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1 Introdução

Para a realização dos fins que se propõe, e que se traduzem na realização de despesas
orientadas fundamentalmente à satisfação de necessidades públicas (necessidades colectivas
da sociedade organizada politicamente), o Estado necessita de obter receitas. Tais receitas
provêm prioritariamente da cobrança de tributos (prestações compulsivas, pecuniárias ou em
espécie) que podem revestir a natureza de impostos ou de taxas, ou da venda e exploração
de bens do património público (receitas patrimoniais).

Assim, a tributação é assumida como de grande importância para a administração pública,


visto ser a forma usual de financiamento ou suporte das despesas governamentais para sua
existência, bem como para o crescimento do próprio Estado. Os tributos são para construção
do Estado moderno e cidadania para, em seguida, descrever o processo de implantação do
imposto, visando demonstrar como as práticas de fiscalização auxiliam e se relacionam com
o desenvolvimento e a manutenção da ordem social, com a construção da legitimidade da
acção fiscal e com a aceitação do princípio do equilíbrio tributário.

1.1 Objectivos gerais

O presente trabalho visa abordar sobre Impostos e apontar suas possíveis definições em
vários sentidos, assim como na legislação específica de modo a fazer compreender os seus
pormenores que direccionam para o desenvolvimento do país

1.2 Objectivos específicos

Procurar-se-á demonstrar, ainda, com base em Direito fiscal e teorias, uma explicação mais
resumida possível acerta do tema em questão, o Imposto.

Para tanto, far-se-á, inicialmente, uma breve explanação sobre o Imposto, passando-se, em
seguida, a um questionário com intuído de fazer compreender o fenómeno em questão.

1.3 Metodologias

Na realização do presente trabalho ou estudo temos como prioridades os seguintes tipos de


pesquisas: quanto a finalidade; quanto ao modo de abordagem, quanto aos objectivos e
quanto aos procedimentos técnicos.

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2 Imposto

O Imposto é uma prestação coactiva, pecuniária, definitiva e unilateral, estabelecida por lei,
sem carácter de sanção, a favor do Estado, para realização de fins públicos (lbraimo
IBRAIMO: 2000,40).

Os Impostos são as prestações obrigatórias, avaliáveis em dinheiro, exigidas por uma


entidade pública, para a prossecução de fins públicos, sem contraprestação individualizada, e
cujo facto tributário assenta em manifestações de capacidade contributiva, devendo estar
previstos na lei1 (nº 2 do art. 3 da Lei nº 2/2006, de 22 de Março).

2.1 Características Fundamentais do Imposto

Segundo IBRAIMO, (2002) “imposto é uma prestação coactiva, pecuniária, definitiva e


unilateral, estabelecida por lei, sem carácter de sanção, a favor do Estado, para realização de
fins públicos.
A definição acima citada pode ser discernida da seguinte forma:
a) Prestação coactiva: imposta pelo Estado;
b) Prestação pecuniária ou patrimonial: avaliável em dinheiro
c) Prestação definitiva: sem direito a restituição, reembolso, retribuição ou
indemnização;
d) Prestação unilateral ou não sinalagmática: sem contraprestação específica,
individual, imediata e directa (ao contrario da taxa, não dá ao devedor o direito de
exigir qualquer contraprestação imediata);
e) Prestação estabelecida por lei: de acordo com o princípio da legalidade, isto é,
todos os imposto devem ser estabelecidos por lei através da Assembleia da
República, para o caso de Moçambique;
f) Prestação sem carácter de sanção: sem fins sancionatórios
g) Prestação a favor do Estado: em sentido muito amplo, equivalente aqui a qualquer
entidade que exerça funções públicas;

3 Figuras afins do Imposto

Taxas - Prestações avaliadas em dinheiro, exigidas por uma entidade pública, como
contrapartida individualizada pela utilização de um bem do domínio público, ou de um
1
Cfr.: Nº 1 do art. 3 da Lei nº 15/2002 de 25 de Junho que diz: O Imposto é um pagamento para o Orçamento do
Estado com natureza unilateral e obrigatória, incluindo encargos legais e juros previstos em normas tributarias.

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serviço público, ou pela remoção de um limite jurídico à actividade dos particulares, desde
que previstas na lei (nº 3 do art. 3 da Lei nº 2/2006).

Multas - constituem penalização de ilícitos criminais de justiça (crimes) e de ilícitos


administrativos jurisdicionalizados (contravenções e transgressões);

Juros sancionatórios, com carácter compensatório ou compulsório, correspondem à


penalização de atrasos no cumprimento de obrigações legais (indemnizações por factos
ilícitos). Têm carácter punitivo (punições pecuniárias).

O empréstimo não é uma prestação definitiva, nem é unilateral.

As contribuições especiais são as prestações efectuadas como contrapartida de benefícios ou


aumento do valor dos bens do sujeito passivo, que resultem de obras públicas ou da criação
ou ampliação de serviços públicos, ou devidas em razão do especial desgaste de bens
públicos ocasionados pelo exercício de uma actividade, desde que prevista na lei. Nos termos
nº 4 do art. 3 da Lei nº 2/2006.

4 Objectivos dos Impostos2

Como já é sabido, os impostos são criados para a satisfação de fins públicos e necessidades
colectivas dos cidadãos, expressão que engloba objectivos fiscais (obtenção de receitas
publicas) e extrafiscais (sociais, económicas, etc.). Segundo (IBRAIMO 2002), Os impostos
foram criados com vista a atender os seguintes objectivos:

a) Objectivos Fiscais
De acordo com este objectivo os impostos visam a obtenção de receitas para financiamento
de despesas públicas, isto é, satisfação das necessidades financeiras do Estado.

b) Objectivos sociais
Os impostos visam a repartição justa da riqueza e dos rendimentos, a diminuição das
desigualdades, tendo em conta as necessidades e rendimentos do agregado social, operando-
se assim uma verdadeira redistribuição de riqueza.

c) Objectivos Económicos

2
Cfr.: lei nº 15/2002 de 26 de Junho (nº 1 e 2 do art. 2 da LBST).

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Os impostos podem combater a inflação (reduzindo o rendimento disponível e,
consequentemente, o consumo), obter a selectividade do consumo (tributando mais
pesadamente os consumos nocivos e supérfluos, como o tabaco, o jogo, certas bebidas e as
antiguidades), proteger as indústrias nacionais (estabelecendo direitos aduaneiros protectores
durante um certo período), incentivar a poupança e o investimento (indirectamente através
dos desagravamentos fiscais).

5 Tipos de Imposto

5.1 Impostos Directos e Indirectos

De acordo com (IBRAIMO, 2008), os impostos classificam-se de acordo com os seguintes


critérios:

 Critérios Económicos
Segundo o critério do modo de avaliação da capacidade tributária, consideram-se impostos
directos àqueles que incidem sobre a matéria colectável (rendimento ou património)
possuída ou obtida. Deste modo, serão impostos indirectos àqueles que incidem sobre o
património ou rendimento utilizado (em consumo ou transferência da riqueza).

 Critérios Jurídicos
De acordo com este critério, serão considerados impostos directos, quando for possível
determinar previamente os contribuintes, organizando um rol nominativo destes. O imposto
será directo quando essa possibilidade não existe, por o contribuinte não ser previamente
conhecido.
O critério de classificação dos impostos directos e indirectos usados pelo legislador
moçambicano é o critério jurídico.

Impostos Directos e Indirectos

Impostos Directos Impostos Indirectos

Imposto sobre Rendimento de Pessoas Imposto sobre a Despesa


Singulares (IRPS)
Imposto sobre Rendimento de Pessoas Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA)
Colectivas (IRPC)

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Imposto Sobre Consumo Específico
Direitos Aduaneiros
Impostos de Selo
Imposto sobre Sucessões e Doações
SISA
Imposto de Reconstrução Nacional
Imposto sobre Veículos

5.2 Impostos Reais e Pessoais

Os impostos reais, também chamados de objectivos, atingem a matéria colectável


directamente, isto é, sem levar em conta a situação económica do sujeito passivo e do seu
agregado familiar. Os impostos pessoais, também chamados de subjectivos, atendem às
condições pessoais do sujeito passivo. Exemplo: IVA, IRPS.

5.3 Impostos Principais e Acessórios

Por vezes, sobre a matéria colectável ou sobre a colecta de determinado imposto-


imposto principal, recaem novos impostos- impostos acessórios, cobrados a favor do Estado
ou outra pessoa colectiva. Se os impostos acessórios recaem sobre a colecta consideram-se
adicionais, se recaem sobre a matéria colectável chama-se adicionamentos.

5.4 Impostos Periódicos e de Obrigação Única

Os impostos de obrigação única incidem sobre factos ocasionais, que não se repetem com
regularidade, como é o caso da Sisa, já que as transmissões de prédios ou outros bens a título
oneroso não se repetem com frequência.

Os impostos periódicos incidem sobre factos que se renovam com certa permanência,
normalmente um ano. É o caso da contribuição predial ou do IRT- Imposto sobre o
Rendimento do Trabalho, já que a situação do proprietário de um prédio ou de trabalhador
se presume contínua.

5.5 Impostos Proporcionais, Progressivos e Degressivos

Consideram-se impostos proporcionais, aqueles cuja colecta do imposto varia na proporção


da matéria colectável, sendo a taxa a aplicar sempre a mesma. Exemplo: IRPC.

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O imposto é progressivo quando se eleva a sua taxa à medida que a matéria colectável
aumenta, por exemplo, IRPS.

O imposto degressivo, é totalmente o oposto do progressivo, portanto, a sua taxa baixa na


medida em que aumenta a matéria colectável. Exemplo: IP;

Degressivos – quando o imposto é essencialmente de taxa proporcional, mas se


estabelecem taxas mais suaves aplicáveis no patamar inferior da pirâmide dos rendimentos
colectáveis (constituiu exemplo em Moçambique o antigo Imposto Profissional);
Regressivos – quando a respectiva taxa variem em função inversa do rendimento colectável
(o Imposto Pessoal Autárquico e o Imposto de Reconstrução Nacional, com as suas taxas de
quantitativo fixo.

6 As Fases do Imposto

 Incidência
O imposto nasce quando surge uma norma legal que confere ao Estado a posição de credor do
imposto e ao cidadão a situação de devedor do mesmo. Compete à Lei definir, embora de
modo genérico e abstracto, o que é passível de imposto.

 Lançamento
Nascida a obrigatoriedade do imposto, até este ser pago, desenrola-se um processo
administrativo que inicia justamente na fase de lançamento. No lançamento identifica-se o
sujeito passivo do imposto e fixa-se a matéria colectável sobre a qual recairá o imposto.
 Liquidação
A fase da liquidação consiste no cálculo da colecta do imposto, aplicando-se a matéria
colectável a taxa de imposto. A liquidação está sujeita a caducidade. Ocorrido o facto gerador
do imposto, ela só poderá ter lugar dentro de um prazo de cinco anos, para o caso dos
impostos sobre o Rendimento.
 Cobrança
Esta fase corresponde ao momento final da vida do imposto. A cobrança é a operação
administrativa que visa a entrada do imposto nos cofres do Estado (IBRAIMO, 2002).
Determinado o montante do imposto a pagar, através das operações de liquidação, seguem-se
as operações com vista à arrecadação do imposto.

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7 Questões e as respectivas respostas

1. Pergunta: E se não se paga o imposto, oque acontece?


Resposta: Um imposto pode ser exigido por via coerciva, caso não seja pago de forma
voluntária. Nos termos do n.º1 do art. 37 da Lei n.º 15/2002 de 26 de Junho, conjugado com o
nº 1 do art. 43 da mesma lei, que diz “Constituem crime fiscal, qualificando como infracções
tributárias materiais, os actos que visem a não liquidação ou pagamento do tributo.

2. Pergunta: Porque paga-se o imposto sabendo que não se recebe nada em troca como
acontece nas taxas?
Resposta: Porque a título obrigatório, paga-se a favor do Estado ou entidades públicas para
financiar as despesas e investimentos de carácter público e não em benefício de um certo
serviço prestado. Quer dizer, tem por finalidade fins gerais ou para todos. Nos termos do art.
nº 1 da. Lei nº 15/2002 de 26 de Junho.

3. Pergunta: Existe uma distinção entre imposto e taxas?


Resposta: O imposto tem carácter unilateral, você paga e não recebe nada em troca. Por
exemplo obtém-se o imposto sobre o consumo, o IVA, ao adquirir um produto paga-se o
imposto e não obtemos nada em troca por parte do Estado.

As taxas têm carácter bilateral, pagam-se mas, recebe-se algo em troca. Por exemplo a Taxa
de saneamento básico, ao pagar esta taxa está a receber em troca um serviço prestado pelo
Estado, a recolha de lixo.

4. Pergunta: De que forma podemos definir um sistema tributário justo?


Resposta: Um sistema tributário justo é geralmente definido com base em dois critérios:
equidade vertical e horizontal. Equidade vertical significa que o sistema tributário minimiza a
carga sobre os pobres, enquanto que cobra maiores pagamentos daqueles que têm maior
capacidade para pagar. Equidade horizontal implica que, contribuintes com capacidade
similares de pagamento são tratados imparcialmente e enfrentam as mesmas obrigações
fiscais.
5. Pergunta: Que tipo de recurso é usado para pagar impostos?
Resposta: O imposto é pago por dinheiro ou forma monetária em moeda nacional, nos
termos do nº 2 do art. 4 da Lei n.º 15/2002 de 26 de Junho.

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8 Conclusão

Falar de Imposto importa aqui referir, de que, na acepção ainda destas definições, são bens
ou serviços públicos aqueles cuja existência permite à colectividade usufruírem de um
benefício ou utilidade imediata, não susceptível de individualização (requisito indispensável
para que possa haver a divisibilidade dos respectivos custos, e a correspondente imposição de
uma taxa), motivo pelo qual não podem ser cobertos por contraprestações determinadas.

São exemplos de serviços desta natureza a existência de uma força policial, a construção de
uma nova estrada, a iluminação pública nas cidades, etc., os quais se destinam a satisfazer
necessidades comuns dos membros da comunidade, sem que se possa contudo (ou não seja
prático ou politicamente aceitável) determinar em que medida beneficiam individualmente
cada um deles.

Tais serviços são normalmente financiados por recursos arrecadados pelo “ente público”
(Estado, Município, etc.) na base de critérios diferentes do da contraprestação (ou preço pela
utilização do serviço), uma vez que tal contraprestação não é determinável.

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9 Referências bibliográficas

 Legislação
MOÇAMBIQUE, Constituição da República. Aprovada pela Lei no 1/2018 de 12 de Junho.
Lei n.º 15/2002 de 26 de Junho – Lei Bases do Sistema Tributário
Lei n.º 2/2006 de 22 de Março - Lei Geral Tributaria da República de Moçambique
 Doutrinas
IBRAIMO, I. O Direito e a Fiscalidade: Um Contributo para o Direito Fiscal Moçambicano.
Maputo: ART C, 2002.
FRANCO, A.L.S. Finanças Publicas e Direito Financeiro. Coimbra: Medina Editora, 4ª ed,
Vol I e II, 2010.
ANTÓNIO L. De Sousa Franco – “Finanças Públicas e Direito Financeiro”.

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