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UNIDADE IV – RECEITA

Conceito, Fontes, Características, e Relações com


outros ramos do direito. Finanças Públicas na
Constituição Federal. Instituições financeiras e o
Banco Central. Sistema Financeiro Nacional.
Orçamento: Conceito e espécies. Natureza
Jurídica. Princípios orçamentários. Normas Gerais
de direito Financeiro. Fiscalização e controle
interno e externo dos orçamentos. Despesa Pública:
conceito e classificação, fases de realização.
Precatório: disciplina constitucional e legal. Receita
Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.
Crédito público e dívida pública. Dotações.
Fiscalização e controle. Tribunais de contas e
participação popular.
Receita Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.
 1.CONCEITO 
Segundo Aliomar Baleeiro, "receita pública é a entrada
que, integrando-se no patrimônio público sem quaisquer
reservas, condições ou correspondência no passivo, vem
acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo".
Representa uma entrada definitiva de dinheiro nos cofres
públicos. 
Tal conceito não se confunde com entrada. Todo ingresso
de dinheiro aos cofres públicos caracteriza uma entrada.
Contudo, nem todo ingresso corresponde a uma receita
pública (entrada definitiva). Há entradas que ingressam
provisoriamente nos cofres públicos (caução, depósito
judicial, etc), podendo neles permanecer ou não.
Destinam-se a ser devolvidas. Daí as entradas
provisórias. 
Receita Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.

2. CLASSIFICAÇÃO 
2.1. Critério da periodicidade ou da
regularidade 
Extraordinárias - auferidas em caráter
excepcional e temporário, em função de
determinada conjuntura (arts. 148, II, e 154,
II, todos da CF); 
Ordinárias - ingressam com regularidade,
por meio do normal desenvolvimento da
atividade financeira do Estado. 
Receita Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.

 2.2. Critério da pessoa política:


federais, estaduais, distritais e
municipais. 
Receita Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.
2.3. Critério da origem 

originária (ou de economia privada) - é aquela que advém da


exploração, pelo Estado, da atividade econômica. São as
resultantes do domínio privado do Estado; não decorrem do poder
de imposição do ente público. São obtidas na atuação do Estado
como agente de direito privado. Não há imposição, e sim
autonomia do particular. 
Receitas originárias patrimoniais são as que provêm da alienação
de bens do domínio público, como as rendas de arrendamento,
locação, venda de bens públicos móveis ou imóveis. Receitas
originárias comerciais, industriais e de servicos – geradas a partir
do exercício pelo Estado de atividade empresarial. 
Receita Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.
2.3. Critério da origem 

derivada (ou de economia pública) - é caracterizada por


constrangimento legal para sua arrecadação; decorre do
poder de imposição do ente público em virtude de uma
coerção no patrimônio do particular. São os tributos, as
penas pecuniárias, o confisco e as reparações de guerra;
São as provenientes da relação de império perante do
Estado perante o súdito, como é o caso dos tributos. 
Receita Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.
2.3. Critério da origem 

transferidas - são resultantes de transferência entre os


entes da Federação. Repartição da arrecadação
tributária, art. 157 a 162, CF, e Transferências
voluntárias 
Ex: o Município que licencia um veículo fica com 50% da
arrecadação do valor do IPVA; Depois da EC 42/03, o
Município que fiscalizar e cobrar o ITR terá para si uma
arrecadação de 100%, o que não significa que essa receita
passe a ser derivada, ela continua sendo uma receita
transferida mesmo com a mudança da sujeição ativa). 
Receita Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.

Obs.: Noção de tributo (art. 3º, CTN); Espécies


(art. 5º, CTN – escola tricotômica) e escola
quinquipartida (atual, arts. 145, 148 e 149, CF e
STF): impostos (art. 16, CTN), taxas (arts. 77 a
80, CTN), Contribuições de Melhoria (Art. 81,
CTN), Empréstimos Compulsórios (art. 148, CF) e
contribuições (art. 149, CF). Outras Figuras:
Pedágio, preço público e tarifa. Classificação dos
tributos: fiscal e extrafiscal; vinculados e não
vinculados; de arrecadação vinculada e de
arrecadação não vinculada 
Receita Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.
Obs.2: Que tipo de Receita é uma Taxa? É receita derivada. 
Que tipo de Receita é o preço público e tarifa? São receitas originárias. 
Diferença entre Taxa e Preço Público: 
Há 03 Correntes: 
a) 1ª Corrente: leva em consideração o prestador de serviço (aquele que entrega o
serviço público específico e divisível). Se o prestador for ente público, é taxa. Se for ente
privado, é preço público (Ex: concessão e permissão). 
b) 2ª Corrente: leva em consideração a compulsoriedade do pagamento da
contraprestação. Se o pagamento for compulsório, é taxa (art. 3º, CTN). Se não
compulsório, é preço público. 
c) 3ª Corrente: leva em consideração a compulsoriedade da utilização do serviço. Se for
de utilização compulsória, é taxa. Se de utilização facultativa, é preço público. A
compulsoriedade do serviço deve estar prevista em lei. 
A 3ª Corrente é a adotada pelo STJ. O REsp. 167489 iniciou esse entendimento. O mais
recente entendimento nesse sentido deu-se no REsp 848287 de set/06. Há uma Súmula
antiga do STF de n. 545 que está de acordo com a 2ª Corrente, dizendo que o que é
compulsório é a utilização do serviço. 
Serviço de utilização compulsória é custeado por taxa. Mas se houver lei que permita,
pode ser preço público. Pedágio: utiliza o mesmo critério de aferição. Em regra, é taxa:
art. 150, V, CF e entendimento do STF (RE 181475). Logo, é uma receita derivada. 
Receita Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.
PRECO PÚBLICO TAXA

Especie tributária, regime de direito


Sinonimo de tarifa, é público, obrigação “ex
contraprestação paga lege”. Tributo vinculado 
Em razão do exercício do poder de
pelo serviço pedido ao policia ou pela utilização, efetiva ou
Estado ou por ele potencial, de serviços públicos
específicos e indivisíveis, prestados
vendidos e que ao contribuinte ou posto a sua
constitui receita disposição (art. 145, II, CF) 
- específicos – serviços destacáveis
originária.  em unidades autônomas de
Decorre de contrato  intervenção, de utilidade ou de
necessidade publica 
Obrigação “ex - divisíveis – serviços suscetíveis
de utilização, separadamente, para
voluntate”  cada um dos usuários. 
Regime jurídico direito É o caso da compulsoriedade da
utilização de determinado serviço. 
privado 
Receita Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.
CRITÉRIO LEGAL DE CLASSIFICACAO DE RECEITAS PÚBLICAS (Art. 11, Lei
4320/64)
Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas:
Receitas Correntes e Receitas de Capital.        
§ 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições,
patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as
provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito
público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em
Despesas Correntes.         
§ 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos
financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie,
de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito
público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em
Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente.         
§ 3º - O superávit do Orçamento Corrente resultante do balanceamento dos
totais das receitas e despesas correntes, apurado na demonstração a que se
refere o Anexo nº 1, não constituirá item de receita orçamentária.           
§ 4º - A classificação da receita obedecerá ao seguinte esquema:   
Receita Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.
RECEITAS CORRENTES
RECEITAS DE CAPITAL 
RECEITA TRIBUTÁRIA
OPERAÇÕES DE CRÉDITO 
Impostos.
Taxas. ALIENAÇÃO DE BENS 
Contribuições de Melhoria. AMORTIZAÇÃO DE
RECEITA DE CONTRIBUIÇÕES  EMPRÉSTIMOS 
RECEITA PATRIMONIAL  TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL
RECEITA AGROPECUÁRIA  OUTRAS RECEITAS DE
RECEITA INDUSTRIAL  CAPITAL
RECEITA DE SERVIÇOS 
TRANSFERÊNCIAS
CORRENTES 
OUTRAS RECEITAS
CORRENTES 
Receita Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.
NA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LC 101/01)

Seção I - Da Previsão e da Arrecadação


Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na
gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos
os tributos da competência constitucional do ente da Federação.
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências
voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que
se refere aos impostos.
Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e
legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da
variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de
qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de
demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção
para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia
de cálculo e premissas utilizadas.
Receita Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.
§ 1o Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida se
comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal.
§ 2o O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser
superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei
orçamentária.               
§ 3o O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes e
do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo final para
encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas
das receitas para o exercício subseqüente, inclusive da corrente líquida, e as
respectivas memórias de cálculo.
Art. 13. No prazo previsto no art. 8o, as receitas previstas serão desdobradas,
pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a especificação,
em separado, quando cabível, das medidas de combate à evasão e à sonegação,
da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem
como da evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobrança
administrativa.
Receita Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.
Seção II - Da Renúncia de Receita
Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual
decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-
financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao
disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições:           
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita
da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais
previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por
meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de
cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
§ 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de
isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que
implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que
correspondam a tratamento diferenciado.
§ 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput deste
artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando
implementadas as medidas referidas no mencionado inciso.
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica:
I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e 
V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1º;
II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de
cobrança.
Receita Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.
RECEITA PÚBLICA E LRF 
Instituição, Previsão e Arrecadação pelos Entes da Federação (Art. 11, LRF) 
§ Único: estabelece uma penalidade para a não instituição de impostos. Este
parágrafo retira a facultatividade do exercício da competência tributária3. 
Transferências Voluntárias (art. 25) - são as outras transferências entre os
entes da federação, que não as constitucionais. 
Renúncia de Receitas (Art. 14) - tudo o que gera a redução de entradas do
ente público. Exemplos: Isenções, Redução da Base de Cálculo, Benefícios
fiscais. 
Obs.: a lei dá tratamento semelhante à renúncia de receitas ao aumento de
despesas. 
Requisitos: 
a) Deve ser feita uma estimativa do impacto orçamentário da renúncia no
exercício presente e nos dois subseqüentes. 
b) Deve estar de acordo com a lei de diretrizes orçamentárias (lei que
estabelece as metas e prioridades da administração num determinado
período), ou seja, deve-se comprovar que a receita não irá fazer falta no
orçamento; 
c) Atender a uma de duas condições: 
Receita Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.
- ter sido considerada na lei orçamentária (previsão
de receitas e despesas) e não afetar as metas de
resultado fiscal (equivalem às metas de arrecadação);
ou 
- estar acompanhada de medidas de compensação
(devem representar aumento de receita, geralmente
elevando tributos). 
Exceções: Estas exigências não se aplicam caso se
trate de renúncia de IPI, Imposto de Importação,
Imposto de Exportação e IOF (tributos precipuamente
extrafiscais). Também não se aplica a casos de
cancelamento de débito pelo baixo valor. 
Receita Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.
ESTAGIOS DA RECEITA PÚBLICA

i) previsão - estimativa da receita a ser arrecadada pelo Estado (v. art. 12 da


LRF). 

ii) lançamento - ato pelo qual se verifica a procedência do crédito fiscal, a pessoa
que lhe é devedora, e inscreve o débito desta. Segundo o CTN, o lançamento é o
procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da
obrigação correspondente, a matéria tributável, o cálculo do montante devido e a
identificação do respectivo sujeito passivo. Existem três modalidades de
lançamento: 
de oficio (ou Direto): o lançamento é efetuado unilateralmente pela
Administração, sem a intervenção do contribuinte. Ex.: IPTU e IPVA; 
por declaração (ou misto) : o lançamento é efetuado pela Administração com a
colaboração do próprio contribuinte ou de uma terceira pessoa, obrigada por lei a
prestar informações sobre a matéria de fato indispensável à sua efetivação. Ex. :
IR; 
por homologação (ou autolançamento): o lançamento é efetuado pelo próprio
contribuinte e apenas posteriormente é homologado pela Administração. Ex.: ISS,
IR, ICMS e IPI. 
Receita Pública: conceito, ingressos e receitas, classificação.
ESTAGIOS DA RECEITA PÚBLICA

iii) arrecadação - fase na qual o Estado recebe dos contribuintes,


através das repartições fiscais, de agentes ou da rede bancária, os
valores que lhe são devidos, quer sejam multas, tributos ou qualquer
outro crédito. 

iv) recolhimento - entrega, pelos agentes arrecadadores


(repartições fiscais, agentes, rede bancária), dos recursos
arrecadados à conta única do Tesouro Público. A propósito, tal
recolhimento à conta única do ente é uma exigência do princípio da
unidade de caixa (ou unidade de tesouraria), que está assinalado
no art. 56 da Lei 4.320/64: o recolhimento de todas as receitas far-
se-á em estrita observância ao princípio da unidade de tesouraria,
vedada qualquer fragmentação para a criação de caixas específicas. 

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