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Contabilidade Pública

6º Aula

Dívida pública

Vamos iniciar mais uma aula para aprofundarmos


conhecimentos essenciais sobre Dívida Pública, bem
como sobre créditos adicionais e suplementares.
Adiantamos que dívida pública são todos os
compromissos decorrentes de operações de crédito,
assumidos pelo governo, para atender às necessidades
dos serviços públicos (KOHAMA, 2000).
Já o orçamento público compõe-se de uma estimativa
de arrecadação e fixação de gastos, planejamento de sua
receita e despesa pública, sendo sua aprovação feita
previamente; porém, há situações em que é preciso
complementações, adicionais e suplementares.
Lembrem-se que se ao final desta aula tiverem
dúvidas, vocês poderão saná-las através das ferramentas
“fórum” ou “quadro de avisos” e “chat”.
Comecemos, então, analisando os objetivos e
verificando as seções que serão desenvolvidas ao longo
desta aula.
Bom trabalho!
Boa aula!

Objetivos de aprendizagem

Ao término desta aula, o aluno será capaz de:

• conhecer conceitos de dívida pública;


• saber sobre dívida pública fundada e flutuante;
• conceituar crédito adicional;
• aprender as diferenças e as características entre os créditos adicionais (suplementar especiais e extraordinário).
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amortização e juros.”
Seções de estudo
Conceito
Piscittelli (1995) explicita que:
1 - Dívida Pública
2 - Créditos Adicionais Obviamente, as amortizações e resgates
3 - Crédito Suplementar previstos para o exercício correspondente
ao da execução do orçamento aprovado já
não constituem mais exigibilidades de prazo
1 - Dívida Pública superior a 12 meses. Note-se que, em qualquer
caso, o endividamento requer autorização
Conceito legal, ainda que seja apenas para regular o
Kohama (2000) descreve que, dívida pública são todos os fluxo de caixa do Tesouro, valendo ressaltar
compromissos decorrentes de operações de crédito, assumidos que nem toda a dívida se destina ao pagamento
pelo governo, para atender às necessidades dos serviços públicos. de despesas adicionais, constituindo, ás
Sobre dívida pública, o autor enfatiza ainda que: vezes, mera alternativa para a antecipação da
efetivação de despesas.
São os compromissos pecuniários de curto e
longo prazo, adotado pelas Administrações De acordo com a Lei Complementar n° 101/2000, art.
Públicas para fazer face às deficiências 29, §2° e §3°, os títulos emitidos pelo Banco Central do Brasil
financeiras, decorrentes do excesso de despesa e as operações de crédito de prazo inferior a 12 meses, cujas
sobre a receita, podendo ainda ter sua origem em receitas tenham constado do orçamento, integram, também, a
outras fontes, como depósito fianças, cauções, dívida pública Consolidada. Ressalta-se que o Banco Central
consignações, resíduos passivos (restos a pagar) do Brasil não emitirá títulos da dívida pública a partir de 2
e outros dessa natureza. anos após a publicação da LC n° 101/00, ou seja, a partir de
5-5-2002. É de se enfatizar o tratamento adotado pela LRF,
Piscittelli (1995), em relação à conceituação, limita-se que inclui na dívida pública Consolidada operações de crédito
a descrever o que preceitua o Decreto n° 93.872/86, que no de prazo inferiores há doze meses.
art. 115, estabelece que a dívida pública compreende a dívida
flutuante e a fundada ou consolidada. Conceito
Kohama (2000) cita em sua obra a classificação de Para Piscittelli (1995):
dívida pública em Fundada ou Consolidada e Flutuante ou
Administrativa. Os compromissos a serem escriturados incluem
Dívida Fundada ou Consolidada é aquela que representa os de caráter contingencial (conservadorismo):
um compromisso a longo prazo, de valor previamente quaisquer garantias concedidas diretamente
pelo tesouro ou por intermédio de seus agentes
determinado, garantida por títulos do governo, que rendem
financeiros, embora o fato em si, em sua
juros e são amortizáveis ou resgatáveis, podendo ou não o seu origem, caracteriza-se como de compensação.
vencimento ser fixado. Aliás, nesta linha de argumentação, tem
Não se determinando o prazo para a sua liquidação, sentido classificar até a moeda emitida como
constituirá dívida perpétua, vencendo apenas juros, e seu resgate dívida Flutuante; paralelamente, o depósito de
de natureza não obrigatória, processando somente quando parte dessas emissões é um ativo nas contas
houver conveniência ou quando a situação financeira o permitir. do Tesouro.
O art. 98, da Lei n° 4.320/64 enuncia que “a Dívida
Fundada compreende os compromissos de exigibilidade Dívida Flutuante ou Administrativa é aquela que o
superior a doze meses, contraídos para atender a desequilíbrios tesouro contrai por um breve ou indeterminado período de
orçamentários ou financiamento de obras e serviços públicos.” tempo, quer para atender a eventuais insuficiências de caixa,
quer como administrador dos bens e valores de terceiros,
Conceito caracterizando-se por indicar débitos de curto prazo, que
Segundo Robson G. de Castro (1997): variam constantemente de valor e cujo pagamento, geralmente,
é feito por resgate e independentemente de autorização
A Dívida Fundada ou Consolidada refere- legislativa, por corresponderem e advirem de compromissos
se ás exigibilidades do prazo superior a 12 assumidos por prazo inferior a 12 meses.
meses, contraída mediante a emissão de títulos
ou celebração de contratos para atender a
desequilíbrio orçamentário, ou a financiamento O art. 93 da Lei n° 4.320/64 enuncia: Compreende Dívida
de obras e serviços públicos, e que dependem Flutuante:
de autorização legislativa para a amortização e
resgate. I- os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida;
II- os serviços da dívida a pagar;
O parágrafo único do referido artigo cita: “A Dívida
III- os depósitos;
Fundada é escriturada com individuação e especificações
que permitam verificar, a qualquer momento, a posição IV- os débitos de tesouraria.
dos empréstimos, bem como os respectivos serviços de
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créditos orçamentários, sendo esses créditos adicionados aos
Segundo Piscittelli (1995), “a Dívida Flutuante corresponde que já fazem parte do orçamento, sendo assim chamados de
aos compromissos cujo pagamento independe de autorização créditos adicionais. Eles têm por objetivo aumentar a despesa
orçamentária”: pública que foi fixada no orçamento do referido exercício.
Para manter o equilíbrio orçamentário do orçamento
• restos a pagar; em execução, a lei determina que quando solicitado o crédito
• serviços da dívida; adicional suplementar e especial, terá que ser acompanhado de
• depósitos (de terceiros), inclusive consignações em folha; recursos hábeis.
• operações de crédito por antecipação de receita; Segundo o art.43, da Lei 4.320/64:
• papel-moeda ou moeda fiduciária (inovação em relação ao art.
92 da Lei n° 4.320/64). A abertura dos créditos suplementares e
especiais depende da existência de recursos
Piscitelli (1995) menciona que: “Vê-se que se trata disponíveis para ocorrer a despesa e será
de situações que já afetaram a execução do orçamento – precedida de exposição justificativa.
como dos valores inscritos em Restos a Pagar – ou que § 1º Consideram-se recursos para o fim deste
têm natureza extra-orçamentária- como é o caso das artigo, desde que não comprometidos:
consignações em folha”. I - o superávit financeiro apurado em balanço
patrimonial do exercício anterior;
2 - Créditos Adicionais II - os provenientes de excesso de arrecadação;
III - os resultantes de anulação parcial ou
O Orçamento Público é composto de uma estimativa de total de dotações orçamentárias ou de créditos
arrecadação e fixação de gastos, planejamento de sua receita adicionais, autorizados em Lei;
e despesa pública, tem sua aprovação feita previamente, mas IV - o produto de operações de credito
autorizadas, em forma que juridicamente
existem situações em que é preciso complementações, devido
possibilite ao poder executivo realizá-las.
a vários fatores decorridos dentro do exercício anual, é preciso § 2º Entende-se por superávit financeiro a
que seja feito, então, a abertura de créditos adicionais para que diferença positiva entre o ativo financeiro e o
o orçamento público seja reforçado. passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os
Existem duas classes em que se dividem os créditos saldos dos créditos adicionais transferidos e as
adicionais, sendo uma com a função de suplementação das operações de credito a eles vinculadas.
dotações orçamentárias e a outra onde se encontram todas § 3º Entende-se por excesso de arrecadação,
as situações que não estavam previstas dentro do orçamento para os fins deste artigo, o saldo positivo
e que precisam ser atendidas. Os créditos adicionais são das diferenças acumuladas mês a mês entre a
divididos em: Suplementares, Especiais e Extraordinários, arrecadação prevista e a realizada, considerando-
sendo usados quando necessários no Orçamento Público. se, ainda, a tendência do exercício.
Assim, podemos visualizar essa divisão da seguinte § 4° Para o fim de apurar os recursos utilizáveis,
provenientes de excesso de arrecadação,
maneira:
deduzir-se-á a importância dos créditos
Créditos extraordinários abertos no exercício.
adicionais
Se não houver indicação desses recursos hábeis o Poder
Legislativo vai conceder o crédito pedido. Vamos nos ater
Suplementares Especiais Extraordinários agora ao crédito suplementar, na seção abaixo.

Segundo o artigo 40, da Lei 4320/64, “São créditos 3 - Crédito Suplementar


adicionais as autorizações de despesas não computadas ou
insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento” São abertos para que o orçamento seja suplementado,
reforçado com recursos provenientes de anulações parciais ou
Em outras palavras, podemos considerar que os créditos adicionais totais de dotações orçamentárias, que possam cobrir as despesas,
servem para: já que os disponíveis não foram suficientes dentro do exercício.

• corrigir falhas da lei orçamentária; Conceito


• mudanças de rumo das políticas públicas; Segundo Araújo e Arruda (2004), o crédito suplementar
• atender a situações emergenciais, inesperadas e imprevisíveis. “é destinado ao reforço de dotação já existente no orçamento
em vigor”.
Sua vigência acaba em 31 de Dezembro, e tem sua
Conceito autorização concedida por lei e abertura por decreto. O
Segundo Araújo e Arruda (2004), “credito adicional é um chefe do Poder Executivo abre aos créditos suplementares
meio legal de ajuste do orçamento, utilizado para amenizar aos poucos, conforme suas necessidades, dentro do limite
ou corrigir distorções identificadas durante a execução concedido pela lei.
orçamentária”.
Dentro do processo da execução orçamentária, o Poder Conceito
Executivo pode pedir ao Legislativo a solicitação de novos Segundo João Angélico (1985, p. 64) – Contabilidade
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Pública, “a lei que autoriza abertura de um crédito adicional • são abertos por decreto do executivo, após autorização
é uma só, mas pode existir mais de um decreto abrindo, em lei especial;
parceladamente, o crédito autorizado”. • os saldos remanescentes em 31 de dezembro podem
ser transferidos para o exercício seguinte, desde que ato de
Na Lei Orçamentária Anual, o Poder Legislativo só poderá autorizar o autorização tenha sido promulgado nos últimos quatro meses
Executivo a realizar abertura de crédito suplementar. A CF só permite do exercício.
esse tipo de crédito.
3.2 - Crédito extraordinário
Tantos os créditos suplementares e especiais, são O Crédito Extraordinário é destinado a toda despesa
autorizados por lei e abertos por decreto do Poder Executivo, já que não tem seu planejamento dentro do orçamento, pois
os créditos extraordinários são autorizados e abertos por Medida não se pode prever quando acontecerá devido o fato de ser
Provisória ou Decreto do Poder Executivo. Conforme o artigo um crédito para custear despesas urgentes e imprevisíveis.
43, da Lei nº. 4.320/64, “a abertura dos créditos suplementares Independem de autorização prévia do legislativo e são abertos
e especiais dependem da existência de recursos disponíveis a pelo Poder Executivo por decretos.
despesa e será precedida de exposição justificativa”.

Características dos créditos suplementares: Importante:


Os créditos extraordinários, como o próprio nome indica, pela urgência
• A despesa está prevista no orçamento, apenas o crédito não foi que os motiva, não necessitam de autorização legislativa prévia para a
suficiente; sua abertura.
• A abertura de crédito depende da existência prévia de recursos
disponíveis;
Conceito
• São abertos por Decreto do Executivo, após autorização em Lei
Segundo Araújo e Arruda (2004), o crédito extraordinário
Especial;
“é voltado exclusivamente (art. 167, 3º da CF), ao atendimento
• Podem ser autorizadas na própria Lei orçamentária ou em Lei especial.
de despesas urgentes e imprevisíveis, em caso de guerra,
comoção interna ou calamidade pública”.
3.1 - Crédito especial
Um Crédito Especial será aberto, quando for para atender Fique alerta!
um novo projeto ou programa que não esteja previsto dentro Os créditos extraordinários são abertos por medida provisória e
do planejamento orçamentário. submetidos imediatamente ao Poder Legislativo (art. 167, § 3°, da CF).

Conceito
Segundo a art. 44, da Lei 4320/64, “Os créditos
Segundo Inaldo Araújo e Daniel Arruda (2004), crédito
extraordinários serão abertos por decreto do Poder Executivo,
especial “destina-se à despesa para a qual não haja previsão
que deles dará imediato conhecimento ao Poder Legislativo”.
orçamentária específica”.
Tem sua vigência igual a dos Créditos especiais, mas
Conceito podem cessar-se antes, se as causas que levaram sua abertura
De acordo com João Angélico (1985, p. 64) – Contabilidade acabarem, mas se as causas continuarem, no final da sua vigência
Pública, “os créditos especiais destinam-se a amparar programas e for preciso mais recursos o Poder Executivo pedirá a abertura
novos que não figuram no orçamento”. de mais créditos para dar um reforço ao crédito já existente.

Importante: Características dos créditos extraordinários:


Se a Lei de autorização do crédito adicional for promulgada nos últimos
quatro meses do exercício financeiro e ainda existir saldo não utilizado, • imprevisibilidade do fato, que requer ação urgente do poder público;
em 31 de dezembro, este valor será reaberto no exercício subseqüente • a despesa não está prevista no orçamento;
e incorporado no orçamento. • a abertura do crédito independe da existência prévia de recursos
disponíveis;
Sua autorização geralmente está contida na própria lei que • abertos por medida provisória
autoriza a sua entrada no orçamento de um novo programa. Tem • os saldos remanescentes em 31 de dezembro podem ser transferidos
sua vigência igual ao do orçamento; entretanto, se for aberto para o exercício seguinte, desde que ato de autorização tenha sido
nos últimos quatro meses do ano, sua vigência pode estender-se promulgado nos últimos quatro meses do exercício.
até o fim do exercício subseqüente. São autorizados por lei e
aberto por decretos, mas exigem a indicação de recursos. Na Constituição Federal, Art. 167; Lei nº 4320/64,
arts. 40 a 46 e respectivos parágrafos, encontramos as
Características dos créditos especiais: características dos créditos adicionais que podem ser
resumidas, conforme Araújo & Arruda (2004), no quadro
• a despesa não está prevista no orçamento; ao lado:
• a abertura de crédito depende da existência prévia de
recursos disponíveis; Quadro 1 - Características Principais dos Créditos Adicionais
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Autorização
Espécie Finalidade Forma de Abertura Vigência Prorrogação
Legislativa
Prévia, podendo ser
Reforçar o orça- incluída na lei do
Suplementares Decreto do Executivo No Exercício Não é permitida
mento orçamento ou em lei
especial
Só para o exercício
Atender a progra-
No Exercício seguinte, se aberto
Especiais mas não contempla- Prévia em lei especial
No Exercício em um dos quatro
dos no orçamento
últimos meses
Só para o exercício
Atender a despe- Decreto do Executivo
No Exercício seguinte, se aberto
Extraordinários sas imprevisíveis e Independe com remessa imedia-
em um dos quatros
urgentes ta à Câmara
últimos meses.

Retomando a aula Contabilidade Pública da Teoria a Prática. São Paulo: Saraiva,


2004.
DEUSVALDO, Carvalho. Orçamento e Contabilidade
Pública. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008
Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar
KOHAMA, Hélio. Balanços públicos. São Paulo: Atlas,
essa aula, vamos recordar:
2000.
JULIÃO, Edílson Oliveira. Entendendo a contabilidade
1 – Dívida Pública pública. Campo Grande: Sólivros, 2001.
Dívida Pública são todos os compromissos decorrentes
de operações de crédito, assumidos pelo governo, para atender Minhas anotações
às necessidades dos serviços públicos e são classificadas
em dívida pública Fundada ou Consolidada e Flutuante ou
Administrativa.

2 – Créditos Adicionais

Créditos adicionais são autorizações de despesa não


computadas ou insuficientemente dotadas ou programadas
na Lei orçamentária anual.
Durante a execução do orçamento, ao longo do exercício
financeiro, podem ocorrer diversos fatores que refletem direta
ou indiretamente na arrecadação das receitas ou na execução
das despesas públicas.

3 – Crédito Suplementar

O Crédito Suplementar é aquele que tem vigência


sempre dentro do exercício financeiro. Já os créditos especiais
e extraordinários, em princípio, terão vigência dentro do
exercício financeiro. Caso sejam abertos nos últimos 4 meses
do exercício financeiro, poderão ser reabertos pelos seus
saldos no próximo ano.

Vale a pena

Vale a pena ler


ANGÉLICO, João. Contabilidade Pública. 6. Ed. São
Paulo: Atlas, 1985.
ARAUJO, Inaldo P. Santos; ARRUDA, Daniel.

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