, quando a anulação de despesa ocorrer após o encerra-
mento do exercício, considerar-se-á receita orçamentária do ano em que se efetivar. Entretanto, o
Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público - MCASP dispõe que não devem ser reconheci-
dos como receitas orçamentárias os recursos financeiros oriundos de cancelamento de despesas
inscritas em restos a pagar, o qual consiste na baixa da obrigação constituída em exercícios ante-
riores, portanto, trata-se de restabelecimento de saldo de disponibilidade comprometida, originá-
ria de receitas arrecadadas em exercícios anteriores e não de uma nova receita a ser registrada. O
cancelamento de restos a pagar não se confunde com o recebimento de recursos provenientes do
ressarcimento ou da restituição de despesas pagas em exercícios anteriores que devem ser reco-
nhecidos como receita orçamentária do exercício.

As despesas extraorçamentárias são aquelas que não constam da Lei Orçamentária e decor-
rem da contrapartida da receita extraorçamentária. Provêm da obrigação de devolver o valor arre-
cadado transitoriamente, como os valores de depósitos e cauções, de pagamentos de restos a
pagar e de resgate de operações de crédito por antecipação de receita orçamentária.

Se uma despesa for empenhada em um exercício e somente for paga no exercício seguinte, ela
deve ser contabilizada como pertencente ao exercício do empenho. Assim, os restos a pagar serão
contabilizados como despesas extraorçamentárias, já que o empenho foi efetuado dentro do or-
çamento do exercício anterior.

Restos a pagar na lei 4320/64:

Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas, mas não pagas até o dia 31
de dezembro distinguindo-se as processadas das não processadas.

Parágrafo único. Os empenhos que sorvem a conta de créditos com vigência plurienal, que não
tenham sido liquidados, só serão computados como Restos a Pagar no último ano de vigência do
crédito.

(...)
Art. 92. A dívida flutuante compreende:

I - os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida;

(...)

Parágrafo único. O registro dos restos a pagar far-se-á por exercício e por credor distinguindo-se
as despesas processadas das não processadas.

(...)

Art. 103.

(...)

Parágrafo único. Os Restos a Pagar do exercício serão computados na receita extraorçamentária


para compensar sua inclusão na despesa orçamentária.

DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES

As Despesas de Exercícios Anteriores são dívidas resultantes de compromissos gerados em


exercícios financeiros anteriores àqueles em que ocorrerão os pagamentos.

Despesas de Exercícios Anteriores: São as despesas relativas a exercícios encerrados,


para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para aten-
dê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar com
prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do
exercício correspondente. Poderão ser pagos à conta de dotação específica consignada no or-
çamento, discriminada por elementos, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica.
Para o pagamento das despesas de exercícios anteriores, a despesa deve ser empenhada nova-
mente, comprometendo, desse modo, o orçamento vigente à época do efetivo pagamento. Há
necessidade de nova autorização orçamentária. Na classificação por natureza da despesa, há um
elemento de despesa específico denominado “despesas de exercícios anteriores”. Assim, as Des-
pesas de Exercícios Anteriores são orçamentárias, pois seu pagamento ocorre à custa do orça-
mento vigente.

CUIDADO: As Despesas de Exercícios Anteriores são orçamentárias.

DEA na Lei 4320/64.

Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consig-
nava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na
época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida e os compromissos re-
conhecidos após o encerramento do exercício correspondente poderão ser pagos à conta de dota-
ção específica consignada no orçamento, discriminada por elementos, obedecida, sempre que
possível, a ordem cronológica.
DÍVIDA ATIVA
A DÍVIDA ATIVA abrange os créditos a favor da Fazenda Pública, cuja certeza e liquidez foram
apuradas, por não terem sido efetivamente recebidos nas datas aprazadas. É, portanto, uma fonte
potencial de fluxos de caixa, com impacto positivo pela recuperação de valores, espelhando crédi-
tos a receber, sendo contabilmente alocada no ativo.

A DÍVIDA ATIVA não se confunde com a Dívida Passiva, que representa as obrigações do
Ente Público para com terceiros. A Dívida Ativa abrange os créditos a favor da Fazenda Pública,
cuja certeza e liquidez foram apuradas, por não terem sido efetivamente recebidos nas datas
aprazadas.

Dívida Ativa = Um crédito a receber, é uma dívida de terceiros com o Estado, pode ser tribu-
tária ou não tributária.

Dívida Passiva = Obrigações do Estado com terceiros. Pode ser flutuante ou consolidada/
fundada.

A inscrição em dívida ativa é ato jurídico que visa legitimar a origem do crédito em favor da Fa-
zenda Pública, revestindo o procedimento dos necessários requisitos jurídicos para as ações de
cobrança.

Lei 4320/64, o qual trata da dívida ativa:

Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, serão escritura-
dos como receita do exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias.

§ 1º Os créditos de que trata este artigo, exigíveis pelo transcurso do prazo para paga-
mento, serão inscritos, na forma da legislação própria, como Dívida Ativa, em registro
próprio, após apurada a sua liquidez e certeza, e a respectiva receita será escriturada
a esse título.

A dívida ativa inscrita goza da presunção de certeza e liquidez, e tem equivalência de prova pré-
constituída contra o devedor. O ato da inscrição confere legalidade ao crédito como dívida passível
de cobrança, facultando ao ente público, representado pelos respectivos órgãos competentes, a
iniciativa do processo judicial de execução. A presunção de certeza e liquidez da dívida ativa, no
entanto, é relativa, pois pode ser derrogada por prova inequívoca, cuja apresentação cabe ao su-
jeito passivo.

§ 2º Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza, proveniente de


obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas, e Dívida Ativa não Tributá-
ria são os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes de empréstimos com-
pulsórios, contribuições estabelecidas em lei, Multa de qualquer origem ou natureza, exceto
as tributárias, foros, laudêmios, aluguéis ou taxas de ocupação, custas processuais, preços de
serviços prestados por estabelecimentos públicos, indenizações, reposições, restituições, alcances
dos responsáveis definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes de obrigações em
moeda estrangeira, de sub-rogação de hipoteca, fiança, aval ou outra garantia, de contratos em
geral ou de outras obrigações legais.
§ 3º O valor do crédito da Fazenda Nacional em moeda estrangeira será convertido ao correspon-
dente valor na moeda nacional à taxa cambial oficial, para compra, na data da notificação ou
intimação do devedor, pela autoridade administrativa, ou, à sua falta, na data da inscrição da
Dívida Ativa, incidindo, a partir da conversão, a atualização monetária e os juros de mora, de
acordo com preceitos legais pertinentes aos débitos tributários.

§ 5º A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional.

A dívida ativa compreende, além do valor principal, atualização monetária, juros, multa e demais
encargos previstos. Portanto, a incidência desses acréscimos, previstos desde a Lei 4.320/64, é
legal e de ocorrência natural, cabendo o registro contábil oportuno. Já o pagamento de custas e
emolumentos foi dispensado para os atos judiciais da Fazenda Pública, de acordo com o art. 39 da
Lei de Execuções Fiscais.
A Dívida Ativa inscrita goza da presunção de certeza e liquidez, e tem equivalência de prova pré-
constituída contra o devedor. No âmbito federal, a competência para a apuração de certeza e li-
quidez, inscrição em Dívida Ativa e gestão administrativa e judicial desses créditos é da Procura-
doria-Geral da Fazenda Nacional – PGFN. Já No âmbito estadual, a cobrança é efetuada pela Pro-
curadoria Geral do Estado.

CUIDADO: Na nova classificação por natureza da receita, a dívida ativa é identificada pelo 8º
dígito, denominado de “tipo”. Será do “Tipo 3” se relacionada à Dívida Ativa da respectiva receita
ou do “Tipo 4” se for relacionada a Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa da respectiva receita.

VEJA ABAIXO:

TIPO

O tipo, correspondente ao último dígito na natureza de receita, tem a finalidade de identificar o


tipo de arrecadação a que se refere aquela natureza, sendo:

 0, quando se tratar de natureza de receita não valorizável ou agregadora;


 1, quando se tratar da arrecadação Principal da receita;
 2, quando se tratar de Multas e Juros de Mora da respectiva receita;
 3, quando se tratar de Dívida Ativa da respectiva receita;
 4, quando se tratar de Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa da respectiva receita.

A dívida ativa é uma espécie de crédito público, cuja matéria é definida desde a Lei 4.320/64,
sendo sua gestão econômica, orçamentária e financeira resultante de uma conjugação de critérios
estabelecidos em diversos outros textos legais.

Lei 6.830/80

Art. 2º - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tribu-
tária com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para elabora-
ção e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Fe-
deral.

§ 2º - A Dívida Ativa da Fazenda Pública, compreendendo a tributária e a não tributária, abrange


atualização monetária, juros e multa de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato.

§ 4º - A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Na-


cional.
LEI COMPLEMENTAR Nº 101 DE 2000

Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão


fiscal e dá outras providências.

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas


para a responsabilidade na gestão fiscal.

§ 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparen-


te, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das
contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e
despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, ge-
ração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e
mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de
garantia e inscrição em Restos a Pagar.

§ 2o As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os Estados, o Distri-


to Federal e os Municípios.

§ 3o Nas referências:

I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão compreendi-


dos:

a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Poder


Judiciário e o Ministério Público;

b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais


dependentes;

II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;

III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União, Tribunal


de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal
de Contas do Município.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:

I - ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal e cada Município;

II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital social com direito a vo-
to pertença, direta ou indiretamente, a ente da Federação;

III - empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do ente contro-
lador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em
geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de
participação acionária;

IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de contribuições, patri-


moniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também
correntes, deduzidos:

a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação


constitucional ou legal;

b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitu-


cional;

c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o


custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes
da compensação.

§ 3o A receita corrente líquida será apurada somando-se as receitas arrecadadas


no mês em referência e nos onze anteriores, excluídas as duplicidades.

CAPÍTULO II

DO PLANEJAMENTO

Seção I

Do Plano Plurianual

Seção II

Da Lei de Diretrizes Orçamentárias

Art. 4o A Lei de Diretrizes Orçamentárias:

I - disporá também sobre:

a) equilíbrio entre receitas e despesas;

b) critérios e forma de limitação de empenho;

e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos pro-


gramas financiados com recursos dos orçamentos;

f) demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades pú-


blicas e privadas;

§ 1o Integrará o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias Anexo de Metas Fis-


cais, em que serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, re-
lativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida públi-
ca, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes.
§ 2o O Anexo de Metas Fiscais conterá:

I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior;

II - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo que
justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três exercícios anterio-
res, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da política econômica
nacional;

III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a ori-
gem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos;

IV - avaliação da situação financeira e atuarial:

a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públicos e do Fundo de
Amparo ao Trabalhador;

b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial;

V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da mar-


gem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado.

§ 3º A Lei de Diretrizes Orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde se-


rão avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas pú-
blicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem.

§ 4o A mensagem que encaminhar o projeto da União apresentará, em anexo específico, os


objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções
para seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação, para o exercício subse-
quente.

Seção III

Da Lei Orçamentária Anual

Art. 5o O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o


plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei
Complementar:

I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos


com os objetivos e metas constantes de documento especifico;

II - será acompanhado do documento, bem como das medidas de compensação a renúncias


de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado;

III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, defini-


do com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na Lei de Diretrizes Or-
çamentárias, destinada ao:

b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais impre-


vistos.
§ 1o Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual, e as
receitas que as atenderão, constarão da lei orçamentária anual.

§ 2o O refinanciamento da dívida pública constará separadamente na lei orçamen-


tária e nas de crédito adicional.

§ 3o A atualização monetária do principal da dívida mobiliária refinanciada não poderá supe-


rar a variação do índice de preços previsto na lei de diretrizes orçamentárias, ou em legislação
específica.

§ 4o É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa ou


com dotação ilimitada.

§ 5o A lei orçamentária não consignará dotação para investimento com duração


superior a um exercício financeiro que não esteja previsto no plano plurianual ou em
lei que autorize a sua inclusão.

§ 6o Integrarão as despesas da União, e serão incluídas na lei orçamentária, as do


Banco Central do Brasil relativas à pessoal e encargos sociais, custeio administrativo,
inclusive os destinados a benefícios e assistência aos servidores, e a investimentos.

Art. 7o O resultado do Banco Central do Brasil, apurado após a constituição ou reversão de


reservas, constitui receita do Tesouro Nacional, e será transferido até o décimo dia útil subse-
quente à aprovação dos balanços semestrais.

§ 1o O resultado negativo constituirá obrigação do Tesouro para com o Banco Central do


Brasil e será consignado em dotação específica no orçamento.

§ 2o O impacto e o custo fiscal das operações realizadas pelo Banco Central do


Brasil serão demonstrados trimestralmente, nos termos em que dispuser a lei de dire-
trizes orçamentárias da União.

§ 3o Os balanços trimestrais do Banco Central do Brasil conterão notas explicativas sobre os


custos da remuneração das disponibilidades do Tesouro Nacional e da manutenção das reservas
cambiais e a rentabilidade de sua carteira de títulos, destacando os de emissão da União.

Seção IV

Da Execução Orçamentária e do Cumprimento das Metas

Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dis-
puser a lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo estabelecerá a programação
financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.

Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados à finalidade específica serão


utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em
exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.

Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá


não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabele-
cidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por
ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de
empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretri-
zes orçamentárias.

§ 1o No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das


dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas.

§ 2º Não serão objeto de limitação de empenho as despesas que constituam obri-


gações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do
serviço da dívida, as relativas à inovação e ao desenvolvimento científico e tecnológico
custeadas por fundo criado para tal finalidade e as ressalvadas pela lei de diretrizes
orçamentárias.

§ 3o No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem a


limitação de empenho no prazo (nos trinta dias subsequentes), é o Poder Executivo autoriza-
do a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.

§ 4o Até o final dos meses de Maio, Setembro e Fevereiro, o Poder Executivo demonstra-
rá e avaliará o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na co-
missão referida (Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamen-
tárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas
do Congresso Nacional, na forma do regimento comum) ou equivalente nas Casas Legisla-
tivas estaduais (assembleia legislativa) e municipais (câmara de vereadores).

§ 5o No prazo de noventa dias após o encerramento de cada semestre, o Banco Central do


Brasil apresentará, em reunião conjunta das comissões temáticas pertinentes do Congresso Naci-
onal, avaliação do cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária, creditícia e cambi-
al, evidenciando o impacto e o custo fiscal de suas operações e os resultados demonstrados nos
balanços.

Art. 10. A execução orçamentária e financeira identificará os beneficiários de pa-


gamento de sentenças judiciais, por meio de sistema de contabilidade e administração
financeira, para fins de observância da ordem cronológica.

CAPÍTULO III

DA RECEITA PÚBLICA

Seção I

Da Previsão e da Arrecadação

Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a


instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência consti-
tucional do ente da Federação.
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente
que não observe a instituição, previsão e efetiva arrecadação, no que se refere aos
impostos.

Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considera-


rão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do cresci-
mento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de de-
monstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes
àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.

§ 1o Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida se


comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal.

§ 2o O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser


superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária.

§ 3o O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes e


do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo final para encaminhamen-
to de suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas das receitas para o
exercício subsequente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias de cál-
culo.

Art. 13. Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, as receitas previstas serão desdo-
bradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a especificação, em se-
parado, quando cabível, das medidas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valo-
res de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do montante dos
créditos tributários passíveis de cobrança administrativa.

Seção II

Da Renúncia de Receita

Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária


da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do im-
pacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois
seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma
das seguintes condições:

I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita


da lei orçamentária, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo pró-
prio da lei de diretrizes orçamentárias;

II - estar acompanhada de medidas de compensação, por meio do aumento de receita, pro-


veniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo
ou contribuição.

§ 1o A renúncia da receita compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presu-


mido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modifica-
ção de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribui-
ções, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.

CAPÍTULO IV

DA DESPESA PÚBLICA

Seção I

Da Geração da Despesa

Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a ge-
ração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam ao disposto nesta lei.

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acar-


rete aumento da despesa será acompanhado de:

I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva en-


trar em vigor e nos dois subsequentes;

II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orça-


mentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plu-
rianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.

§ 1o Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:

I - Adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e


suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despe-
sas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ul-
trapassados os limites estabelecidos para o exercício;

II - Compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despe-


sa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumen-
tos e não infrinja qualquer de suas disposições.

§ 2º A estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva


entrar em vigor e nos dois subsequentes será acompanhada das premissas e metodo-
logia de cálculo utilizadas.

Subseção I

Da Despesa Obrigatória de Caráter Continuado

Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente deriva-


da de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a
obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios.

§ 3o considera-se aumento permanente de receita o proveniente da elevação de alíquotas,


ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
§ 7o Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo
determinado.

Seção II

Das Despesas com Pessoal

Subseção I

Definições e Limites

Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa total com pesso-
al: o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, re-
lativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder,
com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis,
subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações,
horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribui-
ções recolhidas pelo ente às entidades de previdência.

§ 1º Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referem à


substituição de servidores e empregados públicos serão contabilizados como Outras
Despesas de Pessoal.

§ 2º A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês em


referência com as dos 11 (onze) imediatamente anteriores, adotando-se o regime de
competência, independentemente de empenho.

§ 3º Para a apuração da despesa total com pessoal, será observada a remuneração bruta do
servidor, sem qualquer dedução ou retenção, ressalvada a redução para atendimento ao teto
constitucional previsto na constituição federal.

Art. 19. A despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente
da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir
discriminados:

I - União: 50% (cinquenta por cento);

II - Estados: 60% (sessenta por cento);

III - Municípios: 60% (sessenta por cento).

§ 3º Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, é vedada a dedução


da parcela custeada com recursos aportados para a cobertura do déficit financeiro dos regimes de
previdência.

Art. 20. A repartição dos limites globais não poderá exceder os seguintes percen-
tuais:
UNIÃO: 50%

1. 40,9% para o Executivo


2. 2,5% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União;
3. 6% para o Judiciário;
4. 0,6% para o Ministério Público da União.

ESTADOS: 60%

1. 49% para o Executivo;


2. 3% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado;
3. 6% para o Judiciário;
4. 2% para o Ministério Público dos Estados.

MUNICÍPIOS: 60%

1. 54% para o Executivo;


2. 6% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver;

§ 1o Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os limites serão reparti-


dos entre seus órgãos de forma proporcional à média das despesas com pessoal, em
percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros ime-
diatamente anteriores ao da publicação desta Lei Complementar.

Subseção II

Do Controle da Despesa Total com Pessoal

Art. 21. É nulo de pleno direito:

I - o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda:

b) ao limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo;

II - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento e oiten-
ta) dias anteriores ao final do mandato do titular de Poder ou órgão;

III - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal que preveja parcelas a
serem implementadas em períodos posteriores ao final do mandato do titular de Poder
ou órgão;

IV - a aprovação, a edição ou a sanção, por Chefe do Poder Executivo, por Presi-


dente e demais membros da Mesa ou órgão decisório equivalente do Poder Legislativo,
por Presidente de Tribunal do Poder Judiciário e pelo Chefe do Ministério Público, da
União e dos Estados, de norma legal contendo plano de alteração, reajuste e reestru-
turação de carreiras do setor público, ou a edição de ato, por esses agentes, para no-
meação de aprovados em concurso público, quando:

a) resultar em aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias
anteriores ao final do mandato do titular do Poder Executivo;
b) resultar em aumento da despesa com pessoal que preveja parcelas a serem
implementadas em períodos posteriores ao final do mandato do titular do Poder Exe-
cutivo.

Art. 22. Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e
cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão que houver incorrido no ex-
cesso:

I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer tí-


tulo, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual;

II - criação de cargo, emprego ou função;

III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;

IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, res-


salvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de edu-
cação, saúde e segurança;

V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto previsto na constituição federal e as


situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias.

Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão, ultrapassar os limites
definidos no mesmo artigo, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois
quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro.

§ 2o É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimen-


tos à nova carga horária.

§ 3º Não alcançada a redução no prazo estabelecido e enquanto perdurar o exces-


so, o Poder ou órgão não poderá:

I - receber transferências voluntárias;

II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;

III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao pagamento da


dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal.

§ 5º As seguintes restrições: receber transferências voluntárias; obter garantia, direta ou in-


direta, de outro ente; contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao pagamento da
dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal, não se aplicam ao Municí-
pio em caso de queda de receita real superior a 10% (dez por cento), em comparação ao corres-
pondente quadrimestre do exercício financeiro anterior, devido a:

I – diminuição das transferências recebidas do Fundo de Participação dos Municípios decor-


rente de concessão de isenções tributárias pela União; e

II – diminuição das receitas recebidas de royalties e participações especiais.


Seção III

Das Despesas com a Seguridade Social

Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade social poderá ser cria-
do, majorado ou estendido sem a indicação da fonte de custeio total.

§ 1o É dispensada da compensação de despesa Obrigatória de Caráter Continuado o aumen-


to de despesa decorrente de:

I - concessão de benefício a quem satisfaça as condições de habilitação prevista na legisla-


ção pertinente;

II - expansão quantitativa do atendimento e dos serviços prestados;

III - reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu valor real.

CAPÍTULO V

DAS TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS

Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por transferência volun-
tária a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título
de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação
constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde.

§ 1o São exigências para a realização de transferência voluntária, além das esta-


belecidas na lei de diretrizes orçamentárias:

I - existência de dotação específica;

IV - comprovação, por parte do beneficiário, de:

a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, empréstimos e financiamentos de-


vidos ao ente transferidor, bem como quanto à prestação de contas de recursos anteriormente
dele recebidos;

b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à educação e à saúde;

c) observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária, de operações de crédito, in-
clusive por antecipação de receita, de inscrição em Restos a Pagar e de despesa total com pesso-
al;

d) previsão orçamentária de contrapartida.

§ 2o É vedada a utilização de recursos transferidos em finalidade diversa da pac-


tuada.
§ 3o Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências voluntá-
rias constantes desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas a ações de
educação, saúde e assistência social.

CAPÍTULO VI

DA DESTINAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS PARA O SETOR PRIVADO

Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessida-


des de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei es-
pecífica, atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar
prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais.

§ 1o O disposto no caput aplica-se a toda a administração indireta, inclusive fundações públi-


cas e empresas estatais, exceto, no exercício de suas atribuições precípuas, as instituições finan-
ceiras e o Banco Central do Brasil.

§ 2o Compreende-se incluída a concessão de empréstimos, financiamentos e refinanciamen-


tos, inclusive as respectivas prorrogações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções
e a participação em constituição ou aumento de capital.

Art. 27. Na concessão de crédito por ente da Federação a pessoa física, ou jurídica que não
esteja sob seu controle direto ou indireto, os encargos financeiros, comissões e despesas congê-
neres não serão inferiores aos definidos em lei ou ao custo de captação.

Art. 28. Salvo mediante lei específica, não poderão ser utilizados recursos públi-
cos, inclusive de operações de crédito, para socorrer instituições do Sistema Financei-
ro Nacional, ainda que mediante a concessão de empréstimos de recuperação ou fi-
nanciamentos para mudança de controle acionário.

§ 1o A prevenção de insolvência e outros riscos ficarão a cargo de fundos, e outros meca-


nismos, constituídos pelas instituições do Sistema Financeiro Nacional, na forma da lei.

CAPÍTULO VII

DA DÍVIDA E DO ENDIVIDAMENTO

Seção I

Definições Básicas

Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as seguintes defini-
ções:

I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade,


das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convê-
nios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a
doze meses;
II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por títulos emitidos pela União,
inclusive os do Banco Central do Brasil, Estados e Municípios;

III - operação de crédito: compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura


de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de
valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras ope-
rações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros;

IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de obrigação financeira ou con-


tratual assumida por ente da Federação ou entidade a ele vinculada;

V - refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos para pagamento do princi-


pal acrescido da atualização monetária.

§ 2o Será incluída na dívida pública consolidada da União a relativa à emissão de títulos de


responsabilidade do Banco Central do Brasil.

§ 3o Também integram a dívida pública consolidada as operações de crédito de


prazo inferior a doze meses cujas receitas tenham constado do orçamento.

§ 4o O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não excederá, ao término de cada


exercício financeiro, o montante do final do exercício anterior, somado ao das operações de crédi-
to autorizadas no orçamento para este efeito e efetivamente realizadas, acrescido de atualização
monetária.

Seção III

Da Recondução da Dívida aos Limites

Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o respectivo


limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o término dos
três subsequentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cen-
to) no primeiro.

§ 1o Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver incorrido:

I - estará proibido de realizar operação de crédito interna ou externa, inclusive por antecipa-
ção de receita, ressalvadas as para pagamento de dívidas mobiliárias;

II - obterá resultado primário necessário à recondução da dívida ao limite, promovendo, en-


tre outras medidas, limitação de empenho.

§ 2o Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, e enquanto perdurar o ex-


cesso, o ente ficará também impedido de receber transferências voluntárias da União
ou do Estado.

§ 4o O Ministério da Fazenda divulgará, mensalmente, a relação dos entes que tenham ultra-
passado os limites das dívidas consolidada e mobiliária.
§ 5o As normas deste artigo serão observadas nos casos de descumprimento dos limites da
dívida mobiliária e das operações de crédito internas e externas.

Seção IV

Das Operações de Crédito

Subseção I

Da Contratação

Art. 32. O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos limites e condições


relativos à realização de operações de crédito de cada ente da Federação, inclusive
das empresas por eles controladas, direta ou indiretamente.

§ 1o O ente interessado formalizará seu pleito fundamentando-o em parecer de seus órgãos


técnicos e jurídicos, demonstrando a relação custo-benefício, o interesse econômico e social da
operação e o atendimento das seguintes condições:

I - existência de prévia e expressa autorização para a contratação, no texto da lei orçamen-


tária, em créditos adicionais ou lei específica;

II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos recursos provenientes da operação,


exceto no caso de operações por antecipação de receita;

III - observância dos limites e condições fixados pelo Senado Federal;

IV - autorização específica do Senado Federal, quando se tratar de operação de crédito ex-


terno;

VI - observância das demais restrições estabelecidas nesta Lei Complementar.

§ 2o As operações relativas à dívida mobiliária federal autorizadas, no texto da lei


orçamentária ou de créditos adicionais, serão objeto de processo simplificado que
atenda às suas especificidades.

§ 4o Sem prejuízo das atribuições próprias do Senado Federal e do Banco Central do Brasil, o
Ministério da Fazenda efetuará o registro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas
interna e externa, garantido o acesso público às informações, que incluirão:

I - encargos e condições de contratação;

II - saldos atualizados e limites relativos às dívidas consolidada e mobiliária, operações de


crédito e concessão de garantias.

§ 5o Os contratos de operação de crédito externo não conterão cláusula que importe na


compensação automática de débitos e créditos.

§ 6o O prazo de validade da verificação dos limites e das condições de que trata


este artigo e da análise realizada para a concessão de garantia pela União será de, no
mínimo, 90 (noventa) dias e, no máximo, 270 (duzentos e setenta) dias, a critério do
Ministério da Fazenda.

§ 7º Poderá haver alteração da finalidade de operação de crédito de Estados, do Distrito Fe-


deral e de Municípios sem a necessidade de nova verificação pelo Ministério da Economia, desde
que haja prévia e expressa autorização para tanto, no texto da lei orçamentária, em créditos adi-
cionais ou em lei específica, que se demonstre a relação custo-benefício e o interesse econômico e
social da operação e que não configure infração a dispositivo desta Lei Complementar.

Art. 33. A instituição financeira que contratar operação de crédito com ente da Fe-
deração, exceto quando relativa à dívida mobiliária ou à externa, deverá exigir com-
provação de que a operação atende às condições e limites estabelecidos.

§ 1o A operação realizada com infração do disposto nesta Lei Complementar será considera-
da nula, procedendo-se ao seu cancelamento, mediante a devolução do principal, vedados o pa-
gamento de juros e demais encargos financeiros.

§ 2o Se a devolução não for efetuada no exercício de ingresso dos recursos, será consignada
reserva específica na lei orçamentária para o exercício seguinte.

Subseção II

Das Vedações

Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um ente da Federação,


diretamente ou por intermédio de fundo, autarquia, fundação ou empresa estatal de-
pendente, e outro, inclusive suas entidades da administração indireta, ainda que sob a
forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente.

§ 1o Excetuam-se da vedação acima as operações entre instituição financeira es-


tatal e outro ente da Federação, inclusive suas entidades da administração indireta,
que não se destinem a:

I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes;

II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição concedente.

Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e
o ente da Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo.

Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão vedados:

I - captação de recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribui-


ção cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido;

II - recebimento antecipado de valores de empresa em que o Poder Público dete-


nha, direta ou indiretamente, a maioria do capital social com direito a voto, salvo lu-
cros e dividendos, na forma da legislação;
III - assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou operação asseme-
lhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou serviços, mediante emissão, aceite ou
aval de título de crédito, não se aplicando esta vedação a empresas estatais depen-
dentes;

IV - assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com fornecedores pa-


ra pagamento a posteriori de bens e serviços.

Subseção III

Das Operações de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária

Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita destina-se a atender insuficiência
de caixa durante o exercício financeiro e cumprirá as seguintes exigências:

I - realizar-se-á somente a partir do décimo dia do início do exercício;

II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos incidentes, até o dia dez de dezembro
de cada ano;

III - não será autorizada se forem cobrados outros encargos que não a taxa de juros da ope-
ração, obrigatoriamente prefixada ou indexada à taxa básica financeira, ou à que vier a esta subs-
tituir;

IV - estará proibida:

a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza não integralmente resgatada;

b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou Prefeito Municipal.

§ 2o As operações de crédito por antecipação de receita realizadas por Estados ou Municípios


serão efetuadas mediante abertura de crédito junto à instituição financeira vencedora em proces-
so competitivo eletrônico promovido pelo Banco Central do Brasil.

§ 3o O Banco Central do Brasil manterá sistema de acompanhamento e controle do saldo do


crédito aberto e, no caso de inobservância dos limites, aplicará as sanções cabíveis à instituição
credora.

Subseção IV

Das Operações com o Banco Central do Brasil

Art. 39. Nas suas relações com ente da Federação, o Banco Central do Brasil está
sujeito às seguintes vedações:

I - compra de título da dívida, na data de sua colocação no mercado;

II - permuta, ainda que temporária, por intermédio de instituição financeira ou não, de título
da dívida de ente da Federação por título da dívida pública federal, bem como a operação de
compra e venda, a termo, daquele título, cujo efeito final seja semelhante à permuta;
III - concessão de garantia.

§ 2o O Banco Central do Brasil só poderá comprar diretamente títulos emitidos pe-


la União para refinanciar a dívida mobiliária federal que estiver vencendo na sua car-
teira.

§ 4o É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida pública federal exis-


tentes na carteira do Banco Central do Brasil, ainda que com cláusula de reversão, sal-
vo para reduzir a dívida mobiliária.

Seção V

Da Garantia e da Contragarantia

Art. 40. Os entes poderão conceder garantia em operações de crédito internas ou externas,
e, no caso da União, também os limites e as condições estabelecidos pelo Senado Federal e as
normas emitidas pelo Ministério da Economia acerca da classificação de capacidade de pagamento
dos mutuários.

§ 1o A garantia estará condicionada ao oferecimento de contragarantia, em valor


igual ou superior ao da garantia a ser concedida, e à adimplência da entidade que a
pleitear relativamente a suas obrigações junto ao garantidor e às entidades por este
controladas, observado o seguinte:

I - não será exigida contragarantia de órgãos e entidades do próprio ente;

II - a contragarantia exigida pela União a Estado ou Município, ou pelos Estados


aos Municípios, poderá consistir na vinculação de receitas tributárias diretamente ar-
recadadas e provenientes de transferências constitucionais, com outorga de poderes
ao garantidor para retê-las e empregar o respectivo valor na liquidação da dívida ven-
cida.

§ 5o É nula a garantia concedida acima dos limites fixados pelo Senado Federal.

§ 6o É vedado às entidades da administração indireta, inclusive suas empresas


controladas e subsidiárias, conceder garantia, ainda que com recursos de fundos.

§ 9o Quando honrarem dívida de outro ente, em razão de garantia prestada, a União e os Es-
tados poderão condicionar as transferências constitucionais ao ressarcimento daquele pagamento.

§ 10. O ente da Federação cuja dívida tiver sido honrada pela União ou por Estado, em de-
corrência de garantia prestada em operação de crédito, terá suspenso o acesso a novos créditos
ou financiamentos até a total liquidação da mencionada dívida.

§ 11. A alteração da metodologia utilizada para fins de classificação da capacidade de paga-


mento de Estados e Municípios deverá ser precedida de consulta pública, assegurada a manifesta-
ção dos entes.
Seção VI

Dos Restos a Pagar

Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão, nos últimos dois quadrimestres do
seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmen-
te dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que
haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito.

Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os encar-


gos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício.

Seção II

Da Preservação do Patrimônio Público

Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital derivada da alienação de bens e


direitos que integram o patrimônio público para o financiamento de despesa corrente,
salvo se destinada por lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servi-
dores públicos.

Art. 45. A lei orçamentária e as de créditos adicionais só incluirão novos projetos após ade-
quadamente atendidos os em andamento e contempladas as despesas de conservação do patri-
mônio público, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.

Parágrafo único. O Poder Executivo de cada ente encaminhará ao Legislativo, até a data do
envio do projeto de lei de diretrizes orçamentárias, relatório com as informações necessárias ao
cumprimento do disposto neste artigo, ao qual será dada ampla divulgação.

Art. 46. É nulo de pleno direito ato de desapropriação de imóvel urbano expedido
sem justa indenização em dinheiro, ou prévio depósito judicial do valor da indeniza-
ção.

Seção III

Das Empresas Controladas pelo Setor Público

Art. 47. A empresa controlada que firmar contrato de gestão em que se estabele-
çam objetivos e metas de desempenho, na forma da lei, disporá de autonomia geren-
cial, orçamentária e financeira.

Parágrafo único. A empresa controlada incluirá em seus balanços trimestrais nota explicativa
em que informará:

I - fornecimento de bens e serviços ao controlador, com respectivos preços e condições,


comparando-os com os praticados no mercado;

II - recursos recebidos do controlador, a qualquer título, especificando valor, fonte e destina-


ção;
III - venda de bens, prestação de serviços ou concessão de empréstimos e financiamentos
com preços, taxas, prazos ou condições diferentes dos vigentes no mercado.

CAPÍTULO IX

DA TRANSPARÊNCIA, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO

Seção I

Da Transparência da Gestão Fiscal

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada
ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orça-
mentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo pa-
recer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão
Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.

§ 1o A transparência será assegurada também mediante:

I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante


os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e
orçamentos;

II - liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo


real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em
meios eletrônicos de acesso público;

III – adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que


atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União.

§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disponibilizarão suas informações


e dados contábeis, orçamentários e fiscais conforme periodicidade, formato e sistema estabeleci-
dos pelo órgão central de contabilidade da União, os quais deverão ser divulgados em meio ele-
trônico de amplo acesso público.

§ 3o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios encaminharão ao Ministério da Fazenda,


nos termos e na periodicidade a serem definidos em instrução específica deste órgão, as informa-
ções necessárias para a constituição do registro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas
públicas interna e externa.

§ 6o Todos os Poderes e órgãos, incluídos autarquias, fundações públicas, empre-


sas estatais dependentes e fundos, do ente da Federação devem utilizar sistemas úni-
cos de execução orçamentária e financeira, mantidos e gerenciados pelo Poder Execu-
tivo, resguardada a autonomia.

Art. 48-A. Os entes da Federação disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurí-


dica o acesso a informações referentes a:

I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras no decorrer da


execução da despesa, no momento de sua realização, com a disponibilização mínima dos dados
referentes ao número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à
pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao procedimento licitató-
rio realizado;

II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das unidades gesto-


ras, inclusive referente a recursos extraordinários.

Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis,
durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsá-
vel pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da
sociedade.

Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá demonstrativos do Tesouro Nacio-


nal e das agências financeiras oficiais de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social, especificando os empréstimos e financiamentos concedidos com recursos ori-
undos dos orçamentos fiscal e da seguridade social e, no caso das agências financeiras, avaliação
circunstanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício.

Seção II

Da Escrituração e Consolidação das Contas

Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escritura-


ção das contas públicas observará as seguintes:

I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos vincula-


dos a órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem identificados e escriturados de forma individua-
lizada;

II - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo o regime de compe-


tência, apurando-se, em caráter complementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de
caixa;

III - as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e conjuntamente, as transações e


operações de cada órgão, fundo ou entidade da administração direta, autárquica e fundacional,
inclusive empresa estatal dependente;

IV - as receitas e despesas previdenciárias serão apresentadas em demonstrativos financei-


ros e orçamentários específicos;

V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e as demais formas de financi-


amento ou assunção de compromissos junto a terceiros, deverão ser escrituradas de modo a evi-
denciar o montante e a variação da dívida pública no período, detalhando, pelo menos, a natureza
e o tipo de credor;

VI - a demonstração das variações patrimoniais dará destaque à origem e ao destino dos re-
cursos provenientes da alienação de ativos.

§ 1o No caso das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão as operações intragovernamentais.


§ 2o A edição de normas gerais para consolidação das contas públicas caberá ao órgão cen-
tral de contabilidade da União.

§ 3o A Administração Pública manterá sistema de custos que permita a avaliação e o acom-


panhamento da gestão orçamentária, financeira e patrimonial.

Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta de junho, a conso-
lidação, nacional e por esfera de governo, das contas dos entes da Federação relativas
ao exercício anterior, e a sua divulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso pú-
blico.

§ 1º Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas ao Poder Executivo da


União até 30 de abril.

§ 2º O descumprimento dos prazos previstos neste artigo impedirá, até que a situação seja
regularizada, que o Poder ou órgão receba transferências voluntárias e contrate operações de
crédito, exceto as destinadas ao pagamento da dívida mobiliária.

Seção III

Do Relatório Resumido da Execução Orçamentária

Art. 52. O Relatório Resumido da Execução Orçamentária abrangerá todos os Po-


deres e o Ministério Público e será publicado até trinta dias após o encerramento de
cada bimestre e composto de:

I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria econômica, as:

a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem como a previsão atualizada;

b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação para o exercício, a despesa li-
quidada e o saldo;

II - demonstrativos da execução das:

a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a previsão inicial, a previsão atu-
alizada para o exercício, a receita realizada no bimestre, a realizada no exercício e a previsão a
realizar;

b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da despesa, discriminando dota-


ção inicial, dotação para o exercício, despesas empenhada e liquidada, no bimestre e no exercício;

c) despesas, por função e subfunção.

§ 1o Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobiliária constarão des-


tacadamente nas receitas de operações de crédito e nas despesas com amortização da
dívida.
Art. 53. Acompanharão o Relatório Resumido demonstrativos relativos a:

I - apuração da receita corrente líquida, sua evolução, assim como a previsão de seu desem-
penho até o final do exercício;

II - receitas e despesas previdenciárias;

III - resultados nominal e primário;

IV - despesas com juros;

V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão, os valores inscritos, os pagamentos reali-
zados e o montante a pagar.

§ 1o O relatório referente ao último bimestre do exercício será acompanhado tam-


bém de demonstrativos:

II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores
públicos;

III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos e a aplicação dos recursos


dela decorrentes.

§ 2o Quando for o caso, serão apresentadas justificativas:

I - da limitação de empenho;

II - da frustração de receitas, especificando as medidas de combate à sonegação e à evasão


fiscal, adotadas e a adotar, e as ações de fiscalização e cobrança.

Seção IV

Do Relatório de Gestão Fiscal

Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titulares dos Poderes e
órgãos Relatório de Gestão Fiscal, assinado pelo:

I - Chefe do Poder Executivo;

II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão decisório equivalente, confor-


me regimentos internos dos órgãos do Poder Legislativo;

III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de Administração ou órgão deci-


sório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Judiciário;

IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.

Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas autoridades responsáveis


pela administração financeira e pelo controle interno, bem como por outras definidas
por ato próprio de cada Poder ou órgão.

Art. 55. O Relatório de Gestão Fiscal conterá:


I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Complementar, dos seguintes
montantes:

a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e pensionistas;

b) dívidas consolidada e mobiliária;

c) concessão de garantias;

d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita.

II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultrapassado qual-


quer dos limites;

III - demonstrativos, no último quadrimestre:

a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um de dezembro;

b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas:

1) liquidadas;

2) empenhadas e não liquidadas;

3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo da disponibilidade de caixa;

4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos empenhos foram cancelados;

§ 2o O relatório será publicado até trinta dias após o encerramento do período a


que corresponder, com amplo acesso ao público, inclusive por meio eletrônico.

Seção V

Das Prestações de Contas

Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das
suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do
Chefe do Ministério Público, as quais receberão parecer prévio, separadamente, do
respectivo Tribunal de Contas.

§ 1o As contas do Poder Judiciário serão apresentadas no âmbito:

I - da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores,


consolidando as dos respectivos tribunais;

II - dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de Justiça, consolidando as dos demais tri-
bunais.

§ 3o Será dada ampla divulgação dos resultados da apreciação das contas, julgadas ou to-
madas.
Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio conclusivo sobre as contas
no prazo de sessenta dias do recebimento, se outro não estiver estabelecido nas cons-
tituições estaduais ou nas leis orgânicas municipais.

§ 1o No caso de Municípios que não sejam capitais e que tenham menos de duzen-
tos mil habitantes o prazo será de cento e oitenta dias.

§ 2o Os Tribunais de Contas não entrarão em recesso enquanto existirem contas


de Poder ou órgão, pendentes de parecer prévio.

Art. 58. A prestação de contas evidenciará o desempenho da arrecadação em relação à pre-


visão, destacando as providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à
sonegação, as ações de recuperação de créditos nas instâncias administrativa e judicial, bem co-
mo as demais medidas para incremento das receitas tributárias e de contribuições.

Seção VI

Da Fiscalização da Gestão Fiscal

Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas,
e o sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério Público fiscalizarão o
cumprimento desta Lei Complementar, com ênfase no que se refere a:

I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias;

II - limites e condições para realização de operações de crédito e inscrição em Restos a Pa-


gar;

III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo limite;

IV - providências tomadas para recondução dos montantes das dívidas consolidada e mobili-
ária aos respectivos limites;

V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos, tendo em vista as restrições


constitucionais e as desta Lei Complementar;

VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais, quando houver.

§ 1o Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos quando constatarem:

II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90% (noventa por
cento) do limite;

III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de cré-
dito e da concessão de garantia se encontram acima de 90% (noventa por cento) dos
respectivos limites;

IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram acima do limite defi-


nido em lei;
V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos programas ou indícios
de irregularidades na gestão orçamentária.

§ 2o Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da


despesa total com pessoal de cada Poder e órgão.

CAPÍTULO X

DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 60. Lei estadual ou municipal poderá fixar limites inferiores àqueles previstos
nesta Lei Complementar para as dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito
e concessão de garantias.

Art. 61. Os títulos da dívida pública, desde que devidamente escriturados em sistema centra-
lizado de liquidação e custódia, poderão ser oferecidos em caução para garantia de empréstimos,
ou em outras transações previstas em lei, pelo seu valor econômico, conforme definido pelo Minis-
tério da Fazenda.

Art. 62. Os Municípios só contribuirão para o custeio de despesas de competência


de outros entes da Federação se houver:

I - autorização na lei de diretrizes orçamentárias e na lei orçamentária anual;

II - convênio, acordo, ajuste ou congênere, conforme sua legislação.

Art. 63. É facultado aos Municípios com população inferior a cinquenta mil habi-
tantes optar por:

II - divulgar semestralmente:

b) o Relatório de Gestão Fiscal;

c) os demonstrativos do Relatório Resumido da Execução Orçamentária;

III - elaborar o Anexo de Política Fiscal do plano plurianual, o Anexo de Metas Fis-
cais e o Anexo de Riscos Fiscais da lei de diretrizes orçamentárias a partir do quinto
exercício seguinte ao da publicação desta Lei Complementar.

§ 1o A divulgação dos relatórios e demonstrativos deverá ser realizada em até trinta dias
após o encerramento do semestre.

§ 2o Se ultrapassados os limites relativos à despesa total com pessoal ou à dívida consolida-


da, enquanto perdurar esta situação, o Município ficará sujeito aos mesmos prazos de verificação
e de retorno ao limite definidos para os demais entes.

Art. 64. A União prestará assistência técnica e cooperação financeira aos Municí-
pios para a modernização das respectivas administrações tributária, financeira, patri-
monial e previdenciária, com vistas ao cumprimento das normas desta Lei Comple-
mentar.
§ 1o A assistência técnica consistirá no treinamento e desenvolvimento de recursos humanos
e na transferência de tecnologia, bem como no apoio à divulgação dos instrumentos em meio ele-
trônico de amplo acesso público.

§ 2o A cooperação financeira compreenderá a doação de bens e valores, o financiamento por


intermédio das instituições financeiras federais e o repasse de recursos oriundos de operações
externas.

§ 1º Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional,


nos termos de decreto legislativo, em parte ou na integralidade do território nacional
e enquanto perdurar a situação:

I - serão dispensados os limites, condições e demais restrições aplicáveis à União, aos Esta-
dos, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como sua verificação, para:

a) contratação e aditamento de operações de crédito;

b) concessão de garantias;

c) contratação entre entes da Federação;

d) recebimento de transferências voluntárias.

II - serão dispensados os limites e afastadas as vedações e sanções previstas, desde que os


recursos arrecadados sejam destinados ao combate à calamidade pública;

III - serão afastadas as condições e as vedações, desde que o incentivo ou benefício e a cri-
ação ou o aumento da despesa sejam destinados ao combate à calamidade pública.

Art. 67. O acompanhamento e a avaliação, de forma permanente, da política e da


operacionalidade da gestão fiscal serão realizados por conselho de gestão fiscal, cons-
tituído por representantes de todos os Poderes e esferas de Governo, do Ministério
Público e de entidades técnicas representativas da sociedade, visando a:

I - harmonização e coordenação entre os entes da Federação;

II - disseminação de práticas que resultem em maior eficiência na alocação e execução do


gasto público, na arrecadação de receitas, no controle do endividamento e na transparência da
gestão fiscal;

III - adoção de normas de consolidação das contas públicas, padronização das prestações de
contas e dos relatórios e demonstrativos de gestão fiscal de que trata esta Lei Complementar,
normas e padrões mais simples para os pequenos Municípios, bem como outros, necessários ao
controle social;

IV - divulgação de análises, estudos e diagnósticos.

§ 1o O conselho de gestão fiscal instituirá formas de premiação e reconhecimento público


aos titulares de Poder que alcançarem resultados meritórios em suas políticas de desenvolvimento
social, conjugados com a prática de uma gestão fiscal pautada pelas normas desta Lei Comple-
mentar.

Art. 68. É criado o Fundo do Regime Geral de Previdência Social, vinculado ao Mi-
nistério da Previdência e Assistência Social, com a finalidade de prover recursos para o
pagamento dos benefícios do regime geral da previdência social.

§ 1o O Fundo do Regime Geral de Previdência Social será constituído de:

I - bens móveis e imóveis, valores e rendas do Instituto Nacional do Seguro Social não utili-
zados na operacionalização deste;

II - bens e direitos que, a qualquer título, lhe sejam adjudicados ou que lhe vierem a ser vin-
culados por força de lei;

III - receita das contribuições sociais para a seguridade social;

IV - produto da liquidação de bens e ativos de pessoa física ou jurídica em débito com a Pre-
vidência Social;

V - resultado da aplicação financeira de seus ativos;

VI - recursos provenientes do orçamento da União.

§ 2o O Fundo será gerido pelo Instituto Nacional do Seguro Social, na forma da lei.

Art. 69. O ente da Federação que mantiver ou vier a instituir regime próprio de
previdência social para seus servidores conferir-lhe-á caráter contributivo e o organi-
zará com base em normas de contabilidade e atuária que preservem seu equilíbrio fi-
nanceiro e atuarial.

Art. 73-A. Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legí-
tima para denunciar ao respectivo Tribunal de Contas e ao órgão competente do Mi-
nistério Público o descumprimento das prescrições estabelecidas nesta Lei Comple-
mentar.
LEI No 4.320, DE 17 DE MARÇO DE 1964

Estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos
e balanços da União, dos Estados, dos Munícipios e do Distrito Federal

DISPOSIÇÃO PRELIMINAR

Art. 1º Esta lei estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e con-
trole dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito
Federal.

TÍTULO I

Da Lei de Orçamento

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a eviden-


ciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os prin-
cípios de unidade, universalidade e anualidade.

§ 1° Integrarão a Lei de Orçamento:

I - Sumário geral da receita por fontes e da despesa por funções do Governo;

II - Quadro demonstrativo da Receita e Despesa segundo as Categorias Econômicas;

III - Quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva legislação;

IV - Quadro das dotações por órgãos do Governo e da Administração.

§ 2º Acompanharão a Lei de Orçamento:

I - Quadros demonstrativos da receita e planos de aplicação dos fundos especiais;

II - Quadros demonstrativos da despesa;

III - Quadro demonstrativo do programa anual de trabalho do Governo, em termos de reali-


zação de obras e de prestação de serviços.

Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de ope-


rações de crédito autorizadas em lei.

Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as operações de credito por an-
tecipação da receita, as emissões de papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e
passivo financeiros.
Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas próprias dos órgãos do Gover-
no e da administração centralizada, ou que, por intermédio deles se devam realizar.

Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender indiferen-
temente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer ou-
tras.

Art. 6º Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus to-
tais, vedadas quaisquer deduções.

§ 1º As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra se in-
cluirão, como despesa, no orçamento da entidade obrigada a transferência e, como
receita, no orçamento da que as deva receber.

Art. 7° A Lei de Orçamento poderá conter autorização ao Executivo para:

I - Abrir créditos suplementares até determinada importância;

II - Realizar em qualquer mês do exercício financeiro, operações de crédito por


antecipação da receita, para atender a insuficiências de caixa.

§ 1º Em casos de déficit, a Lei de Orçamento indicará as fontes de recursos que o


Poder Executivo fica autorizado a utilizar para atender a sua cobertura.

§ 2° O produto estimado de operações de crédito e de alienação de bens imóveis


somente se incluirá na receita quando umas e outras forem especificamente autoriza-
das pelo Poder Legislativo em forma que juridicamente possibilite ao Poder Executivo
realizá-las no exercício.

CAPÍTULO II

DA RECEITA

Art. 9º Tributo é a receita derivada instituída pelas entidades de direito publico,


compreendendo as taxas, os impostos e contribuições nos termos da constituição e
das leis vigentes em matéria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio de
atividades gerais ou especificas exercidas por essas entidades.

Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas


Correntes e Receitas de Capital.

§ 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial,


agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos fi-
nanceiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destina-
das a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes.

§ 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financei-


ros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos;
os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a
atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orça-
mento Corrente.
§ 4º - A classificação da receita obedecerá ao seguinte esquema:

RECEITAS CORRENTES

1. RECEITA TRIBUTÁRIA: Taxas, impostos e contribuições de melhoria.


2. RECEITA DE CONTRIBUIÇÕES;
3. RECEITA PATRIMONIAL;
4. RECEITA AGROPECUÁRIA;
5. RECEITA INDUSTRIAL;
6. RECEITA DE SERVIÇOS;
7. TRANSFERÊNCIAS CORRENTES;
8. OUTRAS RECEITAS CORRENTES.

RECEITAS DE CAPITAL

1. OPERAÇÕES DE CRÉDITO
2. ALIENAÇÃO DE BENS
3. AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS
4. TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL
5. OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL

CAPÍTULO III

Da Despesa

Art. 12. A despesa será classificada nas seguintes categorias econômicas:

DESPESAS CORRENTES

1. DESPESAS DE CUSTEIO
2. TRANSFERÊNCIAS CORRENTES

DESPESAS DE CAPITAL

1. INVESTIMENTOS
2. INVERSÕES FINANCEIRAS
3. TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL

§ 1º Classificam-se como Despesas de Custeio as dotações para manutenção de


serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conserva-
ção e adaptação de bens imóveis.

§ 2º Classificam-se como Transferências Correntes as dotações para despesas as


quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para con-
tribuições e subvenções destinadas a atender à manutenção de outras entidades de
direito público ou privado.

§ 3º Consideram-se subvenções, para os efeitos desta lei, as transferências desti-


nadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas, distinguindo-se como:

I - subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou privadas de caráter


assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa;
II - subvenções econômicas, as que se destinem a empresas públicas ou privadas de ca-
ráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril.

§ 4º Classificam-se como investimentos as dotações para o planejamento e a exe-


cução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis considerados necessá-
rios à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho,
aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e constituição ou au-
mento do capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro.

§ 5º Classificam-se como Inversões Financeiras as dotações destinadas a:

I - aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização;

II - aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de


qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital;

III - constituição ou aumento do capital de entidades ou empresas que visem a


objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros.

§ 6º São Transferências de Capital as dotações para investimentos ou inversões


financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar, indepen-
dentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo essas trans-
ferências auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei de Orçamen-
to ou de lei especialmente anterior, bem como as dotações para amortização da dívida
pública.

Art. 13. Observadas as categorias econômicas, a discriminação ou especificação da


despesa por elementos, em cada unidade administrativa ou órgão de governo, obede-
cerá ao seguinte esquema:

DESPESAS CORRENTES

Despesas de Custeio

1. Pessoa Civil;
2. Pessoal Militar;
3. Material de Consumo;
4. Serviços de Terceiros;
5. Encargos Diversos.

Transferências Correntes

1. Subvenções Sociais;
2. Subvenções Econômicas;
3. Inativos;
4. Pensionistas;
5. Salário Família e Abono Familiar;
6. Juros da Dívida Pública;
7. Contribuições de Previdência Social;
8. Diversas Transferências Correntes.
DESPESAS DE CAPITAL

Investimentos

1. Obras Públicas;
2. Serviços em Regime de Programação Especial;
3. Equipamentos e Instalações;
4. Material Permanente;
5. Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Empresas ou Entidades
Industriais ou Agrícolas.

Inversões Financeiras

1. Aquisição de Imóveis;
2. Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Empresas ou Entidades
Comerciais ou Financeiras;
3. Aquisição de Títulos Representativos de Capital de Empresa em Funcionamento;
4. Constituição de Fundos Rotativos;
5. Concessão de Empréstimos;
6. Diversas Inversões Financeiras.

Transferências de Capital

1. Amortização da Dívida Pública;


2. Auxílios para Obras Públicas;
3. Auxílios para Equipamentos e Instalações;
4. Auxílios para Inversões Financeiras;
5. Outras Contribuições.

Art. 14. Constitui unidade orçamentária o agrupamento de serviços subordinados


ao mesmo órgão ou repartição a que serão consignadas dotações próprias.

Parágrafo único. Em casos excepcionais, serão consignadas dotações a unidades administra-


tivas subordinadas ao mesmo órgão.

Art. 15. Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far-se-á no mínimo por


elementos.

§ 1º Entende-se por elementos o desdobramento da despesa com pessoal, material, servi-


ços, obras e outros meios de que se serve a administração publica para consecução dos seus fins.

§ 2º Para efeito de classificação da despesa, considera-se material permanente o


de duração superior a dois anos.

SEÇÃO I

Das Despesas Correntes

SUBSEÇÃO ÚNICA

Das Transferências Correntes


I) Das Subvenções Sociais

Art. 16. Fundamentalmente e nos limites das possibilidades financeiras a concessão de sub-
venções sociais visará a prestação de serviços essenciais de assistência social, médica e educacio-
nal, sempre que a suplementação de recursos de origem privada aplicados a esses objetivos, re-
velar-se mais econômica.

Parágrafo único. O valor das subvenções, sempre que possível, será calculado com base em
unidades de serviços efetivamente prestados ou postos à disposição dos interessados obedecidos
os padrões mínimos de eficiência previamente fixados.

Art. 17. Somente à instituição cujas condições de funcionamento forem julgadas


satisfatórias pelos órgãos oficiais de fiscalização serão concedidas subvenções.

II) Das Subvenções Econômicas

Art. 18. A cobertura dos déficits de manutenção das empresas públicas, de nature-
za autárquica ou não, far-se-á mediante subvenções econômicas expressamente inclu-
ídas nas despesas correntes do orçamento da União, do Estado, do Município ou do
Distrito Federal.

Parágrafo único. Consideram-se, igualmente, como subvenções econômicas:

a) as dotações destinadas a cobrir a diferença entre os preços de mercado e os preços de


revenda, pelo Governo, de gêneros alimentícios ou outros materiais;

b) as dotações destinadas ao pagamento de bonificações a produtores de determinados gê-


neros ou materiais.

Art. 19. A Lei de Orçamento não consignará ajuda financeira, a qualquer título, a
empresa de fins lucrativos, salvo quando se tratar de subvenções cuja concessão te-
nha sido expressamente autorizada em lei especial.

SEÇÃO II

Das Despesas de Capital

SUBSEÇÃO PRIMEIRA

Dos Investimentos

Art. 20. Os investimentos serão discriminados na Lei de Orçamento segundo os


projetos de obras e de outras aplicações.

Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que, por sua natureza, não possam
cumprir-se subordinadamente às normas gerais de execução da despesa poderão ser custeadas
por dotações globais, classificadas entre as Despesas de Capital.

SUBSEÇÃO SEGUNDA

Das Transferências de Capital


Art. 21. A Lei de Orçamento não consignará auxílio para investimentos que se de-
vam incorporar ao patrimônio das empresas privadas de fins lucrativos.

TÍTULO II

Da Proposta Orçamentária

CAPÍTULO I

Conteúdo e Forma da Proposta Orçamentária

Art. 22. A proposta orçamentária que o Poder Executivo encaminhará ao Poder Le-
gislativo nos prazos estabelecidos nas Constituições e nas Leis Orgânicas dos Municí-
pios compor-se-á:

I - Mensagem, que conterá: exposição circunstanciada da situação econômico-financeira,


documentada com demonstração da dívida fundada e flutuante, saldos de créditos especiais, res-
tos a pagar e outros compromissos financeiros exigíveis; exposição e justificação da política eco-
nômico-financeira do Governo; justificação da receita e despesa, particularmente no tocante ao
orçamento de capital;

II - Projeto de Lei de Orçamento;

III - Tabelas explicativas, das quais, além das estimativas de receita e despesa, consta-
rão, em colunas distintas e para fins de comparação:

a) A receita arrecadada nos três últimos exercícios anteriores àquele em que se


elaborou a proposta;

b) A receita prevista para o exercício em que se elabora a proposta;

c) A receita prevista para o exercício a que se refere a proposta;

d) A despesa realizada no exercício imediatamente anterior;

e) A despesa fixada para o exercício em que se elabora a proposta;

f) A despesa prevista para o exercício a que se refere a proposta.

IV - Especificação dos programas especiais de trabalho custeados por dotações glo-


bais, em termos de metas visadas, decompostas em estimativa do custo das obras a realizar e dos
serviços a prestar, acompanhadas de justificação econômica, financeira, social e administrativa.

Parágrafo único. Constará da proposta orçamentária, para cada unidade administrativa, des-
crição sucinta de suas principais finalidades, com indicação da respectiva legislação.

CAPÍTULO II

Da Elaboração da Proposta Orçamentária

SEÇÃO PRIMEIRA

Das Previsões Plurienais


Art. 23. As receitas e despesas de capital serão objeto de um Quadro de Recursos
e de Aplicação de Capital, aprovado por decreto do Poder Executivo, abrangendo, no
mínimo um triênio.

Parágrafo único. O Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital será anualmente reajusta-


do acrescentando-se lhe as previsões de mais um ano, de modo a assegurar a projeção contínua
dos períodos.

Art. 24. O Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital abrangerá:

I - as despesas e, como couber, também as receitas previstas em planos especiais aprova-


dos em lei e destinados a atender a regiões ou a setores da administração ou da economia;

II - as despesas à conta de fundos especiais e, como couber, as receitas que os constituam;

III - em anexos, as despesas de capital das entidades referidas nesta lei, com indicação das
respectivas receitas, para as quais forem previstas transferências de capital.

Art. 25. Os programas constantes do Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital


sempre que possível serão correlacionados a metas objetivas em termos de realização
de obras e de prestação de serviços.

Parágrafo único. Consideram-se metas os resultados que se pretendem obter com a


realização de cada programa.

Art. 26. A proposta orçamentária conterá o programa anual atualizado dos investimentos, in-
versões financeiras e transferências previstos no Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital.

SEÇÃO SEGUNDA

Das Previsões Anuais

Art. 27. As propostas parciais de orçamento guardarão estrita conformidade com a política
econômica-financeira, o programa anual de trabalho do Governo e, quando fixado, o limite global
máximo para o orçamento de cada unidade administrativa.

Art. 28 As propostas parciais das unidades administrativas, organizadas em formulário pró-


prio, serão acompanhadas de:

I - tabelas explicativas da despesa;

II - justificação pormenorizada de cada dotação solicitada, com a indicação dos atos de


aprovação de projetos e orçamentos de obras públicas, para cujo início ou prosseguimento ela se
destina.

Art. 29. Caberá aos órgãos de contabilidade ou de arrecadação organizar demons-


trações mensais da receita arrecadada, segundo as rubricas, para servirem de base a
estimativa da receita, na proposta orçamentária.

Parágrafo único. Quando houver órgão central de orçamento, essas demonstrações ser-lhe-
ão remetidas mensalmente.
Art. 31. As propostas orçamentárias parciais serão revistas e coordenadas na pro-
posta geral, considerando-se a receita estimada e as novas circunstâncias.

TÍTULO III

Da elaboração da Lei de Orçamento

Art. 32. Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas Constituições
ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como proposta a
Lei de Orçamento vigente.

Art. 33. Não se admitirão emendas ao projeto de Lei de Orçamento que visem a:

a) alterar a dotação solicitada para despesa de custeio, salvo quando provada,


nesse ponto a inexatidão da proposta;

b) conceder dotação para o início de obra cujo projeto não esteja aprovado pelos
órgãos competentes;

c) conceder dotação para instalação ou funcionamento de serviço que não esteja


anteriormente criado;

d) conceder dotação superior aos quantitativos previamente fixados em resolução


do Poder Legislativo para concessão de auxílios e subvenções.

TÍTULO IV

Do Exercício Financeiro

Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.

Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro:

I - as receitas nele arrecadadas;

II - as despesas nele legalmente empenhadas.

Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas, mas não pagas
até o dia 31 de dezembro distinguindo-se as processadas das não processadas.

Parágrafo único. Os empenhos que sorvem a conta de créditos com vigência plurienal, que
não tenham sido liquidados, só serão computados como Restos a Pagar no último ano de vigência
do crédito.

Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respecti-


vo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se te-
nham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição inter-
rompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício corres-
pondente poderão ser pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento,
discriminada por elementos, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica.

Art. 38. Reverte à dotação a importância de despesa anulada no exercício; quando a anula-
ção ocorrer após o encerramento deste considerar-se-á receita do ano em que se efetivar.
Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, serão escri-
turados como receita do exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentá-
rias.

§ 1º - Os créditos da Fazenda Pública, exigíveis pelo transcurso do prazo para pagamento,


serão inscritos, na forma da legislação própria, como Dívida Ativa, em registro próprio, após apu-
rada a sua liquidez e certeza, e a respectiva receita será escriturada a esse título.

§ 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza, pro-


veniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas, e Dí-
vida Ativa não Tributária são os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenien-
tes de empréstimos compulsórios, contribuições estabelecidas em lei, multa de qualquer ori-
gem ou natureza, exceto as tributárias, foros, laudêmios, alugueis ou taxas de ocupação,
custas processuais, preços de serviços prestados por estabelecimentos públicos, indenizações,
reposições, restituições, alcances dos responsáveis definitivamente julgados, bem assim os crédi-
tos decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de sub-rogação de hipoteca, fiança, aval ou
outra garantia, de contratos em geral ou de outras obrigações legais.

§ 3º - O valor do crédito da Fazenda Nacional em moeda estrangeira será convertido ao cor-


respondente valor na moeda nacional à taxa cambial oficial, para compra, na data da notificação
ou intimação do devedor, pela autoridade administrativa, ou, à sua falta, na data da inscrição da
Dívida Ativa, incidindo, a partir da conversão, a atualização monetária e os juros de mora, de
acordo com preceitos legais pertinentes aos débitos tributários.

§ 5º - A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda


Nacional.

TÍTULO V

Dos Créditos Adicionais

Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de despesa não computadas ou


insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento.

Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em:

I - suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária;

II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamen-


tária específica;

III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de


guerra, comoção intestina ou calamidade pública.

Art. 42. Os créditos suplementares e especiais serão autorizados por lei e abertos
por decreto executivo.

Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da existência


de recursos disponíveis para ocorrer a despesa e será precedida de exposição justifica-
tiva.

§ 1º Consideram-se recursos para a abertura dos créditos suplementares e espe-


ciais, desde que não comprometidos:
I - o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior;

II - os provenientes de excesso de arrecadação;

III - os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de


créditos adicionais, autorizados em Lei;

IV - o produto de operações de credito autorizadas, em forma que juridicamente


possibilite ao poder executivo realiza-las.

§ 2º Entende-se por superávit financeiro a diferença positiva entre o ativo finan-


ceiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos adicionais
transferidos e as operações de credito a eles vinculadas.

§ 3º Entende-se por excesso de arrecadação, o saldo positivo das diferenças acu-


muladas mês a mês entre a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se, ain-
da, a tendência do exercício.

§ 4° Para o fim de apurar os recursos utilizáveis, provenientes de excesso de arrecadação,


deduzir-se-á a importância dos créditos extraordinários abertos no exercício.

Art. 44. Os créditos extraordinários serão abertos por decreto do Poder Executivo,
que deles dará imediato conhecimento ao Poder Legislativo.

Art. 45. Os créditos adicionais terão vigência adstrita ao exercício financeiro em


que forem abertos, salvo expressa disposição legal em contrário, quanto aos especiais
e extraordinários.

Art. 46. O ato que abrir crédito adicional indicará a importância, a espécie do
mesmo e a classificação da despesa, até onde for possível.

TÍTULO VI

Da Execução do Orçamento

CAPÍTULO I

Da Programação da Despesa

Art. 47. Imediatamente após a promulgação da Lei de Orçamento e com base nos
limites nela fixados, o Poder Executivo aprovará um quadro de cotas trimestrais da
despesa que cada unidade orçamentária fica autorizada a utilizar.

Art. 50. As cotas trimestrais poderão ser alteradas durante o exercício, observados
o limite da dotação e o comportamento da execução orçamentária.

CAPÍTULO II

Da Receita

Art. 51. Nenhum tributo será exigido ou aumentado sem que a lei o estabeleça,
nenhum será cobrado em cada exercício sem prévia autorização orçamentária, ressal-
vados a tarifa aduaneira e o imposto lançado por motivo de guerra.
Art. 52. São objeto de lançamento os impostos diretos e quaisquer outras rendas
com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato.

Art. 53. O lançamento da receita é ato da repartição competente, que verifica a


procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta.

Art. 54. Não será admitida a compensação da obrigação de recolher rendas ou re-
ceitas com direito creditório contra a Fazenda Pública.

Art. 55. Os agentes da arrecadação devem fornecer recibos das importâncias que
arrecadarem.

§ 1º Os recibos devem conter o nome da pessoa que paga a soma arrecadada, proveniência
e classificação, bem como a data a assinatura do agente arrecadador.

§ 2º Os recibos serão fornecidos em uma única via.

Art. 56. O recolhimento de todas as receitas far-se-á em estrita observância ao


princípio de unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para criação de
caixas especiais.

Art. 57. Serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias,
todas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ain-
da que não previstas no Orçamento.

CAPÍTULO III

Da Despesa

Art. 58. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que


cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condi-
ção.

Art. 59 - O empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos concedi-
dos.

§ 1º É vedado aos Municípios empenhar, no último mês do mandato do Prefeito,


mais do que o duodécimo da despesa prevista no orçamento vigente.

§ 2º Fica, também, vedado aos Municípios, no mesmo período, assumir, por qual-
quer forma, compromissos financeiros para execução depois do término do mandato
do Prefeito.

§ 3º As disposições dos parágrafos anteriores não se aplicam nos casos compro-


vados de calamidade pública.

Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho.

§ 1º Em casos especiais previstos na legislação específica será dispensada a emis-


são da nota de empenho.

§ 2º Será feito por estimativa o empenho da despesa cujo montante não se possa
determinar.
§ 3º É permitido o empenho global de despesas contratuais e outras, sujeitas a
parcelamento.

Art. 61. Para cada empenho será extraído um documento denominado "nota de
empenho" que indicará o nome do credor, a representação e a importância da despesa
bem como a dedução desta do saldo da dotação própria.

Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua re-
gular liquidação.

Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor ten-
do por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.

§ 1° Essa verificação tem por fim apurar:

I - a origem e o objeto do que se deve pagar;

II - a importância exata a pagar;

III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.

§ 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá


por base:

I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo;

II - a nota de empenho;

III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.

Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente,


determinando que a despesa seja paga.

Parágrafo único. A ordem de pagamento só poderá ser exarada em documentos processados


pelos serviços de contabilidade.

Art. 65. O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou pagadoria regu-
larmente instituídos por estabelecimentos bancários credenciados e, em casos excep-
cionais, por meio de adiantamento.

Art. 67. Os pagamentos devidos pela Fazenda Pública, em virtude de sentença ju-
diciária, far-se-ão na ordem de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos
respectivos, sendo proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orça-
mentárias e nos créditos adicionais abertos para esse fim.

Art. 68. O regime de adiantamento é aplicável aos casos de despesas expressamente defini-
dos em lei e consiste na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dota-
ção própria para o fim de realizar despesas, que não possam subordinar-se ao processo normal de
aplicação.

Art. 69. Não se fará adiantamento a servidor em alcance nem a responsável por
dois adiantamentos.
Art. 70. A aquisição de material, o fornecimento e a adjudicação de obras e servi-
ços serão regulados em lei, respeitado o princípio da concorrência.

TÍTULO VII

Dos Fundos Especiais

Art. 71. Constitui fundo especial o produto de receitas especificadas que por lei se
vinculam à realização de determinados objetivos ou serviços, facultada a adoção de
normas peculiares de aplicação.

Art. 72. A aplicação das receitas orçamentárias vinculadas a fundos especiais far-
se-á através de dotação consignada na Lei de Orçamento ou em créditos adicionais.

Art. 73. Salvo determinação em contrário da lei que o instituiu, o saldo positivo do fundo es-
pecial apurado em balanço será transferido para o exercício seguinte, a crédito do mesmo fundo.

Art. 74. A lei que instituir fundo especial poderá determinar normas peculiares de controle,
prestação e tomada de contas, sem de qualquer modo, elidir a competência específica do Tribunal
de Contas ou órgão equivalente.

TÍTULO VIII

Do Controle da Execução Orçamentária

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 75. O controle da execução orçamentária compreenderá:

I - a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da receita ou a realização


da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos e obrigações;

II - a fidelidade funcional dos agentes da administração, responsáveis por bens e


valores públicos;

III - o cumprimento do programa de trabalho expresso em termos monetários e


em termos de realização de obras e prestação de serviços.

CAPÍTULO II

Do Controle Interno

Art. 76. O Poder Executivo exercerá os três tipos de controle a que se refere o arti-
go 75, sem prejuízo das atribuições do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.

Art. 77. A verificação da legalidade dos atos de execução orçamentária será prévia,
concomitante e subsequente.

Art. 78. Além da prestação ou tomada de contas anual, quando instituída em lei,
ou por fim de gestão, poderá haver, a qualquer tempo, levantamento, prestação ou
tomada de contas de todos os responsáveis por bens ou valores públicos.
Art. 80. Compete aos serviços de contabilidade ou órgãos equivalentes verificar a
exata observância dos limites das cotas trimestrais atribuídas a cada unidade orça-
mentária, dentro do sistema que for instituído para esse fim.

CAPÍTULO III

Do Controle Externo

Art. 81. O controle da execução orçamentária, pelo Poder Legislativo, terá por ob-
jetivo verificar a probidade da administração, a guarda e legal emprego dos dinheiros
públicos e o cumprimento da Lei de Orçamento.

Art. 82. O Poder Executivo, anualmente, prestará contas ao Poder Legislativo, no


prazo estabelecido nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios.

§ 1º As contas do Poder Executivo serão submetidas ao Poder Legislativo, com Pa-


recer prévio do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.

§ 2º Quando, no Município não houver Tribunal de Contas ou órgão equivalente, a


Câmara de Vereadores poderá designar peritos contadores para verificarem as contas
do prefeito e sobre elas emitirem parecer.

TÍTULO IX

Da Contabilidade

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 83. A contabilidade evidenciará perante a Fazenda Pública a situação de todos


quantos, de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem despesas, administrem ou
guardem bens a ela pertencentes ou confiados.

Art. 84. Ressalvada a competência do Tribunal de Contas ou órgão equivalente, a tomada de


contas dos agentes responsáveis por bens ou dinheiros públicos será realizada ou superintendida
pelos serviços de contabilidade.

Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organizados de forma a permitirem o acompa-


nhamento da execução orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a determinação
dos custos dos serviços industriais, o levantamento dos balanços gerais, a análise e a interpreta-
ção dos resultados econômicos e financeiros.

Art. 86. A escrituração sintética das operações financeiras e patrimoniais efetuar-


se-á pelo método das partidas dobradas.

Art. 87. Haverá controle contábil dos direitos e obrigações oriundos de ajustes ou
contratos em que a administração pública for parte.

Art. 88. Os débitos e créditos serão escriturados com individuação do devedor ou


do credor e especificação da natureza, importância e data do vencimento, quando fi-
xada.
Art. 89. A contabilidade evidenciará os fatos ligados à administração orçamentária,
financeira patrimonial e industrial.

CAPÍTULO II

Da Contabilidade Orçamentária e Financeira

Art. 90 A contabilidade deverá evidenciar, em seus registros, o montante dos cré-


ditos orçamentários vigentes, a despesa empenhada e a despesa realizada, à conta
dos mesmos créditos, e as dotações disponíveis.

Art. 91. O registro contábil da receita e da despesa far-se-á de acordo com as es-
pecificações constantes da Lei de Orçamento e dos créditos adicionais.

Art. 92. A dívida flutuante compreende:

I - os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida;

II - os serviços da dívida a pagar;

III - os depósitos;

IV - os débitos de tesouraria.

Parágrafo único. O registro dos restos a pagar far-se-á por exercício e por credor
distinguindo-se as despesas processadas das não processadas.

Art. 93. Todas as operações de que resultem débitos e créditos de natureza finan-
ceira, não compreendidas na execução orçamentária, serão também objeto de regis-
tro, individuação e controle contábil.

CAPÍTULO III

Da Contabilidade Patrimonial e Industrial

Art. 94. Haverá registros analíticos de todos os bens de caráter permanente, com indicação
dos elementos necessários para a perfeita caracterização de cada um deles e dos agentes respon-
sáveis pela sua guarda e administração.

Art. 95 A contabilidade manterá registros sintéticos dos bens móveis e imóveis.

Art. 96. O levantamento geral dos bens móveis e imóveis terá por base o inventá-
rio analítico de cada unidade administrativa e os elementos da escrituração sintética
na contabilidade.

Art. 97. Para fins orçamentários e determinação dos devedores, ter-se-á o registro contábil
das receitas patrimoniais, fiscalizando-se sua efetivação.

Art. 98. A divida fundada compreende os compromissos de exigibilidade superior a doze me-
ses, contraídos para atender a desequilíbrio orçamentário ou a financeiro de obras e serviços pú-
blicos.
Parágrafo único. A dívida fundada será escriturada com individuação e especificações que
permitam verificar, a qualquer momento, a posição dos empréstimos, bem como os respectivos
serviços de amortização e juros.

Art. 99. Os serviços públicos industriais, ainda que não organizados como empresa
pública ou autárquica, manterão contabilidade especial para determinação dos custos,
ingressos e resultados, sem prejuízo da escrituração patrimonial e financeira comum.

Art. 100 As alterações da situação líquida patrimonial, que abrangem os resultados da exe-
cução orçamentária, bem como as variações independentes dessa execução e as superveniências
e insubsistência ativas e passivas, constituirão elementos da conta patrimonial.

CAPÍTULO IV

Dos Balanços

Art. 102. O Balanço Orçamentário demonstrará as receitas e despesas previstas


em confronto com as realizadas.

Art. 103. O Balanço Financeiro demonstrará a receita e a despesa orçamentárias


bem como os recebimentos e os pagamentos de natureza extra-orçamentária, conju-
gados com os saldos em espécie proveniente do exercício anterior, e os que se trans-
ferem para o exercício seguinte.

Parágrafo único. Os Restos a Pagar do exercício serão computados na receita extra-


orçamentária para compensar sua inclusão na despesa orçamentária.

Art. 104. A Demonstração das Variações Patrimoniais evidenciará as alterações verifi-


cadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, e indicará o resul-
tado patrimonial do exercício.

Art. 105. O Balanço Patrimonial demonstrará:

I - O Ativo Financeiro;

II - O Ativo Permanente;

III - O Passivo Financeiro;

IV - O Passivo Permanente;

V - O Saldo Patrimonial;

VI - As Contas de Compensação.

§ 1º O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e valores realizáveis indepen-


dentemente de autorização orçamentária e os valores numerários.

§ 2º O Ativo Permanente compreenderá os bens, créditos e valores, cuja mobiliza-


ção ou alienação dependa de autorização legislativa.

§ 3º O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas fundadas e outras pagamento


independa de autorização orçamentária.
§ 4º O Passivo Permanente compreenderá as dívidas fundadas e outras que de-
pendam de autorização legislativa para amortização ou resgate.

TÍTULO X

Das Autarquias e Outras Entidades

Art. 107. As entidades autárquicas ou paraestatais, inclusive de previdência social


ou investidas de delegação para arrecadação de contribuições parafiscais da União,
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal terão seus orçamentos aprovados
por decreto do Poder Executivo, salvo se disposição legal expressa determinar que o
sejam pelo Poder Legislativo.

TÍTULO XI

Disposições Finais

Art. 111. O Conselho Técnico de Economia e Finanças do Ministério da Fazenda,


além de outras apurações, para fins estatísticos, de interesse nacional, organizará e
publicará o balanço consolidado das contas da União, Estados, Municípios e Distrito
Federal, suas autarquias e outras entidades, bem como um quadro estruturalmente
idêntico, baseado em dados orçamentários.

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