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Curso de Direito

Direito Financeiro – Prof. MSc. Paulo Mendes

Receita Pública: Conceito, categorias, fontes, estágios.

1. Receita Pública, em sentido amplo, compreende todos os ingressos financeiros ao


patrimônio público. Portanto, abrange o fluxo de recebimentos auferidos pelo Estado.
Também conhecido pelo termo ENTRADA.
Em sentido estrito, a Receita Pública equivale a todos os ingressos de caráter não
devolutivo auferidos pelo Poder Público, compreendendo qualquer ente da Federação ou suas
entidades, para atender as despesas públicas. Nesse conceito, equivale à Receita Pública
Orçamentária.
Essa distinção é importante pelo fato de que algumas entradas financeiras no caixa do
Poder Público têm um caráter transitório, extemporâneo, não podendo ser utilizadas pelo
Estado na sua programação normal de despesas. Exemplos são cauções, depósitos, etc...
Equivalem esses ingressos à chamada Receita Pública Extra-orçamentária, ou
INGRESSOS.
Vejamos a seguir as diversas classificações doutrinárias e legais das Receitas Públicas.

Já para a Secretaria do Orçamento Federal ingressos e receita pública se


apresentam dessa forma:

Receita pública é o montante total em dinheiro recolhido pelo Tesouro Nacional,


incorporado ao patrimônio do Estado, que serve para custear as despesas públicas e
as necessidades de investimentos públicos.
Em sentido amplo, as receitas públicas possibilitam duas formas de ingressos de
valores nos Cofres Públicos: por meio de ingressos extraorçamentários e através das
receitas orçamentárias.
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Quanto à Natureza: Receitas Orçamentárias X Receitas Extra-Orçamentárias

Receitas Orçamentárias: são as disponibilidades de recursos financeiros para o


erário. Portanto, as receitas orçamentárias pertencem ao Estado, integram o patrimônio do
Poder Público, aumentam-lhe o saldo financeiro e, via de regra, por força do princípio da
universalidade, já estudado, estão previstas na LOA.

Receitas Extra-Orcamentárias
Ingressos extraorçamentários: quando representam apenas entradas compensatórias,
ou seja, são recursos financeiros de caráter temporário e não integram a LOA. Nesse caso, o
Estado é mero depositário desses recursos, que constituem passivos exigíveis e cujas
restituições não se sujeitam à autorização legislativa. Exemplos: depósitos em caução, fianças,
emissão de moeda e outras entradas compensatórias.
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2. CLASSIFICAÇÃO DAS RECEITAS PÚBLICAS:

Abordar o tema orçamento público, nos vem em mente seus principais elementos: as
receitas e as despesas. Assim, para obter uma melhor compreensão sobre as questões
relacionadas a este tema, é relevante conhecer melhor cada um desses elementos.

Com relação às receitas orçamentárias, já estudamos aspectos relacionados à sua


conceituação, o que nos fornece bases para abordar agora suas classificações. qual a
importância da classificação de suas diversas receitas, tendo em vista o planejamento das
políticas públicas e gestão de suas finanças?

As atividades de identificação, ordenamento, agrupamento e estimativa das receitas


orçamentárias são fundamentais para a eficiente gestão governamental. Para tanto, os
governos devem organizar as suas receitas orçamentárias, com base na classificação
padronizada para todos os entes da federação.

De acordo com Machado (1967), o conhecimento do mecanismo de funcionamento e


das Repercussões de cada categoria de classificação, tanto da receita quanto da despesa, sob
diferentes óticas (econômica, administrativa, jurídica, contábil, etc.), possibilita tornar o
orçamento um instrumento racional de tomada de decisões. O referido autor ainda afirma que
qualquer sistema de classificação de contas constitui-se como um instrumento de
planejamento, de tomada de decisões, de comunicação e de controle, apresentando as
seguintes vantagens:

a) Proporciona o fornecimento de informação para gestores públicos, analistas e


pesquisadores;
b) Permite um melhor conhecimento do assunto estudado;
c) Facilita a uniformização da terminologia técnica;
d) Proporciona a sistematização mais adequada do pensamento; e
e) Sintetiza as diversas informações a grupos homogêneos.
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Figura 2: Classificação segundo a Secretaria do Orçamento Federal (SOF)

VEJAMOS AGORA ALGUMAS CLASSIFICAÇÕES

A) CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ORIGEM: ORIGINÁRIAS X DERIVADAS

Receitas Originárias (Patrimoniais, de Economia Privada, de Direito Privado)


São aquelas provenientes da exploração do patrimônio da pessoa jurídica de direito
público, ou seja, o Estado coloca parte do seu patrimônio a disposição de pessoas físicas ou
jurídicas, que poderão se beneficiar de bens ou de serviços, mediante pagamento de um preço
estipulado (preço público ou tarifa).
A designação originária se deve à fonte de produção de tais receitas, pois tem origem
no próprio patrimônio público ou na atuação do Estado como ente produtor de bens e
serviços.
Decorrem da alienação de bens públicos ou da exploração econômica, exemplificação
que nos permite subdividi-las em patrimoniais e empresariais.
Receitas originárias patrimoniais são as que provêm da alienação de bens do domínio
público, como as rendas de arrendamento, locação, venda de bens públicos móveis ou
imóveis.
Receitas originárias empresariais são as que decorrem da atividade propriamente
econômica do Estado, relacionada com a produção de bens e serviços. São as receitas dos
empreendimentos industriais, comerciais, agrícolas (produção de bens), além dos ligados aos
setores de transportes e comunicações (produção de serviços).
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Elas independem de autorização legal e podem ocorrer a qualquer momento, e são


oriundas da exploração do patrimônio mobiliário ou imobiliário, ou do exercício de atividade
econômica, industrial, comercial ou de serviços, pelo Estado ou suas entidades. Sua principal
característica é a bilateralidade. Exemplos:
• Rendas provenientes da venda de bens e de empresas comerciais ou industriais;
• Rendas obtidas sobre os bens sujeitos à sua propriedade (aluguéis, dividendos,
aplicações financeiras);
• Rendas do exercício de atividades econômicas, ou seja, industriais, comerciais
ou de serviços.

Receitas Derivadas (Não-patrimoniais, de Economia Pública, de Direito Público)


São aquelas cobradas pelo Estado, por força do seu poder de império, sobre as relações
econômicas praticadas pelos particulares, pessoas físicas ou jurídicas, ou sobre seus bens.
Na atualidade, constitui-se na instituição de tributos, que serão exigidos da população,
para financiar os gastos da administração pública em geral, ou para o custeio de serviços
públicos específicos prestados ou colocados a disposição da comunidade.
Contrapondo-se à originárias, as receitas derivadas, ou de direito público, são aquelas
embasadas na atividade financeira coercitiva do Estado.

Outras Espécies Tributárias


Aliomar Baleeiro inclui, entre as receitas derivadas, as multas fiscais, as reparações de
guerra e as contribuições parafiscais.

São exemplos mais significativos das receitas derivadas os tributos que se encontram
estabelecidos na Constituição Federal nos termos do art. 145:

Art. 145 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão


instituir os seguintes tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razão do exercício de polícia ou pela utilização, efetiva ou
potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou
postos a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas"

Quanto ao poder de tributar, seus limites são estabelecidos na Norma


Constitucional nos seguintes termos:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


I - importação de produtos estrangeiros:
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
III - renda e proventos de qualquer natureza;
IV - produtos industrializados;
V - operações de créditos, câmbio e seguro, ou relativas a titulos ou
valores mobiliários;
VI - propriedade territorial rural;
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar;

§ 10o. É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites


estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, lI,
IV e V.
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Art. 154. A União poderá instituir:


I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior,
desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo
próprio dos discriminados nesta Constituição;
II - na iminência ou no caso de guerra externa impostos extraordinários,
compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos,
gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos


sobre:
I - transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos;
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que
as operações e as prestações se iniciem no exterior;
III - propriedade de veiculos automotores;

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:


I - propriedade predial e territorial urbana;
II - transmissão inter vivos, a qualquer titulo, por ato oneroso, de bens
imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição;
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, lI,
definidos em lei complementar;

Veja o quadro elaborado por Aldemário Araújo

B) Quanto à Repercussão Patrimonial: Efetivas X Não-efetivas

Efetivas
São aquelas em que os ingressos de disponibilidades de recursos não foram precedidos
de registro de reconhecimento do direito e não constituem obrigações correspondentes. Por
isso, aumentam a situação líquida patrimonial. Exemplos: Receita Tributária, Receita
Patrimonial, Receita de Serviços, etc.

Não-Efetivas
São aquelas em que os ingressos de disponibilidades de recursos foram precedidos de
registro de reconhecimento do direito. Por isso, não alteram a situação líquida patrimonial.
Exemplos: alienação de bens, operações de crédito, amortização de empréstimo concedido no
passado, cobrança de dívida ativa, etc.
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C) Quanto à Regularidade: Ordinárias X Extraordinárias

Receitas Ordinárias
Apresentam certa regularidade na sua arrecadação, sendo normatizadas pela
Constituição ou por leis específicas. Exemplos: arrecadação de impostos, transferências
recebidas do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal, etc.

Receitas Extraordinárias
São aquelas que representam ingressos acidentais, transitórios e, as vezes, até de
caráter excepcional, como os impostos por motivo de guerra, heranças, etc.

D) Quanto à forma de sua realização: Receitas Próprias, de Transferências e de


Financiamentos

Próprias
Quando seu ingresso é promovido pela própria entidade, diretamente, ou através de
agentes arrecadadores autorizados. Exemplo: tributos, aluguéis, rendimentos de aplicações
financeiras, multas e juros de mora, alienação de bens, etc.
De Transferências
Quando a sua arrecadação se processa através de outras entidades, em virtude de
dispositivos constitucionais ou legais, ou ainda, mediante celebração de acordos ou
convênios. Exemplo: cota-parte de Tributos Federais aos Estados e Municípios (FPE e FPM ),
Cota-Parte de Tributos Estaduais aos Municípios (ICMS e IPV A), convênios, etc.
Financiamentos
São as operações de crédito realizadas com destinação específica, vinculadas à
comprovação da aplicação dos recursos. São exemplos os financiamentos para implantação de
parques industriais, aquisição de bens de consumo durável, obras de saneamento básico, etc.

F) Segundo a Categoria Econômica: Receitas Correntes X Receitas de Capital


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Receitas Correntes: são arrecadadas dentro do exercício, ou seja, de 1º de janeiro a 31 de


dezembro e aumentam as disponibilidades financeiras do Estado. Essas receitas constituem
instrumento para financiar os objetivos definidos nos programas e ações correspondentes às
políticas públicas. Os tributos arrecadados pelo Governo Federal, Estadual e Municipal.
Classificam-se em:

Receitas Tributárias - as provenientes da cobrança de impostos, taxas e contribuições de


melhoria. Artigo 145, I, II e III da CRFB
Receitas de Contribuições - as provenientes da arrecadação de contribuições sociais e de
intervenção no domínio econômico (artigo 149 e 149ª da CRFB); por exemplo: contribuições
para o PIS/PASEP, contribuições para fundo de saúde de servidores públicos, etc.

A separação entre receitas tributárias e receitas de contribuições remonta à época em que as últimas não tinham
natureza tributária. Atualmente, as contribuições possuem natureza tributária (a quinta espécie de tributo). Persiste,
no entanto, nos documentos financeiros a distinção. (ALDEMÁRIO ARAÚJO)

• Receita Patrimonial - proveniente do resultado financeiro da fruição do


patrimônio, decorrente da propriedade de bens mobiliários ou imobiliários; por exemplo:
aluguéis, dividendos, receita oriunda de aplicação financeira, etc.
• Receita Agropecuária - proveniente da exploração das atividades
agropecuárias; por exemplo: receita da produção vegetal, receita da produção animal e
derivados.
• Receita Industrial é proveniente das atividades ligadas à indústria de
transformação. Exemplos: indústria editorial e gráfica, reciclagem de lixo, etc.
• Receitas de Serviços - provenientes de atividades caracterizadas pela
prestação se serviços por órgãos do Estado; por exemplo: serviços comerciais (compra e
venda de mercadorias ), etc.
• Transferências Correntes - recursos recebidos de outras pessoas de direito
público ou privado, destinados ao atendimento de despesas correntes.
• Outras Receitas Correntes - grupo que compreende outras receitas não
classificáveis nas modalidades acima. Ex: as Receitas de Multas e Juros de Mora,
Indenizações e Restituições, Receita da Dívida Ativa, etc.

Receitas de Capital aumentam as disponibilidades financeiras do estado. Porém, de forma


diversa das Receitas Correntes, as Receitas de Capital não provocam efeito sobre o
Patrimônio Líquido, uma vez que geram sempre uma contrapartida, por exemplo, quando o
governo de um determinado estado obtém recursos via operação de crédito (empréstimo)
junto a um organismo internacional, terá a sua disposição os referidos recursos em caixa,
porém terá uma obrigação de pagamento da dívida constituída com o empréstimo.

Outro exemplo:
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Dividem-se em:

• Operações de Crédito - financiamentos obtidos dentro e fora do País; recursos


captados de terceiros para financiar obras e serviços públicos. Exemplos: colocação de títulos
públicos, contratação de empréstimos e financiamentos, etc;
• Alienação de Bens - provenientes da venda de bens móveis e imóveis;
• Amortização de Empréstimos - provenientes do recebimento do principal
mais correção monetária, de empréstimos efetuados a terceiros;
• Transferência de Capital - recursos recebidos de outras entidades para
aplicação em despesas de capital. O recebimento desses recursos não gera nenhuma
contraprestação direta em bens e serviços;
• Outras Receitas de Capital - envolvem as receitas de capital não
classificáveis nas anteriores.

Resumo:

As receitas públicas são contabilizadas pelo regime de caixa (art.


35 da Lei n. 4.320, de 1964). Portanto, são registradas no momento
(ou exercício) do efetivo ingresso.

O esquema demonstra como os ingressos de valores nos cofres públicos são classificados,
tendo como destaque nesse momento as classificações da origem identificadas à direita da
figura acima, o quadro a seguir resume as informações de cada classificação da origem:
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Existem dois conceitos legais de "tributo" na ordem jurídica brasileira:

a) art. 3º do CTN: "Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou


cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada";
b) art. 9ºº da Lei n. 4.320, de 1964: "Tributo é a receita derivada, instituída pelas
entidades de direito público, compreendendo os impostos, as taxas e
contribuições, nos termos da Constituição e das leis vigentes em matéria
financeira, destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou
específicas exercidas por essas entidades".
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Observe-se que a definição de tributo prevista no art. 9º. da Lei n.


4.320/64, indica a característica "receita derivada", não presente na definição
posta pelo CTN. Essa particularidade é importante. Segundo decisão do STF, a
contribuição para o FGTS não é tributo justamente por não se caracterizar como
receita pública. Veja a emenda da decisão com destaque para esse ponto:

RE 100249. Relator Ministro OSCAR CORREA. Julgamento em 01/12/1987 pelo


Tribunal Pleno. Ementa: FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO.
SUA NATUREZA JURÍDICA. CONSTITUIÇÃO, ART. 165, XIII. LEI N. 5.107,
DE 13.9.1966. AS CONTRIBUIÇÕES PARA O FGTS NÃO SE CARACTERIZAM
COMO CRÉDITO TRIBUTÁRIO OU CONTRIBUIÇÕES A TRIBUTO
EQUIPARAVEIS. SUA SEDE ESTA NO ART. 165, XIII, DA CONSTITUIÇÃO.
ASSEGURA-SE AO TRABALHADOR ESTABILIDADE, OU FUNDO DE
GARANTIA EQUIVALENTE. DESSA GARANTIA, DE INDOLE SOCIAL,
PROMANA, ASSIM, A EXIGIBILIDADE PELO TRABALHADOR DO
PAGAMENTO DO FGTS, QUANDO DESPEDIDO, NA FORMA PREVISTA EM
LEI. CUIDA-SE DE UM DIREITO DO TRABALHADOR. DA-LHE O ESTADO
GARANTIA DESSE PAGAMENTO. A CONTRIBUIÇÃO PELO EMPREGADOR,
NO CASO, DEFLUI DO FATO DE SER ELE O SUJEITO PASSIVO DA
OBRIGAÇÃO, DE NATUREZA TRABALHISTA E SOCIAL, QUE ENCONTRA,
NA REGRA CONSTITUCIONAL ALUDIDA, SUA FONTE. A ATUAÇÃO DO
ESTADO, OU DE ÓRGÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, EM PROL DO
RECOLHIMENTO DA CONTRIBUIÇÃO DO FGTS, NÃO IMPLICA TORNA-LO
TITULAR DO DIREITO A CONTRIBUIÇÃO, MAS, APENAS, DECORRE DO
CUMPRIMENTO, PELO PODER PÚBLICO, DE OBRIGAÇÃO DE FISCALIZAR
E TUTELAR A GARANTIA ASSEGURADA AO EMPREGADO OPTANTE
PELO FGTS. NÃO EXIGE O ESTADO, QUANDO ACIONA O
EMPREGADOR, VALORES A SEREM RECOLHIDOS AO ERARIO, COMO
RECEITA PÚBLICA. NÃO HÁ, DAI, CONTRIBUIÇÃO DE NATUREZA
FISCAL OU PARAFISCAL. OS DEPOSITOS DO FGTS PRESSUPOEM
VINCULO JURÍDICO, COM DISCIPLINA NO DIREITO DO TRABALHO. NÃO
SE APLICA AS CONTRIBUIÇÕES DO FGTS O DISPOSTO NOS ARTS. 173 E
174, DO CTN. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO, POR OFENSA
AO ART. 165, XIII, DA CONSTITUIÇÃO, E PROVIDO, PARA AFASTAR A
PRESCRIÇÃO QUINQUENAL DA AÇÃO.
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ESPÉCIES DE TRÍBUTOS

O art. 5º do Código Tributário Nacional e o art. 145 da Constituição Federal elencam


3 (três) espécies de tributos. No entanto, a própria Constituição disciplina, no Título
XI - DA TRIBUTAÇÃO, outras 2 (duas) modalidades, tipos ou espécies tributárias.
Assim, vem se generalizando o entendimento, já consagrado pelo Supremo Tribunal
Federal (RE 138.284, RE 146.733, entre outros), de que existem 5 (cinco)
modalidades ou espécies de tributos, a saber:
a) impostos, definidos no art. 16 do CTN;
b) taxas, definidas no art. 77 do CTN;
c) contribuições de melhoria, definidas no art. 81 do CTN;
d) empréstimos compulsórios, sem definição legal e caracterizados pela
restituibilidade e pela causalidade;
e) contribuições sociais (especiais ou parafiscais), também sem definição legal e
caracterização pela afetação ou destinação. As contribuições sociais comportam uma
complexa divisão e subdivisão.

2.2.3.
Exigências pecuniárias desprovidas de natureza tributária. Em que pese as
divergências doutrinárias, a ordem jurídica brasileira admite a existência de
exigências pecuniárias compulsórias desprovidas de natureza tributária. Eis alguns
exemplos: FGTS, DPVAT e parcela de solo criado.

Quadro demonstrativo das obrigações pecuniárias presentes na ordem


jurídica brasileira
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Regras sobre a Receita Pública na Lei de Responsabilidade Fiscal

Art. 2º., inciso IV. Define o que se entende por receita corrente líquida (conceito
central na mecânica das finanças públicas).

IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de contribuições,


patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e
outras receitas também correntes, deduzidos:
a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação
constitucional ou legal, e as contribuições mencionadas na alínea a do inciso I e no
inciso II do art. 195, e no art. 239 da Constituição;
b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação
constitucional;
c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o
custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes
da compensação financeira citada no § 9º do art. 201 da Constituição.

Art. 11: efetiva instituição e arrecadação dos tributos. Conseqüência da não-


instituição dos impostos.

Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a


instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência
constitucional do ente da Federação.
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que
não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.

Art. 12: previsão de receitas.

Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão


os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do
crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas
de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois
seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas
utilizadas.
§ 1º Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida se
comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal.
§ 2º O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser
superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária. (Vide
ADIN 2.238-5)
§ 3º O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes e do
Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo final para encaminhamento
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de suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas das receitas para o


exercício subseqüente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias de
cálculo.

Art. 13: metas bimestrais de arrecadação.

Art. 13. No prazo previsto no art. 8º, as receitas previstas serão desdobradas, pelo Poder Executivo, em
metas bimestrais de arrecadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das medidas de
combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida
ativa, bem como da evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa.

Art. 14: renúncia de receita.

Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária


da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do
impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos
dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos
uma das seguintes condições: (Vide Medida Provisória nº 2.159, de 2001) (Vide Lei
nº 10.276, de 2001)
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de
receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de
resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no
caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas,
ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
§ 1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido,
concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de
base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e
outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.
§ 2º Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o
caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só entrará
em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado inciso.
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica:
I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do art.
153 da Constituição, na forma do seu § 1o;
II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos
de cobrança.
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Receitas e a LRF
Antes da LRF: Predominância das despesas em relação às receitas.
Depois da LRF:
Metas de resultado primário;
Obrigatoriedade de estimar as receitas
Obrigatoriedade de ter uma metodologia e de demonstrar o modelo de
projeção
Obrigatoriedade de considerar a variação de preços, o crescimento
econômico e alterações de legislação
Demonstrar os três últimos exercícios e os próximos dois
Análise de impacto em caso de subsídio ou renúncia
Definição de limites de endividamento com punições em caso de
descumprimento
Acompanhamento bimestral da execução orçamentária
Reestimativa pelo PL somente em caso de erro ou omissão

ESTÁGIOS DA RECEITA PÚBLICA

ESTÁGIOS DA RECEITA PÚBLICA: Estágio da receita orçamentária é cada passo identificado que
evidencia o comportamento da receita e facilita o conhecimento e a gestão dos ingressos de
recursos. Os estágios da receita orçamentária são os seguintes:
Previsão Estimativa de arrecadação da receita, constante da Lei Orçamentária Anual – LOA,
resultante de metodologia de projeção de receitas orçamentárias.
Metodologia de Projeção das Receitas Orçamentárias A metodologia de projeção de receitas
orçamentárias adotada pelo Governo Federal está baseada na série histórica de arrecadação das
mesmas ao longo dos anos ou meses anteriores (base de cálculo), corrigida por parâmetros de preço
(efeito preço), de quantidade (efeito quantidade) e de alguma mudança de aplicação de alíquota em
sua base de cálculo (efeito legislação).
Esta metodologia busca traduzir matematicamente o comportamento da arrecadação de uma
determinada receita ao longo dos meses e anos anteriores e refleti-la para os meses ou anos
seguintes, utilizando-se de modelos matemáticos.
A projeção das receitas é fundamental na determinação das despesas, pois é a base para a fixação
destas na Lei Orçamentária Anual, na execução do orçamento e para a determinação das
necessidades de financiamento do Governo. Além disso, é primordial sua análise na concessão de
créditos suplementares por excesso de arrecadação.
Lançamento: Segundo o Código Tributário Nacional, art. 142, é o procedimento administrativo
tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria
tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor
a aplicação da penalidade cabível. Tendo ocorrido o fato gerador, há condições de se proceder ao
registro contábil do direito a receber da fazenda pública em contrapartida a uma variação ativa, em
contas do sistema patrimonial, o que representa o registro da receita por competência.
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Algumas receitas não percorrem o estágio do lançamento, conforme se depreende pelo art. 52 da Lei
nº 4.320/64: “São objeto de lançamento os impostos diretos e quaisquer outras rendas com
vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato.”
Arrecadação: É a entrega, realizada pelos contribuintes ou devedores aos agentes arrecadadores ou
bancos autorizados pelo ente, dos recursos devidos ao Tesouro.
Recolhimento: É a transferência dos valores arrecadados à conta específica do Tesouro, responsável
pela administração e controle da arrecadação e programação financeira, observando o Princípio da
Unidade de Caixa, representado pelo controle centralizado dos recursos arrecadados em cada ente.

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