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RESUMO DE DIREITO TRIBUTÁRIO I:

I. AULA 06:

A competência tributária, estabelecida na Constituição Federal (CF),


desempenha um papel fundamental na estruturação do sistema tributário do
país. Ela define quais entes federativos - União, Estados, Distrito Federal e
Municípios - têm o poder de instituir impostos, taxas e contribuições. Além
disso, a distribuição dessa competência impacta diretamente a arrecadação de
recursos e a autonomia financeira de cada unidade federativa:

 Competência para instituir tributos: A CF define que a competência


para a instituição de tributos é distribuída entre os diferentes níveis de
governo. O art. 145 da CF estabelece que a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios têm a competência para criar impostos,
taxas e contribuições de melhoria. Cada um desses entes possui uma
lista de tributos de sua competência, e essa distribuição é fundamental
para a organização do sistema tributário nacional;

 B) Competência tributária nos Estados Federados: Nos Estados


Federados a competência tributária é compartilhada entre a União, os
Estados e os Municípios. Os Estados têm a capacidade de instituir
impostos estaduais, como o ICMS (Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços) e o IPVA (Imposto sobre Propriedade de
Veículos Automotores), por exemplo. Isso permite que eles arrecadem
recursos para financiar suas despesas e programas locais;

 Competência tributária e regime de autonomia das unidades


federadas: A CF garante um grau de autonomia financeira às unidades
federadas, ou seja, aos Estados e Municípios. Isso significa que eles
têm o direito de criar seus próprios tributos, dentro dos limites
estabelecidos pela CF, e gerenciar suas finanças de acordo com suas
necessidades e políticas locais. No entanto, essa autonomia não é
absoluta, e há regras e limites impostos pela CF para garantir a
estabilidade do sistema tributário nacional;
 Competência bivalente do Distrito Federal (art. 147 da CF): O
Distrito Federal possui uma competência tributária considerada
bivalente, o que significa que ele pode instituir tanto impostos estaduais
quanto municipais. Essa situação especial se deve ao fato de o Distrito
Federal exercer simultaneamente as funções de Estado e Município,
uma vez que a capital do país, Brasília, está localizada no Distrito
Federal. Portanto, o Distrito Federal tem a competência para criar
impostos que normalmente seriam de competência estadual e
municipal, como o ICMS e o ISS (Imposto sobre Serviços).

Como se sabe, a competência tributária é um pilar fundamental do


sistema tributário brasileiro, definindo quais entes federativos têm o poder de
instituir tributos e estabelecendo limites e princípios que regem esse processo.
Suas características essenciais, como a facultatividade, indelegabilidade,
irrenunciabilidade e exclusividade, desempenham um papel crucial na
estruturação das finanças públicas e na garantia da autonomia de cada esfera
de governo:

 Facultatividade e a LC 101/00 (art. 11, p.u.): A competência tributária é


facultativa, o que significa que os entes federativos têm a opção de
exercê-la ou não. Isso está de acordo com a Lei de Responsabilidade
Fiscal (LC 101/00), que estabelece em seu artigo 11, p.u., que a
instituição de tributos depende da decisão administrativa do ente
federativo e da observância dos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Ou seja, antes de
criar um novo tributo, o ente deve considerar esses princípios e tomar
uma decisão fundamentada;

 Indelegabilidade: A competência tributária é indelegável, o que significa


que um ente federativo não pode transferir a outro a capacidade de criar
tributos em seu nome. Por exemplo, um município não pode delegar a
um estado a autoridade para instituir impostos municipais. Cada ente
federativo tem sua própria esfera de competência tributária definida na
CF;
 Irrenunciabilidade: A competência tributária é irrenunciável, o que
significa que um ente federativo não pode abrir mão de sua capacidade
de instituir tributos de forma permanente. No entanto, é possível que, em
situações específicas e por meio de legislação específica, haja
concessões temporárias de isenções fiscais, mas essas devem ser
feitas dentro dos limites da CF e da legislação tributária;

 Exclusividade – isenções heterônomas (art. 151, III da CF): A


competência tributária é exclusiva, o que significa que cada ente
federativo tem o poder de instituir e modificar seus próprios tributos
dentro dos limites da CF. O artigo 151, inciso III, da CF proíbe que um
ente federativo conceda isenções fiscais por meio de lei de outro ente
(isenções heterônomas) sem a autorização do ente que detém a
competência tributária sobre aquele tributo. Isso preserva a autonomia e
a exclusividade de cada ente federativo em relação aos seus tributos.

Já a competência residual em matéria tributária refere-se à capacidade


de os entes federativos, principalmente a União, instituírem tributos que não
estejam previstos de forma específica na CF:

 Para impostos: O artigo 154 da CF estabelece que a União poderá


instituir impostos não previstos no artigo anterior (que trata dos impostos
em geral) mediante lei complementar. No entanto, esses impostos
devem atender a duas condições: devem ser não cumulativos (ou seja,
não podem incidir sobre o mesmo fato gerador mais de uma vez) e não
podem ter fato gerador ou base de cálculo própria dos impostos já
discriminados na CF. Isso significa que a União tem a competência
residual para criar impostos desde que não dupliquem as competências
já atribuídas a outros entes federativos;

 Para Contribuições à Seguridade: O art. 195 da CF estabelece que a


lei poderá instituir outras fontes de financiamento destinadas a garantir a
manutenção ou expansão da seguridade social. No entanto, essa
competência também está sujeita ao disposto no artigo 154, I. Isso
significa que, assim como no caso dos impostos, a União pode instituir
contribuições à seguridade social que não estejam previstas na CF,
desde que siga os princípios estabelecidos no artigo 154, I.

A competência tributária é dividida em várias facetas, incluindo a


competência para instituir tributos, a competência para arrecadar tributos e a
parafiscalidade:

 Competência para instituir tributos: Esse aspecto da competência


tributária diz respeito ao poder de um ente federativo (União, Estados,
Distrito Federal ou Municípios) criar tributos por meio da promulgação de
leis. Cada ente federativo tem sua própria esfera de competência para
instituir tributos, que está definida na CF;

 Competência para arrecadar tributos: A competência para arrecadar


tributos está relacionada à capacidade de um ente federativo
efetivamente recolher os recursos financeiros resultantes dos tributos
instituídos. Isso envolve a criação de órgãos e sistemas de arrecadação,
a fiscalização, a cobrança e a administração dos tributos. Cada ente
federativo também exerce essa competência em sua respectiva esfera;

 Parafiscalidade: A parafiscalidade refere-se à criação de entidades ou


fundos específicos, muitas vezes com autonomia administrativa e
financeira, com a finalidade de arrecadar recursos que serão utilizados
para fins específicos, geralmente relacionados a determinadas
atividades ou setores. Essas entidades são conhecidas como
"parafiscais" e atuam na arrecadação e na gestão de contribuições
compulsórias, taxas ou contribuições especiais.

A competência tributária ainda é dividida em ouras categorias, incluindo


a competência para instituir taxas, contribuições de melhoria, empréstimos
compulsórios e contribuições. Cada uma dessas competências possui regras
específicas e está sujeita a dispositivos constitucionais e legais que
regulamentam sua aplicação:
 Competência para instituir taxas e contribuições de melhoria: A
competência para instituir taxas e contribuições de melhoria está
relacionada à capacidade dos entes federativos (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios) de criar esses tributos. As taxas são cobradas em
razão da realização de atividade estatal específica e divisível, como a
emissão de documentos ou a prestação de serviços públicos
específicos. As contribuições de melhoria, por sua vez, são tributos
cobrados em decorrência de valorização imobiliária resultante de obras
públicas;

 Competência para contribuição de melhoria para obras em regime


de cooperação federativa (DL 195/1967, arts. 3º, 12 e 13): O Decreto-
Lei 195/1967 estabelece normas relacionadas à competência para
instituir contribuições de melhoria em casos de obras realizadas em
regime de cooperação federativa. Isso significa que quando obras
públicas envolvem mais de um ente federativo (por exemplo, União,
Estado e Município), as regras podem variar de acordo com o acordo de
cooperação estabelecido entre esses entes;

 Competência para instituir empréstimos compulsórios (União: art.


148 da CF): A CF confere à União a competência para instituir
empréstimos compulsórios, que são tributos de caráter temporário e
excepcional, cobrados em situações de guerra, calamidade pública ou
investimentos públicos de urgência. O artigo 148 da CF estabelece as
condições e os procedimentos para a criação desses tributos;

 Competência para instituir contribuições: As contribuições são


tributos com destinações específicas, muitas vezes vinculadas à
seguridade social, ao financiamento de categorias profissionais ou a
outras finalidades determinadas. A CF atribui a competência para
instituir contribuições a diferentes entes federativos:
a. Da União: Os arts. 149, 149 (§2º), 177 (§ 4º), 195, 212, 239 e 240
da CF estabelecem a competência da União para instituir
diversas contribuições, incluindo as contribuições sociais;

b. Dos Municípios e Distrito Federal: O art. 149-A da CF confere a


competência aos Municípios e ao Distrito Federal para instituir
contribuições, desde que observem as regras estabelecidas na
CF;

c. Dos Estados e Municípios: O art. 149 (§ 1º) da CF permite que


Estados e Municípios instituam contribuições, mas em geral, a
maior parte das contribuições é de competência da União.

Em conclusão, a competência tributária na CF destaca a complexidade e


a importância desse assunto no sistema tributário do país. A competência para
instituir tributos, arrecadar recursos, criar contribuições específicas e a
parafiscalidade são elementos fundamentais que determinam como os entes
federativos exercem seu poder de tributar. Além disso, a competência residual
e as condições para a criação de tributos especiais, como empréstimos
compulsórios e contribuições de melhoria, demonstram a flexibilidade do
sistema tributário em adaptar-se a circunstâncias específicas.

II. BIBLIOGRAFIA:

ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. 17ª ed. JusPodivm, 2023.


CÔELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 18ª
Ed. Forense, 2022.
COSTA, Regina Helena. Curso de Direito Tributário. 11ª Ed. Saraiva Jur,
2021.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 42ª Ed. JusPodivm,
2022

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