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CRÉDITO PÚBLICO

1. Causas e funções do Crédito Público


a) Causas do empréstimos ou porque que motivo o Estado contrai
empréstimos? Que funções desempenham os empréstimos públicos?

O Estado contrai empréstimos por duas razoes: défice de tesouraria e défice


global no Orçamento do Estado.

i. Défice de Tesouraria.

O défice de tesouraria ocorre quando ao longo do ano económico, o Estado


enfrenta por vezes carências na sua tesouraria resultante de cobranças
inferiores aos pagamentos a efectuar. Por tratar – se de um défice passageiro,
uma vez que o Orçamento prevê receitas suficientes para cobrir as despesas, os
empréstimos contraídos para este efeito constituem uma antecipação de receitas
que irão ser cobradas a curto prazo, ou seja, (ao longo do ano económico) e
destinados ao pagamento ou reembolso do empréstimo. Aqui o Estado recorre
ao ‘crédito do curto prazo, para cobrir o défice de tesouraria que será
reembolsado no mesmo período financeiro que foi contraído.

 Esta primeira função dos empréstimos públicos assume u a especial


impotência para a gestão orçamental, já que evita a ocorrência de atrasos
na realização das despesas públicas por falta de fundos de tesouraria.
Garante – se assim, uma melhor execução do Orçamento.
ii. Défice global no Orçamento do Estado

Ocorre quando as receitas públicas são insuficientes para fazer face às despesas
públicas, estando perante um défice orçamental. Neste caso, recorre – se aos
empréstimos a longo prazo, pois, o reembolso deste empréstimo não poderá ser
efectuado naquele ano económico e nem no ano seguinte, podendo ter lugar nos
anos subsequentes.

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b) Funções do Crédito Público

Quando o Estado recorre ao crédito para financiamento dos défices de tesouraria


e do Orçamento, os empréstimos cumprem uma função financeira.

c) Função extra – financeira

O crédito público pode ser usado como um instrumento de estabilização


macroeconómica, de intervenção nos mercados de capitais e de promoção do
desenvolvimento económico. Aqui o empréstimo estaria a cumprir a função extra
– financeiro.

2. Conceito Do Crédito Público

É um recurso normal que não deve estar rigidamente limitado a circunstâncias


excepecionais que requerem gastos imprevistos ou urgentes sendo uma receita
efectiva provinda de uma relação jurídica com dilação temporal em que o Estado,
como beneficiário de activos financeiros, se assume na obrigação de reembolso
o capital o capital e juros ou rendas.

3. Elementos do Crédito Público


3.1. Elemento subjetivo

Sujeito passivo: o Estado que é devedor.

Sujeito activo: pode ser um sindicato de crédito, uma instituição financeira, ou


público em geral.

3.2. Elemento Objectivo

O elemento objetivo permite identificar o tipo de crédito ou forma em que o


Estado se apresenta devedor. Assim:

a) Crédito principal – torna o Estado devedor em determinada quantia em


vertude de certo facto anterior.
b) Crédito acessório – quando o Estado não é devedor directo mas, de forma
subsidiaria, responde pelos créditos de outras entidades.

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c) Crédito com reembolso de encargos – quando o Estado se assume em
crédito acessório como se fosse o devedor principal mas com garantia de
reembolso.
d) Aval de Estado – que é o regime regra, dá – se quando o Estado se
compromete a pagar apenas nos casos de incumprimento do devedor.
e) Credito efectivo – quando o credor é uma entidade estranha ao sector
publico.
f) Crédito fictício – quando o Estado é devedor de fundos autónomos ou de
entidades publicas fora do sector empresarial do Estado.
g) Crédito vitalício – quando o Estado atribui a certas entidades o direito a
prestações sem base financeira por serviços excepcionais, relevantes ou
distintos.
h) Crédito empresarial - decorre de actividade empresarial de pessoas
colectivas publicas.
i) Crédito monetário e cambial – resulta da prática de operações
monetários e cambiais pelos agentes públicos do Estado.
3.3. Elemento teleológico

O fim do crédito terá sempre de ser a cobertura das despesas públicas.

4. Empréstimos públicos
4.1. Empréstimo e Crédito

Noção

O empréstimo púbico é um acto pelo qual, através de varias operações


financeiras, o Estado beneficia de uma transferência de meios de liquidez,
constituindo – se na ulterior obrigação de os reembolsar ou pagar a juros.

O empréstimo público é um contrato administrativo pelo qual o Estado recebe


determinado valor que se obriga a pagar, na forma por ele estipulado. O Estado
pode obter credito publico quer contraindo empréstimos a entidades públicas ou
privadas, nacionais ou estrageiras, quer através da emissão de títulos colocados
junto a tomadores privados de um determinado mercado.

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O empréstimo é um conjunto de operações financeiras que conduzem ao
Crédito Público. Assumimos que não haverá Credito Público sem que estas
operações (de credito) sejam desencadeadas.

5. Espécie de empréstimos

Quanto a posição do credor podem ser:

a) Empréstimos voluntários – é o acto jurídico bilateral pelo qual o


prestamista empresta ao Estado ou outra pessoa colectiva mediante um
pedido por este formulado e compromisso de reembolsar o capital e pagar
juros ou rendas.

São desta espécie os chamados empréstimos patrióticos, emitidos em


situações excepecionais de crise motivadas por calamidades ou guerras.

b) Empréstimos forçados – distinguem – se dos voluntários por não


depender da vontade do prestamista, sendo feito por cumprimento de um
acto autoritário unilateral impondo ao prestamista um sacrifício
patrimonial. Nestes empréstimos os cidadãos são obrigados a subscrever
os títulos.

Quanto ao local de emissão

a) Empréstimos internos – o empréstimo público que seja emitido no país,


não sendo relevante a qualidade da moeda e dos subscritores.
b) Empréstimos internos – o empréstimo público que seja emitido no país,
não sendo relevante a qualidade da moeda e dos subscritores.

Quanto a duração

a) Empréstimos temporários – quando o Estado se constitui na obrigação


de pagar juros e de reembolsa – lo (capital) num determinado prazo.
b) Empréstimos perpétuos - são aqueles empréstimos em que o Estado
apenas se obriga a pagar juros sem reembolso do capital. Estes podem ser:

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a) Remíveis – quando o Estado têm a faculdade de efetuar o reembolso,
querendo e podendo.
b) Irremíveis – os empréstimos que o Estado, mesmo podendo, não tem
a faculdade de efectuar o reembolso do capital recebido de empréstimo.
6. Natureza jurídica do Empréstimo Público

Há posições relativamente à natureza jurídica do empréstimo jurídico:

a) 1ª Posição – pretende ver no empréstimo público, um acto unilateral de


soberania do Estado.
b) 2ª Posição – contraia da 1ª posição e considera o empréstimo público, um
acto que consubstancia uma relação de estrutura bilateral, com natureza
de contrato público.
c) 3ª Posição – aproxima – se a 2ª posição, mas distingue dela pois defende
que empréstimo público é um contrato de direito privado.

Empréstimo público como contrato

Para os que sustentam que o empréstimo público é um contrato defende que


tem, antes de mais, uma estrutura bilateral e que sua natureza é contratual.

Empréstimo público como contrato unilateral

Para estes, o empréstimo constitui uma obrigação assumida pelo Estado, de


modo unilateral, nas condições e termos que ele por lei e as quais os subscritos
– prestamistas aderem por confiança na honorabilidade dos Estados e sem
exigência de garantias específicas.

Empréstimo púbico como contrato de Direito Privado

Os que defendem esta posição suportam – se no facto de se entender que ao


empréstimo público se aplicam as regras do Direito das Obrigações. Entende –
se que o Estado vincula – se com prestamistas, em deveres não só definidos pela
lei mas também nos decorrentes de contratos privados.

Posição a adoptar

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Não se pode contestar a natureza contratual do empréstimo público, ora
vejamos:

 Posição relativa dos sujeitos na relação jurídica – não há duvidas que


o devedor Estado, sujeito público, apresenta – se munido do ius
imperrium, o poder de autoridade.
 Critério de interesse – o empréstimo tem como objectivo cumprir uma
das funções do Tesouro Publico, a antecipação de receitas para financiar
as despesas.
 Em termos teleológicos – o empréstimo público visa cobrir despesas
aptas a satisfazer necessidades públicas, no interesse público.
 As cláusulas contratuais são de fixação legal, como também as condições
de administração do empréstimo; o que faz do empréstimo um acto
autorizado e vinculado legalmente, quanto ao conteúdo e quanto à forma
de celebração.

Pelo facto do empréstimo Publico faltar – lhe a liberdade de estipulação e que


aos prestamistas está apenas reservada a liberdade de celebração e, ainda, que
do empréstimo emerge uma única relação jurídica entre o Estado e uma
multiplicidade de subscritores, podemos concluir que o empréstimo publico
tem a natureza jurídica de contrato colectivo de adesão de direito publico,
isto é, o empréstimo publico é um contrato de direito publico, do tipo dos
contratos colectivos e de adesão.

7. Relação jurídica do Empréstimo Público

A emissão do empréstimo público é um processo complexo em que se integram


as seguintes fases:

1ª Autorização legislação

A assembleia da Republica, através da Lei do Orçamento, tem vindo a


autorizar o Governo a adoptar as providências necessárias que assegurem a

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realização das receitas fixadas bem como a captação e canalização de outros
recursos extraordinários para o Orçamento do Estado, incluindo a mobilização
de recursos externos.

Esta autorização é feita nos termos da alínea h) do artigo … da CRM, e quando


delibera sobre o Plano e Orçamento de Estado.

Está autorização é genérica podendo utiliza – la para empréstimos internos e


externos para cobrir o défice orçamental, sendo o montante fixado,
implicitamente, no valor do défice fixado.

2ª Publicação da obrigação geral

Em moçambique, a obrigação geral é feita por Diploma Ministerial do


Ministro de economia e Finanças no exercício de poder que o Conselho de
Ministro em si delega de contrair um determinado empréstimo interno ou
externo, regulamenta o decreto de autorização do empréstimo.

3ª Titulação

A titulação corresponde são desenvolvimento da obrigação geral em títulos


representativos do empréstimo.

Quando não desmaterializados estes títulos podem distinguir – se entre


provisórios ou definitivos.

Os títulos podem ser nominativos ou ao portador, onde naqueles figura o


nome do seu titular e nos últimos, diferentemente, não figura o nome do seu
titular.

4ª Subscrição

A subscrição corresponde à colocação para venda pública. Esta poderá ser


pública, em bolsa ou por negociação com a Banca.

Empréstimos Públicos a Curto Prazo

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No ordenamento jurídico moçambicano temos como empréstimo públicos a curto
prazo, as obrigações de caixa e as obrigações de tesouro.

Objeto da Relação Jurídica do empréstimo público

A subscrição do empréstimo público concreta uma relação jurídica entre o


prestamista e o Estado que é a génese de um complexo de deveres que impedem
sobre o Estado e de direitos conferidos aos prestamistas que se manifestam
através de:

a) Para a generalidade dos títulos,


b) Isenção de impostos,
c) Impenhorabilidade,
d) Livre importação e exportação dos títulos,
e) Para alguns títulos, de acordo com indicação específica:
a. Premio de reembolso,
b. Premio de amortização,
c. Garantias de câmbio.

Formas de extinção da obrigação

a) Cumprimento

O cumprimento da relação jurídica do empréstimo dá – se pelo cumprimento do


variado leque de deveres dos quais o mais importante é a amortização da divida
pública.

b) Outras formas diferentes de cumprimento


i. Concessão – aqui paga – se a divida por um novo empréstimo, com
juros mais baixo do que o que se pretende pagar.
ii. Prescrição – pode referir – se a juros, a renda e a reembolso ou ao
capital mutuado. O prazo de prescrição é de 5 anos para o primeiro
grupo e 10 anos para o segundo grupo.
iii. Anulação – ocorre quando, total ou parcialmente, os títulos já emitidos,
não são colocados para subscrição. Quando a anulação é total podemos

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falar de revogação de oferta pública e no caso de parcial, assiste – se à
confusão.
iv. Confusão – a figura da confusão verifica – se em relação ao empréstimo
público, quando o Estado torna – se, por aquisição na Bolsa ou por
qualquer via em direito admissível (por via sucessória, por doação)
titular de um título representativo de Divida Publica. Neste caso a
pessoa de credor e de devedor coincidem, extinguindo – se a divida.
v. Repúdio – o repúdio dá – se em situações excepcionais e
revolucionarias, em que o Estado, no uso do seu poder de autoridade
declara inexistente determinada dívida ou porque considera ilegal ou
ilegítima. O repudio corresponde a uma atitude deliberada que imposta
uma lesão ao principio de boa-fé dos actos jurídicos.
vi. Remissão – a remissão ou perdão da divida está na agenda de muitos
governos relativamente à dívida externa.

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