Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Despesas Públicas
Abordadas como o emprego de uma soma em dinheiro, gasto de conta do Estado por agente do
sector público administrativo e tendente à promoção de bens de interesse público, ou seja, para
satisfação de necessidades públicas colectivas.
A natureza da despesa pública num Estado moderno é, assim, crucial para compreensão do
conteúdo das actividades financeiras e a sua importância na concretização das políticas financeiras
do Estado.
Assim sendo, distingue-se três elementos dentro da noção de despesa (o tipo de operação, o
sujeito e o fim da operação):
1
IMPORTÂNCIA DA DESPESA PÚBLICA
Um nível reduzido de despesa pública significa que serão necessárias menos receitas públicas para
obter o equilíbrio das contas públicas, o que significa também menos impostos e uma maior
contribuição para estimular o crescimento e o emprego.
A despesa publica também é naturalmente uma variável chave no que diz respeito à
sustentabilidade das finanças púbicas.
São todas as saídas de recursos, desembolsos, dispêndios que ficam a cargo de uma entidade
pública, seja para ocorrer aos compromissos da dívida pública, seja para atender às necessidades
dos serviços públicos criados no interesse e beneficio da colectividade, seja para acrescer bens ao
domínio público ou patrimonial;
2
É todo o dispêndio de recursos financeiros, seja qual for a sua proveniência ou natureza, gastos
pelo Estado, com ressalva daqueles em que o beneficiário se encontra obrigado à reposição dos
mesmos (art.: 15, nr. 1, Lei nr. 09/02, de 12 de Fevereiro).
Despesas Correntes (Funcionamento) – são os gastos que o Estado faz em bens e serviços
consumíveis durante o período financeiro, ou que se vão traduzir na compra/aquisição de bens de
consumo. Por exemplo, compra de combustíveis, material de expediente para escritório,
pagamento de salários aos funcionários de Administração Pública, o pagamento de pensões de
reforma aos pensionistas. Nesta categoria inclui-se os gastos com obras de conservação e
adaptação de imóveis bem como gastos de manutenção de equipamentos diversos.
Este assume um papel central na classificação das despesas, já que permite ou facilita:
3
Classificação Funcional da Despesa
O classificador funcional, por sua vez, identifica as despesas de acordo com a natureza das
funções exercidas pelo Estado (defesa, saúde, educação, segurança, etc.), obedecendo aos critérios
das Nações Unidas.
Este classificador, permite julgar a orientação que o governo da aos recursos de que dispõe para
satisfazer necessidades colectivas, avaliar as opções tomadas em momentos diferentes e efectuar
comparações internacionais.
Evidencia a afectação de recursos segundo a divisão territorial do Pais. Ele assume uma especial
importância na avaliação das metas do governo e do esforço financeiro por este realizar ao nível
do desenvolvimento das diferentes regiões do pais.
4
Tipologia das Despesas Públicas
Despesas Extra-orçamentais – são aquelas que não integram o orçamento do Estado e que não
dependem da autorização legislativa.
RECEITA PÚBLICA
Constituem receita pública todos os recursos monetários, seja qual for a sua fonte ou natureza,
postos à disposição do Estado, com ressalva daquelas em que o Estado seja mero depositário
temporário.
Nenhuma receita pode ser estabelecida, inscrita no Orçamento do Estado ou cobrada senão em
virtude de lei e, ainda que estabelecidas por lei, as receitas só podem ser cobradas se estiverem
previstas no Orçamento do Estado aprovado.
5
CLASSIFICAÇÃO ORÇAMENTAL DA RECEITA PÚBLICA
Económico;
Territorial; e
Por fontes de recursos;
Classe “4” que inclui as contas representativas dos recursos auferidos na gestão a serem
consideradas no apuramento do resultado do exercício, tendo características de contas de
resultado, desdobradas nas categorias económicas de Receitas Correntes e de Receitas de Capital:
Os códigos das contas de receitas iniciam-se com o número 4, sendo que os demais dígitos
correspondem à Classificação Económica da Receita. Exemplo:
Classe - Receita
Sub-elemento - ---
6
2. Classificação Territorial da Receita
Permite o registo das receitas segundo a divisão territorial do país (Central, Provincial, Distrital).
Tem como objectivo identificar a origem dos recursos financeiros, permitindo a sua gestão a nível
de programação e execução do Orçamento do Estado, e está estruturado em três níveis.
Sub-grupo das Fontes de Recursos que identifica o detalhe do Grupo por tipo de origem de
recursos.
01 – Recurso Fiscal
02 – Recurso Não Fiscal
03 – Recurso Consignado
04 – Recurso Oriundo de Reembolso de Acordo de Retrocessão
05 – Recurso Oriundo de Alívio da Dívida — HIPC
11 – Recurso Próprio
2x – Donativos Internos
3x – Donativos Externos
4x – Créditos Internos
5x – Créditos Externos
6x – Acordos
7
A - RECEITA PÚBLICA EFECTIVA
1.1- As Receitas Patrimoniais – podem derivar do Património do Estado, do seu domínio Rural,
das explorações industriais e comerciais de utilidade pública.
a) Património Mobiliário
O Estado tem quase sempre um património mobiliário, uma certeira de títulos constituída por
acções e obrigações de bancos e companhias.
ii) O Estado também adquire acções para participar na gestão das empresas privadas,
constituindo o que se chama Sociedades de economia mista. Isto porque nelas se combina
8
interesses públicos e privados. Com acções em mão, o Estado penetrar às assembleias
Gerais e consegue fazer-se eleger para o Conselho de Administração, a par dos outros
accionistas privados.
As Sociedades de economia mista, desempenham um papel de relevo nas economias em
desenvolvimento, onde os mercados são pequenos, por isso maior o risco das empresas:
b) Domínio Rural
O Estado, não só possui património mobiliário, mas também tem um património de domínio rural
(Resultante das Nacionalizações após a Independência, explorações florestais tais como os
Parques, Reservas, etc.)
Em qualquer caso, porem, as receitas patrimoniais resultam de preços lucrativos, isto e, de preços
superiores ao custo de produção.
9
2- RECEITAS DAS TAXAS
Temos taxas sempre que os preços são inferiores ou iguais aos custos;
As taxas são cobradas pela utilização bens semipúblicos, isto é, de bens públicos que satisfazem
necessidades individuais.
Assim, cobram-se taxas nas escolas secundárias e superiores, nos tribunais, nos cartórios, nas
conservatórias, etc.
A cobrança de taxas, pode ter em vista, a repartição do custo pelos utentes e a limitação da
procura do serviço.
Se a procura é inelástica, ou não é superior à oferta ao preço zero (0), a finalidade das taxas só
pode ser a repartição do custo;
Se a procura é elástica e superior à oferta ao preço zero (0), as taxas podem ter qualquer
finalidade: ou a limitação da procura, ou a repartição do custo.
Dado que as taxas, sendo preço, limitam sempre a procura, quando esta é elástica: e sendo
receitas, cobrem sempre uma parte ou totalidade do custo do serviço.
O montante das taxas vai depender, portanto, da finalidade que o Estado deseja alcançar:
Ex: Serviços da administração da Justiça – interessa que os Tribunais só sejam utilizados quando
haja razões serias para eles intervirem na definição do direito; isto e, interessa evitar que se vá aos
tribunais, como autor ou como réu, por qualquer motivo fútil.
Há pois, que limitar a procura do serviço da justiça. O Estado limita-a cobrando taxas (custas)
mais pesadas à parte vencida.
a) Elementos do imposto
Noção do imposto
10
O imposto define-se como sendo uma prestação pecuniária, coactiva e unilateral, sem carácter de
sanção, exigida pelos Estado com vista à realização de fins públicos.
Sem o carácter de sanção- o imposto não tem natureza de penalidade, como a multa.
Logo podemos distinguir as principais diferenças entre imposto e taxa (a taxa também é prestação
pecuniária, é prestação coactiva, mas já não é prestação unilateral), uma vez que ao seu
pagamento corresponde a contraprestação de um serviço por parte do Estado.
Encontramos impostos que o Estado cobra apenas para obter receitas: são os impostos fiscais;
Encontramos impostos que o Estado cobra para simultaneamente obter receitas e atingir outras
finalidades, ou só para atingir essas finalidades: são os impostos extrafiscais.
Assim, quando o Estado exige direitos alfandegários com vista a proteger determinada industria, a
sua finalidade não é conseguir recursos, mas satisfazer as necessidades colectivas de que aquela
industria seja preservada da concorrência estrangeira. Aqui temos a finalidade extrafiscal da
tributação.
As Recitas não efectivas- queremos nos referir as receitas proveniente dos empréstimos e
donativos. Visto quase todas receitas não efectivas serem derivadas do recurso ao crédito.
O Recurso ao Crédito:
a) Défice da Tesouraria;
b) Défice Orçamental;
c) Esterilização de poder de compra.
11
1) Cobertura do défice da tesouraria- Compreende-se que a tesouraria apresente uma situação
deficitária. Decerto que no orçamento se previram receitas suficientes para cobrir todas as
despesas. Mas alo longo do período financeiro, os montantes das cobranças não coincidem com os
montantes dos pagamentos por parte dos contribuintes.
Haverá dias em que afluam para os cofres públicos receitas superiores, outros em que afluam
receitas inferiores, aos pagamentos que nesses dias se tem de efectuar.
Dai que o tesouro passa encontrar-se, em determinada altura, com fundos insuficientes para
ocorrer aos pagamentos. Quando tal acontece, há que encontrar receitas e isso só poderá ser feito
através do crédito de prazo muito reduzido, dado que trata-se de um défice passageiro, transitório,
proveniente da falta de sincronização entre a entrada de receitas e saída de despesas.
2) Cobertura do défice orçamental- isto é, do excesso das despesas efectivas sobre as receitas
efectivas. Quando o orçamento apresenta um défice, é por meio de receitas não efectivas, e
geralmente por meio de empréstimos, que se terá de preencher a diferença.
Nesta situação, como o défice foi previsto, tem de presumir-se que os empréstimos contraídos
para lhe fazer face não poderão ser reembolsados dentro do período financeiro. Só poderão ser nos
períodos financeiros subsequentes.
Quando o Estado contrai empréstimos para cobrir o défice orçamental, recorre ao crédito de
médio e longo prazo.
Visando este empréstimo a redução do poder de compra, o Estado se encontra inibido de utilizar
o seu produto na cobertura de despesas. Tem de o manter em saldo, até que as circunstâncias se
modifiquem a ponto de ser aconselhada a política contraria – a política do fomento do poder de
compra
ANULAÇÃO DA RECEITA
Em função da adopção do regime de caixa utilizado para o registo da receita pública, a restituição
da receita arrecadada indevidamente, quando ocorra no respectivo exercício da sua arrecadação,
deve ser efectuada nesse exercício, mediante anulação do valor na rubrica orçamental respectiva.
DÍVIDA ACTIVA
Constituem dívida activa - os valores relativos a contribuições e impostos e demais créditos fiscais
do Estado liquidados e não cobrados dentro do exercício financeiro de origem, sendo
incorporados pela contabilidade pública, em conta própria, findo o exercício.
A DÍVIDA PÚBLICA
13
A Ajuda Externa é normalmente canalizada por pais (bilaterais), por agências multilaterais
especializadas tais como:
- Banco Mundial;
De acordo com Todaro (1997, citado por Mreira S. 2005:45) classifica a ajuda ligada por fonte ou
por projecto:
Ajuda ligada por fonte – significa que os donativos e os empréstimos devem ser gastos na
compra de bens e servicos do pais doador;
Ajuda ligada por projecto – traduz a obrigatoriedade de os fundos serem aplicados em
projectos específicos do pais doador.
A 1ª - pode implicar a oferta de bens e serviços mais dispendiosos, enquanto que a 2ª pode
implicar um projecto menos prioritário. Assim sendo, a ajuda externa não ligada seria aquela que
não impõe estas condições ao receptor.
A ideia subjacente a ajuda externa - é que esta tem influencia positiva estimulando o
desenvolvimento económico e social dos países receptores, financiando investimentos não
cobertos pela poupança domestica para além de facultar divisas para o pais adquirir no mercado
externo os recursos não disponíveis no mercado local.
O DONATIVOS
14
Anulação total ou parcial da divida;
Auxílio de emergência ou ajuda humanitária.
O argumento humanitário sugere que os Países de alto rendimento consideram que o bem-estar
deve ser extensivo aos restantes Países, por isso, contribuem com ajuda externa para a
redistribuição internacional da renda.
Sabe-se porem que as motivações da ajuda externa se estendem para além deste argumento,
podendo estar incorporado a defesa de interesses económicos, políticos e militares dos doadores.
Assim sendo a ideia de que a ajuda externa exerce um impacto positivo no crescimento
económico dos países receptores é aceite mas, em certos círculos, com algumas reservas.
ESPECIES DE EMPRESTIMOS
a) Quanto ao Lugar
Interno – Os contraídos dentro do próprio Pais; (subscritos quase na sua totalidade por
habitantes do próprio Estado e com capitais nele existentes);
Externo – Os contraídos fora do Pais; (subscritos quase na sua totalidade por habitantes e
capitais de outros Estados).
1. Perpétuos – Aqueles que o Estado contrai obrigando-se a pagar um certo juro anual, mas
não a proceder o reembolso.
Umas vezes, e até quase sempre, o Estado fica com a faculdade de efectuar o reembolso quando
quiser (temos os empréstimos perpétuos remíveis); Outras vezes, o Estado não goza da faculdade
de realizar o reembolso (temos os empréstimos perpétuos irremíveis).
15
Desvantagens : Empréstimos perpétuos irremíveis – O Estado tem de suportar o ónus perpétuo do
juro, a menos que proponha, e os credores aceitem, o reembolso (isto é, a menos que os credores
transformem a empréstimos remíveis).
Os empréstimos perpétuos são sempre titulados, isto é, representados em títulos de crédito; ora
estes são negociáveis, podem transaccionar-se todos os dias na Bolsa.
São títulos que incorporam a promessa de pagar um determinado juro, e que, portanto, têm valor
venal. Ora, vendendo, negociando os títulos, os possuidores realizam os seus créditos.
2. Empréstimos Temporários
a) Reembolsáveis a vista – aqueles que o Estado se compromete pagar quando o credor o
pretenda.
b) Rendas Vitalícias – são empréstimos que o Estado se obriga a pagar uma renda anual ao
seu credor enquanto vivo (o credor). É através da renda que o reembolso se efectua.
c) Amortizaveis por sorteio – o Estado reembolsa todos os anos um numero constante ou
variável de títulos tirados a sorte, de modo que o empréstimo se encontre inteiramente
amortizado ao fim de certo prazo. (Ex: empréstimo de 1 milhão, com prazo de 20 anos,
pode tirar por sorteio 1/20 do capital para amortizar, e no fim de 20 anos terminar).
d) Reembolsaveis em data fixa – O Estado obriga-se a reembolsar todo o capital do
empréstimo em certa data.
Créditos adicionais
Durante o exercício financeiro, o poder executivo pode solicitar ao legislativo o acréscimo das
dotações orçamentárias. Esses acréscimos, quando autorizados pelo legislativo, serão, então,
adicionados ao orçamento corrente. Por isso, tais adições chamam-se de créditos adicionais.
Por se tratar de aumento de despesa do orçamento corrente, cada solicitação de crédito adicional
deve ser acompanhada da fonte de recursos.
A lei orçamental anual pode incluir autorização para abertura de créditos adicionais até
determinado montante, a fim de tornar mais rápido a gestão orçamental e financeira.
Créditos suplementares;
16
Créditos especiais;
Créditos extraordinários.
Os créditos especiais se destinam a financiar programas novos, que não possuem dotação
específica no orçamento em vigor. A sua vigência acompanha a do orçamento em vigor, excepto
se abertos nos últimos quatro meses do ano, caso em que serão reabertos no orçamento do
próximo ano no limite dos seus saldos remanescentes.
Igualmente aos créditos suplementares, são autorizados por lei e abertos por decreto. A
autorização, em geral, pode constar na própria lei que criou o programa a ser financiado pelo
crédito especial.
Quando aberto este tipo de crédito adicional, o governo tem a obrigação de informar
imediatamente a Assembleia da Republica, justificando as causas de tal procedimento.
A vigência dos créditos extraordinários cessa em 31 de dezembro do ano de sua abertura, salvo se
abertos nos últimos quatro meses do ano, caso em que sua vigência se estende até o término do
exercício subsequente ou até quando cessarem as causas que justificaram o crédito extraordinário
a) Interna e Externa;
b) Fundada e Flutuante;
a1)Divida Publica Interna – Será a que é devida por um Pais aos seus próprios cidadãos.
Os instrumentos da divida publica interna, podem ser de curto prazo (Bilhetes de Tesouro-BT’s)
e de médio e longo prazo (Obrigações do Tesouro-OT’s).
Bilhetes de Tesouro – São instrumento de curto prazo que tem como objectivo financiar défices
temporários da tesouraria do Estado, ou simplesmente para efeitos de gestão de política monetária,
como consequência de natureza sazonal da receita fiscal e para cobertura de eventuais atrasos nos
desembolsos prometidos pelos parceiros de cooperação ao longo do exercício económico. Por
regra, deve ser saldada no final de cada exercício económico.
Inconveniências
O endividamento por meio de poupança interna por parte do Governo, reduz a disponibilidade de
crédito para a economia prejudicando assim o sector privado porque o dinheiro se torna mais
caro, isto e, haverá subida da taxa de juro o que ira de certo modo expulsar o investimento
privado (crowding-out).
18
Implementação de Política Monetária – O Governo através de operações no mercado aberto (open
market), ou seja, atreves da compra e venda de BT’s, pode alterar a quantidade da oferta de moeda
na economia. A venda de BT’s, por parte do Estado reduz a oferta de moeda e absorve a liquidez,
pois as pessoas e as instituições ao comprarem BT’s ficam assim sem liquidez, ao passo que as
compras de títulos do tesouro por parte do Estado agem de forma contraria, pois injectam mais
liquidez no sistema.
De acordo com Sylvestre M. & Navalha F. (2004), a divida publica externa quanto ao credor,
pode-se classificar em três categorias:
1- Bilateral – são acordos de empréstimos estabelecidos entre Governos, isto é, de Governo para
Governo. Normalmente, os valores são concedidos ou garantidos por Governos ou agências
governamentais.
19