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1.

Introdução

Neste presente trabalho irei falar de alguns aspetos do Direito Fiscal no que tange
essencialmente na relação entre o Direito Fiscal e outros ramos do Direito, das Fontes do
Direito Fiscal e dos Princípios do Direito Fiscal, as formas mais detalhadas deste assunta
estará inerente neste trabalho de modo a facilitar a compreensão do leitor.
2. Relações entre o Direito Fiscal e outros Ramos do Direito

2.1. Direito Fiscal e Direito Constitucional

Pelo Direito Constitucional, o Estado cria regras de conduta obrigatórias e arbitra à


sociedade no seu todo, o que significa que não há margem de transação entre um comando
constitucional e o cidadão.

2.2. Direito Fiscal e Direito Administrativo

Uma das funções do Estado é a gestão do património público. Nessa função, o Estado
estabelece normas administrativas reguladoras de todo o processo de aquisição e alocação de
recursos na gestão de coisa pública.

Outro aspecto que revela a ligação entre o Direito Fiscal e o Direito Administrativo reside
no facto de haver muitos impostos cujo lançamento é aplicado mediante um processo
gracioso que constitui uma sequência de actos administrativos, subtraindo, então, esses
impostos dos órgãos da administração fiscal; tanto mais que os órgãos de prevenção,
fiscalização e cobrança tributária exercem uma efetiva atividade administrativa.

2.3. Direito Fiscal e Direito Criminal

O Direito Fiscal contém uma regulamentação sancionatória, destinada a exigir ou a


proibir determinados comportamentos (crimes fiscais) nos contribuintes e estabelece medidas
punitivas,- multas, coimas, juros e mesmo prisão em certos países, excluindo o nosso, às
infracções resultantes da violação ou incumprimento das normas tributárias.

Porém, a construção jurídica do conceito de crime e os princípios “nullum crimen sine


lege” ou seja, não existe crime sem lei e “nulla poena sine crimen” ou não há pena sem
crime, são buscados no Direito Criminal Geral. Daqui decorre a necessidade de o Direito
Fiscal Penal (grupo de normas fiscais que qualificam determinados comportamentos como
sendo crimes fiscais) se coadunar com o Direito Criminal Geral.

2.4. Direito Fiscal e o Direito Civil

O Direito Civil, globalmente considerado, abarca uma multiplicidade de realidades e


relações jurídico-privadas, onde a esfera jurídica do particular assume a plenitude da sua
autonomia.

São conceitos do direito civil ou privado, entre outros, os termos cônjuge, compra e
venda, doação, herança, domicílio, prédio, propriedade, etc.
Quando o Direito Fiscal, em sede do IRPS usa o termo cônjuge ou, em sede do Imposto
sobre Sucessões e Doações usa o termo doação, ou ainda, quando Direito Fiscal se refere a
prédio em sede da Contribuição Predial Urbana, fá-lo de acordo com o sentido e significado
que estes conceitos têm no âmbito do ramo do direito de onde foram retirados, neste caso,
direito civil ou privado; muito embora já no Direito Fiscal estejam submetidos à disciplina
própria do imposto.

2.5. Direito Fiscal e Direito Comercial (tpc para o estudante)

3. Fontes do Direito

Em Geral

O Direito é um fenómeno social que, sob diversas formas e manifestações, sempre presidiu e
regulou a convivência do homem em sociedade. No passado de organização política de
monarquia absoluta, a única fonte do Direito era, praticamente, a vontade do soberano ou
imperador.

A matéria fiscal não escapou à vontade pessoal do soberano, aliás, sabe-se que o imposto
sempre foi a fonte de receitas mais privilegiada para a subsistência dos soberanos e seus
reinos por vários séculos.

Era a vontade do soberano que prevalecia na fixação de todos os tributos e impostos internos
e alfandegários.

Passados vários séculos, já com o advento da revolução liberal, (em 1789, particularmente
em França) surgiu a obrigatoriedade da existência de lei escrita, como expressão da vontade
popular e do conhecimento geral, abandonando-se assim a prática arbitrária do soberano a
cada momento e de acordo com as suas vontades e convicções.

Surge, desta forma, a lei escrita como a principal fonte do direito, complementada pelo
costume, já observado no Direito anterior como fonte do direito e, ainda, a jurisprudência e
a doutrina.

3.1. Fontes do Direito Fiscal

Fontes intencionais
O termo Fontes do Direito em sentido técnico jurídico designa os modos de formação e de
revelação das normas jurídicas, o que significa modos do seu aparecimento e manifestação.

Assim temos:
1. A Lei
 Constitucional
 Ordinária
 No sentido lato ou amplo
2. O Costume
3. A Doutrina e
4. A Jurisprudência
A Lei

Tem-se por conceito que a lei é um comando jurídico criado e imposto na sociedade por uma
autoridade com o poder para o fazer.

A lei e o costume são modos de formação das normas jurídicas, por isso fontes imediatas do
direito.

Hierarquia

Lei Constitucional

A Constituição da República de Moçambique (CRM) é a lei fundamental do Estado. É nela


onde encontramos consagrado o princípio da separação de poderes do Estado – Executivo,
Legislativo e Judicial.

A matéria respeitante à fiscalidade integra-se no poder Executivo, porquanto é ao Governo


que cabe arrecadar receitas e realizar as despesas públicas em prol do bem comum.

É neste sentido que encontramos na CRM o Título IV sob a epígrafe “Organização


económica, social, financeira e fiscal”, artigos 96 a 132 da CRM.

É na lei constitucional que encontramos os princípios fundamentais por que deve reger-se o
direito fiscal. Tais princípios fundamentais são entre outros, os princípios da legalidade, da
igualdade (artigos 100 e 127) e o da autorização anual de cobrança (particularmente o n.º 1
do artigo 130) todos da CRM

Com estas considerações devemos ficar claros que a CRM é a fonte primeira do Direito
Fiscal.

Lei ordinária

Em sentido restrito, só é lei o instrumento jurídico (lei ordinária) aprovado pela Assembleia
da República (artigo 182 da CRM), porém, em sentido amplo, a lei abrange as normas
jurídicas de âmbito geral, incluindo, para os efeitos do nosso estudo, os Decreto-lei e
Decretos do Conselho de Ministros (n.º 1 do artigo 210 CRM), os Regulamentos, que podem
ser Decretos do Conselho de Ministros ou Diplomas Ministeriais, e ainda as Posturas
Municipais em matéria fiscal.

São também fontes imediatas do Direito Fiscal as convenções internacionais sobre a


matéria quando vinculam o Estado moçambicano e têm no ordenamento jurídico interno o
mesmo valor dos actos normativos (infraconstitucionais) emanados da Assembleia da
República e do Governo, consoante a sua respectiva forma de recepção (artigo 18 da CRM),
isto é, ratificação pela Assembleia da República, alínea t), n.º 2 do artigo 179 CRM..
Convenção ou Tratado internacional designa um acordo internacional celebrado por escrito
entre dois ou mais Estados e regido pelo Direito Internacional Público. O Tratado ou
convenção pode estar consignado num instrumento técnico, quer em dois ou mais
instrumentos conexos; é indiferente designar por convenção ou por tratado.

3.1.1. O Costume

O Costume é fonte imediata do Direito, é prática social reiterada acompanhada da convicção


da sua obrigatoriedade.

O n.º 2 do artigo 127 da CRM precisa: “2. Os impostos são criados ou alterados por lei,
que determina a incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos
contribuintes”.

2.1.2. Jurisprudência

A jurisprudência é uma fonte mediata ou indirecta do Direito Fiscal. Ela não cria normas
jurídicas, apenas revela o seu conteúdo. As decisões jurisprudenciais são apenas vinculativas
ou obrigatórias no processo em que forem tomadas.
A jurisprudência enquanto fonte do Direito Fiscal, é o conjunto das orientações que resultam
da aplicação das normas jurídicas ao caso concreto, feita pelos órgãos com competência para
tal, em especial os tribunais.

2.1.3. Doutrina

A doutrina é outra fonte mediata ou indirecta do Direito Fiscal. Consiste no estudo teórico
e/ou dogmático do Direito, o que a torna num elemento de fundamental importância na
compreensão e revelação das normas jurídicas.
As opiniões emitidas pelos cientistas do Direito Fiscal não são vinculativas. A sua
importância será maior, quanto maior for o mérito reconhecido do seu autor.
A lei, em sentido lato ou amplo, isto é, a lei constitucional, a ordinária (incluindo as
convenções internacionais) validamente ratificados na República de Moçambique; os
regulamentos, os decretos-lei, os decretos, as posturas municipais e outros instrumentos
jurídicos vinculativos em matéria fiscal constituem fontes intencionais do Direito Fiscal.

4. Princípios gerais do Direito Fiscal

Os princípios gerais do Direito Fiscal traduzem os valores essenciais numa certa comunidade
e têm uma aceitação geral dos seus membros por corresponderem à sua consciência ético-
jurídica. Estes mesmos princípios permitem-nos apreender de forma sintética os valores
fundamentais em que assenta o sistema fiscal e têm uma consagração plena e aplicação
prática do ponto de vista do articulado da CRM.
4.1. Princípio da legalidade

Os órgãos de soberania, em particular os que têm a função de arrecadar receitas e realizar as


despesas públicas devem obediência à lei.

O princípio da legalidade em Direito Fiscal decorre do n.º 2 do artigo 127 da CRM, nos
termos do qual “2. Os impostos são criados ou alterados por lei, que determina a
incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes”.

O princípio da legalidade em Direito Fiscal se refere à lei stritu sensu, ou seja, a lei formal
emanada da Assembleia da República, no exercício de uma das suas competências previstas
nas alíneas l); m) e o) do n.º 2 do artigo 179 da CRM.

4.2. Princípio da igualdade


O princípio da igualdade traduz-se na lógica constitucional, de que “todos os cidadãos são
iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres...”
artigo 35 da CRM.

O princípio da igualdade comporta duas realidades:

Igualdade formal: igualdade dos cidadãos perante a lei;


Igualdade material: proibição de discriminação arbitrária ou injustificada.

O fim último do Direito em geral é a realização da justiça. O Direito Fiscal, na sua actividade
de colecta de receitas para garantir a satisfação das despesas públicas pauta-se também por
critérios de justiça.

4.3. Princípio da anualidade


O n.º 1 do artigo 130 da CRM precisa: “O orçamento do Estado é unitário, especifica as
receitas e as despesas, respeitando sempre as regras da anualidade e da publicidade, nos
termos da lei. O Orçamento do Estado é anualmente aprovado pela Assembleia da
República, sob proposta elaborada pelo Governo (n.º 3 do artigo 130 da CRM), na qual estão
fixadas todas as despesas a realizar e a previsão das receitas a arrecadar, para um
determinado ano fiscal, que no nosso caso coincide com o ano civil.

A aprovação do Orçamento implica a aprovação das receitas previstas, sendo uma delas o
imposto. Nisto consiste a anualidade do imposto.

4.4. Princípio da equidade


Equidade é a justiça do caso concreto. Na determinação da matéria colectável ou na
concessão de benefícios fiscais, a Administração Financeira tem uma margem de liberdade
para avaliar determinadas situações em concreto e atribuir-lhes a solução que objectivamente
parecer mais justa, afastando as normas gerais e abstractas que eventualmente sejam
aplicáveis.
5. Conclusão

Dado que o Direito Fiscal é um ramo do direito público com uma disciplina científica
autónoma e subordinada a princípios próprios.
conclui-se assim que o Direito é um fenómeno social que, sob diversas formas e
manifestações, sempre presidiu e regulou a convivência do homem em sociedade. No
passado de organização política de monarquia absoluta, a única fonte do Direito era,
praticamente, a vontade do soberano ou imperador.
A matéria fiscal não escapou à vontade pessoal do soberano, aliás, sabe-se que o
imposto sempre foi a fonte de receitas mais privilegiada para a subsistência dos
soberanos e seus reinos por vários séculos.
É dai que surge, a lei escrita como a principal fonte do direito, complementada pelo
costume, já observado no Direito anterior como fonte do direito e, ainda, a
jurisprudência e a doutrina.
Assim como os princípios gerais do Direito Fiscal que traduzem os valores essenciais
numa certa comunidade e têm uma aceitação geral dos seus membros por
corresponderem à sua consciência ético-jurídica. Estes mesmos princípios permitem-
nos apreender de forma sintética os valores fundamentais em que assenta o sistema
fiscal e têm uma consagração plena e aplicação prática do ponto de vista do articulado
da CRM.

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