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Conceito de receita

pública e a sua
classificação
Erthal, Rubia Carla
SST Conceito de receita pública e a sua classificação / Rubia
Carla Erthal
Ano: 2020
nº de p.: 9

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Conceito de Receita
Pública e a sua
classificação

Apresentação
Vamos conhecer o conceito de Receita Pública e como ela se classifica. Assim,
aprenderemos como as contas de receitas podem expressar todas estas
informações aos usuários.

Veremos, também, a classificação da Receita Orçamentária, conforme o art. 1º


da Lei n. 4.320/64, além de estudar sobre a formação da Receita Pública e como
funciona a dinâmica de gerir os recursos públicos.

Receita pública
A Receita Pública representa os recursos de que o Estado dispõe para fazer frente
às suas necessidades. Estes são arrecadados por meio de contribuições das
coletividades, ou seja, os tributos que o governo arrecada. Sobre isso, Giacomoni
(2012, p. 132) argumenta que “Em rigor, o orçamento de receita é constituído de
apenas um quadro analítico com as estimativas da arrecadação de cada um dos
tipos de receita da instituição, além de alguns poucos quadros sintéticos”. Isso quer
dizer que o orçamento de receitas é representado por estimativas de quanto o ente
arrecadará em determinado período.

Atenção
Pesquise, no site da prefeitura de seu município, a disponibilização
do orçamento público e verifique o montante de receitas que foram
estimadas para este ano.

Todas as entradas de recursos que o Estado aufere são classificadas como Receita
Pública. Porém, existem entradas que se incorporam ao patrimônio e entradas
que são restituíveis no futuro. As entradas que se incorporam ao patrimônio são
as receitas efetivas, ou seja, aquelas que aumentarão o patrimônio do Estado. As
entradas restituíveis representam simples ingressos.

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Curiosidade
Auferir – Ter como resultado, conseguir, obter, colher.

Fluxograma: Receita Pública

Ingressos que
serão Simples
restituídos no entradas de
futuro caixa

Receitas Todos os
(entradas) ingressos

Ingressos que
não serão Receita
restituídos pública

Fonte: Elaborada pela autora (2020).

Receitas são todos os ingressos auferidos pelo Estado, porém, os ingressos que
serão restituídos são simples entradas de caixa e os ingressos que não serão
restituídos representam efetivamente a Receita Pública. Isto quer dizer que todas
as quantias recebidas pelos cofres públicos representam ingressos, mas somente
os recebimentos que não geram reservas ou qualquer lançamento no passivo
aumentam o patrimônio público e, por isso, são Receitas Públicas, as quais são
registradas como: Receitas Orçamentárias e elas representam disponibilidades para
o Estado. Quando são somente entradas compensatórias, chamam-se ingressos
extraorçamentários, e isso significa que o Estado é devedor ou simples depositário
do valor. Nesse caso, os recursos são de caráter temporário e não integram a Lei
Orçamentária Anual. Exemplos de ingressos extraorçamentários: depósitos em
caução, fianças etc.

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Classificação da receita orçamentária
De acordo com o art. 1º da Lei n. 4.320/64, a Receita Orçamentária é classificada
em Receitas Correntes e Receitas de Capital. Esta é a classificação por categoria
econômica da receita.

Saiba mais
No site dos estados brasileiros, você consegue acessar a previsão
e a arrecadação de Receita Pública. Veja aqui o exemplo do
estado de Santa Catarina. Acesse o http://transparencia.sc.gov.
br/receita

Na classificação da receita por categoria econômica, o código 1 será utilizado


para as Receitas Correntes; e o código 2, para Receitas de Capital. A categoria
econômica é o primeiro nível de classificação da receita.

Quadro: Classificação econômica da receita

Código Categoria econômica


1 Receitas Correntes

2 Receitas de Capital
Fonte: Elaborado pela autora (2020).

Os conceitos de Receitas Correntes e Receitas de Capital encontram-se na Lei n.


4.320/64, art. 11, §§ 1º e 2º, conforme segue:

São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial,


agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes
de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público
ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em
Despesas Correntes.

São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos


financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em
espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de
direito público ou privado destinados a atender despesas classificáveis
em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente.

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As Receitas Correntes e de Capital comandam o desdobramento da receita, pois,
com base no conceito apresentado, percebemos que a Lei n. 4.320/64 estabelece
um plano de contas para a Receita Orçamentária.

Fluxograma: Classificação da receita

Receitas 1. Tributárias
Receitas
orçamentárias 2. De contribuições
correntes
3. Patrimoniais
4. Agropecuárias
5. Industriais
Ingresso de 6. De serviços
recursos Receitas de 7. De transferências correntes
capital 8. Outras

Ingressos
extraorçamentários 1. De operações de crédito
2. De alienação de bens
3. De amortização de empréstimos
4. De transferências de capital
5. Outras

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

Podemos observar que, depois de classificar as receitas pela categoria econômica


(Correntes e de capital), é necessário classificá-las por fontes ou origem de
recursos.

Receitas correntes e receitas de


capital
Classificando as receitas por fontes ou origem de recursos, teremos (GIACOMONI,
2012, p. 136):

Nas receitas correntes:

• Receita tributária – ingressos que se originam da arrecadação de


impostos, taxas e contribuições de melhoria.

• Receita de contribuições – provém de contribuições sociais, de


intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias
profissionais ou econômicas.

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• Receita patrimonial – proveniente da exploração econômica do
patrimônio da instituição. Exemplo: juros, aluguéis, dividendos,
receitas de concessões e permissões etc.

• Receita agropecuária – recursos que provêm de atividades ou


da exploração agropecuária de origem vegetal ou animal. Nesta
classificação estão incluídas as receitas advindas da exploração
da agricultura, pecuária e de beneficiamentos de produtos
agropecuários em níveis não considerados industriais.

• Receita industrial – são ingressos que provêm da atividade


industrial, como: extrativa mineral, de transformação, de construção
e de serviços industriais de utilidade pública (energia elétrica, água e
esgoto, limpeza pública e remoção de lixo).

• Receita de serviços – ingresso proveniente de atividades como:


comércio, transporte, comunicação, serviços hospitalares,
armazenagem, serviços educacionais, culturais, recreativos etc.

• Transferências correntes – são recursos recebidos de outro ente


da federação ou de outras entidades, com a finalidade de aplicação
em despesas correntes. Exemplo: cota-parte do ICMS, um ente
governamental (município) recebe de outro (estado).

• Outras receitas correntes – são recursos provenientes de outras


origens que não se enquadram nas categorias anteriores. Exemplo:
multas, juros de mora, indenizações, cobranças da dívida ativa e
receitas diversas (rendas de loterias, receitas de cemitérios etc.)

• Nas receitas de capital:

• Operações de crédito – são os ingressos que se originam da


contratação de empréstimos e financiamentos ou da colocação de
títulos públicos. Por meio desta modalidade de receita são cobertos
os déficits orçamentários que ensejam a formação da dívida
pública. As operações de crédito podem ser internas ou externas.
São exemplos de títulos públicos as Letras do Tesouro Nacional
(LTN).

• Alienação de bens – ingresso proveniente da alienação de bens


patrimoniais, como ações, títulos, bens móveis, imóveis etc.

• Amortização de empréstimos – são recursos que ingressam como


pagamento de empréstimos concedidos por meio de títulos ou
contratos.

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• Transferências de capital – da mesma forma que as transferências
correntes, são recursos recebidos de outros entes ou entidades,
com a finalidade de aplicação em despesas de capital.

• Outras receitas de capital – classificam-se as receitas de capital que


não se enquadram nas classificações apresentadas anteriormente.
Exemplo: indenização que a Petrobrás paga aos estados e municípios
pela extração de petróleo.

Fechamento
Estudamos que o orçamento público possui uma linguagem essencialmente
contábil. Vimos também que o orçamento público representa como o governo
aplica os recursos que arrecada e que a população pode ter acesso a toda a
movimentação por meio deste instrumento.

Entendemos que, como em qualquer demonstração contábil, um balanço


patrimonial, por exemplo, o orçamento é composto por contas, que permitem
registrar a execução do orçamento e demonstrar os resultados das operações,
além de aprender que as receitas fazem parte do orçamento público e que estas
representam todos os ingressos de recursos e que as receitas precisam ser
classificadas para que a estrutura do orçamento fique clara e possa demonstrar a
origem e a aplicação dos recursos.

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Referências
GIACOMONI, J. Orçamento público. São Paulo: Atlas, 2012.

BRASIL. Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito


Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm. Acesso em: 04 dez. 2020.

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