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Caroline Marques 1

Endividamento Público

Divida pública é dividida em Consolidada/Fundada e Mobiliaria

1. Consolidada/Fundada: são compromissos pecuniários assumidos pelo poder público em virtude de contratos, convênios,
tratados, realização de operações de crédito etc.
2. Mobiliaria: é a dívida assumida pelo ente público que se encontra instrumentalizada em títulos da dívida pública emitidos pela
união, estados, DF e municípios e até 2002 pelo Banco Central.
Governo coloca taxas de juros pequenas, ou seja, tem acesso a um dinheiro a baixo custo e ainda consegue ditar as
regras
Para Régis Fernandes de Oliveira, a distinção entre dívida pública consolidada e dívida pública mobiliária também está centrada no
instrumento de realização: enquanto a primeira decorre de “obrigações para a realização de obras e prestação de serviços, seja
em decorrência de empréstimos com instituições financeiras, seja em razão de contratos precedidos de licitação ou pagamento
de pessoal (decorrente de lei)”; a dívida mobiliária resulta, especificamente, da emissão de títulos da dívida pública pelos entes da
Federação com o objetivo de captar recursos externos. Em relação à operação de crédito, é importante se ter em mente que se
trata do instrumento pelo qual a dívida pública é gerada. Em poucas palavras, é uma operação de empréstimo que, de um lado,
gera receita e, de outro, despesa. Dado importante a reter é que a operação de crédito invariavelmente gera a dívida pública

Operações que geram endividamento


1. Operações de crédito: são compromissos financeiros assumidos pelo ente público através de diversas formas como
celebração de contrato de mútuo, abertura de crédito, emissão de títulos, aquisição financiada de bens (a prazo),
arrendamento mercantil (lisen) entre outros.
2. Concessão de garantia: é a obrigação de adimplemento (pagamento) assumida por um ente da federação ou instituição
publica em caso de inadimplência do devedor principal. E a contra garantia é a obrigação assumida pelo devedor principal
em face do garantidor, normalmente vinculando parte dos repasses constitucionais obrigatórios ou parte da arrecadação
de seus próprios tributos para pagamento do garantidor em eventual exercício do direito de regresso.

Como garantia tem um ente publico garantido pagar a divida de outro ente público, como se um ente fosse fiador do
outro
Garantia é um item acessório, depende do principal
Bem público não pode ser hipotecado, mas pode ser desafetado e vendido por meio de licitação.
Exemplos de garantia: hipoteca, caução, empenhar bem móvel, contrato de seguro etc.
Contra garantia vai vincular, vai ser uma exigência feita pelo garantidor para se assegurar em uma ação regressiva contra
o devedor principal. Por exemplo, eu te garanto em face ao credor, mas você vai me prestar uma garantia como receitas.
Se eu sou o estado, vai ficar como contra garantia os repasses que sou obrigado a fazer para você de índole
constitucional, se você não me pagar, vou reter para mim os valores que eu deverei te passar de IPVA e ICMS ate o valor
total da dívida ser pagar. Se for outro ente, por exemplo, 5% do IPTU pode ficar vinculado para pagar a dívida.

Credor → devedor principal → garantidor


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O benefício de ordem repousa no fato de que a obrigação do fiador reveste-se de um caráter eminentemente
subsidiário, tendo em vista que uma das pessoas da relação contratual é responsável pelo débito originário, ao passo
que a outra deve garantir que esse mesmo débito seja satisfeito caso a primeira não exerça a sua incumbência
avençada.
Corolário do exposto é que, em um mesmo processo, primeiramente devem ser demandados os bens do devedor
principal. Na hipótese, todavia, de não serem encontrados os bens do solvens, ou não sendo estes suficientes para
saldar a dívida, serão excutidos os bens do fiador, que, por seu turno, é subsidiariamente responsável pelo débito.
O direito de regresso é o direito de ser ressarcido de um prejuízo causado por terceiro(s) em juízo.

3. Refinanciamento da divida mobiliaria: É a realização da emissão de novos titulos para pagamento de titulos anteriores
devidamento acrescidos de todos os acessorios.
são os titulos de credito que fazem/emiter para que a população em geral possa adquirir e trazer uma receita para o
ente publico, por ser um metodo muito interessante de arrecadação de dinheiro a baixo custo normalmente nós
temos instrumentos legais que permitem ao ente fazer emprestimos para pagamento das dividas do momento do
saque das dividas imobiliarias para trazer uma certa garantia no mercado porque se comprou um titulo do tesouro
nacional e chegar no momento de resgate o tesouro der o calote provavelmente ninguem mais vai investir no
tesouro nacional. Ou seja, tem que ter uma garantia que vai devolver o dinheiro com os juros e adicionais no
momento que o investidor quiser pegar esse dinheiro para ter segurança de mercado, quando lançar no mercado
novamente os titulos ninguem vai ficar temeroso de adquirir. Mesmo que o ente esteja muito individado ele pode
fazer operações para refinanciar essas dividas imobiliarias.
Comprar titulos não tem muito risco

4. Limites: O artigo 30 da LRF determinou que no prazo de 90 dias após sua publicação, o presidente da república enviasse
ao senado federal projeto de lei fixando os limites da dívida pública consolidada da união e, no mesmo prazo “ao
congresso nacional” projeto prevendo limites para a dívida mobiliaria, nenhum desses projetos foi feito forçando o
senado federal no ano de 2001 a editar a resolução número 40/2001 que fixa os limites globais da dívida pública
consolidada. Tais limites são: 16% do total das receitas correntes liquidas para novas operações de endividamento e
11,5% para pagamento de dívidas e encargos pretéritos.
Divida pública consolidada são aquelas previstas nos instrumentos normativos.
O presidente não fez sua parte, como dizia o art. 30 da lei 101/2000, pois assim estava se limitando.
O senado em 2001 fez a resolução 40 e 43
Não temos limites fixados de dívida mobiliaria, só de dívida consolidada (contratos, tratados, convênios)
Consolidada: fixa limites globais e limites vinculados a amortização de juros e encargos da divida publica
Limite global de 16% da receita corrente liquida para operações de endividamento relacionado a nossa dívida
consolidada
Receita corrente liquida são as taxas, as contribuições, os tributos, concessões públicas etc.
A união não sofre sanções, mas os estados e municípios sim, podem perder transferências.

O artigo 7º da referida Resolução estabelece limites tanto para a realização de operações de crédito interno quanto para o
comprometimento anual da receita com o serviço da dívida (i.e. amortizações, juros e demais encargos). Em relação ao limite
global em um exercício financeiro, este será de 16% da receita corrente líquida (inciso I); quanto aos valores vinculados com
amortizações, juros e outros encargos, 11,5%, também da receita corrente líquida (inciso II).

Nesse sentido, dispõe o artigo 31 da LRF que o controle da dívida será realizado a cada quadrimestre. Caso seja verificado excesso
ao final desse período, deverá haver a recondução em até doze meses (três quadrimestres seguintes) e a redução do excedente
em pelo menos 25% nos primeiros quatro meses. De acordo com o § 4º do artigo 31, a relação dos entes que incorrem em
excesso será divulgada mensalmente pelo Ministério da Fazenda, sendo que as providências aqui tratadas se aplicam tanto para a
dívida consolidada quanto para a dívida mobiliária do ente. Verificado o excesso, a recondução da dívida ao limite depende de
providências a serem adotadas por parte dos entes, as quais resultem na diminuição do patamar de endividamento.

Em primeiro lugar, sobre a proibição de realização de operações de crédito. Essa determinação tem absoluta pertinência, na
medida em que se está diante de uma situação em que o ente ultrapassou os limites de endividamento. Vedar o aumento da
dívida (já exacerbada) pela proibição de operações de crédito, que são, exatamente, os instrumentos pelos quais a dívida se
forma, revela-se uma medida bastante coerente. Contudo, apesar disso, deve-se destacar que essa vedação possui uma exceção:
os entes poderão realizar operações de crédito, desde que se trate de refinanciar o principal atualizado da dívida mobiliária. O
objetivo, nesse caso, é garantir, ao menos, o pagamento da dívida já estabelecida, nem que para isso o resultado seja um maior
endividamento.
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Nas palavras do Sá: medidas de


saneamento: verificado que o ente
público extrapolou os limites de sua
dividia púbica consolidada terá ele três
quadrimestres para reconduzir sua
divida aos limites considerados normais,
devendo reduzir o excesso em pelo
menos 25% no primeiro quadrimestre,
para essa recondução o ente publico
fará limitações de empenho (deverá
reduzir seus gastos). Porém, tão redução
não poderá incidir na repartição
constitucional de receitas tributarias,
nem no pagamento de receitas relativas
a divida pública.

LRF, arts. 29, 30, 31 e 32

Medidas de saneamento:
 O ente deverá proceder a
recondução em até 12 meses (saldar a
dívida) e, reduzir em pelo menos 25% a
dívida nos primeiros quatro meses.
 Durante o período de
saneamento e enquanto perdurar o
excesso de dívidas, o ente que estiver nesta situação:
 Estará proibido de realizar operações de crédito interna ou externa, inclusive por antecipação de receita. Exceção:
refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária.
 Deverá obter resultado primário necessário à recondução da dívida ao limite (art. 31 da LRF).

5. Proibição da limitação de empenho: impõe ao ente público em situação de super endividamento a obrigação de reduzir seus
gastos com a finalidade de sanear o sistema. Entretanto, tal limitação não poderá incidir sobre a repartição constitucional de
tributos, nem sobre as despesas com a dívida pública. No primeiro caso, visa evitar que a má gestão da União ou de algum
Estado possa contaminar os demais entes, já o segundo caso, o objetivo é não aumentar a divida publica.
À repartição da arrecadação tributária: aqueles tributos (ICMS, IPVA) arrecadados pela União e passados para os Municípios e
os passados para o Estado não podem ser limitados, pois os Estados e os Municípios dependem deles para fazer frente as suas
politicas essenciais.

As despesas relativas à dívida pública, como os encargos e juros deverão continuar a serem pagos.

Se adotadas todas as providencias do art. 31 da LRF e ainda assim não se obtenha sucesso na recondução o §2, do art. 31, da LRF
impõe como sanção adicional a proibição do ente endividado em receber transferências voluntárias do Estado ou da União.

Situação especial relacionada ao primeiro quadrimestre do último ano de mandato do Chefe do Poder Executivo determinando a
imediata aplicação das medidas de saneamento previstas no §1, do art. 31 independentemente do prazo de recondução. Trata-se
de medida que tem por escopo evitar ou ao menos minimizar os efeitos da transferência de dívidas de um governante ao outro.
Em palavras fáceis, no ultimo ano de mandato as medidas de saneamento serão adotadas imediatamente para deixar a casa em
ordem para o próximo chefe do executivo.

6. Condições para a contratação de operações de credito

As operações de crédito são compromissos financeiros firmados pelo Governo, cujo resultado é o endividamento através da
formalização de contratos de mútuo empréstimo, abertura de crédito, emissão de títulos de dívida pública, aquisição parcelada de
bens, operações de antecipação de receita, arrecadamento mercantil e etc.

Para que a assunção de obrigações nesse nível seja possível, a LRF estabelece, em primeiro lugar, as condições que o ente deve
observar para tanto, disciplinadas nos artigos 32 e 33 da LRF. Nos termos do artigo 32 da LRF, compete ao Ministério da Fazenda
verificar o cumprimento dos limites e condições para a realização das operações de crédito de cada ente da Federação, mesmo
que as operações tenham sido realizadas por empresas controladas, direta ou indiretamente.

Elementos fáticos: demonstrar que as operações são meios para atingir o interesse público e, mais ainda, a economicidade do
endividamento, que se mostra pela consideração da relação entre custo e benefício da assunção de dívidas;
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Elementos normativos: o ente deve demonstrar, em primeiro lugar, a existência de prévia autorização legislativa para a contratação
da operação de crédito. Essa autorização poderá estar ou na própria LOA, ou em créditos adicionais abertos para essa finalidade,
ou em uma lei específica.
LRF, art. 32 § 1o O ente interessado formalizará seu pleito fundamentando-o em parecer de seus órgãos técnicos e jurídicos,
demonstrando a relação custo-benefício, o interesse econômico e social da operação e o atendimento das seguintes condições:
I - existência de prévia e expressa autorização para a contratação, no texto da lei orçamentária, em créditos adicionais ou lei
específica;
II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos recursos provenientes da operação, exceto no caso de operações por
antecipação de receita;
III - observância dos limites e condições fixados pelo Senado Federal;
IV - autorização específica do Senado Federal, quando se tratar de operação de crédito externo;
V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição;
VI - observância das demais restrições estabelecidas nesta Lei Complementar.
Observância dos limites de endividamento: tem que observar os 16% e os 11,5%
Autorização especifica do Senado
III do art. 167 da CF: as receitas geradas pelo endividamento não poderão ser superiores às despesas de capital, previstas na LOA .
Sendo assim, a operação estará autorizada, desde que as receitas dela resultantes não superem o montante previsto de gasto cujo
objetivo seja aumentar o patrimônio público, tanto por meio de investimentos quanto pela inversão financeira de bens. A única
exceção a essa paridade entre receitas de operação de crédito e despesas de capital está disposta na parte final do próprio artigo
167, inciso III, da Constituição e se refere aos casos em que a operação tenha sido autorizada por crédito suplementar ou especial,
com finalidade precisa, e aprovados pelo Legislativo por maioria absoluta.

O que importa é que a operação de crédito apenas será considerada regular se houver uma lei que a autorize. Essa é uma
exigência, inclusive, mais genericamente relacionada com a realização de despesas: como o endividamento resulta na assunção de
mais despesas e toda despesa deve ser autorizada por lei, as operações de crédito não poderiam fugir dessa regra.

OUTRAS RESTRIÇÕES ÀS OPERAÇÕES DE CRÉDITO: AS VEDAÇÕES DOS ARTIGOS 34 A 37 DA LRF: proibições da CF e da LRF

a) Emissão de títulos mobiliários pelo BACEN a partir de maio de 2002


b) Proibição de realização de operações de crédito dos entes da federação entre si, diretamente ou por intermédio de
fundos, autarquias, fundação, empresa estatal dependente ou qualquer entidade da administração indireta. Trata-se,
claramente, de uma medida que visa garantir o equilíbrio federativo, evitando-se a existência de pendências financeiras
entre os entes. Ex: SP não pode pegar dinheiro com o PR, assim como a União não pode pegar dinheiro com a caixa
federal, porem os Estados podem.
c) Proibição da realização de operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da Federação que a
controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo. Ex: BANESPA: seu maior devedor era o Estado de São Paulo, o
banco não pode dizer não ao Estado já que este que mandava; caso da Dilma.
d) a captação de recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha
ocorrido;
e) o recebimento antecipado de valores de empresa em que o Poder Público detenha direta ou indiretamente, salvo lucros e
dividendo na forma da lei
f) a assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou operação assemelhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou
serviços mediante emissão de aceite ou aval de título de crédito
g) a assunção de obrigação sem autorização orçamentária, com fornecedores para pagamento posterior de bens e serviços.

Operações de antecipação de receita: são operações de crédito que o Estado faz recebendo antecipadamente o crédito de
obrigação que ainda não existe porque o sujeito passivo ainda não praticou o fato gerador da mesma. Seria o Estado, por
exemplo, pegar emprestado o valor daquilo que acha que vai arrecadar a título de imposto de renda antes de os contribuintes
terem incidido no fato que gera o imposto de renda. Como se verá, em regra essas operações são proibidas quando se tratar de
receita tributária

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