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Direito Fiscal

Atividade financeira do estado

Atividade instrumental ou mediadora - arrecadação de receitas e a aplicação destas na realização das


despesas. Não de forma direta na satisfação de necessidades dos cidadãos, antes se posicionando a montante,
assegurando as condições para que a satisfação de tais necessidades possa ser realizada.

Constituição da Républica

Artigo 103.º
Sistema fiscal

O sistema fiscal visa a satisfação das necessidades financeiras do Estado e outras entidades públicas e uma
repartição justa dos rendimentos e da riqueza.

2. Os impostos são criados por lei, que determina a incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos
contribuintes.

3. Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos que não hajam sido criados nos termos da Constituição, que
tenham natureza retroactiva ou cuja liquidação e cobrança se não façam nos termos da lei.

Lei Geral Tributária


Artigo 5.º
Fins da tributação
1 - A tributação visa a satisfação das necessidades financeiras do Estado e de outras entidades públicas e
promove a justiça social, a igualdade de oportunidades e as necessárias correcções das desigualdades na
distribuição da riqueza e do rendimento.
2 - ….
Direito Financeiro. Direito Tributário. Direito Fiscal

Conjunto de normas que disciplinam a atividade financeira do Estado, modelando a sua atividade numa dupla
vertente: a angariação de receitas e a sua aplicação na cobertura das despesas e englobando a atividade
subjacente (Direito da Administração Financeira)

Receitas - importâncias cobradas pelo Estado como contrapartida de serviços prestados ou outras vantagens
usufruídas pelos cidadãos (taxas e contribuições) + aquelas cujo pagamento não apresenta qualquer
contraprestação direta por parte do Estado (impostos).

Direito Tributário - abarca todos os tributos

Direito Fiscal - abarca mais impostos. Conjunto de normas jurídicas que criam e disciplinam a relação de
imposto em todos os seus momentos.

Direito público

• critério do interesse subjacente


• critério da posição jurídica relativa dos sujeitos da relação tributária, e da qualidade em que os
mesmos intervêm na relação jurídica fiscal,
Direito autónomo

• Critério da autonomia didática;


• Critério da autonomia legislativa formal,
• Critério da autonomia substancial

Ciência Fiscal - setor da Ciência Financeira, que estuda os efeitos do imposto sobre a vida dos cidadãos em
geral e nas suas decisões económicas em particular, com o objetivo de formular as leis causais que o regem.
Olha o fenómeno tributário como facto passado.

Política Fiscal - estudo e determinação dos meios tributários adequados à prossecução dos objetivos do
Governo. Com ela se escolhem os melhores meios, dentro das circunstâncias e possibilidades concretas, para
atingir os fins do Estado. Tem uma perspetiva de futuro. A escolha recorre aos ensinamentos da Ciência Fiscal,
os quais, obviamente, constam de formulações.

O que é o direito fiscal?

O direito fiscal consiste num conjunto de normas que disciplinam e delimitam os poderes do Estado ou de
outros meios públicos no exercício das suas funções. O principal objeto deste ramo do direito é o imposto,
que também é a principal fonte de receitas.

O que é um imposto?

O imposto é uma prestação pecuniária, de carater unilateral, assente essencialmente na capacidade


contributiva exigida com base na lei pelo Estado ou por outros entes públicos menores.

O principal objetivo é a arrecadação de receita, para o pagamento e o financiamento de despesas públicas,


sendo assim, trata-se de uma prestação em dinheiro.

Prestação pecuniária / Prestação em dinheiro


Lei Geral Tributária
Artigo 40º
As prestações tributárias são pagas em moeda corrente ou por cheque, débito em conta, transferência conta
a conta e vale postal ou por outros meios utilizados pelos serviços dos correios ou pelas instituições de crédito
que a lei expressamente autorize.
Assente na capacidade contributiva
A capacidade contributiva revela-se, nos termos da lei, através do rendimento auferido, da sua utilização no
consumo, e do património detido (n.º 1 do art.º 4º da LGT),

LGT – Artigo 4.º Pressupostos dos tributos

1 - Os impostos assentam essencialmente na capacidade contributiva, revelada, nos termos da lei, através do
rendimento ou da sua utilização e do património.

Prestação exigida com base na lei

A obrigação de imposto deriva expressamente da lei, ou seja, é independente da vontade do obrigado


- obrigação ex lege -

Exigida pelo Estado ou outros entes públicos ( entidades que exerçam funções públicas)

Lei Geral Tributária


Artigo 18.º
1- O sujeito activo da relação tributária é a entidade de direito público titular do direito de exigir o cumprimento
das obrigações tributárias, quer directamente quer através de representante.
2 - Quando o sujeito activo da relação tributária não for o Estado, todos os documentos emitidos pela
administração tributária mencionarão a denominação do sujeito activo.

Sem qualquer contrapartida direta

Carácter unilateral do imposto = o pagamento do imposto não concede a quem o paga o direito a exigir que
lhe seja fornecida uma contraprestação direta.

Embora as receitas fiscais se destinem à satisfação de despesas públicas que revertem a favor da sociedade
em geral, das pessoas e entidades que pagam os impostos, não se pode estabelecer qualquer ligação direta
entre aquilo que se paga e a contrapartida em troca recebida.

O que é o Princípio da capacidade contributiva?

O princípio da capacidade contributiva diz-nos que o imposto deve ser repartido na medida da
capacidade que cada um mostre para o suportar, ou seja, as pessoas economicamente mais fortes devem
pagar um imposto maior, e as pessoas economicamente mais frágeis devem pagar um imposto mais pequeno.

Qual é a diferença entre o imposto e as taxas?

As principais diferenças entre os impostos e as taxas, é que, o imposto tem um caráter unilateral e
sem contraprestação, isto é, quando uma pessoa paga o imposto não recebe nada em troca. As taxas, encontra
partida, tem um carácter bilateral e ainda, na maioria das situações existe uma contraprestação fornecida ao
devedor em resultado ou consequência do montante pago, ou seja, uma pessoa que paga as propinas de uma
universidade pública, tem a contraprestação fornecida pelo serviço.

Taxas

→ Empréstimo público forçado


→ Contribuição especial
→ Sanções patrimoniais (coimas, multas, juros sancionatórios
→ Requisição
→ Apropriação pública.

art.º 4º n.º 2 da LGT :

2 - As taxas assentam na prestação concreta de um serviço público, na utilização de um bem do domínio público
ou na remoção de um obstáculo jurídico ao comportamento dos particulares

Imposto
Impostos diretos: são impostos que incidem sobre manifestações diretas ou imediatas da capacidade
contributiva. Processo realizado pelos serviços fiscais. São periódicos (cumprir continuadamente).
Por exemplo: IRS- imposto sobre rendimento das pessoas singulares.
Impostos indiretos: são impostos que incidem sobra manifestações mediatas ou indiretas dessa
capacidade, ou seja, nas utilizações em consume dessa mesma capacidade. Processo realizado pelo
próprio contribuinte. São de obrigação única.
Por exemplo: IVA- imposto sobre o valor acrescentado.
Impostos reais: são impostos que tributam o património ou rendimento em termos objetivos, sem
ter em conta a situação familiar e pessoal dos contribuintes.
Por exemplo: IRC- imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas.
Impostos pessoais: são impostos que, em alguns aspetos do seu regime jurídico, atenção a tais
realidades.
Por exemplo: IRS- imposto sobre rendimento das pessoas singulares.
Impostos periódicos: impostos que tende a tributação a ser repetida ou continuada (geralmente 1
ano).
Por exemplo: IMI.
Impostos de obrigação única: imposto de obrigação única, isto é, apenas existe quando verificados
os factos que a lei elegeu como dando origem à obrigação do imposto.
Por exemplo: Imposto do selo.
Impostos de prestação fixa: são impostos em que o valor a pagar por cada contribuinte pode ser
fixado na lei através da indicação de uma importância fixa.
Por exemplo: a taxa militar (já foi abolida).
Impostos de prestação variável: são impostos em que é indicado uma taxa ou umas taxas expressas
em percentagem, que aplicadas à matéria coletável determinam o imposto a pagar.
Por exemplo: atualmente, os impostos existentes são/devem ser classificados em prestação variável.
Os impostos de prestação variável distinguem-se tendo em conta o tipo de taxas aplicáveis, podendo
ser:
• Impostos proporcionais: a taxa é fixa, única e constante.
Por exemplo: IRC.
• Impostos progressivos: aqueles que a taxa aumenta à medida que for aumentando a matéria
coletável.
Por exemplo: IRS.
• Impostos degressivos: aqueles em que se estabelece uma taxa proporcional para a matéria
coletável que se situa acima de um determinado quantitativo.
Por exemplo: era uma forma diferente de definir os impostos progressivos.
• Impostos regressivos: aqueles em que a taxa diminui à medida que aumenta a matéria
coletável.
Por exemplo: atualmente esses impostos não existem, no entanto, o IVA tem um caráter
regressivo.
Impostos estaduais: são aqueles que têm como sujeito ativo o estado central.
Impostos não estaduais: são aqueles que têm por sujeito ativo um outro ente de direito Público, seja
ele uma Região Autónoma, uma autarquia local ou um instituto Público.

Existem certos impostos que sua principal função é não a obtenção de receitas, mas sim por
apresentarem objetivos não financeiros, isto é, defender o meio ambiente, desincentivar a suas
ações lesivas para o interesse Público, entre outras.

• Impostos fiscais: estes impostos destinam-se sobretudo à arrecadação de receitas, mas


sempre implicam outras consequências.
• Impostos extrafiscais: estes impostos destinam-se primordialmente a produzir consequências
nãos fiscais, mas sempre materializarão obtenção de um montante de receitas por menor que
ele seja.

Principais impostos do sistema fiscal português

Tributação direta

Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS); Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas
(IRC); Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI)

Tributação da despesa

Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA); impostos aduaneiros; impostos especiais sobre alguns consumos
(vg. álcool e bebidas alcoólicas, tabacos, óleos minerais, imposto automóvel). ; Imposto Municipal sobre
Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT)

Imposto de Selo

Derrama (estadual e municipal)

Imposto Automóvel (IA),

Imposto Municipal sobre Veículos

Imposto de Circulação e Camionagem

A Relação Jurídico-Fiscal

A relação jurídica consiste em todas as situações ou relação da vida real juridicamente relevante, ou numa
aceção mais restrita, como a relação da vida social disciplinada pelo direito mediante a atribuição uma pessoa
de um direito subjetivo com a correspondente imposição outra pessoa de um dever alguma sujeição.

A relação jurídica fiscal consiste num domingo obrigacional que contrapõe 2 interesses antagónicos: ou do
sujeito ativo a favor de quem é estabelecido o direito à perceção do imposto e o do sujeito passivo ao qual é
exigido o cumprimento da obrigação tributária.

A relação jurídica civil nasce da vontade das partes. A relação jurídica fiscal nasce da lei, é uma obrigação ex
lege. Esta última contém especificidades, sendo ela o privilégio da executoriedade e princípio da
indisponibilidade da obrigação.
O primeiro, ou seja, o privilégio da executoriedade, consiste no Estado ou outro ente Público enquanto
sujeitos ativos da obrigação fiscal gozam do benefício de que o seu direito ao imposto seja eficaz na esfera
jurídica de contribuinte sujeito passivo, sem que o dever deste último esteja dependente de qualquer decisão
judicial prévia, contrariamente aos credores privados que necessitam de obter a cor da contrapartida ou
sentença judicial para que o seu direito se torne eficaz.

O segundo, ou seja, a indisponibilidade da obrigação, consiste NOS órgãos da administração fiscal não
poderem negociar a dívida do imposto, renunciar a ela ou perdoá-la, no todo ou em parte, nem dá um pouco
conceder moratórias para o seu pagamento ou aceitar que o mesmo se faça antecipadamente a menos é claro
que tal tenha sido previsto e consentido pelo legislador. Este princípio encontra-se Expresso no nº2 do artigo
30 da LGT.

Origem estritamente legal Constituição da República Portuguesa PARTE II - Organização económica TÍTULO
IV - Sistema financeiro e fiscal Artigo 103.º - (Sistema fiscal)

Relação jurídica fiscal e obrigação de imposto

Relação jurídica fiscal ou relação jurídica de imposto = mais ampla do que a estrita obrigação de imposto que
constitui o seu núcleo

O sujeito passivo da relação jurídica fiscal está obrigado à prestação do imposto propriamente dito, e ainda a
um conjunto de outros deveres, instrumentalmente ligados àquela prestação – obrigações ou deveres
acessórios, e.g. apresentação de declarações destinadas à elaboração e actualização dos ficheiros informáticos
da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) ou fornecimento de elementos necessários à liquidação do imposto,
ou ainda obrigações de facturação, de escrituração das operações ou de conservação e arquivo de
documentos.

Situações existem em que se exige o cumprimento obrigações acessórias a terceiros alheios à obrigação
principal de pagamento do imposto - obrigação de comunicação à AT pelas entidades que paguem ou
coloquem à disposição rendimentos sujeitos a tributação em IRS, dos montantes atribuídos a cada um dos
sujeitos passivos e bem assim das retenções que lhes foram praticadas (art.o 119o n.o 1 alínea c) do CIRS);
idêntica obrigação de comunicação por parte das mesmas entidades aos beneficiários dos rendimentos pagos
ou colocados à disposição – art.o 119o n.o 1 alínea b) do CIRS; obrigação de notários, conservadores e oficiais
de justiça, de comunicar à AT os actos praticados nos seus cartórios e conservatórias e as decisões transitadas
em julgado no mês anterior, etc.

à Em sentido restrito = a relação jurídica fiscal traduzir-se- á numa obrigação pecuniária, num dever de
cumprimento da dívida de imposto, carácter este que tradicionalmente lhe cabia quase que em exclusivo.
à Em sentido amplo = a relação jurídica fiscal abrangerá, para além da obrigação principal que constitui o seu
núcleo – a obrigação de imposto –, todo um conjunto de deveres que acessoriamente se dispõem em torno
dela, os quais têm vindo a aumentar e a ganhar autonomia relativamente àquele núcleo, sendo certa a
existência de obrigações deste tipo mesmo em casos em que não existe dívida de imposto.
Elementos da relação jurídica fiscal
• Sujeitos;
• Objeto;
• Facto Jurídico;
• Garantia.
Objeto da relação jurídica fiscal: conjunto de poderes e deveres atribuídos aos seus sujeitos, constituindo
tal conjunto de poderes e deveres o objeto imediato, e a sua concretização conducente à prestação a entregar
pelo sujeito passivo ao sujeito ativo o objeto mediato, um objeto de segundo grau. Art. 30º LGT
Facto Tributário
Dá-se por integração da respetiva previsão legal. É o pressuposto de facto, o acontecimento gerador da relação
jurídico-fiscal, aquilo que faz nascer para o Estado ou outras entidades públicas o direito de exigir a prestação
do imposto.

Garantia
Garantia da relação jurídica = proteção coativa dada ao titular do direito subjetivo de fazer valer esse direito,
mesmo nos casos em que o obrigado não cumpra espontaneamente observando o comportamento prescrito.
A garantia efetiva-se e concretiza-se através de bens passando estes a responder pelo cumprimento pontual
da obrigação

Sujeitos:
à Sujeito Passivo: toda a pessoa singular ou coletiva a quem a lei impõe a obrigação de efetuar o pagamento do
imposto e a de cumprimento outros deveres acessórios. Artigo18 nº4 da LGT
Sujeito passivo de facto: sofre o ónus do imposto
Sujeito passivo de direito: cumpre as obrigações de imposto substituindo o sujeito de facto Exº relação de
trabalho
à Sujeito Ativo: ente público a quem a lei atribui o poder tributário de exigir o montante do imposto. Artigo 18
nº1 da LGT = a entidade de direito público titular do direito de exigir o cumprimento das obrigações
tributárias, quer diretamente quer através de representante.
O sujeito ativo mais frequente e mais importante é, indubitavelmente, o estado agindo como administrador,
no entanto, também os municípios, as autarquias regionais e outras entidades podem ser sujeitos ativos do
imposto.

Titularidade ativa e soberania fiscal (poder de criação de impostos) o legislador, a legislar sobre a matéria
fiscal pode atribuir o direito ao imposto tanto ao Estado administrador como a outros centros públicos.

O sujeito paciente pode assumir-se quer se como contribuinte direto quer como substituto ou como
responsável contribuinte:

nos impostos sobre o rendimento, = aquele que sofre o desfalque patrimonial do imposto. É contribuinte o
cidadão que paga o IRS directamente incidente sobre os rendimentos por si auferidos, ou o cidadão que
adquire um imóvel sujeito a Imposto Municipal sobre Transmissão Onerosa de Imóveis, e que suporta o peso
da respectiva tributação. Nos Códigos desses impostos são apresentados como sujeitos passivos

nos impostos sobre o consumo ou despesa (IVA) = cabe distinguir entre aqueles que a lei qualifica como
sujeitos passivos do imposto e os que suportam o desfalque patrimonial. O sujeito passivo de direito é o
operador económico que transacciona os bens ou serviços e o contribuinte (sujeito passivo de facto, e pagador
do imposto) é o consumidor final.
Substituição fiscal: quando a lei determina que o pagamento de um determinado imposto seja feito por
pessoa diversa daquela em relação à qual se verificam os pressupostos do imposto, artigo 20 nº1 da LGT

A substituição fiscal resulta diretamente da lei e tem lugar desde o início da relação fiscal, correspondendo
geralmente à adoção de uma técnica de cobrança conhecida por retenção na fonte. Artigo 20 nº2 da LGT

Há um terceiro substituto, diferente da pessoa na qual se verificam os pressupostos de facto de tributação,


que desde o início da relação fiscal, é chamado a ocupar o lugar de sujeito passivo, ficando encarregado, fruto
de relações jurídicas que tem como substituído, de realizar a cobrança do imposto junto deste efetuar a
respetiva entrega aos cofres públicos.

No geral as situações o substituto dos das importâncias que tem de pagar ao substituído o valor do imposto o
qual ele próprio se assume como devedor ao Estado, sendo que o direito de regresso assim definido é, em
regra, de exercício obrigatório.

Substituição Fiscal- Consequências

• Facilita a percepção (arrecadação) do imposto, constituindo um meio prático e mais seguro de cobrança.
• Entre outras tem a vantagem financeira de antecipar a respectiva receita.
• O substituto é o devedor principal do imposto. Sendo obrigado originário o substituto, a AF só a ele pode exigir
a prestação. Assim, desde que o imposto tenha sido correctamente deduzido (e como tal suportado pelo titular
dos rendimentos), a sua eventual não entrega pelo substituto não significará qualquer exigência para o
substituído, que fica totalmente desonerado em consequência da retenção praticada (art.o 28o n.o 1 da LGT).
• A responsabilidade do substituído existe:
• Como responsabilidade originária, quando a retenção tenha a natureza de pagamento por conta,
relativamente ao imposto que não tenha sido retido (art.o 28o n.o 2), qualificando-se o substituto como
responsável subsidiário, e sendo ele o sujeito aos juros compensatórios devidos desde o termo do prazo de
entrega do imposto retido até ao termo do prazo para a apresentação da declaração pelo substituído ou até à
data da entrega do imposto retido, se anterior (art.o 28o no2);
• Como responsabilidade subsidiária, quando o imposto não lhe haja sido deduzido ou o tenha sido em montante
inferior ao legalmente devido, limitando- se tal responsabilidade à diferença entre o que tenha sido deduzido
e o que o deveria ter sido. Nestes casos, porém, a responsabilidade originária do imposto cabe ao o substituto
(art.o 28o n.o 3).

Substituição total e substituição parcial

A substituição total = abrange a obrigação de imposto e todos os deveres acessórios, ou seja, o substituto é o
sujeito passivo único de todos os vínculos obrigacionais que constituem a relação jurídica fiscal, onde nenhum
vínculo directo chega a estabelecer-se entre a Administração Fiscal e a pessoa em relação à qual se verificam
os pressupostos de facto da tributação (caso das situações sujeitas à aplicação das taxas liberatórias do artigo
71.o do IRS).

No segundo caso, a substituição restringe-se à dívida de imposto ou a alguns dos deveres acessórios ou então
abrange apenas uma parte da dívida fiscal.

A substituição parcial é mais comum em sede das diversas categorias de IRS. Não obstante a retenção na fonte
efectuada pela entidade que pague ou coloque à disposição os correspondentes rendimentos, subsiste
obrigação de apresentação de declaração por parte do substituído com eventual entrega do imposto que, por
efeito da liquidação reportada ao rendimento colectável global, venha a ser devido, ou crédito e reembolso se
a retenção resultou superior ao imposto agora apurado

Sujeito passivo e responsável fiscal

• Responsáveis pela dívida fiscal são os sujeitos passivos originários e aqueles a quem a lei atribua tal qualidade,
entendendo-se que a responsabilidade tributária por dívidas de outrem é, salvo determinação em contrário,
apenas subsidiária (art.o 22o nos 2 e 3 da LGT).
• Da temática da responsabilidade fiscal propriamente ditafalar-se-á mais tarde aquando da análise das
garantias da obrigação de imposto.
Pluralidade de sujeitos passivos

• Situações em que os pressupostos do facto tributário se verifiquem em relação a mais do que uma pessoa,
caso em que, e salvo disposição da lei em contrário, todas serão solidariamente responsáveis pelo
cumprimento da dívida tributária (art.o 21o n.o 1 da LGT), a significar que o cumprimento pode ser exigido a
qualquer delas, ficando a que cumpra com direito de regresso sobre as restantes.

Transmissão da obrigação fiscal


Transmissão de obrigações fiscais = eventual existência de obrigados fiscais (sujeitos passivos da obrigação
fiscal) não originários, a significar que o cumprimento da obrigação a que estão adstritos não surgiu
inicialmente na sua esfera jurídica mas sim na de outrem tendo-se operado, todavia, a sua transmissão.
Fruto do carácter de indisponibilidade da obrigação tributária, a sucessão por acto entre vivos não é
admitida.

• Artigo 29o da LGT que as obrigações tributárias não são susceptíveis de transmissão intervivos, salvo nos casos
previstos na lei (no3), admitindo-se a transmissão apenas em caso de sucessão universal por morte, sem
prejuízo do benefício do inventário.

Transmissão mortis causa

• Transmissão da obrigação = um terceiro que não a pessoa em relação à qual se verificaram os pressupostos de
facto da tributação, vem ocupar, posteriormente, na relação jurídica fiscal a posição de sujeito passivo.
• A transmissão da obrigação fiscal integra-se no âmbito mais lato do fenómeno sucessório ou seja, por morte
do sujeito passivo originário transmitem-se para os respectivos sucessores, e juntamente com a generalidade
das relações jurídicas patrimoniais do de cujus, as suas dívidas tributárias, sendo exigível que no momento em
que se verifica a sucessão já exista a relação fiscal (mesmo que ainda não liquidada) sem a mesma se ter
extinguido, passando o lugar do primitivo sujeito passivo a ser ocupado pelo respectivo sucessor;

Sucessão fiscal - responsabilidades dos sucessores

• Respondem unicamente pelas dívidas já existentes ao tempo da morte do de cujus, restringindo-se a sua
responsabilidade às forças da herança.
• no caso de impostos de obrigação periódica, devem distinguir-se as dívidas que já existiam no momento da
sucessão e as que surjam posteriormente. Só em relação às primeiras o sucessor aparece como devedor não
originário. Nas segundas, o sucessor já se assume como sujeito passivo originário.
• No caso de pluralidade de herdeiros, a sua responsabilidade é conjunta ( art.o 155o n.o 1 do CPPT - tendo-se
verificado a partilha entre os sucessores da pessoa que no título figurar como devedor, o chefe da repartição
de finanças ordenará, para efeito de citação dos herdeiros, a destrinça da parte que cada um deles deva pagar).
• Os legatários (que,sucedem em bens certos e determinados e não numa quota ideal), só respondem na
proporção dos seus legados, se a herança atribuída aos herdeiros for insuficiente para integral pagamento das
dívidas fiscais do de cujus. Quando a herança haja sido integralmente distribuída em legados, os encargos
tributários serão suportados por todos os legatários, na proporção dos seus legados, excepto se o testador
tiver disposto diferentemente.
• Em qualquer caso, a transmissão mortis causa da obrigação fiscal do de cujus aos seus herdeiros é sempre feita
sem prejuízo do benefício de inventário.

Transmissão de créditos tributários


• Do lado activo, existe igual proibição de cessão do crédito.

• Éoquedispõeon.o1doart.o29odaLGT

Os créditos tributários não são susceptíveis de cessão a terceiros, salvo nos casos previstos na lei.

Responsabilidade fiscal /tributária- LGT

• A responsabilidade fiscal é subsidiária (art.o 22 n.3 da LGT).O responsável só pode ser chamado à execução
depois de demonstrado que os bens do devedor são insuficientes para pagar a dívida fiscal.
• Sendo subsidiária em relação à relação à do devedor principal do imposto, a responsabilidade em análise é
também solidária entre os vários responsáveis, isto é, qualquer deles poderá ser chamado a responder, só por
si, pela totalidade da dívida, sem prejuízo, obviamente, do direito de regresso contra os outros pela parte que
lhes deva ser imputada. Existe ainda direito de regresso de cada um dos responsáveis contra o originário
devedor, pela parte que pague em lugar dele.
• Num caso e noutro tal direito de regresso apresenta natureza privada e não fiscal, já que o responsável
chamado a solver a dívida de imposto do originário devedor não fica sub-rogado nos direitos da Fazenda
Nacional.

Responsabilidade fiscal dos corpos sociais e responsáveis técnicos

• Artigo 24o LGT = os administradores, gerentes e outras pessoas que exerçam funções de administração nas
empresas e sociedades de responsabilidade limitada, são subsidiariamente responsáveis em relação àquelas e
solidariamente entre si por todas as contribuições e impostos relativos ao período de exercício do seu cargo.
A mesma responsabilidade impende sobre os membros dos órgãos de fiscalização e revisores oficiais de contas,
se os houver.
• É uma importante limitação ao princípio da responsabilidade limitada das sociedades por quotas e anónimas.
É uma espécie de desconsideração da personalidade jurídica própria das sociedades, com o objectivo de
garantir a cobrança das dívidas fiscais, reagindo de certo modo contra alguns abusos da utilização da
personalidade colectiva.
• Também o Código das Sociedades Comerciais fixa este princípio no seu art. 78, estabelecendo a
responsabilização directa dos gerentes, administradores e directores por prejuízos causados aos credores,
resultantes da inobservância culposa das disposições legais, a eles imputável, e de que resultou a insuficiência
do património da empresa para solver as suas dívidas.
• É porém diferente o contexto de responsabilização na lei comercial e na lei fiscal.

Responsabilidade fiscal dos corpos sociais e responsáveis técnicos

• Abrange dívidas fiscais de sociedades (de responsabilidade limitada), cooperativas e empresas públicas.
Excluem-se as sociedades sem personalidade jurídica e as sociedades de responsabilidade ilimitada cujos
sócios ou membros são solidariamente responsáveis, em primeira linha, com elas e entre si, pelos impostos
em dívida.
• Abrange tanto os administradores, directores, gerentes ou outros responsáveis, quer o sejam de direito ou
apenas de facto.
• Deve mostrar-se insuficiente o património da sociedade de responsabilidade limitada, cooperativa ou empresa
pública, já que é ele
que, em primeira linha, responde pelo cumprimento das dívidas fiscais (garantia geral da obrigação
como vimos). Perante a fundada insuficiência dos bens penhoráveis do devedor principal (e devedores
solidários, se os houver), para pagamento da dívida exequenda, o juiz ordenará a reversão contra os
devedores subsidiários. Todavia, só depois de excutido, isto é, só depois de vendidos os bens
penhorados do devedor principal, e se se mantiver aquela insuficiência se actuará sobre o patrimónios
dos responsáveis subsidiários (art.o 23o n.o 2

Gerentes, directores, administradores e restantes pessoas abrangidas na lei

Distinguir:

1. Aquelas cujo facto constitutivo se tenha verificado no período de exercício do seu cargo ou cujo prazo legal de
pagamento ou entrega tenha terminado depois deste, quando, em qualquer dos casos, tiver sido por culpa sua
que o património da sociedade se tornou insuficiente para a sua satisfação;
2. Aquelas cujo prazo legal de pagamento ou entrega tenha terminado no período de exercício do seu cargo,
quando não provem que não lhes foi imputável a falta de pagamento
1. O responsável só será chamado a responder se a A F provar que foi por culpa dele que o património da
sociedade se tornou insuficiente. O regime será ainda o mesmo relativamente às dívidas cujo prazo legal de
pagamento ou entrega, estando embora a decorrer durante tal período, só vem a terminar depois dele.
2. A lei presume a culpa do administrador ou gerente e inverte o ónus da prova, cabendo a estes, no processo de
execução, a demonstração da causa justificativa adequada para afastar a sua responsabilidade – não
verificação dos pressupostos de que a mesma depende, e, nomeadamente a não existência, em absoluto de
meios para pagar as obrigações tributárias em análise.

Ónus da Prova (artigo 342 do código civil)

Na alínea a) do nº 1 do art. 24º o responsável só será chamado a responder se a AT provar que foi por culpa
dele que o património da sociedade se tornou insuficiente.

Na alínea b) a lei presume a culpa do administrador ou gerente e inverte o ónus da prova, cabendo a estes a
demonstração da causa justificativa adequada para afastar a sua responsabilidade.

Outros responsáveis (Art. 24º, nº2 e 3 LGT)


• Membros dos órgãos de fiscalização e revisores de contas, nas sociedades em que os haja. A responsabilidade
depende da demonstração, que cabe à Administração Fiscal, de que a violação dos deveres tributários da
sociedade resultou do incumprimento das funções de fiscalização que lhes competia assegurar no âmbito da
sua actividade profissional.
• Técnicos oficiais de contas. A responsabilidade subsidiária imputada depende de prova, a efectuar pela AF, de
que houve conduta dolosa na violação dos seus deveres de responsabilização pela regularização técnica nas
áreas contabilística (nomeadamente demonstrações financeiras e seus anexos) e fiscal (com relevo para a
assinatura de declarações fiscais).
• Responsabilidade fiscal do titular de estabelecimento individual de responsabilidade limitada (EIRL): No caso
de falência do estabelecimento, resultante da actividade exercida por seu intermédio, quando o titular não
prove que na gestão do estabelecimento observou correctamente o princípio da separação patrimonial
subjacente à citada autonomia do EIRL.
• Liquidatários das sociedades - art.o 26o LGT impõe-lhes a obrigação de satisfação prioritária das dívidas fiscais,
e responsabiliza-os, pelo não cumprimento (excepto , a menos que tal incumprimento tenha resultado do facto
de haver outras dívidas da sociedade que, nos termos da lei, gozem de preferência sobre os débitos fiscais. A
responsabilidade dos liquidatários não é subsidiária mas sim pessoal e solidária.
• Gestores de bens ou direitos de não residentes - todas as pessoas singulares ou colectivas que assumam ou
sejam incumbidas, por qualquer meio, da direcção de negócios de entidade não residente em território
português, agindo no interesse e por conta dessa entidade (art.o 27o n.o 1 da LGT). Normalmente coincide
com a figura do representante fiscal exigida nos códigos dos diversos impostos, mas se assim não acontecer,
deve o representante fiscal obter a identificação do respectivo gestor e apresentá-la à Administração Fiscal,
quando tal solicitação lhe seja feita, já que é este e não aquele que a lei define como responsável. A
responsabilidade não é subsidiária mas sim solidária, no sentido de que a Administração Fiscal tanto pode
exigir o pagamento da dívida fiscal ao titular do bem ou direito (não residente) como ao gestor.

• Responsabilidade fiscal na substituição fiscal – já analisada

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