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RECEITAS E DESPESAS PÚBLICAS um prazo determinado (v.g. 10 anos), diz-se então que é remível. Se
não for reembolsável, o que não constitui procedimento habitual,
Tipos de receitas: tributárias, patrimoniais e creditícias. diz-se irremível. Os empréstimos consolidados dão lugar ao
As receitas tributárias são, assim, provenientes da cobrança de pagamento de rendas perpétuas, cujo valor é superior ao da taxa de
impostos ou de taxas – constituindo a principal parcela das receitas juro. O último crédito público consolidado emitido em Portugal foi o
correntes e cerca de metade do total dos réditos públicos. Empréstimo dos Centenários (1940), que previa poder ser remível a
As receitas patrimoniais correspondem aos rendimentos da partir dos dez anos, havendo a garantia de que o Estado não poderia
propriedade, ao produto da venda de bens duradouros, da venda de proceder ao reembolso antes desse prazo.
bens e serviços não duradouros e à venda de bens de investimento Fala-se ainda de empréstimos voluntários e de empréstimos
e ativos financeiros, o que se traduz em menos de cinco por cento forçados. No primeiro caso, do empréstimo voluntário, estamos
do total das receitas do Estado. perante verdadeiras operações de crédito público, uma vez que se
As receitas creditícias são as que resultam da contração de trata de um ato jurídico bilateral pelo qual o Estado ou outro ente
empréstimos, atingindo mais de trinta por cento do total das público recolhe fundos no mercado, comprometendo a cumprir as
receitas do Estado e a quase totalidade das receitas de capital. No obrigações decorrentes do regime jurídico do mútuo (amortizações
crédito público verifica-se a existência de uma situação em que há e juros ou rendas). O empréstimo forçado não é um verdadeiro
uma dilação temporal entre duas prestações, derivando daí empréstimo e aproxima-se da noção de imposto, uma vez que os
benefício para um dos sujeitos da operação. prestamistas são levados a antecipar ao Estado um determinado
Fala-se de crédito público stricto sensu no caso das situações em montante de dinheiro independentemente da sua vontade (p. ex.
que um ente público é titular da posição passiva na relação de substituição do subsídio de Natal por títulos da dívida pública). Por
crédito (elemento subjetivo), existindo um regime de garantias dos fim, os empréstimos podem ser internos (dando lugar à dívida
prestamistas privados, específico das operações de crédito público. pública interna) ou externos (dívida pública externa). A distinção é
Daí que o crédito entre entes públicos tenha especificidades feita consoante os prestamistas estão integrados na economia
diferentes das do crédito público, atendendo a que não há o regime nacional ou não. No nosso ordenamento jurídico, o critério utilizado
especial de proteção dos prestamistas privados. Fala-se no crédito é o da praça ou do mercado em que ocorre a emissão. Estamos
público, em termos objetivos, de obrigações do Estado, que podem perante um empréstimo interno quando é emitido numa praça
ser principais (dívida direta), em que o Estado é o devedor, ou nacional (independentemente da nacionalidade do prestamista ou
acessórias (dívida indireta ou de garantia), neste caso o Estado da moeda em que a operação é liberada). Trata-se de um
responde subsidiariamente, ou reembolsando como se fosse empréstimo externo o que for emitido numa praça extranacional.
devedor principal (empréstimo com reembolso de encargos), o
A gestão da dívida pública está confiada à Agência de Gestão da
reembolsando apenas caso o devedor não cumpra (aval do Estado).
Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP). Refira-se ainda que a relação
A dívida pública corresponde ao conjunto das situações passivas jurídica resultante dos empréstimos pode ser extinta: por anulação
que resultam para o Estado do recurso ao crédito público. Em (no caso de emissões não colocadas ainda junto do público); por
sentido amplo a dívida pública abrange não só as situações passivas amortização ou reembolso; por remição ou pagamento antecipado
de que o Estado é titular em razão do recurso a empréstimos (como vimos no caso dos consolidados); por conversão (que é a
públicos, mas também a que resulta da prática de outras operações alteração por acordo ou por decisão do devedor, das condições
de crédito, como os avales, o crédito administrativo ou as onerações contratuais em que foi celebrado o empréstimo, no decurso da
em contrapartida de atribuições patrimoniais. Para as Finanças vigência deste); e por prescrição (extinção pelo não uso).
Públicas importa a primeira conceção, em sentido restrito,
correspondente à dívida financeira do Estado. Enquanto a dívida
Impostos e taxas, tributação direta e indireta.
pública fundada exige a autorização parlamentar, nos termos do
Os tributos são receitas públicas que têm as seguintes
Artº161/h) CRP, a dívida flutuante não carece de tal autorização, em
características que os singularizam: são coativas ou obrigatórias,
virtude de a sua amortização dever ocorrer durante a vigência do
resultando de uma imposição obrigatória do Estado às entidades
Orçamento de Estado.
Distingue-se ainda a dívida corrente ou administrativa, na qual sujeitas à sua autoridade (jus imperii); têm como função o
financiamento dos encargos públicos pela participação dos cidadãos
há uma espera de preços de algum dos credores (v.g. dívida a
fornecedores), da dívida financeira, na qual o Estado é devedor em e outras entidades ou instituições sujeitos ao poder do Estado na
virtude de uma operação financeira, pela qual são prestados ativos criação de receitas autónomas e não na punição da prática de atos
considerados ilícitos.
financeiros, o que dá lugar às obrigações de reembolso e de
Os tributos mais importantes são: os impostos, as taxas, e as
pagamento de juros. Na dívida pública financeira podemos
contribuições especiais.
distinguir: a dívida flutuante, aquela cujo prazo de vencimento é
Impostos são prestações pecuniárias requeridas aos particulares
inferior a um ano, devendo ocorrer antes do fecho do ano
através de poderes de autoridade, a título definitivo e sem
económico, resultando de crédito a curto prazo.
contrapartida específica, tendo por fim a cobertura de encargos
Já a dívida fundada é de duração superior a um ano e resulta de
públicos. Estamos perante obrigações legais, com carácter definitivo
crédito a longo prazo. A dívida fundada pode ser temporária ou
perpétua. A dívida temporária é vencível ou num momento incerto, (que, portanto, não provoca reembolso ou devolução), sem
contrapartida específica (daí a unilateralidade), sem força
por exemplo, por morte do devedor, ou num prazo certo
sancionatória nem compensatória.
previamente definido. Neste último caso, estamos perante a dívida
As contribuições especiais correspondem ou a um benefício
amortizável, que é a forma mais comum de dívida temporária. A
individualizado, resultante da atuação de um sujeito público (mais-
dívida perpétua ou consolidada não tem prazo de reembolso,
poderá ser reembolsável em determinadas circunstâncias, ao fim de valias prediais) ou da necessidade de compensar o Estado ou um
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sujeito público (sujeito ativo da relação jurídico-tributária) pelo uso constante ou permanente e os indiretos como os que atingem
anormal dos bens ou serviços por parte de certos sujeitos manifestações esporádicas ou ocasionais de riqueza.
económicos (por exemplo, o antigo imposto de camionagem, Em regra, verifica-se que os sistemas fiscais dos países mais
justificado pela degradação que os pesados induziam nas estradas. desenvolvidos tendem a privilegiar os impostos diretos, através dos
São taxas prestações pecuniárias, que pressupõem ou dão quais pode realizar-se melhor a justiça distributiva. A moderna
origem a uma contraprestação específica resultante de uma relação reflexão sobre os impostos vem, no entanto, salientando que a
concreta entre o contribuinte e um bem ou serviço público (v.g. tributação indireta pode também compatibilizar eficiência e
portagens e imposto de justiça). As taxas podem ser aplicadas na equidade, uma vez que quem tem maiores rendimentos vai realizar
utilização de um bem do domínio público. Pode, todavia, sustentar- maior volume bruto de consumos. Apesar de tudo, a propensão
se ainda que há uma situação semelhante no caso do uso ou da marginal para consumir é maior nos detentores de rendimentos
compra de bens patrimoniais e de serviços de entes públicos. As mais baixos. O tema fundamental reporta-se assim à avaliação
taxas visam, assim, facilitar ou dificultar o acesso aos serviços concreta da ligação entre tributação e justiça fiscal. Entre nós, a
públicos e proceder à justa distribuição dos encargos públicos. tributação indireta continua a ter um peso significativo enquanto a
Em suma, o legislador, relativamente às taxas, visa garantir o tributação direta atinge sobretudo os trabalhadores por conta de
princípio do livre acesso a um serviço público, ou desfavorecer o seu outrem, enquanto as profissões liberais e as atividades por conta
uso imoderado (taxas moderadoras), bem como a melhor repartição própria tendem a encontrar formas diversas de escapar à
dos encargos públicos. progressividade do sistema, tornando-o regressivo.

Funcionam, assim, para as taxas os princípios da oportunidade, A justiça fiscal é o primeiro requisito de um sistema tributário,
da conveniência, do rendimento fiscal e da justiça distributiva. uma vez que este deve garantir uma distribuição equitativa de
Atendo-nos aos impostos, devemos referir as distinções entre sacrifícios e uma repartição equilibrada de recursos, em nome da
tributação real e pessoal, bem como entre tributação direta e coesão social. Para que haja justiça é indispensável respeitar os
indireta. São impostos reais os que atendem à natureza e ao valor seguintes princípios: legalidade, segundo o qual o imposto deve ser
da riqueza tributada, sem consideração relevante à pessoa do titular estabelecido por lei emitida pelo Parlamento, segundo o
(cf. A. Sousa Franco). São impostos pessoais os que ainda que consentimento democrático; generalidade tributária, que
tributem o rendimento ou o património levam em consideração a determina que todos os residentes de um determinado país estejam
situação pessoal do contribuinte que aufere esse rendimento sujeitos ao pagamento de impostos segundo critérios gerais;
(casado ou solteiro, com ou sem filhos) (cf. Ibidem). No primeiro capacidade fiscal, de acordo com o qual cada um deve ser tributado
caso, temos o IVA (imposto sobre o valor acrescentado) que apenas na medida das suas capacidades (faculdades contributivas ou
atende ao valor em causa num ato de consumo ou numa transação; “ability to pay”). Cada cidadão contribuinte deve contribuir para a
no segundo, temos o IRS (imposto sobre o rendimento das pessoas satisfação das necessidades públicas e para o bem comum na
singulares), que constitucionalmente é concebido para atender medida das respetivas capacidades. Se já falámos da “justiça
expressamente à situação pessoal do contribuinte. A tributação distributiva”, que corresponde à teoria da repartição e que se liga a
pessoal é indício de racionalidade e de justiça fiscal, razão pela qual uma lógica de redistribuição inerente ao moderno Estado Social,
deve: atingir globalmente a riqueza ou o rendimento do temos de referir, usando ainda a expressão aristotélica, a “justiça
contribuinte; incidir sobre a riqueza geral ou efetiva; garantir a comutativa”, correspondente à teoria do benefício. Aqui cada
progressividade, em nome da justiça distributiva; atender à situação contribuinte paga na medida em que beneficia mais dos serviços
familiar do cidadão contribuinte. públicos. Os contratualistas (como Locke e Hobbes) defendiam esta
perspetiva, a qual pode levar a um sistema regressivo em que os
A distinção entre impostos diretos e indiretos pode fazer-se de
maiores rendimentos são mis aliviados marginalmente do que os
acordo com diferentes critérios. Segundo um critério
menores.
administrativo, os impostos diretos atingem diretamente a riqueza,
Esta questão leva-nos ao debate sobre os sistemas de taxas na
através da elaboração de um rol administrativo e os impostos
tributação, distinguindo-se a tributação regressiva, proporcional e
indiretos atingem indiretamente a riqueza considerada, sem essa
progressiva. Enquanto a tributação regressiva corresponde à
discriminação. Segundo o critério jurídico, formulado por Otto aplicação da teoria do benefício (pagam mais em proporção os
Mayer (1846- 1924), o imposto direto é precedido de um processo
rendimentos mais baixos, mais dependentes do Estado); a
administrativo de lançamento e liquidação, no qual se determina tributação proporcional, típica dos regimes liberais, aplica uma
quem é o contribuinte, qual a matéria coletável e qual a prestação mesma percentagem (v.g. 10%) a todos os rendimentos, o que é
devida (coleta); o imposto indireto não careceria de processo
menos chocante do que no primeiro caso, ainda que não permita
administrativo. Segundo os critérios económicos, o imposto direto
uma redução das desigualdades; a tributação progressiva pretende
incide sobre situações de ser ou estar, enquanto os indiretos
redistribuir ou repartir sacrifícios ou recursos, seguindo as
incidem sobre situações de fazer. Para outros, o direto não é
conclusões da escola marginalista, já que o sacrifício imposto aos
suscetível de repercussão fiscal, enquanto o imposto indireto é
maiores rendimentos corresponde à diferença que existe no nível
suscetível dessa repercussão.
de satisfação de necessidades consoante haja maiores ou menores
No entanto, nenhum destes critérios parece ser satisfatório,
rendimentos.
uma vez que há impostos indiretos que dão lugar a processos
administrativos de liquidação (direitos aduaneiros), havendo A progressividade pode ser contínua ou por escalões e pode ser,
impostos diretos que são repercutíveis (IRC, por exemplo). Nesse em teoria, limitada ou ilimitada. No caso da progressividade
sentido, parece ser de adotar o critério económico de Alfred de contínua, a qualquer variação do valor tributado corresponde uma
Foville (1842-1913), que consiste em entender os impostos diretos variação da taxa de imposto. No caso da progressividade por
como aqueles que tributam a riqueza enquanto fenómeno escalões fixam-se patamares (de 100 u.c. a 150; de 151 a 200, etc.)
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a cada um dos quais se aplica uma mesma taxa. No caso do IRS em rendimento imputável à realização de um investimento. Por outro,
Portugal aplica-se um sistema de escalões. A progressividade não é o acelerador, que mede o aumento do investimento que deriva das
aplicada sem limites, já que se o fosse verificar-se-ia a partir de despesas iniciais de consumo. O multiplicador aplica-se não apenas
determinado limiar a aplicação de uma taxa de 100%. Nesse sentido, às despesas públicas de investimento, mas ao conjunto das
até certo valor de rendimentos ou não há imposto ou há uma taxa despesas públicas. Basta lembramo-nos da importância que o
proporcional, a partir desse limiar há significativas variações de Estado tem entre os sujeitos económicos e da influência que as
taxas, acima de um montante já elevado, a taxa volta a ser despesas de funcionamento da Administração Pública ou que as
proporcional, qualquer que seja o montante tributável. despesas militares têm no conjunto da economia. Remetemos para
a explicação já dada sobre o tema.
E os efeitos económicos das receitas públicas? Centrando-nos
Regime das receitas e das despesas. Tipicidade qualitativa das nos efeitos económicos dos impostos verificamos, em termos
receitas e quantitativa das despesas. microeconómicos, dois problemas - a transmissão do sacrifício
As receitas públicas estão sujeitas a alguns princípios gerais, patrimonial do contribuinte de direito para o contribuinte da facto,
devendo destacar-se: a legalidade - que determina que as receitas e as alterações de comportamento do contribuinte de facto a que é
tributárias apenas possam ser criadas ou alteradas por Lei da imposto o sacrifício fiscal. Em síntese temos os seguintes efeitos:
Assembleia da República; a renovação anual, segundo a qual sem a) Amortização do imposto - nos impostos que incidem sobre
autorização orçamental anual não há possibilidade de cobrar o valor patrimonial dos bens duradouros (v.g. imóveis, ou móveis
receitas legitimamente; o cumprimento do consentimento sujeitos a registo) ou sobre o respetivo rendimento, verifica-se que
parlamentar; a não dedução das despesas de cobrança; a não os impostos provocam uma modificação no valor de utilidade
consignação à realização de despesas pré-consideradas; a unidade subjetiva e no valor de mercado desses bens subjetivos.
de tesouraria (também decorrente da não consignação), que Intuitivamente, verificamos que comparando dois imóveis do
impede a afetação de determinada receita à realização de mesmo valor, um sujeito a imposto e outro isento, o segundo tem
determinada despesa, dando lugar a contas separadas; e à um valor superior.
submissão a um regime especial de cobrança de dívidas do Estado, b) Remoção do imposto - quando há um aumento de
através do processo de execuções fiscais, que tende a tornar-se impostos o contribuinte toma uma de duas atitudes: ou resigna-se
especialmente utilizado com este fim. a ter uma redução do rendimento disponível ou vai tentar
As despesas públicas deverão ser realizadas com respeito de reconstituir o rendimento, para que o rendimento disponível não
princípios muito claros, em especial o da legalidade, que decorre do seja inferior ao que tinha antes do agravamento tributário. A
consentimento dos contribuintes, mercê da aprovação orçamental, segunda opção corresponde à remoção (o advogado recebe mais
mas essa legalidade é mais ampla do que o mero respeito da Lei clientes e termina mais tarde o seu dia de trabalho, p. ex.).
Orçamental (ou legalidade específica), deve respeitar a ordem c) Difusão do imposto - continuando no exemplo do
jurídica do Estado de Direito. Estamos, deste modo, perante o aumento do imposto, o contribuinte vai difundir o efeito da redução
primado da lei (“rule of law”), pedra angular das sociedades abertas. do poder de compra, reduzindo o consumo de bens, começando nos
Numa palavra, a legalidade das despesas públicas deve ser genérica supérfluos, mas depois chegará aos essenciais. Há, assim, uma
e específica, deve respeitar o ordenamento jurídico geral e a ordem repercussão negativa na procura com repercussão na oferta e no
jurídica financeira pública. Por outro lado, em consequência da investimento.
legalidade específica deve ser respeitado o cabimento orçamental, d) Repercussão do imposto - Neste caso, o contribuinte
segundo requisito indispensável para a realização da despesa exonera-se do sacrifício fiscal transferindo-o para outros que com
pública. ele entrem em relação. Deste modo, o contribuinte de direito (o
Em síntese e tal como já vimos as receitas públicas estão sujeitas comerciante, p. ex.) transfere para o contribuinte de facto (o
à tipicidade qualitativa, segundo a qual a discriminação das consumidor) o tributo pago. A repercussão pode ser progressiva ou
diferentes receitas é obrigatória, não podendo ser cobrada a que descendente (quando o sujeito económico que está mais perto da
não estiver expressamente referida e autorizada (se durante um ano produção transfere o sacrifício para quem está mais distante - o
é criado um imposto, é obrigatória a alteração da Lei do Orçamento preço final é acrescido do imposto pago) e regressiva ou ascendente
prevendo-o expressamente). No entanto os valores referidos na Lei (no caso de um imposto de consumo sofrer aumento e para evitar
do Orçamento são indicativos, podendo ser ultrapassados. Já no perder clientes o produtor ou o comerciante suportam esse
caso das despesas públicas a tipicidade é quantitativa, além da sacrifício adicional - tudo se passa como se o consumidor
discriminação obrigatória o valor máximo indicado para o item em transferisse o imposto para o produtor ou para o intermediário).
causa não pode ser ultrapassado. Quando a despesa ultrapassa a Quanto às receitas creditícias, temos a referir os respetivos
autorização diz-se que estamos em situação de alcance que dá lugar efeitos no momento da emissão dos empréstimos – que são diretos:
a infração financeira e à aplicação de sanção pelo Tribunal de obtenção de receitas; e indiretos: novas despesas, que permitem
Contas. financiar; e os efeitos no momento do reembolso – transferências
que beneficiam os prestamistas e aumentam a procura. No tocante
ao crédito interno ou externo, enquanto no primeiro caso a
obtenção de recursos pode servir para reduzir a procura e diminuir
Efeitos económicos das receitas e das despesas públicas.
a inflação também pode permitir a obtenção de fundos que,
As despesas e as receitas públicas têm forte influência sobre a
orientados para o consumo, podem anular os efeitos positivos
conjuntura económica. Começando pelos efeitos das despesas
alcançados inicialmente. Já no caso do crédito externo a mobilização
públicas, utilizamos sobretudo dois princípios ou instrumentos de
de poupanças externas, desde que utilizada, em situação de
análise, muito simples e bem nossos conhecidos. Por um lado, o
subemprego, em investimento reprodutivo pode ter um efeito
multiplicador, que é o coeficiente que mede o aumento do
positivo na criação de novos rendimentos.

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