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AULA 1
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O direito tributário, como ramo do direito público, refere-se às relações
jurídicas entre o Estado e os particulares. Essas relações decorrem da atividade
financeira do Estado acerca da obtenção de receitas que correspondam ao
conceito de tributo.
Portanto, a ciência do direito tributário – construída por meio da
necessidade de o Estado regulamentar suas relações – estuda o direito positivo,
no qual a linguagem prescritiva é utilizada pelo legislador de uma forma técnica
e livre com aplicação no direito dependente da norma tributária constituída pelo
intérprete, por isso a importância da interpretação das normas, tanto para quem
cria e para quem estuda, quanto para quem a aplica.
Sobre o Estado brasileiro, é importante destacar que é a entidade jurídica
que regula as relações econômicas e sociais daqueles que integram uma
determinada população em certo território. Em relação à organização do Estado,
este possui a prerrogativa do princípio da autonomia da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, com sua competência determinada por meio
da Constituição Federal – conforme disposto em seu art. 18 – tais entes formam
a organização político-administrativa do Estado brasileiro (Brasil ,1988).
O Estado deve subordinar-se ao direito de forma que ele, os poderes
locais e regionais, os órgãos, funcionários ou agentes dos poderes devam
respeitar, observar e cumprir as normas jurídicas da mesma forma como devem
fazer os particulares, portanto, o Estado age e atua por meio do Direito.
Ao longo da disciplina será possível compreender como funcionam as
normas de estrutura, o conceito e interpretação da legislação vigente, e também
entender a matéria por meio de exemplos práticos para uma melhor visualização.
CONTEXTUALIZANDO
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c. Irretroatividade – art. 150, III, a, CF – não é possível cobrar tributos em
relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que
os houver instituído ou aumentado.
d. Anterioridade – art. 150, III, b e c, CF – a lei que cria ou majora um tributo
só venha a incidir sobre fatos ocorridos no exercício financeiro
subsequente ao de sua entrada em vigor. Há também a anterioridade
nonagesimal, que determina que não se pode cobrar tributo antes de
decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou.
e. Não confisco – art. 150, IV, CF: “sem prejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios: [...]; IV – Utilizar tributo com efeito de confisco”.
Tal princípio figura como um limitador do direito que as pessoas políticas
têm de expropriar bens privados. A graduação dos impostos deve ser feita
de modo a não incidir sobre as fontes produtoras de riquezas ao ponto de
secá-las.
f. Liberdade de tráfego – art. 150, V, CF – é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios: “estabelecer limitações ao tráfego de
pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais,
ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas
pelo Poder Público”.
g. Imunidade tributária – art. 150 VI, CF – os casos previstos na
Constituição são: imunidade recíproca entre as várias unidades políticas
– União, Estados e Municípios (art. 150, VI, a); de templos de qualquer
culto (art. 150, VI, b); patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos,
inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
atendidos os requisitos da lei (art. 150, VI, c); livros, jornais, periódicos e
o papel destinado a sua impressão (art. 150, VI, d); fonogramas e
videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais
ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas
por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos
digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de
mídias ópticas de leitura a laser (art. 150, VI, e) (Brasil, 1988).
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Portanto, são os princípios constitucionais que direcionam o teor das leis
tributárias e o modo de aplicação delas, sendo tais princípios de suma
importância para a compreensão da matéria tributária.
São leis:
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c. Leis Complementares: possuem função de complementar dispositivos da
Constituição (art. 69);
d. Leis Ordinárias: são as leis comuns federais, estaduais e municipais. Não
existe hierarquia entre elas, conforme o art. 61 da CF;
e. Medidas Provisórias: previstas no art. 62, da CF, conferem ao Presidente
da República o poder de adotar medida provisória com força de lei,
devendo ser submetida de imediato ao Congresso Nacional para que a
converta em lei;
f. Decreto legislativo: norma jurídica que se limita a dar detalhes de aplicação
prática ou reunir e consolidar legislação esparsa sobre determinado
tributo.
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A lei tributária vigora no território do ente político que a edita, ou seja, no
limite espacial (municípios, estados, União).
Além disso, o art. 105 do CTN dispõe que “a legislação tributária aplica-
se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim
entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa
nos termos do art. 116” (Brasil, 1966).
Dessa forma, em observância ao que consta na lei e também aos
princípios da irretroatividade e anterioridade, que já foram estudados, a
legislação tributária não se aplica a fatos pretéritos.
Semelhante a qualquer aplicação de norma jurídica, produzirá efeitos a
partir da data de sua publicação para eventos futuros.
Ainda há a questão da integração da legislação tributária, de modo que,
conforme o art. 108 do CTN, na ausência de disposição expressa, a autoridade
competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na
ordem indicada: “I - a analogia; II - os princípios gerais de direito tributário; III -
os princípios gerais de direito público; IV - a equidade” (Brasil, 1966).
No que se refere a tributo, este tem como sua noção empírica a de que o
particular deve entregar uma quantia em dinheiro ao Estado, limitada pelo direito.
É necessário visualizar o tributo e sua relação entre Estado e história para
que se possa estabelecer uma relação jurídica-tributária. Nas palavras de
Martins (2007, p. 133):
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3.1 Conceito de tributo e natureza jurídica
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Os tributos não vinculados independem de qualquer atividade estatal em
relação ao contribuinte, pois não estão vinculados a nenhuma prestação
específica do Estado ao sujeito passivo.
3.2.1 Impostos
3.2.2 Taxas
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas
atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de
polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua
disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador
idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em
função do capital das empresas.
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade,
regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos
direitos individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia
quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei
aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de
atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de
poder.
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o art. 77 consideram-se:
I - utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam
postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo
funcionamento;
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades
autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas;
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por
parte de cada um dos seus usuários.
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Art. 80. Para efeito de instituição e cobrança de taxas, consideram-se
compreendidas no âmbito das atribuições da União, dos Estados, do
Distrito Federal ou dos Municípios, aquelas que, segundo a
Constituição Federal, as Constituições dos Estados, as Leis Orgânicas
do Distrito Federal e dos Municípios e a legislação com elas
compatível, competem a cada uma dessas pessoas de direito público.
(Brasil, 1966)
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Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir
empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade
pública, de guerra externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante
interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b”.
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo
compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua
instituição. (Brasil, 1988)
3.2.5 Contribuições
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As contribuições corporativas são contribuições devidas pelos
profissionais a seu órgão de registro e fiscalização. Exemplos: OAB – Ordem dos
Advogados do Brasil, CRC – Conselho Regional de Contabilidade etc.
O tributo decorre de uma situação instituída por lei, gerando assim uma
obrigação tributária, sendo a natureza jurídica
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conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos
do § 3º do artigo 18 da Constituição.
§ 1º - A atribuição compreende as garantias e os privilégios
processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a
conferir.
§ 2º - A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato
unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido.
§ 3º - Não constitui delegação de competência o cometimento, a
pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar
tributos. (Brasil, 1966)
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na tipificação de situações materiais (fatos geradores) que servirão de suporte
para a incidência.
Sobre a partilha do produto da arrecadação de determinados tributos,
verifica-se que, quando um tributo é instituído por determinado ente político, não
é necessariamente por este apropriado, ou totalmente apropriado, mas sim
partilhado com outros entes políticos. Por exemplo:
Impostos federais – a CF (Brasil, 1988) prevê partilha dos:
o IOF – imposto sobre arrecadação de crédito, câmbio, seguro, ou
relativas a títulos ou valores mobiliários
o IR – imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza
o IPI – imposto sobre produtos industrializados
o ITR – imposto sobre a propriedade territorial rural
o Impostos novos que a União venha a criar com apoio no art. 154,
I, da CF (Brasil, 1988).
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exclui-se a parcela da arrecadação do IR pertencente aos Estados,
Distrito Federal e Municípios, conforme os arts. 157, I e 158, I, da CF.
Além do mencionado, no inciso II, do art. 159, também está previsto que
a União entregará do produto da arrecadação do IPI 10% aos Estados e
ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas
exportações de produtos industrializados (Brasil, 1988).
TROCANDO IDEIAS
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Discuta com seus colegas o que vocês pensam sobre a guerra fiscal; se
essa competição entre estados e entre municípios pode ser positiva de alguma
forma.
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NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
AMARO, L. Direito tributário brasileiro. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
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GABARITO
Considerando que todo tributo deve ser instituído, majorado ou extinto por
meio de lei, invoca-se o princípio da legalidade (art. 150, I, da CF) (Brasil, 1988)
para responder a essa pergunta. Dessa forma, o prefeito não pode facultar o
pagamento de um tributo, pois o pagamento de tributo é obrigatório, conforme
verificamos no conceito, estabelecido no art. 3º, do CTN (Brasil, 1966). Assim, o
procedimento está incorreto por não estar em conformidade com o que está
disposto na legislação vigente.
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