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Escola Superior de Negócios e Empreendedorismo de Chibuto (ESNEC)

Curso De Licenciatura Em Finanças

FINANÇAS PUBLICAS

Nomes: Ilda Cuinica, Lucia Manjate, Márcio Novela e Sousa utui

1 Conceito

O conceito de Orçamento aqui dado engloba duas realidades distintas, uma que constitui a
angariação de fundos e a outra que constitui o dispêndio desses fundos, com vista a satisfação das
necessidades colectivas. Em termos comuns, o Orçamento engloba despesa e receitas, ou seja, no
orçamento encontramos débito e crédito, respectivamente (Waty 2004: 187).

A existência de uma despesa orçamentada implica, necessariamente, a existência de receita que


possibilita a cobertura/realização da mesma. No que tange ao Orçamento do Estado, as receitas
públicas visam o financiamento das actividades financeiras do Estado, sem descurar as outras
funções extrafinanceiras das mesmas.

Percebe-se assim as Receitas Públicas como sendo um recurso patrimonial definitivo obtido pelo
Estado ou outros entes públicos, num período financeiro para a satisfação das necessidades
públicas. (Waty 2004: 188):

Neste conceito podemos identificar três elementos, de natureza objectiva, subjectiva e teleológica, a
saber:
 Elementos objectivos:

A receita constitui um recurso patrimonial, obtido num determinado período financeiro. Esta
fonte de financiamento da actividade de Estado tem de ser patrimonial, isto é, apesar de
admissíveis casos de ela poder expressar-se em espécie, é sempre calculada de forma monetária.
A referência ao período financeiro é importante na medida em que, um determinado fluxo que
constitui-se receita pode, noutro, constituir-se em despesa. Tal será o caso de um empréstimo
público. O período financeiro, já se disse, coincide com o período orçamental, portanto, é de ano
civil.

 Elemento subjectivo

O elemento subjectivo descobre-se na referência aos possíveis beneficiários dos recursos: o Estado,
em primeiro lugar, outros antes públicos ou com funções públicas.

 Elemento teleológico

A finalidade dos recursos orçados tem de ser a satisfação de necessidades públicas através da
cobertura de despesas públicas. Estas despesas não têm que estar necessariamente a seu cargo.

Um dos fundamentos que desde já podemos adiantar para alicerçar a exclusão desta condição,
que estão a seu cargo, é a existência de recursos que o Estado, no âmbito da descentralização,
tem que encaminhar aos entes descentralizados e aqueles que alguns destes terão a obrigação de
encaminhar ao Tesouro.

Figuras semelhantes as Receitas

Com a definição dada é possível identificar as seguintes figuras que, embora próximas, não
podem ser classificadas como receitas os recursos de tesouraria (empréstimos Compulsórios)
e as entradas de caixa vinculadas a fundos de garantia não se classificam como receitas,
embora semelhantes.
Os recursos de tesouraria (empréstimos Compulsórios) constituem antecipações das receitas
públicas, de natureza transitória e momentânea com vista a suprir a necessidade de cobrir certas
despesas.

As entradas de caixa vinculadas a fundos de garantia são fundos normalmente depositados em


cofres a título de caução e que o Estado tem que reembolsá-los verificadas certas condições
(Ibid.: 189).

As receitas públicas podem ser colectadas quando, de forma cumulativa, forem: legais, objecto
de inscrição orçamental, adequadamente classificadas e respeitantes a um ano económico. As
receitas só devem ser cobradas quando constantes do orçamento aprovado pela Assembleia da
República. Deve haver uma previsão integral das receitas públicas, com as excepções decorrentes
da desorçamentação. As receitas devem ser inscritas de forma ilíquida (não compensação).
Nenhuma receita deve, em princípio, estar afecta a uma determinada despesa (não consignação) e
a cobrança das receitas efectua-se sob a forma virtual ou eventual (Waty 2004: 191).

2 Classificação das Receitas

Os critérios classificatórios das receitas são variados. Os mais comuns são os seguintes:

 Receitas voluntárias contratuais ou não coactivas e receitas


coactivas;
 Receitas originárias e receitas derivadas;
 Receitas efectivas e receitas não efectivas.

2.1 Receitas voluntárias e Receitas coercivas

As receitas voluntárias são aquelas que o Estado cobra actuando como sujeito de direito privado
como, por exemplo, em rendas de prédios urbanos ou rústicos, rendimentos de títulos.

Embora se compreenda que todas as receitas são coercivas, são assim denominados aqueles que
têm como base uma obrigação irremovível ou aquelas a que o Estado tem acesso no uso dos seus
ius imperii.
2.2 Receitas originárias e Receitas derivadas

Estas receitas, as originárias, são as que derivam de uma actividade financeira directa e própria
do Estado. Diferente das derivadas, as receitas originárias não são oriundas de uma imposição do
estado, ela faz parte da exploração estatal no mercado. As receitas originárias são também
chamadas de receitas não tributárias, são obtidas com a exploração do próprio património da
administração pública, por meio da alienação de bens ou serviços (vias públicas, mercados,
espaços em aeroportos etc.) ou em decorrência de serviços públicos prestados por concessionário
(preço público). São arrecadadas com a exploração de uma actividade económica pelo próprio
Estado.

São elas: Aluguéis de bens públicos, vendas de produtos e serviços das empresas públicas, tarifas
de entidades públicas, multas contratuais e doações recebidas de empresas privadas.

As receitas derivadas são aquelas de que o Estado é beneficiário mas resultam de actividade de
outras entidades públicas ou privadas. Essas receitas são oriundas do poder de império imposto
pelo estado, poder esse que faz “derivar” para os cofres públicos uma parcela da receita das
pessoas físicas e jurídicas. São receitas impostas por lei que podem ser de origem tributárias ou
não tributárias.

São elas os tributos como impostos, taxas, contribuições de melhoria (com exceção dos empréstimos
compulsórios, pois estes constituem entradas provisórias), multas.

Em suma as originárias são recebidas pelo Estado em decorrência da exploração de seu próprio
patrimônio, neste caso o Estado age despido de sua soberania, portanto, não há obrigatoriedade
no pagamento pelo particular, são receitas voluntárias, contratuais, são receitas de direito privado.
Receitas derivadas são aquelas que o Estado busca no patrimônio dos particulares, são impostas
coercitivamente (Estado age investido de soberania), são receitas de direito público, o pagamento
pelo particular é obrigatório; essas receitas compreendem os tributos e as multas fiscais e não
fiscais.

Nas receitas originárias, quando temos uma contraprestação do particular perante uma contraprestação
do Poder Público, em uma relação negocial, o que se paga para o Estado é um preço, preço público.
Não é taxa porque não resulta de imposição estatal, e não é tarifa porque não tem origem na
exploração dos serviços do Estado pelos particulares, nas actividades de concessão, permissão e
autorização.

Exemplos de receitas originárias:

a) Doações (bens ou valores que ingressam definitivamente no património público);

b) Sucessão legítima: morte de todos os parentes que podem suceder, ou renúncia dos que
sobreviveram. Reverte-se para o Estado;

No segundo caso, das receitas derivadas, o que temos é: transferência de património particular para o
público de forma obrigatória, impositiva. Trata-se do caso da actividade tributária: impostos, taxas,
contribuições de melhoria, e das multas.

Exemplos mais comuns: Imposto sobre o Rendimento (IRPS e IRPC), IVA; IPA, IPRA

2.2.1 Receitas efectivas e não efectivas

De acordo com os conceitos contabilísticos e orçamentais estabelecidos, a Receita Pública pode


ou não provocar variação na situação patrimonial líquida. Conforme os efeitos produzidos ou não
no Património Líquido, a Receita Pública pode ser efectiva e não-efectiva.

São efectivas as receitas constituídas por recursos definitivos e que não criam imediata ou
mediatamente qualquer encargo.
A Receita Pública Efectiva é aquela em que os ingressos de disponibilidades de recursos não
foram precedidos de registo de reconhecimento do direito e não constituem obrigações
correspondentes e por isto alteram a situação líquida patrimonial.

As Receitas não efectivas são aquelas que constituem um recurso imediato e encargo futuro para
o Estado.
A Receita Pública Não-Efetiva é aquela em que os ingressos de disponibilidades de recursos
foram precedidos de registo do reconhecimento do direito e por isto não alteram a situação
líquida patrimonial.
2.3 Tipologia das Receitas

As receitas podem ter os seguintes grandes modalidades:

 Receitas patrimoniais,
 Receitas tributárias,
 Receitas creditícias.

2.3.1 Receitas patrimoniais

As receitas patrimoniais podem ser definidas como aqueles recursos provindos do uso oneroso
dos direitos e obrigações com conteúdo económico e bens do Estado susceptíveis de avaliação
pecuniária.

Estas receitas são derivadas da utilização ou alienação do bem do domínio público.

- Espécies de Receitas patrimoniais

As receitas patrimoniais podem ser constituídas por rendimentos do património (relativas à


normal administração do património) e por receitas de disposição constituídas por recursos
resultantes da oneração ou alienação dos bens do activo patrimonial.

- Modalidades de receitas patrimoniais

As receitas patrimoniais, que resultam exclusivamente dos bens do domínio privado do Estado são:

• Receitas do património imobiliário (rural, predial urbano, ou de uso colectivo ou


comum ) do Estado;

• Receitas do património mobiliário financial1 ou empresarial5.

1
2.3.2 Receitas tributárias

As receitas tributárias são as mais significativas, do ponto de vista qualitativo e quantitativo, no


conjunto das receitas do Estado. Elas encontram o seu fundamento na necessidade genérica da
cobertura de encargos públicos. Estas receitas podem ter outros fins extrafinanceiros, os de
política económica e social, mas não excluem, embora de forma implícita, os financeiros e
constituem uma forma primária de participação dos cidadãos na satisfação das necessidades
públicas, o que permite distinguir as receitas tributárias das multas – receitas punitivas – embora
todas constituam receitas não voluntárias (Franco 2004: 54).

As receitas tributárias são aquelas que mais expressão têm no conjunto das receitas do Estado.

São considerados receitas tributárias:

• o imposto;
• as taxas; e
• as contribuições especiais.

O Imposto é uma prestação patrimonial coactiva, positiva, definitiva, não sinalagmática, sem
carácter de sanção estabelecida por lei, a favor de uma entidade pública ou com funções públicas,
para a satisfação de necessidades públicas e redistribuição da riqueza, independentemente de
qualquer vínculo anterior.

O imposto pode, também, ser definido como prestação pecuniária exigida, de forma autoritária,
aos particulares, a título definitivo e sem contrapartida, com vista à cobertura dos encargos
públicos. Os elementos distintivos do imposto são diversos: obrigação legal; receita definitiva,
não é devolvida ao particular; não é sancionatório nem compensatório (indemnização) e é
unilateral, pois não existe contrapartida específica para o contribuinte.

A Taxas corresponde a uma prestação patrimonial, legal, a favor de um ente público como
contraprestação específica e individual de um serviço público ou de remoção de obstáculo
jurídico ao comportamento da actividade de particulares.
A taxa dá lugar a uma contraprestação específica, resultante de uma relação concreta entre o
contribuinte e um bem ou um serviço público, ou seja, há sempre uma relação de utilidade entre o
contribuinte e um serviço ou um bem público.

As taxas podem ser tarifas ou licenças, administrativas ou judiciais (integram imposto de justiça,
imposto de selo).

Em função do destinatário, pode-se falar de taxas gerais (as destinadas ao Tesouro);


consignadas (as destinadas à entidades com tesouraria própria) e emolumentares (as
consignadas ao pagamento de funcionários, agentes ou entidades intervenientes em certos
serviços).
Algumas figuras jurídicas aproximam-se das taxas, tal é o caso de imposto, preço e tarifa. O imposto
difere da taxa pela bilateralidade e contraprestação que a última tem; o imposto é criado pela Lei, no
sentido formal; a taxa difere do preço na medida em que este é fixado na base do custo de produção e
com objectivo de conseguir um lucro (preço económico), a taxa (preço político) é fixada abaixo dos
seus custos de produção. Algumas pessoas podem estar isentas do pagamento da taxa, mas do preço já
não.

As Contribuições Especiais: podem provir ou de causas de despesas acrescidas pelos


particulares às entidades públicas e pelos quais há que compensar o sujeito público. Estas
decorrem de actividades estaduais que produzem uma satisfação individual, ou seja, a
contribuição especial tem como fundamento benefício individualizado reflexamente resultante da
actuação de um sujeito público ou a necessidade de compensar o sujeito público pelo uso
anormal dos bens ou serviços públicos por parte de certos sujeitos, os quais oneram mais as
finanças do Estado ou deterioram mais os bens públicos (imposto de camionagem).

2.3.3 Receitas creditícias

As receitas creditícias são aquelas que provêm do recurso ao crédito, maxime da contratação
de empréstimos pelo Estado, no interior ou no exterior do País. Ou seja as receitas creditícias
são as que resultam da contração de empréstimo

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