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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE

CATÓLICA DE GOIÁS – PUC/GO

DIREITO TRIBUTÁRIO I
Prof. LUIZ ANTONIO DE PAULA
CAPÍTULO 01 - Direito Tributário - conceito, finalidade,
natureza, posição e autonomia

• O Direito Tributário pode ser conceituado


como o ramo do direito público interno que
regula as relações entre o poder tributante e o
sujeito passivo da obrigação tributária.
Conceito
• “Direito Tributário é o ramo do direito público que
rege as relações jurídicas entre o Estado e os
particulares, decorrentes da atividade financeira do
Estado, no que se refere à obtenção de receitas que
correspondem ao conceito de Tributo.” (GOMES DE
SOUSA, 1975:40);

• “Direito Tributário é o sistema formado pelas regras


jurídicas que disciplinam o nascimento, a vida e a
extinção do dever.” (BECKER, 1998:257);
Conceito
• “O Direito tributário é um conjunto de normas e princípios
enucleados pelo conceito de Tributo.” (BASTOS, 1998:95).

• AMILCAR DE ARAÚJO FALCÃO, em obra atualizada por


Flávio Bauer Novelli ("Introdução ao Direito Tributário",
4a. ed., Rio de Janeiro:FORENSE, 1993), entende o Direito
Tributário como sendo “o capítulo do direito público, ou o
seu ramo, que estuda as relações entre particulares e o
Estado para a obtenção de tributos, ou seja, aquele que
expõe os princípios e as normas relativas à imposição e
arrecadação de tributos e analisa as relações jurídicas
conseqüentes, entre os entes públicos e os cidadãos...”
Finalidade
• A finalidade do Direito Tributário, do ponto de vista
genérico, consiste na regulamentação das relações de
natureza tributária entre o sujeito ativo (poder
tributante) e o sujeito passivo (contribuinte;
responsável tributário; etc.). Esta regulamentação se dá
por meio de princípios e normas que tem por objetivo
estabelecer direitos e obrigações mútuas.
Especificamente, pode-se fixar a finalidade do Direito
Tributário na delimitação da atividade tributária por
parte do Estado através do estabelecimento de meios
de proteção do sujeito passivo tributário em face dos
abusos do poder tributante.
Natureza jurídica

• A natureza jurídica do Direito Tributário é de direito público. Não na


acepção (hoje contestada por falta de cientificismo) do romano
Ulpiano, para quem o direito público se distinguia do direito privado
na medida em que aquele era sempre de interesse do Estado e esse
dizia respeito ao interesse dos particulares (DINIFI, 2006:6).
A natureza jurídica pública do Direito Tributário assenta-se na
constatação da posição de império exercida pelo Estado na relação
tributária. Para a doutrina moderna, em que pese uma certa
resistência à dicotomia do direito em público e privado, será de
natureza pública a relação na qual o Estado aparece como entre
supremo, dotado de soberania e poder de império em
contraposição a parte privada dessa mesma relação.
Natureza jurídica
• Em resumo:
• “o direito público é aquele que regula as relações em
que o Estado é parte e age dotado de poder de império,
em razão de sua soberania, exercida nos limites das lei
em função do interesse coletivo.
• O direito privado, por sua vez, disciplina as relações
em que o Estado não se faz presente – relações entre
particulares – ou, em que se fazendo presente, não o
faz na condição de ente político soberano, mas em
situação de igualdade jurídica com os particulares”.
Natureza jurídica

• A partir desta premissa, direito constitucional,


financeiro, administrativo, penal e processual,
juntamente com o direito tributário, são
vertentes do direito público. Já o direito civil é
de direito privado.
.
Posição e Autonomia
• A posição e autonomia do Direito Tributário devem
ser compreendidas em face da especificidade do seu
objeto, qual seja, a relação jurídico-tributária. Nesse
sentido desponta a autonomia desse ramo do
direito, tanto sob o aspecto didático quanto
científico, ainda que a questão da independência dos
diversos ramos do direito não seja absoluta, pois
todos os elos que compõe a ciência tendem a se
inter-relacionar em maior ou menor grau de
penetração.
Autonomia
• Do ponto de vista didático, a autonomia do Direito tributário fica
demonstrada pelo seu ensino individualizado e obrigatório nas diversas
Faculdades de Direito existentes no Brasil.

• Sob o aspecto científico, a independência(relativa) do Direito Tributário se


faz sentir pela existência de princípios próprios (legalidade, anterioridade,
capacidade contributiva, irretroatividade, não-cumulatividade, etc.), de
institutos específicos (crédito tributário, lançamento, obrigação tributária,
entre outros), a serem estudados mais adiante, e também pela sua
positividade, que é expressa em inúmeras normas próprias, desde a
Constituição Federal , passando por leis complementares , ordinárias,
decretos, portarias e instruções normativas, etc.
PRINCIPAIS RELAÇÕES DO DIREITO TRIBUTÁRIO COM OS OUTROS
RAMOS DO DIREITO

• COM O DIREITO CONSTITUCIONAL


O Direito Tributário relaciona-se de forma especial com o
Direito Constitucional porque cabe a ele as questões
prévias, tais como as relativas aos princípios constitucionais
referentes ao exercício da competência tributária. São
todas essas questões de natureza eminentemente
constitucional, pois dizem respeito ao próprio direito de
tributar e aos seus limites. Assim, sem o conhecimento do
Direito Constitucional fica o estudo das questões tributárias
prejudicado.
PRINCIPAIS RELAÇÕES DO DIREITO TRIBUTÁRIO COM OS OUTROS
RAMOS DO DIREITO

• COM O DIREITO ADMINISTRATIVO


O Direito Administrativo dispõe sobre a atuação da administração pública
quanto à fiscalização e arrecadação dos tributos. É o que se convencionou
chamar de Direito Administrativo Tributário.
Enquanto o Direito Tributário tem por objeto o tributo, os conceitos e a
relação jurídia a ele pertinentes, cabe ao Direito Administrativo a
fiscalização - estatuindo inúmeros deveres a cargo dos contribuintes - e a
arrecadação do tributo, que correspondem ao exercício da atividade
administrativa praticada por funcionários e autoridades designadas pelas
leis e pelos regulamentos.
Assim, compete ao Direito Administrativo o estudo das chamadas
obrigações acessórias, que nada mais são do que deveres administrativos
e do lançamento tributário, que por definição, é ato típico administrativo.
PRINCIPAIS RELAÇÕES DO DIREITO TRIBUTÁRIO COM OS OUTROS
RAMOS DO DIREITO

• COM O DIREITO PRIVADO


Com o Direito Privado, o Direito Tributário encntra
vários e profundos pontos de contato. Com o Direito
Civil, o Direito Tributário há que dar-se conta da
enorme importância que ele exerce na dilucidação e
mesmo elaboração e adaptação de vários dos
conceitos que ele utiliza, tais como os de obrigação, de
credor, de devedor, de crédito, de débito, capacidade,
domicílio e tanto outros relativos aos direitos das
obrigações.
PRINCIPAIS RELAÇÕES DO DIREITO TRIBUTÁRIO COM OS OUTROS
RAMOS DO DIREITO

• COM O DIREITO GERENCIAL


Com o Direito Gerencial as relações são diferentes,
porque ele nenhuma influência teve na formação
doutrinária do Direito Tributário. Apenas, muitos
conceitos de Direito Gerencial são utilizados pela lei
tributária, de modo que é imprescindível o
conhecimento do Direito Mercantil para que se possa
compreender os efeitos tributários de sua utilização,
especialmente na definição de contribuintes, de fato
gerador e base de cálculo dos tributos relativos à
atividade
Codificação do Direito Tributário

• O Código Tributário Nacional surgiu através da Lei 5.172 de 1966, sob a


égide da CF de 1946. Nesta época a CF estabeleceu a necessidade de uma
lei nacional para regular o Sistema Tributário Nacional. A referida lei era
uma lei ordinária.

• Com o advento da CF de 1967, houve manutenção da necessidade da lei


nacional que regulasse o Sistema Tributário Nacional, no entanto esta CF
de 1967 estabeleceu que esta lei fosse uma Lei Complementar.

• O CTN passou a ostentar a força de uma lei complementar, mesmo tendo


sido aprovada através de uma lei ordinária. A este fenômeno dá-se o
nome de “recepção”.

• O CTN, por ter força de lei complementar, somente pode ser alterado por
lei complementar.

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