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I.

A ORIGEM DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA: O PODER DE TRIBUTAR

Antes mesmo de desenvolvermos nossos estudos acerca da competência


tributária, já podemos deduzir tratar-se de um direito de tributar por parte de quem o
detém.
De fato, até os mais leigos no direito podem deduzir o significado da locução
"competência tributária", tomando-a como capacidade, aptidão e habilitação para fazer
algo. E esse "algo" no caso, é tributar - competência de tributar. Alguém é competente
para exigir determinados tributos.
Tudo tem uma origem. A origem histórica se mistura com a própria origem do
Estado soberano. Quando uma nação se organiza na forma de estado democrático de
direito, ele tem dentro do âmbito da sua soberania poderes que delimitará de acordo com
a lei fundamental para designar competências, atribuições e incumbências entre os
próprios entes que compões esse estado democrático de direito.
O Brasil adota o federalismo, 4 pessoas políticas diferentes com poder político
de tributar transformados na competência: União, Estados, DF e Municípios. Mas com
base em que alguém, ou no caso, alguma pessoa jurídica de direito público, é competente
para tributar? Ainda, neste ponto, há que se questionar: qual é o limite e alcance para tal
tributação?
Para respondermos essas questões, precisamos compreender um pouco mais da
origem histórica da competência tributária., tratando do pressuposto de existência da
aptidão para se tributar, isto é, do poder de tributar. Lembre-se que, com base no art. 32
da CF, as competências legislativas do DF são cumuladas de forma que ele tem tanto do
Estado como município, é híbrido, com característica própria. A origem dessa
competência advém do poder de tributar.
Quando o Estado resolve se organizar na forma democrática de direito, ele pega
a soberania dele, o poder de tributar que seria uma pedra bruta, a ser lapidada em formas
ordenadas e delimitadas. Fala-se em poder bruto de tributar e o poder lapidado de tributar
que se transforma na competência tributária.
O poder bruto é dirigido e dividido entre os entes competentes onde cada qual
recebe o seu quinhão. É a origem que vem junto com o poder do estado soberano se
organizar, numa forma de estado de direito e delimitar diversas competências, não apenas
a tributária. Por essa razão, quando falamos em competência tributária, e até mais adiante
para entendermos quais efetivamente são as imunidades tributárias, ter em mente que a
competência é o resultado da lapidação do poder de tributar.
Pressuposto de existência da aptidão para se tributar é o poder de tributar. Esse,
por sua vez, somente existe na medida em que um grupo de pessoas forma uma sociedade
organizada sob a direção de um ou mais líderes, que constituem aquilo que convencionou-
se a chamar de governo.
Quando o poder de tributar é convertido na competência, ele é delimitado,
lapidado. O constituinte originário outorgou pedaços do bolo a cada ente público. A União
tem seus impostos no art. 153, os Estados e DF art. 152 e municípios e DF no art. 156. A
partir dessa divisão, percebemos que todas as normas tributárias estão na CF. Temos
normas de competência veiculadas pela CF, são elas de hierarquia absoluta.
A pirâmide de Kelsen coloca a CF no topo, de forma que ela é não apenas a
norma de maior hierarquia como fundamento de validade de toda e qualquer norma do
ordenamento jurídico, seja ela veiculada por lei complementar, ordinária, decreto lei.
As normas de competência tributária estão veiculadas na CF que é anorma
fundamental desse estado democrático de direito. É essa norma fundamental constituição
que vai atribuir todas as competências leislativas para os entes públcios, entre elas a
competência leislativa para instituir e arrecadas tributos.
Voltando nos slides, percebe-se que a competência legislativa é um gênero do
qual a competência tributária é uma espécie. A competência legislativa é outorgada pela
CF aos entes públicos para que criem normas voltadas para criação de outras normas. A
própria CF designará aos entes competentes (União para criar e arrecadar imposto sobre
a renda) e dirpa como o imposto deverá ser criado.
Realmente o constituindo ao outorgar as competencias impositivias ele trouxe a
materialidade do tributo que poderá ser criado pelo ente político que recebeu a outorga
dessa competência impositiva. Observamos também que em muitos casos o constituinte
originário tomou o cuidado de, inclusive, colocar o regime jurídico a que estão
submetidos as espécies tributárias no próprio corpo da norma de competência.
Ex.: ICMS. Se olharmos contribuições, tazas, imposto de guerra, competência
residual da união etc. O ICMS foi o tributo eleito de maior normatização da CF, nenhum
outro tributo recebe tantas normas, indicações de como poderá ser criado e quais são as
regras que devem ser levadas em consideração pelo legislador quando for exercer
efetivamente a competência tributária.
A norma de competência é resultante do poder de tributar traduzida por meio da
lei fundamental daquele estado democrático de direito que é a CF. Por isso dizemos que
tudo parte da CF e qualquer análise de tese jurídica.
O poder de tributar somente existe na medida em que um grupo de pessoas forma
uma sociedade organizada sob a direção de um ou mais líderes, que constituem aquilo
que se convencionou a chamar de governo. É dizer, os governos de países organizados
possuem o poder de tributar, o qual deve ser edificado e disciplinado em seu ordenamento
jurídico.
É sabido que existem formas distintas da organização de um Estado ou Nação e
dos seus governos, sendo-lhes comum, no entanto, a existência de um ou mais líderes,
dirigentes e de leis. As leis de uma Nação impõem as normas de conduta que tornam
viável a convivência em sociedade e as relações humanas intersubjetivas, bem como
espelham os valores tidos por relevantes por aquele grupo de pessoas. Ainda, disciplinam
como e por quem as leis podem ser criadas.
Focando-nos sobre a gênese de um Estado, percebemos a necessidade de que
este possua receitas para custearem as suas atividades, as quais podem ser as originárias
ou derivadas, caso dos tributos.
Nesse sentido, o poder de tributar se apresenta como elemento essencial do
governo, o qual se materializa a partir da constituição desse Estado como um Estado de
Direito, sendo tal poder, a partir da edição da norma fundamental, vertido em regras de
competências.

II. CONCEITO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

A competência tributária é o produto advindo da normatização do poder de


tributar do ente soberano. Assim, quando o governo organizado edita sua lei fundamental
e dá forma ao seu ordenamento jurídico, são criadas as normas disciplinadoras do poder
de tributar, as quais irão especificar quem e quais tributos poderão ou não ser criados.
Essas normas que declaram quem poderá criar determinados tributos são as
normas de competência tributária. É de suma importância observar que, essas normas,
denominadas normas de estrutura pelo professor Paulo de Barros Carvalho em sua
doutrina, são normas que orientam os legisladores dos entes públicos imbuídos de
competências impositivas como e com quais limites poderão fazê-lo.
Assim, as normas de competência tributária são, antes de mais nada, norma de
competência legislativa, pois conforme é sabido, as imposições tributárias sempre
decorrerão de lei.
A COMPETÊNCIA tributária conquanto seja dirigida para as espécies
tributárias e para os entes que compõem a federação, ela também traz princípios que
também são traços delimitadores da competência tributária. Não é porque a União recebeu
a competência tributária para instituir e arrecadar o imposto sobre a renda que ela pode
fazê-lo de forma excessiva, que venha a ferir a capacidade contributiva.
As normas constitucionais de competência tributária que traduzem a
competência legislativa tributária estão atreladas não apenas aos limites e regimes
jurídicos de cada espécie tributária veiculadas pelas próprias normas de competência
como também pelas demais normas constitucionais que compõem o sistema tributário
nacional na CF.
De sorte que também o exercício dessas competências e mesmo a outorga está
delimitado pela própria norma em si e demais que devem compor o sistema tributário
nacional na CF e devem com ela se harmonizar, ou seja, a competência tributária está
arraigada dentro dela a existência de todos os princípios constitucionais tributários que
vão reger a tributação.
A competência tributária é o produto do poder de tributar que estabelece e divide
para cada ente competente a sua fatia de possibilidades de instituir e arrecadar tributos.
Podemos ver que a competência tributária outorga aos destinatários o poder delimitado.
O poder de tributar é algo ilimitado. Quando ele condiciona, regulamenta e faz
regulamento sobre o poder de tributar temos a competência tributária que é limitada e
rígida.
Veremos que a competência tributária é limitada e bem distribuída. De sorte que
cada ente político recebe a sua fatia de bolo e não adianta querer olhar a fatia de bolo do
vizinho. Ele terá que ficar com a sua própria competência e, querendo ou não exercê-la,
não poderá absorver outras competências, SALVO em casos especiais como da
competência residual a União em se tratando dos impostos extraordinários de guerra.
A competência tributária permite que os entes políticos recebam poder de
tributar já delimitado pela norma de competência que lhes outorgam direito de exigir
receitas derivadas dos contribuintes, receitas chamadas de derivadas porque não advém
de atividade própria desenvolvida pelos entes públicos mas sim de particulares, que são
os contribuintes, que praticam fatos de expressão econômicas que serão alcançados pela
tributação.
Essas receitas derivadas é a maior fonte de receita para os órgãos públicos
desenvolverem suas atividades, por isso que a tributação é tão importante. Na advocacia
tributária buscamos sempre o direito do contribuinte, mas há função para arrecadação
para os tributos. É o que afirma o conceito de tributo estabelecido pelo art.3º, do Código
Tributário Nacional, recepcionado em seu inteiro teor pela Carta de 1988, a saber:
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor
nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Ao tratar da competência tributária em seu "Curso de Direito Tributário -
Constituição e Código Tributário Nacional"1, a professora Regina Helena Costa elucida:
No Estado de direito, a tributação há de comportar-se dentro de certos limites,
para que possa ser legitimamente exercida. Assim, a noção de competência tributária
corresponde ao 'poder de tributar', juridicamente delimitado pela própria Constituição.
Competência tributária é a aptidão para criar tributos, mediante a edição do
necessário veículo legislativo (CR, art. 150, I), indicador de todos os aspectos de sua
hipótese de incidência. Em sendo competência de natureza legislativa, somente as
pessoas políticas a detém. Logo, a competência tributária é o produto normativo do poder
de tributar, que habilita as pessoas políticas a quem fora outorgada a criar e arrecadar seus
tributos mediante lei.

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