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APONTAMENTOS DE DIREITO FISCAL

Primeira Aula: 17/10/2022


CAPITULO I - INTRODUÇÃO
1. IMPOSTO, DIREITO FINANCEIRO,DIREITO TRIBUTARIO E DIREITO FISCAL

1.1 - Actividade Financeira – sua caracterização:

 Necessidades Colectivas e Meios Financeiros do Estado:

Para a realização das múltiplas funções que competem ao Estado e outros entes públicos
e, assim, satisfazerem as necessidades económicas de carácter público e não só, o Estado e
demais entes públicos, necessitam de meios indispensáveis à respectiva cobertura. Dai que o
Estado e outras entidades públicas desenvolvam uma actividade económica com características
próprias tendente quer a obtenção dos meios económicos susceptíveis de assegurar a satisfação
das necessidades publicas, quer, ao correcto emprego dos meios obtidos, e quer, finalmente, a
coordenação entre os meios e as necessidades publicas a satisfazer. Essa a actividade designa –
se Actividade Financeira, muitas vezes, também chamadas incorrectamente de Actividade
financeira do Estado1.
As particularidades específicas desta actividade resultam fundamentalmente da
circunstância de as necessidades públicas não implicarem uma procura prévia individual e,
consequentemente, ao contrário do que acontece com as necessidades privadas, a cobertura do
seu custo não se situar no plano das livres opções individuais
Todas as realizações de despesas orientadas para a aquisição de bens ou serviços
destinados a satisfazer necessidades públicas se integram na actividade financeira. E para que as
entidades públicas possam realizar essas despesas têm de obter receitas adequadas, as quais não
correspondem a uma massa homogénea. Algumas assemelham-se a receitas de particulares,
como é o caso das obtidas pela exploração do património do Estado. Muitas outras oferecem
características inseparáveis do sector público. Assim sucede com os impostos e as receitas dos
chamados “monopólios fiscais”.
Não obstante a heterogeneidade dos fenómenos que se integram na actividade financeira,
todos se situam no plano da obtenção e do emprego de meios económicos adequados à satisfação
1
Gomes, Nuno de Sá, Manual de Direito Fiscal, volume I, 1999, p. 11
de necessidades públicas. Todos eles têm, pois, natureza económica. São fenómenos
económicos.

1.2 - DIREITO FINANCEIRO, DIREITO TRIBUTÁRIO E DIREITO FISCAL.

 Direito financeiro

A actividade financeira do estado e dos restantes entes públicos, não se exerce de forma fortuita,
incondicionada e livre, ao sabor das conveniências ou vontade dos órgãos públicos. Pois,
tratando - se de actividade social relevante, esta subordinada ao direito, que disciplina não só as
formas jurídicas de que o Estado pode lançar mão na obtenção de receitas publicas, e na
satisfação de despesas, mas ainda o respectivo conteúdo.
E se é certo que, como vimos, a actividade financeira relativa ao património privado dos entes
públicos se subordina as normas do direito privado, v.g., arrendamento de bens do Estado e de
outros entes públicos e vendas no mercado de bens do respectivo património agrícola, silvícola
ou industrial [frutos, madeira, armas, produtos alimentares, etc.], a verdade é que a evolução
conduziu a subordinar, em grande medida, a restante actividade financeira a regras jurídicas
próprias, designadamente na obtenção de receitas que implicam a absorção dos patrimónios
particulares, no sentido de a manter dentro de limites razoáveis.
Dai que a actividade financeira, sem prejuízo da unidade do sistema jurídico-financeiro seja, em
parte, disciplinada pelo direito comum e, noutra parte, por normas jurídicas próprias, que são as
mais significativas. Ora, ao complexo de normas próprias que disciplinam a actividade financeira
do Estado, designadamente a obtenção de receitas e a realização das despesas públicas, bem
como as que regulam a organização e funcionamento dos órgãos públicos criados para coordenar
umas e outras, dá-se o nome de Direito Financeiro. Dai que, no direito financeiro, costume ainda
distinguir-se, esquematicamente, em função do respectivo objecto, três sectores:
1. Direito das receitas,
2. Direito das despesas,
3. Direito da administração fazendária.
E o Direito Financeiro será um verdadeiro ramo do direito dotado de autonomia face a outros
ramos do Direito Publico.
Desde logo, pode chamar-se que este termo de direito público tem tido inegável autonomia
didáctica, figurando no elenco das disciplinas professadas em muitas escolas superiores, no
nosso pais e no Estrangeiro. E haverá ainda uma certa autonomia legislativa decorrente da
existência das leis próprias definidoras do sistema financeiro.
Note-se, porem, que a autonomia científica do direito financeiro particularmente face ao direito
administrativo, continua sendo discutida, sendo afirmada e negada pela doutrina nacional e
estrangeira.
Trata-se, porem, de matéria que, não discutiremos aqui.
 Direito tributário e direito fiscal
O Direito Financeiro comporta, como vimos, três divisões: Direito das receitas, Direito das
despesas e Direito da administração das finanças.2
Mas, por um lado, no direito das receitas foi-se ainda autonomizando o direito tributário ou
direito fiscal, e, por outro, no direito da administração das finanças, destacou-se o direito
orçamentário.
Ora, é precisamente o estudo do direito tributário ou fiscal o objecto do nosso curso.
Ao empregarmos a expressão direito tributário ou direito fiscal, seguimos a generalidade da
doutrina angolana que emprega, como nos a expressão tributário e fiscal em sinonímia, para
referir, em ambos os casos, o direito relativo aos impostos, sendo certo, porem, que a primeira
expressão e, para alguns, mais ampla, pois designa o direito relativo aos tributos, ou receitas
coactivas e este conceito, designadamente na doutrina italiana, e mais extenso, pois abrange,
além dos impostos, as taxas, as contribuições especiais, as receitas parafiscais e segundo alguns
autores, os próprios monopólios fiscais. Dai que, nesta óptica, o Direito Tributário seja o género
de que o direito fiscal é a espécie.
Mas tem-se defendido com razão que não há uma teoria jurídica aplicável simultaneamente a
todas essas categorias de receitas coactivas.
Assim, perante o generalizado emprego das expressões como sinonimas, quer na doutrina, quer
até na própria lei, nós ao longo do curso, referir-nos-emos também indistintamente a Direito
Tributário e Direito Fiscal como Direito relativo aos impostos.
4. Âmbito do Direito Fiscal
Assente que o direito tributário ou fiscal é o direito relativo aos impostos, ainda ai não ficamos
esclarecidos sobre o respectivo âmbito, que, como veremos, e muito vasto.
Assim, o Direito Fiscal abrange princípios e normas de diversos tipos de que salientamos:

2
Cfr. Pedro Soares Martinez, Elementos para o Curso do Direito fiscal, p.37
a) Princípios jurídicos fundamentais que informam a constituição material de Estado de Direito,
de natureza supra-positiva, e que, sendo comuns a todo o Direito, tem, naturalmente, incidência
no âmbito de direito fiscal e princípios gerais de direito fiscal, que, fundamentam e possibilitam
o tratamento homogéneo e sistematizado deste ramo do direito,
b) Normas fiscais da constituição formal, quer relativas a produção normativa fiscal, como
sucede com as relativas a formação da lei fiscal, quer ao poder fiscal a vários níveis do governo
ou de decisão, quer a outas normas constitucionais, materiais e programáticas, constantes da
Constituição, em matéria fiscal e que a doutrina designa por direito fiscal constitucional,
c) Normas de organização dos serviços públicos fiscais e que poderemos incluir no direito da
organização administrativa da fiscalidade,
d) Normas materiais positivas e negativas, que regulam as situações jurídicas a que dão lugar as
leis de imposto direito tributário material positivo e negativo que regulam o imposto e direito aos
desagravamentos estruturais, e excepcionais benefícios fiscais,
e) Normas instrumentais ou formais, que regulam o processo administrativo de definição das
situações jurídicas tributaria positivais normas de reconhecimento dos benefícios fiscais e o
exercício das garantias administrativas reclamações e recursos e que a doutrina designa por
direito tributário formal ou direito processual tributário administrativo e que o Código de
Processo Tributário designa por processo administrativo tributário.
f) Normas de contencioso fiscal que regulam o processo judicial tributário direito processual
fiscal, em sentido estrito, que regula os processos judiciais tributários e aduaneiros,
g) Normas fiscais sancionatórias, que prevêem as reacções desfavoráveis estabelecidas na lei
como como consequência dos actos ilícitos e, designadamente normas que regulam as sanções
preventivas, compensatórias, compulsórias, reconstitutiva e punitivas e punitivas (direito
sancionatório, fiscal, direito penal fiscal e Direito Fiscal Penal);
h) Normas de conflitos que regulam os conflitos de leis fiscais, positivos e negativos e negativos,
internos e internacionais neste ultimo caso quer de fonte interna, quer de fonte internacional
(direito fiscal internacional e direito internacional e direito intencional fiscal e direito
internacional de conflitos).

 Natureza do Direito Fiscal


Como se sabe a doutrina distingue o direito público do direito privado com base em três critérios:
1. Critério do interesse;
2. Critério da qualidade dos sujeitos das relações jurídicas, e;
3. Critério da posição que os sujeitos ocupam na relação.
Quer se adopte o critério dos interesses, quer o da situação relativa dos sujeitos, quer o critério da
qualidade dos sujeitos, os autores são unânimes em considerar que o Direito Fiscal é um ramo de
Direito Público, não só por se destinar a realização de interesses colectivos, como ainda por nele
o sujeito activo (o Estado) aparece na sua veste de ente público, revestido das garantias e poderes
- ius imperium – de que não beneficia o sujeito passivo.
 Relações do Direito Fiscal com outros ramos do direito.
Não se pode falar num sistema de normas fechado. As várias zonas do mundo jurídico
relacionam-se entre si, ou seja, qualquer conjunto de normas está ligado ao conjunto de todas as
outras normas. Também o Direito Fiscal se relaciona com outros ramos do Direito.
a) Assim, o Direito Fiscal relaciona-se com o Direito Constitucional, na chamada
“Constituição Tributária”, que fixa limites e regula o exercício do poder tributário, os fins a
prosseguir e as garantias dos particulares, bem como a estrutura dos impostos – arts. 101º,
102º, 103º e 104º CRA, e arts. 103º e 104º) CRP. Somos dos que entendem que se pode falar
de um direito constitucional material inerente ao Estado de direito, constituído por princípios
supralegais que se impõem ao próprio legislador constitucional, e que não estando na
absoluta disponibilidade deste, informam toda a ordem jurídica, estejam ou não consagrados
no texto constitucional. Trata – se de princípios da constituição material do estado de direito
consagrado na nossa constituição no seu art. 2 º.
b) O Direito Fiscal liga-se também ao Direito Administrativo, pois apesar de o Direito Fiscal
ser independente deste, é nele que busca a forma para regular a actividade de percepção do
imposto, além dos órgãos da Administração Fiscal estarem integrados na Administração
Publica que é disciplinada pelo Direito Administrativo.
c) Direito Fiscal e Direito Financeiro
Como se viu, o direito fiscal surgiu como sector do direito financeiro, que adquiriu
autonomia científica por se subordinar a princípios próprios e homogéneos que permitem um
tratamento sistemático adequado. Dai a extrema importância do direito financeiro no
tratamento científico do direito fiscal. Mas a inegável existência de princípios gerais de
direito fiscal que tem aqui contudo próprio e distinto do que tem no direito financeiro, por
exemplo: P. da igualde, P. da legalidade (tipicidade fechada, exclusivismo, Auto tributação,
proibição de analogia e da retroactividade, etc.) e de conceitos próprios deste ramo do direito,
determinou a irreversível autonomia científica do direito fiscal face ao direito financeiro.

d) O Direito Fiscal tem também afinidades com o Direito Penal, pois a teoria da infracção
fiscal é moldada pelos princípios da teoria da infracção penal (penas de prisão, multas,
coimas).
d) O Direito Fiscal relaciona-se ainda com o Direito Processual, quer penal, quer civil, na
medida em que foi com base nestes ramos de direito que em Direito Fiscal se procedeu à
estrutura do processo tributário. Além disso, o Código do Processo Civil é subsidiário do Código
do Processo Tributário (p. ex., processo de impugnação judicial, processo de transgressão,
processo de execução fiscal,...).
e) O Direito Fiscal tem ainda afinidades com o Direito Privado (comum), porque o Direito
Fiscal, como Direito institucional que prossegue fins específicos, conceitos e institutos próprios,
não dispensa a contribuição do Direito Privado Comum (aceita conceitos como o de “obrigação”
vindo do Direito privado).
f) O direito fiscal mantem ainda estreita relação com o Direito Intencional pela necessidade que
os estados têm de regular entre si certas situações tributárias que os afectem como entes ou seus
nacionais. E por isso, relativamente frequente a celebração de acordos e convenções entre dois
ou mais estados co vista a regular as questões fiscais referentes a certos tipos de relações ou
determinados sectores de actividade ou ainda a evitar que um mesmo facto seja tributado pelo
mesmo título em mais de um Estado (dupla tributação internacional) ou o não seja em nenhum
(evasão fiscal). Ou seja o Direito Fiscal esta associado ao Direito Internacional com objectivo
fundamental de evitar a dupla tributação dos produtos e para que haja maior e melhor circulação
das mercadorias internacionais.
O que se pretende é um desenvolvimento internacional harmonioso entre os vários países e em
que o comércio internacional saia beneficiado. Por vezes, os países invocam restrições teóricas,
que são egoístas, para que o comércio sofra certos entraves (p. ex., proibir a importação de carros
com faróis redondos, só admitindo carros com faróis quadrados).
Por isso é que se celebram certos acordos internacionais, para que a saúde de cada Estado não
saia deteriorada e para que o comércio internacional não sofra também qualquer tipo de doença;
o objectivo é precisamente o contrário, ou seja, um comércio internacional saudável.

Segunda Aula: dia 24/10/2022

Capítulo II – O IMPOSTO E FIGURAS AFINS


Chegados aqui, objecto de estudo da nossa Cadeira, num primeiro momento, vamos dar o
conceito de imposto, enumerando e analisando as diversas notas características ou típicas que o
integram para, num segundo momento, aludirmos às figuras tributárias que apresentam algum ou
alguns pontos de contacto com um tal conceito e, num terceiro momento, darmos uma ideia do
Sistema Fiscal Angolano3.

2.1 - CONCEITO DE IMPOSTO


Os impostos são uma das espécies de tributos, a par com as contribuições especiais.
O n.º 5 do artigo 3º do CGT estabelece que os impostos são "os tributos com natureza unilateral,
cm virtude da sua obrigação não constituir a contrapartida de qualquer prestação individualizada
do Estado e demais entes Públicos". Os impostos assentam na capacidade contributiva
(capacidade económica) revelada pelos sujeitos passivos através do rendimento, do património e
do consumo (art. 4º. n º. 3, do CGT).
De acordo com a definição de Teixeira Ribeiro, o imposto consiste numa "prestação pecuniária,
coactiva e unilateral, sem o carácter de sanção, exigida pelo Estado com vista à realização de fins
públicos". Por seu lado, Sousa Franco considera como "traços fundamentais da figura do imposto
como receita tributária": l. Haver uma obrigação legal que tem por objecto uma prestação
patrimonial; 2. Ser uma receita definitiva; 3. Ser uma receita com função não-sancionatória e
não-compensatória; 4. Ser uma receita unilateral.4.
Dos conceitos de imposto dados por vários autores resultara sempre de que, o imposto é uma
prestação pecuniária, coactiva, e unilateral e a título definitivo, sem caracter sancionatório,

3
Jose Casalta Nabais, Direito Fiscal, 6 edição,
4
Jónatas Eduardo M. Machado, Paulo Nogueira da Costa, Osvaldo Macaia, Direito Fiscal Angolano –
segunda reforma de 2014, Coimbra, p. 15.
estabelecido pela lei, a favor de uma pessoa colectiva de Direito Público para a realização de fins
públicos.
O conceito de imposto tem como elementos essenciais o objectivo, o subjectivo e o
teleológico.
A) Objectivamente o imposto é:
1. O imposto é uma prestação. A relação jurídica de imposto tem um carácter obrigacional ou
creditício, com objecto de natureza patrimonial, sendo que geralmente a respectiva prestação
tem carácter pecuniário. Contudo, nem sempre o imposto tem natureza pecuniária. Ainda
hoje existe um imposto que não tem natureza pecuniária, que é o imposto de selo.
2. O imposto é uma prestação coactiva. Trata – se de uma de uma característica que se
encontra traduzida na própria denominação do imposto. Visa – se com ela significar que a
obrigação de imposto e estabelecida na lei ou por forca da lei. Assim, verificado o
pressuposto de cuja ocorrência a lei faz depender o nascimento da obrigação de imposto,
passa ser exigida independentemente da vontade do contribuinte.
3. O imposto tem carácter definitivo, ou seja, não dá ao sujeito passivo qualquer direito a um
reembolso, retribuição ou indemnização. Todas as importâncias que o sujeito passivo
transfere para o sujeito activo não são reembolsadas, a não ser que haja uma tributação
indevida. Por isso é que o imposto é diferente de empréstimo e de requisição administrativa,
dada a sua natureza definitiva.
4. A prestação do imposto é também unilateral. Sublinha-se, deste modo, que não corresponde
qualquer contraprestação por parte do credor da receita (Estado), em termos directos. Assim
se distingue o imposto do empréstimo forçado e da taxa. Quando o particular satisfaz a
obrigação de imposto nada recebe de troca, limita – se a contribuir para o financiamento da
actividade do ente que é dessa prestação.
5. O imposto não é uma sanção de um acto ilícito, ou seja, não é uma prestação sem caracter
sancionatória. O imposto não tem caracter sancionatório, o que permite distinguir a
respectiva prestação das sanções patrimoniais, como o confisco e a multa. Já que estas tem
origem num facto ilícito e visam um fim preventivo e regressivo o que não acontece com o
imposto ao contrário da multa ou da coima, apesar de estas também serem definitivas.
B) Quanto ao elemento subjectivo, o imposto é uma prestação a favor de uma pessoa colectiva
de direito público, sendo sempre desta natureza o sujeito activo da relação de imposto.
Como entidades públicas activas da relação fiscal podemos ter o Estado e as autarquias locais (e
também as regiões autónomas, na opinião de Sá Gomes, enquanto Soares Martinez acha que
não). Segundo o prof. M. Vasconcelos, a posição de Sá Gomes foi reforçada pela revisão
constitucional de 1997.
No caso de Angola temos o estado e as possíveis autarquias locais quando forem
institucionalizadas.
Sujeito passivo da relação pode ser qualquer pessoa singular ou colectiva. Pode até ser uma
pessoa colectiva pública, como o Estado. Por vezes, o Estado paga impostos a si mesmo (p. ex.,
quando o Estado arrenda um prédio como se fosse um particular).
C) Por fim, o elemento teleológico tem a ver com o fim do imposto.
Até há alguns anos atrás entendia-se que os impostos tinham como finalidade dotar os entes
públicos com meios para a realização de tarefas – tarefa meramente fiscal.
Com o alargamento da intervenção do estado – Estado de Direito Social – o imposto aparece
como mecanismo de redistribuição da riqueza, de protecção da indústria, como elemento de
intervenção nos rendimentos gerados pela economia, etc.
O imposto tem, pois, finalidades fiscais (receitas do estado) e Extra - Fiscais (intervenção na
economia). A própria CRA, no art. 101º, refere-se à afectação do imposto.

2.1 . Distinção entre imposto e outras categorias jurídicas


Corno vimos, os impostos constituem o mais importante sector dos tributos. Mas estes integram
outras figuras tributárias a que é importante aludir até para as não confundir com os impostos, a
única figura tributária que constitui o objecto do nosso curso.

a) O imposto e a Taxa:

No imposto, desde logo, não há contraprestação, na taxa já existe essa contraprestação, dado que
a taxa visa adquirir a prestação de um serviço.
As taxas são prestações estabelecidas por lei, a favor de uma pessoa colectiva de Direito Público,
como retribuição de um serviço individualmente prestado, como retribuição pela utilização de
determinados bens de domínio público, ou ainda como remoção de determinado limite jurídico à
actividade dos particulares.
Do ponto de vista jurídico, a distinção passa pela existência ou não de uma contraprestação por
parte do ente activo da relação, isto é, passa pelo carácter unilateral do imposto e o carácter
bilateral da taxa.
O imposto resulta de se querer tributar um facto – a capacidade tributária – e a taxa resulta do
facto de se querer compensar uma actividade individualizada prestada por alguém (exs. de taxa
são o pagamento dos serviços de registo civil e predial).

b) O imposto e as contribuições especiais


Os tributos especiais são prestações exigidas pelo Estado em virtude de determinada vantagem
que o contribuinte vai retirar do funcionamento de um serviço público.
Soares Martinez considera que, como não há uma contraprestação individualizada ao utente, os
tributos especiais não são uma taxa, mas também não são impostos (quando muito são
equivalentes a estes). Assim, os tributos especiais são um tertius genus (ou seja, de um terceiro
tipo ou género) tributário bem individualizado, que cabeia não confundir com os impostos
consignados.
Por seu lado, Brás Teixeira considera os tributos especiais verdadeiros impostos, que
apresentam características diferenciadoras do conceito de taxa.

c) O imposto e a requisição administrativa


A requisição administrativa consiste num acto pelo qual, em casos excepcionais, um órgão da
Administração Publica exige dos particulares, mediante justa indemnização, a prestação de
determinado serviço, ou a acessão de coisas móveis, ou ainda a utilização temporária de certos
bens para acorrer a necessidades urgentes.
Assim, há um conjunto de diferenças a apontar.
O imposto é uma forma normal de obtenção de meios financeiros para satisfazer necessidades
públicas. A requisição administrativa tem carácter excepcional.
O imposto visa conseguir meios financeiros para acorrer a necessidades gerais. A requisição
administrativa destina-se a fazer face a determinadas necessidades concretas, de natureza urgente
e individualizadas.
O imposto tem carácter de prestação unilateral e definitiva, a que não corresponde, por isso,
qualquer contraprestação individualizada, nem dá direito a nenhuma retribuição ou
indemnização. Por sua vez, a requisição tem como elemento essencial o pagamento ao
requisitado do preço dos bens ou uma indemnização pelos danos sofridos.
A relação de imposto surge apenas quando se verificam os pressupostos da respectiva previsão
legal, não cabendo à administração fiscal qualquer apreciação sobre a oportunidade ou o modo
de cobrança. Na requisição pressupõe-se sempre uma prévia apreciação administrativa sobre a
sua necessidade e uma escolha dos meios sobre os quais deve incidir.
Por fim, enquanto no imposto, na generalidade dos casos, temos uma prestação pecuniária, a
requisição traduz-se numa prestação de serviços, ou na cedência de certas coisas, ou ainda na
utilização temporária de determinados bens.

d) O imposto e as contribuições para a Segurança Social


As contribuições para a segurança social fazem parte do que se costuma designar por tributos
parafiscais ou parafiscalidade, para aludir a determinadas prestações coactivas que tem a ver com
a assunção por parte do estado moderno de novas funções económicas e sociais. Trata-se de
receitas que fogem, de algum modo, as regras que disciplinam os impostos e que são
consignadas as entidades publicas que prosseguem aquelas finalidades em substituição da acção
directa do Estado.
Tem havido algumas posições controvertidas na doutrina sobre a natureza jurídica das
contribuições para a segurança social, que, entre nos, inclui uma parte que incide legalmente
sobre a entidade patronal e outra parte que recai sobre os trabalhadores. Assim:
i. Uns consideram que as contribuições devidas, quer pelos trabalhadores, quer pelas
entidades patronais, em ambos os casos, são verdadeiros impostos.
ii. Outros consideram que ambas as contribuições referidas na alínea anterior, são taxas.
iii. Outros ainda entendem que ambas as contribuições em causa são prémios para seguro de
direito publico.
iv. Ainda, outros entendem, que se trata de tributos parafiscais que se configuram como
contribuições especiais fundadas numa qualidade social especifica.
Segundo Brás Teixeira, há que distinguir o desconto feito pelo funcionário/trabalhador do
desconto feito pela entidade patronal. Esta parte paga pela entidade patronal é um verdadeiro
imposto (embora especial). A parte paga pelo trabalhador é um prémio de seguro obrigatório de
Direito Público.
Esta distinção faz-se, porque no prémio de seguro verifica-se um nexo sinalagmático entre a
quantia paga e os benefícios que daí poderão advir (quer por doença, quer por reforma). Por parte
da entidade patronal é um imposto, porque não há qualquer contraprestação, não há uma relação
directa entre o contribuinte e o beneficiário (não são a mesma pessoa).
Para o prof. Miguel Vasconcelos, ainda que indirectamente, também há (sempre) benefícios
para a entidade patronal (p. ex., proporciona bem-estar social).

e) O Imposto e o Empréstimo Público:


A figura do empréstimo público acha-se normalmente de tal modo distanciada do imposto
que poderá razoavelmente duvidar-se da necessidade de tentar uma destrinça entre os dois
conceitos. Importa ter presente, porém, que duas figuras híbridas reúnem elementos de ambos,
em termos de tornar aconselhável a separação. Referimo-nos ao imposto reembolsável e ao
empréstimo forçado. O hibridismo de tais figuras, só por si, justificará a destrinça, além de uma
tomada de posição quanto à natureza dessas mesmas figuras.
Os empréstimos públicos criam normalmente, para o Estado, o dever de reembolso, de
uma só vez, ou através de amortizações, e o de pagar juros. Os mesmos deveres de prestar
decorrem dos empréstimos forçados, algumas vezes emitidos pelo Estado por não lhe parecer
favorável o mercado de capitais. Aos particulares não é reconhecida liberdade para subscrever ou
não os empréstimos forçados.
Quanto ao chamado imposto reembolsável, quando o reembolso resultasse da própria
estrutura da relação jurídica, tratar-se-ía, apesar da designação, de um empréstimo público
forçado. Naqueles casos em que o reembolso corresponde a uma mera faculdade do Estado, não
há qualquer dever de prestar específico, e, consequentemente, pode incluir-se a figura na noção
de imposto.
A tendência é para aproximar do imposto o empréstimo forçado, baseada num critério
voluntarista, que levará a excluir do conceito de empréstimo relações cuja origem não é
voluntária, não parece justificar-se. Pela obrigação de reembolso e de pagamento de juros, o
empréstimo forçado não cabe nos quadros do imposto. Admite-se, no entanto, que também não
caiba no conceito de empréstimo público, devendo constituir, por isso, uma categoria distinta
também deste.
g) O imposto e a expropriação por utilidade pública
O fim da expropriação por utilidade pública não consiste na realização de uma receita
pública. Dela emerge o dever de indemnizar os expropriados, além do direito de reversão.

2.2 - Classificação dos Impostos:


Conforme foi observado pertinentemente por Pugliese, as classificações de impostos oferecem,
em geral, escasso interesse jurídico. Indicaremos, no entanto, algumas que podem reflectir-se, de
certo modo, no plano da estrutura das relações jurídico-tributárias.
2.2.1. - Impostos sobre o rendimento, sobre o consumo e sobre o património
Uma primeira classificação possível dos impostos é a que atende ao elemento revelador de
capacidade contributiva sobre o qual aqueles incidem. Nesta perspectiva, os impostos podem ser
sobre o rendimento, sobre o consumo e sobre o património.
A tributação do rendimento das pessoas, singulares e colectivas, deve abranger tendencialmente
as diversas categorias de rendimento, em obediência ao princípio da igualdade, e incide,
preferencialmente sobre o seu rendimento real (art. ll º. n.º 1, do CGT).
A tributação do consumo deve, por seu lado, atender às necessidades do desenvolvimento
político, económico e social angolano, desagravando os bens de primeira necessidade e onerando
os bens de luxo, os bens supérfluos e os bens prejudiciais para a saúde (art. 12. , n.º 1, do CGT).
O CGT prevê a existência de um imposto geral sobre o consumo, preferencialmente baseado no
método do crédito de imposto, e de impostos especiais de consumo, podendo a introdução destes
impostos ser feita de forma faseada (art. 12º. nº. 2, do CGT).
A tributação do património tem por base o critério do benefício e deve ter em consideração as
necessidades financeiras da administração local (art. 13º do CGT).
2.2.2 - IMPOSTOS DIRCCTOS E IMPOSTOS INDIRCCTOS
Não existe unanimidade quanto ao critério mais adequado à distinção entre impostos directos e
impostos indirectos.
Ainda assim, e de acordo com o critério do objectivo, podemos dizer que os impostos directos
são aqueles que incidem sobre as manifestações imediatas (directas) de capacidade contributiva
(rendimento e património) enquanto os impostos indirectos atingem as manifestações mediatas
(indirectas) de capacidade contributiva (como acontece nos impostos sobre o consumo).

O CGT, no entanto, faz corresponder os impostos directos aos impostos sobre o rendimento (art.
11º) e os impostos indirectos aos impostos sobre o consumo (art. 12 º), colocando os impostos
sobre o património à margem desta classificação (art.13º).
Contudo, atendendo ao supramencionado critério do objecto, entendemos que os impostos sobre
o património se integram nos impostos directos, a par com os impostos sobre o rendimento.
2.2.3. IMPOSTOS REAIS E IMPOSTOS PESSOAIS
Impostos reais são aqueles que não atendem à situação pessoal do contribuinte (é o caso dos
impostos sobre o consumo). Impostos pessoais são os que tomam em consideração a situação
pessoal do contribuinte {v. g., nível de rendimento, composição do agregado familiar, despesas
suportadas com habitação, saúde, educação, entre outras).
2.2.4. IMPOSTOS PERIÓDICOS E IMPOSTOS DE OBRIGAÇÃO ÚNICA.
São periódicos os impostos que incidem sobre manifestações de capacidade contributiva
com carácter estável e duradouro {como os impostos sobre o rendimento). São de obrigação
única os impostos que incidem sobre manifestações isoladas e instantâneas de capacidade
contributiva (como sucede com os impostos sobre o consumo).
Vários são os critérios distintivos que se podem adoptar para fazer a classificação entre impostos
directos e indirectos.
Assim, nos impostos periódicos o pressuposto de tributação apresenta uma certa característica de
estabilidade ou continuidade: a propriedade de um prédio, o exercício de uma actividade
comercial, industrial ou agrícola. Pelo contrário, nos impostos de obrigação única esse
pressuposto apresenta – se isolado e, quando se possa repetir é tomado isoladamente: aquisição
de um prédio, a transmissão de um bem por morte …
2.2.5 - IMPOSTOS DE QUOTA FIXA E IMPOSTOS DE QUOTA VARIÁVEL
São de quota fixa os impostos em que a lei estabelece uma importância fixa (taxa ad valorem) a
pagar pelo contribuinte. São de quota variável os impostos em que o montante a pagar varia em
função da matéria colectável (normalmente, através da aplicação de um valor percentual - uma
taxa específica - à matéria colectável).
2.2.6 - IMPOSTOS ESTADUAIS E IMPOSTOS LOCAIS
Nem sempre o estado é o credor do imposto, o sujeito activo da relação jurídico-tributária. Esta
constitui-se, muitas vezes, em benefício de uma autarquia local ou de um instituto público. Daí a
separação dos impostos estaduais dos não estaduais. A origem de uns e outros é legal e, portanto,
estadual, mas só em relação aos primeiros o estado se apresenta como credor.
Dizem-se estaduais os impostos em que o sujeito activo da relação jurídica tributária é o Estado
(administração directa). São denominados impostos locais, aqueles em que o sujeito activo é
outro ente público distinto do Estado, como sejam os municípios ou organizações supra
municipais (art. 3º do CGT).
De qualquer modo, a distinção é feita com base na natureza do sujeito activo. Se temos
impostos cujo sujeito activo é o Estado temos impostos estaduais. Se, pelo contrário, o sujeito
activo é outro ente público que não o Estado, nomeadamente as autarquias locais, temos
impostos não estaduais.
A distinção entre impostos gerais e impostos locais tem em conta o âmbito territorial de
aplicação dos tributos. Os impostos gerais abrangem todo o território nacional; os impostos
locais destinam-se a uma determinada zona ou autarquia.
2.2.7 - IMPOSTOS PROPORCIONAIS, PROGRESSIVOS E REGRESSIVOS
Tendo em atenção a natureza das taxas aplicáveis à matéria colectável, os impostos
podem dividir-se cm proporcionais, progressivos ou regressivos. Os impostos proporcionais são
impostos de taxa fixa, isto é, são impostos em que a taxa aplicável não se altera em função do
valor da matéria colectável. Os impostos regressivos são aqueles cm que a taxa aplicável diminui
à medida que aumenta o valor da matéria colectável. Os impostos progressivos são aqueles em
que a taxa aplicável vai aumentando à medida que se eleva o valor da matéria colectável.
A progressividade do imposto está intimamente ligada às doutrinas da redistribuição do
rendimento de acordo com as necessidades dos indivíduos e não apenas com a sua capacidade.
Ela liga-se, igualmente à noção de equidade vertical, de acordo com a qual quem mais ganha
mais deve pagar, e à doutrina da utilidade marginal decrescente do rendimento, segundo a qual
os ricos retiram benefícios decrescentes por cada incre1nento adicional do seu rendimento.
Pela sua aparência de cientificidade, estes argumentos têm sido geralmente aceites, apesar das
dificuldades que rodearam a sua empírica e aplicação à política fiscal. A teoria do bcnel1cio
também tem servido para justificar a progressividade do imposto, assumindo-se que os ricos
retiram mais benefício do Estado do que os pobres.
A progressividade é contestada por ser um incentivo negativo ao trabalho - na medida em que
quem trabalha mais e melhor terá que pagar mais imposto - e. por restringir o direito
fundamenta! a colher os frutos do próprio trabalho - inerente aos direitos ao trabalh0, à
propriedade e à iniciativa economica-se cuja restrição carece de um fundamento especialmente
ponderoso.
2.2.8. Impostos comutativos, distributivos, restitutivos e punitivos
Os impostos podem ser qualificados à luz de uma teoria multifuncional da tributação e das
diferentes manifestações do princípio da justiça.
São comutativos os impostos que visam corrigir determinadas falhas de mercado (v. g.
fornecimento de bens públicos, free rider problem, externalidades, assimetria informativa)
associados à conduta legítima dos agentes económicos. Estes obrigam ao pagamento pelos
benefícios obtidos e à internalização de externalidades.
São restitutivos os impostos que visam anular e confiscar os ganhos ilícitos obtidos pelos
particulares (v. g. impostos retroactivos extraordinários sobre bónus excessivos de legitimidade
duvidosa). Em ambos os casos o objectivo é restaurar a distribuição que resultaria naturalmente
de um mercado funcionando de acordo com a justiça transaccional ou comutativa.
São distributivos os impostos que visam corrigir a distribuição do rendimento operada pelo
mercado, de acordo com uma ideia de justiça social distributiva.
São punitivos os impostos que visam desencorajar comportamentos indesejáveis e anti-sociais,
de acordo com uma lógica de justiça retributiva.
Os impostos restitutivos e punitivos ocupam um lugar periférico no sistema jurídico.
Frequentemente os impostos combinam em maior ou menor medida as dimensões comutativa e
distributiva. Esta classificação permite uma avaliação funcional dos impostos.
ELEMETOS DO IMPOSTOS
1. Incidência fiscal: são disposições normativas que definem quem são os sujeitos e qual e o
objecto da relação jurídica de imposto.
CAPITULO III - TEORIA GERAL DO DIREITO FISCAL
3.1 - FONTES DO DIREITO FISCAL
A palavra fonte que etimologicamente significa nascente, por extensão veio também
significar origem, causa, principio. Assim, a expressão “fontes de Direito” admite diversos
entendimentos, ou conteúdos. Um, substancial, respeita à origem e à razão vinculativa das
normas; outro, formal, abrange os revestimentos pelos quais os preceitos jurídicos se revelam,
são enunciados, se apresentam aos seus destinatários.
Constitui as fontes formais do Direito Fiscal, o conjunto das normas que compõem esse ramo do
Direito, ou seja, a dogmática do Direito Fiscal. Ou seja, Fontes direito são aquelas que, em cada
ordenamento jurídico, se converteram nos vários modos de formação e revelação das normas
jurídicas. Modos de revelação ou de formação do direito. Desta feita, são tradicionalmente quatro
as fontes de direito: A Lei, o Costume, a jurisprudência e a doutrina. Quando nos referimos a lei,
estamos aqui a nos referir no seu sentido Material que  reflecte a própria norma jurídica, isto é, o
ato jurídico normativo, caracterizado por sua generalidade e pelo fato de veicular
hipoteticamente previsão, ou regra de conduta; tem por fim regular relações ou criar direitos, não
obstante a sua hierarquização.
3.1. 1 - PRINCÍPIOS JURÍDICOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO FISCAL

O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE FISCAL


O princípio de legalidade, expresso no artigo 102.º n.º 1 da Constituição da República Angola
(CRA) impõe que os impostos e os seus elementos essenciais (incidência; taxa,
benefícios fiscais e garantia dos contribuintes) têm obrigatoriamente de ser criados por lei.
Ora bem, este principio, tem por base a ideia de auto-imposição, Auto tributação ou Auto
consentimento dos impostos, segundo a qual os impostos devem ser consentidos pelos próprios
contribuintes, uma ideia que remonta a Idade Media e que tem expressão em numerosos
documentos medievais entre os quais e de destacar a celebre Magna Carta Libertatum Inglesa,
em que muito claramente afirmou aquela ideia que veio a ter uma das suas mais significativas
expressões no conhecido principio da democracia representativa concretizada no
parlamentarismo.
Com o principio da legalidade expressa na constituição, com este principio a constituição
estabelece um limite formal ao poder de criação de imposto, bem como um critério de
racionalização das competências dos órgãos a quem são deferidas competências legislativa para
o efeito. A este respeito, de acordo com o texto constitucional são competentes para aprovação
de regimes fiscais, em primeiro lugar a Assembleia Nacional, titular originaria da competência
legislativa, com reserva relativa, por forca da alínea o), nº 1 do artigo 16º 5, conjugado com
alínea d) no nº 2, do artigo 166º todos da CRA, e pr4esidente da Republica, em segundo lugar,
enquanto titular do poder executivo, o qual o exerce sempre por autorização parlamentar, a
competência legislativa de criação de impostos, por forca da alínea o), nº 1, do artigo 165º,
conjugado com a alínea i) do artigo 120º e o artigo 125º todos da CRA.
Do princípio da legalidade tributária decorre a reserva de lei em matéria de criação de impostos e
sistema fiscal, bem como de definição do regime geral das taxas e demais contribuições
financeiras a favor das entidades públicas [art. 165º. , nº. 1, alínea o), da CRA].
A reserva de lei em matéria fiscal abrange os elementos essenciais dos impostos, incluindo a sua
incidência objectiva e subjectiva, a respectiva taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos
contribuintes (art. 102º , nº 1. , da CRA).
Dos princípios da constitucionalidade e da legalidade tributária resulta que ninguém pode ser
obrigado a pagar impostos que não tenham sido criados, liquidados e cobrados nos termos da
Constituição e da lei, havendo um direito à devolução dos impostos indevidamente pagos.
O princípio da legalidade da Administração tributária tem como subprincípios concretizadores o
princípio da prevalência da lei, da precedência de lei e da reserva de lei.
 Prevalência de lei
O princípio da prevalência de lei significa que a lei prevalece sobre todos os regulamentos, actos
administrativos e quaisquer outros actos ou omissões da administração tributária. O mesmo tem
como primeiro corolário a tipicidade das leis, que significa que os actos legislativos são
tipificados exaustivamente na constituição, não podendo ser criadas novas categorias de actos
legislativos ou equiparados por qualquer órgão estadual.
Um segundo corolário do princípio da prevalência da lei dii respeito ao princípio da legalidade
negativa, também designado como proibição de contradição ou desvio, nos termos do qual
nenhum acto da administração, de natureza normativa ou não, pode ser contrário à lei ou
contraditório com a lei. É com base neste princípio, desde logo, que se admite a impugnação pelo
contribuinte de todos os actos administrativos lesivos dos seus direitos e interesses legalmente
protegidos (art. 5º. , n.º l, do CPT).
Um terceiro corolário do princípio da prevalência da lei diz respeito à exigência de legalidade
positiva, ou dever de aplicação da lei, nos termos do qual a administração deve emanar as
normas necessárias à boa execução das leis, bem como praticar os actos administrativos
legalmente devidos.

 Precedência de lei
O princípio da precedência de lei afirma que toda a actividade administrativa deve ter uma base
legal. Ou seja, a lei deve ser anterior a toda a actuação administrativa, sendo que a falta de um
fundamento legal significa que a administração actua para além das suas competências (ultra
vires). Este princípio estrutura as relações entre o legislador e a administração, na medida em que
estabelece uma espécie de reserva rota! de lei, no sentido de que roda a actividade normativa da
administração tem que ter um fundamento legal, não existindo qualquer legitimação para a
função administrativa ir para além de uma decisão do legislador.
Assim, em princípio toda a actividade normativa da administração tem de basear-se numa lei
anterior que determine os fins a atingir e os meios adequados à prossecução desses fins ou, pelo
menos, os fins a atingir, deixando à administração alguma discricionariedade normativa quanto
aos meios para a sua consecução, necessitando de regulamentação ou complementação.
Reserva de lei
O princípio da reserva de lei remete para a existência de matérias sobre as quais só a Assembleia
Nacional tem competência legislativa exclusiva. Isto, evidentemente, não impede a remissão,
para a administração, da definição de aspectos técnicos do regime, para os quais esta é
institucionalmente mais adequada. Importa salientar algumas das suas principais implicações:
Fundamentalmente assinala-se a vigência de uma reserva de lei formal da AN nas matérias
nucleares da vida financeira do Estado de direito democrático.
Em primeiro lugar, deve referir-se a reserva de lei em matéria de Orçamento Geral do Estado,
consagrada no artigo 161º. , alínea. e), da CRA. Ao Presidente da República, como titular do
poder Executivo, cabe apresentar à Assembleia Nacional a proposta de Orçamento Geral do
Estado [art. 120º. , al. e), da CRA. As regras da elaboração, apresentação, adopção, execução,
fiscalização e controlo do Orçamento Geral do Estado estão também sujeitos a reserva de lei (art.
104º. , n º. 3, da CRA).
Outrossim, a definição do regime geral das finanças públicas está também abrangida pela reserva
de lei da Assembleia Nacional. Neste caso, trata-se de uma reserva relativa de competência
legislativa (art. 165º. , nº. 1, alínea d), da CRA).
Em matéria tributária a Constituição estabelece uma reserva relativa [art. 165º. , nº.1, alínea o),
da CRA], significando isso que à Assembleia Nacional é legítimo legislar sobre esta matéria ou
aprovar uma lei de autorização que habilite o Executivo a legislar sobre a mesma, mediante
decreto legislativo presidencial autorizado.
No entanto, a lei de autorização, deve estabelecer o objecto, o sentido, a extensão e a duração da
autorização, tem por obrigação circunscrever e parametrizar a área de intervenção do Poder
Executivo, definindo o sentido geral da mesma.
Relativamente à criação de impostos, a Constituição determina que, ao legislador assim
caracterizado, cabe estabelecer os respectivos elementos essenciais, os quais, nos termos do
artigo 102º. nº. 1, da CRA, consistem na incidência, na taxa, nos benefícios fiscais e nas
garantias dos contribuintes.
O princípio da legalidade supõe, natural1nente, a prevalência de lei, enquanto exigência de
subordinação da administração fiscal à lei fiscal, nas suas dimensões concretizadoras de
legalidade negativa, ou proibição de contradição, e legalidade positiva, enquanto obrigação de
regulamentação e execução.

RESERVA DE LEI
O princípio da reserva de lei remete para a existência de matérias sobre as quais só a Assembleia
Nacional tem competência legislativa exclusiva. Isto, evidentemente, não impede a remissão,
para a administração, da definição de aspectos técnicos do regime, para os quais esta é
institucionalmente mais adequada. Importa salientar algumas das suas principais implicações.
Fundamentalmente assinala-se a vigência de uma reserva de lei formal da Assembleia Nacional
nas matérias nucleares da vida financeira do Estado de Direito Democrático. Subjacente a esta
opção político-constitucional encontra-se a conhecida teoria da essencialidade, nos termos da
qual as matérias essenciais para o autogoverno da comunidade política globalmente considerada
devem ser decididas por acto solene do órgão democrático-representativo por excelência, a
Instituição Parlamentar.
Em primeiro lugar, deve referir-se a reserva de lei em matéria de Orçamento Geral do Estado,
consagrada no artigo 161º., alínea e), da CRA. Ao Presidente da República, como titular do
Poder Executivo, cabe apresentar à Assembleia Nacional a apresentação de uma proposta de
Orçamento Geral do Estado [art. 120º. al. e), da CRA. As regras da elaboração, apresentação,
adopção, execução, fiscalização e controlo do Orçamento Geral do Estado estão também sujeitos
a reserva de lei (art. 104º. nº. 3, da CRA).
A definição do regime geral das finanças públicas está também abrangida pela reserva de lei da
Assembleia Nacional. Neste caso, trata-se de uma reserva relativa de competência legislativa
[art. 165º , nº. 1, alínea. d), da CRA].

O PRINCÍPIO DA IGUALDADE FISCAL


o princípio da igualdade fiscal sempre se reconduziu a uma específica expressão do princípio
geral da igualdade. Ao princípio da igualdade entendido não no seu sentido formal (ou igualdade
perante a lei). como foi o que prevaleceu a partir de meados do século XIX, mas sim no seu
sentido material (ou igualdade na lei)

PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA E DA PROTCCÇÃO DA CONFIANÇA


 SENTIDO GERAL
O princípio da segurança jurídica e da protecção da confiança é um subprincípio do princípio do
Estado de direito, conformador de todos os ramos do direito. Ele é uma garantia de estabilidade,
previsibilidade e calculabilidade, essenciais ao desenvolvimento consistente da generalidade das
actividades humanas. Os mesmos apontam para a regularidade de toda a actuação estadual e para
a tutela das expectativas legítimas, fundadas e de boa-fé desenvolvidas pelos cidadãos. A
sistemática frustração das ,mesmas por parte do Estado, para além dos custos imediatos que pode
ter (v. g. custos económicos), induz ainda os chamados custos de desmoralização (genericamente
difundidos pelos cidadãos e agentes económicos), traduzindo-se numa perda de confiança na
actuação estadual e numa forre desmobilização, de difícil reparação. Um dos domínios em que é
especialmente premente a garantia de segurança jurídica e protecção da confiança diz respeito,
precisamente, ao funcionamento do sistema tributário
 PUBLICIDADE
Uma das dimensões fundamentais do princípio da segurança jurídica e da protecção da confiança
dos cidadãos diz respeito à exigência de publicidade das normas fiscais. Nesta, como nas demais
matérias, o direito secreto é incompatível com o princípio do Estado de Direito.
A publicidade das normas fiscais é condição essencial do cálculo económico, para além de servir
a garantia dos contribuintes. Todavia, em matéria fiscal não basta a simples publicação das
normas, sendo especialmente importante a sua publicação ordenada, sistematizada e actualizada.
Daí que o artigo 84º., nº. 2, als. b) e c), do CGT, a propósito do dever de colaboração da
Administração tributária com os contribuintes, imponha àquela a publicação, cm versão
electrónica, dos códigos tributários devida e permanentemente actualizados.
 PRECISÃO, CLAREZA E DETERMINABILIDADE

O princípio da segurança jurídica e da protecção da confiança dos cidadãos cruza-se com a


exigência de legalidade tributária no princípio da precisão, clareza e determinabilidade das
normas e actos tributários, com especial relevo para aqueles que se referem aos elementos
essenciais dos impostos, mas não só.
Como vimos, a lei deve fixar os elementos constitutivos essenciais da obrigação de imposto, de
forma a proteger os direitos e garantias fundamentais dos contribuintes. E deve fazê-lo de forma
suficientemente clara, precisa e determinada, sem abrir quaisquer portas à discricionariedade
administrativa nesta matéria. Isto, sem deixar de se reconhecer as dificuldades inerentes a esta
tarefa. A elevada precisão técnica das normas tributárias é muitas vezes urna razão da sua falta
de clareza, na medida em que a sua interpretação supõe a posse de elevadas quantidades de
informação que mesmo um especialista pode ter dificuldade em abarcar.

Este princípio assenta no reconhecimento de que um sistema fiscal composto por normas
demasiado imprecisas, vagas ou complexas é dificilmente administrável e facilmente
manipulável, abrindo as portas para a desigualdade, o arbítrio, a irracionalidade e a ineficiência,
dando azo à instabilidade e imprevisibilidade. A dignidade humana e a liberdade individual estão
cm causa, na medida em que as fronteiras da actuação Autónoma devem ser bem delimitadas.
Os cidadãos devem poder identificar e compreender com clareza quais as obrigações tributárias
que para eles decorrem da lei fiscal. É importante que os operadores económicos possam levar a
cabo um planeamento fiscal informado a partir de um quadro legal previsível, inteligível e
estável. Do ponto de vista do Estado de direito democrático, tributação sem compreensão é tão
inadmissível como tributação sem representação.

 PROIBIÇÃO DA RETROACTIVIDADE

Uma outra dimensão concretizadora do princípio da segurança jurídica e da protecção da


confiança dos cidadãos diz respeito à proibição das normas fiscais que tenham natureza
retroactiva, salvo as de carácter sancionatório, quando sejam mais favoráveis aos contribuintes
(art. 102º, nº 2, da CRA).
Com efeito, o artigo 8º. do CGT, relativo à aplicação da lei tributária no tempo, determina, no
seu nº 1, que "não podem ser retroactivamente criados impostos, ampliadas as normas de
incidência tributária, agravadas as taxas ou revogados os benefícios fiscais concedidos, salvo
com fundamento em ilegalidade". No mesmo sentido, o nº. 2 do artigo 8º. do CGT determina
que "as normas tributárias só dispõem para o futuro e nos termos regulados pela Constituição da
República de Angola". Isso significa que o facto Tributário tem que ser sempre posterior à lei
que cria o imposto ou altera os seus elementos fundamentais, como sejam a incidência e a taxa,
num sentido menos favorável aos contribuintes.

 O PRINCÍPIO DA JUSTIÇA INTERGERACIONAL

A questão da justiça intergeracional nas Finanças Públicas tem assumido cada vez mais
relevância nos processos políticos e jurídicos das democracias tendencialmente liberais, em
particular diante da percepção de que o endividamento público crescente, em especial para
atendimento de despesas correntes em benefício exclusivo das gerações atuais, tem gerado
injustos encargos para as gerações que estão por vir. Nesse contexto, surge a necessidade de
interpretar o equilíbrio fiscal, e o seu correlato princípio jurídico, à luz de uma teoria da justiça
que leve os indivíduos a sério, conferindo protecção aos direitos e às contas públicas, mas
também às futuras gerações, que devem ser considerados, no contexto do debate democrático,
uma minoria política, incapaz de se organizar politicamente e formar uma maioria democrática.
A justiça fiscal intergeracional pressupõe flexibilidade e equilíbrio entre receita fiscal e despesa pública,
essencial na protecção das gerações que sobre elas recai o dever constitucional de contribuir. Desta feita,
a justiça fiscal intergeracional consiste na ponderação de receitas fiscais e despesas publicas, essenciais
na protecção das gerações que sobre elas recai o dever constitucional de contribuir.

31.1 - A Constituição
Numa perspectiva hierárquica, a Constituição é indiscutivelmente a primeira das fontes ou
modos de revelação das normas jurídico - fiscais. Efectivamente, não há a menor dúvida de que o
direito dos impostos se apresenta fortemente moldado pela chamada "constituição fiscal', isto é,
por um conjunto de princípios jurídico-constitucionais disciplinadores, ao mais elevado nível,
quer de quem, de como e de quando pode tributar, quer do que (é que) e do quanto tributar.
estabelecendo assim toda uma teia de limites à tributação - de carácter formal, os primeiros e, de
carácter material, os segundos.
As normas fundamentais em matéria de tributação, como nalgumas outras, acham-se
normalmente, nos sistemas de Direito modernos, reunidas nas leis constitucionais, no caso de
Angola, Constituição. Assim, na Constituição vigente em Angola, o princípio da legalidade do
imposto, conjugado com o da anualidade, que a Constituição define expressamente, reflecte-se
nos arts.10 º /2, 102º e 165 º /1, al. o), conjugado com o art. 6º. Também poderá entender-se que
o princípio da igualdade fiscal tem acolhimento na Constituição, através do art. 23º , (Princípio
da Igualdade) que e transversal a todos ramos de direito.

3.1.2 - Direito Internacional


Abaixo da Constituição, temos o Direito Internacional Fiscal. Aqui, estamos a falar de certas
normas internacionais que procuram resolver problemas de plurilocalização.
Como sabem, o poder tributário de um Estado está circunscrito a um território. Assim, qualquer
Estado só vai tributar aquilo que tiver conexão com o seu território.
Que elementos de conexão fiscal existem?
Conceito: O elemento de conexão é o elemento da previsão normativa que, determinando a
"localização" de uma situação da vida num certo ordenamento tributário, tem como efeito típico
determinar o âmbito de aplicação das leis desse ordenamento a essa mesma situação.
1. Conexão Pessoal: O critério de conexão pessoal reconhecido internacionalmente como
gerando poder de tributar é a nacionalidade, a residência e domicilio. Portanto, um Estado,
para tributar um indivíduo, uma empresa, um sujeito passivo, seja ele pessoa singular ou
pessoa colectiva, só o pode fazer se o sujeito for nacional ou, não sendo, for residente.
2. Conexão Real - o Estado, mesmo que aquele indivíduo ou aquela empresa / pessoa colectiva
não nacional ou não tenha residência fiscal no seu território, ainda assim terá competência
tributária se for o designado Estado da fonte. Falamos em fonte do rendimento, local onde
ocorre o consumo ou local onde está situado o património.
Quando o Estado quer determinar a sujeição ao imposto, a sujeição é aferida pela nacionalidade,
residência/domicilio ou não residência e pela fonte.
Se numa situação em concreto, fazer coincidir os todos critérios de conexão, traduzir – se em o
Estado tributante, ser o Estado de nacionalidade, de residência e da fonte, tendencialmente não
lugar a plurilocalização porque é uma situação interna.
Porém, pode ocorrer - e hoje é comum que aconteça, e a tendência é isto multiplicar-se - que,
face à mobilidade dos agentes económicos e factores de produção, a conexão com os territórios
fiscais possa ser múltipla, plural, e que dessa conexão com vários territórios resulte activação de
várias regras fiscais nacionais. Ou seja, mobilidade dos agentes e dos factores de produção
tenderá a gerar plurilocalização, fazendo com que possam ser activadas várias regras nacionais
que identifiquem a conexão com o território fiscal.
Então, se são activadas várias normas nacionais que dão poder tributário, imagine-se a dois
Estados, dizendo-se estes dois Estados competentes para tributar o mesmo sujeito e o mesmo
rendimento, o que acontece? Acontece o que chamamos de Dupla tributação jurídica
internacional.
Havendo o mesmo sujeito passivo, o mesmo rendimento, mas dupla tributação, é um problema
de justiça fiscal, e temos de procurar uma forma de o resolver através do direito. Que direito? O
direito internacional fiscal.
Temos, então, de identificar a forma como o direito resolve estes problemas de dupla tributação
jurídica internacional: é através desta fonte.

A forma como tradicionalmente, entre os anos 1890 e agora, a tradição tem feito com que o
instrumento principal utilizado para resolver estas situações de dupla tributação jurídica
internacional sejam as convenções para evitar e eliminar a dupla tributação – CDTs (convecções
de Dupla Tributação), que têm sido, na sua maioria, bilaterais, ou seja Estado a Estado (ex.:
Estado A com Estado B, Estado A com Estado C, etc.). Tudo tem assentado na construção de
redes para solução dos problemas de dupla tributação jurídica internacional. Assim, sob a forma
internacional de um tratado, negociado Estado a Estado, estabelece - se um conjunto de regras
que tentam resolver as situações de dupla tributação jurídica internacional.

3.1.3 - Lei

Como resultado do principio da legalidade Tributaria ou fiscal, na vertente da reserva de lei


formal, relativamente a criação e alteração dos impostos e estabelecimento dos seus elementos
essenciais tem que haver uma lei da assembleia Nacional (Lei em sentido estrito). Assim, a Lei
em sentido estrito e seguramente fonte do Direito Fiscal.

3.1.4 - Decreto-Legislativo
Uma vez que a reserva de lei formal respeita apenas a criação e alteração dos impostos e a
determinação dos elementos essenciais dos impostos o titular do poder executivo quando
autorizado pela Assembleia Nacional, legislar sobre matérias tributarias. Desta feita, os decretos
legislativos e também do Direito Fiscal, embora, por via desta não possa determinar essenciais
dos impostos, pois por imperativo do principio da legalidade tributaria a criação dos impostos e a
normatividade dos elementos essenciais dos impostos e matéria de Lei da Assembleia Nacional.

3.14 - Regulamento:

O regulamento é uma norma geral e abstracta, emanada do poder executivo (poder


administrativo), no desempenho da actividade administrativa, com vista à boa aplicação das leis.
São três os tipos essenciais de regulamentos fiscais:1 - os regulamentos aprovados pelo Governo
por via de decretos; 2 - os actos da competência dos Ministros, aprovados através de diplomas
ministeriais; e 3 - As deliberações de certas entidades publicas menores (autarquias locais).

COSTUME
Há ramos de Direito cujas normas vão sendo elaboradas pelos próprios destinatários,
constantemente, através do ajustamento quotidiano de critérios de justiça, espontaneamente
definidos, às situações concretas que se sucedem no tempo. E os legisladores, na sua função de
descobrir as normas já existentes, ou em formação, numa sociedade, acabam, com maior ou
menor lentidão, por formular essas normas assim criadas por via consuetudinária. Em tais esferas
jurídicas, o costume - "tacitus consensus populi longa consuetudine inveteratus" há-de afirmar-se
como fonte de Direito. Mas não parece que aconteça no campo tributário, onde as normas não
são criadas espontaneamente pelos destinatários

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