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DIREITO TRIBUTÁRIO

1. Sistema Tributário Nacional.


1.1 Princípios do direito tributário.
1.2 Limitações do poder de tributar.
1.3 Repartição das receitas tributárias.

Sistema Tributário Nacional:

O Sistema Tributário Nacional é o conjunto de leis, normas e instituições que regulam a


arrecadação de tributos no Brasil. O sistema é composto pela União, estados, Distrito Federal e
municípios, e tem como base a Constituição Federal de 1988, que estabelece as regras gerais
para a tributação.

1.1 Princípios do direito tributário:

Os princípios do direito tributário são as bases fundamentais que orientam a atuação dos
órgãos públicos e dos contribuintes no âmbito da tributação. Dentre os principais princípios,
podemos destacar:

Princípio da legalidade: significa que somente a lei pode criar ou aumentar tributos, e que a
Administração Pública não pode criar tributos por meio de decretos, regulamentos ou qualquer
outra forma.

Princípio da anterioridade: determina que a lei que cria ou aumenta tributos só pode produzir
efeitos no exercício financeiro seguinte àquele em que foi publicada.

Princípio da irretroatividade: estabelece que as leis tributárias não podem retroagir para
atingir fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor.

Princípio da isonomia ou igualdade: estabelece que os contribuintes devem ser tratados de


forma igualitária, sem distinção de qualquer natureza.

Princípio da capacidade contributiva: determina que a tributação deve levar em conta a


capacidade econômica do contribuinte, de forma que os mais ricos paguem mais impostos do
que os mais pobres.

1.2 Limitações do poder de tributar:

O poder de tributar do Estado não é absoluto, existindo limitações constitucionais que


restringem sua atuação. As principais limitações são:

Legalidade: somente a lei pode instituir ou aumentar tributos.

Anterioridade: a lei tributária só pode produzir efeitos no exercício seguinte à sua publicação.
Irretroatividade: a lei tributária não pode retroagir para atingir fatos ocorridos antes de sua
entrada em vigor.

Isonomia: os contribuintes devem ser tratados de forma igualitária, sem distinção de qualquer
natureza.

Capacidade contributiva: a tributação deve levar em conta a capacidade econômica do


contribuinte.

Proibição de confisco: é vedado ao Estado utilizar-se da tributação para confiscar bens ou


renda dos contribuintes.

1.3 A repartição das receitas tributárias:

É uma questão fundamental do Sistema Tributário Nacional, pois é por meio dela que se
estabelece a distribuição dos recursos arrecadados com a tributação entre as diferentes
esferas de governo.

A Constituição Federal estabelece que a União é responsável pela arrecadação dos tributos
federais (impostos, taxas e contribuições) e pela distribuição de parte desses recursos aos
estados, ao Distrito Federal e aos municípios. A forma de distribuição é estabelecida pela Lei
Complementar nº 62/1989, que instituiu o Fundo de Participação dos Estados e do Distrito
Federal (FPE) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

O FPE é composto por 21,5% da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
e do Imposto de Renda (IR), deduzidos os valores destinados ao Fundo Nacional de
Desenvolvimento Regional (FNDR). Esse fundo é distribuído aos estados e ao Distrito Federal
de acordo com critérios estabelecidos pela Constituição, levando em consideração a população
de cada unidade federativa e sua renda per capita.

Já o FPM é composto por 22,5% da arrecadação do IPI e do IR, deduzidos os valores


destinados ao FNDR e ao Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP).
Esse fundo é distribuído aos municípios de acordo com critérios estabelecidos pela
Constituição, levando em consideração a população de cada município e sua renda per capita.

Além disso, a Constituição estabelece outras formas de repartição das receitas tributárias,
como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é um imposto
estadual cuja arrecadação é repartida entre o estado de origem das mercadorias e o estado
de destino, no caso de operações interestaduais. Há também o Imposto sobre Propriedade de
Veículos Automotores (IPVA), que é um imposto estadual e cuja arrecadação é destinada
integralmente aos estados e ao Distrito Federal.

Em resumo, a repartição das receitas tributárias é um mecanismo importante para garantir a


distribuição equitativa dos recursos arrecadados com a tributação entre as diferentes esferas
de governo, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do país.
2. Tributo.
2.1 Conceito.
Tributo é uma obrigação imposta pelo Estado aos cidadãos e empresas para arrecadar recursos
financeiros, com o objetivo de financiar as atividades públicas, tais como saúde, educação,
segurança, infraestrutura, entre outras.

O conceito de tributo é definido pelo Código Tributário Nacional (CTN), que estabelece que
tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada.

Assim, podemos entender que para que um pagamento seja considerado um tributo, é preciso
que atenda a alguns requisitos básicos:

Prestação pecuniária: a obrigação deve ser de pagamento em dinheiro ou em bens cujo valor
possa ser expresso em moeda;

Compulsoriedade: a obrigação deve ser imposta por lei, não podendo ser facultativa;

Legalidade: a criação do tributo deve estar prevista em lei;

Não constituição de sanção: o tributo não pode ser considerado uma penalidade por um ato
ilícito;

Atividade administrativa plenamente vinculada: a administração pública deve atuar de acordo


com as regras estabelecidas em lei para a cobrança e fiscalização do tributo.

Os tributos podem ser classificados em três categorias principais: impostos, taxas e


contribuições de melhoria. Os impostos são tributos que incidem sobre a renda, o patrimônio
ou o consumo, enquanto as taxas são cobradas em razão do exercício do poder de polícia ou
pela utilização de serviços públicos específicos e divisíveis. Já as contribuições de melhoria são
tributos criados em virtude de valorização imobiliária decorrente de obras públicas.

Portanto, o tributo é um instrumento fundamental do Estado para a arrecadação de recursos


financeiros, sendo regulado pelo Código Tributário Nacional e demais legislações específicas.

2.2 Natureza jurídica.


A natureza jurídica do tributo se refere à sua posição no ordenamento jurídico, ou seja, ao seu
enquadramento em uma determinada categoria jurídica. É importante entender a natureza
jurídica do tributo para compreender suas características, seu regime jurídico e suas
implicações para os contribuintes.

A natureza jurídica do tributo é definida pelo seu elemento essencial, que é o critério que
determina a sua essência e o distingue das demais espécies tributárias.

A natureza jurídica do tributo é relevante para determinar as normas aplicáveis à sua


instituição, cobrança e fiscalização. Também pode ser importante para a definição da
competência tributária, que é a atribuição dada pela Constituição a cada ente federativo
(União, estados, Distrito Federal e municípios) para instituir determinados tributos. Além disso,
a natureza jurídica do tributo pode influenciar a sua base de cálculo, alíquota, prazo para
pagamento, entre outros aspectos relevantes para os contribuintes.
2.3 Espécies.
O Direito Tributário prevê diversas espécies de tributos, cada uma com características e regras
específicas. As principais espécies tributárias são:

O Código Tributário Nacional estabelece que os tributos podem ser classificados em três
categorias principais, conforme seu elemento essencial:

2.4 Imposto.
Impostos: tributo cujo fato gerador é a situação de fato que a lei define como necessária e
suficiente à sua ocorrência. O imposto não está vinculado a uma atividade estatal específica e
sua arrecadação é destinada ao financiamento das despesas públicas em geral.

2.5 Taxa.
Taxas: tributo que tem como fato gerador o exercício regular do poder de polícia ou a utilização
efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou
postos à sua disposição. A taxa está vinculada a uma atividade estatal específica e sua
arrecadação é destinada ao custeio dessa atividade.

2.6 Contribuição de melhoria.


Contribuições de melhoria: tributo criado em virtude de valorização imobiliária decorrente de
obras públicas. O fato gerador da contribuição de melhoria é a valorização imobiliária, que
deve ser comprovada por meio de avaliação específica.

2.7 Empréstimo compulsório.


O empréstimo compulsório é uma espécie de tributo previsto na Constituição Federal de 1988
e regulamentado pela Lei nº 4.156/1962. Ele é uma espécie de tributo especial e possui
algumas particularidades em relação aos demais tributos.

O empréstimo compulsório é uma espécie de tributo que pode ser instituída pela União, em
casos de guerra externa ou sua iminência, ou de calamidade pública que comprometa a
capacidade financeira ou de investimento do Estado. O objetivo do empréstimo compulsório é
obter recursos extraordinários para suprir as necessidades financeiras do Estado em situações
de emergência.

Diferentemente dos impostos, taxas e contribuições, o empréstimo compulsório tem natureza


jurídica de empréstimo e não de tributo, já que o valor arrecadado deve ser devolvido aos
contribuintes após o término do evento que justificou sua instituição. Assim, o empréstimo
compulsório não pode ser utilizado para fins diversos daqueles que justificaram sua instituição,
nem pode ser destinado a outras finalidades que não a reposição dos recursos arrecadados
aos contribuintes.

O empréstimo compulsório também possui outras particularidades, como a sua base de cálculo
e a forma de restituição aos contribuintes. A base de cálculo do empréstimo compulsório é
definida em lei e pode ser, por exemplo, o valor das vendas de determinado produto ou
serviço. A restituição do valor arrecadado deve ser feita ao final do prazo estabelecido em lei,
com correção monetária e juros. Além disso, a restituição pode ser realizada por meio de
abatimento em tributos a serem pagos pelos contribuintes, desde que isso esteja previsto em
lei.

Em resumo, o empréstimo compulsório é uma espécie de tributo especial que pode ser
instituída pela União em casos de guerra externa ou calamidade pública que comprometa a
capacidade financeira ou de investimento do Estado. Ele possui natureza jurídica de
empréstimo e sua arrecadação deve ser restituída aos contribuintes após o término do
evento que justificou sua instituição.

2.8 Contribuições.
As contribuições têm como finalidade específica o custeio de atividades estatais de interesse
público, sendo que sua instituição deve estar prevista em lei complementar e observar os
requisitos constitucionais de legalidade, anterioridade e nonagesimalidade. Além disso, as
contribuições podem ser cobradas tanto pela União, como pelos Estados, Distrito Federal e
Municípios.

As contribuições podem ser classificadas em três tipos: as contribuições sociais, as


contribuições de intervenção no domínio econômico e as contribuições de interesse de
categorias profissionais ou econômicas.

As contribuições sociais são aquelas destinadas ao financiamento da seguridade social, que


compreende a saúde, a previdência social e a assistência social. Já as contribuições de
intervenção no domínio econômico são aquelas cobradas em razão do exercício do poder de
polícia ou pela utilização de recursos naturais, entre outras finalidades. Por fim, as
contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas são aquelas destinadas
a custear atividades específicas de determinada categoria profissional ou econômica.

No que se refere ao tratamento tributário das contribuições, é importante destacar que elas
estão sujeitas aos mesmos princípios e regras aplicáveis aos demais tributos, tais como o
princípio da legalidade, anterioridade, nonagesimalidade, entre outros. Além disso, a
Constituição Federal estabelece que as contribuições não podem ter fato gerador ou base de
cálculo idênticos aos impostos, o que impede a sua utilização como forma de substituição
tributária.

No que tange ao controle das contribuições, é importante destacar que a competência para
julgar as demandas relacionadas às contribuições é atribuída à Justiça Federal. Além disso, as
contribuições podem ser objeto de ações de inconstitucionalidade perante o Supremo
Tribunal Federal, com base no controle concentrado de constitucionalidade.

Em resumo, o Direito Tributário sobre as contribuições é um tema amplo e complexo, que


envolve diversos aspectos jurídicos relacionados à sua instituição, arrecadação, controle e
aplicação. É fundamental que os contribuintes estejam atentos às normas tributárias que
regulam as contribuições, a fim de evitar eventuais problemas fiscais e garantir a sua
conformidade com a legislação vigente.

3. Competência tributária.
No Direito Tributário, a competência tributária é a atribuição conferida pela Constituição
Federal aos entes políticos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) para instituir e
arrecadar tributos. A classificação da competência tributária é importante para definir quais
tributos cada ente político pode instituir, bem como para evitar conflitos de competência.

A Constituição Federal prevê a repartição de competências tributárias entre os entes políticos,


estabelecendo as bases legais para que cada um possa criar tributos. A competência tributária
é classificada em exclusiva, privativa e residual.
A competência tributária exclusiva é aquela que somente pode ser exercida por um único ente
político, sem a possibilidade de delegação ou transferência a outros entes. São exemplos de
competência tributária exclusiva da União a instituição de impostos sobre renda, produtos
industrializados e comércio exterior.

A competência tributária privativa é aquela que pode ser exercida por um único ente político,
mas que permite a delegação ou transferência a outros entes por meio de convênios ou
acordos. São exemplos de competência tributária privativa dos Estados a instituição de
impostos sobre herança e doações e a cobrança de taxas de licença para veículos.

Por fim, a competência tributária residual é aquela que permite aos Estados, Distrito Federal e
Municípios instituir tributos não previstos na Constituição Federal, desde que respeitados os
princípios gerais do Direito Tributário e não invadida a competência tributária exclusiva da
União. Essa competência é denominada residual porque somente pode ser exercida após a
União e os demais entes políticos terem exercido suas competências tributárias.

É importante ressaltar que a competência tributária é uma atribuição vinculada à


Constituição Federal, ou seja, somente pode ser exercida nos limites e condições previstos na
legislação. Qualquer excesso ou violação aos princípios e normas do Direito Tributário pode
acarretar a nulidade do tributo e a responsabilização dos agentes públicos envolvidos.

3.1 Classificação.
A classificação da competência tributária é fundamental para evitar conflitos entre os entes
políticos e para garantir a segurança jurídica na instituição e arrecadação dos tributos.

3.2 Exercício da competência tributária.


O exercício da competência tributária é a concretização da atribuição conferida pela
Constituição Federal aos entes políticos para instituir e arrecadar tributos. E eO exercício da
competência tributária deve ser pautado pelos princípios e normas do Direito Tributário,
garantindo a legalidade, a justiça e a efetividade na arrecadação dos tributos.

O exercício da competência tributária compreende diversas etapas, desde a elaboração das


leis que instituem os tributos, passando pela fiscalização e cobrança, até a destinação dos
recursos arrecadados.

A elaboração das leis tributárias é um dos principais exercícios da competência tributária.


Cabe aos entes políticos criar leis que estabeleçam a base de cálculo, a alíquota e a forma de
cobrança dos tributos, sempre observando as normas e princípios do Direito Tributário. Além
disso, é importante que as leis tributárias sejam claras, precisas e coerentes com a realidade
econômica e social do país.

Outro exercício da competência tributária é a fiscalização dos contribuintes para garantir o


cumprimento das obrigações tributárias. Essa fiscalização pode ser realizada por meio de
auditorias, análise de documentos e registros contábeis, além de outras formas de controle
previstas em lei. A fiscalização é importante para evitar a sonegação fiscal e garantir a justiça na
arrecadação dos tributos.

O exercício da competência tributária também envolve a cobrança dos tributos devidos pelos
contribuintes. Cabe aos entes políticos utilizar os meios legais para cobrar os tributos em
atraso, como a inscrição na dívida ativa, a execução fiscal e a cobrança judicial. A cobrança deve
ser realizada de forma justa e proporcional, garantindo os direitos dos contribuintes e evitando
abusos por parte do Estado.
Por fim, o exercício da competência tributária também abrange a destinação dos recursos
arrecadados aos fins previstos em lei. É importante que os recursos sejam aplicados de forma
eficiente e transparente, garantindo a realização das políticas públicas e o atendimento às
necessidades da sociedade.

Em resumo, o exercício da competência tributária deve ser realizado de forma responsável,


observando os princípios e normas do Direito Tributário, garantindo a legalidade, a justiça e a
efetividade na arrecadação dos tributos.

3.3 Capacidade tributária ativa.


A capacidade tributária ativa, por sua vez, é exercida pelos órgãos responsáveis pela
arrecadação dos tributos, como as secretarias da fazenda, os departamentos de tributos ou
outras entidades designadas para tal função. Esses órgãos são responsáveis por emitir os
documentos fiscais necessários para o pagamento dos tributos, como notas fiscais, guias de
recolhimento, entre outros. Além disso, eles também são responsáveis por fiscalizar o
cumprimento das obrigações tributárias pelos contribuintes, aplicando multas e penalidades
quando necessário.

Vale ressaltar que a capacidade tributária ativa deve ser exercida de forma adequada e
dentro dos limites estabelecidos pela Constituição Federal e pelas leis tributárias. Caso haja
abuso por parte dos órgãos responsáveis pela arrecadação, os contribuintes têm o direito de
recorrer aos órgãos competentes para questionar a legalidade dos atos praticados.

3.4 Imunidade tributária.


Imunidade tributária é um conceito do Direito Tributário que estabelece que determinadas
pessoas, instituições ou situações estão isentas do pagamento de determinados tributos. Em
outras palavras, é uma forma de proteção que a Constituição Federal concede a alguns
contribuintes para que não sejam obrigados a arcar com certas obrigações tributárias.

A imunidade tributária está prevista na Constituição Federal e é uma forma de proteger


determinados interesses da sociedade e garantir a sua autonomia. Alguns exemplos de
imunidade tributária são a imunidade de impostos sobre patrimônio, renda ou serviços,
concedida a entidades filantrópicas sem fins lucrativos; a imunidade de impostos sobre
livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão; e a imunidade de impostos
sobre operações que destinem bens a exportação.

A imunidade tributária difere da isenção de tributos, que é uma forma de redução ou dispensa
do pagamento de tributos concedida por lei. Enquanto a imunidade é um direito previsto na
Constituição e não pode ser revogado por lei ordinária, a isenção é uma concessão legal e
pode ser alterada ou revogada pelo legislador a qualquer momento.

Além disso, é importante destacar que a imunidade tributária não é absoluta e pode ser
interpretada restritivamente pelo Judiciário. Em outras palavras, a interpretação da
imunidade tributária deve ser feita com cautela, para evitar que situações que não se
enquadram no seu âmbito de proteção sejam beneficiadas.

3.5 Distinção entre imunidade, isenção e não incidência.


A imunidade, a isenção e a não incidência são conceitos importantes no Direito Tributário,
mas apresentam diferenças significativas.

A imunidade tributária é um direito constitucional concedido a algumas pessoas, instituições


ou situações que as isentam do pagamento de determinados tributos. Ela decorre diretamente
da Constituição Federal e é uma forma de proteção a determinados interesses sociais, como a
liberdade de expressão, o exercício de atividades religiosas e a proteção ao patrimônio
cultural.

A isenção tributária, por sua vez, é uma forma de redução ou dispensa do pagamento de
tributos concedida por lei. Ela não decorre diretamente da Constituição Federal, mas é uma
forma de incentivo ou benefício fiscal concedido pelo Estado a determinadas pessoas,
empresas ou atividades que atendam a certas condições estabelecidas em lei.

Por fim, a não incidência tributária ocorre quando a hipótese de incidência do tributo
prevista na lei não se concretiza, por não estarem presentes todos os elementos necessários
para sua ocorrência. Ou seja, é uma situação em que a lei não prevê a incidência do tributo,
mas não se trata de uma imunidade ou isenção, uma vez que não há direito constitucional ou
benefício fiscal concedido.

É importante destacar que a diferença entre esses conceitos pode ter consequências práticas
importantes, como o direito de restituição de tributos pagos indevidamente ou a
possibilidade de alteração ou revogação da isenção por lei posterior. Por isso, é fundamental
que os contribuintes e operadores do Direito Tributário conheçam bem essas distinções e suas
implicações.

3.6 Imunidades em espécie.


A Constituição Federal prevê diversas imunidades tributárias em espécie, ou seja, específicas
para determinadas situações ou entidades. Algumas das principais imunidades em espécie
são:

 Imunidade de impostos sobre patrimônio, renda ou serviços a entidades filantrópicas


sem fins lucrativos que atendam a certas condições, como a prestação de serviços de
assistência social ou educacional e a não distribuição de lucros;
 Imunidade de impostos sobre templos de qualquer culto, bem como sobre seus
patrimônios, rendas e serviços;
 Imunidade de impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua
impressão;
 Imunidade de impostos sobre operações que destinem bens a exportação;
 Imunidade de impostos sobre o ICMS incidente na prestação de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal.

Além dessas, há outras imunidades previstas na Constituição Federal, como a imunidade de


contribuições sociais incidentes sobre o salário-educação e a imunidade de impostos sobre
os partidos políticos, suas fundações e as entidades sindicais de trabalhadores.

É importante destacar que a interpretação dessas imunidades pode gerar divergências e


discussões jurídicas, uma vez que é necessário avaliar se determinada situação ou entidade
se enquadra nos requisitos estabelecidos pela Constituição Federal para usufruir da
imunidade. Por isso, é fundamental contar com assessoria jurídica especializada em Direito
Tributário para avaliar a situação específica e garantir o direito à imunidade, quando
aplicável.

4. Fontes do Direito Tributário.


As fontes do Direito Tributário são os meios pelos quais as normas jurídicas tributárias são
criadas e aplicadas. As principais fontes do Direito Tributário são:
4.1 Constituição Federal de 1988.
Constituição Federal: a Constituição Federal é a principal fonte do Direito Tributário, uma vez
que estabelece as bases e os princípios que orientam a instituição e a cobrança de tributos no
país.

4.2 Leis complementares.


As leis complementares são uma das principais fontes do Direito Tributário no Brasil. Elas são
elaboradas pelo Congresso Nacional e possuem caráter complementar à Constituição Federal,
sendo necessárias para regulamentar questões tributárias específicas que não foram
abordadas na legislação ordinária.

Uma das principais características das leis complementares é que elas exigem quórum
qualificado para aprovação no Congresso Nacional, ou seja, maioria absoluta dos votos dos
parlamentares em ambas as Casas Legislativas (Câmara dos Deputados e Senado Federal).

As leis complementares têm diversas aplicações no Direito Tributário, podendo estabelecer


normas sobre a competência tributária, as limitações ao poder de tributar, a organização e
funcionamento dos órgãos responsáveis pela administração tributária, entre outras questões.

Um exemplo de lei complementar importante no Direito Tributário brasileiro é a Lei


Complementar nº 116/2003, que dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer
Natureza (ISSQN) e estabelece regras para sua cobrança pelos municípios brasileiros. A lei
complementar também pode ser utilizada para modificar ou revogar outras leis
complementares ou ordinárias que tratam de questões tributárias.

4.3 Leis ordinárias e atos equivalentes.


As leis ordinárias são outra fonte importante do Direito Tributário no Brasil. Elas são
elaboradas pelo Congresso Nacional e regulamentam questões tributárias gerais, tais como a
criação, a extinção e a modificação de tributos, as bases de cálculo, as alíquotas e as isenções
fiscais.

Além das leis ordinárias, os atos equivalentes também são fontes importantes do Direito
Tributário.

Os atos equivalentes são normas elaboradas pelo Poder Executivo que possuem força de lei
em determinadas situações, como os decretos-leis, as medidas provisórias, os decretos e as
portarias.

Os decretos-leis são normas elaboradas pelo Presidente da República que têm força de lei em
casos de urgência e relevância, enquanto as medidas provisórias são editadas pelo Presidente
da República em situações de relevância e urgência e possuem força de lei imediata, mas
devem ser aprovadas pelo Congresso Nacional em até 120 dias.

Os decretos são normas elaboradas pelo Poder Executivo que regulamentam as leis tributárias
e estabelecem detalhes sobre sua aplicação prática, tais como as normas de arrecadação e
fiscalização dos tributos.

Já as portarias são normas expedidas pelas autoridades fiscais para regulamentar


procedimentos administrativos tributários, tais como os procedimentos de fiscalização e
cobrança de tributos.
As leis ordinárias e os atos equivalentes são importantes fontes do Direito Tributário, pois
estabelecem as regras específicas para a cobrança dos tributos e regulamentam a
administração tributária.

4.4 Tratados internacionais.


Os tratados internacionais são uma importante fonte do Direito Tributário no Brasil,
especialmente em relação aos impostos sobre o comércio internacional e as operações
financeiras com o exterior. Os tratados internacionais têm como objetivo promover a
cooperação entre países e garantir a proteção dos investimentos estrangeiros.

No âmbito do Direito Tributário, os tratados internacionais são relevantes porque


estabelecem regras sobre a tributação de pessoas e empresas que realizam atividades
comerciais e financeiras em mais de um país. Esses tratados geralmente estabelecem limites
para a tributação pelo país de origem e pelo país de destino, com o objetivo de evitar a dupla
tributação.

No Brasil, os tratados internacionais de natureza tributária são celebrados pelo Presidente da


República, após a aprovação do Congresso Nacional. Eles são incorporados ao ordenamento
jurídico brasileiro por meio de decreto presidencial, passando a ter força de lei no país.

Os tratados internacionais de natureza tributária são importantes fontes do Direito Tributário


porque possuem hierarquia superior às leis ordinárias e estão em conformidade com a
Constituição Federal. Isso significa que, em caso de conflito entre uma lei tributária nacional e
um tratado internacional, prevalecerá o que estiver estabelecido no tratado.

4.5 Atos do poder executivo federal com força de lei material.


Os atos do poder executivo federal com força de lei material são outra importante fonte do
Direito Tributário. Esses atos são expedidos por autoridades administrativas do Poder
Executivo federal e possuem efeitos normativos, ou seja, criam obrigações e direitos para os
contribuintes.

Dentre os atos do poder executivo federal com força de lei material, destacam-se as medidas
provisórias, os decretos e as portarias. As medidas provisórias são editadas pelo Presidente
da República em situações de relevância e urgência e possuem força de lei imediata, mas
devem ser aprovadas pelo Congresso Nacional em até 120 dias. Os decretos são normas
elaboradas pelo Poder Executivo que regulamentam as leis tributárias e estabelecem detalhes
sobre sua aplicação prática, tais como as normas de arrecadação e fiscalização dos tributos. Já
as portarias são normas expedidas pelas autoridades fiscais para regulamentar procedimentos
administrativos tributários, tais como os procedimentos de fiscalização e cobrança de tributos.

É importante ressaltar que, para terem força de lei material, os atos do poder executivo federal
devem estar em conformidade com a Constituição Federal e as leis tributárias. Caso
contrário, eles podem ser questionados judicialmente pelos contribuintes.

Em resumo, os atos do poder executivo federal com força de lei material são fontes
importantes do Direito Tributário, pois estabelecem obrigações e direitos para os
contribuintes e regulamentam detalhes sobre a aplicação prática das leis tributárias.

4.6 Atos exclusivos do poder legislativo.


Os atos exclusivos do poder legislativo também são fontes importantes do Direito Tributário.
Esses atos são elaborados pelos representantes eleitos do povo no Congresso Nacional, que
possuem a competência constitucional de legislar sobre matéria tributária.
Entre os atos exclusivos do poder legislativo destacam-se as emendas constitucionais e as leis
complementares e ordinárias.

As emendas constitucionais são alterações na Constituição Federal e possuem o mesmo nível


hierárquico da própria Constituição. Elas podem modificar regras tributárias, tais como a
definição de competências tributárias e a criação de impostos.

Já as leis complementares são normas elaboradas pelo Congresso Nacional para regulamentar
dispositivos constitucionais e possuem hierarquia superior às leis ordinárias. Elas tratam de
temas específicos, tais como normas gerais de direito tributário, criação e extinção de tributos,
regime de arrecadação, fiscalização e cobrança de tributos.

As leis ordinárias, por sua vez, são elaboradas pelo Congresso Nacional para tratar de temas
de interesse geral. Elas possuem hierarquia inferior às leis complementares e são elaboradas
com base na Constituição Federal e nas leis tributárias já existentes. As leis ordinárias podem
tratar de temas tributários como, por exemplo, a concessão de isenções fiscais ou a criação de
regimes especiais de tributação.

Em resumo, os atos exclusivos do poder legislativo são fontes fundamentais do Direito


Tributário, pois têm a competência de elaborar as leis tributárias que regem as relações entre o
Estado e os contribuintes. Eles estabelecem os direitos e as obrigações dos contribuintes em
relação aos tributos e definem as competências tributárias dos entes federativos.

4.7 Convênios.
Os convênios são uma das fontes do Direito Tributário no âmbito da Federação brasileira. Eles
são acordos celebrados entre os entes federativos (União, estados, Distrito Federal e
municípios) com o objetivo de regular assuntos de interesse comum, incluindo a matéria
tributária.

Os convênios são regulamentados pela Lei Complementar nº 24/75, que dispõe sobre a
celebração de convênios para a concessão de isenções fiscais. Além disso, a Constituição
Federal de 1988 estabelece a competência dos estados para celebrar convênios para a gestão e
arrecadação de tributos de competência própria.

Entre os convênios mais comuns no Direito Tributário brasileiro, destacam-se aqueles que
envolvem a concessão de incentivos fiscais, como a isenção de tributos estaduais e
municipais para empresas que se instalam em determinada região ou que realizam
investimentos em determinados setores. Também existem convênios para a uniformização de
procedimentos fiscais entre os entes federativos, facilitando a arrecadação e fiscalização dos
tributos.

É importante ressaltar que os convênios possuem natureza jurídica de contrato e devem


respeitar os princípios constitucionais e legais aplicáveis à matéria tributária. Além disso, os
convênios celebrados pelos estados devem ser ratificados pelo Conselho Nacional de Política
Fazendária (CONFAZ), órgão que tem a competência de regulamentar e coordenar as políticas
fiscais entre os entes federativos.

Em resumo, os convênios são fontes do Direito Tributário que permitem a cooperação entre os
entes federativos para regular assuntos de interesse comum, incluindo a matéria tributária.
Eles podem envolver a concessão de incentivos fiscais e a uniformização de procedimentos
fiscais, entre outros assuntos.
4.8 Decretos regulamentares.
Os decretos regulamentares também são uma das fontes do Direito Tributário brasileiro. Eles
são editados pelo poder executivo (presidente da República, governadores e prefeitos) com o
objetivo de regulamentar leis tributárias, detalhando regras, procedimentos e normas para
sua aplicação.

Os decretos regulamentares têm sua base na Constituição Federal, que atribui ao chefe do
poder executivo a competência para regulamentar as leis mediante decreto. Além disso, o
Código Tributário Nacional prevê em seu artigo 97 que a regulamentação da legislação
tributária pode ser feita por meio de decretos.

Dentre os principais temas que podem ser objeto de regulamentação por decretos estão a
instituição e a arrecadação de tributos, a fiscalização e o controle tributário, a concessão de
benefícios fiscais, dentre outros.

Vale ressaltar que, segundo o princípio da legalidade, os decretos regulamentares não podem
inovar na ordem jurídica, criando obrigações ou concedendo isenções que não estejam
previstas na lei. Ou seja, eles não podem contrariar a lei tributária, mas apenas regulamentá-la
de forma mais detalhada.

Em resumo, os decretos regulamentares são fontes do Direito Tributário que regulamentam as


leis tributárias, detalhando regras, procedimentos e normas para sua aplicação. Eles são
editados pelo poder executivo e têm como base a Constituição Federal e o Código Tributário
Nacional. É importante que eles não inovem na ordem jurídica, mas apenas regulamentem a
lei de forma mais detalhada.

4.9 Normas complementares.


As normas complementares são outra importante fonte do Direito Tributário brasileiro. Elas
são editadas pela Administração Pública, com a finalidade de complementar as leis
tributárias e as regulamentações estabelecidas pelos decretos. As normas complementares
são, portanto, uma espécie de sub-regulamentação, que visa orientar a aplicação das leis
tributárias e regulamentá-las de forma mais detalhada.

Essas normas são editadas por autoridades administrativas que possuem competência para
isso, como por exemplo, os secretários estaduais da fazenda, os diretores da Receita Federal,
os delegados da Receita Federal, entre outros. São exemplos de normas complementares as
portarias, os atos declaratórios, as instruções normativas, as resoluções, as ordens de serviço,
entre outras.

As normas complementares têm como objetivo principal detalhar o alcance e a aplicação das
leis tributárias, bem como estabelecer procedimentos e normas para a sua aplicação. Elas
também podem criar obrigações acessórias, ou seja, obrigações que não estão diretamente
relacionadas com o pagamento de tributos, mas que são necessárias para a correta aplicação
das leis tributárias, como a emissão de notas fiscais, a escrituração contábil, entre outras.

Vale ressaltar que as normas complementares não podem inovar no ordenamento jurídico,
criando obrigações ou concedendo isenções que não estejam previstas na lei. Elas devem ser
elaboradas de forma a complementar e a interpretar a legislação tributária de forma a torná-
la mais clara e eficiente.

Em resumo, as normas complementares são uma fonte do Direito Tributário brasileiro que visa
complementar e interpretar as leis tributárias, bem como estabelecer procedimentos e normas
para a sua aplicação. Elas são editadas pela Administração Pública e têm como objetivo
detalhar o alcance e a aplicação das leis tributárias, bem como criar obrigações acessórias. É
importante destacar que elas não podem inovar na ordem jurídica, mas apenas complementar
e interpretar a legislação tributária.

5. Vigência, aplicação, interpretação e integração da legislação


tributária.
Vigência da legislação tributária:

A vigência da legislação tributária inicia-se 90 dias após a sua publicação oficial. O prazo pode
ser reduzido ou ampliado por lei, a depender da matéria regulamentada. Vale lembrar que a
legislação tributária pode ter sua vigência suspensa ou interrompida em alguns casos
específicos.

Aplicação da legislação tributária:

A aplicação da legislação tributária é regulada pela própria lei tributária, devendo ser
observada sua finalidade e o bem comum. A aplicação das normas tributárias deve ser feita de
acordo com as regras estabelecidas, sendo vedado aos agentes públicos a utilização de
interpretações extensivas ou analógicas que impliquem em cobrança de tributo não previsto
em lei.

Interpretação da legislação tributária:

A interpretação da legislação tributária é feita de acordo com as regras do Código Tributário


Nacional (CTN), devendo ser observado o princípio da legalidade e a sua finalidade. A
interpretação deve ser sempre restritiva, não podendo ser utilizada para ampliar a cobrança de
tributos não previstos em lei.

Integração da legislação tributária:

A integração da legislação tributária é feita quando uma lei tributária deixa lacunas que
precisam ser preenchidas. A integração é feita por meio de uma das seguintes formas:
analogia, princípios gerais de direito tributário, jurisprudência e equidade.

A analogia é utilizada quando a lei tributária deixa lacunas e existe uma outra lei tributária com
disposições semelhantes, aplicando-se o mesmo entendimento a ambas as leis.

Os princípios gerais de direito tributário são aplicados quando não existe norma específica para
a situação em questão. Nesse caso, deve-se recorrer aos princípios gerais do direito tributário,
tais como o princípio da legalidade, da igualdade, da capacidade contributiva, entre outros.

A jurisprudência é utilizada quando existe decisão judicial que tratou de questão semelhante e
pacificou o entendimento sobre o tema.

Por fim, a equidade é utilizada quando, mesmo após a aplicação das outras formas de
integração, a lacuna persiste. Nesse caso, o juiz ou o administrador público deve buscar a
solução mais justa e razoável para a situação em questão, de forma a atender ao interesse
público.
6. Obrigação tributária.
A obrigação tributária é uma relação jurídica estabelecida entre o sujeito passivo
(contribuinte ou responsável) e o Estado, decorrente do fato gerador da obrigação de pagar
tributos. Em outras palavras, é o vínculo jurídico que surge quando ocorre um fato previsto em
lei como gerador da obrigação tributária, dando ao Estado o direito de exigir do contribuinte o
pagamento do tributo devido.

6.1 Definição e natureza jurídica.


A natureza jurídica da obrigação tributária é de direito público, ou seja, é uma obrigação de
cunho fiscal e não se confunde com as obrigações de direito privado. Ela é regida por normas e
princípios próprios do direito tributário, que visam garantir a arrecadação dos tributos
necessários para o funcionamento do Estado.

A obrigação tributária tem como principais elementos o sujeito ativo (o ente federativo que
tem o direito de exigir o tributo), o sujeito passivo (o contribuinte ou responsável pelo
pagamento do tributo), o objeto (o tributo a ser pago), a base de cálculo (o critério utilizado
para determinar o valor do tributo) e a alíquota (a taxa percentual aplicada sobre a base de
cálculo para definir o valor do tributo).

Vale ressaltar que a obrigação tributária pode ser principal ou acessória. A obrigação tributária
principal é aquela que tem como objeto o pagamento do tributo, enquanto a obrigação
tributária acessória tem como objeto o cumprimento de deveres formais, como a entrega de
declarações e o cumprimento de obrigações acessórias.

6.2 Obrigação principal e acessória.


A obrigação tributária é composta por duas partes distintas: a obrigação principal e a obrigação
acessória.

A obrigação principal é o dever de pagar o tributo ou contribuição. É a obrigação central da


relação jurídico-tributária, que se configura quando ocorre o fato gerador, ou seja, a situação
que a lei considera suficiente para a sua ocorrência, como por exemplo, a venda de um produto
ou a prestação de um serviço. A obrigação principal é indivisível, o que significa que o
pagamento parcial do tributo não é aceito.

A obrigação acessória, por sua vez, é o dever de cumprir as formalidades previstas na


legislação tributária, que são necessárias para apuração e pagamento do tributo. As
obrigações acessórias são todas as exigências administrativas que não sejam relacionadas ao
pagamento em si, mas que sejam necessárias para o controle e fiscalização da obrigação
principal, como a emissão de notas fiscais, a entrega de declarações, entre outras. O não
cumprimento das obrigações acessórias pode gerar multas e outras sanções, mesmo que o
tributo tenha sido pago corretamente.

Em resumo, a obrigação principal se refere ao pagamento do tributo em si, enquanto a


obrigação acessória diz respeito ao cumprimento das formalidades necessárias para a
apuração e pagamento do tributo. Ambas as obrigações são importantes para o
funcionamento do sistema tributário e devem ser cumpridas pelos contribuintes.
6.3 Fato gerador.
O fato gerador é o evento previsto em lei que dá origem à obrigação tributária. É a situação
concreta que a lei considera suficiente para que surja a obrigação de pagar um tributo.

O fato gerador pode ser uma atividade, um negócio jurídico, uma circunstância, ou qualquer
outra situação prevista na legislação tributária.

Por exemplo, o fato gerador do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana
(IPTU) é a propriedade de imóvel urbano; o fato gerador do Imposto sobre a Renda (IR) é o
recebimento de rendimentos; e o fato gerador do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) é a circulação de mercadorias ou a prestação de serviços de transporte
intermunicipal ou interestadual.

O fato gerador pode ser instantâneo, quando ocorre em um único momento, como no caso do
imposto sobre a venda de um produto. Pode também ser continuado, quando a situação que
caracteriza o fato gerador se prolonga no tempo, como no caso do imposto sobre a
propriedade de imóveis.

O conhecimento do fato gerador é essencial para que o contribuinte saiba quando e em que
circunstâncias ele será obrigado a pagar um tributo. Além disso, é importante que o
contribuinte cumpra com todas as obrigações acessórias previstas na legislação tributária, para
evitar problemas com o fisco.

6.4 Sujeito ativo.


O sujeito ativo da obrigação tributária é o ente público, seja ele a União, os Estados, os
Municípios ou o Distrito Federal, que detém o direito de exigir o pagamento do tributo. É o
sujeito que tem o poder de fiscalizar e cobrar os tributos devidos pelos contribuintes.

O sujeito ativo é responsável por instituir o tributo, fixar as alíquotas, definir as hipóteses de
incidência e estabelecer as regras de cobrança. Ele também tem o dever de fiscalizar o
cumprimento das obrigações tributárias pelos contribuintes e aplicar as sanções previstas em
lei em caso de descumprimento.

Por exemplo, no caso do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), o


sujeito ativo é o Estado, que tem o poder de exigir o pagamento do tributo dos proprietários
de veículos automotores registrados em seu território.

O sujeito ativo pode delegar a competência de fiscalização e cobrança dos tributos a outros
órgãos, como é o caso da Receita Federal, que atua em nome da União para fiscalizar e cobrar
os tributos federais.

Em resumo, o sujeito ativo é o ente público que detém o poder de fiscalização e cobrança dos
tributos, e é responsável por instituir e regulamentar as obrigações tributárias.

6.5 Sujeito passivo.


O sujeito passivo da obrigação tributária é a pessoa física ou jurídica que é obrigada por lei a
pagar o tributo ou a cumprir as obrigações acessórias. É o contribuinte que tem a obrigação
legal de arcar com o ônus financeiro do tributo ou cumprir com as formalidades previstas na
legislação tributária.
O sujeito passivo pode ser o contribuinte de direito, que é aquele que realiza a hipótese de
incidência do tributo prevista na lei, ou o contribuinte de fato, que é aquele que suporta o ônus
financeiro do tributo, mesmo que não seja o contribuinte de direito.

Por exemplo, no caso do Imposto sobre a Renda (IR), o contribuinte de direito é a pessoa física
ou jurídica que aufere a renda, enquanto o contribuinte de fato é aquele que suporta o ônus
financeiro do tributo, que pode ser a própria pessoa física ou jurídica ou terceiros, como
clientes e fornecedores.

O sujeito passivo também tem o dever de cumprir com as obrigações acessórias previstas na
legislação tributária, como a emissão de notas fiscais, a entrega de declarações e o
recolhimento de tributos retidos na fonte, entre outras.

É importante que o sujeito passivo esteja sempre atento às suas obrigações tributárias, para
evitar problemas com o fisco e possíveis sanções, como multas e juros. Em caso de dúvidas, é
recomendável buscar orientação de um profissional contábil ou advogado especializado em
direito tributário.

6.6 Solidariedade.
A solidariedade na obrigação tributária ocorre quando mais de uma pessoa é responsável
pelo pagamento do mesmo tributo, seja de forma conjunta ou alternativa. É uma situação em
que dois ou mais sujeitos passivos possuem uma obrigação tributária idêntica em relação ao
mesmo sujeito ativo.

No caso da solidariedade ativa, todos os sujeitos passivos têm a obrigação de pagar


integralmente o tributo devido. Isso significa que, se um dos devedores não cumprir com a
obrigação tributária, os demais sujeitos passivos poderão ser acionados para pagar o valor
integral do tributo.

Já na solidariedade passiva, o sujeito ativo pode cobrar o tributo de qualquer um dos sujeitos
passivos, que se tornam solidariamente responsáveis pelo seu pagamento. Isso significa que,
se um dos sujeitos passivos pagar integralmente o tributo, ele poderá cobrar dos demais
sujeitos passivos a parte que lhes cabe.

A solidariedade pode ocorrer em diversas situações, como no caso de sócios de uma empresa,
responsáveis solidários pelo pagamento dos tributos devidos pela empresa, ou no caso de
fiadores, responsáveis solidários pelo pagamento de tributos devidos pelo devedor principal.

É importante destacar que, em caso de solidariedade, o sujeito ativo pode cobrar o tributo de
qualquer um dos sujeitos passivos, que deverão resolver a questão entre si para definir quem
efetivamente irá arcar com a responsabilidade pelo pagamento.

6.7 Capacidade tributária.


A capacidade tributária é a capacidade jurídica de ser titular de obrigações e direitos
tributários. É a aptidão para ser sujeito ativo ou passivo de uma obrigação tributária.

No caso do sujeito passivo, a capacidade tributária é a aptidão para ser titular de uma
obrigação tributária. Todos os contribuintes, sejam pessoas físicas ou jurídicas, têm capacidade
tributária para cumprir as obrigações previstas na legislação tributária, como pagar tributos e
cumprir com as obrigações acessórias.
Já no caso do sujeito ativo, a capacidade tributária é a aptidão para instituir e exigir tributos.
Isso significa que apenas o Estado, por meio das suas unidades federativas, municípios e União,
têm capacidade tributária ativa para instituir e exigir tributos.

A capacidade tributária é uma condição indispensável para a criação, instituição e exigência de


tributos, uma vez que o tributo é uma obrigação legalmente imposta, e a lei só pode impor
obrigações a quem tem capacidade jurídica para cumpri-las.

A capacidade tributária é uma das bases do sistema tributário nacional, e é regulada pela
Constituição Federal e pelas leis tributárias. É importante que os contribuintes e os órgãos
públicos estejam sempre atentos à capacidade tributária, para evitar problemas legais e
garantir o cumprimento das obrigações tributárias.

6.8 Domicílio tributário.


O domicílio tributário é o endereço eleito pelo contribuinte ou responsável perante a
autoridade tributária, onde serão feitas as comunicações oficiais relativas aos tributos
devidos. É importante ressaltar que o domicílio tributário é diferente do domicílio civil ou
comercial.

A escolha do domicílio tributário é uma obrigação do contribuinte, e deve ser informada às


autoridades fiscais no momento do registro ou da inscrição no cadastro fiscal. É por meio do
domicílio tributário que a autoridade tributária irá notificar o contribuinte sobre a existência
de débitos fiscais, intimações, autuações, entre outras comunicações oficiais.

Caso o contribuinte não informe um domicílio tributário válido ou atualizado, a legislação


tributária estabelece que as comunicações fiscais serão realizadas no endereço do
estabelecimento ou da residência fiscal do contribuinte, conforme o caso.

É importante que o contribuinte mantenha seu domicílio tributário atualizado junto à


autoridade fiscal, para evitar a perda de prazos e omissão de informações relevantes sobre sua
situação fiscal. Em caso de mudança de endereço, o contribuinte deve comunicar
imediatamente a autoridade fiscal, para que a correspondência possa ser entregue
corretamente e sem atrasos.

6.9 Responsabilidade tributária.


A responsabilidade tributária é a obrigação legal de cumprir com as obrigações fiscais perante
a autoridade tributária, podendo ser atribuída a pessoas diferentes do contribuinte direto do
tributo, em razão de uma relação jurídica ou fática com o fato gerador da obrigação tributária.

Existem diferentes tipos de responsabilidade tributária, que podem ser divididos em duas
categorias: responsabilidade solidária e responsabilidade subsidiária.

Na responsabilidade solidária, mais de uma pessoa é responsável pelo pagamento do tributo,


de forma conjunta e solidária. Isso significa que a autoridade fiscal pode cobrar o tributo de
qualquer um dos responsáveis, sem precisar comprovar quem efetivamente causou o fato
gerador da obrigação tributária. Exemplos de responsabilidade solidária são os casos de
responsabilidade dos sócios pelas dívidas tributárias da empresa, ou a responsabilidade dos
fiadores pelo pagamento de tributos devidos pelo devedor principal.

Já na responsabilidade subsidiária, uma pessoa é responsável pelo pagamento do tributo


apenas na ausência do contribuinte direto ou daqueles que são solidários na obrigação.
Nesse caso, a autoridade fiscal deve comprovar que tentou sem sucesso o pagamento do
tributo junto aos demais responsáveis antes de exigir o pagamento do responsável subsidiário.
Exemplo de responsabilidade subsidiária é a responsabilidade do adquirente de bens em
leilão, que pode ser responsabilizado pelo pagamento de tributos atrasados referentes a esse
bem, na hipótese de não haver outras pessoas responsáveis pela obrigação.

A legislação tributária prevê diversas hipóteses de responsabilidade tributária, que devem ser
analisadas caso a caso. É importante destacar que a responsabilidade tributária é uma
obrigação legal, e que o não cumprimento das obrigações fiscais pode levar a sanções
administrativas e até mesmo penais, além do próprio pagamento do tributo devido.

6.10 Responsabilidade dos sucessores.


A responsabilidade dos sucessores é uma forma de responsabilidade tributária prevista na
legislação brasileira, que atribui aos herdeiros e sucessores a responsabilidade pelo
pagamento dos tributos devidos pelo contribuinte falecido.

Isso significa que, após a morte do contribuinte, seus herdeiros e sucessores respondem pelas
dívidas tributárias deixadas por ele, até o limite do valor dos bens e direitos recebidos por
herança ou legado.

A responsabilidade dos sucessores é uma responsabilidade subsidiária, ou seja, a autoridade


fiscal deve esgotar as possibilidades de cobrança junto ao patrimônio do contribuinte
falecido antes de exigir o pagamento dos herdeiros e sucessores.

É importante destacar que a responsabilidade dos sucessores é uma responsabilidade pessoal,


ou seja, não se transfere para os bens e direitos herdados pelos sucessores. Além disso, a
responsabilidade dos sucessores é limitada ao valor dos bens e direitos recebidos por herança
ou legado, não podendo ultrapassar esse limite.

Para evitar a responsabilidade dos sucessores, é importante que o contribuinte esteja em dia
com suas obrigações fiscais e regularize eventuais débitos tributários antes de falecer. Caso
contrário, os herdeiros e sucessores podem ser surpreendidos com dívidas tributárias que
comprometam o patrimônio deixado pelo falecido.

6.11 Responsabilidade de terceiros.


A responsabilidade de terceiros é uma forma de responsabilidade tributária prevista na
legislação brasileira, que atribui a terceiros a responsabilidade pelo pagamento de tributos
devidos por outra pessoa ou empresa.

Existem diversas hipóteses de responsabilidade de terceiros previstas na legislação tributária,


como por exemplo:

Responsabilidade de sócios e administradores: os sócios e administradores de uma empresa


podem ser responsabilizados pelo pagamento de tributos devidos pela empresa, em caso de
descumprimento de obrigações fiscais, como por exemplo, a não emissão de notas fiscais, a
sonegação de informações ou a retenção de tributos na fonte.

Responsabilidade de compradores e vendedores: na aquisição ou venda de bens imóveis, o


comprador e o vendedor podem ser responsabilizados pelo pagamento de tributos devidos
sobre o imóvel, como o Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) ou o Imposto
Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Responsabilidade de fiadores: os fiadores de uma empresa ou pessoa física podem ser
responsabilizados pelo pagamento de tributos devidos por ela, caso não sejam quitados pelo
contribuinte.

Responsabilidade de representantes legais: os representantes legais de uma pessoa ou


empresa, como por exemplo, tutores, curadores ou administradores judiciais, podem ser
responsabilizados pelo pagamento de tributos devidos pela pessoa ou empresa que
representam.

É importante destacar que a responsabilidade de terceiros é uma forma de responsabilidade


subsidiária, ou seja, a autoridade fiscal deve esgotar as possibilidades de cobrança junto ao
contribuinte direto antes de exigir o pagamento dos terceiros responsáveis. Além disso, a
responsabilidade de terceiros é uma obrigação legal, e o não cumprimento das obrigações
fiscais pode levar a sanções administrativas e até mesmo penais, além do próprio pagamento
do tributo devido.

6.12 Responsabilidade por infrações.


A responsabilidade por infrações tributárias é uma forma de responsabilidade prevista na
legislação brasileira, que atribui a responsabilidade pelas infrações fiscais não só ao
contribuinte, mas também a outras pessoas que tenham participado ou colaborado para a
prática da infração.

Existem diversas hipóteses de responsabilidade por infrações tributárias previstas na legislação,


como por exemplo:

Responsabilidade solidária: quando duas ou mais pessoas são responsáveis pelo mesmo fato
gerador, todas elas são responsáveis solidárias pelo pagamento do tributo devido e das multas
decorrentes da infração. Isso significa que a autoridade fiscal pode cobrar o tributo e as multas
de qualquer uma das pessoas responsáveis.

Responsabilidade por substituição: quando uma empresa é responsável por recolher e


repassar um tributo devido por outra pessoa ou empresa, ela pode ser responsabilizada por
infrações cometidas por essa outra pessoa ou empresa. Por exemplo, uma empresa que é
responsável por recolher o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de
seus fornecedores pode ser responsabilizada por eventuais infrações cometidas por esses
fornecedores.

Responsabilidade por omissão: quando uma pessoa tem a obrigação legal de prestar
informações à autoridade fiscal e não o faz, ela pode ser responsabilizada por infrações
decorrentes da omissão. Por exemplo, um contador que não informa à Receita Federal a
movimentação financeira de um de seus clientes pode ser responsabilizado por infrações
decorrentes dessa omissão.

Responsabilidade por conivência: quando uma pessoa colabora para a prática de uma infração
tributária, ela pode ser responsabilizada por essa infração. Por exemplo, um funcionário que
ajuda o empregador a sonegar impostos pode ser responsabilizado por essa infração.

É importante destacar que a responsabilidade por infrações tributárias é uma obrigação legal, e
o não cumprimento das obrigações fiscais pode levar a sanções administrativas e até mesmo
penais, além do próprio pagamento do tributo devido e das multas decorrentes da infração.
7. Crédito tributário.
O crédito tributário é o direito que o Estado tem de exigir o pagamento de um tributo devido
pelo contribuinte. A constituição do crédito tributário é o processo por meio do qual a
autoridade fiscal verifica se há um tributo devido pelo contribuinte e formaliza a sua exigência,
incluindo o valor do tributo, as multas e os juros devidos.

7.1 Constituição de crédito tributário.


A constituição do crédito tributário ocorre em diversas etapas, que podem variar de acordo
com a legislação de cada país, mas que geralmente envolvem os seguintes passos:

Lançamento: é o ato administrativo pelo qual a autoridade fiscal verifica se há um tributo


devido pelo contribuinte, calcula o seu valor, aplica eventuais multas e juros e formaliza a
exigência do pagamento. O lançamento pode ser feito de forma direta, pela própria autoridade
fiscal, ou de forma indireta, quando o contribuinte presta as informações necessárias à
autoridade fiscal para que ela faça o lançamento.

Notificação: após o lançamento, a autoridade fiscal deve notificar o contribuinte para que ele
tome ciência do valor do tributo devido e das multas e juros aplicáveis. A notificação pode ser
feita de forma pessoal, por correspondência ou por meio eletrônico.

Impugnação: o contribuinte tem o direito de impugnar o lançamento e apresentar as suas


razões para contestar o valor do tributo devido, as multas e os juros aplicáveis. A impugnação
deve ser apresentada no prazo previsto na legislação e pode ser julgada pela própria
autoridade fiscal ou por um órgão administrativo independente.

Recurso: se a impugnação for indeferida, o contribuinte ainda tem o direito de recorrer da


decisão, seja na esfera administrativa, seja na esfera judicial.

Cobrança: se o contribuinte não pagar o tributo devido após a constituição do crédito


tributário, a autoridade fiscal pode iniciar a cobrança, por meio de medidas administrativas
(como o protesto de dívida) ou judiciais (como a execução fiscal).

Vale ressaltar que o crédito tributário possui presunção de liquidez e certeza, ou seja,
presume-se que ele está correto e que o contribuinte é devedor do tributo até que ele prove
o contrário. Além disso, o crédito tributário pode ser objeto de parcelamento ou de transação,
em que o contribuinte pode negociar o pagamento do tributo devido com a autoridade fiscal

7.2 Lançamento.
O lançamento é o ato administrativo pelo qual a autoridade fiscal verifica se há um tributo
devido pelo contribuinte, calcula o seu valor, aplica eventuais multas e juros e formaliza a
exigência do pagamento. O lançamento é o momento em que se constitui o crédito tributário,
ou seja, é a partir do lançamento que se inicia a obrigação do contribuinte de pagar o tributo
devido.

7.3 Modalidades de lançamento.


Existem três modalidades de lançamento: o lançamento de ofício, o lançamento por
declaração e o lançamento por homologação.

O lançamento de ofício é aquele realizado pela autoridade fiscal, de forma unilateral, sem a
participação do contribuinte. Ele ocorre quando o contribuinte não apresenta as informações
necessárias para que a autoridade fiscal faça o lançamento ou quando a autoridade fiscal
entende que as informações apresentadas são insuficientes ou inadequadas. O lançamento de
ofício pode ser feito a qualquer tempo, desde que respeitado o prazo prescricional para a
constituição do crédito tributário.

Já o lançamento por declaração é aquele em que o contribuinte apresenta as informações


necessárias para a constituição do crédito tributário, por meio de uma declaração entregue à
autoridade fiscal. Nesse caso, a autoridade fiscal verifica as informações prestadas pelo
contribuinte e formaliza o lançamento. O lançamento por declaração pode ser feito em casos
como o Imposto de Renda e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Por fim, o lançamento por homologação é aquele em que o contribuinte, após realizar o
pagamento do tributo devido, faz a declaração desse pagamento à autoridade fiscal. Nesse
caso, a autoridade fiscal verifica se o valor declarado pelo contribuinte está correto e, se
estiver, homologa o lançamento. O lançamento por homologação ocorre em casos como o
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Serviços (ISS).

Vale lembrar que o lançamento deve observar as normas legais e regulamentares aplicáveis ao
tributo devido e deve ser fundamentado em critérios objetivos e transparentes. Além disso, o
contribuinte tem o direito de ser notificado do lançamento e de impugná-lo, caso discorde do
valor do tributo devido, das multas e juros aplicáveis.

7.4 Suspensão do crédito tributário.


A suspensão do crédito tributário é uma das formas de interrupção da exigibilidade do crédito
tributário, ou seja, é uma situação em que o Fisco não pode cobrar o contribuinte pelo débito
tributário existente, pelo menos temporariamente. Dessa forma, enquanto a suspensão estiver
em vigor, o crédito tributário não poderá ser objeto de execução fiscal ou de qualquer outra
forma de cobrança coercitiva.

Algumas das situações que podem levar à suspensão do crédito tributário incluem:

 Depósito do valor integral do débito em discussão administrativa ou judicial;


 Impugnação do lançamento;
 Concessão de medida liminar em mandado de segurança;
 Concessão de medida liminar em ação judicial que discute a exigibilidade do tributo;
 Ação de repetição do indébito;
 Parcelamento do débito.

Vale destacar que, embora a suspensão da exigibilidade do crédito tributário impeça a


cobrança do tributo, isso não significa que o débito tributário deixou de existir ou que o
contribuinte está isento de pagar o tributo devido. Quando cessar a causa que motivou a
suspensão, o crédito tributário voltará a ser exigível, podendo ser cobrado pelo Fisco.

7.5 Extinção do crédito tributário.


A extinção do crédito tributário é a forma de encerrar a obrigação tributária, extinguindo o
débito existente e impedindo a cobrança do tributo pelo Fisco. Algumas das formas de
extinção do crédito tributário previstas em lei incluem:

Pagamento do tributo devido: o pagamento do tributo, inclusive das multas e juros, extingue o
crédito tributário;

Compensação: a compensação do crédito tributário ocorre quando o contribuinte possui


créditos reconhecidos pelo Fisco que possam ser utilizados para quitar dívidas tributárias;
Transação: a transação é um acordo firmado entre o contribuinte e o Fisco para extinguir o
crédito tributário, podendo ocorrer em casos de dificuldade financeira do contribuinte;

Remissão: a remissão é a extinção do crédito tributário por ato do poder público, como uma
forma de perdão ou renúncia ao crédito tributário;

Prescrição: a prescrição ocorre quando o Fisco não pode mais exigir judicialmente o
pagamento do tributo em razão do tempo decorrido desde a constituição do crédito
tributário;

Decisão judicial transitada em julgado: uma decisão judicial que não pode mais ser
questionada judicialmente ou em instâncias administrativas pode levar à extinção do crédito
tributário.

Vale lembrar que a extinção do crédito tributário deve ser formalizada por meio de processo
administrativo ou judicial, e que a sua ocorrência deve ser comprovada pelo contribuinte.

7.6 Exclusão de crédito tributário.


A exclusão do crédito tributário é uma forma de impedir a sua formação, ou seja, é uma
hipótese em que o tributo deixa de ser devido por algum motivo específico, antes mesmo de
ter sido constituído o crédito tributário. Algumas das formas de exclusão do crédito tributário
previstas em lei incluem:

Isenção: é a dispensa legal do pagamento do tributo, em razão de alguma situação específica


prevista em lei;

Imunidade: é uma limitação constitucional ao poder de tributar, em que determinadas


pessoas, atividades ou bens são isentos de tributação;

Não incidência: é a situação em que não há previsão legal para a cobrança de determinado
tributo em relação a uma determinada situação;

Anistia: é o perdão de créditos tributários, podendo ser concedida por lei em caráter geral ou
específico;

Decadência: é a perda do direito do Fisco de lançar o tributo, quando ultrapassado o prazo


legal para fazê-lo;

Denúncia espontânea: é a hipótese em que o contribuinte, antes de qualquer procedimento


fiscal, identifica um erro em relação ao pagamento de tributo e, voluntariamente, realiza o
pagamento correto.

É importante ressaltar que, nos casos de exclusão do crédito tributário, não há a constituição
do crédito tributário, ou seja, o tributo não chega a ser exigível e, portanto, não há que se falar
em cobrança ou extinção.

7.7 Garantias e privilégios do crédito tributário.


As garantias e privilégios do crédito tributário são formas de proteger o direito do Estado de
receber os tributos devidos pelos contribuintes. Algumas das principais garantias e privilégios
previstos em lei são:

Preferência: o crédito tributário possui preferência sobre todos os demais créditos, exceto
sobre os créditos trabalhistas;
Universalidade: o crédito tributário abrange não apenas o valor do tributo em si, mas também
os juros, multas e demais acréscimos legais;

Privilégio especial: os créditos tributários gozam de privilégio especial em relação aos demais
créditos, o que significa que, em caso de falência ou insolvência do contribuinte, o pagamento
dos tributos será feito antes dos demais credores;

Hipoteca legal: é a garantia que o Estado tem sobre os bens do contribuinte, que podem ser
penhorados e vendidos para quitação do débito tributário;

Arresto: é a medida judicial que consiste na apreensão de bens do devedor como forma de
garantir o pagamento do débito tributário;

Pena de perdimento: é a perda definitiva de bens importados ou produzidos irregularmente,


sem o pagamento dos tributos devidos;

Responsabilidade subsidiária: em alguns casos, terceiros podem ser responsabilizados pelo


pagamento do débito tributário, como no caso dos sócios de uma empresa em caso de dívida
tributária;

Protesto da Certidão de Dívida Ativa: é a medida administrativa que consiste no protesto da


certidão de dívida ativa em cartório de protestos, como forma de pressionar o devedor a
quitar o débito tributário.

Essas são algumas das principais garantias e privilégios do crédito tributário previstos em lei,
que visam garantir que o Estado possa arrecadar os tributos devidos pelos contribuintes.

7.8 Renúncia de Receitas Tributárias.


A renúncia de receitas tributárias ocorre quando o Estado decide abrir mão de arrecadar
determinados tributos ou reduzir a carga tributária de determinados contribuintes. Essa
renúncia pode ocorrer por meio de benefícios fiscais, como isenções, reduções de alíquotas,
deduções ou outras formas de incentivos fiscais.

A renúncia de receitas tributárias pode ter diversos objetivos, como estimular investimentos
em determinados setores da economia, fomentar a geração de empregos, incentivar o
desenvolvimento regional, entre outros. No entanto, é preciso que essa renúncia seja bem
planejada e executada para não comprometer as contas públicas e prejudicar a arrecadação do
Estado.

A renúncia de receitas tributárias deve ser prevista em lei específica e estar devidamente
justificada em termos de impacto financeiro e social. Além disso, é preciso que sejam
estabelecidos critérios claros e objetivos para a concessão desses benefícios fiscais, a fim de
evitar a concessão de vantagens a grupos ou setores específicos em detrimento dos demais
contribuintes.

É importante destacar que a renúncia de receitas tributárias não é uma forma de perdão da
dívida tributária. O crédito tributário continua existindo, mas o Estado abre mão de cobrar
determinados tributos ou reduzir a carga tributária para incentivar o desenvolvimento
econômico e social.
8. Administração Tributária.
Administração tributária é a área responsável por gerir e fiscalizar o cumprimento das
obrigações tributárias por parte dos contribuintes. Dentre as atividades desempenhadas pela
administração tributária, destacam-se a fiscalização, a gestão da dívida ativa e a emissão de
certidões negativas.

8.1 Fiscalização.
A fiscalização é uma das principais atividades da administração tributária e consiste na
verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelos contribuintes. A fiscalização
pode ser realizada de forma presencial ou por meio de sistemas informatizados que permitem
a análise de dados e cruzamento de informações. O objetivo da fiscalização é garantir a justiça
fiscal, coibindo a sonegação e a evasão fiscal.

8.2 Dívida ativa.


A dívida ativa é composta pelos créditos tributários que não foram pagos pelos contribuintes
no prazo estabelecido pela legislação. A administração tributária é responsável por gerenciar
a dívida ativa, incluindo a cobrança dos débitos, a emissão de certidões negativas de débito e a
negociação de parcelamentos. A cobrança da dívida ativa pode ser realizada por meio de
protestos, execuções fiscais e outras formas de ação judicial.

8.3 Certidões negativas.


As certidões negativas são documentos emitidos pela administração tributária que atestam a
inexistência de débitos tributários em nome do contribuinte. As certidões negativas são
importantes para comprovar a regularidade fiscal do contribuinte perante órgãos públicos,
instituições financeiras e outras entidades. A emissão das certidões negativas é um direito dos
contribuintes que estejam em dia com suas obrigações tributárias, e a administração tributária
é responsável por emitir esses documentos de forma ágil e eficiente.

9. Impostos da União.
O sistema tributário brasileiro é composto por diversos impostos, sendo que os impostos da
União são aqueles que são arrecadados pelo governo federal. Dentre os principais impostos da
União destacam-se:

Imposto de Renda (IR): é um imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza,


incidente sobre pessoas físicas e jurídicas. O IR é progressivo, ou seja, quanto maior a renda,
maior a alíquota a ser aplicada.

Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI): é um imposto federal que incide sobre
produtos industrializados, sejam eles nacionais ou importados. A alíquota do IPI varia de
acordo com o tipo de produto.

Imposto sobre Operações Financeiras (IOF): é um imposto que incide sobre operações
financeiras, como empréstimos, financiamentos, aplicações financeiras, entre outras.

Imposto sobre Importação (II): é um imposto federal que incide sobre produtos importados. A
alíquota do II varia de acordo com o tipo de produto e com o país de origem.

Imposto sobre Exportação (IE): é um imposto federal que incide sobre produtos exportados. A
alíquota do IE varia de acordo com o tipo de produto.
Imposto Territorial Rural (ITR): é um imposto federal que incide sobre propriedades rurais. A
alíquota do ITR varia de acordo com o tamanho e a localização da propriedade.

Além desses impostos, a União também pode instituir contribuições sociais, como a
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e a Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido (CSLL), que são arrecadadas para financiar a seguridade social e outras
políticas públicas.

10. Impostos dos Estados e do Distrito Federal.


Assim como a União, os Estados e o Distrito Federal também possuem impostos próprios, que
são arrecadados para financiar suas políticas públicas. Dentre os principais impostos estaduais
e do Distrito Federal, destacam-se:

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS): é um imposto estadual que


incide sobre a circulação de mercadorias e serviços, inclusive de comunicação e transporte
intermunicipal e interestadual. O ICMS é um imposto não-cumulativo, ou seja, é possível
deduzir o valor pago na aquisição de mercadorias e serviços da base de cálculo.

Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA): é um imposto estadual que


incide sobre a propriedade de veículos automotores, como carros, motos, caminhões, ônibus,
entre outros. A alíquota do IPVA varia de acordo com o tipo e o valor do veículo.

Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD): é um imposto estadual que
incide sobre a transmissão de bens por herança ou doação. A alíquota do ITCMD varia de
acordo com o valor do bem e com a legislação estadual.

Além desses impostos, os Estados e o Distrito Federal também podem instituir taxas e
contribuições, como a Taxa de Renovação do Licenciamento Anual de Veículo e a Contribuição
de Melhoria, que são arrecadadas para financiar serviços e obras públicas.

11. Impostos dos Municípios.


Os municípios também possuem impostos próprios, que são arrecadados para financiar suas
políticas públicas e serviços locais. Dentre os principais impostos municipais, destacam-se:

Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS): é um imposto municipal que incide sobre
a prestação de serviços. O ISS é um imposto não-cumulativo, ou seja, é possível deduzir o valor
pago na aquisição de serviços da base de cálculo.

Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU): é um imposto municipal que
incide sobre a propriedade predial e territorial urbana. O IPTU é um imposto progressivo, ou
seja, a alíquota aumenta de acordo com o valor do imóvel.

Além desses impostos, os municípios também podem instituir taxas, como a Taxa de Limpeza
Pública, e contribuições, como a Contribuição de Iluminação Pública, que são arrecadadas
para financiar serviços e obras públicas locais.
12. Lei Complementar nº 123/2006 e suas alterações (Estatuto
Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte),
Resolução CGSN nº 140/2018 (Dispõe sobre o Regime Especial
Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos
pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte).
A Lei Complementar nº 123/2006, também conhecida como Estatuto Nacional da
Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, é uma legislação que estabelece um conjunto
de normas para estimular o desenvolvimento e a competitividade das microempresas e
empresas de pequeno porte no país. A lei prevê diversas medidas, como a simplificação do
processo de abertura e fechamento de empresas, a redução da carga tributária e a concessão
de benefícios fiscais.

Uma das principais medidas da Lei Complementar nº 123/2006 é a criação do Simples


Nacional, um regime especial de tributação que unifica o recolhimento de impostos e
contribuições federais, estaduais e municipais devidos pelas microempresas e empresas de
pequeno porte. O Simples Nacional tem como objetivo simplificar o cumprimento das
obrigações tributárias e reduzir a carga fiscal sobre essas empresas.

A Resolução CGSN nº 140/2018 é uma norma complementar que regulamenta o Simples


Nacional e estabelece as regras para a adesão e manutenção das empresas no regime. A
resolução define, por exemplo, as alíquotas de tributação aplicáveis a cada faixa de
faturamento, os prazos para recolhimento dos impostos e contribuições, e as obrigações
acessórias que devem ser cumpridas pelas empresas.

Em suma, tanto a Lei Complementar nº 123/2006 quanto a Resolução CGSN nº 140/2018 têm
como objetivo principal estimular o empreendedorismo e a geração de emprego e renda no
país, por meio da criação de um ambiente mais favorável ao desenvolvimento das
microempresas e empresas de pequeno porte.

13. Lei Complementar nº 116/2003 e suas alterações (dispõe


sobre o ISSQN).
A Lei Complementar nº 116/2003 é a legislação que regulamenta o Imposto Sobre Serviços de
Qualquer Natureza (ISSQN) no âmbito dos municípios e do Distrito Federal. Ela estabelece as
regras gerais para a cobrança e fiscalização do imposto sobre serviços prestados por empresas
e profissionais autônomos.

Entre os principais pontos da Lei Complementar nº 116/2003, podemos destacar:

Definição do fato gerador do imposto: a prestação de serviços listados na Lei, ainda que não
haja transferência de bens.
Fixação da alíquota mínima de 2% e máxima de 5% para o ISSQN, a ser definida por cada
município de acordo com suas necessidades e peculiaridades.

Especificação das atividades sujeitas ao ISSQN, que incluem, por exemplo, serviços de
construção civil, transporte, comunicação, energia, saúde, educação, turismo, entre outros.

Regras para a determinação do local da prestação dos serviços, que pode ser o
estabelecimento do prestador ou o local onde o serviço é efetivamente prestado.

Estabelecimento de obrigações acessórias, como a emissão de nota fiscal, a inscrição no


cadastro de contribuintes e a declaração e pagamento do imposto devido.

Além disso, a Lei Complementar nº 116/2003 também prevê a possibilidade de celebração de


convênios entre os municípios para a cobrança do ISSQN em operações que envolvam mais de
um município. Esses convênios buscam evitar a bitributação e garantir a justiça fiscal na
arrecadação do imposto.

14. Lei Complementar nº 160/2017 (Dispõe sobre convênio que


permite aos estados e ao distrito federal deliberar sobre a remissão
dos créditos tributários, constituídos ou não, decorrentes das
isenções, dos incentivos e dos benefícios fiscais ou financeiro-
fiscais instituídos em desacordo com o disposto no Art. 155, § 2º,
inciso XII, alínea g, da Constituição Federal de 1988, e a
reinstituição das respectivas isenções, incentivos e benefícios
fiscais ou financeiro-fiscais.
A Lei Complementar nº 160/2017 tem como objetivo permitir aos estados e ao Distrito Federal
deliberar sobre a remissão dos créditos tributários, constituídos ou não, decorrentes de
isenções, incentivos e benefícios fiscais ou financeiro-fiscais que foram instituídos em
desacordo com o disposto no Art. 155, § 2º, inciso XII, alínea g, da Constituição Federal de
1988.

Essa norma possibilita a regularização de situações em que estados e municípios concederam


benefícios fiscais sem a devida aprovação do Conselho Nacional de Política Fazendária
(CONFAZ), que é responsável por regulamentar as isenções, incentivos e benefícios fiscais
previstos na Constituição. Com a Lei Complementar nº 160/2017, os estados e o Distrito
Federal podem reinstituir esses benefícios fiscais e, ao mesmo tempo, remir os créditos
tributários que foram constituídos em decorrência da sua concessão irregular.

A lei também estabelece que a adesão ao convênio para a remissão e a reinstituição de


benefícios fiscais deve ser feita até 31 de julho de 2018, e os estados e o Distrito Federal devem
regulamentar a matéria no prazo de até 180 dias da data de publicação da lei complementar.
15. Lei Complementar nº 192/2022. Define os combustíveis sobre
os quais incidirá uma única vez o Imposto sobre Operações
Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de
Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação (ICMS), ainda que as operações se iniciem no
exterior; e dá outras providências.
A Lei Complementar nº 192/2022, aprovada pelo Senado Federal, define os combustíveis sobre
os quais incidirá uma única vez o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação (ICMS), ainda que as operações se iniciem no exterior.

A nova lei estabelece que o ICMS sobre os combustíveis será cobrado somente uma vez e de
forma integral na refinaria ou na saída do importador do combustível do estabelecimento do
remetente, mesmo que a operação de importação ou de venda interestadual tenha se iniciado
em outro país ou estado.

Além disso, a lei prevê que os Estados e o Distrito Federal devem editar normas para simplificar
e harmonizar as obrigações acessórias, como a emissão de documentos fiscais e o
recolhimento do imposto, para garantir a efetividade da cobrança e o pleno acesso à
informação. A lei também determina que os Estados e o Distrito Federal deverão criar um
fundo para compensar as perdas de receitas decorrentes da mudança na forma de cobrança do
ICMS sobre os combustíveis.

16. Lei Complementar nº 194/2022. Altera a Lei nº 5.172/1966


(Código Tributário Nacional), e a Lei Complementar nº 87/1996
(Lei Kandir), para considerar bens e serviços essenciais os
relativos aos combustíveis, à energia elétrica, às comunicações e
ao transporte coletivo, e as Leis Complementares nº 192/2022 e nº
159/2017.
A Lei Complementar nº 194/2022, aprovada pelo Senado Federal, tem como objetivo
considerar bens e serviços essenciais aqueles relacionados aos combustíveis, energia elétrica,
comunicações e transporte coletivo. Com essa medida, esses produtos e serviços serão
incluídos na lista de bens essenciais e, portanto, terão sua tributação reduzida ou isenta em
situações de crise ou emergência, como é o caso da pandemia de COVID-19.

Além disso, a lei também altera a Lei nº 5.172/1966 (Código Tributário Nacional) e a Lei
Complementar nº 87/1996 (Lei Kandir), que trata do Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços (ICMS), para garantir que a tributação sobre esses bens e serviços essenciais seja
reduzida ou isenta, conforme o caso.
Vale ressaltar que essa lei complementar também menciona as Leis Complementares nº
192/2022 e nº 159/2017, que tratam de impostos e tributos específicos, com o objetivo de
harmonizar essas leis e garantir que não haja conflitos ou incompatibilidades entre elas.

17. Lei Complementar nº 87/1996 (Dispõe sobre o imposto dos


Estados e do Distrito Federal sobre operações relativas à
circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, e dá
outras providências (Lei Kandir)).
A Lei Complementar nº 87/1996, também conhecida como Lei Kandir, é uma norma que dispõe
sobre o imposto dos Estados e do Distrito Federal sobre operações relativas à circulação de
mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação. Essa lei é uma importante regulamentação do Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS), um dos principais tributos estaduais do Brasil.

A Lei Kandir estabelece regras para a cobrança do ICMS, incluindo a definição de alíquotas e a
forma como o imposto deve ser arrecadado e repartido entre os Estados e o Distrito Federal.
Além disso, a norma também prevê isenções e reduções de base de cálculo do ICMS para
determinados produtos e serviços.

Entre as principais disposições da Lei Kandir, destaca-se a previsão de que o ICMS não deve
incidir sobre as exportações de produtos brasileiros para o exterior. Essa medida visa estimular
as exportações e tornar os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional.

A Lei Kandir também estabelece regras para a concessão de benefícios fiscais pelos Estados e
pelo Distrito Federal. Segundo a norma, esses benefícios só podem ser concedidos se
estiverem previstos em convênios firmados entre os Estados e o Distrito Federal, e devem ser
submetidos a um processo de aprovação pelo Conselho Nacional de Política Fazendária
(Confaz).

A Lei Kandir foi objeto de diversas polêmicas desde a sua promulgação, especialmente em
relação à perda de arrecadação que os Estados e o Distrito Federal teriam com a isenção de
ICMS sobre as exportações. Em 2020, foi aprovada uma lei complementar que prevê a
compensação financeira aos Estados e ao Distrito Federal pelos prejuízos causados pela
isenção do ICMS sobre as exportações.

18. Lei Complementar nº 24/1975 (Dispõe sobre os convênios


para a concessão de isenções do imposto sobre operações relativas
à circulação de mercadorias, e dá outras providências).
A Lei Complementar nº 24/1975 dispõe sobre a celebração de convênios entre os Estados e o
Distrito Federal para concessão de isenções do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação
de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e
de Comunicação (ICMS).

Através desses convênios, é possível estabelecer regras para concessão de benefícios fiscais
como isenções, reduções de base de cálculo e créditos presumidos, desde que haja
unanimidade dos Estados e do Distrito Federal.

A Lei Complementar nº 24/1975 é considerada um dos marcos do federalismo fiscal brasileiro,


uma vez que busca equilibrar a competição fiscal entre os Estados e evitar a guerra fiscal, que
consiste na concessão de benefícios fiscais desordenados em busca de atração de
investimentos.

19. Resolução nº 13/ 2012, do Senado Federal, Resolução do


Senado Federal nº 95/1996, Resolução do Senado Federal nº
22/1989.
A Resolução nº 13/2012 do Senado Federal estabelece normas para a celebração de convênios
que envolvam a concessão de isenções, incentivos e benefícios fiscais relativos ao Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

A Resolução do Senado Federal nº 95/1996, por sua vez, dispõe sobre a forma de cálculo do
valor adicionado fiscal utilizado para determinar a distribuição da parcela do produto da
arrecadação do ICMS pertencente aos municípios.

Já a Resolução do Senado Federal nº 22/1989 trata da distribuição da parcela do produto da


arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) pertencente aos municípios, em
conformidade com o disposto na Constituição Federal.

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