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DIREITO CONSTITUCIONAL

1. DA APLICABILIDADE E INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS;

Conceito de Direito Constitucional:

Fontes de Estudo: i) Constituição Federal de 1988 – fonte primária, que pode ser originária ou
derivada (EC, TIDH); fontes secundárias: ii) jurisprudência; iii) doutrina; iv) costumes (STF foi
provocado para interpretar o art. 110 da CF sobre ensino religioso, o Estado deve oferecer mas
é opcional ao aluno, o STF entende que a comunidade escolar deverá decidir UMA religião).

A fonte secundária não pode contrariar a fonte primária.

• Conceitos de Constituição: é o que constitui o Estado, pode ser escrita ou não escrita quanto
à forma;

Sentido Sociológico: Ferdinand Lassalle – A essência da Constituição: não é norma jurídica (lei
ou documento jurídico, folha de papel), é mais do que isso, é fato social. Soma dos fatores reais
de poder que constituem o Estado. Reflexo da sociedade, é a constituição efetiva. É possível
haver no Estado mais de uma constituição, a real e a fictícia que é o documento solene. Assim a
classe do trabalhador deveria acordar para os poderes atuantes da sociedade (que podem
interferir na criação das leis ou até na NÃO criação delas) e igualmente se organizar para ter
poder atuante. A Constituição Jurídica não prevalece sobre a Constituição Real.

Karl Marx: produto das relações de produção da sociedade (mais relacionado à parte econômica).

Sentido Político: Carl Schmitt – Teoria da Constituição. Abrandar o valor jurídico da Constituição.
É uma decisão política. O Estado é anterior à Constituição (leis constitucionais). A lei (CF) seria a
sistematização posterior da decisão política. Diz que o governante não está vinculado à
constituição pois ele toma a decisão política a partir da realidade do Estado, somente num
segundo momento há a norma jurídica. Lógica inversa. O que faz valer o documento é a decisão
política anterior. Constituição não é o fator de poder. Foi utilizado como argumento para o
regime de Hitler, sendo previamente à Segunda Guerra Mundial aplaudido.

Desmembramento do pensamento de Carl Schmitt:

• Sentido Material: conteúdo (matéria), independentemente da forma, é reconhecida por


apenas tratar dos assuntos fundamentais para a existência do Estado. Nesse sentido a
constituição pode ser encontrada em várias formas e fontes, escrita ou não escrita, inclusive
através de costumes, jurisprudência e outros. Há alguns assuntos prioritários e essenciais. Ex:
organização política, administrativa, povo (nacionalidade), direitos individuais, sociais, etc.
• Sentido Formal: está mais próximo ao conceito de leis constitucionais, pois não é reconhecida
por assunto, mas sim pelo processo legislativo (forma) utilizado para a criação de um
documento solene de organização do Estado. A ideia propriamente de lei (norma jurídica
coercitiva), pode conter qualquer assunto, porém tem a forma de um documento solene. (ex:
art. 242, §2º, CF – Colégio Pedro II).

Sentido Jurídico (ou Normativo): Hans Kelsen (Teoria Pura do Direito) – A constituição é a lei
suprema do Estado, o fundamento de validade do ordenamento jurídico. Ideia de unidade da
constituição. Preocupação em limitar a tentativa autoritária. Ideia de hierarquia. Fundamentação
em dois planos: a) sentido lógico-jurídico – a norma fundamental dá base à constituição, ou seja,
vontade da coletividade, é uma norma hipotética; b) sentido jurídico-positivo – a Constituição é
a base/fundamento do ordenamento jurídico, fundamento de validade.

Norma fundamental > Constituição (sentido lógico-jurídico);


Constituição > demais normas (sentido jurídico-positivo).

Pirâmide de Kelsen:

Constituição, EC e Tratados Internacionais de direitos


Humanos aprovados pelo quórum das EC.

Nível supralegal: Tratados internacinais de direitos


Humanos aprovados pelo rito ordinário.

Leis complementares, ordinárias e delegadas, medidas


provisórias, decretos legislativos, resoluções legislativas,
tratados internacionais em geral e decretos autônomos.

Normas infralegais: decretos executivos, portarias,


instruções normativas.

Jose Afonso da Silva diz que a Constituição é norma pura, pura obrigação (puro dever-ser, dever-
fazer), significa dizer que vale a lei, o que está escrito deve ser cumprido, independentemente de
ideologia, forma, conteúdo, o que seria um ponto de crítica da doutrina.

Constitucionalismo contemporâneo (posterior a II Guerra), é o pós-positivismo/pós-Kelsen. Não


nega o pensamento de Kelsen pois vê a Constituição como a lei suprema também, mas o ponto
central é que esta deve apresentar correspondência com a realidade. Não é norma pura, há uma
aproximação entre direito e ética, justiça. Contexto eclético para retratar a realidade, pois o
direito é dinâmico.
Ex: art. 226, CF – definição de família (homem + mulher, ou um dos pais e seus filhos), visava-se
proteção da mulher (poder famíliar), o STF deu interpretação conforme à Constituição para que
sejam admitidas uniões do mesmo sexo, percebendo a realidade e aproximando o direito da
justiça.

Ex: crime de rapto colocava a expressão “mulher honesta”.

Sentido Culturalista: Konrad Hesse, Peter Haberle e Paulo Bonavides: constituição total. A
constituição é fruto de reflexo social, bem como de decisão política, sendo lei suprema e busca
inspiração na realidade (cultura, religião, economia, social).

Conceito Ideal de Constituição: J. J. Gomes Canotilho – é documento escrito, solene, fruto do


trabalho de assembléia constituinte (processo democrático), que estabelece a democracia e a
separação de Poderes, primando pela proteção de direitos fundamentais.

Hierarquia de Normas (vide pirâmide de Kelsen):

A CF é a norma de maior hierarquia e é o fundamento de validade das demais.

Posicionamento juspositivista: nenhuma norma se sobrepõe à Constituição.

• Norma constitucional originária (poder constituinte) ou derivada (emendas e Tratados


Internacionais de Direitos Humanos ratificados por quórum de EC – cabe controle de
constitucionalidade).

• Nível Supralegal: TIDH ratificados (cabe controle de convencionalidade).

• Leis: Espécies primárias (art. 59, CF) - Não há hierarquia entre Lei Complementar, Lei
Ordinária, Lei Delegada, Medida Provisória, Decreto Legislativo e Resolução. Tratado
Internacional de temas diversos. Algumas normas tem valor de lei mesmo sem processo
legislativo.

• Nível Infralegal: Atos (instrução normativa, portaria etc).

OBS: Tratados Internacionais - poderão valer como lei, como norma supralegal ou como emenda.
A competência privativa é do Presidente da República (chefe de Estado) para celebrar Tratados
Internacionais, Atos e Convenções.

• Tratado Internacional de temas diversos – Presidente celebra, e compete ao Congresso


Nacional aprová-los via Decreto Legislativo (art. 49, CF): primeiro na Câmara em 1 turno
de maioria simples, posteriormente no Senado em 1 turno de maioria simples, passando
a incorporar o ordenamento. Posteriormente deve haver a promulgação do Presidente
da República, na forma de Decreto do Executivo, quando passa a ser exigida sua
obrigação, entrando em vigência. Temas diversos: lei.

• Tratado Internacional de Direitos Humanos – EC 45/04 (art. 5º, §3º - valor de emenda
constitucional), O Presidente celebra, a Câmara aprova em 2 turnos com quórum de 3/5,
igualmente no Senado. Não há número de emenda, pois o que nasce é um decreto
legislativo fazendo a promulgação, porém terá hierarquia de emenda constitucional. Não
vale como norma orginária (ilimitado), mas sim derivada (à luz da CF). Porém antes da EC
45/04 já haviam tratados ratificados em processo legislativo simples (ex: Pacto de São
José da Costa Rica, vedação da prisão do depositário infiél), que recebem o status
supralegal. Havendo conflito entre lei e TIDH de status supralegal não se fala em
inconstitucionalidade (não se faz controle de constitucionalidade), vai derrogar ou
revogar a lei, cabe controle de convencionalidade (duplo processo de compatibilização
vertical).

Tratados que valem como EC:


1. Convenção de Nova Iorque (direitos das pessoas com deficiência) e o Protocolo
Facultativo.
2. Tratado de Marraqueche (direitos das pessoas com deficiência visual).
3. Convenção Interamericana Contra o Racismo.

Âmbito Regional: Os estados (poder derivado decorrente) se organizam por meio de


Constituição Estadual; os Municípios se organizam por Lei Orgânica, e o DF se organiza por meio
de Lei Orgânica com status de Constituição Estadual. Cabe controle de constitucionalidade com
a constituição estadual como parâmetro para as leis estaduais, lei orgânica do município e leis
municipais. Porém o estado deve estar dentro da sua competência (usurpação de competência,
ex. horário do comércio, bares e restaurantes, é de interesse local, nesse caso há
inconstitucionalidade da constituição do estado, pois viola a repartição de competência
estabelecida na CF). No âmbito municipal é controle de legalidade com a LO do município como
parâmetro. Como a LO do DF tem status de Constituição Estadual há sim controle de
constitucionalidade. Não há hierarquia entre leis federais, estaduais ou municipais ou do DF,
deve-se observar o critério de competência legislativa para o assunto que conflita entre essas
leis, assentado na CF (inconstitucionalidade formal ou orgânica).

Concepção de constituição ideal (Canotilho)

• Escrita;
• Sistema de direitos fundamentais individuais (liberdades negativas);
• Separação dos poderes;
• Sistema democrático formal.
Elementos da Constituição:

• Orgânicos: regulam a estrutura do Estado e do Poder;


• Limitativos: limitam a atuação do poder estatal (direitos e garantias fundamentais);
• Socioideológicos: compromisso com o bem-estar social;
• Estabilização constitucional: solução de conflitos constitucionais (ação de
inconstitucionalidade e intervenção);
• Formais de aplicabilidade: regras de aplicação (preâmbulo, ADCT)
2. VIGÊNCIA

O Poder Constituinte Originário, ao se manifestar, elaborando uma nova Constituição, está, na


verdade, inaugurando um novo Estado, rompendo com a ordem jurídica anterior e
estabelecendo uma nova. Como consequência disso, são três os efeitos da entrada em vigor de
uma nova Constituição:

a) A Constituição anterior é integralmente revogada; ela é inteiramente retirada do mundo


jurídico, deixando de ter vigência e, consequentemente, validade. Não se aceita a tese da
desconstitucionalização (que seria a recepção da constituição pretérita como norma
infraconstitucional);

b) As normas infraconstitucionais editadas na vigência da Constituição pretérita que forem


materialmente compatíveis com a nova Constituição são por ela recepcionadas, e seu
status será definido pela nova constituição;

c) As normas infraconstitucionais editadas na vigência da Constituição pretérita que forem


materialmente incompatíveis com a nova são por ela revogadas. OBS: não se reconhece
a inconstitucionalidade superveniente de uma norma por advento de nova constituição,
é tratado como conflito de normas no tempo. Exceções! Mutação constitucional
(mudança de seu sentido interpretativo do parâmetro de constitucionalidade) e mudança
no substrato fático da norma (não há alteração no parâmetro da constituição mas novos
aspectos de fato que não eram claros antes surgem, exemplo: conhecimentos científicos
posteriores).

Repristinação: possibilidade de ressucitar normas já revogadas; admite-se excepcionalmente


mediante disposição expressa.

Promulgação de emendas constitucionais: o princípio da recepção também se aplica no caso de


emenda constitucional superveniente; a edição de normas infraconstitucionais após a EC,
ensejará inconstitucionalidade.

Recepção x vacatio legis: a lei vacante não será recepcionada pela nova ordem constitucional,
porquanto a recepção somente se aplica às normas que estejam em vigor no momento da
promulgação da constituição.

Direito pré-constitucional inconstitucional face à constituição pretérita: a lei editada sob a égide
da constituição anterior não poderá ter sua constitucionalidade examinada frente à nova,
tampouco podendo ser recepcionada pela nova constituição, ainda que com ela materialmente
compatível, pois já nasceu inválida (inconstitucional frente à constituição pretérita).

Alteração da repartição constitucional de competências pela nova constituição: nesse caso, a


lei editada por iniciativa diferente da estabelecida pela constituição nova poderá ser
recepcionada desde que com ela materialmente compatível e caso a alteração de competência
seja de um ente de maior grau para um de menor grau (pois a regulamentação por entes
diferentes geraria insegurança jurídica).
Métodos de Interpretação da Constituição:

Todos os Poderes realizam a interpretação da Constituição. Sociedade aberta aos intérpretes


(Peter Haberle – a interpretação constitucional é tarefa de todos).

Atuação do juiz na interpretação constitucional:

• Interpretativistas: juiz não pode transcender o que diz a constituição, limitando-se a


analisar os preceitos expressos e os preceitos claramente implícitos;

• Não-interpretativistas: juiz deve pautar sua atuação em valores substantivos, pois o


resultado da atuação judicial não decorre de uma interpretação direta do texto
constitucional, mas sim da aplicação de valores substantivos à apreciação de um caso
concreto, gozando de nível superior de autonomia para transcender a literalidade da
constituição. Captação da evolução dos valores da sociedade para que não se desconecte
a norma da realidade.

PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL

Estes princípios são aplicados facultativamente pelo intérprete, não tendo valor normativo:

Princípio da unidade da constituição: o texto deve ser interpretado de forma a evitar


contradições entre suas normas ou entre os princípios constitucionais. Não há contradição
verdadeira entre as normas constitucionais, sendo meramente aparente. Não há antinomias
reais no texto da Constituição. Deve-se para tal considerar a constituição como um todo, pois as
normas devem manter entre si um vínculo de essencial coerência > não existem normas
constitucionais originárias inconstitucionais. (não-contradição)

Princípio da máxima efetividade (da eficiência ou da interpretação efetiva): atribuir à norma


constitucional o sentido que lhe dê maior efetividade social, para maximizar a norma e extrair
dela todas as suas potencialidades.

Princípio da justeza ou da conformidade funcional ou, ainda, da correção funcional: não pode
chegar a uma conclusão que subverta o esquema organizatório-funcional estabelecido pelo
constituinte; não pode alterar, pela interpretação, as competências estabelecidas pela
Constituição para a União.

Princípio da concordância prática ou da harmonização: harmonização dos bens jurídicos em


caso de conflito entre eles, de modo a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros
(colisão de direitos fundamentais).

Princípio do efeito integrador ou eficácia integradora: preferência às determinações que


favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política, associado ao princípio da
unidade, por ter o objetivo reforçar a unidade política.

Princípio da força normativa da Constituição: determina que toda norma jurídica precisa de um
mínimo de eficácia, sob pena de não ser aplicada; preferência às soluções que possibilitem a
atualização de suas normas, garantindo eficácia e permanência. Konrad Hesse: a norma
constitucional não tem existência autônoma em face da realidade, a Constituição para ser
aplicável deve ser conexa à realidade jurídica, social e política.

OBS: (STF) a manutenção de decisões divergentes da interpretação constitucional revela-se


afrontosa à força normativa da Constituição e ao princípio da máxima efetividade da norma
constitucional. Isso porque a postura atual do Supremo é a de valorizar cada vez mais suas
decisões, com vistas a criar um ambiente de maior segurança jurídica. Visa-se conferir maior
uniformidade às decisões do Judiciário brasileiro.
3. EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

Normas de Eficácia Plena: tem aplicabilidade DIRETA (não depende de norma regulamentadora
para produzirem seus efeitos); IMEDIATA (estão aptas a produzir todos os seus efeitos desde o
momento em que é promulgada a Constituição); INTEGRAL (não podem sofrer limitações ou
restrições em sua aplicação).

Exemplos: organização política, gratuidade do transporte público ao maior de 65 anos; asilo


inviolável (intimidade e privacidade – é uma garantia individual pois a CF apresenta somente
condições e não restrições ao direito); provimento dos cargos públicos por meio de concurso
público.

Normas de Eficácia Contida (ou prospectiva): tem aplicabilidade DIRETA; IMEDIATA; e


POSSIVELMENTE NÃO INTEGRAL (seu alcance é restringível pela lei ou pela CF). Antes da
restrição ela é INTEGRAL.

Exemplos: liberdade profissional (contém uma reserva legal para que outra lei trate do tópico
para restringir o direito); liberdade de locomoção (ir, vir, permanecer, estar); direito de
propriedade (a própria CF cria a restrição estabelecendo a função social da propriedade bem
como a desapropriação e a requisição; conceito ético-jurídico indeterminado: iminente perigo
público); vedação à identificação criminal (é uma garantia individual); liberdade de reunião (não
se deve confundir condições para o exercício do direito com a restrição que é o Estado de Defesa
e o Estado de Sítio; a falta de aviso prévio não está apta a frustrar a reunião a menos que haja
conflito com outra reunião); direito de greve na iniciativa privada (a lei pode estabelecer as
atividades essenciais e necessidades inadiáveis da comunidade; e a CF delimita estado de defesa
e de sítio).

Ex: Art. 5º, XII, CF - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses
e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
A reserva legal trata somente das comunicações telefônicas (eficácia limitada), porém é norma
de eficácia contida em relação ao sigilo de correspondência pois há restrições para estado de
defesa/sítio.

OBS: Lei que exigiu qualificação profissional dos músicos feriu a liberdade profissional, bem como
a liberdade artística, é inconstitucional pois a exigência não é RAZOÁVEL, é desproporcional.

ATENÇÃO ÀS RESTRIÇÕES DOS ARTS. 136 E 139, CF (ESTADO DE DEFESA/SÍTIO):

Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos § 1º O decreto que instituir o estado de defesa
o Conselho da República e o Conselho de Defesa determinará o tempo de sua duração, especificará
Nacional, decretar estado de defesa para as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos
preservar ou prontamente restabelecer, em locais e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem,
restritos e determinados, a ordem pública ou a paz dentre as seguintes:
social ameaçadas por grave e iminente
I - restrições aos direitos de:
instabilidade institucional ou atingidas por
calamidades de grandes proporções na natureza.
a) reunião, ainda que exercida no seio das III - restrições relativas à inviolabilidade da
associações; correspondência, ao sigilo das comunicações, à
prestação de informações e à liberdade de
b) sigilo de correspondência;
imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; lei;
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços IV - suspensão da liberdade de reunião;
públicos, na hipótese de calamidade pública,
V - busca e apreensão em domicílio;
respondendo a União pelos danos e custos
decorrentes. VI - intervenção nas empresas de serviços
públicos;
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado
com fundamento no art. 137, I, só poderão ser VII - requisição de bens.
tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do
I - obrigação de permanência em localidade inciso III a difusão de pronunciamentos de
determinada; parlamentares efetuados em suas Casas
Legislativas, desde que liberada pela respectiva
II - detenção em edifício não destinado a acusados
Mesa.
ou condenados por crimes comuns;

Quanto ao sigilo de comunicações telefônicas a CF estabelece a exceção e impõe condições com


reserva de jurisdição (ordem judicial) e reserva legal (na forma que a lei estabelecer). O STF,
contudo, entende que este pedaço da norma é de eficácia limitada pois depende da lei. E eficácia
contida para os demais.

Exemplo: STF extradição – tem eficácia plena, porém em relação ao naturalizado após a
naturalização é eficácia limitada pois depende da lei que regulamente.

Exemplo: STF cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros, que preencham
os requisitos estabelecidos em lei – eficácia contida / para o estrangeiros: assim como aos
estrangeiros, na forma da lei – somente aqueles que a lei autorizar (professor e pesquisador) –
eficácia limitada.

OBS: As normas de direitos e garantias fundamentais (inclusive os direitos sociais) tem aplicação
IMEDIATA, porém não serão apenas de eficácia plena ou contida, também poderão ser de
eficácia limitada, havendo conteúdo programático. Isso diz apenas que os direitos fundamentais
são de pronto garantidos aos seres humanos.

Normas de Eficácia Limitada: são normas incompletas pois a CF não dá toda a informação e exige
que lei as regulamente. Tem aplicabilidade MEDIATA (a aplicação é futura/diferida/postergada)
e INDIRETA (seu exercício depende de lei regulamentadora) e REDUZIDA (grau de eficácia restrito
quando da promulgação da CF). A pergunta que se deve fazer é: A lei irá restringir o direito ou
viabilizar seu exercício?

São NÃO-AUTOAPLICÁVEIS, pois dependem de complementação legislativa para produzirem


efeitos.

Exemplos: direito de greve dos servidores públicos (enquanto não editada a lei ordinária, não é
possível fazer greve, porém, com entendimento do STF é aplicável a lei de greve aos servidores
públicos enquanto não sobrevier a referida lei, porém há parametrização pela corte do uso dessa
lei definindo critérios de legalidade da greve).

• As normas de eficácia limitada se sub-dividem em normas de princípio institutivo


(instituir algo: órgãos, competências, entes, formação de novos estados, e só nascem com
a lei instituindo) e normas de princípio programático (planejamento: leis para proteção
do trabalhador em face da automação, direito de greve dos servidores públicos). A norma
programática cria direito subjetivo (o que a pessoa tem direito de exigir do Estado).
Direito subjetivo positivo: exigir o cumprimento imediato; subjetivo negativo: exigir um
não fazer por parte do Estado. Não cria o direito subjetivo positivo, mas sim o direito
subjetivo negativo (ex: a universidade pública cobrar matrícula, é o contrário do que
estabelece a constituição). Não garante que o Estado seja forçado a cumprir a norma
constitucional integralmente mas garante que o Estado não possa fazer o contrário do
que está previsto na constituição.

• É importante destacar que as normas de eficácia limitada possuem eficácia mínima


(POSSUEM EFICÁCIA JURÍDICA). Isso porque produzem, desde sua edição, dois tipos de
efeitos: i) efeito negativo – revogação de disposições anteriores e proibição de leis
posteriores que se oponham, servem de parâmetro para o controle de
constitucionalidade das leis; e ii) efeito vinculativo – obrigação de edição de leis
regulamentadoras sob pena de omissão inconstitucional combatida por meio de
Mandado de Injunção ou Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, obrigando
bem assim que o Poder Público concretize as normas programáticas.

Princípio da Reserva do Possível: limita a atividade do Poder Judiciário, que não pode invadir a
esfera administrativa (atividade do Executivo), para obrigar o Estado a fazer o que ainda não é
possível. Cabe ao Estado provar a impossibilidade de concretização.

Princípio do Mínimo Existêncial: mitiga a reserva do possível pois o Estado não pode deixar de
fazer o mínimo para assegurar a dignidade da pessoa humana.
Classificação de Maria Helena Diniz:

• Normas com eficácia absoluta: não podem ser suprimidas por meio de EC (cláusulas
pétreas: não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma
federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos
Poderes e os direitos e garantias individuais).

• Normas com eficácia plena: aplicabilidade imediata, independentemente de


regulamentação, mas podem ser objeto de EC;

• Normas com eficácia relativa restringível: normas de eficácia contida, possuem cláusula
de redutibilidade;

• Normas com eficácia relativa complementável ou dependentes de complementação:


normas de eficácia limitada.

OBS: alguns autores consideram a existência de normas constitucionais de eficácia exaurida e


aplicabilidade esgotada (cujos efeitos cessaram e não tem mais eficácia jurídica, ou seja, não
poderão ser objeto de controle de constitucionalidade).

HIERARQUIA DAS NORMAS:

• Não existe herarquia entre normas constitucionais orginiárias;


• Não existe herarquia entre normas constitucionais orginiárias e normas constitucionais
derivadas;
• As normas constitucionais originárias não podem ser declaradas inconstitucionais; as
derivadas sim;
• Otto Bachof (normas constitucionais inconstitucionais): argumenta que as cláusulas
pétras são superiores às demais normas constitucionais originárias, servindo de
parâmetro para o controle de constitucionalidade (NÃO ADMITIDO NO BRASIL).

Entendimentos sobre hierarquia das normas:

• Leis federais, estaduais, distritais e municipais possuem o mesmo grau hierárquico (verifica-
se o critério de repartição de competências);
• A Constituição Federal é superior às Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios;
• Leis complementares (à despeito de seu procedimento mais dificultoso) têm o mesmo nível
hierárquico que as leis ordinárias, o que as difere é seu conteúdo;
• Leis complementares podem tratar de tema reservado às leis ordinárias (a maiori ad minus),
sendo considerada materialmente ordinária; o inverso não é possível, lei ordinária não pode
tratar de assunto reservado às leis complementares (inconstitucionalidade formal);
• Os regimentos dos tribunais do PJ são normas primárias, equiparados hierarquicamente às
leis ordinárias, bem como resoluções do CNMP e do CNJ;
• Os regimentos das Casas Legislativas (Senado e Câmara dos Deputados) também são normas
primárias;

PODER CONSTITUINTE

Poder Constituinte (cujo titular é o povo) é aquele que cria a constituição e Poderes Constituídos
são os estabelecidos pela Constituição, ou seja, resultam de sua criação.

A forma do exercício do Poder Constituinte poderá ser democrática/por convenção (quando se


dá pelo povo, direta ou indiretamente) ou autocrática/por outorga (quando se dá por usurpação
do poder).

A assembleia constituinte é considerada soberana quando tem o poder de elaborar e promulgar


constituição sem consulta ou ratificação popular, e é exclusiva quando composta de pessoas que
não pertençam a qualquer partido político.

• Poder constituinte originário: de primeiro grau ou genuíno; poder de criar NOVA


constituição. Características: político (poder de fato e não de direito; extrajurídico,
anterior ao direito; é categoria pré-constitucional, que dá fundamento de validade a uma
nova ordem constitucional), inicial (dá início a uma nova ordem jurídica, rompendo com
a anterior), incondicionado (não se sujeita a qualquer forma ou procedimento
predeterminado), permanente (se manifesta a qualquer tempo e não se esgota,
permanece em estado de latência), ilimitado juridicamente (não se submete a limites
determinados pelo direito anterior, por isso não se invoca direito adquirido contra norma
constitucional originária; porém atenção ao princípio da vedação ao retrocesso em
matéria de direitos fundamentais), autônomo (liberdade para definir o conteúdo da nova
Constituição.

Atenção! Ilimitado e incondicionado são características que devem ser encaradas com
moderação, pois, conforme Canotilho, observam-se padrões e modelos de conduta
espirituais, culturais, éticos e sociais radicados na consiência jurídica geral da
comunidade.

• Poder constituinte derivado: de segundo grau; poder de modificar a Constituição Federal


ou elaborar as Constituições Estaduais. Características: jurídico (regulado pela CF,
previsto no ordenamento jurídico vigente), derivado (fruto do poder constituinte
orginário), limitado ou subordinado (limitado pela CF, não podendo desrespeitá-la sob
pena de inconstitucionalidade), condicionado (forma de seu exercício é determinada pela
CF).
o Poder constituinte reformador (poder de modificar a CF)
o Poder constituinte decorrente (poder de auto-organização dos estados)
o Poder constituinte revisor (revisão constitucional após 5 anos da promulgação da
CF/88, por meio de sessão unicameral do Congresso Nacional por votação da
maioria absoluta de seus membros).
• Poder constituinte supranacional: vários Estados abriram mão de parte de sua soberania
em prol de um poder central, direito comunitário reconhecido como hierarquicamente
superior aos direitos internos de cada Estado (união europeia).
4. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE:
5. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS.

São os valores que orientaram o Poder Constituinte Originário na elaboração da constituição.


Esses fundamentos, objetivos e princípios das relações internacionais são princípios
fundamentais.

Fundamentos da RFB: SOCIDIVAPLU

• Soberania (atributo essencial do Estado, que não se sujeita a outro poder interno ou
externo; é poder supremo e independente);
• Cidadania (objeto e direito fundamental, pois representa status do ser humano para
participar na vida política do Estado; ligada ao conceito de democracia);
• Dignidade da pessoa humana (valor-fonte do ordenamento jurídico, base de todos os
direitos fundamentais, coloca o ser humano como preocupação central do Estado, a
proteção às pessoas é um fim em si mesmo) STF: união homoafetiva, pesquisa com
células-tronco embrionárias, vedação ao exame compulsório de DNA;
• Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (reforça o modelo capitalista e o valor
social do trabalho por garantir a subsistência da pessoa e o desenvolvimento e o
crescimento econômico);
• Pluralismo político (visa garantir a inclusão de diferentes grupos sociais no processo
político) STF: crítica jornalística é direito fundado no pluralismo.

Regramento na CF/88:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada III - erradicar a pobreza e a marginalização e


pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
do Distrito Federal, constitui-se em Estado
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
I - a soberania; outras formas de discriminação.
II - a cidadania; Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se
nas suas relações internacionais pelos seguintes
III - a dignidade da pessoa humana;
princípios:
IV - os valores sociais do trabalho e da livre
I - independência nacional;
iniciativa;
II - prevalência dos direitos humanos;
V - o pluralismo político.
III - autodeterminação dos povos;
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo,
que o exerce por meio de representantes eleitos IV - não-intervenção;
ou diretamente, nos termos desta Constituição.
V - igualdade entre os Estados;
Art. 2º São Poderes da União, independentes e
VI - defesa da paz;
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário. VII - solução pacífica dos conflitos;
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
República Federativa do Brasil: IX - cooperação entre os povos para o progresso da
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; humanidade;
II - garantir o desenvolvimento nacional; X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil formação de uma comunidade latino-americana
buscará a integração econômica, política, social e de nações.
cultural dos povos da América Latina, visando à

Forma de Estado: maneira pela qual o poder está territoralmente repartido à FEDERAÇÃO.

• Unitário: territorialmente centralizado;


• Federal: poder territorialmente descentralizado.

Temos diversos entes federativos (União, Estados, DF e municípios), autônomos, com


governo próprio e capacidade política, com o mesmo status hierárquico. Não admite o
direito de secessão (princípio da indissolubilidade do vínculo federativo).

Atenção! Soberania difere de autonomia, somente a RFB é soberana (personalidade


internacional), representada pela União no plano internancional.

Federalismo de terceiro grau: por incluir os municípios como entes federativos.

Forma de Governo: modo como se dá a instituição do poder na sociedade e a relação entre


governantes e governados à REPÚBLICA.

• Monarquia;
• República: caráter eletivo, representativo e transitório + responsabilidade dos
governantes, fundada na igualdade formal das pessoas.

Regime Político: conjunto de instituições políticas por meio das quais o Estado se organiza para
exercer o poder à DEMOCRACIA.

Estado democrático de direito: limitação dos poderes estatais, garantia de sociedade


pluralista, todas as pessoas se submetem às leis e ao Direito criados pelo povo por meio
de representantes.

Harmonia e Independência entre os Poderes: a separação dos poderes objetiva evitar


arbitrariedades e o desrespeito aos direitos fundamentais; é técnica de limitação do poder
estatal. O poder político é uno, o que se separa são as funções estatais. É uma separação flexível,
pois os poderes exercem funções típicas e atípicas. A independência entre os poderes é limitada
pelo sistema de freios e contrapesos (interferência legítima de um Poder sobre o outro).

Objetivos Fundamentais da RFB: são as finalidades a serem perseguidas pelo Estado.

• Construir uma sociedade livre, justa e solidária;


• Garantir o desenvolvimento nacional;
• Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
• Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.
6. DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS:

INTRODUÇÃO

A Constituição categoriza os direitos e garantias fundamentais em 5 títulos (direitos catalogados),


porém este rol não é exaustivo, havendo outros espalhados pela CF e em tratados internacionais
(não catalogados). Categorias:

i. Direitos e deveres individuais e coletivos;


ii. Direitos sociais;
iii. Direitos de nacionalidade;
iv. Direitos políticos;
v. Partidos políticos.

Teoria dos Quatro Status (Georg Jellinek):

• Passivo (subjectionis): indivíduo submetido ao Estado;


• Negativo (libertatis): liberdade do indivíduo perante o Estado (não interferência);
• Positivo (civitatis): prestação positiva do Estado exigível;
• Ativo (activus civitatis): exercício dos direitos políticos (cidadania).

Direitos humanos x direitos fundamentais:

Direitos humanos: jusnaturalista; concepção internacional mais restrita que trata de direitos
inerentes à condição humana.

Direitos fundamentais: juspositivista; direitos positivados pelo Estado que abrangem para além
dos direitos humanos, pois tratam de normas processuais, direitos da pessoa jurídica, etc;
concepção mais abrangente.

Direitos x garantias:

Direitos: primários e declaratórios. Ex: liberdade de expressão, direito de locomoção.

Garantias: secundários e assecuratórios; são instrumentos assecuratórios de direitos


fundamentais. Ex: vedação à censura, habeas corpus.

Gerações: ou dimensões dos direitos.

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª
LIBERDADE IGUALDADE FRATERNIDADE - -
Liberdades negativas Liberdades positivas Coletividade Bonavides: Direito à
(não fazer do Estado) (exigem um fazer do (transindividuais ou globalização Paz
Direitos civis e Estado) supraindividuais) (democracia,
políticos Direitos de bem-estar; Difusos e coletivos informação,
(propriedade, econômicos, sociais e (consumidor, meio- pluralismo)
locomoção, culturais (educação, ambiente, Bobbio: engenharia
associação e reunião) saúde e trabalho) desenvolvimento) genética.
OBS: Somente há consenso doutrinário até a 3ª geração (pois decorrem de eventos históricos),
os demais são polêmicos, havendo até quem fale de mais gerações/dimensões.

Características:

a) Universalidade: são para todos os seres humanos (interpretação ampliativa da CF que fala
em brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil). Somente a constituição poderá fazer
diferenciação a quais direitos não serão extendidos ao estrangeiro.

b) Historicidade: resultam de um processo de afirmação e não um único momento


determinado; conquistas progressivas, são mutáveis, sujeitos a ampliações;

c) Indivisibilidade: formam um sistema harmônico e coerente de proteção à dignidade, não


podem ser considerados isoladamente;

d) Inalienabilidade: intransferíveis e inegociáveis; não possuem conteúdo econômico-


patrimonial, embora possam ter reflexos patrimoniais.

e) Imprescritibilidade: não perecem com o tempo;

f) Irrenunciabilidade: não se pode deles dispor definitivamente e totalmente;

g) Relatividade ou Limitabilidade: não são absolutos; no caso de colisão (direitos diferentes de


pessoas diferentes) ou concorrência (direitos diferentes da mesma pessoa) há que se fazer a
ponderação para relativização do direito (razoabilidade é o limite dos limites: núcleo
essencial a ser protegido) no caso concreto.

h) Complementaridade: diferentes direitos se complementam e devem ser interpretados


conjuntamente;

i) Concorrência: podem ser exercidos cumulativamente;

j) Efetividade: missão do Estado de concretizá-los;

k) Proibição do retrocesso: resultado de um processo evolutivo que não podem ser


enfraquecidos ou suprimidos.

Dupla dimensão:
® Subjetiva: direitos exigíveis perante o Estado;
® Objetiva: princípios estruturantes do Estado (eficácia irradiante).

Eficácia vertical (Estado x indivíduos) e Eficácia horizontal (aplicação nas relações entre
particulares). Eficácia diagonal: aplicação em relações assimétricas entre particulares
(consumidor, trabalhador).

• Os direitos e garantias fundamentais se estendem a todos, inclusive pessoa jurídica e o


Estado, que também pode figurar no pólo ativo de direito. Ativo: quem exerce o direito.
6.1. DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS;

® Os direitos coletivos aqui são individuais de expressão coletiva!

Vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade: desses derivam os demais relacionados


nos incisos do art. 5º da CF, considerados pela doutrina como desdobramentos.

• As normas dos direitos e garantias fundamentais devem ser interpretadas para ter a maior
eficácia possível, mesmo antes da regulamentação pela lei infraconstitucional; o rol é
exemplificativo (sistema aberto de direitos fundamentais por expressa previsão
constitucional), o direito não precisa ser constitucionalizado, assim será considerado em
razão da sua essência/conteúdo normativo (fundamentalidade material)

6.1.1. Direito à Vida:

• É o mais básico, porém não há hierarquia.


• Dupla acepção: continuar vivo e vida digna (direito à busca pela felicidade).
• Dimensão subjetiva: indivíduo x Estado.
• Dimensão objetiva: sociedade x Estado (políticas públicas).
• Abrange a vida intrauterina também.
• Não é absoluto pois a pena de morte é admitida em tempos de guerra declarada.
• Anencefalia: por falta de atividade cerebral, o feto é considerado já morto, portanto a
antecipação de parto não configura aborto.
• Microcefalia: a lei autorizava, em questionamento por ADI, verificou-se a perda do objeto
pela revogação da lei. Nesse caso o aborto é crime.
• Lei do Abate: aeronave não identificada pode ser abatida.
• Uso de células-tronco embrionárias para fins terapêuticos: tais células não podem ser usadas
após 3 anos por gerarem deformações. A ciência consideraria que haveria vida, porém o STF
entendeu que não se configura a vida se não é implantado no útero, podendo ser utilizado
em pesquisas e outros.
• Vedação à tortura é absoluta, pois não há direito de torturar, afinal o ser humano não perde
a condição humana (Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis de
1991).

6.1.2. Princípio da Igualdade:

• Tratamento igual aos que se encontrem em situação equivalente e desigual aos que se
encontrem em condições diversas dentro de suas desigualdades (ações afirmativas:
concretização da igualdade material, reconhecimento das desigualdades de um grupo pelo
Estado, promovendo tratamento diferenciado/discriminatório).
• Vinculação: ao legislador (igualdade na lei; formal), intérpretes e aplicadores da lei (igualdade
perante a lei; material).
• Dele decorrem a vedação ao racismo e a isonomia tributária.
• Não pode o Poder Judiciário estendender a alguns grupos vantagens estabelecidas por lei a
outros.
• STF: pela natureza do cargo pode ser estabelecido critério de gênero/estatura/idade, etc.
• STF: Nas carreiras militares a diferença de gênero é constitucional inclusive na promoção.
• STF: critérios fenótipos (não genótipos) para fins de classificação de cor/etnia
(autodeclaração e avaliação do Estado por comissão); o percentual de 20% é constitucional e
vale para toda a Adm. Pública Federal. Estados e municípios são autônomos para decidir pela
aplicação/criação de lei.
• Pessoa com deficiência: assegurado acesso pela CF e percentual definido em lei (federal: até
20%, cada estado e município pode decidir por lei quanto ao percentual). Polícia Federal: não
cabe ao órgão/ente definir se vai ou não garantir vaga a pessoa com deficiência, porém a
deficiência deve ser compatível com o cargo.
• Eleitoral: ação afirmativa em favor de mulheres (30% de candidatas) é constitucional,
devendo haver, bem assim, destinação do fundo partidário nessa proporção (ainda que maior
do que o percentual estabelecido legalmente).
• STF (súmula vinculante 37) Aumentar vencimentos pela isonomia: não cabe ao Judiciário
aumentar vencimentos dos servidores públicos. O princípio não permite atuação como
legislador ativo ao PJ. Poderá somente declarar a inconstitucionalidade da respectiva lei
(legislador negativo).
• É constitucional a regra que veda, no âmbito do SUS, a internação em acomodações
superiores, bem como o atendimento diferenciado por médico do próprio SUS, ou por médico
conveniado, mediante o pagamento da diferença dos valores correspondentes.
• É inconstitucional a fixação de segunda chamada em etapa de concurso público em razão de
situações pessoais do candidato, tendo em vista a impessoalidade e o interesse público. (OBS:
covid – não há decisão específica que contemple).
• STF: direito de remarcação de teste de aptidão física independentemente de previsão legal
às gestantes é constitucional (igualdade material).

6.1.3. Princípio da Legalidade (genérico):

• Ninguém pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
• Legalidade: Direitos e obrigações são fruto de lei.
• Reserva legal: a CF remete à lei (formal – ordinária ou complementar) para tratar da matéria.
» Absoluta: a lei desenvolve a integralidade da norma constitucional (limitada);
» Relativa: a lei restringe a norma constitucional (contida).
• A legalidade vincula os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que devem agir dentro da
lei, bem como os particulares, que podem fazer tudo aquilo que não seja proibido.
• Lei formal: norma geral e abstrata de conduta aprovada pelo Legislativo e sancionada pelo
Executivo com base no devido processo legislativo; Lei material: toda e qualquer norma
editada pelo Poder Público. (primárias: EC, lei ordinária, lei complementar, medida
provisória, lei delegada, decreto legislativo, e resoluções).
• Legalidade extraordinária: estado de defesa e estado de sítio; relativização de direitos,
medidas restritivas por decreto.
• Atos equiparados às leis formais: atos normativos que não integram o processo legislativo
(medida provisória, lei delegada).
• Legalidade e anterioridade penal: lei formal (privativa da União) deve tipificar crime. STF 46:
a lei estadual não pode dispor sobre crime de responsabilidade e normas de processo e
julgamento, por ser competência da União. Atenção! A revisão criminal não cabe para
prejudicar, somente para beneficiar.
• Irretroatividade das leis: a lei penal somente retroage para beneficiar o réu.

6.1.4. Proibição à tortura:

• Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante.


• Súmula vinculante 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de
terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar,
civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que
se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

6.1.5. Liberdade de expressão e manifestação do pensamento:

• É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.


• Não isenta de responsabilização, não é absoluta (vedado discurso de ódio).
• Vedação ao discurso de ódio: é a limitação da liberdade em vista da dignidade humana à
todos garantida.
• STF: constitucional a vedação de tatuagem em local visível em vista da carreira (que viola
valores constitucionais; ou atentatória ao estado democrático de direito).
• STF: é constitucional manifestação em defesa de legalização de drogas e do aborto (não são
consideradas incitação à prática criminosa); o administrado pode se manifestar
contrariamente à lei (não é absoluto!).
• STF: incabível exigência de diploma de jornalismo e registro profissional para exercício da
profissão de jornalista (diante do direito à informação e liberdade profissional).
• Anonimato: a vedação não é absoluta (ex: denúncia anônima, pode servir como
complementação à prova, mas não como prova exclusiva, e pode impulsionar a investigação
criminal). É possível a instauração de processo administrativo disciplinar com base em
denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à Administração, desde
que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância.
• Aula com temática eleitoral em universidades: a universidade tem liberdade para
estabelecer essa matéria, com discurso de apoio ou contrariedade a partidos, inclusive com
materiais de campanha.
• Charges com candidato eleitoral: a vedação é inconstitucional; o candidato não pode ter sua
honra ofendida, porém não cabe a censura mas sim a posterior busca de
indenização/reparação/direito de resposta, políticos estão sujeitos à avaliação social.
• É vedada a publicação de informações falsas (lei de liberdade de imprensa).
• Atenção! A retratação espontânea não impede o direito de resposta.
• Art. 221, CF: as emissoras devem respeitar os valores éticos e sociais da família (ideia ampla);
mas atenção à inconstitucionalidade da censura; para isso existe a classificação indicativa
(União). O dispositivo não favorece a censura. Não pode haver censura à sátira com temática
religiosa.

6.1.6. Direito de resposta (desagravo):

• É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano


material, moral ou à imagem;
• Norma autoexecutável, não precisa de norma que regulamente.
• Não é necessária a judicialização, porém a tentativa administrativa não é pré-requisito.
• O direito não é primeiramente amparado a partir da censura!
• O meio de comunicação é obrigado ao direito de resposta pelo agravo que ele divulga, não
precisa assegurar o direito de resposta por autoria de outrém, não é responsabilizado nesse
caso.

6.1.7. Liberdade religiosa:

• É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos


cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva (quartel, hospital, presídio, etc).
• Estado laico: não tem religião oficial.
• Garante o agnóstico e o ateu, e direito de criar religião.
• Proteção ao templo religioso (regras para entrar no templo são constitucionais) e aos
símbolos (vilipendiar símbolo religioso é contravenção penal: expor a escárnio público).
• Liturgia: os atos do culto; sacrifício de animais (a criminalização é inconstitucional, é
preconceito religioso – STF).
• Imunidade tributária: referente a todos os imóveis (IPTU), é para o patrimônio da instituição,
não apenas ao local do culto, desde que o valor dos aluguéis (caso tenha vários imóveis) seja
aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas (súmula vinculante
52).
• Pandemia: é possível a restrição do direito de reunião, que não impede a liberdade de crença,
justifica-se temporariamente para o interesse público.
• Ensino religioso em escola pública: o componente curricular é obrigatório, mas a matrícula
é facultativa na disciplina. Currículo confessional: o ensino de uma religião. Poderá ser
qualquer religião, não fere a liberdade de crença pois não tem obrigatoriedade de
participação na disciplina (STF).
• Discurso proselitista: (convencer alguém sobre uma religião) pode ser divulgado por serviço
de radiodifusão comunitária.
• Capelão do exército: teólogo cristão (evangélico ou católico), vai atender à maioria sem
inconstitucionalidade.

6.1.8. Escusa de consciência:

• Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
• Em regra, ninguém será privado de direitos por não cumprir obrigação legal a todos imposta
devido a suas crenças religiosas ou convicções filosóficas ou políticas. Entretanto, havendo o
descumprimento de obrigação legal, o estado poderá impor prestação alternativa fixada em
lei. O descumprimento desta poderá ensejar a restrição de direitos.
• Norma de eficácia contida.
• O descumprimento da prestação alternativa gera: perda (indeterminado) ou suspensão
(determinado) de direitos políticos, conforme a CF, embora haja divergência doutrinária.

6.1.9. Vedação a censura:

• É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,


independentemente de censura ou licença;
• STF: o direito à liberdade de imprensa assegura ao jornalista o direito de expender críticas a
qualquer pessoa, ainda que em tom áspero, contundente, sarcástico, irônico ou irreverente,
especialmente contra as autoridades e aparelhos de Estado. Entretanto, esse profissional
responderá, penal e civilmente, pelos abusos que cometer, sujeitando-se ao direito de
resposta.
• A censura não pode ser estatal, tampouco jurisdicional.
• Biografia não autorizada: permitida, não podendo ser censurado previamente.
• Houve caso em que o biografador foi condenado a publicação no livro de decisão judicial de
danos decorrente do conteúdo da biografia.

6.1.10. Inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem:

• São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
• Privacidade: esfera íntima; esfera privada e esfera da publicidade.
• Intimidade: individualidade (sexualidade, correspondência)
• Vida privada: a pessoa na sociedade (família, trabalho, etc)
• Honra: moral, reputação;
• Imagem: retrato.
• Espaço íntimo intransponível por intromissões ilícitas externas.
• Possibilidade de cessão de material genético para prova: a legislação não permite (no teste
de paternidade, a negativa resulta em comprovação).
• Material genético descartado: pode ser colhido.
• STF: privacidade dos agentes políticos é relativa, pois tem dever de prestação de contas de
sua atuação (somente atividade pública, não a intimidade e vida familiar).
• STJ: sigilo bancário é relativo (havendo satisfatória fundamentação judicial a ensejar a quebra
do sigilo, não há violação a nenhuma cláusula pétrea constitucional). Legitimidade: Poder
Judiciário, CPIs federais e estaduais, autoridades fiscais (desde que haja processo
admnistrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e as informações sejam
indispensáveis), MP (em relação a ente público que não goza de intimidade e privacidade;
prevalência da publicidade e moralidade), e excepcionalmente o MP em defesa do
patrimônio público.
• STF: Os tribunais de contas não podem determinar a quebra de sigilo bancário, porém podem
requisitar informações sobre operações originárias de recursos públicos. Atenção! Não é
quebra de sigilo neste caso, pois qualquer pessoa que utilize recursos públicos tem o dever
de prestar contas, as informações não são cobertas por sigilo.

6.1.11. Inviolabilidade domiciliar:

• A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
o dia, por determinação judicial;
• Norma de eficácia plena, pois não há direito nas hipóteses de ressalva, não é restrição.
• Casa: qualquer compartimento fechado (não aberto ao público) habitado (âmbito de
permanência); aposento ocupado de habitação coletiva; + compartimento privado não
aberto ao público onde alguém exerce profissão ou atividade pessoal.
• O hotel é aberto ao público, mas o apartamento do hóspede não, preechendo, assim, o
conceito de casa.
• Carro: é meio de transporte, não é extensão da casa. Trailer/motorhome: pode preencher os
requisitos.
• STF: estabelecimento comercial não pode invocar a inviolabilidade de domicílio para prática
de atos ilícitos (permitido o ingresso para instalação de escuta durante a noite).
• Dia: 5h às 21h (lei do abuso de autoridade); porém, em regra, usa-se a definição de enquanto
há luz do sol.
• Força policial que ingressou em casa durante o dia pode prolongar suas ações no período
noturno.
• Mandado de prisão: não pode ser cumprido à noite por autorização de outro morador na
casa, a autorização deve vir do morador interessado.
• Entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita quando amaparada em
fundadas razões justificadas a posteriori que indiquem o flagrante, sob pena de
responsabilização do agente.
• Escritório de advocacia: pode ser alvo de busca e apreensão se o advogado for o investigado,
o que deve ser especificado no âmbito de abrangência da medida, que não pode invadir a
esfera dos não investigados (clientes).
• O atributo da autoexecutoriedade dos atos administrativos, não prevalece sobre a garantia
constitucional da inviolabioidade domiciliar, ainda que se cuide de atividade exercida pelo
poder público em sede de fiscalização tributária. Assim, nenhum agente público poderá
entrar, inclusive os da administração tributária, contra a vontade de quem de direito, em
espaço privado em que se exerce atividade profissional, sem ordem judicial.

6.1.12. Inviolabilidade de correspondências e comunicações:

• É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das


comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

• Atenção! Todos são relativos (eficácia contida para os 3 primeiros e limitada para
comunicação telefônica). Admite-se a limitação infraconstitucional quando em conflito com
outro interesse de igual ou maior relevância.
• Autoridade policial não faz quebra de sigilo de dados, somente Judiciário e CPI, com
fundados elementos de suspeita de autoria e materialidade.

• STF: administração penitenciária pode interceptar correspondência, excepcionalmente, em


razões de segurança pública, disciplina prisional ou preservação da ordem jurídica.
• A correspondência aberta é documento, não há que se falar em quebra de sigilo.
• CPI NÃO faz quebra de sigilo de correspondência!

• STF: a proteção é da comunicação de dados, não dos dados em si; em operação de busca e
apreensão dados armazenados em HD apreendido não implicam em violação de sigilo de
comunicação (não houve interceptação de comunicação). Nesse mesmo sentido é lícita prova
obtida por policial a partir de verificação de registro de ligações em celular de preso em
flagrante.
• Ministério Público pode requisitar dados bancários em se tratando de verbas públicas, por
interesse público e princípio da publicidade, porém o MP não quebra sigilo, só obtém
diretamente os dados por não serem acobertados pelo sigilo, sem necessidade de ordem
judicial.
• É possível a quebra de sigilo de dados mediante ordem judicial e pela CPI.
• Dados: bancários, fiscais, telefônicos (são as informações).
• Autoridades fiscais/tributárias: autorizadas pela LC 105/2001 a ter acesso direto (sem ordem
judicial) a DADOS BANCÁRIOS!

• Reserva legal é para comunicações telefônicas à ordem judicial, casos estabelecidos em lei,
para fins de investigação CRIMINAL ou instrução processual PENAL. (Lei 9.296/96).
• Garantia da privacidade.
• Reserva de jurisdição: somente mediante ordem judicial. Ou seja, CPI NÃO.
• Crime cuja pena seja de reclusão (em lei).
• OBS: STF admite a interceptação telefônica como prova emprestada no processo
administrativo disciplinar.
• Interceptação telefônica: gravação das ligações (medida mais gravosa que exige decisão
judicial; eficácia limitada por regulamentação das hipóteses em lei). Somente para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal.

• Interceptação: captação por terceiro sem o conhecimento dos interlocutores;


• Escuta: captação por terceiro com conhecimento de um interlocutor;
• Gravação: captação por um interlocutor sem o consentimento ou ciência do outro
(PERMITIDA sem autorização judicial em caso de investida criminosa: legítima defesa).
• A mera denúncia anônima não legitima provas obtidas por interceptação sem investigação
preliminar.

6.1.13. Liberdade de profissão:

• É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações


profissionais que a lei estabelecer;
• Eficácia contida, aplicação imediata cujo alcance pode ser restringido por lei.
• A lei que regulamenta deve ser razoável (ex: profissão de músico, a lei que regulamentou é
inconstitucional por não ser razoável e ferir a liberdade artística e profissional).
• Educação física: é razoável a fiscalização por órgão de classe, em razão do impacto social.
• Jornalista: não é razoável exigir curso superior em comunicação social, por ferir o direito à
informação.
• Nutricionista: constitucional a lei que regulamenta a profissão e exige formação específica.
• Advogado: constitucionalidade da exigência do exame de ordem para inscrição no órgão de
classe.
• Antes da regulamentação da profissão o exercício é pleno.

6.1.14. Direito de informação:

• É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando


necessário ao exercício profissional;
• Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou
de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado;
• O direito é para brasileiros, estrangeiros e pessoas jurídicas.
• O direito abrange ambos os tipos de informação: Informação pessoal (habeas data) e
Informação de natureza pública de interesse coletivo (mandado de segurança).
• Sigilo profissional: o jornalista não precisa revelar sua fonte (assegura a liberdade de
imprenssa), mas responde por danos (advogado, médico, sacerdote, etc).

6.1.15. Locomoção:

• É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
• Estado de sítio: pode restringir (obrigação de permanência), bem como suspensão da
liberdade de reunião.
• Eficácia contida: a própria constituição remete à reserva legal.
• A lei, a ordem judicial e o ato administrativo (ex: ocasição de fortes chuvas e risco de
desordem: toque de recolher) também podem restringir o direito de locomoção.
• Locomoção alcança: pessoa + bens.
• O Habeas Corpus ampara a liberdade de locomoção, mas só alcança a pessoa.

6.1.16. Direito de reunião:

• Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,


independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
• Direito individual que se expressa de maneira coletiva (a partir de duas pessoas); sofre
restrições em casos excepcionais de estado de defesa e estado de sítio (eficácia contida).
• Local aberto ao público: qualquer espaço que esteja aberto ao público, não necessariamente
local público, pode ser privado.
• Elemento teleológico: finalidade compartilhada entre as pessoas para configurar a reunião.
• Não pode ter fim lucrativo.
• Condições: fim pacífico, sem armas, não frustrar outra reunião.
• STF: O aviso prévio serve para controle da forma pacífica e para que não frustre outra
reunião, não é exigência.
• Direito protegido por MANDADO DE SEGURANÇA!
• O Governador não pode legislar para restringir o direito de reunião, de expressão, etc.
6.1.17. Direito de associação:

• XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
• XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
• XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
• XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
• XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
• Não confundir com sindicato.
• Somente os associados que manifestaram sua autorização expressa é que detém legitimidade
para execução do título judicial decorrente da ação ajuizada pela associação.
• Direito público subjetivo que permite a coligação voluntária de algumas ou várias pessoas
físicas, por longo tempo, com o propósito de alcançar objetivos lícitos, sob direção unificante.

Associação paramilitar: associação (pessoas), líder, armas, prática de ilícitos.

Requisitos: pluralidade de pessoas; estabilidade (permanência); e ato de vontade. Independe da


aquisição de personalidade jurídica.

Proteção: independe de autorização do poder público, que não pode interferir; dissolução
somente por decisão transitada em julgado; suspensão de atividades por decisão judicial; a
criação de cooperativas é livre, mas necessita lei que regule (eficácia limitada).

6.1.18. Direito de propriedade:

• XXII - é garantido o direito de propriedade;


XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade
pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
• Eficácia contida.
• O direito de propriedade é a expressão jurídica da propriedade. Revela o poder atribuído pela
Constituição para o indivíduo usar, gozar e dispor da coisa.
• Não é mero direito individual, de natureza privada, e sim uma instituição jurídica que
encontra amparo num complexo de normas constitucionais relativas à propriedade.
• Competência privativa da União para legislar sobre desapropriação (lei federal).

Direito que não se reveste de caráter absoluto: função social da propriedade – destinação
economicamente útil da propriedade, em nome do interesse público; seu objetivo é otimizar o
uso da propriedade, de sorte que não possa ser utilizada em detrimento do progresso e da
satisfação da comunidade.

Exceções desapropriação:

i. para reforma agrária (ou rural): (prévia e justa indenização por títulos da dívida agrária
com resgate em 20 anos; exceto benfeitorias úteis e necessárias que serão indenizadas
em dinheiro);
ii. imóvel urbano não-edificado (desapropriação urbanística) que não cumpre função
social, plano diretor, (títulos da dívida pública com resgate em 10 anos em parcelas
anuais; competência do município);
iii. desapropriação confiscatória (EXPROPRIAÇÃO) (sem indenização; culturas ilegais de
plantas psicotrópicas ou exploração de trabalho escravo): TODOS OS BENS, inclusive o
resultado econômico.

Requisição administrativa: no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá


usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

Impenhorabilidade da pequena propriedade rural: a pequena propriedade rural, assim definida


em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos
decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu
desenvolvimento; Lei: até 4 módulos fiscais; a impenhorabilidade recai sobre o terreno todo
desde que dentro da definição de pequena propriedade rural, ainda que seja composta de mais
de um imóvel (matrícula) contínuo. Garantia que não pode ser renunciada (STF).

6.1.19. Direito do consumidor:

• o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.


• Eficácia limitada de princípio programático.
• Lei federal de alcance nacional, de competência concorrente. Normas gerais: União; Estados
e DF: normas específicas.

6.1.20. Direito de petição e direito de certidão:

• XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas[cobrança]:


a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
abuso de poder; [e quando se reputa o ato inconveniente]
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento
de situações de interesse pessoal; [documento que tenha fé pública para comprovar algo]
• LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: [a lei de registros
públicos estende a gratuidade para todos do registro e da primeira certidão]
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
• São remédios constitucionais administrativos: direito de petição e direito de certidão.
• A não obtenção de resposta ou a resposta negativa ensejam a judicialização, o remédio
constitucional judicial dependerá do pedido.
• Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de
dinheiro ou bens para a admissibilidade de recurso administrativo.
• Negativa de entrega de certidão: MANDADO DE SEGURANÇA.

6.1.21. Princípio da inafastabilidade de jurisdição:

• XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
• A lei que exige utilização ou esgotamento prévio da via administativa para uso da via judicial
ou cria outros embaraços é inconstitucional; há, porém, exceções: lides desportivas (art. 217,
§1º, CF); habeas data (a informação deve ter sido negada); reclamação (cumprimento de
súmula vinculante primeiro deve ser tentado administrativamente); benefício previdenciário
(deve haver primeiro o requerimento administrativo).

6.1.22. Princípio do devido processo legal:

• LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
a) Acesso ao Judiciário;
b) Conhecimento prévio da acusação;
c) Contraditório e ampla defesa;
d) Julgamento justo e público;
e) Igualdade processual (paridade de armas).

6.1.23. Contraditório e ampla defesa:

• LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são


assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
• Atenção! Inquérito policial não é processo, não tem acusado, somente investigado
(procedimento de investigação), portanto não está incluído na garantia do contraditório e da
ampla defesa. A condenação judicial não pode se dar exclusivamente com o inquérito policial,
justamente por não ter havido contraditório e ampla defesa.
• Súmula Vinculante 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição.
• Súmula Vinculante 3: Nos processos perante o TCU asseguram-se o contraditório e a ampla
defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que
beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma e pensão.
• Sumúla Vinculante 14: É direito do defensor tomar conhecimento das provas e peças já
relatadas no inquérito policial.

6.1.24. Assistência Jurdídica Gratuita:

• “LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiêcia de recursos”.
• Não é só a isenção de custas, mas também o auxílio por Defensor público.

6.1.25. Erro judiciário:

• “LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso
além do tempo fixado na sentença”.
• Responsabilidade civil do Estado é objetiva.

6.1.26. Remédios Constitucionais Gratuitos Habeas Corpus e Habeas Data:

• “LXXVII – são gratuitas as ações de habeas-corpus e habeas-data, e, na forma da lei, os atos


necessários ao exercício da cidadania”.
• Reserva legal quanto aos atos necessários ao exercício da cidadania.
• Lei Federal 9.265/96: alistamento eleitoral, alistamento militar, pedidos de informação ao
poder público objetivando instrução de defesa ou denúncia de irregularidades
administrativas; impugnação de mandato eletivo por abuso de poder econômico, corrupção
ou fraude; requerimentos e petições que visem garantias individuais e defesa do interesse
público; registro civil e certidões de nascimento e óbito; emissão de documento de
identificação específico ou segunda via para pessoa autista.

6.1.27. Proteção de dados pessoais:

• “LXXIX – é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos dados pessoais, inclusive
nos meios digitais”. EC 115/22.
• Respeito à privacidade, regulada pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei
13.709/18).
• STF: é legítimo o compartilhamento de dados pessoais entre órgãos e entidades da
Administração Pública federal, observados alguns parâmetros e a LGPDP.

6.1.28. Habeas Corpus:

• “LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidde ou abuso de poder”.
• Garantia fundamental, rémedio constitucional que protege o direito de locomoção.
• Natureza penal, procedimento especial, isento de custas, pode ser repressivo ou preventivo,
e, ainda, suspensivo (quando a prisão já foi decretada mas o mandado de prisão está
pendente).
• Ação com legitimidade universal (qualquer pessoa física ou jurídica, MP e DP) para impetrar,
e pode ser concedida de ofício pelo juiz, não necessita de advogado para impetração ou
recurso
• Somente para pessoa natural (paciente).
• Cabe quando a ofensa ao direito de locomoção é indireta (quando do ato impugnado possa
resultar procedimento que termine em detenção ou reclusão da pessoa) – STF: quebra de
sigilo bancário em processo criminal.
• Cabe para medidas cautelares diversas da prisão, bem como para questionar medidas de
proteção da Lei Maria da Penha (STJ).
• Depende de prova pré-constituída, não serve como meio de dilação probatória.
• STF admite habeas corpus coletivo, mesmo sem previsão expressa no ordenamento, para
estender a ordem de habeas corpus para todos os que se encontrem na mesma situação.

Descabimento:
• Impugnar decisão do STF (não cabe em face de ato individual praticado por Ministro do STF);
• Impugnar determinação de suspensão dos direitos políticos;
• Impugnar pena em processo administrativo disciplinar;
• Impugnar pena de multa ou relativa a processo em curso por infração penal cuja única pena
cominada seja a pecuniária;
• Impugnar quebra de sigilo bancário, fiscal ou telefônico se dela não puder resultar condenação
à pena privativa de liberdade;
• Quando já extinta a pena privativa de liberdade;
• Discutir mérito de punições disciplinares militares (somente a legalidde);
• Contra imposição de pena de exclusão de militar ou perda de patente ou de função pública;
• Para pleitear direito a visitas íntimas.
6.1.29. Habeas Data:

• “LXXII – conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informações


relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público; b) para retificação de dados, quando não se prefira
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo”.
• Natureza civil, rito sumário, ação gratuita, necessidade de advogado, não se sujeita a
decadência ou prescrição, tem prioridade após o habeas corpus e o mandado de segurança.
• Finalidades: garantir acesso a informações relativas à pessoa do impetrante e retificação de
dados.
• Ação personalíssima, que não pode ser usada para acesso a informações de terceiros.
• Exceção STJ e STJ: é parte legítima para impetrar habeas data o cônjuge sobrevivente na
defesa de interesse do falecido.
• Pólo passivo: pessoa direito público ou de direito privado que seja detentora de banco de
dados de caráter público.
• Exige comprovação da negativa da autoridade (jurisdição condicionada) ou omissão para
configurar o interesse de agir.
• Descabimento: acesso aos autos de processo administrativo (mandado de segurança).

6.1.30. Mandado de Segurança individual:

• “LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade
[desconformidade com a lei] ou abuso de poder [fora dos limites de sua competência] for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público”.
• Caráter residual, natureza civil, podendo ser utilizado em processos penais.
• Não há dilação probatória; provas pré-constituídas;
• STF: controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança.
• Cabível contra atos discricionários (abuso de poder) ou vinculados (ilegalidade).
• Legitimidade ativa: pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, domiciliadas ou não
no Brasil; universalidades; órgãos públicos constitucionais na defesa de suas prerrogativas
institucionais e atribuições; Ministério Público.
• Decadência: 120 dias da ciência, não passível de suspensão ou interrupção.
• Sujeita ao duplo grau de jurisdição na procedência (pode ser executada provisoriamente).
• Desistência: a qualquer tempo, mesmo após decisão de mérito, sem anuência da parte
contrária.
• Descabimento: decisão judicial ou ato administrativo do qual caiba recurso com efeito
suspensivo (salvo caso de omissão ilegal ou abusiva da administração); contra decisão judicial
transitada em julgado; contra lei em tese (lei de efeitos gerais e abstratos), exceto se
produtora de efeitos concretos; contra ato de natureza jurisdicional (excepcionalidade por
manifesta ilegalidade ou abuso de poder); contra decisões do STF (salvo excepcionalidade);
para insubmissão a certa modalidade de tributação (ato coator que se confunde com adoção
de Medida Provisória).
• MS não pode substituir recurso.
• Não há condenação em honorários advocatícios de sucumbência.

6.1.31. Mandado de Segurança coletivo:

• “LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com
representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa
dos interesses de seus membros ou associados”.
• Proteção de direitos coletivos e individuais homogêneos. Excluídos os direitos difusos!
• Partido político não pode usar MS para impugnar majoração de tributo (interesse de grupo
ou classe de pessoas que devem impugnar.
6.1.32. Mandado de Injunção:

• LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora


torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
• Evita a omissão do legislador infraconstitucional em relação a norma de eficácia limitada.
• Vale também para omissões de caráter parcial, pois a inércia do Estado é um processo
informal de mudança da Constituição.
• Legitimação: qualquer pessoa física ou jurídica impossibilitada de exercer direito
constitucional por falta de norma regulamentadora.
• Mandado de injunção coletivo: tem por objeto direitos, liberdades e prerrogativas
pertencentes indistintamente a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada
por grupo, classe ou categoria. Legitimados:
» Partido político com representação no CN (para assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade
partidária).
» Organização sindical, entidade de classe ou associação (pelo menos 1 ano), na
forma de seu estatuto e desde que pertintente a sua finalidade, dispensada
autorização especial.
» Ministério público (tutela especialmente relevante para a defesa da ordem
jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais
indisponíveis).
» Defensoria pública (promoção dos direitos humanos e defesa dos direitos
individuais e coletivos dos necessitados).
• O mandado de injunção não é gratuito, exige assistência de advogado.
• Pressupostos:
» Falta de norma que regulamente norma constitucional programática ou que
defina princípios institutivos ou organizativos de natureza impositiva;
» Nexo de causalidade entre a omissão e a impossibilidade de exercício;
» Decurso de prazo razoável para elaboração da norma (retardamento abusivo).
• Descabimento:
» Já existe norma regulamentadora mesmo defeituosa;
» Falta de norma regulamentadora de direito infraconstitucional;
» Falta de regulamentação de medida provisória ainda não convertida em lei;
» Se não houver obrigatoriedade de regulamentação.
• Não é cabível medida liminar em mandado de injunção, pois se destina ao reconhecimento
ou não da demora da elaboração da norma regulamentadora de direito constitucional.
• Corrente não concretista: Judiciário apenas reconhece a inércia e dá ciência da decisão ao
órgão competente. Não pode suprir lacuna nem obrigar o Legislativo a editar a norma.
• Corrente concretista: presentes os requisitos, o Judiciário deve reconhecer a omissão e
possibilitar a efetiva concretização do direito.
» Concretista geral: a decisão tem efeitos erga omnes até edição da norma;
» Concretista individual: a decisão tem efeitos inter partes, podendo ser direta (o
Judiciário concretiza direta e imediatamente a eficácia da norma para o autor da
ação) ou intermediária (não concretiza imediatamente, apenas dá ciência ao
órgão omisso, estabelecendo prazo, após o qual a omissão permitirá a
concretização).
• O STF adota a posição concretista (individual), cumprindo muitas vezes o papel do legislador
omisso.
• Competência: depende da autoridade que se omitiu. STF: presidente, congresso, câmara,
senado, mesas das casas legislativas, TCU, tribunais superiores ou próprio STF. STJ: órgão,
entidade ou autoridade federal da adm. direta ou indireta, excetuados os casos de
competência do STF e dos órgãos da Justiça Militar, Eleitoral, do Trabalho ou Federal.
6.1.33. Ação Popular:

• LXXII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
• Forma de controle (preventivo ou repressivo), pelos cidadãos, dos atos do Poder Público, por
meio do Judiciário.
• Legitimidade: cidadão, pessoa física no gozo de seus direitos civis e políticos.
• Legitimidade passiva:
» Pessoas jurídicas em nome das quais o ato ou contrato lesivo foi (ou seria)
praticado;
» Autoridades, administradores e servidores e empregados públicos que
participaram do ato ou contrato lesivo, ou que se omitiram permitindo a lesão;
» Beneficiários diretos do ato ou contrato lesivo.
• MP: pode atuar como custos legis ou como auxiliar do autor (porém autônomo), pode ser
ainda substituto do autor (quando este for omisso) ou sucessor do autor (quando este
desiste, o MP não poderá desistir). Não pode impetrar originariamente a ação popular.
• Não se exige a comprovação de efetivo dano material pecuniário.
• Não cabe ação popular contra ato de conteúdo jurisdicional, pois só incide sobre atuação
administrativa do Poder Público.
• Não há foro por prerrogativa de função.
• Sujeita ao duplo grau de jurisdição (reexame necessário).

6.1.34. Ação Civil Pública:

• Não é propriamente remédio constitucional, por falta de previsão da CF no art. 5º.


• CF, Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: III - promover o inquérito civil e
a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos. [bem como os direitos individuais homogêneos, CDC,
art. 81, p. único, III].
• É instrumento de defesa coletiva dos direito fundamentais, regulamentado pela LACP.
• Segundo Hely Lopes Meirelles: reprime ou impede danos ao meio ambiente, consumidor,
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e por infrações da
ordem econômica (não protege direitos individuais disponíveis, em reparação de prejuízos
causados a particulares por conduta do réu).
• Condenação: em dinheiro ou cumprimento de obrigação de fazer/não fazer. Permite a
atuação judicial no sentido de implementação de políticas públicas necessárias à efetivação
dos direitos fundamentais (especialmente sociais).
• Legitimidade:
» Ministério Público (não sendo parte, atuará como custos legis);
» Defensoria Pública;
» União, Estados, DF e municípios;
» Autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
» Associação (constituída por pelo menos 1 ano, e que inclua em suas finalidades
institucionais a proteção aos bens jurídicos objeto da ACP)
OBS:
® Direitos difusos: indivisibilidade, sujeitos indeterminados;
® Direitos coletivos: natureza indivisível, sujeitos determináveis (grupo, categoria ou classe
ligados entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica).

STF:
a) MP tem legitimidade para ACP fundada em ilegalidade de reajuste de mensalidade escolar;
b) MP tem legitimidade para ACP contra preço de passagem de transporte coletivo;
c) MP tem legitimidade para ACP para evitar lesão ao patrimônio público decorrente de
contratação de serviço hospitalar privado sem licitação;
d) MP NÃO tem legitimidade para ACP que visa impugnar cobrança de tributos.

6.1.35. Princípio da Segurança Jurídica:

• XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
• Não há direito adquirido STF:
a) Em face de nova constituição (poder constituinte orginário é ilimitado);
b) Que assegure padrão monetário (se aplica também ao salário: valor nominal);
c) Criação ou majoração de alíquotas de tributos;
d) Preservar regime jurídico ou estatuto.
• A coisa julgada não tem proteção absoluta: ação rescisória (2 anos + elemento novo, civil) e
revisão criminal (sem prazo, penal).
• Súmula Vinculante 3 (contraditório e ampla defesa nos tribunais de contas, exceto quanto à
legalidade dos atos de aposentadoria, reforma ou pensão). O ato só se consuma após a
análise do tribunal de contas. Porém esse ato inicial pode ser anulado em prazo prescricional
de 5 anos pelo tribunal de contas, contados da data em que o fato chegou ao tribunal.

6.1.36. Princípio do Juiz Natural:

• XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção; LIII – ninguém será processado nem
sentenciado senão pela autoridade competente.”
• Implicações na estrutura da organização judiciária: distribuição imediata e aleatória dos
feitos, em todos os órgãos do Judiciário.
• OAB acompanhará todas as fases do concurso para Juiz substituto.

6.1.37. Tribunal do Júri:

• XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações; [não há comunicação entre os jurados e não se divulga o resultado,
a violação do sigilo é nulidade]
c) a soberania dos veredictos; [o juiz/tribunal não pode mudar a decisão do júri, mas não
impede recurso pois pode anular a decisão; não é imutabilidade pois novo júri pode decidir
de forma diversa; também cabe a revisão criminal julgada pelo tribunal]
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
• 25 jurados: 18 anos, em dia com direitos políticos, do lugar onde foi praticado o crime
(município), escolhidos entre todas as classes sociais.
• Soberania popular; não pode ser extinto nem por EC.
• Latrocínio (roubo com resultado morte) não é competência do júri, pois se analisa a intenção
do agente, é crime contra o patrimônio.
• Nem todos que praticam crime doloso contra a vida são levados à júri popular: foro por
prerrogativa de função na CF.
• Súmula Vinculante 45: a competência do tribunal do júri prevalece sobre foro por
prerrogativa de função dado unicamente pela constituição estadual. O entendimento mais
recente é que o foro por prerrogativa de função sequer pode ser dado a não ser pela CF.
• A lei infraconstitucional pode aumentar a competência do júri, porém não pode diminuir.
Hoje o júri também julga os crimes conexos com o crime doloso contra a vida por força de lei.
• Plenitude de defesa: tese NÃO pode ser de legítima defesa da honra!

Direitos individuais e coletivos na CF/88:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
III - ninguém será submetido a tortura nem a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
tratamento desumano ou degradante;
igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes: IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo
vedado o anonimato;
I - homens e mulheres são iguais em direitos e
obrigações, nos termos desta Constituição; V - é assegurado o direito de resposta,
proporcional ao agravo, além da indenização por
dano material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de XVII - é plena a liberdade de associação para fins
crença, sendo assegurado o livre exercício dos lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei,
proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
a de cooperativas independem de autorização,
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação sendo vedada a interferência estatal em seu
de assistência religiosa nas entidades civis e funcionamento;
militares de internação coletiva;
XIX - as associações só poderão ser
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
de crença religiosa ou de convicção filosófica ou atividades suspensas por decisão judicial,
política, salvo se as invocar para eximir-se de exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a julgado;
cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, ou a permanecer associado;
artística, científica e de comunicação,
XXI - as entidades associativas, quando
independentemente de censura ou licença;
expressamente autorizadas, têm legitimidade
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a para representar seus filiados judicial ou
honra e a imagem das pessoas, assegurado o extrajudicialmente;
direito a indenização pelo dano material ou moral
XXII - é garantido o direito de propriedade;
decorrente de sua violação;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
nela podendo penetrar sem consentimento do XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desapropriação por necessidade ou utilidade
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o pública, ou por interesse social, mediante justa e
dia, por determinação judicial; prévia indenização em dinheiro, ressalvados os
casos previstos nesta Constituição;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das XXV - no caso de iminente perigo público, a
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, autoridade competente poderá usar de
por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a propriedade particular, assegurada ao
lei estabelecer para fins de investigação criminal proprietário indenização ulterior, se houver dano;
ou instrução processual penal; XXVI - a pequena propriedade rural, assim
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício definida em lei, desde que trabalhada pela
ou profissão, atendidas as qualificações família, não será objeto de penhora para
profissionais que a lei estabelecer; pagamento de débitos decorrentes de sua
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação
de financiar o seu desenvolvimento;
e resguardado o sigilo da fonte, quando
necessário ao exercício profissional; XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de
utilização, publicação ou reprodução de suas
XV - é livre a locomoção no território nacional em
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
a lei fixar;
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
com seus bens; XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem a) a proteção às participações individuais em obras
armas, em locais abertos ao público, coletivas e à reprodução da imagem e voz
independentemente de autorização, desde que humanas, inclusive nas atividades desportivas;
não frustrem outra reunião anteriormente b) o direito de fiscalização do aproveitamento
convocada para o mesmo local, sendo apenas econômico das obras que criarem ou de que
exigido prévio aviso à autoridade competente; participarem aos criadores, aos intérpretes e às
respectivas representações sindicais e c) a soberania dos veredictos;
associativas;
d) a competência para o julgamento dos crimes
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos dolosos contra a vida;
industriais privilégio temporário para sua
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,
utilização, bem como proteção às criações
nem pena sem prévia cominação legal;
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes
de empresas e a outros signos distintivos, tendo XL - a lei penal não retroagirá, salvo para
em vista o interesse social e o desenvolvimento beneficiar o réu;
tecnológico e econômico do País; XLI - a lei punirá qualquer discriminação
XXX - é garantido o direito de herança; atentatória dos direitos e liberdades
fundamentais;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados
no País será regulada pela lei brasileira em XLII - a prática do racismo constitui crime
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
sempre que não lhes seja mais favorável a lei reclusão, nos termos da lei;
pessoal do "de cujus"; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
defesa do consumidor; tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, o terrorismo e os definidos como
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
crimes hediondos, por eles respondendo os
públicos informações de seu interesse particular,
mandantes, os executores e os que, podendo
ou de interesse coletivo ou geral, que serão
evitá-los, se omitirem;
prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível
seja imprescindível à segurança da sociedade e do a ação de grupos armados, civis ou militares,
Estado; contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático;
XXXIV - são a todos assegurados,
independentemente do pagamento de taxas: XLV - nenhuma pena passará da pessoa do
condenado, podendo a obrigação de reparar o
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em
dano e a decretação do perdimento de bens ser,
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
nos termos da lei, estendidas aos sucessores e
de poder;
contra eles executadas, até o limite do valor do
b) a obtenção de certidões em repartições patrimônio transferido;
públicas, para defesa de direitos e esclarecimento
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e
de situações de interesse pessoal;
adotará, entre outras, as seguintes:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
a) privação ou restrição da liberdade;
Judiciário lesão ou ameaça a direito;
b) perda de bens;
XXXVI - a lei [inclusive EC] não prejudicará o direito
adquirido [se aperfeiçoou pelo cumprimento de c) multa;
todas as exigências da lei do momento], o ato d) prestação social alternativa;
jurídico perfeito [efetivado sob as regras da lei
vigente] e a coisa julgada [decisão judicial não e) suspensão ou interdição de direitos;
admite mais recurso]; XLVII - não haverá penas:
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a nos termos do art. 84, XIX;
organização que lhe der a lei, assegurados: b) de caráter perpétuo;
a) a plenitude de defesa; c) de trabalhos forçados;
b) o sigilo das votações; d) de banimento;
e) cruéis; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde
se encontre serão comunicados imediatamente
XLVIII - a pena será cumprida em
ao juiz competente e à família do preso ou à
estabelecimentos distintos, de acordo com a
pessoa por ele indicada;
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
LXIII - o preso será informado de seus direitos,
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à
entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
integridade física e moral;
assegurada a assistência da família e de advogado;
L - às presidiárias serão asseguradas condições
LXIV - o preso tem direito à identificação dos
para que possam permanecer com seus filhos
responsáveis por sua prisão ou por seu
durante o período de amamentação;
interrogatório policial;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada
naturalizado, em caso de crime comum, praticado
pela autoridade judiciária;
antes da naturalização, ou de comprovado
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela
e drogas afins, na forma da lei; mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro
por crime político ou de opinião; LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a
do responsável pelo inadimplemento voluntário e
LIII - ninguém será processado nem sentenciado
inescusável de obrigação alimentícia e a do
senão pela autoridade competente;
depositário infiel;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre
bens sem o devido processo legal;
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
LV - aos litigantes, em processo judicial ou violência ou coação em sua liberdade de
administrativo, e aos acusados em geral são locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
assegurados o contraditório e ampla defesa, com
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
os meios e recursos a ela inerentes;
proteger direito líquido e certo, não amparado
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o
obtidas por meios ilícitos; responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
LVII - ninguém será considerado culpado até o autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
trânsito em julgado de sentença penal no exercício de atribuições do Poder Público;
condenatória; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser
LVIII - o civilmente identificado não será impetrado por:
submetido a identificação criminal, salvo nas a) partido político com representação no
hipóteses previstas em lei; Congresso Nacional;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de b) organização sindical, entidade de classe ou
ação pública, se esta não for intentada no prazo associação legalmente constituída e em
legal; funcionamento há pelo menos um ano, em defesa
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos dos interesses de seus membros ou associados;
atos processuais quando a defesa da intimidade LXXI - conceder-se-á mandado de injunção
ou o interesse social o exigirem; sempre que a falta de norma regulamentadora
LXI - ninguém será preso senão em flagrante torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
delito ou por ordem escrita e fundamentada de constitucionais e das prerrogativas inerentes à
autoridade judiciária competente, salvo nos casos nacionalidade, à soberania e à cidadania;
de transgressão militar ou crime propriamente LXXII - conceder-se-á "habeas-data":
militar, definidos em lei;
a) para assegurar o conhecimento de informações
relativas à pessoa do impetrante, constantes de
registros ou bancos de dados de entidades LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-
governamentais ou de caráter público; corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os
atos necessários ao exercício da cidadania.
b) para a retificação de dados, quando não se
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e
administrativo; administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para
celeridade de sua tramitação.
propor ação popular que vise a anular ato lesivo
ao patrimônio público ou de entidade de que o LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à
Estado participe, à moralidade administrativa, ao proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios
meio ambiente e ao patrimônio histórico e digitais.
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
isento de custas judiciais e do ônus da
fundamentais têm aplicação imediata.
sucumbência;
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica
Constituição não excluem outros decorrentes do
integral e gratuita aos que comprovarem
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
insuficiência de recursos;
tratados internacionais em que a República
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro Federativa do Brasil seja parte.
judiciário, assim como o que ficar preso além do
§ 3º Os tratados e convenções internacionais
tempo fixado na sentença;
sobre direitos humanos que forem aprovados, em
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
pobres, na forma da lei: por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas
a) o registro civil de nascimento;
constitucionais.
b) a certidão de óbito;
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal
Penal Internacional a cuja criação tenha
manifestado adesão.

6.2. DOS DIREITOS SOCIAIS;

Direitos fundamentais de 2ª geração que impõem ao Estado obrigação de fazer (prestações


positivas) visando concretizar a igualdade material. Valor-fonte: igualdade. Há dois
posicionamentos acerca da sua aplicabilidade: imediata (pode ser implementada no caso de
omissão legislativa pelas técnicas de controle, mandado de injunção ou ação direta de
inconstitucionalidade por omissão, por serem fundamentais) e mediata de eficácia limitada
(dependem da atuação estatal para sua concretização - CESPE).
Princípio da reserva do possível: cabe ao Estado efetivar os direitos sociais na medida do
financeiramente possível. Limites em que o estado deixa de ser obrigado a dar efetividade aos
direitos sociais. Exige a demonstração objetiva da inexistência de recursos públicos e a falta de
previsão orçamentária da respectiva despesa. O controle pelo Poder Judiciário das políticas
públicas é viável para suprir a omissão dos órgãos estatais e evitar a abusividade governamental.

Princípio do mínimo existencial: grupo de prestações essenciais que se deve fornecer ao ser
humano para que tenha existência digna. Deve ser compatível com a reserva do possível e implica
na aplicação prioritaria à garantia do mínimo. Assim, a reserva do possível só é invocável após
garantido o mínimo existencial.

OBS:
• O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamento experimental.
Excepcionalmente, diante da mora da ANVISA em apreciar o pedido de registro, decisão
judicial pode determinar o fornecimento do medicamento, observado o seguinte:
existência de pedido de registro (salvo medicamento para doença rara e ultrarrara);
existencia de registro em agências renomadas no exterior; inexistência de substituto no
Brasil.
• O Judiciário pode impor ao Estado que mantenha estoque mínimo de medicamento de
doença grave.
• É possível o bloqueio e sequestro de verbas públicas para garantir o fornecimento de
medicamentes pelo Poder Público (medida de caráter excepcional).
• O Judiciário pode determinar execução de obras emergenciais em estabelecimentos
prisionais para proteção de direitos fundamentais dos detentos.

Princípio da vedação ao retrocesso: os direitos sociais, uma vez previstos, constituem garantia
institucional e direito subjetivo, limitando o legislador.

Direitos sociais na CF/88:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a termos de lei complementar, que preverá
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, indenização compensatória, dentre outros
o lazer, a segurança, a previdência social, a direitos;
proteção à maternidade e à infância, a assistência
*II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
aos desamparados, na forma desta Constituição.
involuntário;
Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de
*III - fundo de garantia do tempo de serviço;
vulnerabilidade social terá direito a uma renda
básica familiar, garantida pelo poder público em *IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
programa permanente de transferência de renda, unificado, capaz de atender a suas necessidades
cujas normas e requisitos de acesso serão vitais básicas e às de sua família com moradia,
determinados em lei, observada a legislação fiscal alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
e orçamentária. higiene, transporte e previdência social, com
reajustes periódicos que lhe preservem o poder
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
qualquer fim;
condição social:
V - piso salarial proporcional à extensão e à
*I - relação de emprego protegida contra
complexidade do trabalho;
despedida arbitrária ou sem justa causa, nos
*VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto *XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho,
em convenção ou acordo coletivo; por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;
*VII - garantia de salário, nunca inferior ao
mínimo, para os que percebem remuneração XXIII - adicional de remuneração para as atividades
variável; penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
*VIII - décimo terceiro salário com base na *XXIV - aposentadoria;
remuneração integral ou no valor da
*XXV - assistência gratuita aos filhos e
aposentadoria;
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco)
*IX - remuneração do trabalho noturno superior à anos de idade em creches e pré-escolas;
do diurno;
*XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
*X - proteção do salário na forma da lei, coletivos de trabalho;
constituindo crime sua retenção dolosa;
XXVII - proteção em face da automação, na forma
XI - participação nos lucros, ou resultados, da lei;
desvinculada da remuneração, e,
*XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a
excepcionalmente, participação na gestão da
cargo do empregador, sem excluir a indenização a
empresa, conforme definido em lei;
que este está obrigado, quando incorrer em dolo
*XII - salário-família pago em razão do dependente ou culpa;
do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das
*XIII - duração do trabalho normal não superior a relações de trabalho, com prazo prescricional de
oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais,
facultada a compensação de horários e a redução até o limite de dois anos após a extinção do
da jornada, mediante acordo ou convenção contrato de trabalho;
coletiva de trabalho;
a) (Revogada).
XIV - jornada de seis horas para o trabalho
b) (Revogada).
realizado em turnos ininterruptos de
revezamento, salvo negociação coletiva; *XXX - proibição de diferença de salários, de
exercício de funções e de critério de admissão por
*XV - repouso semanal remunerado,
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
preferencialmente aos domingos;
*XXXI - proibição de qualquer discriminação no
*XVI - remuneração do serviço extraordinário
tocante a salário e critérios de admissão do
superior, no mínimo, em 50% à do normal;
trabalhador portador de deficiência;
*XVII - gozo de férias anuais remuneradas com,
XXXII - proibição de distinção entre trabalho
pelo menos, um terço a mais do que o salário
manual, técnico e intelectual ou entre os
normal;
profissionais respectivos;
*XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do
*XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso
emprego e do salário, com a duração de 120 dias;
ou insalubre a menores de 18 e de qualquer
*XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição
lei; de aprendiz, a partir de quatorze anos;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador
mediante incentivos específicos, nos termos da lei; com vínculo empregatício permanente e o
trabalhador avulso.
*XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de
serviço, sendo no mínimo de 30 dias, nos termos Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
da lei; trabalhadores domésticos os direitos previstos
nos incisos* IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII,
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
atendidas as condições estabelecidas em lei e VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser
observada a simplificação do cumprimento das votado nas organizações sindicais;
obrigações tributárias, principais e acessórias,
VIII - é vedada a dispensa do empregado
decorrentes da relação de trabalho e suas
sindicalizado a partir do registro da candidatura a
peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX,
cargo de direção ou representação sindical e, se
XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à
eleito, ainda que suplente, até um ano após o final
previdência social.
do mandato, salvo se cometer falta grave nos
Art. 8º É livre a associação profissional ou termos da lei.
sindical, observado o seguinte:
Parágrafo único. As disposições deste artigo
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de
para a fundação de sindicato, ressalvado o registro colônias de pescadores, atendidas as condições
no órgão competente, vedadas ao Poder Público a que a lei estabelecer.
interferência e a intervenção na organização
Art. 9º É assegurado o direito de greve,
sindical;
competindo aos trabalhadores decidir sobre a
II - é vedada a criação de mais de uma organização oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses
sindical, em qualquer grau, representativa de que devam por meio dele defender.
categoria profissional ou econômica, na mesma
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades
base territorial, que será definida pelos
essenciais e disporá sobre o atendimento das
trabalhadores ou empregadores interessados, não
necessidades inadiáveis da comunidade.
podendo ser inferior à área de um Município;
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e
responsáveis às penas da lei.
interesses coletivos ou individuais da categoria,
inclusive em questões judiciais ou administrativas; Art. 10. É assegurada a participação dos
trabalhadores e empregadores nos colegiados
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que,
dos órgãos públicos em que seus interesses
em se tratando de categoria profissional, será
profissionais ou previdenciários sejam objeto de
descontada em folha, para custeio do sistema
discussão e deliberação.
confederativo da representação sindical
respectiva, independentemente da contribuição Art. 11. Nas empresas de mais de 200
prevista em lei; empregados, é assegurada a eleição de um
representante destes com a finalidade exclusiva
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-
de promover-lhes o entendimento direto com os
se filiado a sindicato;
empregadores.
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
negociações coletivas de trabalho;

6.2.1. Direitos sociais dos trabalhadores:

Direito à segurança no emprego: o art. 10 ADCT traz vedação absoluta à dispensa arbitrária ou
sem justa causa.

• Empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes


(CIPA) – desde o registro da candidatura até um ano após o final do mandato;
• Empregada gestante – desde a confirmação da gravidez até 5 meses após o parto.

Salário mínimo: Lei Federal 12.382/11 estabeleceu que o reajuste e aumentos salariais serão
feitos por decreto presidencial, sendo considerada constitucional pelo STF. A fórmula e os índices
estão previstos na lei, o decreto é ato declaratório.
• É vedado o uso do salário mínimo para reajustamentos automáticos futuros, porém a CF
não proíbe o uso de múltiplos do salário mínimo para referência de definição do valor
justo e proporcional do piso salarial de certa categoria profissional especializada.
• É possível fixar pensão alimentícia com base no salário mínimo.
• É constitucional a referência ao salário mínimo em normas de benfícios assistenciais pela
lei, o que não é permitido é seu uso como mecanismo de indexação.
• É constitucional remuneração inferior ao salário mínimo para os conscritos (serviço militar
inicial – obrigatório, pois exercem múnus público), bem como aos presos (Lei de
Execuções Penais estabele em ¾ do mínimo).

Adicional noturno: a CF só prevê que a sua remuneração será superior ao diurno, a legislação
infraconstitucional é que define o percentual; também se estende aos empregados em regime
de revezamento.

Hora-extra: a CF somente estabelece que o mínimo será 50% superior à remuneração do serviço
normal. Atente-se que pode ser superior.

Licença-maternidade: estende-se ao pai genitor monoparental.

Contribuição confederativa: caráter facultativo, cobrada apenas dos filiados; valor fixado pela
assembleia geral, sem natureza tributária.

Contribuição sindical: valor fixado por lei, recolhida pelos empregadores apenas dos empregados
que autorizarem, ou seja, passou a ser facultativo com a Reforma Trabalhista, não possuindo
natureza tributária.

Estabilidade sindical: atenção! Não é intuitu personae, destina-se à representação sindical de


que o trabalhador se investe.

Direito de greve: não pode ser considerada falta grave, pois é direito do trabalhador, desde que
não se trate de movimento condenado pela Justiça do Trabalho e seja o comportamento pacífico.

Serviços essenciais: tratamento e abastecimento de água, produção e distribuição de energia


elétrica, gás e combustíveis; assistência médica e hospitalar; distribuição e comercialização de
medicamentos e alimentos; funerários; transporte coletivo; captação e tratamento de esgoto e
lixo; telecomunicações; guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e
materiais nucleares; processamento de dados ligados a serviços essenciais; controle de tráfego
áreo e navegação aérea; compensação bancária; atividades médico-periciais relacionadas com o
RGPS e assistência social; atividades médico-periciais para caracterização de impedimentos da
pessoa com deficiência para reconhecimento de direitos previstos em lei; outras prestações
médico-periciais da carreira de Perito Médico Federal indispensáveis ao atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade; atividades portuárias.
6.3. DOS DIREITOS DE NACIONALIDADE;

Direitos de Nacionalidade na CF/88:

Art. 12. São brasileiros: § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:


I - natos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes
III - de Presidente do Senado Federal;
não estejam a serviço de seu país;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a V - da carreira diplomática;
serviço da República Federativa do Brasil; VI - de oficial das Forças Armadas.
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou VII - de Ministro de Estado da Defesa.
de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente ou venham a § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do
residir na República Federativa do Brasil e optem, brasileiro que:
em qualquer tempo, depois de atingida a I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença
maioridade, pela nacionalidade brasileira; judicial, em virtude de atividade nociva ao
II - naturalizados: interesse nacional;

a) os que, na forma da lei, adquiram a II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
nacionalidade brasileira, exigidas aos originários a) de reconhecimento de nacionalidade originária
de países de língua portuguesa apenas residência pela lei estrangeira;
por 1 ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) de imposição de naturalização, pela norma
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, estrangeira, ao brasileiro residente em estado
residentes na República Federativa do Brasil há estrangeiro, como condição para permanência em
mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação seu território ou para o exercício de direitos civis;
penal, desde que requeiram a nacionalidade
brasileira. Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da
República Federativa do Brasil.
§1º Aos portugueses com residência permanente
no País, se houver reciprocidade em favor de § 1º São símbolos da República Federativa do
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo
ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta nacionais.
Constituição. § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre poderão ter símbolos próprios.
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos
previstos nesta Constituição.

Nacionalidade: é vínculo jurídico-político entre o Estado soberano e o indivíduo, que torna este
membro integrante da comunidade que constitui o Estado.

Dimensão vertical (liga o indivíduo ao Estado; impõe obrigações) e dimensão horizontal (liga o
indivíduo ao elemento povo; sem grau hierárquico, relação paritária do indivíduo com a
comunidade a qual pertence).
Atenção! Nacionalidade (diferencia nacionais de estrangeiros) não se confunde com cidadania
(atributo que diferencia aqueles que possuem pleno gozo dos direitos políticos).

Nacionalidade originária (primária): resulta de um fato natural; forma involuntária de aquisição


da nacionalidade em razão de critérios sanguíneos ou territoriais ou mistos. Natos:
• Nascido no Brasil (ainda que de pais estrangeiros, desde que não estejam a serviço de
seu país);
• Nascido no estrangeiro (pai ou mãe brasileiros à serviço do Brasil);
• Nascido no estrangeiro (pai ou mãe brasileiros; registrado em repartição ou venha a
residir no Brasil e opte, a qualquer tempo, depois da maioridade, pela nacionalidade
brasileira – nacionalidade potestativa).

Nacionalidade derivada (adquirida ou secundária): depende de ato de vontade praticado após


o nascimento. Naturalizado:
• Naturalização ordinária (ato discricionário): preenchimento dos requisitos da Lei da
Migração (OBS: se originário de país de língua portuguesa somente residência no Brasil
por 1 ano ininterrupto e idoneidade moral);
• Naturalização extraordinária (direito subjetivo à nacionalidade br; o ato é meramente
declaratório, a nacionalidade é constituída na data da apresentação do requerimento):
residência ininterrupta no Brasil por mais de 15 anos; ausência de condenação penal;
requerimento.

Portugueses residentes no Brasil: tratamento igual ao de um brasileiro naturalizado; é “quase-


nacionalidade”. Gozará dos direitos inerentes aos nacionais sem se naturalizar. Requisitos:
• Residência permanente no Brasil;
• Reciprocidade de tratamento (Portugal).

Cargos exclusivos de brasileiro nato:

1) Presidente e vice-presidente da República;


2) Presidente da Câmara dos Deputados;
3) Presidente do Senado Federal;
4) Ministro do STF;
5) Carreira diplomática;
6) Oficial das Forças Armadas;
7) Ministro de Estado da Defesa.

Distinções entre brasileiros natos e naturalizados:

• 6 vagas do Conselho da República (natos);


• Natos não serão extraditados nunca; naturalizados poderão ser extraditados por crime
comum anterior à naturalização ou comprovado envolvimento em tráfico de drogas
(qualquer tempo).
• Propriedade de empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens:
brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos (pelo menos 70% do capital total e
votante);

Perda da Nacionalidade:

a) Cancelamento de naturalização: por sentença (atividade nociva ao interesse nacional); não


cabe nova naturalização, mas sim ação rescisória.
b) Aquisição de outra nacionalidade: perda-mudança; por naturalização voluntária; para natos
e naturalizados; reaquisição feita por decreto do Presidente, se domiciliado no Brasil.

OBS: É possível a extradição de quem perdeu a condição de brasileiro nato por naturalização
voluntária (STF).

6.4. DOS DIREITOS POLÍTICOS.

Instrumentos de exercício da soberania popular, característica dos regimes democráticos:


a) Democracia direta: é aquela em que o povo exerce o poder diretamente, sem
intermediários ou representantes;
b) Democracia representativa ou indireta: é aquela em que o povo elege representantes3
que, em seu nome, governam o país;
c) Democracia semidireta ou participativa: é aquela em que o povo tanto exerce o poder
diretamente quanto por meio de representantes. Trata-se de um sistema híbrido, com
características tanto da democracia direta quanto da indireta. É adotada no Brasil, que utiliza
certos institutos típicos da democracia semidireta, tais como o plebiscito, o referendo e a
iniciativa popular de leis.

Os direitos políticos positivos estão relacionados à participação ativa dos indivíduos na vida
política do Estado. São direitos relacionados ao exercício do sufrágio. Por outro lado, direitos
políticos negativos são as normas que limitam o exercício da cidadania, que impedem a
participação dos indivíduos na vida política estatal. São as inelegibilidades e as hipóteses de
perda e suspensão dos direitos políticos.

6.4.1. Direitos Políticos Positivos

Direito de sufrágio: capacidade de votar e ser votado (capacidade eleitoral ativa e passiva).

(i) Plebiscito: consulta prévia à edição do ato legislativo/administrativo;


(ii) Referendo: consulta posterior à edição do ato (ratificação/rejeição);
(iii) Iniciativa Popular: apresentação à Câmara de projeto de lei subscrito por, no mínimo, 1%
do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por 5 estados, com não menos de 0,3%
dos eleitores de cada um deles.

Capacidade eleitoral ativa: aptidão para exercer o direito de voto; depende de alistamento
eleitoral.
• Obrigatório: maiores de 18 anos;
• Facultativo: analfabetos; maiores de 70 anos; maiores de 16 (na data da eleição) e
menores de 18 anos.
Não podem se alistar os estrangeiros e os conscritos durante o período do serviço militar
obrigatório.
Pessoa com deficiência: que torne impossível ou demasiadamente oneroso, não está
sujeita a sanção pelo descumprimento de obrigação eleitoral (TSE).
Índios: somente os integrados são obrigados à comprovação de quitação do serviço
militar para se alistar (TSE).

Capacidade eleitoral passiva: direito de ser votado, eleito. Deve cumprir requisitos
constitucionais de elegibilidade e não incorrer em qualquer hipótese de inelegibilidade.

• Condições de elegibilidade:
® Nacionalidade brasileira;
® Pleno exercício dos direitos políticos (sem perda ou suspensão);
® Alistamento eleitoral;
® Domicílio eleitoral na circunscrição;
® Filiação partidária;
® Idade mínima:
35 (Presidente e Vice, Senador);
30 (Governador e Vice);
21 (Deputado, Prefeito e Vice, juiz de paz);
18 (Vereador).

Desfiliação e infidelidade partidária:


Þ Parlamentares: perda do mandato (salvo justa causa).
Þ Eleito pelo sistema majoritário: sem consequências (soberania popular).

6.4.2. Direitos Políticos Negativos

Limitam o exercício do sufrágio: inelegibilidades e hipóteses de perda/suspensão dos direitos


políticos.

Inelegibilidades: algumas previstas na CF, e LC pode definir outras.

a) Absolutas: para qualquer cargo político; taxativamente previstas pela CF; são os
inalistáveis (estrangeiros e conscritos) e os analfabetos.
b) Relativas: para certos cargos políticos. Podem ser:
i) inelegibilidade relativa por motivos funcionais: reeleição somente 1 vez, ou seja
somente 2 mandatos consecutivos no mesmo cargo para Chefe do Executivo; para
concorrer a outro cargo, devem renunciar o respectivo mandato até 6 meses antes do
pleito (desincompatibilização).
ii) inelegibilidade relativa por motivo de casamento, parentesco ou afinidade
(inelegibilidade reflexa);
“São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os
haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato
eletivo e candidato à reeleição.” (CF)
STF: “A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta
a inelegibilidade prevista no § 7º, do artigo 14 da Constituição Federal”
iii) inelegibilidade relativa à condição de militar: se contar com menos de 10 anos de
serviço, deverá afastar-se (definitivamente) da atividade; se contar mais de 10 anos de
serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente,
no ato da diplomação, para a inatividade.
OBS: o militar não pode se filiar a partido político, porém a ausência de prévia filiação
será suprida pelo registro da candidatura apresentada pelo partido político e autorizada
pelo candidato.

Perda e suspensão dos direitos políticos:

® Cancelamento da naturalização por sentença;


® Incapacidade civil absoluta;
® Condenação criminal transitada em julgado (enquanto durar);
® Recusa de cumprir obrigação imposta a todos ou prestação alternativa;
® Improbidade administrativa.

OBS: A improbidade resulta em perda do mandato e suspensão dos direitos políticos. A perda do
mandato não se aplica a membro do Congresso Nacional. Por determinação do art. 55, § 2º, da
CF/88, a perda do mandato será decidida pela Casa a que pertencer o congressista, por maioria
absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no
Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
Direitos políticos na CF/88:

dos mandatos poderão ser reeleitos para um único


Art. 14. A soberania popular será exercida pelo
período subseqüente.
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto,
com valor igual para todos, e, nos termos da lei, § 6º Para concorrerem a outros cargos, o
mediante: Presidente da República, os Governadores de
Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem
I - plebiscito;
renunciar aos respectivos mandatos até seis
II - referendo; meses antes do pleito.
III - iniciativa popular. § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou
afins, até o segundo grau ou por adoção, do
I - obrigatórios para os maiores de 18 anos; Presidente da República, de Governador de
II - facultativos para: Estado ou Território, do Distrito Federal, de
Prefeito ou de quem os haja substituído dentro
a) os analfabetos; dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
b) os maiores de 70 anos; titular de mandato eletivo e candidato à
reeleição.
c) os maiores de 16 e menores de 18 anos.
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os
seguintes condições:
estrangeiros e, durante o período do serviço
militar obrigatório, os conscritos. I - se contar menos de 10 anos de serviço, deverá
afastar-se da atividade;
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da
lei: II - se contar mais de 10 anos de serviço, será
agregado pela autoridade superior e, se eleito,
I - a nacionalidade brasileira;
passará automaticamente, no ato da diplomação,
II - o pleno exercício dos direitos políticos; para a inatividade.
III - o alistamento eleitoral; § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos
de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
fim de proteger a probidade administrativa, a
V - a filiação partidária; moralidade para exercício de mandato
VI - a idade mínima de: considerada vida pregressa do candidato, e a
normalidade e legitimidade das eleições contra a
a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da influência do poder econômico ou o abuso do
República e Senador; [+ AGU e PGR] exercício de função, cargo ou emprego na
b) 30 anos para Governador e Vice-Governador de administração direta ou indireta.
Estado e do Distrito Federal; § 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado
c) 21 anos para Deputado Federal, Deputado ante a Justiça Eleitoral no prazo de 15 dias
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz contados da diplomação, instruída a ação com
de paz; [+ Ministro de Estado] provas de abuso do poder econômico, corrupção
ou fraude.
d) 18 anos para Vereador.
§ 11 - A ação de impugnação de mandato
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os tramitará em segredo de justiça, respondendo o
analfabetos. autor, na forma da lei, se temerária ou de
§ 5º O Presidente da República, os Governadores manifesta má-fé.
de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e § 12. Serão realizadas concomitantemente às
quem os houver sucedido, ou substituído no curso eleições municipais as consultas populares sobre
questões locais aprovadas pelas Câmaras
Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até II - incapacidade civil absoluta;
90 dias antes da data das eleições, observados os
III - condenação criminal transitada em julgado,
limites operacionais relativos ao número de
enquanto durarem seus efeitos;
quesitos.
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta
§ 13. As manifestações favoráveis e contrárias às
ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º,
questões submetidas às consultas populares nos
VIII;
termos do § 12 ocorrerão durante as campanhas
eleitorais, sem a utilização de propaganda gratuita V - improbidade administrativa, nos termos do
no rádio e na televisão. art. 37, § 4º.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: entrará em vigor na data de sua publicação, não
se aplicando à eleição que ocorra até um ano da
I - cancelamento da naturalização por sentença
data de sua vigência.
transitada em julgado;

7. DOS PARTIDOS POLÍTICOS

® STF: é constitucional norma legal que impõe restrição temporal para fusão ou
incorporação de partidos políticos.
® Liberdade partidária deve observar: soberania nacional, regime democrático,
pluripartidarismo e direitos fundamentais da pessoa humana.
® As sanções do partido incorporado não serão aplicadas ao partido incorporador ou seus
novos dirigentes, exceto aos que já integravam o partido incorporado.
® Caráter nacional: preserva a identidade político-ideológica do partido e preserva o
âmbito de atuação jurídica das distintas esferas partidárias, porém não se relaciona com
a regra de responsabilidade (não há responsabilidade solidária entre os diretórios
municipais, estaduais e nacionais por inadimplemento ou dano causado).
® A partir de 2020 (EC 97/2017): proibida coligação em eleições proporcionais (Deputados
Federal e Estadual e Vereador).
® EC 52/2006: não é obrigatória simetria das coligações em âmbito nacional, estadual e
municipal (desnecessária a vinculação entre as candidaturas em diferentes âmbitos – não
se aplica o princípio da verticalização nas coligações).
® Aquisição de personalidade jurídica: registro dos atos constitutivos; aquisição de
capacidade política: registro no TSE.
® EC 111/2021: critério temporário diferenciado (fundo partidário) para incentivar
mulheres e negros para Câmara dos Deputados (Deputados Federais): votos para
mulheres e negros são contados em dobro para fins de distribuição do fundo.
® EC 97/2017: cláusula de desempenho ou cláusula de barreira: ao longo dos próximos
anos partidos com pouca ou nenhuma representatividade deixarão de ter direito aos
recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão (efetivamente
implementada em 2030, até lá há regime de transição).
® Regime de transição: acesso ao fundo e rádio/TV.
» Legislatura seguinte à 2018: mínimo 1,5% dos votos válidos distribuídos 1/3 das
unidades federativas (mínimo de 1% dos votos válidos em cada) na Câmara dos
Deputados ou pelo menos 9 Deputados Federais (distribuídos em 1/3 das
unidades federativas);
» Legislatura seguinte à 2022: mínimo 2% dos votos válidos distribuídos 1/3 das
unidades federativas (mínimo de 1% dos votos válidos em cada) na Câmara dos
Deputados ou pelo menos 11 Deputados Federais (distribuídos em 1/3 das
unidades federativas);
» Legislatura seguinte à 2026: mínimo 2,5% dos votos válidos distribuídos 1/3 das
unidades federativas (mínimo de 1,5% dos votos válidos em cada) na Câmara dos
Deputados ou pelo menos 13 Deputados Federais (distribuídos em 1/3 das
unidades federativas);

Partidos políticos na CF/88:

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua
extinção de partidos políticos, resguardados a celebração nas eleições proporcionais, sem
soberania nacional, o regime democrático, o obrigatoriedade de vinculação entre as
pluripartidarismo, os direitos fundamentais da candidaturas em âmbito nacional, estadual,
pessoa humana e observados os seguintes distrital ou municipal, devendo seus estatutos
preceitos: estabelecer normas de disciplina e fidelidade
partidária.
I - caráter nacional;
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem
II - proibição de recebimento de recursos
personalidade jurídica, na forma da lei civil,
financeiros de entidade ou governo estrangeiros
registrarão seus estatutos no Tribunal Superior
ou de subordinação a estes;
Eleitoral.
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão,
lei. na forma da lei, os partidos políticos que
§ 1º É assegurada aos partidos políticos alternativamente: [cláusula de barreira a ser
autonomia para definir sua estrutura interna e efetivamente implementada em 2030]
estabelecer regras sobre escolha, formação e I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos
duração de seus órgãos permanentes e provisórios Deputados, no mínimo, 3% dos votos válidos,
e sobre sua organização e funcionamento e para distribuídos em pelo menos 1/3 das unidades da
adotar os critérios de escolha e o regime de suas
Federação, com um mínimo de 2% dos votos em qualquer caso, a migração de partido para fins
válidos em cada uma delas; ou de distribuição de recursos do fundo partidário ou
de outros fundos públicos e de acesso gratuito ao
II - tiverem elegido pelo menos 15 Deputados
rádio e à televisão.
Federais distribuídos em pelo menos 1/3 das
unidades da Federação. § 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo
5% dos recursos do fundo partidário na criação e
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos
na manutenção de programas de promoção e
de organização paramilitar.
difusão da participação política das mulheres, de
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os acordo com os interesses intrapartidários.
requisitos previstos no § 3º deste artigo é
§ 8º O montante do Fundo Especial de
assegurado o mandato e facultada a filiação, sem
Financiamento de Campanha e da parcela do
perda do mandato, a outro partido que os tenha
fundo partidário destinada a campanhas
atingido, não sendo essa filiação considerada para
eleitorais, bem como o tempo de propaganda
fins de distribuição dos recursos do fundo
gratuita no rádio e na televisão a ser distribuído
partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio
pelos partidos às respectivas candidatas, deverão
e de televisão.
ser de no mínimo 30%, proporcional ao número
§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados de candidatas, e a distribuição deverá ser
Estaduais, os Deputados Distritais e os Vereadores realizada conforme critérios definidos pelos
que se desligarem do partido pelo qual tenham respectivos órgãos de direção e pelas normas
sido eleitos perderão o mandato, salvo nos casos estatutárias, considerados a autonomia e o
de anuência do partido ou de outras hipóteses de interesse partidário
justa causa estabelecidas em lei, não computada,
8. DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO:

Manoel Gonçalves Ferreira Filho afirma que “o Estado é uma associação humana (povo),
radicada em base espacial (território), que vive sob o comando de uma autoridade (poder) não
sujeita a qualquer outra (soberania).”

Formas de Estado:

a) Unitário: centralização política do poder (Portugal).


Unitário descentralizado administrativamente: mantém-se a centralização política mas a
execução dos serviços públicos e das políticas públicas é descentralizada;
b) Regionais: modelo intermediário entre o unitário e o federal, além da descentralização
administrativa, parcela do poder político também é descentralizada (Itália e Espanha).
c) Federal: poder político territorialmente descentralizado, várias pessoas jurídicas com
capacidade política (autonomia política), pluralidade de ordenamentos jurídicos (Brasil).
Atenção: os territórios não são entes federativos, somente União, estados, DF e
municípios / não há relação de subordinação entre os entes, que são autônomos embora
vinculados pela Constituição.

OBS: a confederação é diferente da federação, porquanto trata de reunião de Estados soberanos,


cujo vínculo é estabelecido com base em tratado internacional que pode ser dissolvido
(denunciado). Não há nenhuma atualmente, é apenas referência, embora já tenha existido nos
EUA.

Federação de terceiro grau: o Brasil é assim denominado pois, em regra, para que haja a
federação basta a autonomia da União e dos Estados, porém o Brasil estabeleceu também a
autonomia do Distrito Federal (ente federativo híbrido, que se assemelha a estado e município)
e dos Municípios.

OBS: é possível, por emenda constitucional, reorganizar as competências dos entes federativos
desde que não se ofenda o núcleo central que a constituição estabeleceu em relação à autonomia
e a descentralização, para que não se gere ente federativo de segunda classe.

OBS: O Brasil tem como Forma de Estado – FEDERAÇÃO; Sistema de Governo:


PRESIDENCIALISMO; Forma de Governo: REPÚBLICA.

8.1. DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA

CF, art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende


a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta
Constituição.

OBS: os Territórios Federais integram a união, não detém autonomia política, sendo
considerados autarquias territoriais da União (descentralização administrativa). Não há
atualmente nenhum território federal. NÃO é entede federativo. Aos territórios lhes
faltam autonomia política, autogoverno, orçamento próprio e auto-organização, somente
tem autonomia administrativa, embora tenha personalidade jurídica.

8.1.1. CARACTERÍSTICAS DA FEDERAÇÃO:

Autonomia política que se manifesta por meio de 4 aptidões: auto-organização; autolegislação;


autoadministração; e autogoverno.

a) Auto-organização: competência para se auto-organizar (capacidade de auto-


constituição), ou seja, elaboração de Constituições Estaduais (poder constituinte derivado
decorrente), e Leis Orgânicas dos municípios e do DF (que tem valor de Constituição
Estadual).

União Estados Distrito Federal Municípios


CF/88 Constituição Estadual Lei Orgânica do DF Lei Orgânica
- Tem status de
- Atuação do Poder - Poder constituinte - Não há poder
constituição
Constituinte derivado decorrente constituinte (função
estadual, portanto há
Originário (subordinado à CF) legislativa da
poder constituinte
- Rígida (permite - Rígida (STF) câmara)
derivado decorrente.
reforma) - Reforma nos - criada e atualizada
- criada e atualizada
- 2 turnos em cada mesmos termos da em votação de 2
em votação de 2
casa por aprovação CF. turnos (interstício de
turnos (interstício de
de 3/5 do total de - Simetria quanto à 10 dias) por 2/3 do
10 dias) por 2/3 do
membros. estrutura da CF. total de membros.
total de membros.

OBS: A diferença prática entre a LODF e a LO dos municípios é o controle de constitucionalidade,


porquanto no DF haverá o controle de constitucionalidade em face da LODF, já nos municípios
há o controle de legalidade.

b) Autolegislação: capacidade dos entes federativos de editarem suas próprias leis


(pluralidade de ordenamentos jurídicos).

c) Autoadministração: poder para exercer suas atribuições de natureza administrativa


(execução de políticas públicas), tributária (arrecadação de seus próprios tributos) e
orçamentária (elaboração de seus próprios orçamentos), dentro da esfera de atuação de
cada um, segundo a repartição constitucional de competências.

d) Autogoverno: poder para eleger seus próprios representantes.

Repartição constitucional de competências: para que a ação estatal seja o mais eficaz possível,
cada ente federativo é dotado de atribuições próprias definidas pela Constituição, por essa razão
há também a repartição de rendas, possibilitando a execução dessas atribuições.

Indissolubilidade do vínculo federativo: não há direito de secessão.


Nacionalidade única: os cidadãos possuem nacionalidade única, não parcial.

Rigidez constitucional: necessidade de Constituição escrita e rígida, modificada por


procedimento mais dificultoso e solene para proteção do pacto federativo. Resulta disso o
mecanismo de controle de constitucionalidade das leis.

Existência de mecanismo de intervenção: atos que contrariam o pacto federativo dão ensejo aos
mecanismos de intervenção, suprimindo-se temporariamente a autonomia política do ente em
questão.

Existência de um Tribunal Federativo: visando solucionar litígios que envolvem os entes


federativos (STF: julga originariamente causas e conflitos entre União e os Estados ou entre
Estados, não julga conflitos de municípios).

Participação dos entes federativos na formação da vontade nacional: órgão legislativo que
representa os poderes regionais (Senado Federal representa Estados e o DF, não os municípios).

8.1.2. CLASSIFICAÇÃO DAS FEDERAÇÕES

a) Quanto à origem: agregação (reunião de Estados soberanos preexistentes), movimento


centrípeto; segregação ou desagregação (Estado unitário que se descentraliza
politicamente), movimento centrífugo.

b) Quanto à concentração do poder: federação centrípeta (governo central detém a maior


parte do poder); federação centrífuga (poder concentrado na periferia, as entidades
regionais detêm maior parte do poder, descentralização). Atenção: aqui há o caminho
inverso do acima, pois as federações que se formaram por movimento
centrífugo/segregação (Brasil) tendem a serem centrípetas quanto à concentração de
poder (governo central com maior parte do poder), e as que se formaram por
movimento centrípeto (EUA) tendem a serem centrífugas quando à concentração de
poder.
OBS: existe o federalismo de equilíbrio, que busca a distribuição equitativa de poderes
entre os governos centrais e regionais.

c) Quanto ao equacionamento de desigualdades: simétricas (distribuição igualitária de


competências e receitas, mais eficaz em situação de homogeneidade socioeconômica
entre os entes); assimétricas (reconhecimento de disparidades socioeconômicas com a
busca da redução das desigualdades), é o caso do Brasil, apesar da controvérsia,
porquanto a CF traz diversos dispositivos que se destinam a redução de desigualdades
regionais.

d) Quanto à repartição de competências: dual/clássica (competências próprias de cada ente


exercidas sem comunicação aos demais); cooperativa/neoclássica (exercício de
competências em conjunto com os demais entes, como é o Brasil).
Atenção! A soberania é atributo da República Federativa do Brasil, ou seja, do Estado federal em
seu conjunto. A União representa o Brasil no plano internacional, mas possui apenas autonomia,
jamais soberania.

8.1.3. UNIÃO: É pessoa jurídica de direito público interno, sem personalidade internacional,
autônoma, com competências administrativas e legislativas, e representa a República
Federativa do Brasil no plano internacional. Pode editar leis nacionais (alcançam todos os
habitantes do território nacional) ou leis federais (alcançam apenas aqueles que estão sob
jurisdição da União).

8.1.4. ESTADOS: São entes autônomos, de personalidade jurídica de direito público interno,
dotados de autonomia política (capacidade de auto-organização, autolegislação,
autoadministração e autogoverno). Devem observar:

Auto-organização: elaboração de Constituições Estaduais. Autolegislação: edição de suas


próprias leis. Dentro dessas atividades, os Estados observarão:

a) Princípios constitucionais sensíveis: (sob pena de intervenção federal)


» forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
» direitos da pessoa humana;
» autonomia municipal;
» prestação de contas da administração pública direta e indireta; aplicação do
mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas
ações e serviços públicos de saúde.

b) Princípios constitucionais extensíveis: são normas de organização (exemplo:


fundamentos e objetivos fundamentais da RFB).

c) Princípios constitucionais estabelecidos: além de organizarem a própria federação,


estabelecem preceitos centrais de observância pelos Estados-membros em sua auto-
organização.

OBS: STF – “se é certo que a nova Carta Política contempla um elenco menos abrangente de
princípios constitucionais sensíveis, a denotar, com isso, a expansão de poderes jurídicos na
esfera das coletividades autônomas locais, o mesmo não se pode afirmar quanto aos princípios
federais extensíveis e aos princípios constitucionais estabelecidos, os quais, embora
disseminados pelo texto constitucional, posto que não é tópica a sua localização, configuram
acervo expressivo de limitações dessa autonomia local, cuja identificação – até mesmo pelos
efeitos restritivos que deles decorrem – impõe-se realizar”.

Autogoverno: eleição de seus representantes nos Poderes Legislativo e Executivo, que não se
subordinam ao poder central.

O Poder Legislativo Estadual é unicameral (Assembleia Legislativa), já o Poder Legislativo


Federal é bicameral (Câmara dos Deputados e Senado Federal).
União Estados DF Municípios
Congresso Nacional Assembleia Câmara Câmara
(Câmara e Senado) Legislativa Legislativa Municipal

Deputado estadual: mandato de quatro anos, eleito pelo sistema proporcional (CF, Art. 27. O
número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do
Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos
quantos forem os Deputados Federais acima de doze.). Numero de deputados federais
multiplicado por 3 até atingir 36, a partir daí acrescenta um por deputado federal acima de 12.
Até 12 multiplica por 3, acima de 12 soma 24.

• STF: subsídio dos deputados estaduais fixado por lei em sentido formal; incompatível com
o princípio federativo e com a autonomia dos entes federados a vinculação ao subsídio
dos deputados federais estipulado pela União (vedação do reajuste remuneratório
automático).

Poder Executivo estadual

OBS: a partir da EC 111/2021, a data da posse do Governador e seu vice se dará em 6 de janeiro,
que produzirá efeito nas eleiçoes de 2026, com a posse em 6 de janeiro de 2027.

OBS: quem dá posse ao chefe do executivo é o poder legislativo. O TSE faz a diplomação.

• Subsídios do Governador e Vice e dos secretários de Estado são fixados por lei (projeto
apresentado pela AL), sujeito ao veto do Governador. O valor será o teto no âmbito do
Executivo Estadual (exceto para procurador estadual, cujo teto é 90,25% do subsídio do
STF).
• Os estados podem adotar teto diverso para os 3 Poderes (teto único): subsídio dos
desembargadores do respectivo tribunal (limitado a 90,25% do STF), não se aplicando aos
Deputados Estaduais/Distritais e Vereadores.

Regramento na CF/88:

Art. 28. A eleição do Governador e do Vice- § 1º Perderá o mandato o Governador que assumir
Governador de Estado, para mandato de 4 outro cargo ou função na administração pública
(quatro) anos, realizar-se-á no primeiro domingo direta ou indireta, ressalvada a posse em virtude
de outubro, em primeiro turno, e no último de concurso público e observado o disposto no art.
domingo de outubro, em segundo turno, se 38, I, IV e V.
houver, do ano anterior ao do término do
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-
mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá
Governador e dos Secretários de Estado serão
em 6 de janeiro do ano subsequente, observado,
fixados por lei de iniciativa da Assembléia
quanto ao mais, o disposto no art. 77 desta
Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37,
Constituição.
XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.

Os Estados organizarão seu Poder Judiciário, estabelecendo suas competências em sua


Constituição estadual, nos limites da Constituição Federal, sendo a lei de organização judiciária
de iniciativa do Tribunal de Justiça. Somente os juizes de direito estaduais e os tribunais
estaduais compõem o Judiciário Estadual, todos os demais são da União. O TJDFT (e seus juízes)
não é estadual, é da União, assemelhando-se aos municípios.

OBS: nos estados em que o efetivo militar seja superior a 20 mil integrantes, o estado poderá
criar, por proposta do TJ, a Justiça Militar estadual.

® Instituição de regiões metropolitanas nos estados:

• Lei Complementar estadual;


• Municípios limítrofes;
• Finalidade de integração da organização, planejamento e execução de funções públicas
de interesse comum.

Regiões metropolitanas: conjunto de municípios cujas sedes se unem, com certa continuidade
urbana, em torno de um município-polo.
Microrregiões: municípios limítrofes, sem continuidade urbana, com características homogêneas
e problemas administrativos comuns.
Aglomerados urbanos: áreas urbanas cujos municípios apresentam tendência à
complementaridade de suas funções, exigindo planejamento integrado e ação coordenada dos
entes públicos.

OBS: STF – para a instituição de região metropolitana, a função que extrapola o interesse local
não pode ser transferida ao Estado-membro, devendo haver a divisão de responsabilidades
entre Estado e Municípios, com a constituição de órgão colegiado para prevenir a concentração
do poder decisório em um único ente. O interesse comum deve ser supramunicipal, sendo
compulsória a manifestação dos municípios não condicionada à prévia manifestação da Câmara
dos Vereadores.

8.1.5. DISTRITO FEDERAL

Controvérsia acerca de sua natureza:


® Não é nem Estado nem Município (José Afonso da Silva).
® Teria natureza híbrida para alguns autores, por apresentar características de estado e
município.
® STF: ente federativo com autonomia parcialmente tutelada pela União.
® Não pode ser dividido em municípios.
® A competência para organizar e manter, no seu âmbito, o Ministério Público, o Poder
Judiciário, a polícia civil, a polícia penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar é
da União (CF, art. 21, XIII e XIV). Nesse sentido, determina a Súmula Vinculante nº 39 que
“compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias
civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal”.
Regramento na CF/88:

Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em § 2º A eleição do Governador e do Vice-
Municípios [dividido em regiões administrativas], Governador, observadas as regras do art. 77, e dos
reger- se-á por lei orgânica [com status de Deputados Distritais coincidirá com a dos
constituição estadual], votada em dois turnos com Governadores e Deputados Estaduais, para
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por mandato de igual duração.
2/3 da Câmara Legislativa, que a promulgará,
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara
atendidos os princípios estabelecidos nesta
Legislativa aplica-se o disposto no art. 27.
Constituição.
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as
Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da
competências legislativas reservadas aos Estados
polícia penal, da polícia militar e do corpo de
e Municípios.
bombeiros militar. [competência da União]

8.1.6. MUNICÍPIOS

Atenção! Não tem judiciário municipal.


® Poder Legislativo unicameral.
® Lei Orgânica votada em dois turnos, com interstício mínimo de 10 dias, aprovação de 2/3 dos
membros da Câmara Municipal.
® A LO fixa o número de Vereadores (limite máximo definido pela CF, escalonado pelo número
de habitantes)

Alteração na Estrutura da Federação: reorganização interna é possível, vedada a secessão.

Estados: incorporação, desmembramento e fusão, por plebiscito com a população diretamente


interessada, criado por lei complementar federal.

Municípios: Lei complementar federal (que não existe) autorizaria e fixaria prazo a todos os
Estados para reorganização interna. Deve haver estudo de viabilidade (publicado amplamente);
Plebiscito com a população diretamente interessada. Criação por lei estadual (AL, lei ordinária).

• STF: não cabe mandado de injunção para exercício dessa competência pelo Estado,
sendo a critério da União editar a lei em virtude da realidade econômica.

• Atenção! Para que haja segundo turno na eleição de Prefeito, é necessário que o
município tenha mais de 200 mil eleitores.

• A partir de 2025 os gastos com pessoal inativo e pensionistas serão incluídos no total
das despesas do Legislativo Municipal.

Regramento na CF/88:

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, atendidos os princípios estabelecidos nesta
votada em dois turnos, com o interstício mínimo Constituição, na Constituição do respectivo Estado
de dez dias, e aprovada por dois terços dos e os seguintes preceitos:
membros da Câmara Municipal, que a promulgará,
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Impróprios: infrações penais (pena privativa de
Vereadores, para mandato de quatro anos, liberdade) – Judiciário julga, sem pronunciamento
mediante pleito direto e simultâneo realizado em da Câmara Municipal.
todo o País;
XI - organização das funções legislativas e
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada fiscalizadoras da Câmara Municipal;
no primeiro domingo de outubro do ano anterior
XII - cooperação das associações representativas
ao término do mandato dos que devam suceder,
no planejamento municipal;
aplicadas as regras do art. 77, no caso de
Municípios com mais de duzentos mil eleitores; XIII - iniciativa popular de projetos de lei de
interesse específico do Município, da cidade ou de
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º
bairros, através de manifestação de, pelo menos,
de janeiro do ano subseqüente ao da eleição;
5% do eleitorado;
IV – para a composição das Câmaras Municipais,
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos
será observado o limite máximo de: (...) [9 a 55
do art. 28, parágrafo único.
vereadores]
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos
Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e
Secretários Municipais fixados por lei de
excluídos os gastos com inativos, não poderá
iniciativa da Câmara Municipal, observado o que
ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao
dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
somatório da receita tributária e das
153, § 2º, I;
transferências previstas no § 5 o do art. 153 e nos
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas arts. 158 e 159, efetivamente realizado no
respectivas Câmaras Municipais em cada exercício anterior:
legislatura para a subseqüente, observado o que
I - 7% para Municípios com população de até
dispõe esta Constituição, observados os critérios
100.000 habitantes;
estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os
seguintes limites máximos: II - 6% para Municípios com população entre
100.000 e 300.000 habitantes;
[de 20% a 75% do subsídio de Deputado Estadual]
III - 5% para Municípios com população entre
VII - o total da despesa com a remuneração dos
300.001 e 500.000 habitantes;
Vereadores não poderá ultrapassar o montante
de 5% da receita do Município; IV - 4,5% para Municípios com população entre
500.001 e 3.000.000 de habitantes;
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas
opiniões, palavras e votos no exercício do V - 4% para Municípios com população entre
mandato e na circunscrição do Município; 3.000.001 e 8.000.000 de habitantes;
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício VI - 3,5% para Municípios com população acima de
da vereança, similares, no que couber, ao disposto 8.000.001 habitantes.
nesta Constituição para os membros do Congresso § 1 o A Câmara Municipal não gastará mais de
Nacional e na Constituição do respectivo Estado setenta por cento de sua receita com folha de
para os membros da Assembléia Legislativa; pagamento, incluído o gasto com o subsídio de
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de seus Vereadores.
Justiça; [nos crimes comuns, inclusive nos crimes § 2 o Constitui crime de responsabilidade do
dolosos contra a vida, não prevalece o Júri] Prefeito Municipal:
Crimes de responsabilidade do Prefeito: I - efetuar repasse que supere os limites definidos
Próprios: infrações político-administrativas (perda neste artigo;
do mandato e suspensão dos direitos políticos) – II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada
Câmara Municipal julga. mês; ou
III - enviá-lo a menor em relação à proporção § 3 o Constitui crime de responsabilidade do
fixada na Lei Orçamentária. Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao
§ 1 o deste artigo.

SUBSÍDIOS:

EXECUTIVO (Teto de todos: Subsídio de Ministro do STF)


Presidente Governadores Prefeitos
Decreto legislativo do CN Lei da Assembleia Lei da Câmara Municipal
(subsídios do Presidente, do Legislativa (governadores,
Vice e dos Ministros) vices e secretários)

LEGISLATIVO
Deputados Federais Deputados Estaduais Vereadores
Subsídio fixado em
Decreto legislativo do CN Lei da Assembleia proporção ao nr de
(exclusiva) Legislativa habitantes (até 5% da receita
do Município)
Máximo: 20% a 75% do Dep.
Máximo: 75% do Dep.
Teto: ministro STF Estadual (10 mil habitantes /
Federal
mais de 500 mil habitantes)

Subsídios do Governador, Vice-Governador e secretários de estado são fixados por lei (projeto
da Assembleia Legislativa), sujeito a veto do Governador. Seu valor serve como limite
remuneratório (teto) no âmbito do Executivo estadual, exceto para procuradores estaduais, cujo
teto salarial é 90,25% do subsídio de Ministro do STF.

CF, art. 37, § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado
aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas
Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores
do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos
por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se
aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais
e dos Vereadores.

OBS: STF - o subsídio dos deputados estaduais deve ser fixado por lei em sentido formal (CF, art.
27, § 2o). Além disso, a vinculação do valor do subsídio dos deputados estaduais ao quantum
estipulado pela União aos deputados federais é incompatível com o princípio federativo e com a
autonomia dos entes federados (CF/88, art. 18, caput). É vedado o reajuste remuneratório
automático.

8.1.6. TERRITÓRIOS FEDERAIS

• Integram a União (descentralização administrativa): autarquias territoriais da União.


• Não são entes federativos e não possuem autonomia (política, administrativa, governo,
etc).
• Criação por Lei Complementar. [competência do CN - federal, por iniciativa do Presidente
da República]
• Chefiado pelo Governador indicado pelo Presidente da República (aprovado pelo CN).
• Poder Legislativo: Câmara Territorial (somente função típica, o controle externo é do CN
com auxílio do TCU).
• 4 deputados federais (fixo); sem senadores.
• Poder Judiciário organizado e mantido pela União (TJDFT), bem como MPDFT e DPU.
• Mais de 100 mil habitantes terá órgão judiciário próprio
• Podem ser divididos em municípios.

Regramento na CF/88:

Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios.
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o
disposto no Capítulo IV deste Título.
§ 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso Nacional, com parecer
prévio do Tribunal de Contas da União.
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de 100 mil habitantes, além do Governador nomeado na
forma desta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do
Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a Câmara
Territorial e sua competência deliberativa.

8.1.7. ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DA FEDERAÇÃO

A federação é cláusula pétrea, portanto não pode ser abolida, porém, é permitida alteração de
sua estrutura. Formação dos Estados:

CF, Art. 18, § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para
se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação
da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei
complementar.

Requisitos:

» Consulta às populações diretamente interessadas (plebiscito).


» Oitiva das Assembleias Legislativas (meramente opinativa).
» Decisão final do Congresso Nacional (edição discricionária de lei complementar).
Formação dos Municípios:

CF, Art. 18, § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios,


far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e
dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos,
após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da
lei.

Requisitos:

» Edição de LC federal pelo CN, fixando período para criação, incorporação, fusão e
desmembramento.
» Aprovação de LO federal determinando os requisitos genéritos e a forma de divulgação,
apresentação e publicação dos estudos de viabilidade municipal.
» Divulgação dos estudos, na forma da lei acima.
» Consulta por plebiscito às populações dos municípios envolvidos (se desfavorável, impede
a criação).
» Aprovação de LO estadual pela AL determinando a
criação/incorporação/fusão/desmembramento (ato discricionário).

Vedações federativas:

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou
manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na
forma da lei, a colaboração de interesse público; (Estado laico + liberdade de crença)
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

OBS: É possível fazer convênio com instituições religiosas para assistir o Estado a cumprir suas
funções, sem fins lucrativos, a fim do interesse público.

8.1.8. BENS DA UNIÃO E DOS ESTADOS

Art. 20. São bens da União: (rol exemplificativo) III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe
um Estado, sirvam de limites com outros países, ou
vierem a ser atribuídos;
se estendam a território estrangeiro ou dele
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das provenham, bem como os terrenos marginais e as
fronteiras, das fortificações e construções praias fluviais;
militares, das vias federais de comunicação e à
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes
preservação ambiental (indisponíveis), definidas
com outros países; as praias marítimas; as ilhas
em lei; [atenção! são em regra dos estados, esta é
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que
exceção]
contenham a sede de Municípios, exceto aquelas
áreas afetadas ao serviço público e a unidade
ambiental federal, e as referidas no art. 26, recursos minerais no respectivo território,
II; (em regra são bens dos ESTADOS) plataforma continental, mar territorial ou zona
econômica exclusiva, ou compensação financeira
V - os recursos naturais da plataforma continental
por essa exploração.
e da zona econômica exclusiva;
§ 2º A faixa de até 150 km de largura, ao longo das
VI - o mar territorial;
fronteiras terrestres, designada como faixa de
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; fronteira, é considerada fundamental para defesa
VIII - os potenciais de energia hidráulica; do território nacional, e sua ocupação e utilização
serão reguladas em lei.
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios
arqueológicos e pré-históricos; I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da
índios. [são bens da UNIÃO, não dos índios, porém União;
estes detém o direito imprescritível de ocupação
e uso dos recursos, o marco temporal é a II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que
promulgação da CF/88, exceto situação de esbulho estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob
renitente] domínio da União, Municípios ou terceiros;

§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a União;
participação no resultado da exploração de IV - as terras devolutas não compreendidas entre
petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para as da União.
fins de geração de energia elétrica e de outros

• Terra devoluta: sem destinação (afetação) específica. Não está sendo utilizado com finalidade
específica.
• Demarcação de terras indígenas: é ato meramente declaratório, reconhecendo o direito da
comunidade indígena.
• Royalties: compensação financeira pela exploração de petróleo, gás natural, recursos
minerais e hídricos aos entes produtores!

8.2. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

Princípio da predominância do interesse: interesse geral/nacional (União); interesse regional


(estados); interesse local (municípios).

Princípio da subsidiariedade: sempre que possível, as questões serão resolvidas pelo ente
federativo que estiver mais próximo da tomada de decisões.

Repartição horizontal: (exclusivas e privativas da União) competência para atuar em áreas


específicas em interferência de um sobre o outro, sob pena de inconstitucionalidade.

Repartição vertical: (comuns e concorrentes) competências exercidas em conjunto (atuação


coordenada).
8.2.1. Competências Exclusivas e Privativas da União

Art. 21. Compete à União: nacionais, ou que transponham os limites de


Estado ou Território;
I - manter relações com Estados estrangeiros e
participar de organizações internacionais; e) os serviços de transporte rodoviário
interestadual e internacional de passageiros;
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
III - assegurar a defesa nacional;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o
IV - permitir, nos casos previstos em lei
Ministério Público do Distrito Federal e dos
complementar, que forças estrangeiras transitem
Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios;
pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente; XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia
penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e
militar do Distrito Federal, bem como prestar
a intervenção federal;
assistência financeira ao Distrito Federal para a
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio execução de serviços públicos, por meio de fundo
de material bélico; próprio;
VII - emitir moeda; XV - organizar e manter os serviços oficiais de
VIII - administrar as reservas cambiais do País e estatística, geografia, geologia e cartografia de
fiscalizar as operações de natureza financeira, âmbito nacional;
especialmente as de crédito, câmbio e XVI - exercer a classificação, para efeito
capitalização, bem como as de seguros e de indicativo, de diversões públicas e de programas
previdência privada; de rádio e televisão;
IX - elaborar e executar planos nacionais e XVII - conceder anistia;
regionais de ordenação do território e de
XVIII - planejar e promover a defesa permanente
desenvolvimento econômico e social;
contra as calamidades públicas, especialmente as
X - manter o serviço postal e o correio aéreo secas e as inundações;
nacional;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento
XI - explorar, diretamente ou mediante de recursos hídricos e definir critérios de outorga
autorização, concessão ou permissão, os serviços de direitos de seu uso;
de telecomunicações, nos termos da lei, que
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento
disporá sobre a organização dos serviços, a criação
urbano, inclusive habitação, saneamento básico e
de um órgão regulador e outros aspectos
transportes urbanos;
institucionais;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o
XII - explorar, diretamente ou mediante
sistema nacional de viação;
autorização, concessão ou permissão:
XXII - executar os serviços de polícia marítima,
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e
aeroportuária e de fronteiras;
imagens;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o
de qualquer natureza e exercer monopólio estatal
aproveitamento energético dos cursos de água,
sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e
em articulação com os Estados onde se situam os
reprocessamento, a industrialização e o comércio
potenciais hidroenergéticos;
de minérios nucleares e seus derivados, atendidos
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra- os seguintes princípios e condições:
estrutura aeroportuária;
a) toda atividade nuclear em território nacional
d) os serviços de transporte ferroviário e somente será admitida para fins pacíficos e
aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras mediante aprovação do Congresso Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a XIV - populações indígenas;
comercialização e a utilização de radioisótopos
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e
para pesquisa e uso agrícolas e industriais;
expulsão de estrangeiros;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a
XVI - organização do sistema nacional de emprego
produção, a comercialização e a utilização de
e condições para o exercício de profissões;
radioisótopos para pesquisa e uso médicos;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público
d) a responsabilidade civil por danos nucleares
do Distrito Federal e dos Territórios e da
independe da existência de culpa;
Defensoria Pública dos Territórios, bem como
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do organização administrativa destes;
trabalho;
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o de geologia nacionais;
exercício da atividade de garimpagem, em forma
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da
associativa.
poupança popular;
XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o
XX - sistemas de consórcios e sorteios; [inclusive
tratamento de dados pessoais, nos termos da lei.
bingos e loterias]
Art. 22. Compete privativamente à União legislar
XXI - normas gerais de organização, efetivos,
sobre:
material bélico, garantias, convocação,
I - direito civil, comercial, penal, processual, mobilização, inatividades e pensões das polícias
eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial militares e dos corpos de bombeiros
e do trabalho; [crime de responsabilidade é da militares;
União, por ser direito penal; bem como valor
XXII - competência da polícia federal e das polícias
cobrado pelo uso de estacionamento por ser
rodoviária e ferroviária federais;
direito civil]
XXIII - seguridade social;
II - desapropriação;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
III - requisições civis e militares, em caso de
iminente perigo e em tempo de guerra; XXV - registros públicos;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
e radiodifusão; XXVII - normas gerais de licitação e contratação,
V - serviço postal; em todas as modalidades, para as administrações
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e
União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
garantias dos metais;
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as
VII - política de crédito, câmbio, seguros e empresas públicas e sociedades de economia
transferência de valores; mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;
VIII - comércio exterior e interestadual; XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial,
defesa marítima, defesa civil e mobilização
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
nacional;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial,
XXIX - propaganda comercial.
marítima, aérea e aeroespacial;
XXX - proteção e tratamento de dados
XI - trânsito e transporte;
pessoais.
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e
Parágrafo único. Lei complementar poderá
metalurgia;
autorizar os Estados a legislar sobre questões
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; específicas das matérias relacionadas neste artigo.
8.2.2. Competências Comuns e Concorrentes

Art. 23. É competência comum da União, dos I - direito tributário, financeiro, penitenciário,
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: econômico e urbanístico;
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das II - orçamento;
instituições democráticas e conservar o
III - juntas comerciais;
patrimônio público;
IV - custas dos serviços forenses;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da
proteção e garantia das pessoas portadoras de V - produção e consumo;
deficiência; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
III - proteger os documentos, as obras e outros natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
bens de valor histórico, artístico e cultural, os proteção do meio ambiente e controle da
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os poluição;
sítios arqueológicos; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural,
IV - impedir a evasão, a destruição e a artístico, turístico e paisagístico;
descaracterização de obras de arte e de outros VIII - responsabilidade por dano ao meio
bens de valor histórico, artístico ou cultural; ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à valor artístico, estético, histórico, turístico e
educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à paisagístico;
inovação; IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência,
VI - proteger o meio ambiente e combater a tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e
poluição em qualquer de suas formas; inovação;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; X - criação, funcionamento e processo do juizado
de pequenas causas;
VIII - fomentar a produção agropecuária e
organizar o abastecimento alimentar; XI - procedimentos em matéria processual;
IX - promover programas de construção de XII - previdência social, proteção e defesa da
moradias e a melhoria das condições saúde;
habitacionais e de saneamento básico; XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de XIV - proteção e integração social das pessoas
marginalização, promovendo a integração social portadoras de deficiência;
dos setores desfavorecidos;
XV - proteção à infância e à juventude;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as
concessões de direitos de pesquisa e exploração XVI - organização, garantias, direitos e deveres das
de recursos hídricos e minerais em seus territórios; polícias civis.

XII - estabelecer e implantar política de educação § 1º No âmbito da legislação concorrente, a


para a segurança do trânsito. competência da União limitar-se-á a estabelecer
normas gerais.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão
normas para a cooperação entre a União e os § 2º A competência da União para legislar sobre
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo normas gerais não exclui a competência
em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do suplementar dos Estados.
bem-estar em âmbito nacional. § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Estados exercerão a competência legislativa
Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: plena, para atender a suas peculiaridades.
[aqui não entra o Município]
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas
gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que
lhe for contrário.

8.2.3. Competências dos Estados e do DF

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas canalizado, na forma da lei, vedada a edição de
Constituições e leis que adotarem, observados os medida provisória para a sua regulamentação.
princípios desta Constituição.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei
§ 1º São reservadas aos Estados as competências complementar, instituir regiões metropolitanas,
que não lhes sejam vedadas por esta aglomerações urbanas e microrregiões,
Constituição. constituídas por agrupamentos de municípios
limítrofes, para integrar a organização, o
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou
planejamento e a execução de funções públicas de
mediante concessão, os serviços locais de gás
interesse comum.

8.2.4. Competência dos Municípios

Art. 30. Compete aos Municípios: IX - promover a proteção do patrimônio histórico-


cultural local, observada a legislação e a ação
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
fiscalizadora federal e estadual.
II - suplementar a legislação federal e a estadual
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida
no que couber;
pelo Poder Legislativo Municipal, mediante
III - instituir e arrecadar os tributos de sua controle externo, e pelos sistemas de controle
competência, bem como aplicar suas rendas, sem interno do Poder Executivo Municipal, na forma da
prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e lei.
publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas
a legislação estadual; dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.
de concessão ou permissão, os serviços públicos § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão
de interesse local, incluído o de transporte competente sobre as contas que o Prefeito deve
coletivo, que tem caráter essencial; [município anualmente prestar, só deixará de prevalecer por
não pode PROIBIR transporte por aplicativo] decisão de 2/3 dos membros da Câmara
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira Municipal.
da União e do Estado, programas de educação § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante 60
infantil e de ensino fundamental; dias, anualmente, à disposição de qualquer
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira contribuinte, para exame e apreciação, o qual
da União e do Estado, serviços de atendimento à poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos
saúde da população; da lei.

VIII - promover, no que couber, adequado § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos


ordenamento territorial, mediante planejamento ou órgãos de Contas Municipais.
e controle do uso, do parcelamento e da ocupação
do solo urbano;
® O município não tem competência concorrente com a União, porém tem competência
suplementar (respeito à lei federal/estadual) para acrescentar aquilo que for de necessidade
local. [meio ambiente, previdência social, direito do consumidor, educação/ensino, etc]
® Controle Externo: é atribuição do Legislativo.
» União: CN com auxílio do TCU;
» Estados: AL com auxílio do TCE;
» DF: CL com auxílio do TCDF;
» Municípios: CM com auxílio do TCE (ou do TCM, onde já havia previamente à vedação
constitucional).
® Atenção! Os tribunais de contas não julgam as contas dos Chefes do Executivo, somente
fazem parecer prévio e quem aprova é o Legislativo. Porém no caso do Prefeito o parecer do
tribunal de contas só poderá deixar de ser seguido por decisão de 2/3 dos membros da
Câmara Municipal. O transcurso do prazo NÃO é aprovação ficta de contas.

STF: O município não pode


» Fixar horário de funcionamento de agências bancárias (extrapola interesse local).
» Legislar sobre obrigatoriedade do cinto de segurança e proibição do transporte de
menores de 10 anos no banco dianteiro (competência da União sobre trânsito).
» Impedir instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada
área (viola a livre concorrência).
» Limitar instalação de sistemas transmissores de telecomunicações (competência da União
sobre telecomunicações).

STF: O município pode


» Fixar horário de estabelecimento comercial (inclusive farmácias).
» Legislar sobre fila em cartórios e estabelecimentos bancários.
» Fixar distanciamento mínimo entre postos de combustíveis (por motivo de segurança).
» Legislar sobre obrigatoriedade de instalação de hidrômetros individuais em edifícios e
condomínios.

8.3. INTERVENÇÃO

Intervenção Federal III - pôr termo a grave comprometimento da


ordem pública;
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no
Distrito Federal, exceto para: [rol taxativo] IV - garantir o livre exercício de qualquer dos
Poderes nas unidades da Federação;
I - manter a integridade nacional;
V - reorganizar as finanças da unidade da
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade
Federação que:
da Federação em outra;
a) suspender o pagamento da dívida fundada por princípios indicados na Constituição Estadual, ou
mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de para prover a execução de lei, de ordem ou de
força maior; decisão judicial.
b) deixar de entregar aos Municípios receitas Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder
prazos estabelecidos em lei;
Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal
decisão judicial; Federal, se a coação for exercida contra o Poder
Judiciário;
VII - assegurar a observância dos seguintes
princípios constitucionais: II - no caso de desobediência a ordem ou decisão
judiciária, de requisição do Supremo Tribunal
a) forma republicana, sistema representativo e
Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do
regime democrático;
Tribunal Superior Eleitoral;
b) direitos da pessoa humana;
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal
c) autonomia municipal; Federal, de representação do Procurador-Geral da
d) prestação de contas da administração pública, República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de
direta e indireta. recusa à execução de lei federal.

e) aplicação do mínimo exigido da receita § 1º O decreto de intervenção, que especificará a


resultante de impostos estaduais, compreendida a amplitude, o prazo e as condições de execução e
proveniente de transferências, na manutenção e que, se couber, nomeará o interventor, será
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços submetido à apreciação do Congresso Nacional ou
públicos de saúde. da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de
vinte e quatro horas.
Intervenção Estadual
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Nacional ou a Assembléia Legislativa, far-se-á
Municípios, nem a União nos Municípios convocação extraordinária, no mesmo prazo de
localizados em Território Federal, exceto quando: vinte e quatro horas.
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, § 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV,
por dois anos consecutivos, a dívida fundada; dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional
II - não forem prestadas contas devidas, na forma ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-
da lei; se-á a suspender a execução do ato impugnado, se
essa medida bastar ao restabelecimento da
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da normalidade.
receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços § 4º Cessados os motivos da intervenção, as
públicos de saúde; autoridades afastadas de seus cargos a estes
voltarão, salvo impedimento legal.
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a
representação para assegurar a observância de

» Atenção! A União não faz intervenção em município de estado, porém poderia fazer em
município de TERRITÓRIO.
» STF: NÃO cabe intervenção pelo não pagamento de precatórios por ausência de recursos.
8.3.1. Intervenção Federal

• Competência: Presidente da República por decreto.


• Voluntária/espontânea/de ofício: integridade nacional, repelir invasão, grave
comprometimento da ordem pública ou para reorganizar as finanças (suspender pagamento
da dívida fundada por mais de 2 anos consecutivos ou deixar de repassar receita tributária
aos municípios).
Decreto: amplitude, prazo, condições de execução (não diz respeito a restrição de direitos
fundamentais, somente a autonomia do ente) e nomear interventor (se couber, ex. no
Executivo com afastamento do Governador).
Controle político: decreto é encaminhado ao CN, que apreciará (em 24h), podendo aprovar
ou não (nesse caso cessa obrigatoriamente a medida).
Oitiva do Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional: obrigatória a convocação
de ambos os órgãos, mas a opinião não vincula o Presidente.
• Provocada por solicitação (E/L) ou requisição (J - STF): garantir a livre atuação de qualquer
dos Poderes.
Solicitação/Requisição do Poder coacto à Consulta aos Conselhos à Decreto à CN.
Após a representação do PGR (solicitação), havendo provimento pelo STF, este dará ciência
ao PR para decretar a intervenção no prazo improrrogável de 15 dias.
• Provocada por Requisição (J): prover a execução de ordem/decisão judicial; somente
poderá ser requisitada pelo STF, STJ ou TSE (STF – suas decições ou da JT ou JM, ou de outras
J se a questão for constitucional /STJ – suas decisões ou da JE ou JF /TSE – decisões da
JEleitoral);
• Provocada por Requisição (J): prover execução de lei federal, assegurar observância aos
princípios constitucionais sensíveis (república, sistema representativo, democracia, direitos
humanos, autonomia municipal, prestação de contas e aplicação do mínimo exigido em
ensino/saúde). Representação do PGR ao STF (ADI Interventiva). STF requisita a intervenção.
Nos casos de requisição o Presidente DEVE decretar a intervenção, dispensada a oitiva dos
Conselhos. O CN não participa, pois não cabe a ele apreciar.

8.3.2. Intervenção Estadual

• Voluntária/espontânea/de ofício: deixar de pagar dívida fundada por 2 anos consecutivos;


não prestar contas; não aplicar o mínimo em ensino e saúde.
Decreto do Governador à Apreciação da AL (24h).
• Provocada por requisição (J): assegurar observância de princípios da constituição estadual,
prover execução de lei, ordem/decisão judicial.
A AL não participa. Requisição do TJ ao Governador.
Solicitação: cabe ao PGJ – Procurador-Geral de Justiça.
Da Decisão do TJ NÃO cabe recurso extraordinário (súmula 637 STF: “Não cabe recurso
extraordinário contra acórdão de Tribunal de Justiça que defere pedido de intervenção
estadual em Município", pois o TJ está na função administrativa e a decisão é político-
administrativa).

8.3.3. Controle Político na Intervenção

• Somente ocorre nos casos de intervenção voluntária.


• Submissão do decreto (do PR ou Gov) ao Legislativo (CN ou AL) em 24h para apreciação.
• Caso o Legislativo esteja em recesso, haverá convocação extraordinária (em 24h).
• Para prover execução de lei federal ou ordem/decisão judicial e assegurar os princípios
constitucionais sensíveis: o decreto se limitará a suspender a execução do ato impugnado. Se
não for suficiente, o decreto determinará a intervenção federal, nesse caso será submetido
ao controle do CN. Nos demais casos, uma das consequências pode ser o afastamento de
autoridades de seus cargos, que a eles retornarão, salvo impedimento legal.

9. DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

NÃO CONSTA DO EDITAL TJES em CONSTITUCIONAL.


10. DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES.

10.1. DO PODER EXECUTIVO: do Presidente e do Vice-Presidente da república. Das atribuições e


responsabilidades do Presidente da República.

Autonomia política – PODER EXECUTIVO: é órgão UNIPESSOAL (em decorrência do sistema


presidencialista, de chefia monocrática).

União Estados Distrito Federal Municípios


- Governador Governador
- Presidente RFB Prefeito (auxiliado
(auxiliado pelos (auxiliado pelos
(auxiliado pelos pelos Secretários de
Secretários de Secretários de
Ministros de Estado) Governo/Municipais)
Estado) Estado)
- Mandato de 4 anos - Mandato de 4 anos
- Mandato de 4 anos - Mandato de 4 anos
- Eleição majoritária - Eleição majoritária
- Eleição majoritária - Eleição majoritária
(metade + 1 de votos (metade + 1 de votos
(metade + 1 de votos (metade + 1 de votos
válidos) válidos)
válidos) válidos)

Atenção: a eleição do presidente implica na eleição do vice, assim, no caso de morte/desistência


do presidente, ainda que antes da posse, a titularidade será do vice. Impossibilitado o vice,
assume temporariamente o Presidente da Câmara até novas eleições (direta, nos 2 primeiros
anos do mandato).

OBS: Havendo empate no segundo turno, a eleição será decidida em favor do candidato mais
idoso.

Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo votados e considerando-se eleito aquele que
Presidente da República, auxiliado pelos Ministros obtiver a maioria dos votos válidos.
de Estado.
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno,
Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice- ocorrer morte, desistência ou impedimento legal
Presidente da República realizar-se-á, de candidato, convocar-se-á, dentre os
simultaneamente, no primeiro domingo de remanescentes, o de maior votação.
outubro, em primeiro turno, e no último domingo
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores,
de outubro, em segundo turno, se houver, do ano
remanescer, em segundo lugar, mais de um
anterior ao do término do mandato presidencial
candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o
vigente.
mais idoso.
§ 1º A eleição do Presidente da República
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da
importará a do Vice-Presidente com ele
República tomarão posse em sessão do Congresso
registrado.
Nacional, prestando o compromisso de manter,
§ 2º Será considerado eleito Presidente o defender e cumprir a Constituição, observar as
candidato que, registrado por partido político, leis, promover o bem geral do povo brasileiro,
obtiver a maioria absoluta de votos, não sustentar a união, a integridade e a independência
computados os em branco e os nulos. do Brasil.
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data
absoluta na primeira votação, far-se-á nova fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-
eleição em até vinte dias após a proclamação do Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver
resultado, concorrendo os dois candidatos mais assumido o cargo, este será declarado vago.
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-
impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice- Presidente da República, far-se-á eleição noventa
Presidente. dias depois de aberta a última vaga.
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, § 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos
além de outras atribuições que lhe forem do período presidencial, a eleição para ambos os
conferidas por lei complementar, auxiliará o cargos será feita trinta dias depois da última vaga,
Presidente, sempre que por ele convocado para pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
missões especiais.
§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e completar o período de seus antecessores.
do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos
Art. 82. O mandato do Presidente da República é
cargos, serão sucessivamente chamados ao
de 4 (quatro) anos e terá início em 5 de janeiro do
exercício da Presidência o Presidente da Câmara
ano seguinte ao de sua eleição.
dos Deputados, o do Senado Federal e o do
Supremo Tribunal Federal. Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da
República não poderão, sem licença do Congresso
Nacional, ausentar-se do País por período superior
a quinze dias, sob pena de perda do cargo.

10.1.1. DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Chefia de Estado e Chefia de Governo. Exerce o Poder Executivo com auxílio dos Ministros de
Estado. Requisitos:
• Brasileiro nato;
• Alistamento eleitoral;
• Pleno gozo dos direitos políticos;
• 35 anos;
• Sem inelegibilidades;
• Filiação partidária.

Sistema majoritário:
• Puro: ou simples; eleito o candidato com maior número de votos (maioria simples) –
Senadores e Prefeitos (até 200 mil eleitores).
• De dois turnos: eleito candidato que obtém a maioria absoluta dos votos válidos –
Presidente, Governador e Prefeitos (acima de 200 mil eleitores).

Impedimento: afastamento temporário (substituição pelo Vice).


Vacância: afastamento definitivo (sucessão pelo Vice, depois Presidente da Câmara, do Senado
e do STF; atenção! Somente o vice assume em caráter definitivo). Hipóteses:
• Não comparecimento para tomar posse em 10 dias (exceto força maior);
• Morte, renúncia, perda ou suspensão dos direitos políticos ou perda da nacionalidade;
• Condenação por crime (comum ou de responsabilidade);
• Ausência do país superior a 15 dias sem autorização do CN;

Vacância nos 2 primeiros anos: novas eleições diretas 90 dias depois de aberta a última vaga.
Vacância nos 2 últimos anos: eleição indireta 30 dias depois da última vaga pelo CN.
Em ambos os casos o eleito somente irá completar o mandato.
STF: Não se aplica simetria na dupla vacância para os estados e municípios, que podem regular
seus procedimentos nesse caso. A constituição estadual não pode disciplinar a vocação
sucessória de Prefeito e Vice.

Atribuições:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que
da República: lhes são privativos;
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; XIV - nomear, após aprovação pelo Senado
Federal, os Ministros do STF e dos Tribunais
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado,
Superiores, os Governadores de Territórios, o
a direção superior da administração federal;
Procurador-Geral da República, o presidente e os
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos diretores do banco central e outros servidores,
casos previstos nesta Constituição; quando determinado em lei;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os
bem como expedir decretos e regulamentos para Ministros do TCU; [3 são escolhidos pelo PR, após
sua fiel execução; [poder regulamentar por aprovação do Senado; todos 9 são nomeados pelo
decreto executivo, é infralegal] PR]
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos
VI - dispor, mediante decreto, sobre: [decreto nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
autônomo, ato normativo primário] XVII - nomear membros do Conselho da
a) organização e funcionamento da administração República, nos termos do art. 89, VII; [2 pelo PR
federal, quando não implicar aumento de despesa dentre os 6 cidadãos brasileiros natos com mais de
nem criação ou extinção de órgãos públicos; 35 anos]

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando XVIII - convocar e presidir o Conselho da República
vagos; [intervenção federal, estado de defesa/sítio, e
estabilidade das instituições democráticas; atua
VII - manter relações com Estados estrangeiros e como Chefe de Governo] e o Conselho de Defesa
acreditar seus representantes diplomáticos; Nacional [assuntos sobre soberania nacional e
VIII - celebrar tratados, convenções e atos defesa do estado democrático – Chefe de Estado];
internacionais, sujeitos a referendo do Congresso XIX - declarar guerra, no caso de agressão
Nacional; estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional
IX - decretar o estado de defesa e o estado de ou referendado por ele, quando ocorrida no
sítio; intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas
condições, decretar, total ou parcialmente, a
X - decretar e executar a intervenção federal; mobilização nacional;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao XX - celebrar a paz, autorizado ou com o
Congresso Nacional por ocasião da abertura da referendo do Congresso Nacional;
sessão legislativa, expondo a situação do País e
solicitando as providências que julgar necessárias; XXI - conferir condecorações e distinções
honoríficas;
XII - conceder indulto e comutar penas, com
audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em XXII - permitir, nos casos previstos em lei
lei; complementar, que forças estrangeiras transitem
pelo território nacional ou nele permaneçam
XIII - exercer o comando supremo das Forças temporariamente;
Armadas, nomear os Comandantes da Marinha,
do Exército e da Aeronáutica, promover seus XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano
plurianual, o projeto de lei de diretrizes
orçamentárias e as propostas de orçamento XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
previstos nesta Constituição; Constituição.
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso XXVIII - propor ao Congresso Nacional a
Nacional, dentro de 60 dias após a abertura da decretação do estado de calamidade pública de
sessão legislativa, as contas referentes ao âmbito nacional previsto nos arts. 167-B, 167-C,
exercício anterior; 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição.
XXV – prover [e desprover] e extinguir os cargos Parágrafo único. O Presidente da República
públicos federais, na forma da lei; [pode delegar poderá delegar as atribuições mencionadas nos
extinção de cargos vagos] incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros
de Estado, ao Procurador-Geral da República ou
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei,
ao Advogado-Geral da União, que observarão os
nos termos do art. 62;
limites traçados nas respectivas delegações.

Foro por prerrogativa de função:

Comum à STF
Responsabilidade à Senado

• A Câmara dos Deputados deve autorizar a instauração de processo por quórum de 2/3.
Atenção! Não há necessidade de autorização para INVESTIGAÇÃO (inquérito ou
indiciamento) do Presidente. Essa autorização não pode ser prevista na constituição estadual.

Imunidade: somente a FORMAL (prisão e processo), em razão de ser CHEFE DE ESTADO.

• PRISÃO: Não será preso enquanto não sobrevier sentença criminal condenatória (prisão
pena), ou seja, não pode sofrer prisão provisória, temporária, flagrante, preventiva,
SOMENTE PRISÃO PENA!
• PROCESSO: não será responsabilizado (processado e julgado) durante o mandato por atos
estranhos ao exercício de suas atribuições. SOMENTE POR ATO EM RAZÃO DE SUAS
ATRIBUIÇÕES.

Atenção! Não tem imunidade material (inviolabilidade civil e penal por manifestação de palavra,
votos e opinião).

OBS STF: SUSPENDE-SE a prescrição do processo já em curso, até o fim do mandato.

OBS: essa imunidade não se aplica a prefeitos e governadores, porquanto somente o Presidente
é Chefe de Estado. É inconstitucional disposição em constituição estadual que a estabeleça.
Também é inconstitucional submeter à autorização da Assembléia Legislativa a instauração de
processo contra governador, porquanto essa imunidade é somente do Presidente (a imunidade
também não se aplica ao Vice-Presidente, mas se aplica ao vice e aos ministros de Estado em
crimes conexos ao do PR).

Afastamento do PR por 180 dias: a partir do recebimento da denúncia/queixa pelo STF em crime
comum; e a partir da instauração do processo pelo Senado no crime de responsabilidade.

PROCESSO (Crime de Responsabilidade): SENADO

Crime de responsabilidade do Presidente: atentar contra a CF (o rol do art. 85 é exemplificativo


e remete à Lei 1.079/1950). Competência legislativa privativa da União. A improbidade
administrativa é absorvida como crime de responsabilidade (isso é apenas para o Presidente,
não se aplica aos governadores e prefeitos que podem responder por ambos).

• Qualquer cidadão é parte legítima para acusar o Presidente de crime de responsabilidade,


perante a Câmara dos Deputados (pede o impeachment).

• A Câmara analisa a acusação e autoriza por 2/3 (O presidente da Câmara decide se a Câmara
vai analisar e decidir pelo início do processo de impeachment, com previsão no Regimento
Interno. Concordando o Presidente da Câmara, é iniciado o processo de impeachment e
constituída Comissão que vai analisar a acusação, garantindo o contraditório e a ampla
defesa e autorizando por maioria simples a remessa ao plenário, este sim que votará com
quórum de 2/3 de seus membros. É questão interna corporis). Não cabe habeas corpus em
processo de impeachment, seria o caso de mandado de segurança.

• O Senado decide se vai ou não formalizar o processo , fazendo juízo de admissibilidade


(anteriormente entendia-se que era ato vinculado após autorização da Câmara, atualmente
entende-se que o Senado não está vinculado a essa decisão). Passa pela Comissão no Senado,
com contraditório e ampla defesa, decidindo por maioria simples a remessa ao plenário. O
plenário decide por maioria simples pela instauração do processo. Nesse ponto o
Presidente, réu, é afastado obrigatoriamente por até 180 dias (pelo Congresso Nacional)
independentemente da conclusão do processo.

• JULGAMENTO no Senado (votação por 2/3 dos membros), presidido pelo Presidente do STF
(para garantir o devido processo legal e o sistema de freios e contrapesos).
• Havendo a CONDENAÇÃO, as penas aplicáveis são: perda do mandato com inabilitação por
8 anos (a lei de responsabilidade diz 5 anos, mas vale a CF: 8 anos). Atenção! Não é suspensão
dos direitos políticos, é apenas a inabilitação (inelegibilidade e proibição de ocupar cargo,
emprego ou função pública).

• A decisão do Senado é irrecorrível.

• O vice-presidente também passa por esse processo, bem como os Ministros de Estado
(quando for crime de responsabilidade conexo com o do presidente da república). No caso
do julgamento das demais autoridades o processo não inclui as fases anteriores à chegada no
Senado.

PROCESSO (Crime Comum): STF

Atenção! Aqui entram TODOS os crimes exceto de responsabilidade (ex: crime eleitoral; a Justiça
Eleitoral trata de outras causas eleitorais, como a impugnação ao mandato eletivo, mas o crime
eleitoral é crime comum).

• Queixa (ação penal privada à vítima) ou Denúncia (ação penal pública à PGR), chegando
no STF, este deve remeter à Câmara (ofício solene).

• Câmara não autoriza (fato não é perseguido até o fim do mandato)/ autoriza e envia ao STF.

• STF fará o juízo de admissibilidade, tornando o Presidente réu, momento em que ocorrre o
afastamento por até 180 dias (após esse período retorna ao cargo).

• Instrução.

• Julgamento à CONDENAÇÃO à PENA (nesse momento poderá haver a prisão pena). O


Presidente perde o cargo com o trânsito em julgado da sentença, momento em que se
suspendem os direitos políticos (ativos e passivos), como é a regra geral.

Regramento na CF/88:
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da b) organização administrativa e judiciária, matéria
República as leis que: tributária e orçamentária, serviços públicos e
pessoal da administração dos Territórios;
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças
Armadas; c) servidores públicos da União e Territórios, seu
regime jurídico, provimento de cargos,
II - disponham sobre:
estabilidade e aposentadoria;
a) criação de cargos, funções ou empregos
d) organização do Ministério Público e da
públicos na administração direta e autárquica ou
Defensoria Pública da União, bem como normas
aumento de sua remuneração;
gerais para a organização do Ministério Público e
da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios;
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da a) organização e funcionamento da administração
administração pública, observado o disposto no federal, quando não implicar aumento de despesa
art. 84, VI; nem criação ou extinção de órgãos públicos;
f) militares das Forças Armadas, seu regime b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
jurídico, provimento de cargos, promoções, vagos;
estabilidade, remuneração, reforma e
VII - manter relações com Estados estrangeiros e
transferência para a reserva.
acreditar seus representantes diplomáticos;
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o
VIII - celebrar tratados, convenções e atos
Presidente da República poderá adotar MEDIDAS
internacionais, sujeitos a referendo do Congresso
PROVISÓRIAS, com força de lei, devendo
Nacional;
submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
§ 1º É VEDADA a edição de medidas provisórias
sobre matéria: X - decretar e executar a intervenção federal;
I - relativa a: XI - remeter mensagem e plano de governo ao
Congresso Nacional por ocasião da abertura da
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos,
sessão legislativa, expondo a situação do País e
partidos políticos e direito eleitoral;
solicitando as providências que julgar necessárias;
b) direito penal, processual penal e processual
XII - conceder indulto e comutar penas, com
civil;
audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério lei;
Público, a carreira e a garantia de seus membros;
XIII - exercer o comando supremo das Forças
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do
orçamento e créditos adicionais e suplementares, Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-
ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; [abertura generais e nomeá-los para os cargos que lhes são
de crédito emergencial] privativos;
II - que vise a detenção ou seqüestro de bens, de XIV - nomear, após aprovação pelo Senado
poupança popular ou qualquer outro ativo Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal
financeiro; e dos Tribunais Superiores, os Governadores de
Territórios, o Procurador-Geral da República, o
III - reservada a lei complementar;
presidente e os diretores do banco central e
IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo outros servidores, quando determinado em lei;
Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os
do Presidente da República.
Ministros do Tribunal de Contas da União;
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos
da República:
nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
XVII - nomear membros do Conselho da República,
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, nos termos do art. 89, VII;
a direção superior da administração federal;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos e o Conselho de Defesa Nacional;
casos previstos nesta Constituição;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional
bem como expedir decretos e regulamentos para ou referendado por ele, quando ocorrida no
sua fiel execução; intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; condições, decretar, total ou parcialmente, a
mobilização nacional;
VI - dispor, mediante decreto, sobre:
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo III - o exercício dos direitos políticos, individuais e
do Congresso Nacional; sociais;
XXI - conferir condecorações e distinções IV - a segurança interna do País;
honoríficas;
V - a probidade na administração; [não responde
XXII - permitir, nos casos previstos em lei por improbidade administrativa pela previsão
complementar, que forças estrangeiras transitem aqui que a absorve]
pelo território nacional ou nele permaneçam
VI - a lei orçamentária;
temporariamente;
VII - o cumprimento das leis e das decisões
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano
judiciais.
plurianual, o projeto de lei de diretrizes
orçamentárias e as propostas de orçamento Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em
previstos nesta Constituição; lei especial, que estabelecerá as normas de
processo e julgamento. (RESERVA LEGAL)
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso
Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente
da sessão legislativa, as contas referentes ao da República, por dois terços da Câmara dos
exercício anterior; Deputados, será ele submetido a julgamento
perante o STF, nas infrações penais comuns, ou
XXV - prover e extinguir os cargos públicos
perante o Senado Federal, nos crimes de
federais, na forma da lei;
responsabilidade.
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei,
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
nos termos do art. 62;
I - nas infrações penais comuns, se recebida a
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal
Constituição.
Federal;
XXVIII - propor ao Congresso Nacional a
II - nos crimes de responsabilidade, após a
decretação do estado de calamidade pública de
instauração do processo pelo Senado Federal.
âmbito nacional previsto nos arts. 167-B, 167-C,
167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição. § 2º Se, decorrido o prazo de 180 dias, o
julgamento não estiver concluído, cessará o
Parágrafo único. O Presidente da República poderá
afastamento do Presidente, sem prejuízo do
delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,
regular prosseguimento do processo.
XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado,
ao Procurador-Geral da República ou ao § 3º Enquanto não sobrevier sentença
Advogado-Geral da União, que observarão os condenatória, nas infrações comuns, o Presidente
limites traçados nas respectivas delegações. da República não estará sujeito a prisão.
Crimes de Responsabilidade do Presidente § 4º O Presidente da República, na vigência de seu
mandato, não pode ser responsabilizado por atos
Art. 85. São CRIMES DE RESPONSABILIDADE os
estranhos ao exercício de suas funções.
atos do Presidente da República que atentem
contra a Constituição Federal e, especialmente, (NÃO tem imunidade, mas tem foro de
contra: (EXEMPLIFICATIVO) prerrogativa de função: Governadores – STJ nos
comuns e Órgão Especial para os de
I - a existência da União;
responsabilidade – e Prefeitos – TJ/TRF/TRE nos
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder comuns e Câmara de Vereadores nos de
Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes responsabilidade)
constitucionais das unidades da Federação;
10.1.2. MINISTROS DE ESTADO

sobre a matéria, embora não seja requisito


Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos
indispensável de validade de decreto]
dentre brasileiros maiores de 21 anos e no
exercício dos direitos políticos. [Atenção! II - expedir instruções para a execução das leis,
Somente o Ministro da Defesa deve ser brasileiro decretos e regulamentos;
nato]
III - apresentar ao Presidente da República
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, relatório anual de sua gestão no Ministério;
além de outras atribuições estabelecidas nesta
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que
Constituição e na lei: [rol exemplificativo]
lhe forem outorgadas ou delegadas pelo
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão Presidente da República.
dos órgãos e entidades da administração federal
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de
na área de sua competência e referendar os atos
Ministérios e órgãos da administração pública.
e decretos assinados pelo Presidente da
[pode ser Medida Provisória]
República; [por terem o conhecimento técnico

• Os Ministros de Estado apenas auxiliam o Presidente da República, que os nomeia e exonera


livremente.
• O rol de suas atribuições na CF é EXEMPLIFICATIVO.
• Em tese têm o conhecimento técnico dos assuntos e referendam os atos para serem
responsabilizados junto com o Presidente da República, sem o que o ato é inconstitucional.
• Foro por prerrogativa de função: STF para comum e de responsabilidade (EXCETO nos de
responsabilidade conexos com o do Presidente, caso em que irá para o Senado e seguirá o
procedimento respectivo).
• Habeas Corpus: como paciente do STF; como autoridade coatora do STJ.
• Mandado de Segurança e Habeas Data: STJ.

10.1.3. CONSELHO DA REPÚBLICA

Art. 89. O Conselho da República é órgão superior todos com mandato de 3 anos, vedada a
de consulta do Presidente da República, e dele recondução. [CARGO HONORÍFICO, não
participam: remunerado]
I - o Vice-Presidente da República; Art. 90. Compete ao Conselho da República
pronunciar-se sobre:
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
I - intervenção federal, estado de defesa e estado
III - o Presidente do Senado Federal;
de sítio;
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara
II - as questões relevantes para a estabilidade das
dos Deputados;
instituições democráticas.
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado
§ 1º O Presidente da República poderá convocar
Federal;
Ministro de Estado para participar da reunião do
VI - o Ministro da Justiça; Conselho, quando constar da pauta questão
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de relacionada com o respectivo Ministério.
35 anos de idade, sendo 2 nomeados pelo § 2º A lei regulará a organização e o
Presidente da República, 2 eleitos pelo Senado funcionamento do Conselho da República.
Federal e 2 eleitos pela Câmara dos Deputados,
• Órgão meramente opinativo, que não vincula o Presidente.

• O Presidente CONVOCA e PRESIDE o órgão, porém não o integra.

• MEMBROS:

» Vice-presidente;
» Presidente da Câmara;
» Presidente do Senado;
» Líderes da maioria e da minoria na Câmara;
» Líderes da maioria e da minoria no Senado;
» Ministro da Justiça;
» 6 cidadãos brasileiros natos, com mais de 35 anos (2 nomeados pelo Presidente; 2
eleitos pelo Senado; e 2 eleitos pela Câmara), com mandato de 3 anos, vedada a
recondução.

10.1.4. CONSELHO DE DEFESA NACIONAL

Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de § 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
consulta do Presidente da República nos assuntos
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e
relacionados com a soberania nacional e a defesa
de celebração da paz, nos termos desta
do Estado democrático, e dele participam como
Constituição;
membros natos: [membro nato é aquele que não
tem mandato, pois o cargo determina sua II - opinar sobre a decretação do estado de defesa,
participação no Conselho] do estado de sítio e da intervenção federal;
I - o Vice-Presidente da República; III - propor os critérios e condições de utilização de
áreas indispensáveis à segurança do território
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
nacional e opinar sobre seu efetivo uso,
III - o Presidente do Senado Federal; especialmente na faixa de fronteira e nas
relacionadas com a preservação e a exploração
IV - o Ministro da Justiça;
dos recursos naturais de qualquer tipo;
V - o Ministro de Estado da Defesa;
IV - estudar, propor e acompanhar o
VI - o Ministro das Relações Exteriores; desenvolvimento de iniciativas necessárias a
VII - o Ministro do Planejamento. garantir a independência nacional e a defesa do
Estado democrático.
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica. § 2º A lei regulará a organização e o
funcionamento do Conselho de Defesa Nacional.

• MEMBROS (natos):

» Vice-presidente;
» Presidente da Câmara;
» Presidente do Senado;
» Ministro da Justiça;
» Ministro de Estado da Defesa;
» Ministro das Relações Exteriores;
» Ministro do Planejamento;
» Comandantes M/E/A.

CONSELHO DA REPÚBLICA CONSELHO DE DEFESA NACIONAL


Intervenção federal, estado de defesa/sítio
Intervenção federal, estado de defesa/sítio
Soberania nacional e defesa do Estado
Estabilidade das instituições democráticas
Democrático
Integrantes:
• Vice-Presidente; Integrantes:
• Presidente da Câmara; • Vice-Presidente;
• Presidente do Senado; • Presidente da Câmara;
• Ministro da Justiça; • Presidente do Senado;
• Líderes da maioria e minoria da Câmara • Ministro da Justiça;
e do Senado; • Ministro de Estado da Defesa;
• 6 cidadãos (brasileiros natos, 35 anos; 2 • Ministro das Relações Exteriores;
pelo PR, 2 eleitos por cada casa com • Ministro do Planejamento;
mandato de 3 anos, vedada • Comandantes da Marinha, Exército e
recondução). Aeronáutica.

10.2. DO PODER LEGISLATIVO: do processo legislativo. Da fiscalização contábil, financeira e


orçamentária.

LEGISLATIVO (âmbito federal)


CONGRESSO NACIONAL CÂMARA (povo) SENADO (estados e DF)
Total: 513 (definido em LC) Total: 81 (por disposição da CF
Membros
Proporcional (min. 8, máx. 70) de 3 por Estado e DF)
Mandato 4 anos (idade min. 21 anos) 8 anos (idade min. 35 anos)
1/3 e 2/3 alternadamente a
Renovação 100% a cada 4 anos
cada 4 anos
Eleição proporcional majoritária
Suplente próximo mais votado 2 suplentes (eleitos junto)
OBS mandato é do partido mandato é da pessoa

Atenção! O TSE não pode calcular por resolução a proporcionalidade dos deputados, ainda que
assim delegado por LC, delegação que é inconstitucional. O Legislativo deixou de refazer os
cálculos para ajustar a proporcionalidade.

OBS: Território elege 4 deputados, porém nenhum senador.

Regramento na CF/88:

Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração
Congresso Nacional, que se compõe da Câmara de 4 anos.
dos Deputados e do Senado Federal.
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de Art. 46. O Senado Federal compõe-se de
representantes do povo, eleitos, pelo sistema representantes dos Estados e do Distrito Federal,
proporcional, em cada Estado, em cada Território eleitos segundo o princípio majoritário.
e no Distrito Federal.
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão 3
§ 1º O número total de Deputados, bem como a Senadores, com mandato de 8 anos.
representação por Estado e pelo Distrito Federal,
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito
será estabelecido por lei complementar,
Federal será renovada de 4 em 4 anos,
proporcionalmente à população, procedendo-se
alternadamente, por um e dois terços.
aos ajustes necessários, no ano anterior às
eleições, para que nenhuma daquelas unidades da § 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.
Federação tenha menos de 8 ou mais de 70 Art. 47. Salvo disposição constitucional em
Deputados. contrário, as deliberações de cada Casa e de suas
§ 2º Cada Território elegerá 4 Deputados. Comissões serão tomadas por maioria dos votos,
presente a maioria absoluta de seus membros.

10.2.1. PODER LEGISLATIVO FEDERAL

Bicameralismo (federal): Câmara dos Deputados (representantes do povo) + Senado Federal


(representantes dos Estados e DF) = Congresso Nacional.

DAS REUNIÕES

Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, primeiro ano da legislatura, para a posse de seus
anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro membros e eleição das respectivas Mesas, para
a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. mandato de 2 anos, vedada a recondução para o
[sessão legislativa com dois períodos legislativos] mesmo cargo na eleição imediatamente
subseqüente.
§ 1º As reuniões marcadas para essas datas serão
transferidas para o primeiro dia útil subseqüente, § 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida
quando recaírem em sábados, domingos ou pelo Presidente do Senado Federal, e os demais
feriados. cargos serão exercidos, alternadamente, pelos
ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos
§ 2º A sessão legislativa não será interrompida
Deputados e no Senado Federal.
sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes
orçamentárias. § 6º A convocação extraordinária do Congresso
Nacional far-se-á:
§ 3º Além de outros casos previstos nesta
Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de
Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para: decretação de estado de defesa ou de
intervenção federal, de pedido de autorização
I - inaugurar a sessão legislativa;
para a decretação de estado de sítio e para o
II - elaborar o regimento comum e regular a compromisso e a posse do Presidente e do Vice-
criação de serviços comuns às duas Casas; Presidente da República;
III - receber o compromisso do Presidente e do II - pelo Presidente da República, pelos
Vice-Presidente da República; Presidentes da Câmara dos Deputados e do
IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar. Senado Federal ou a requerimento da maioria dos
membros de ambas as Casas, em caso de urgência
§ 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões ou interesse público relevante, em todas as
preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no hipóteses deste inciso com a aprovação da
maioria absoluta de cada uma das Casas do pagamento de parcela indenizatória, em razão da
Congresso Nacional. convocação.
§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o § 8º Havendo medidas provisórias em vigor na
Congresso Nacional somente deliberará sobre a data de convocação extraordinária do Congresso
matéria para a qual foi convocado, ressalvada a Nacional, serão elas automaticamente incluídas
hipótese do § 8º deste artigo, vedado o na pauta da convocação.

Sessão ordinária: art. 57, CF, O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal,
de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. OBS: fora deste período,
haverá convocação extraordinária; durante o recesso mantém-se Comissão representativa do
CN; a sessão não se interrompe antes que seja aprovado o PL de diretrizes orçamentárias.

Sessão extraordinária: art. 57, §6º, A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á
pelo Presidente do Senado (estado de defesa, intervenção federal, estado de sítio e
compromisso/posse do Presidente e Vice) ou: Presidente da República; Presidentes da Câmara e
do Senado juntos; requerimento da maioria dos membros de ambas as casas (para urgência ou
interesse público relevante, com aprovação da maioria absoluta de casa Casa do CN).

Sessão conjunta: em regra o Congresso Nacional atua por meio da manifestação das casas em
separado (bicameralismo igual), porém a CF prevê situações em que ocorrerá sessão conjunta
(se reúnem simultaneamente, porém deliberam separadamente), são elas:
» Inaugurar sessão legislativa;
» Elaborar regimento comum e regular serviços comuns;
» Receber compromisso do Presidente e do Vice;
» Conhecer do veto e sobre ele deliberar;
» Discussão e votação da lei orçamentária;
» Delegar poderes para legislar ao Presidente da República (resolução do CN).

OBS: sessão conjunta não é sessão unicameral, esta ocorreu apenas uma vez para aprovação
simplificada de revisão da CF, onde o CN deliberou como se fosse uma só Casa.

Sessão preparatória: art. 57, §4º, Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a
partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição
das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo
na eleição imediatamente subseqüente (exceto em se tratando de legislatura diferente).

Competências do Congresso Nacional (com sanção do Presidente da República - lei):

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a I - sistema tributário, arrecadação e distribuição
sanção do Presidente da República, não exigida de rendas;
esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52,
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias,
DISPOR sobre todas as matérias de competência
orçamento anual, operações de crédito, dívida
da União, especialmente sobre:
pública e emissões de curso forçado;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças VIII - concessão de anistia;
Armadas;
IX - organização administrativa, judiciária, do
IV - planos e programas nacionais, regionais e Ministério Público e da Defensoria Pública da
setoriais de desenvolvimento; União e dos Territórios e organização judiciária e
do Ministério Público do Distrito Federal;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e
marítimo e bens do domínio da União; X - criação, transformação e extinção de cargos,
empregos e funções públicas, observado o que
VI - incorporação, subdivisão ou
estabelece o art. 84, VI, b ;
desmembramento de áreas de Territórios ou
Estados, ouvidas as respectivas Assembléias XV - fixação do subsídio dos Ministros do
Legislativas; Supremo Tribunal Federal, observado o que
dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, §
VII - transferência temporária da sede do Governo
2º, I.
Federal;

Competência Exclusiva do Congresso – Decreto Legislativo (NÃO depende de sanção


presidencial):

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso IX - JULGAR anualmente as contas prestadas pelo
Nacional: Presidente da República e apreciar os relatórios
sobre a execução dos planos de governo;
I - resolver definitivamente sobre tratados,
acordos ou atos internacionais que acarretem X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por
encargos ou compromissos gravosos ao qualquer de suas Casas, os atos do Poder
patrimônio nacional; Executivo, incluídos os da administração indireta;
II - autorizar o Presidente da República a declarar XI - zelar pela preservação de sua competência
guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças legislativa em face da atribuição normativa dos
estrangeiras transitem pelo território nacional ou outros Poderes;
nele permaneçam temporariamente, ressalvados
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de
os casos previstos em lei complementar;
concessão de emissoras de rádio e televisão;
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da
XIII - escolher dois terços dos membros do
República a se ausentarem do País, quando a
Tribunal de Contas da União;
ausência exceder a quinze dias;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção
referentes a atividades nucleares;
federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender
qualquer uma dessas medidas; XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração
que exorbitem do poder regulamentar ou dos e o aproveitamento de recursos hídricos e a
limites de delegação legislativa; pesquisa e lavra de riquezas minerais;
VI - mudar temporariamente sua sede; XVII - aprovar, previamente, a alienação ou
concessão de terras públicas com área superior a
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados
dois mil e quinhentos hectares.
Federais e os Senadores, observado o que
dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e XVIII - decretar o estado de calamidade pública de
153, § 2º, I; âmbito nacional previsto nos arts. 167-B, 167-C,
167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição.
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-
Presidente da República e dos Ministros de Outras disposições
Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado
39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão
convocar Ministro de Estado ou quaisquer para expor assunto de relevância de seu
titulares de órgãos diretamente subordinados à Ministério.
Presidência da República para prestarem,
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do
pessoalmente, informações sobre assunto
Senado Federal poderão encaminhar pedidos
previamente determinado, importando crime de
escritos de informações a Ministros de Estado ou
responsabilidade a ausência sem justificação
a qualquer das pessoas referidas no caput deste
adequada.
artigo, importando em crime de responsabilidade
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer a recusa, ou o não - atendimento, no prazo de 30
ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a dias, bem como a prestação de informações
qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e falsas.
mediante entendimentos com a Mesa respectiva,

CÂMARA DOS DEPUTADOS

• Composição: representantes do povo em número proporcional à população do


estado/DF (mínimo 8, máximo 70); territórios: 4.
• Mandato: 4 anos.
• Eleição: princípio proporcional.
• Subsídio: igualado ao dos Ministros do STF.
• Requisitos: brasileiro nato/naturalizado; maior de 21 anos; pleno exercício dos dir.pol.;
alistamento eleitoral; domicílio eleitoral na circunscrição; filiação partidária.

Competências privativas da Câmara dos Deputados – Resoluções (NÃO depende de sanção


presidencial):

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos III - elaborar seu regimento interno;
Deputados:
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento,
I - AUTORIZAR, por 2/3 de seus membros, a polícia, criação, transformação ou extinção dos
instauração de processo contra o Presidente e o cargos, empregos e funções de seus serviços, e a
Vice-Presidente da República e os Ministros de iniciativa de lei para fixação da respectiva
Estado; [juízo de admissibilidade; com relação aos remuneração, observados os parâmetros
Min de Estado: somente nos crimes conexos com estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
o do Presidente.] [somente iniciativa, que não é por resolução,
devendo ser aprovada nas duas Casas e ir à sanção
II - proceder à tomada de contas do Presidente da
do Presidente da República]
República, quando não apresentadas ao
Congresso Nacional dentro de sessenta dias após V - eleger membros do Conselho da República,
a abertura da sessão legislativa; nos termos do art. 89, VII.

SENADO FEDERAL

• Composição: representantes dos estados/DF, sendo 3 por ente (cada um com 2


suplentes).
• Mandato: 8 anos (2 legislaturas), com renovação a cada 4 anos em 1/3 e 2/3.
• Eleição: princípio majoritário.
• Subsídio: igualado ao dos Ministros do STF.
• Requisitos: brasileiro nato/naturalizado; maior de 35 anos; pleno exercício dos dir.pol.;
alistamento eleitoral; domicílio eleitoral na circunscrição; filiação partidária.
Competências privativas do Senado Federal – Resoluções (NÃO depende de sanção
presidencial):

Art. 52. Compete PRIVATIVAMENTE ao Senado Municípios, de suas autarquias e demais entidades
Federal: controladas pelo Poder Público federal;
I - PROCESSAR E JULGAR o Presidente e o Vice- VIII - dispor sobre limites e condições para a
Presidente da República nos crimes de concessão de garantia da União em operações de
responsabilidade, bem como os Ministros de crédito externo e interno;
Estado e os Comandantes da Marinha, do
IX - estabelecer limites globais e condições para o
Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma
montante da dívida mobiliária dos Estados, do
natureza conexos com aqueles;
Distrito Federal e dos Municípios;
II - PROCESSAR E JULGAR os Ministros do
X - suspender a execução, no todo ou em parte,
Supremo Tribunal Federal, os membros do
de lei declarada inconstitucional por decisão
Conselho Nacional de Justiça e do Conselho
definitiva do Supremo Tribunal Federal;
Nacional do Ministério Público, o Procurador-
Geral da República e o Advogado-Geral da União XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto
nos crimes de responsabilidade; secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-
Geral da República antes do término de seu
III - aprovar previamente, por voto secreto, após
mandato;
argüição pública, a escolha de:
XII - elaborar seu regimento interno;
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta
Constituição; XIII - dispor sobre sua organização,
funcionamento, polícia, criação, transformação ou
b) Ministros do Tribunal de Contas da União
extinção dos cargos, empregos e funções de seus
indicados pelo Presidente da República;
serviços, e a iniciativa de lei para fixação da
c) Governador de Território; respectiva remuneração, observados os
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
d) Presidente e diretores do banco central;
orçamentárias;
e) Procurador-Geral da República;
XIV - eleger membros do Conselho da República,
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; nos termos do art. 89, VII.
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do
argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e
de missão diplomática de caráter permanente; seus componentes, e o desempenho das
V - autorizar operações externas de natureza administrações tributárias da União, dos Estados e
financeira, de interesse da União, dos Estados, do do Distrito Federal e dos Municípios.
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, e II, funcionará como Presidente o do Supremo
limites globais para o montante da dívida Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que
consolidada da União, dos Estados, do Distrito somente será proferida por 2/3 dos votos do
Federal e dos Municípios; Senado Federal, à perda do cargo, com
inabilitação, por 8 anos, para o exercício de
VII - dispor sobre limites globais e condições para função pública, sem prejuízo das demais sanções
as operações de crédito externo e interno da judiciais cabíveis.
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
SENADO FEDERAL CÂMARA DOS DEPUTADOS
Composição Representantes dos Estados/DF Representantes do povo
Eleição Sistema majoritário Sistema proporcional
3 senadores por estado/DF, cada
Número de parlamentares Entre 8 e 70 (territórios: 4)
qual com 2 suplentes
Mandato 8 anos = 2 legislaturas 4 anos = 1 legislatura
Renovação A cada 4 anos, por 1/3 e 2/3 A cada 4 anos
Idade mínima 35 anos 21 anos

Dispositivo Competência/Assunto Votação


Senado Federal: aprovar previamente, após arguição
pública, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos pela CF;
b) Ministros do TCU indicados pelo PR;
Art. 52, III SECRETA
c) Governador de território;
d) Presidente e diretores do Banco Central;
e) Procurador-Geral da República;
f) Titulares de outros cargos, por determinação legal.
Senado Federal: aprovar previamente, após arguição em
Art. 52, IV sessão SECRETA, a escolha dos chefes de missão SECRETA
diplomática de caráter permanente.
Senado Federal: aprovar, por maioria absoluta, a
Art. 52, XI exoneração, de ofício do PGR antes do término de seu SECRETA
mandato
Casa legislativa (CD ou SF): resolver sobre a prisão em
Art. 53, §2º OSTENSIVA
flagrante de crime inafiançável de membros do CN.
Casa legislativa (CD ou SF): sustar o andamento de ação
Art. 53, §3º OSTENSIVA
penal contra parlamentar.
Casa legislativa (CD ou SF): decidir sobre perda de
mandato, por maioria absoluta, mediante provocação da
Art. 55, §2º OSTENSIVA
respectiva Mesa ou de partido político representado no CN,
assegurada a ampla defesa.
Sessão conjunta da CD e do SF: apreciação sobre o veto
Art. 66, §4º OSTENSIVA
presidencial aposto a projeto de lei.

COMISSÕES PARLAMENTARES

Órgãos de natureza técnica para facilitar os trabalhos da Casa, criadas na forma do respectivo
regimento interno, assegurada a representação proporcional dos partidos ou blocos
parlamentares.

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão representação proporcional dos partidos ou dos
comissões permanentes e temporárias, blocos parlamentares que participam da
constituídas na forma e com as atribuições respectiva Casa.
previstas no respectivo regimento ou no ato de
§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua
que resultar sua criação.
competência, cabe:
§ 1º Na constituição das Mesas e de cada
I – discutir e votar projeto de lei que dispensar, na
Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a
forma do regimento, a competência do Plenário,
salvo se houver recurso de um décimo dos § 3º As comissões parlamentares de inquérito,
membros da Casa; [procedimento legislativo que terão poderes de investigação próprios das
abreviado] autoridades judiciais, além de outros previstos
nos regimentos das respectivas Casas, serão
II – realizar audiências públicas com entidades da
criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado
sociedade civil;
Federal, em conjunto ou separadamente,
III – convocar Ministros de Estado para prestar mediante requerimento de 1/3 de seus membros,
informações sobre assuntos inerentes a suas para a apuração de fato determinado e por prazo
atribuições; certo, sendo suas conclusões, se for o caso,
IV – receber petições, reclamações, encaminhadas ao Ministério Público, para que
representações ou queixas de qualquer pessoa promova a responsabilidade civil ou criminal dos
contra atos ou omissões das autoridades ou infratores. [inquérito legislativo]
entidades públicas; § 4º Durante o recesso, haverá uma Comissão
V – solicitar depoimento de qualquer autoridade representativa do Congresso Nacional, eleita por
ou cidadão; suas Casas na última sessão ordinária do período
legislativo, com atribuições definidas no
VI – apreciar programas de obras, planos regimento comum, cuja composição reproduzirá,
nacionais, regionais e setoriais de quanto possível, a proporcionalidade da
desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. representação partidária.

Comissão Parlamentar de Inquérito:

Requisitos constitucionais para criação:


• Requerimento de 1/3 dos membros da Casa (existe direito público subjetivo de as
minorias parlamentares verem instaurado o IP, por isso a criação não pode estar sujeita
à deliberação do Plenário).
• Indicação de fato determinado a ser investigado (não impede apuração de mais de um
fato nem de fatos conexos ao principal ou inicialmente desconhecidos que surgirem na
investigação). Atenção! A CPI de um ente não pode investigar fato referente aos demais
devido ao pacto federativo.
• Fixação de prazo certo (não obsta prorrogações sucessivas dentro da legislatura).

Poderes das CPIs:


® Convocar particulares e autoridades públicas para depor.
Na qualidade de testemunhas ou indiciados, desde que necessário à investigação.
Os membros do Judiciário não estão obrigados a se apresentar com o intuito de prestar
depoimento sobre sua função jurisdicional (violação à separação dos poderes).
As testemunhas podem sofrer condução coercitiva, os investigados não.
® Realização de perícias e exames necessários à dilação probatória.
Requisição de documentos e todos os meios de proa legalmente admitidos (exames
grafotécnicos, análises contábeis, coleta de provas, acareações e auditorias)
® Determinar quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico do investigado.
Não há cláusula de reserva de jurisdição, porém torna a CPI depositária do segredo.
CPIs estaduais também podem, porém as municipais não.

Vedações à CPI:
a) Decretar prisão, exceto em flagrante delito.
b) Determinar aplicação de medidas cautelares (indisponibilidade de bens, arresto,
sequestro, hipoteca judiciária ou proibição de se ausentar da comarca ou do país).
c) Proibir ou restringir a assistência judiciária aos investigados.
d) Determinar anulação de atos do Executivo.
e) Determinar quebra do sigilo judicial.
f) Determinar interceptação telefônica (reserva de jurisdição).
g) Determinar busca e apreensão domiciliar de documentos (inviolabilidade do domicílio,
somente com ordem judicial).
h) Apreciar atos de natureza jurisdicional.
i) Convocar o chefe do Executivo (somente pode os Ministros de Estado ou titulares de
órgãos diretamente subordinados à Presidência, sob pena de crime de
responsabilidade).

IMUNIDADES PARLAMENTARES

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, § 6º Os Deputados e Senadores não serão
civil e penalmente, por quaisquer de suas obrigados a testemunhar sobre informações
opiniões, palavras e votos. recebidas ou prestadas em razão do exercício do
mandato, nem sobre as pessoas que lhes
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a
confiaram ou deles receberam informações.
expedição do diploma, serão submetidos a
julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. § 7º A incorporação às Forças Armadas de
Deputados e Senadores, embora militares e ainda
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros
que em tempo de guerra, dependerá de prévia
do Congresso Nacional não poderão ser presos,
licença da Casa respectiva.
salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse
caso, os autos serão remetidos dentro 24 horas à § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores
Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de subsistirão durante o estado de sítio, só podendo
seus membros [absoluta], resolva sobre a prisão. ser suspensas mediante o voto de 2/3 dos
membros da Casa respectiva, nos casos de atos
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou
praticados fora do recinto do Congresso Nacional,
Deputado, por crime ocorrido após a diplomação,
que sejam incompatíveis com a execução da
o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa
medida.
respectiva, que, por iniciativa de partido político
nela representado e pelo voto da maioria de seus Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:
membros, poderá, até a decisão final, sustar o [incompatibilidades]
andamento da ação.
I - desde a expedição do diploma:
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica
Casa respectiva no prazo improrrogável de 45 dias
de direito público, autarquia, empresa pública,
do seu recebimento pela Mesa Diretora.
sociedade de economia mista ou empresa
§ 5º A sustação do processo suspende a concessionária de serviço público, salvo quando o
prescrição, enquanto durar o mandato. contrato obedecer a cláusulas uniformes;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego § 2º Nos casos dos incisos I, II e VI,
remunerado, inclusive os de que sejam [incompatibilidades, decoro e condenação
demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes criminal transitada] a perda do mandato será
da alínea anterior; decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo
Senado Federal, por maioria absoluta, mediante
II - desde a posse:
provocação da respectiva Mesa ou de partido
a) ser proprietários, controladores ou diretores político representado no Congresso Nacional,
de empresa que goze de favor decorrente de assegurada ampla defesa.
contrato com pessoa jurídica de direito público, ou
§ 3º Nos casos previstos nos incisos III a V [deixar
nela exercer função remunerada;
de comparecer à 1/3 das sessões, direitos políticos
b) ocupar cargo ou função de que sejam e decretado pela J. eleitoral] , a perda será
demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício
no inciso I, "a"; ou mediante provocação de qualquer de seus
c) patrocinar causa em que seja interessada membros, ou de partido político representado no
qualquer das entidades a que se refere o inciso I, Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
"a"; § 4º A renúncia de parlamentar submetido a
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato processo que vise ou possa levar à perda do
público eletivo. mandato, nos termos deste artigo, terá seus
efeitos suspensos até as deliberações finais de
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou que tratam os §§ 2º e 3º.
Senador:
Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou
I - que infringir qualquer das proibições Senador:
estabelecidas no artigo anterior;
I - investido no cargo de Ministro de Estado,
II - cujo procedimento for declarado incompatível Governador de Território, Secretário de Estado, do
com o decoro parlamentar; Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de
III - que deixar de comparecer, em cada sessão Capital ou chefe de missão diplomática
legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da temporária; [poderá optar pela remuneração do
Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por mandato]
esta autorizada; II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos doença, ou para tratar, sem remuneração, de
políticos; interesse particular, desde que, neste caso, o
afastamento não ultrapasse 120 dias por sessão
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos legislativa.
previstos nesta Constituição;
§ 1º O suplente será convocado nos casos de vaga,
VI - que sofrer condenação criminal em sentença de investidura em funções previstas neste artigo
transitada em julgado. ou de licença superior a 120 dias.
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, § 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-
além dos casos definidos no regimento interno, o se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de
abuso das prerrogativas asseguradas a membro 15 meses para o término do mandato.
do Congresso Nacional ou a percepção de
vantagens indevidas. § 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou
Senador poderá optar pela remuneração do
mandato.

Imunidade material: substancial ou de conteúdo.


® Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões,
palavras e votos (STF: administrativo e político também).
® Deve haver conexão entre a manifestação oral e o exercício da função.
® No recinto: presunção absoluta dessa conexão.
® Fora do CN: deve ser verificado o vínculo com a atividade de representação política.
® Eficácia temporal permanente (persiste mesmo após o término do mandato).
® Termo inicial: data da posse.

Imunidade formal: processual ou de rito.


® Impossibilidade de ser preso ou permanecer preso (desde a expedição do diploma), salvo
flagrante delito de crime inafiançável e sentença transitada em julgado. Refere-se somente
às prisões cautelares (flagrante, temporária e preventiva).
Em caso de prisão em flagrante de crime inafiançável, os autos são remetidos à Casa em 24h,
que decidirá por voto aberto (maioria absoluta) sobre a prisão.
® Possibilidade de sustação do andamento de ação penal.
Recebida a denúncia/queixa (crime após a diplomação) o STF dá ciência à Casa.
Pedido feito por partido político com representação na respectiva Casa, a qualquer tempo
(até decisão final do STF). A Casa tem 45 dias para apreciar.
A sustação suspende a ação e a prescrição enquanto durar o mandato.
Limitada no tempo (termo final do mandato equivale ao início da próxima legislatura).

Prerrogativa de foro: parlamentares são processados e julgados criminalmente perante o STF.


® STF modificou a interpretação constitucional (mutação) para que a prerrogativa somente se
aplique aos crimes praticados durante o exercício do cargo e que tenham relação com a
função.
® Abrange apenas crime comum, pois os deputados e senadores não cometem crime de
responsabilidade.
® Abertura de inquérito depende de autorização prévia do STF (supervisão judicial do inquérito
conduzido pela PF ou pela PGR).
® STF: a renúncia não desloca a competência (encerrada a instrução não há mais modificação
de competência).
® STF: corréus sem foro privilegiado, desmembramento do processo (regra geral, porém a
competência poderá atrair sem violação ao juiz natural, ampla defesa e devido processo
legal). O não desmembramento é para quando há risco de prejuízo à prestação jurisdicional.

Outras prerrogativas:
• Isenção do dever de testemunhar (informações recebidas ou prestadas em razão do
exercício do mandato);
• Necessidade de prévia licença para incorporação às Forças Armadas; e
• Imunidade parlamentar durante o estado de sítio (suspensa somente mediante voto de
2/3 dos membros da Casa respectiva, somente em relação aos atos praticados fora do
recinto e incompatíveis com a execução da medida).

Incompatibilidades dos parlamentares:

a) Desde a expedição do diploma:


Firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa
pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo
quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;
Aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam
demissíveis ad nutum, em pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública,
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público.

b) Desde a posse:
Ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de
contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;
Ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ad nutum, em pessoa jurídica de direito
público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa
concessionária de serviço público;
Patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades acima citadas;
Ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

PERDA DO MANDATO

• Deliberação prévia da Casa Legislativa (perda não é automática) por maioria absoluta:
a) Incorrer em incompatibilidade;
b) Falta de decoro (inclusive abuso das prerrogativas e percepção de vantagens
indevidas);
c) Condenação criminal transitada em julgado.
Entedimentos divergentes do STF:
1. Mais de 120 dias em regime fechado é perda automática por não comparecer a
1/3 das sessões; regime aberto ou semiaberto, será submetida a deliberação da
Casa;
2. Perda do mandato sempre dependerá de deliberação da Casa).
• Declaração pela mesa (de ofício ou por provocação):
a) Deixar de comparecer a 1/3 das sessões ordinárias da casa;
b) Perda ou suspensão de direitos políticos.
c) Declaração da Justiça Eleitoral de perda do mandato.
STF: afastamento para ocupar cargo no Executivo gera suspensão de imunidades parlamentares
(material e formal) e estará sujeito a procedimento disciplinar por quebra de decoro
parlamentar. NÃO ENTENDI

Imunidades dos Deputados Estaduais, Distritais e Vereadores:

• Deputados: imunidade formal e material.


• Vereadores: somente imunidade material na circunscrição do município.

10.2.2. PODER LEGISLATIVO ESTADUAL

Unicameralismo: Assembléia Legislativa (deputados estaduais).


• Composição: triplo dos deputados na câmara até 12; acima de 12: triplo + 1 por cada
deputado federal.
• Mandato: 4 anos.
• Remuneração: lei da Assembleia Legislativa, até 75% do subsídio dos Dep. Federais.

10.2.3. PODER LEGISLATIVO MUNICIPAL

Unicameralismo: Câmara Municipal (vereadores).


• Composição: proporcional aos habitantes, nos limites da CF, definido em L.O.
• Mandato: 4 anos.
• Remuneração: lei da Câmara dos Vereadores, até 75% do subsídio dos Dep. Estaduais
(nenhum subsídio será superior ao do Prefeito)

O município define o número de vereadores em sua Lei Orgânica, observados os parâmetros:

Quantidade MÁXIMA de vereadores: 9 a 55 vereadores (aumenta de dois em dois)


a) 9 até 15 mil habitantes;
b) 11 até 30 mil;
c) 13 até 50 mil;
d) 15 até 80 mil;
e) 17 até 120 mil;
f) ...
x) 55 mais de 8 milhões.

OBS: Não há limite MÍNIMO de vereadores!

PROCESSO LEGISLATIVO CONSTITUCIONAL

É função típica do Poder Legislativo, por meio da qual são produzidos os atos normativos
primários (seu fundamento de validade vem diretamente da CF).

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:


I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação
das leis.
OBS: existem espécies normativas primárias que estão fora do processo legislativo (decretos
autônomos e regimentos dos tribunais); existem também atos normativos secundários, que
estão excluídos do processo legislativo (ex. decretos regulamentares).

Controle judicial preventivo de constitucionalidade:

O controle de constitucionalidade pode ser repressivo (norma pronta e acabada) ou preventivo


(norma que não entrou em vigor). O vício em processo legislativo constitucional é INSANÁVEL
(inconstitucionalidade formal), que não se convalida com a sanção presidencial em nenhuma
hipótese.

Durante o processo legislativo, o controle preventivo poderá ser feito via mandado de segurança,
de competência originária do STF, tendo legitimação para propor a demanda os membros da
Casa Legislativa em que estiver tramitando a proposta, legitimidade esta que se encerra com a
aprovação e entrada e vigor da norma (prejudicado o MS).

Competência para iniciativa de lei

PRIVATIVA

a) Iniciativa privativa do Presidente da República (art. 61, §1º, CF):

I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças d) organização do Ministério Público e da


Armadas; (CHEFE DAS FORÇAS ARMADAS) Defensoria Pública da União, bem como normas
gerais para a organização do Ministério Público e
II - disponham sobre:
da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito
a) criação de cargos, funções ou empregos Federal e dos Territórios; ATENÇÃO! A lei de
públicos na administração direta e autárquica ou organização do MPU é de iniciativa concorrente do
aumento de sua remuneração; PR e do PGR, aplicando-se a regra simetricamente
b) organização administrativa e judiciária, matéria aos MPE (Gov. e PGJ).
tributária e orçamentária, serviços públicos e e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da
pessoal da administração dos Territórios; administração pública, observado o disposto no
ATENÇÃO! A matéria tributária em questão é tão art. 84, VI; Aplica-se, em interpretação extensiva,
somente aquela relacionada aos Territórios, à Administração Indireta.
porquanto são considerados autarquias
f) militares das Forças Armadas, seu regime
territoriais da União.
jurídico, provimento de cargos, promoções,
c) servidores públicos da União e Territórios, seu estabilidade, remuneração, reforma e
regime jurídico, provimento de cargos, transferência para a reserva.
estabilidade e aposentadoria;
OBS: observância obrigatória nas constituições estaduais por simetria, não podendo tratar
dessas matérias exaustivamente sob pena de usurpação de competência do Chefe do
Executivo.

OBS: A Constituição Federal atribuiu, ainda, ao Presidente da República, a iniciativa privativa


(e vinculada) das leis orçamentárias (plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e lei
orçamentária anual). Segundo o STF, essa regra é de observância obrigatória para os Estados
e Municípios, em virtude do princípio da simetria.

OBS: nas hipóteses de iniciativa privativa do PR não vinculadas, não podem os outros Poderes
obrigá-lo a exercer tal competência, sob pena de ofensa ao princípio da separação de
poderes.

b) Iniciativa privativa dos tribunais do Poder Judiciário:

Art. 96. Compete privativamente:


I - aos TRIBUNAIS: II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais
Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus
Poder Legislativo respectivo, observado o disposto
regimentos internos, com observância das normas
no art. 169:
de processo e das garantias processuais das
partes, dispondo sobre a competência e o a) a alteração do número de membros dos
funcionamento dos respectivos órgãos tribunais inferiores;
jurisdicionais e administrativos;
b) a criação e a extinção de cargos e a
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e remuneração dos seus serviços auxiliares e dos
os dos juízos que lhes forem vinculados, velando juízos que lhes forem vinculados, bem como a
pelo exercício da atividade correicional respectiva; fixação do subsídio de seus membros e dos juízes,
inclusive dos tribunais inferiores, onde houver;
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os
cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição; c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
d) propor a criação de novas varas judiciárias; d) a alteração da organização e da divisão
judiciárias;
e) prover, por concurso público de provas, ou de
provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169, III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes
parágrafo único, os cargos necessários à estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem
administração da Justiça, exceto os de confiança como os membros do Ministério Público, nos
assim definidos em lei; crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada
a competência da Justiça Eleitoral.
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a
seus membros e aos juízes e servidores que lhes
forem imediatamente vinculados;

OBS: é de iniciativa privativa do STF apresentar PL sobre Estatuto da Magistratura (lei


complementar), e a fixação dos subsídios dos Ministros do STF (lei ordinária) pelo Presidente
do STF.

c) Iniciativa privativa da Defensoria Pública:


i. Alteração do número dos seus membros;
ii. Criação e extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares, bem como a
fixação do subsídio de seus membros;
iii. Criação ou extinção de seus órgãos; e
iv. Alteração de sua organização e divisão.

d) Iniciativa privativa dos Chefes dos Ministérios Públicos: criação e extinção dos cargos da
instituição e de seus serviços auxiliares.

OBS: O Procurador-Geral da República tem iniciativa privativa de PL de Lei Complementar


que estabeleça organização e atribuições e o estatuto do MPU, sendo no caso dos estados de
iniciativa do Procurador-Geral de Justiça. Essas iniciativas não são exercidas isoladamente
pelos Chefes do Ministério Público, sendo em concorrência com os Chefes do Executivo.

OBS: a lei ordinária que trata de NORMAS GERAIS sobre organização dos Ministérios Públicos
dos Estados, DF e Territórios, contudo, é de iniciativa privativa do Presidente da República.

e) Iniciativa privativa dos Tribunais de Contas:


O Tribunal de Contas da União (TCU) tem a iniciativa privativa de lei que trata de sua
organização administrativa, criação de cargos e remuneração de seus servidores, bem como
a fixação de subsídios dos membros da Corte. Por simetria, os Tribunais de Contas dos Estados
também têm a iniciativa privativa de leis que tratam dessas matérias. A organização dos
Ministérios Públicos que atuam junto aos Tribunais de Contas também é objeto de lei de
iniciativa privativa das respectivas Cortes de Contas.

f) Iniciativa privativa do Poder Legislativo:


A criação e extinção de cargos públicos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal não
depende de lei, mas sim de resolução (art. 51, IV c/c art. 52, XIII). No entanto, a fixação da
remuneração dos servidores da Câmara dos Deputados e do Senado depende de lei de
iniciativa de cada Casa Legislativa.

GERAL (comum ou concorrente)


Podem apresentar projeto de lei sobre qualquer matéria: o Presidente da República, os
deputados e senadores, as comissões da Câmara, do Senado e Congresso Nacional e os
cidadãos.

Iniciativa popular: os cidadãos (capacidade eleitoral ativa) podem apresentar iniciativa de lei
(ordinária ou complementar) à Câmara dos Deputados, por subscrição do mínimo de 1% do
eleitorado nacional distribuído em pelo menos 5 estados, cada um o mínimo de 0,3% dos
eleitores de cada estado.
• Cabe a previsão de iniciativa popular no âmbito dos estados e DF, bem como nos
Municípios (neste caso é exigido manifestação de 5% do respectivo eleitorado)

PROCEDIMENTOS LEGISLATIVOS:

• Comum: leis ordinárias;


o Ordinário: procedimento mais completo, sem prazos definidos para o
encerramento das fases de deliberação/votação.
o Sumário: possui as mesmas fases do ordinário, porém há imposição de prazos.
o Abreviado: destinado aos projetos de lei que os regimentos internos das Casas
Legislativas dispensam a discussão e votação em Plenário; são PLs aprovados
diretamente pelas Comissões.
• Especial: leis complementares, leis delegadas, medidas provisórias, emendas
constitucionais, decretos legislativos e resoluções).

Procedimento legislativo ORDINÁRIO:

i) Fase introdutória: iniciativa de lei, apresentação do projeto de lei ao CN;


ii) Fase constitutiva: deliberação sobre o PL; votação; manifestação do Chefe do
Executivo (sanção ou veto, que será apreciado pelo Poder Legislativo);
iii) Fase complementar: promulgação e publicação da lei.

i) FASE INTRODUTÓRIA

Iniciativa de lei:

Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da
República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da
República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.

• Este rol não é taxativo por falta de menção ao TCU e a Defensoria Pública, que também
podem apresentar iniciativa sobre determinadas matérias.

• OBS: aquele que apresenta PL pode solicitar sua retirada, necessitando do deferimento
das Casas Legislativas.

• A iniciativa pode ser: privativa (exclusiva ou reservada), geral (comum ou concorrente)


ou popular.

ii) FASE CONSTITUTIVA: deliberação = discussão + votação

Casa iniciadora: onde o PL começa a tramitar e será definida pela competência da iniciativa.
Casa revisora: revê o trabalho da CI.

Casa Iniciadora:
• Câmara dos Deputados: PL de iniciativa de deputado federal ou suas comissões, do
Presidente da República, do STF e dos Tribunais Superiores, do Procurador-Geral da
República e dos cidadãos.
• Senado Federal: PL de iniciativa de senador ou suas comissões.
• Comissão mista do Congresso Nacional: apreciação inicial feita alternadamente pela
Câmara ou Senado.
Procedimento na Casa Iniciadora:

Apresentação do projeto de lei na CI > INSTRUÇÃO na CI (apreciação de 2 comissões – temática


e Comissão de Constituição e Justiça CCJ) > se APROVADO, encaminhamento ao Plenário para
dicussão e votação (por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros) > Se
REJEIÇÃO, arquivamento, se APROVAÇÃO na CI, encaminhamento à CR.

Procedimento na Casa Revisora, possibilidades:


i. Aprovação na forma como recebido o PL > encaminhamento ao Chefe do Executivo
(sanção/veto).
ii. Aprovação com emendas > retorno à CI para apreciação das emendas (NÃO podendo ser
subemendado, apenas serão as emendas aceitas ou rejeitadas) > encaminhamento ao
Chefe do Executivo (com as emendas caso aceitas, ou sem as emendas caso rejeitadas)
para sanção/veto deste.
iii. Rejeição.

Emendas parlamentares:

a) Supressivas;
b) Aditivas;
c) Aglutinativas (fusão de emendas ou destas com o texto original);
d) Modificativas (alteração sem modificação substancial);
e) Substitutivas (substancial ou formal; sucedâneo a parte de outra proposição);
f) De redação (vícios de linguagem etc).

Atenção! O poder de emendar não é absoluto/ilimitado, deve obedecer:


• Pertinência temática;
• Vedada emenda que acarrete aumento de despesa (iniciativa exclusiva do Chefe do
Executivo ou em lei sobre organização de serviços administrativos);

iii) FASE COMPLEMENTAR

Promulgação: a lei nasce com a sanção mas tem sua existência declarada pela promulgação.

A promulgação pode ser ato de competência originária do Poder Legislativo nos seguintes casos:
• Emendas à Constituição (promulgadas pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal);
• Decretos legislativos (promulgados pelo Presidente do CN, que é o Presidente do Senado);
• Resoluções (promulgadas pelo Presidente do órgão que a edita).

Havendo SANÇÃO > conversão do PL em lei > promulgação > publicação.

Sanção expressa: formalização por escrito em 15 dias úteis (data do recebimento do PL),
simultaneamente à promulgação.
Sanção tácita: transcurso do prazo de 15 dias in albis > 48h para promulgação pelo PR > NÃO
procedendo à promulgação, caberá ao Presidente do Senado em 48h e, se não o fizer no prazo,
ao Vice-Presidente do Senado, sem prazo definido constitucionalmente.

OBS: Havendo a rejeição por votação a rediscussão da matéria em novo PL, na mesma sessão
legislativa, poderá ocorrer somente por proposta da maioria absoluta de qualquer das Casas
(princípio da irrepetibilidade).

Veto: é ato unilateral EXPRESSO, fundado em inconstitucionalidade (veto jurídico – controle de


constitucionalidade político e preventivo) ou contrariedade ao interesse público (veto político -
conveniência) por apreciação do Presidente.

Deve ser motivado, informando ao Presidente do Senado em 48h > passando à apreciação
conjunta do Congresso Nacional em 30 dias (não obedecido o prazo, será posto na ordem
do dia da sessão imediata, retardando as demais deliberações até que ocorra sua votação
– trancamento de pauta do CN), que poderá resultar em REJEIÇÃO do veto (maioria
absoluta) > encaminhamento ao Presidente da República para promulgação em 48h (não
o fazendo vai ao Presidente do Senado em 48h ou ao Vice-Presidente do Senado sem prazo,
caso não o faça o primeiro).

O veto é irretratável e poderá ser total ou parcial, incidindo este sobre texto integral de
artigo, parágrafo, inciso ou alínea e não caberá apreciação de seu mérito pelo Poder
Judiciário, por ser ato político.

Publicação: é o ato de divulgação oficial da lei (condição de eficácia da lei), quando estará apta a
produzir todos os seus efeitos (atenção, não implica em vigor imediato); é ato de competência
do Presidente da República.

Procedimento legislativo SUMÁRIO (ou de urgência):

Cabe ao Presidente da República solicitar urgência para apreciação de projetos de sua


iniciativa (atenção, não é necessário que seja matéria de sua iniciativa privativa). É o caso
de requisição, que resulta em ato vinculado do Congresso Nacional para que instaure o
procedimento sumário. É vedado para projetos de códigos.

Prazo: 100 dias (45 dias na Câmara + 45 dias no Senado + 10 dias de apreciação de emenda
do Senado pela Câmara), desconsiderando os períodos de recesso do Congresso Nacional.
A não observância dos prazos gera trancamento de pauta da respectiva casa,
excepcionando-se as deliberações que tenham prazo constitucional determinado.

Procedimento legislativo ABREVIADO:

Dispensa-se a discussão e votação do PL em Plenário, que será discutido e votado


diretamente pelas comissões das Casas respectivas, nas situações e matérias previstas no
regimento interno. Possível o recurso de 1/10 dos membros da Casa. Delegação interna
coporis: os regimentos internos delegam a competência para discussão e votação de certos
projetos de lei a órgãos integrantes do Poder Legislativo (órgãos internos).
Procedimentos legislativos ESPECIAIS:

Leis Complementares

Diferenciam-se das leis ordinárias em aspecto:


• Material: os assuntos por elas tratados estão expressamente previstos na CF;
• Formal: quórum para aprovação será maioria absoluta (metade +1 dos membros da
Casa).

Medidas Provisórias

É ato normativo primário geral, editado pelo Presidente da República, em caso de relevância e
urgência (discricionariedade ante aos conceitos jurídicos indeterminados, permitindo-se o
controle jurisdicional excepcionalmente diante de flagrante ausência dos requisitos).

Após sua edição é submetida imediatamente ao Congresso Nacional (sem necessidade de


convocação extraordinária), para apreciação em 60 dias (prorrogáveis por igual prazo),
desconsiderando-se o recesso. Excedidos 45 dias em qualquer das casas, há o trancamento da
pauta respectiva em relação a matérias regradas por MP, não se interrompendo a contagem do
prazo para conclusão do processo legislativo da MP. Ultrapassado o prazo e sua prorrogação sem
a apreciação da MP, esta perde sua eficácia desde sua edição.

Edição > encaminhamento ao CN > apreciação por comissão mista > emissão de parecer > exame
pelo Plenário das Casas Legislativas > votação iniciada na Câmara dos Deputados.

Desfechos:
a) Conversão integral em lei: promulgação pelo Presidente do Senado e remessa para
publicação (não há sanção/veto);
b) Rejeição integral ou perda de eficácia por decurso do prazo: ato do CN que a declara
insubsistente, com a consequente disciplina, por decreto legislativo em 60 dias, das
relações jurídicas dela decorrentes, sob pena de permanecerem regidas pela MP.
c) Introdução de modificações no texto original (conversão parcial): convola-se em projeto
de lei de conversão, encaminhado ao PR para sanção/veto e trâmite ordinário.

OBS: a edição de MP suspende eficácia de norma anterior contrária e seu não convertimento em
lei restaura a eficácia da norma suspensa (efeito repristinatório).

OBS STF: não admite que medida provisória submetida ao Congresso Nacional seja retirada pelo
Chefe do Poder Executivo. Entretanto, aceita que medida provisória nessa situação seja revogada
por outra. Nesse caso, a matéria constante da medida provisória revogada não poderá ser
reeditada, em nova medida provisória, na mesma sessão legislativa.

OBS: pode haver previsão de edição de MP nas Constituições estaduais, respeitados os princípios
e limites delineados pela CF (simetria).
OBS STF: Atenção pois o STF entende que é incabível a edição de MP que RESTRINJA proteção
em matéria de direito ambiental, porquanto exige-se lei em sentido FORMAL, que não é o caso
da MP, podendo esta somente tratar de expansão à proteção ambiental pelo princípio da
precaução do direito ambiental.

Vedações:
I - relativa a:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;
b) direito penal, processual penal e processual civil;
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus
membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e
suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º (abertura de créditos
extraordinários);
II - que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo
financeiro;
III - reservada à lei complementar;
IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou
veto do Presidente da República.

Leis Delegadas: são elaboradas pelo Presidente da República em função atípica legislativa.

® O PR solicita que o Congresso lhe delegue a competência para legislar sobre


determinada matéria.
® Aprovando o CN, este editará resolução especificando o conteúdo e os termos para o
exercício da delegação (sendo inconstitucional se genérico ou vago, conferindo poderes
ilimitados ao PR). A delegação não vincula o PR e nem retira do Legislativo competência
para regular a matéria, podendo o CN sustar por decreto legislativo os atos do Executivo
que a exorbitarem (não retroativa).
® A delegação é ato discricionário do CN, podendo ser revogada a qualquer tempo.

Delegação típica (própria): a delegação não implica em intervenção do Congresso na edição da


lei.

Delegação atípica (imprópria): a resolução prevê a apreciação do PL pelo Poder Legislativo antes
de sua conversão em lei, deliberando em votação única e vedada emenda. Por aprovação
encaminha-se ao PR para promulgação; se rejeitada, será arquivada (irrepetibilidade relativa).

Vedações:

Art. 68, §1º, CF. NÃO serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso
Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a
matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus
membros;
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

Decretos Legislativos e Resoluções: espécies normativas primárias, com hierarquia de lei


ordinária, não sendo sujeitos à sanção/veto do PR.

Decretos Legislativos: atos editados pelo Congresso Nacional em matéria de sua competência
exclusiva (art. 49, CF), atos com efeitos externos ao CN. Ex. referendo e plebicito.

Resoluções: editadas pelo CN, Senado ou Câmara de Deputados, para dispor de assuntos de sua
competência que não estão sujeitos à reserva de lei (competências privativas dos arts. 51 e 52,
CF). Sua promulgação será feita pelo Presidente da respectiva Casa Legislativa. Devem ser
tratados por resolução:
® Delegação legislativa (resolução do CN);
® Definição de alíquotas máximas do imposto da competência dos Estados/DF, sobre
transmissão causa mortis e doações (resolução do Senado);
® Fixação das alíquotas do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços aplicáveis às
operações e prestações interestaduais e de exportação (resolução do Senado);
® Suspensão de execução de lei declarada inconstitucional pelo STF (resolução do Senado).

EMENDA À CONSTITUIÇÃO

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada § 3º A emenda à Constituição será promulgada
mediante proposta: pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal, com o respectivo número de
I - de um terço, no mínimo, dos membros da
ordem.
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
§ 4º NÃO será objeto de deliberação a proposta de
II - do Presidente da República;
emenda tendente a abolir:
III - de mais da metade das Assembléias
I - a forma federativa de Estado;
Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
relativa de seus membros.
III - a separação dos Poderes;
§ 1º A Constituição NÃO poderá ser emendada na
IV - os direitos e garantias individuais.
vigência de intervenção federal, de estado de
defesa ou de estado de sítio. § 5º A matéria constante de proposta de emenda
rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada
objeto de nova proposta na mesma sessão
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
legislativa. (irrepetibilidade ABSOLUTA)
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos,
três quintos dos votos dos respectivos membros.
Fases:
i) Iniciativa;
ii) Discussão e votação: em cada Casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, por aprovação
de 3/5 dos votos dos membros de cada uma delas.
iii) Promulgação: pelas Mesas da Câmara e do Senado, com o respectivo número de ordem.

Características distintas:

a) Ausência de previsão de Casa Iniciadora obrigatória;


b) Ausência de Casa Revisora: a segunda casa legislativa não revisa o texto aprovado,
podendo apreciá-lo como se novo fosse, permitidas alterações livremente, retornando-
se as modificações nessas mesmas condições à primeira casa.

Limitações à reforma à Constituição:

• Temporais: prazo de imutabilidade pode ser estabelecido pelo poder constituinte


originário;
• Circunstanciais: estado de sítio, estado de defesa e intervenção federal (nesse período o
impedimento é quanto à promulgação tão somente).
• Formais: em razão da rigidez da constituição, ou seja, exige-se processo legislativo mais
dificultoso.
» legitimação para a iniciativa (excluída a iniciativa popular, reservada, dos
Municípios e dos estados e DF).
» Discussão, votação e aprovação em 2 turnos por 3/5 dos membros de cada casa.
» Promulgação: feita pelas Mesas da Câmara e do Senado (não se submete a
sanção/veto do PR, que não procede à promulgação da mesma, e sua numeração
seguirá ordem própria).
» Irrepetibilidade absoluta na mesma sessão legislativa.

• Materiais:
» Explícitas: forma federativa de Estado; voto direto, secreto, universal e periódico;
separação dos Poderes; e os direitos e garantias individuais (cláusulas pétreas não
podem sequer ser objeto de deliberação).
» Implícitas: titularidade do Poder Constituinte Originário e Derivado e os
procedimentos de reforma e revisão constitucional.

PROCESSO LEGISLATIVO NOS ESTADOS-MEMBROS

As regras básicas do processo legislativo estabelecidas na Constituição são de observância


obrigatória no âmbito dos Estados-membros, Distrito Federal e Municípios. Assim, esses entes
federados devem prever, de forma idêntica à da Constituição Federal:
a) as espécies normativas integrantes do processo legislativo federal, bem como o
respectivo procedimento e quórum para sua aprovação;
b) as hipóteses de iniciativa reservada e concorrente;
c) os limites do poder de emenda parlamentar;
d) as diferentes fases do processo legislativo, nas diversas espécies normativas;
e) o princípio de irrepetibilidade de projetos rejeitados na mesma sessão legislativa.

FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, ORÇAMENTÁRIA, PATRIMONIAL E OPERACIONAL

i) Controle interno: realizado no âmbito de cada Poder.


® Poder Judiciário > CNJ - Conselho Nacional de Justiça.
® Poder Executivo > CGU - Controladoria-Geral da União.

ii) Controle externo: competência do Poder Legislativo.

Os controles interno e externo são realizados de forma complementar. Os responsáveis pelo


controle interno devem notificar o TCU caso tomem ciência de irregularidade, sob pena de
responsabilidade solidária.

Regramento na CF

70. A fiscalização contábil, financeira, daqueles que derem causa a perda, extravio ou
orçamentária, operacional e patrimonial da União outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
e das entidades da administração direta e indireta, erário público;
quanto à legalidade, legitimidade,
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos
economicidade, aplicação das subvenções e
atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
renúncia de receitas, será exercida pelo
administração direta e indireta, incluídas as
Congresso Nacional, mediante controle externo,
fundações instituídas e mantidas pelo Poder
e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Público, excetuadas as nomeações para cargo de
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa provimento em comissão, bem como a das
física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, concessões de aposentadorias, reformas e
arrecade, guarde, gerencie ou administre pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que
dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais não alterem o fundamento legal do ato
a União responda, ou que, em nome desta, assuma concessório;
obrigações de natureza pecuniária.
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Deputados, do Senado Federal, de Comissão
Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de
de Contas da União, ao qual compete: natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, nas unidades
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo
administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo
Presidente da República, mediante parecer
e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso
prévio que deverá ser elaborado em 60 dias a
II;
contar de seu recebimento;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas
II - julgar as contas dos administradores e demais
supranacionais de cujo capital social a União
responsáveis por dinheiros, bens e valores
participe, de forma direta ou indireta, nos termos
públicos da administração direta e indireta,
do tratado constitutivo;
incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos § 1º Não prestados os esclarecimentos, ou
repassados pela União mediante convênio, considerados estes insuficientes, a Comissão
acordo, ajuste ou outros instrumentos solicitará ao Tribunal pronunciamento conclusivo
congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a sobre a matéria, no prazo de 30 dias.
Município;
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a
VII - prestar as informações solicitadas pelo Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano
Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, irreparável ou grave lesão à economia pública,
ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre proporá ao Congresso Nacional sua sustação.
a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado
operacional e patrimonial e sobre resultados de
por 9 Ministros, tem sede no Distrito Federal,
auditorias e inspeções realizadas;
quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de território nacional, exercendo, no que couber, as
ilegalidade de despesa ou irregularidade de atribuições previstas no art. 96.
contas, as sanções previstas em lei, que
§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União
estabelecerá, entre outras cominações, multa
serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam
proporcional ao dano causado ao erário;
os seguintes requisitos:
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade
I - mais de 35 e menos de 70 anos de idade;
adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; II - idoneidade moral e reputação ilibada;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis,
impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos econômicos e financeiros ou de administração
Deputados e ao Senado Federal; pública;
XI - representar ao Poder competente sobre IV - mais de dez anos de exercício de função ou de
irregularidades ou abusos apurados. efetiva atividade profissional que exija os
conhecimentos mencionados no inciso anterior.
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será
adotado diretamente pelo Congresso Nacional, § 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União
que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as serão escolhidos:
medidas cabíveis. I – 1/3 pelo Presidente da República, com
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, aprovação do Senado Federal, sendo dois
no prazo de 90 dias, não efetivar as medidas alternadamente dentre auditores e membros do
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em
decidirá a respeito. lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de
antigüidade e merecimento;
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte
imputação de débito ou multa terão eficácia de II – 2/3 pelo Congresso Nacional.
título executivo. § 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso terão as mesmas garantias, prerrogativas,
Nacional, trimestral e anualmente, relatório de impedimentos, vencimentos e vantagens dos
suas atividades. Ministros do Superior Tribunal de Justiça,
aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se
pensão, as normas constantes do art. 40.
refere o art. 166, §1º, diante de indícios de
despesas não autorizadas, ainda que sob a forma § 4º O auditor, quando em substituição a
de investimentos não programados ou de Ministro, terá as mesmas garantias e
subsídios não aprovados, poderá solicitar à impedimentos do titular e, quando no exercício
autoridade governamental responsável que, no das demais atribuições da judicatura, as de juiz de
prazo de 5 dias, preste os esclarecimentos Tribunal Regional Federal.
necessários.
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao
Judiciário manterão, de forma integrada, sistema tomarem conhecimento de qualquer
de controle interno com a finalidade de: irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência
ao Tribunal de Contas da União, sob pena de
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no
responsabilidade solidária.
plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União; § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação
ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante
quanto à eficácia e eficiência, da gestão
o Tribunal de Contas da União.
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos
e entidades da administração federal, bem como Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção
da aplicação de recursos públicos por entidades aplicam-se, no que couber, à organização,
de direito privado; composição e fiscalização dos Tribunais de Contas
dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos
III - exercer o controle das operações de crédito,
Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
avais e garantias, bem como dos direitos e
haveres da União; Parágrafo único. As Constituições estaduais
disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos,
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua
que serão integrados por 7 Conselheiros.
missão institucional.

A fiscalização pelo Poder Legislativo:


® Feita com auxílio do Tribunal de Contas da União ou Tribunais de Contas dos Estados.
® Objeto: legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de
receitas.

TRIBUNAIS DE CONTAS
• São órgãos independentes e autônomos, sem subordinação hierárquica a qualquer dos
Poderes, e, embora estejam vinculados ao Poder Legislativo, não exercem função legislativa,
somente fiscalização e controle de natureza administrativa.
• Orientam o Poder Legislativo no exercício do controle externo e sua atuação alcança toda a
Administração Pública (direta e indireta), de todos os Poderes.
• Não podem realizar controle de constitucionalidade.

Tribunal de Contas da União (TCU)


• Órgão independente que não integra qualquer dos Poderes;
• Natureza político-administrativa;
• Realiza o controle externo da Administração Pública;
• Tem autonomia funcional, administrativa, financeira e orçamentária;
• Composto por 9 Ministros (mesmas prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens
dos Ministros do STJ);
» Ministro do TCU: mais de 35 anos e menos de 70 anos;
» Idoneidade moral e reputação ilibada;
» Notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de
administração pública;
» Mais de 10 anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional
compatível.
• 3 = Escolha de 1/3 dos membros pelo Presidente da República, com aprovação posterior do
Senado, sendo 2 escolhidos alternadamente entre auditores e membros do MP junto ao
Tribunal, indicados em lista tríplice pelo TCU (antiguidade e merecimento);
• 6 = Escolha de 2/3 pelo Congresso Nacional;
• Jurisdição em todo o território nacional, sede no DF;
• O TCU aprecia as contas do Presidente e elabora parecer em 60 dias, porém quem julgará as
contas será o Congresso Nacional.
• Julgará as contas dos administradores e demais responsáveis por recursos públicos.
• Admissão de pessoal, concessão de aposentadorias, reformas e pensões são apreciados
quanto à sua legalidade pelo TCU (EXCETUADAS as admissões em cargos de provimento em
comissão e as melhorias posteriores das aposentadorias, reformas e pensões que não
alterem o fundamento legal do ato concessório).
• Súmula Vinculante 03: contraditório e ampla defesa quando a decisão puder resultar em
anulação ou revogação de ato que beneficie o interessado, excetuada a apreciação de
legalidade do ato inicial de concessão.
• Decadência em 5 anos para apreciação de legalidade do ato inicial de concessão.
• Vedação à supressão de vantagem incluída por decisão judicial transitada em julgado
(somente viável por ação rescisória).
• Não tem competência para fiscalizar aplicação de royalties decorrentes da extração de
petróle, xisto betuminoso e gás natural pelos Estados e Municípios (a competência é dos
Tribunais de Contas Estaduais, por serem receita própria dos entes).
• Os atos administrativos podem ser sustados pelo TCU, porém os contratos administrativos
são passíveis de sustação somente pelo Congresso Nacional (que solicitará ao Executivo a
anulação), a não ser que as medidas não sejam tomadas em 90 dias, caso em que a
competência para decidir recairá sobre o TCU.
• TCU tem legitimidade para expedir medidas cautelares visando prevenir lesão ao erário ou
direito alheio e para garantir a efetividade de suas decisões.
• Não pode decretar quebra de sigilo bancário, a medida caberá ao Legislativo.
• As operações financeiras que envolvam recursos públicos não estão abrangidas pelo sigilo
bancário.
• As decisões que resultem em imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo
extrajudicial, cabendo o processo de execução à Advogacia-Geral da União.
• Sofre controle político do Poder Legislativo (relatórios trimestrais e anuais com análise de
evolução dos custos de controle e de sua eficiência, eficácia e economicidade)
Tribunais de Contas dos Estados e dos Municípios:

• Aplicam-se as disposições do TCU no que couber;


• Compostos por 7 conselheiros (cujos vencimentos terão parâmetro nos desembargadores
dos TJs);
• Sua nomeação segue por simetria os critérios dos membros do TCU: 4 devem ser escolhidos
pela Assembléia Legislativa e 3 pelo Chefe do Poder Executivo Estadual, sendo um entre
auditores e um dentre membros no MP, e um terceiro à sua escolha.
• Exercem o controle externo da Administração Pública estadual, direta e indireta, e inclusive
o Poder Legislativo estadual, sendo inconstitucional norma da Constituição Estadual em
contrário.
• O TCE presta contas à Assembléia Legislativa do Estado (relatórios trimestrais e anuais).
• No âmbito municipal o controle externo será do Legislativo Municipal e o controle interno
será do Executivo Municipal.
• É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais (exceção aos
criados anteriormente à CF/88, como é o caso do TCM-SP e TCM-RJ, que podem ser, todavia,
extintos pela constituição estadual), o que é permitida é a criação de ÓRGÃOS estaduais para
controle externo da AP de todos os municípios de um determinado estado, na sua falta sendo
a competência do TCE.
® a) Órgão de contas municipal: Aplica-se quando há órgãos de contas municipais criados
antes da CF/88. É o caso do TCM-RJ e TCM-SP.
® b) Órgão de contas estadual com competência sobre todos os Municípios do estado: São
órgãos de contas estaduais, mas que têm como tarefa o controle externo da
Administração Pública dos Municípios do estado. É o caso do TCM-GO, TCM-BA e TCM-
PA.
® c) Tribunal de Contas do Estado (TCEs): Naqueles estados em que não existirem os órgãos
de contas a que fizemos alusão anteriormente, o controle externo da Administração
Pública municipal será competência do TCE.

Julgamento de contas do Prefeito:

® Contas de governo: caráter político, de responsabilidade do Chefe do Poder Executivo.


® Contas de gestão: caráter técnico, de responsabilidade dos administradores públicos.

OBS: em municípios menores, o Prefeito pode também ser ordenador de despesas (autoridade
cujos atos resultam em emissão de empenho, autorização de pagamento, suprimento ou
dispêndio de recursos públicos), sendo igualmente responsável pelas contas de governo e de
gestão, o que gera controvérsias quanto à competência para o julgamento das contas em nível
municipal. O STF entendeu que ambas serão julgadas politicamente pela Câmara Municipal,
cabendo aos Tribunais de Contas elaborar parecer prévio de caráter meramente opinativo.
OBS: não se admite o julgamento ficto das contas do Prefeito, ou seja, a rejeição pelo Tribunal
de Contas não é suficiente para torná-lo inelegível, devendo a Câmara Municipal decidir nesse
sentido.

10. 3. DO PODER JUDICIÁRIO: DISPOSIÇÕES GERAIS;

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:


I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de Justiça;
II - o Superior Tribunal de Justiça;
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho;
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; (TRF e JF)
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; (TST, TRT e JT)
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; (TSE, TRE e JE)
VI - os Tribunais e Juízes Militares; (STM e JM)
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. (TJ e JE/TJDF e
JDF)

• STF e os Tribunais superiores tem sede em brasília e jurisdição em todo o território


nacional, por isso são chamados de órgãos de convergência.
• STF e STJ são órgãos de superposição, pois não pertencem nem à Justiça Comum nem a
Especial, suas decisões se sobrepõem às proferidas pelos órgãos inferiores.
• Os juízes de paz também integram o Judiciário.

Regramento na CF/88:

Estatuto da Magistratura, observados os seguintes


Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do
princípios:
Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de Ministros do Supremo Tribunal Federal e os
juiz substituto, mediante concurso público de subsídios dos demais magistrados serão fixados
provas e títulos, com a participação da Ordem dos em lei e escalonados, em nível federal e estadual,
Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo- conforme as respectivas categorias da estrutura
se do bacharel em direito, no mínimo, três anos judiciária nacional, não podendo a diferença entre
de atividade jurídica e obedecendo-se, nas uma e outra ser superior a dez por cento ou
nomeações, à ordem de classificação; inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa
e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros
II - promoção de entrância para entrância,
dos Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer
alternadamente, por antigüidade e merecimento,
caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º;
atendidas as seguintes normas:
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por
de seus dependentes observarão o disposto no
três vezes consecutivas ou cinco alternadas em
art. 40;
lista de merecimento;
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca,
b) a promoção por merecimento pressupõe dois
salvo autorização do tribunal;
anos de exercício na respectiva entrância e
integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de VIII - o ato de remoção ou de disponibilidade do
antigüidade desta, salvo se não houver com tais magistrado, por interesse público, fundar-se-á em
requisitos quem aceite o lugar vago; decisão por voto da maioria absoluta do
respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de
c) aferição do merecimento conforme o
Justiça, assegurada ampla defesa;
desempenho e pelos critérios objetivos de
produtividade e presteza no exercício da VIII-A - a remoção a pedido ou a permuta de
jurisdição e pela freqüência e aproveitamento em magistrados de comarca de igual entrância
cursos oficiais ou reconhecidos de atenderá, no que couber, ao disposto nas alíneas a
aperfeiçoamento; , b , c e e do inciso II;
d) na apuração de antigüidade, o tribunal somente IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder
poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas
fundamentado de dois terços de seus membros, as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei
conforme procedimento próprio, e assegurada limitar a presença, em determinados atos, às
ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se próprias partes e a seus advogados, ou somente a
a indicação; estes, em casos nos quais a preservação do direito
à intimidade do interessado no sigilo não
e) não será promovido o juiz que,
prejudique o interesse público à informação;
injustificadamente, retiver autos em seu poder
além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao X - as decisões administrativas dos tribunais serão
cartório sem o devido despacho ou decisão; motivadas e em sessão pública, sendo as
disciplinares tomadas pelo voto da maioria
III - o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-
absoluta de seus membros;
á por antigüidade e merecimento,
alternadamente, apurados na última ou única XI - nos tribunais com número superior a vinte e
entrância; cinco julgadores, poderá ser constituído órgão
especial, com o mínimo de onze e o máximo de
IV - previsão de cursos oficiais de preparação,
vinte e cinco membros, para o exercício das
aperfeiçoamento e promoção de magistrados,
atribuições administrativas e jurisdicionais
constituindo etapa obrigatória do processo de
delegadas da competência do tribunal pleno,
vitaliciamento a participação em curso oficial ou
provendo-se metade das vagas por antigüidade e
reconhecido por escola nacional de formação e
a outra metade por eleição pelo tribunal pleno;
aperfeiçoamento de magistrados;
XII - a atividade jurisdicional será ininterrupta,
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais
sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais
Superiores corresponderá a noventa e cinco por
de segundo grau, funcionando, nos dias em que
cento do subsídio mensal fixado para os
não houver expediente forense normal, juízes em Distrito Federal e Territórios será composto de
plantão permanente; membros, do Ministério Público, com mais de dez
anos de carreira, e de advogados de notório saber
XIII - o número de juízes na unidade jurisdicional
jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
será proporcional à efetiva demanda judicial e à
anos de efetiva atividade profissional, indicados
respectiva população;
em lista sêxtupla pelos órgãos de representação
XIV - os servidores receberão delegação para a das respectivas classes.
prática de atos de administração e atos de mero
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o
expediente sem caráter decisório;
tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao
XV a distribuição de processos será imediata, em Poder Executivo, que, nos vinte dias
todos os graus de jurisdição. subseqüentes, escolherá um de seus integrantes
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais para nomeação.
Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do

Características da jurisdição:

• Secundária: as partes devem primariamente resolver seus conflitos;


• Instrumental: é o meio do qual se vale o Direito para impor-se a todos;
• Desinteressada: não cede aos interesses de nenhuma das partes litigantes, agindo
segundo o Direito.
• Provocada: não age de ofício.

Função contramajoritária do Judiciário: proteção das minorias contra abusos cometidos pelo
governo da maioria (proteção da dignidade da pessoa humana).

GARANTIAS

As garantias são de 2 tipos: institucionais (protegem o Judiciário como instituição) e funcionais


ou de órgãos (protegem os magistrados, individualmente considerados).

Garantias Institucionais:

a) Previsão de crime de responsabilidade do Presidente atentar contra o livre exercício do


Judiciário;
b) Vedação de MP ou lei delegada para disciplinar as garantias dos magistrados;
c) Autonomia organizacional e administrativa;
d) Autonomia financeira.

Autonomia financeira: há divergência doutrinária sobre o nome (orçamentária), consideram-se


sinônimas para efeito de concurso público.

• O projeto da lei orçamentária é de iniciativa exclusiva do Presidente (ou simetricamente


ao Governador), porém recebe as propostas orçamentárias dos Poderes e outros órgãos
que comporão o projeto.
• O Presidente pode ajustar somente caso a proposta ultrapasse os limites da lei de
diretrizes orçamentárias.
• No âmbito do Judiciário a proposta partirá: do presidente do STF (tendo ouvido o STF), e
os presidentes dos tribunais superiores (tendo ouvido os respectivos tribunais).
• Havendo o Judiciário perdido o prazo para apresentar a proposta, será considerada a
proposta anteriormente apresentada.

Autonomia organizacional e administrativa: poder de autogoverno; cada tribunal terá seu


próprio Regimento Interno definindo a organização, marcação de férias e outros assuntos. Não
há interferência de um tribunal em outro. Reflete-se no livre convencimento do magistrado.

Garantias funcionais: Não tem imunidades como nos outros Poderes, porém tem certas
garantias para viabilizar o julgamento imparcial.

CF, Art. 95. Os juízes gozam das seguintes Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
garantias:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será cargo ou função, salvo uma de magistério; [STF:
adquirida após dois anos de exercício, não quer dizer uma única função de magistério, e
dependendo a perda do cargo, nesse período, de sim unicamente acumulada a função que seja de
deliberação do tribunal a que o juiz estiver magistério, mesmo sendo mais de uma]
vinculado, e, nos demais casos, de sentença
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas
judicial transitada em julgado;
ou participação em processo;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
público, na forma do art. 93, VIII;
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios
III - irredutibilidade de vencimentos, observado,
ou contribuições de pessoas físicas, entidades
quanto à remuneração, o que dispõem os arts. 37,
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções
XI, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
previstas em lei;
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual
disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153,
se afastou, antes de decorridos três anos do
III, e 153, § 2º, I.
afastamento do cargo por aposentadoria ou
exoneração.

Vitaliciedade: perda do cargo somente por sentença judicial transitada em julgado. Na 1ª


instância ocorre em 2 anos, mais a capacitação por curso oferecido pelo Judiciário. TODAVIA, na
2ª instância a vitaliciedade será a partir da posse. Atenção! Não é o cargo de juiz que é vitalício,
a vitaliciedade é adquirida.

OBS: a vitaliciedade de ministros do STF foi relativizada pela CF/88, pois poderão perder os
cargos por decisão do Senado Federal (impeachment), assim como por decisão transitada em
julgado. Os membros do STF são julgados pelo próprio STF nos crimes comuns e, nos crimes de
responsabilidade pelo Senado Federal (perda do cargo). Todos os magistrados (o cargo) tem foro
por prerrogativa de função (serão julgados por cargo superior ou igual), mas esta peculiaridade
é somente do STF.

Atenção! O juiz do trabalho não será julgado na Justiça do Trabalho, pois o TRT não tem
competência penal, assim o julgamento caberá ao TRF, ressalvada a competência da Justiça
Eleitoral. O STJ tem competência para julgar os membros dos tribunais (TJ, TJDF, TRF, TRT, TRE).
E os Ministros dos tribunais superiores (STJ, TSE, TST, STM) irão para o STF.

Atenção! O juiz militar também será julgado pelo tribunal federal, ressalvada a competência do
STM (crime militar), ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.

OBS: Não há aposentadoria compulsória como penalidade na Constituição, porém a previsão está
na legislação infraconstitucional como medida administrativa.

Inamovibilidade: juízes não podem ser removidos de uma Comarca para a outra
compulsoriamente, salvo por interesse público. A remoção e a disponibilidade podem ser
penalidade, reforçando a ideia de interesse público.

• Atenção! Quando a remoção é compulsória será por maioria absoluta dos membros do
Tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça - CNJ.
• Atenção! STF garante a inamovibilidade do juiz substituto.

Irredutibilidade de subsídio: juízes não são servidores públicos e não tem remuneração, tem
subsídios (parcela única, acréscimos somente de natureza indenizatória). Essa garantia
contempla o valor nominal.

• Lei de iniciativa do STF definirá o subsídio de seus Ministros.


• Subsídio de ministros dos tribunais superiores corresponde a 95% dos ministros do STF;
• Juízes de 2º grau terão subsídio fixado por lei
• Juízes de 1º grau terão subsídio com diferença no mínimo de 5% e no máximo de 10% do
subsídio dos juízes de 2º grau.

OBS: A CF não fixou teto para a Justiça Estadual, porém lei infraconstitucional fixou, o STF
julgou pela inconstitucionalidade, pois o teto será o mesmo da Justiça Federal (90,25% do
subsídio do STF).

Estatuto da Magistratura:

Estabelecido por meio de LC de iniciativa do STF (ainda não foi editado, é regido por lei anterior
à CF/88).

Princípios Gerais:

• Ingresso na carreira mediante concurso público de provas e títulos com a participação da


OAB em todas as fases, cargo inicial de juiz substituto.

JUIZ SUBSTITUTO

Ingresso na carreira:
• Concurso público (de provas e títulos);
• Bacharel em Direito;
• 3 anos de atividade jurídica (advocacia, cargos de técnico, analista, etc).

OBS STF: o perído de prática de 3 anos começa a ser contado após a finalização do curso,
ainda que não haja colação de grau.

OBS: comprovação da atividade jurídica se dará na INSCRIÇÃO definitiva no concurso.

OBS: o critério etário é INCONSTITUCIONAL.

Promoção:
• Alternação por critério de antiguidade e merecimento.
• Antiguidade: o Tribunal mantém lista dos juízes aguardando promoção (em ordem desde
o mais antigo ao mais moderno) e, surgindo a vaga, o juiz que a pedir será promovido em
observância a ordem da lista.
O Tribunal pode negar a promoção por decisão fundamentada de 2/3 do total de
membros do Tribunal, observados o contraditório e ampla defesa a cada voto.
• Merecimento: lista tríplice confeccionada especificamente para a vaga aberta; de quem
figure na primeira quinta parte da lista de antiguidade.
É possível que o juiz não esteja dentro dessa quinta parte, caso quem esteja não queira
ou não possa (caso do retardamento injustificado dos autos) ser promovido.
Critérios: produtividade, capacitação e frequência.
A votação seguirá o regimento interno do tribunal.

OBS: figurando o juiz em lista tríplice por 3 vezes consecutivas ou 5 vezes alternadas,
sua promoção é obrigatória (direito líquido e certo). Atenção: inclusive no caso de ser a
nomeação a cargo do Presidente da República.

OBS: organização por entrâncias é da Justiça Estadual somente: inicial, intermediária e


final (lei de organização judiciária do estado fixará essa classificação, dispondo sobre as
comarcas), com período mínimo de 2 anos de entrância para entrância.

OBS: Este procedimento será adotado em todas as instâncias, não somente ao juiz
substituto.

OBS Residência na Comarca: o juiz deve residir na Comarca em que atua, salvo por autorização
do tribunal. Isso porque o costume também é fonte do direito, podendo ser usado na solução de
lides, e porque a lide pode demandar que o magistrado esteja in loco.

Estrutura remuneratória: subsídio. O subsídio de min. do STF é o teto remuneratório de toda a


Administração Pública.

• Subsídios dos ministros dos Tribunais Superiores: 95% do min do STF;


• Subsídios dos demais magistrados: fixados em lei e escalonados (federal e estadual),
conforme as categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre
uma e outra ser superior a 10% nem inferior a 5%, não excedendo a 95% do subsídio de
ministro dos tribunais superiores.
• Subteto remuneratório de 90,25% do subsídio de min do STF para magistratura estadual
é inconstitucional; princípio da isonomia. A magistratura federal e estadual não podem
ter teto diferentes.

Sanções disciplinares:

• Remoção de ofício e disponibilidade: por interesse público, decisão por voto da maioria
absoluta do respectivo tribunal ou do CNJ, assegurada a ampla defesa.
• Aposentadoria compulsória: não está mais na constituição, porém é sanção disciplinar
aplicável aos magistrados prevista na legislação infraconstitucional.

Remoção à pedido e permuta de magistrados: aplica-se, no que couber, regras da promoção.

Disposições gerais:

Publicidade: todas as decisões judiciais deverão ser suficientemente fundamentadas sob pena
de nulidade. Bem assim deverão ser públicos os julgamentos, podendo a lei limitar a presença
nas sessões. As sessões administrativas também serão públicas, ainda que se trate de questão
disciplinar e aplicação de penalidades.

Ininterruptabilidade de Jurisdição - Férias: anteriormente à EC 45/04 as férias do Judiciário eram


coletivas; em virtude da duração razoável do processo essa modalidade de férias foi vedada,
exceto nos tribunais superiores e STF, que seguem sendo coletivas (em virtude da composição
destes tribunais que impediriam seu quórum integral).

Distribuição: decorre do princípio do juiz natural; o ingresso deve ser legítimo na carreira;
inconstitucionalidade do juiz ad hoc e tribunal de exceção; a distribuição deverá ser IMEDIATA
em todos os graus de jurisdição (e aleatória).

Delegação: somente atos de mero expediente podem ser delegados aos servidores.

Órgão especial: tribunais com mais de 25 julgadores podem criar órgão especial para
desempenhar as funções do plenário (todos os membros) que lhe forem delegadas. Mínimo de
11, máximo de 25 membros, metade por antiguidade e outra por eleição pelo Pleno.

Não se observa o quinto constitucional: STF, TSE, TER, STM e STJ (polêmica pois 1/3 da
composição será advocacia e MP). Se aplica: TRF, TJ, TRT e TST.

Cláusula de reserva de plenário: Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou
dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade
de lei ou ato normativo do Poder Público.

Súmula Vinculante 10: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão
fracionário de Tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei
ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
JUSTIÇA DE PAZ

Juízes de paz: são escolhidos mediante eleição, devendo estar filiados a partidos políticos.
Segundo o STF, “a obrigatoriedade de filiação partidária para os candidatos a juiz de paz decorre
do sistema eleitoral constitucionalmente definido”. As condições de elegibilidade dos juízes de
paz não podem ser fixadas por lei estadual, sob pena de violação da competência privativa da
União para legislar sobre direito eleitoral. Até hoje, não foi realizada eleição para juiz de paz em
nenhuma unidade da federação, o que caracteriza uma omissão inconstitucional, pendente de
apreciação na ADO nº 40. Integram o Poder Judiciário.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

• Controle da atuação administrativa e financeira do Judiciário, e do cumprimento dos


deveres funcionais dos juízes.
• Órgão de controle interno, não exerce função jurisdicional.
• É inconstitucional a criação por constituição estadual de órgão de controle administrativo
do Judiciário, pois este é nacional e unitário e o controle cabe ao CNJ.

Composição: 15 membros com mandato de 2 anos (admitida 1 recondução), nomeados pelo


Presidente após aprovação pela maioria absoluta do SENADO.
• Presidente do STF; à é presidente do CNJ (na sua ausência substitui o vice-presidente do
STF, que não é membro do CNJ)
• Ministro do STJ; à é o corregedor (excluído das distribuições de processos)
• Ministro do TST;
• Desembargador de TJ (indicado pelo STF);
• Juiz estadual (indicado pelo STF);
• Juiz de TRF (indicado pelo STJ);
• Juiz federal (indicado pelo STJ);
• Juiz de TRT (indicado pelo TST);
• Membro do MPU (indicado pelo PGR);
• Membro do MPE (escolhido pelo PGR dentre a lista dos órgãos estaduais);
• 2 advogados (indicados pelo Conselho da OAB);
• 2 cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada (1 pela Câmara e 1 pelo Senado).

Competência para julgar membros do CNJ por crime de responsabilidade: SENADO FEDERAL.
Nos crimes comuns não há previsão, cada membro será julgado de acordo com sua origem.

OBS: o STF não se sujeita ao controle do CNJ.

Competências:
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação VI - elaborar semestralmente relatório estatístico
administrativa e financeira do Poder Judiciário e sobre processos e sentenças prolatadas, por
do cumprimento dos deveres funcionais dos unidade da Federação, nos diferentes órgãos do
juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições Poder Judiciário;
que lhe forem conferidas pelo Estatuto da
VII - elaborar relatório anual, propondo as
Magistratura:
providências que julgar necessárias, sobre a
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo situação do Poder Judiciário no País e as atividades
cumprimento do Estatuto da Magistratura, do Conselho, o qual deve integrar mensagem do
podendo expedir atos regulamentares, no âmbito Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser
de sua competência, ou recomendar remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da
providências; abertura da sessão legislativa.
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de § 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça
ofício ou mediante provocação, a legalidade dos exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará
atos administrativos praticados por membros ou excluído da distribuição de processos no Tribunal,
órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí- competindo-lhe, além das atribuições que lhe
los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as
providências necessárias ao exato cumprimento seguintes:
da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de
I receber as reclamações e denúncias, de qualquer
Contas da União;
interessado, relativas aos magistrados e aos
III - receber e conhecer das reclamações contra serviços judiciários;
membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive
II exercer funções executivas do Conselho, de
contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos
inspeção e de correição geral;
prestadores de serviços notariais e de registro que
atuem por delegação do poder público ou III requisitar e designar magistrados, delegando-
oficializados, sem prejuízo da competência lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos
disciplinar e correicional dos tribunais, podendo ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal
avocar processos disciplinares em curso, e Territórios.
determinar a remoção ou a disponibilidade e § 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-
aplicar outras sanções administrativas, assegurada Geral da República e o Presidente do Conselho
ampla defesa; Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
IV - representar ao Ministério Público, no caso de § 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos
crime contra a administração pública ou de abuso Territórios, criará ouvidorias de justiça,
de autoridade; competentes para receber reclamações e
V - rever, de ofício ou mediante provocação, os denúncias de qualquer interessado contra
processos disciplinares de juízes e membros de membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra
tribunais julgados há menos de um ano; seus serviços auxiliares, representando
diretamente ao Conselho Nacional de Justiça.

Poder regulamentar: normas primárias acerca das matérias de sua competência; as resoluções
do CNJ são dotadas de generalidade, abstração e impessoalidade.
• Aprecia (de ofício ou mediante provocação) a legalidade dos atos administrativos
praticados por membros ou órgãos do Judiciário; não tem competência para examinar
efeitos de ato de conteúdo jurisdicional.
• Não abrange casos concretos que já foram judicializados.
• CNJ pode afastar, por maioria absoluta, a aplicação de lei que considere inconstitucionais,
mas não realiza controle de constitucionalidade, realiza controle de legalidade.
• Competência correicional e disciplinar do CNJ: consiste em receber e conhecer das
reclamações e avocar processos em curso e aplicar sanções a magistrados (competência
concorrente com os tribunais).
• Poder revisional: processos disciplinares julgados há menos de 1 ano podem ser revistos
pelo CNJ, podendo agravar ou abrandar a decisão disciplinar, ou até cancelar ou reformar.
• CNJ pode determinar encaminhamento de anteprojetos de lei de criação de cargos,
funções comissionadas e unidades judiciárias para elaboração de nota técnica.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Composição: 11 Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de 35 e menos de 70 anos de


idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada, brasileiros natos, em gozo dos direitos
políticos.
• Indicação e nomeação pelo Presidente após aprovação pela maioria absoluta do SENADO.
• 2 Turmas e Plenário;
• O presidente do STF não integra nenhuma turma;
• Os processos são distribuídos aos relatores e não às turmas;
• O presidente de cada turma é escolhido por antiguidade.

Competências do STF:
• Corte Constitucional (jurisdição constitucional) e órgão máximo do Judiciário (tribunal de
última instância e, em alguns casos, originária).
• Competências originárias: ações ajuizadas diretamente no STF;
• Competências recursais: chegam ao STF em razão de recurso (ordinário e extraordinário).

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, d) o habeas corpus , sendo paciente qualquer das
precipuamente, a guarda da Constituição, pessoas referidas nas alíneas anteriores; o
cabendo-lhe: mandado de segurança e o habeas data contra
atos do Presidente da República, das Mesas da
I - processar e julgar, originariamente:
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral
ato normativo federal ou estadual e a ação da República e do próprio Supremo Tribunal
declaratória de constitucionalidade de lei ou ato Federal;
normativo federal;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da internacional e a União, o Estado, o Distrito
República, o Vice-Presidente, os membros do Federal ou o Território; [se for Município é da JF,
Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o com recurso para o STJ]
Procurador-Geral da República;
f) as causas e os conflitos entre a União e os
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns
responsabilidade, os Ministros de Estado e os e outros, inclusive as respectivas entidades da
Comandantes da Marinha, do Exército e da administração indireta;
Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal
de Contas da União e os chefes de missão i) o habeas corpus , quando o coator for Tribunal
diplomática de caráter permanente; [o AGU e o Superior ou quando o coator ou o paciente for
Presidente do BC têm status de Min. de Estado] autoridade ou funcionário cujos atos estejam
sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo
Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à a) o habeas corpus , o mandado de segurança,
mesma jurisdição em uma única instância; o habeas data e o mandado de injunção
decididos em única instância pelos Tribunais
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus
Superiores, se denegatória a decisão;
julgados;
b) o crime político;
l) a reclamação para a preservação de sua
competência e garantia da autoridade de suas III - julgar, mediante recurso extraordinário, as
decisões; causas decididas em única ou última instância,
quando a decisão recorrida:
m) a execução de sentença nas causas de sua
competência originária, facultada a delegação de a) contrariar dispositivo desta Constituição;
atribuições para a prática de atos processuais;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou
n) a ação em que todos os membros da lei federal;
magistratura sejam direta ou indiretamente
c) julgar válida lei ou ato de governo local
interessados, e aquela em que mais da metade dos
contestado em face desta Constituição.
membros do tribunal de origem estejam
impedidos ou sejam direta ou indiretamente d) julgar válida lei local contestada em face de lei
interessados; federal.
o) os conflitos de competência entre o Superior § 1º A argüição de descumprimento de preceito
Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre fundamental, decorrente desta Constituição, será
Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na
outro tribunal; forma da lei.
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas
de inconstitucionalidade; pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas
de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias
q) o mandado de injunção, quando a elaboração
de constitucionalidade produzirão eficácia contra
da norma regulamentadora for atribuição do
todos e efeito vinculante, relativamente aos
Presidente da República, do Congresso Nacional,
demais órgãos do Poder Judiciário e à
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das
administração pública direta e indireta, nas esferas
Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do
federal, estadual e municipal.
Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais
Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá
Federal; demonstrar a repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso, nos termos da
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça
lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do
e contra o Conselho Nacional do Ministério
recurso, somente podendo recusá-lo pela
Público;
manifestação de dois terços de seus membros.
II - julgar, em recurso ordinário:

• Somente terá competência para dirimir conflito entre autarquia federal e Estado se
envolver risco à harmonia do pacto federativo, senão é da JF.
• Conflitos envolvendo Municípios serão da JF.
• Na extradição o Presidente não está vinculado à decisão do STF, a não ser que seja
negativa.
• MS e HD contra ato de tribunal é sempre julgado no próprio tribunal, já em HC a
competência é na instância imediatamente acima.
• Não cabe reclamação constitucional contra ato dos ministros ou turmas do STF, pois são
de sua própria autoria.
• Deliberação positiva do CNJ: intervenção na órbita de competência dos órgãos
jurisdicionais (cabe ação perante o STF);
• Deliberação negativa do CNJ: recusa de intervenção do CNJ (não cabe ação perante o STF).
• É competência do STF todo mandado de segurança impetrado por quem teve sua
extradição deferida pelo tribunal.
• Interpretação extensiva para competência:
» Mandado de segurança contra Comissão Parlamentar de Inquérito;
» Habeas corpus contra a Interpol, em face do recebimento de mandado de prisão
expedido por magistrado estrangeiro, tendo em vista a competência do STF para
processar e julgar, originariamente, a extradição solicitada por Estado estrangeiro
(CF, art. 102, I, “g”);
» Mandado de segurança contra atos que tenham relação com o pedido de extradição
(CF, art. 102, I, “g”);
» A competência do STF para julgar mandado de segurança contra atos da Mesa da
Câmara dos Deputados (art. 102, I, “d”, 2ª parte) alcança os atos individuais
praticados por parlamentar que profere decisão em nome desta.
» Habeas corpus contra qualquer decisão do STJ, desde que configurado o
constrangimento ilegal.

Competência recursal do STF:

• Recurso Ordinário
» HC, MS, HD, MI decididos em única instância por tribunal superior com
DENEGAÇÃO;
» Crime político (competência originária da JF, não passa pelo TRF).
• Recurso Extraordinário (quando a decisão)
» Contraria dispositivo da CF;
» Declara inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
» Julga válida lei ou ato de governo local contestado em face da CF;
» Julga válida lei local contestada em face de lei federal (repartição constitucional de
competências).
Requisitos:
a) Decisão prolatada em única ou última instância;
b) Prequestionamento (discutida previamente pelo órgão que decidiu);
c) Repercussão geral (recorrente deve demonstrar; pode ser recusada por 2/3 dos
membros do STF)
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se b) os mandados de segurança e os habeas


de, no mínimo, 33 Ministros. data contra ato de Ministro de Estado, dos
Comandantes da Marinha, do Exército e da
Parágrafo único. Os Ministros do STJ serão
Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
nomeados pelo Presidente da República, dentre
brasileiros com mais de 35 e menos de 70 anos de c) os habeas corpus , quando o coator ou paciente
idade, de notável saber jurídico e reputação for qualquer das pessoas mencionadas na alínea
ilibada, depois de aprovada a escolha pela "a" [governador, desembargador TJs, ministros
maioria absoluta do Senado Federal, sendo: TCE e DF, TRF, TER, TRT, conselhos ou TCM e MPU
que oficie perante tribunal], ou quando o coator
I – 1/3 dentre juízes dos TRFs e 1/3 dentre
for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de
desembargadores dos TJs, indicados em lista
Estado ou Comandante da Marinha, do Exército
tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;
ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da
II – 1/3, em partes iguais, dentre advogados e Justiça Eleitoral;
membros do Ministério Público Federal, Estadual,
d) os conflitos de competência entre quaisquer
do Distrito Federal e Territórios, alternadamente,
tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o"
indicados na forma do art. 94.
[envolvendo STJ ou Tribunais Superiores], bem
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: como entre tribunal e juízes a ele não vinculados
I - processar e julgar, originariamente: e entre juízes vinculados a tribunais diversos;

a) nos crimes comuns, os Governadores dos e) as revisões criminais e as ações rescisórias de


Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de seus julgados;
responsabilidade, os desembargadores dos TJs f) a reclamação para a preservação de sua
dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos competência e garantia da autoridade de suas
Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito decisões;
Federal, os dos TRFs, dos TRE e do TRT, os
g) os conflitos de atribuições entre autoridades
membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas
administrativas e judiciárias da União, ou entre
dos Municípios e os do MPU que oficiem perante
autoridades judiciárias de um Estado e
tribunais;
administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou c) der a lei federal interpretação divergente da
entre as deste e da União; que lhe haja atribuído outro tribunal.
h) o mandado de injunção, quando a elaboração § 1º Funcionarão junto ao STJ:
da norma regulamentadora for atribuição de
I - a Escola Nacional de Formação e
órgão, entidade ou autoridade federal, da
Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe,
administração direta ou indireta, excetuados os
dentre outras funções, regulamentar os cursos
casos de competência do STF e dos órgãos da
oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do
(ENFAM)
Trabalho e da Justiça Federal;
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a
exercer, na forma da lei, a supervisão
concessão de exequatur às cartas rogatórias;
administrativa e orçamentária da Justiça Federal
II - julgar, em recurso ordinário: de primeiro e segundo graus, como órgão central
do sistema e com poderes correicionais, cujas
a) os habeas corpus decididos em única ou última
decisões terão caráter vinculante.
instância pelos TRF ou pelos TJ dos Estados, do
Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for § 2º No recurso especial, o recorrente deve
denegatória; demonstrar a relevância das questões de direito
federal infraconstitucional discutidas no caso, nos
b) os mandados de segurança decididos em única
termos da lei, a fim de que a admissão do recurso
instância pelos TRF ou pelos TJ dos Estados, do
seja examinada pelo Tribunal, o qual somente
Distrito Federal e Territórios, quando denegatória
pode dele não conhecer com base nesse motivo
a decisão;
pela manifestação de 2/3 dos membros do órgão
c) as causas em que forem partes Estado competente para o julgamento.
estrangeiro ou organismo internacional, de um
§ 3º Haverá a relevância de que trata o § 2º deste
lado, e, do outro, Município ou pessoa residente
artigo nos seguintes casos:
ou domiciliada no País;
I - ações penais;
III - julgar, em recurso especial, as causas
decididas, em única ou última instância, pelos TRF II - ações de improbidade administrativa;
ou pelos TJ dos Estados, do Distrito Federal e
III - ações cujo valor da causa ultrapasse 500
Territórios, quando a decisão recorrida:
salários mínimos;
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes
IV - ações que possam gerar inelegibilidade;
vigência;
V - hipóteses em que o acórdão recorrido
b) julgar válido ato de governo local contestado
contrariar jurisprudência dominante do STJ;
em face de lei federal;
VI - outras hipóteses previstas em lei.

• STJ é o guardião da unidade do direito federal, buscando uniformizar a interpretação da


legislação federal. É órgão de convergência e superposição, com jurisdição sobre todo o
território nacional.
• Composição: mínimo de 33, nomeados pelo Presidente, brasileiros (nato/naturalizado),
entre de 35 e 70 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, após aprovação por
maioria absoluta do SENADO.
» 1/3 juízes dos TRFs;
» 1/3 desembargadores dos TJs;
» 1/3 advogados ou MP, alternadamente.
» STJ elabora lista tríplice e o Presidente escolhe.
» OAB e MP formam lista sêxtupla, o STJ forma lista tríplice e o Presidente escolhe.
• Competência orginária:
» Crimes comuns: governador (nos de responsabilidade é competência de tribunal
especial formado por 5 membros do Legislativo estadual e 5 desembargadores do TJ);
» Crimes comuns e de responsabilidade: membros dos TJs, TCEs, TCDF, TRFs, TREs,
TRTs, conselhos ou TCM e do MPU que oficiem perante tribunais.
» MS e HD contra ato de: Ministro de Estado, Comandantes das Forças Armadas, ou do
próprio STJ;
» Habeas Corpus (coator ou paciente): Governador, membros de TJs, TCEs e TCDF, TRFs
TREs, TRTs, conselhos ou TCM e MPU que oficiem perante tribunais.
» Habeas Corpus (somente coatora): Ministros de Estado e Comandantes (se forem
pacientes será competência do STF);
» Conflitos de competência: todos os que não são do STF (que julga envolvendo o
próprio STJ ou outros tribunais superiores), bem como os conflitos entre tribunal e
juízes não vinculados ao STJ, e entre juízes vinculados a tribunais diversos.
» Revisões criminais e rescisórias de seus próprios julgados;
» Reclamação para preservar sua competência e autoridade de suas decisões;
» Conflitos de atribuições (administrativas) entre autoridades da União, ou judiciárias
de Estado e administrativas de outro ou do DF, ou entre estas e as da União. (os
conflitos dessa natureza nos MPs serão decididos pelo CNMP).
» Mandado de Injunção: quando o ato é de competência de
órgão/entidade/autoridade federal (adm direta ou indireta), excetuada a
competência do STF e da J Militar, Eleitoral, do Trabalho e Federal;
» Homologação de sentença estrangeira e concessão de exequatur às rogatórias
(atenção! Se for auxílio direto, ou seja, extrajudicial, atrairá a competência do STF no
caso de pleito extradicional).
• Competência recursal
• Recurso Ordinário:
» Decisão denegatória em habeas corpus decidido em única ou última instância (TRF
ou TJs);
» Decisão denegatória em Mandado de Segurança em única instância (TRF ou TJ);
» Causas em que é parte Estado estrangeiro ou organismo internacional em face de
Munícipio ou pessoa domiciliada no BR (a competência originária é da JF)
• Recurso Especial: uniformizar interpretação do direito federal
» Causas decididas em única ou última instância em TRFs ou TFJs quando a decisão:
» Contraria tratado ou lei federal (ou nega sua vigência);
» Julga válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
» Der a lei federal interpretação divergente da de outro tribunal.
Requisitos:
a) Prequestionamento;
b) Causa apreciada por TRF ou TJ;
c) Controvérsia envolvendo direito federal;
d) Relevância da questão de direito federal infraconstitucional (interesses difusos
e coletivos); pode ser afastada a relevância por 2/3 dos membros do órgão
competente.
Serão consideradas relevantes:
® Ações penais;
® Improbidade administrativa;
® Valor da causa maior de 500 salários mínimos;
® De que possa resultar inelegibilidade;
® Contrariar jurisprudência dominante do STJ;
® Outras hipóteses legais.

Incidente de deslocamento de competência: federalização de graves violações de direitos


humanos; o titular é o PGR; assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados
internacionais de direitos humanos.

JUSTIÇA FEDERAL

TRF:
® Podem funcionar descentralizadamente (câmaras regionais) e instalarão a justiça itinerante.
® Composição: mínimo 7 juízes; preferencialmente na respectiva região, nomeados pelo PR;
brasileiros entre 30-70 anos.
» 1/5 advogados e membros do MPF com mais de 10 anos de atividade/carreira;
» 4/5 promoção de juízes federais com mais de 5 anos de exercício, alternadamente por
atiguidade e merecimento.
® Competência originária: processar e julgar
» Crimes comuns e de responsabilidade: Juízes federais, da Justiça Militar, do Trabalho,
membros do MPU;
» Revisões criminais e rescisórias de julgados seus ou dos juízes de 1º grau;
» MS e HD contra ato do próprio TRF ou de juiz federal;
» HC quando autoridade coatora for juiz federal;
» Conflitos de competência entre juízes federais vinculados.
® Competência recursal:
» Causas decididas pelos juízes federais e estaduais (no exercício da competência
federal).
® Organização: cada estado e DF constituirá seção judiciária com sede na capital e varas.
® Territórios: a jurisdição e atribuições dos juízes federais caberão à justiça local.

JUÍZES FEDERAIS
® Competência:
» União, entidade autárquica ou empresa pública federal interessada na causa (exceto
falência, acidente de trabalho e eleitoral e do trabalho);
» Entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa;
» Fundada em tratado ou contrato da União com estado estrangeiro ou organismo
internacional;
» Crimes políticos e infrações penais em detrimento de bens, serviços ou interesse da
União, suas autarquias ou empresas públicas (exceto contravenções, militar e
eleitoral);
» Crimes previsto em tratado ou convenção internacional;
» Causas relativas a direitos humanos (TIDH, deslocamento de competência pelo PGR);
» Crimes contra organização do trabalho, sistema financeiro e a ordem econômico-
financeira;
» HC em matéria criminal de sua competência ou quando for coatora autoridade não
sujeita a outra jurisdição;
» MS e HD contra autoridade federal (exceto as do TRF);
» Crimes a bordo de navios ou aeronaves;
» Crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro; execução de carta
rogatória (após exequatur), sentença estrangeira após homologação e causas
referentes à nacionalidade e naturalização;
» Disputa sobre direitos indígenas.
» OBS: envio clandestino de animais ao exterior é interesse da União, portanto
competência da JF (crime ambiental de caráter transnacional que envolva animais
silvestres ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por
compromissos internacionais).

JUSTIÇA DO TRABALHO

Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: § 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do
Trabalho:
I - o Tribunal Superior do Trabalho;
I - a Escola Nacional de Formação e
II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho
III - Juizes do Trabalho. (ENAMAT), cabendo-lhe, dentre outras funções,
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e
compõe-se de 27 Ministros, escolhidos dentre promoção na carreira;
brasileiros com mais de 35 e menos de 70 anos de II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho
idade, de notável saber jurídico e reputação (CSJT), cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a
ilibada, nomeados pelo Presidente da República supervisão administrativa, orçamentária,
após aprovação pela maioria absoluta do Senado financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de
Federal, sendo: primeiro e segundo graus, como órgão central do
I - um quinto dentre advogados com mais de dez sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.
anos de efetiva atividade profissional e membros § 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho
do Ministério Público do Trabalho com mais de processar e julgar, originariamente, a reclamação
dez anos de efetivo exercício, observado o para a preservação de sua competência e
disposto no art. 94; garantia da autoridade de suas decisões.
II - os demais dentre juízes dos Tribunais Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho,
Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura podendo, nas comarcas não abrangidas por sua
da carreira, indicados pelo próprio Tribunal jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com
Superior. recurso para o respectivo Tribunal Regional do
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Trabalho.
Superior do Trabalho. (Lei 7.701/88)

OBS: Lembrando que o STF não compõe a Justiça do Trabalho, apesar de ser possível recorrer
para este tribunal.
OBS: Também atuam junto ao TST (sem previsão constitucional), segundo o regimento interno,
o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Assessores e Servidores do Tribunal Superior do
Trabalho (CEFAST) e a Ouvidoria.

Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), é importante mencionar que ele é integrado
pelo Presidente e pelo Vice-Presidente do Tribunal Superior do Trabalho e pelo Corregedor-Geral
da Justiça do Trabalho, membros natos. Também compõem o Conselho três ministros eleitos
pelo Pleno do Tribunal Superior do Trabalho e cinco presidentes de Tribunais Regionais do
Trabalho, cada um deles representando uma das cinco regiões geográficas do País (Sul, Sudeste,
Centro-Oeste, Nordeste e Norte).

Atenção! O CSJT tem autonomia administrativa e regimento interno próprio, porém não tem
função jurisdicional, pois é órgão de natureza administrativa. Atua em supervisão administrativa,
orçamentária, financeira e patrimonial sobre os 24 TRTs e as Varas, não supervisiona o TST (este
é supervisionado pelo CNJ). Decide sobre fixação de despesas com efeito vinculante (exemplo:
vagas de servidores e preenchimento) à EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO E FINANCEIRO.

A) Órgãos da Justiça do Trabalho

TST:
• 27 ministros;
• 35-70 anos;
• Sabatina pelo Senado Federal (maioria absoluta);
• Nomeação pelo Presidente da República.
• 1/5 advogados e membros do MPT (+10 anos carreira).

TRTs:
• 24 TRTs
• Mínimo 7 desembargadores;
• 30-70 anos;
• Sem sabatina pelo Senado Federal;
• Nomeação pelo Presidente da República (pois é âmbito federal).
• 1/5 advogados e membros do MPT (+10 anos carreira).
• Pode se organizar em Câmaras regionais.

Juízes do Trabalho ou Varas do Trabalho:


• Juiz singular (denominação antiga: presidente da Junta de Conciliação de Julgamento);

OBS: quando não houver Justiça do Trabalho no local da prestação de serviço, nem
em cidade próxima com competência, esta irá para o Juiz de Direito (da Justiça
Comum estadual), com recurso para o TRT respectivo. Súmula 10 STJ: remessa
imediata do processo do Juiz de Direito para o Juiz do Trabalho, quando
posteriormente for criada a Justiça do Trabalho na localidade.
Esquemática para escolha de membro do TST:

Regramento da competência na CF/88:

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;
e julgar:
VII as ações relativas às penalidades
I as ações oriundas da relação de trabalho, administrativas impostas aos empregadores pelos
abrangidos os entes de direito público externo e órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
da administração pública direta e indireta da
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos
Municípios; OBS: O STF suspendeu interpretação
legais, decorrentes das sentenças que proferir;
que inclui na competência da Justiça do Trabalho
(seguridade social)
o julgamento de ações envolvendo servidores
públicos estatutários, embora as bancas cobrem a IX outras controvérsias decorrentes da relação de
interpretação literal da lei. trabalho, na forma da lei.
II as ações que envolvam exercício do direito de § 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes
greve; poderão eleger árbitros.
III as ações sobre representação sindical, entre § 2º Recusando-se qualquer das partes à
sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado
entre sindicatos e empregadores; às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio
coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça
IV os mandados de segurança, habeas
do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as
corpus e habeas data , quando o ato questionado
disposições mínimas legais de proteção ao
envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
trabalho, bem como as convencionadas
V os conflitos de competência entre órgãos com anteriormente.
jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art.
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com
102, I, o; (competência do STF para conflitos
possibilidade de lesão do interesse público, o
envolvendo STJ e outros tribunais, e tribunais
Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar
superiores)
dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho
VI as ações de indenização por dano moral ou decidir o conflito.
OBS: A Justiça do Trabalho NÃO tem competência para julgar ações fundadas em relação de
consumo (como é o caso da cobrança de honorários por profissional liberal contra cliente).

OBS: Ações envolvendo acidentes de trabalho

1. Ação movida pelo empregado em face do empregador: Justiça do Trabalho;


2. Ação movida em face do INSS visando o reconhecimento do acidente do trabalho e a
incapacidade dele advinda para pagamento das verbas devidas: Justiça Comum Estadual
(Súmulas 15, STJ, e 235 e 501 do STF).
3. Ação movida pelos herdeiros em decorrência do falecimento do empregado em acidente
de trabalho: era da Justiça Comum Estadual por força da súmula 366, STJ, que foi
cancelada, sendo o entendimento majoritário atual que a competência é da Justiça do
Trabalho.

OBS: Alteração de competência promovida pela EC 45/04 – o entendimento é no sentido de que


não alcançam os processos já sentenciados, sendo remetidas apenas as demandas pendentes.
OBS: a Justiça do Trabalho não detém competência criminal, assim, havendo crime contra a
organização do trabalho ou nos autos de processo trabalhista, a competência será da Justiça
Comum Federal.

Ações envolvendo direito de greve:


® A competência será da Justiça do Trabalho, até mesmo em caso de ação possessória (quando
os empregados invadem as empresas ou formam barricadas para que os demais não possam
trabalhar), ou indenizações em razão da greve.
® Tratando-se de servidor público, tanto estatutário quanto celetista: aplica-se o
entendimento do STF, que aponta a competência da Justiça Comum quando inexistente o
direito de greve, porém, a ação para julgar a existência ou não do direito de greve de outros
servidores celetistas, poderá ser da Justiça do Trabalho.

Ações de indenização por dano moral ou patrimonial:

® Súmula 392, TST: competência da JT em ação decorrente de dano moral fundada na relação
de trabalho ajuizada em face do empregador.
® Se a ação for ajuizada em face do INSS (lide previdênciária): competência da Justiça Comum
Estadual.

Ações relativas às penalidades impostas pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho:

® O principal órgão de fiscalização é o Ministério do Trabalho.


® A competência para discussão da aplicação da penalidade cabe à Justiça do Trabalho por
inclusão expressa na CF através da EC 45/04.

Execução das contribuições sociais:


® Somente as incidentes sobre os valores decorrentes das sentenças proferidas pela JT.
® Os valores das contribuições sociais eram executados pelo INSS, agora são devidos à União e
executados de ofício pela JT.
® Havendo acordo diverso posterior ao trânsito em julgado da condenação, a contribuição
incidirá sobre o valor do acordo homologado, respeitada a natureza das verbas deferidas em
sentença.
® OBS: Súmula Vinculante nº 53 do STF e a Súmula nº 368 do TST afirmam que as contribuições
incidentes sobre o período de trabalho reconhecido em Juízo, não são da competência da
Justiça do Trabalho, ou seja, se o trabalhador laborou sem CTPS assinada e conseguiu o
reconhecimento do vínculo em juízo, as contribuições que deveriam ter sido pagas naquele
período não serão executadas na justiça especializada

Descumprimento de normas de segurança, higiene e saúde no trabalho: SÚMULA 736 STF,


competência da JT.

Ações entre trabalhador portuário (avulso) e o OGMO: Vara do Trabalho.

TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

® Atualmente as competências do TST regem-se pela Lei 7.701/88.

Órgãos do TST:
• Tribunal Pleno;
• Órgão especial;
• Seção Especializada em Dissídios Coletivos;
• Seção Especializada em Dissídios Individuais,
dividida em duas subseções;
• Turmas.

Funcionam junto ao TST:


• ENAMAT (escola de magistratura);
• CSJT;
• CEFAST (centro de formação);
• Ouvidoria.

® Tribunal Pleno: todos os membros do tribunal.

® Órgão Especial:
• Composto por 14 ministros (7 por antiguidade + 7 por eleição e 3 suplentes).

® Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC):


• Composto por 9, Presidente e Vice do TST, Corregedor-Geral da JT e mais 6 ministros.
® Seção Especializada em Dissídios Individuais (SDI):
• 21 ministros: Presidente e Vice do TST, CGJT e mais 18 ministros.

® Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SBDI-1):


• 14 ministros: Presidente e Vice do TST, CGJT e mais 11 ministros.

® Subseção II Especializada em Dissídios Individuais (SBDI-2):


• 10 ministros: Presidente e Vice do TST, CGJT e mais 7 ministros.

® 8 Turmas:
• Cada uma é formada por 3 ministros, sendo este o quorum mínimo para funcionamento.

JUSTIÇA ELEITORAL

TSE > TER > Juntas Eleitorais e Juízes eleitorais.

Não há vitaliciedade! Não há subsídio, há somente uma verba de indenização. Porém há a


garantia da inamovibilidade, porquanto os cargos são por mandato (não menor que 2 anos e
não maior que 4 anos consecutivos). Os membros acumulam funções.

TSE:
Composição: mínimo 7
a) mediante eleição (voto secreto):
» 3 juízes dentre os Ministros do STF; (Presidente e Vice serão eleitos dentre esses)
» 2 juízes dentre os Ministros do STJ; (Corregedor será eleito dentre esses)
b) por nomeação do Presidente da República,
» 2 juízes dentre 6 advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo
STF.

® Em regra são irrecorríveis as decisões do TSE, exceto:


» Contrária à CF;
» Denegatória de HC ou MS (RO para o STF).

TRE:

Cada estado tem um TRE. Composição:


a) Mediante eleição (voto secreto):
» 2 desembargadores do TJ; (serão eleitos presidente e vice)
» 2 juízes de direito escolhidos pelo TJ.
b) 1 juiz do TRF da capital , escolhido pelo TRF;
c) 2 juízes dentre 6 advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral indicados pelo
TJ e nomeados pelo Presidente.

Somente cabe recurso de decisão do TRE quando:


» Contrária a disposição expressa da CF ou de lei;
» Divergência na interpretação de lei entre TREs;
» Sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas;
» Anular diploma ou decretar perda de mandato eletivo;
» Denegatória de HC, MS, HD ou MI.

JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO

São órgãos da Justiça Militar o Superior Tribunal Militar (STM) e os Tribunais e Juízes Militares
instituídos por lei (art. 122).
O Superior Tribunal Militar (STM) é composto de 15 Ministros vitalícios, nomeados pelo
Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo:
a) 3 dentre oficiais-generais da Marinha, da ativa e do posto mais elevado da carreira;
b) 4 dentre oficiais-generais do Exército, da ativa e do posto mais elevado da carreira;
c) 3 dentre oficiais-generais da Aeronáutica, da ativa e do posto mais elevado da carreira;
d) 5 dentre civis, escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de 35
e menos de 70 anos de idade, sendo:
» 3 dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade profissional;
» 2 por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público
da Justiça Militar.

TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS

• Os estados organizarão sua Justiça;


• A competência será definida pela Constituição do Estado.
• Lei de organização judiciária é de iniciativa do TJ.
• Competência é residual (tudo que não for federal, trabalho ou eleitoral).
• Representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais
em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação a um único órgão.
• Se efetivo militar maior que 20 mil integrantes, pode ser criada a Justiça Militar Estadual

PRECATÓRIOS

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas créditos respectivos, proibida a designação de
Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e
em virtude de sentença judiciária, far-se-ão nos créditos adicionais abertos para este fim.
exclusivamente na ordem cronológica de
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia
apresentação dos precatórios e à conta dos
compreendem aqueles decorrentes de salários, respectiva.
vencimentos, proventos, pensões e suas
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que,
complementações, benefícios previdenciários e
por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar
indenizações por morte ou por invalidez, fundadas
frustrar a liquidação regular de precatórios
em responsabilidade civil, em virtude de sentença
incorrerá em crime de responsabilidade e
judicial transitada em julgado, e serão pagos com
responderá, também, perante o Conselho
preferência sobre todos os demais débitos,
Nacional de Justiça.
exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste
artigo. § 8º É vedada a expedição de precatórios
complementares ou suplementares de valor
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos
pago, bem como o fracionamento, repartição ou
titulares, originários ou por sucessão hereditária,
quebra do valor da execução para fins de
tenham 60 anos de idade, ou sejam portadores de
enquadramento de parcela do total ao [requisição
doença grave, ou pessoas com deficiência, assim
de pequeno valor] que dispõe o § 3º deste artigo.
definidos na forma da lei, serão pagos com
preferência sobre todos os demais débitos, até o § 9º Sem que haja interrupção no pagamento do
valor equivalente ao triplo fixado em lei para os precatório e mediante comunicação da Fazenda
fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o Pública ao Tribunal, o valor correspondente aos
fracionamento para essa finalidade, sendo que o eventuais débitos inscritos em dívida ativa contra
restante será pago na ordem cronológica de o credor do requisitório e seus substituídos
apresentação do precatório. deverá ser depositado à conta do juízo
responsável pela ação de cobrança, que decidirá
§ 3º O disposto no caput deste artigo
pelo seu destino definitivo.
relativamente à expedição de precatórios não se
aplica aos pagamentos de obrigações definidas § 10. Antes da expedição dos precatórios, o
em leis como de pequeno valor que as Fazendas Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora,
referidas devam fazer em virtude de sentença para resposta em até 30 dias, sob pena de perda
judicial transitada em julgado do direito de abatimento, informação sobre os
débitos que preencham as condições
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser
estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos.
fixados, por leis próprias, valores distintos às
entidades de direito público, segundo as § 11. É facultada ao credor, conforme
diferentes capacidades econômicas, sendo o estabelecido em lei do ente federativo devedor,
mínimo igual ao valor do maior benefício do com auto aplicabilidade para a União, a oferta de
regime geral de previdência social. créditos líquidos e certos que originalmente lhe
são próprios ou adquiridos de terceiros
§ 5º É obrigatória a inclusão no orçamento das
reconhecidos pelo ente federativo ou por decisão
entidades de direito público de verba necessária
judicial transitada em julgado para:
ao pagamento de seus débitos oriundos de
sentenças transitadas em julgado constantes de I - quitação de débitos parcelados ou débitos
precatórios judiciários apresentados até 2 de inscritos em dívida ativa do ente federativo
abril, fazendo-se o pagamento até o final do devedor, inclusive em transação resolutiva de
exercício seguinte, quando terão seus valores litígio, e, subsidiariamente, débitos com a
atualizados monetariamente. administração autárquica e fundacional do mesmo
ente;
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos
abertos serão consignados diretamente ao Poder II - compra de imóveis públicos de propriedade do
Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que mesmo ente disponibilizados para venda;
proferir a decisão exequenda determinar o III - pagamento de outorga de delegações de
pagamento integral e autorizar, a requerimento serviços públicos e demais espécies de concessão
do credor e exclusivamente para os casos de negocial promovidas pelo mesmo ente;
preterimento de seu direito de precedência ou de
não alocação orçamentária do valor necessário à IV - aquisição, inclusive minoritária, de
satisfação do seu débito, o sequestro da quantia participação societária, disponibilizada para
venda, do respectivo ente federativo; ou da Constituição Federal, verificado no período
compreendido pelo segundo mês imediatamente
V - compra de direitos, disponibilizados para
anterior ao de referência e os 11 meses
cessão, do respectivo ente federativo, inclusive, no
precedentes, excluídas as duplicidades, e
caso da União, da antecipação de valores a serem
deduzidas:
recebidos a título do excedente em óleo em
contratos de partilha de petróleo. I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios por
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda
determinação constitucional;
Constitucional, a atualização de valores de
requisitórios, após sua expedição, até o efetivo II - nos Estados, as parcelas entregues aos
pagamento, independentemente de sua natureza, Municípios por determinação constitucional;
será feita pelo índice oficial de remuneração
III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos
básica da caderneta de poupança, e, para fins de
Municípios, a contribuição dos servidores para
compensação da mora, incidirão juros simples no
custeio de seu sistema de previdência e
mesmo percentual de juros incidentes sobre a
assistência social e as receitas provenientes da
caderneta de poupança, ficando excluída a
compensação financeira referida no § 9º do art.
incidência de juros compensatórios.
201 da Constituição Federal.
§ 13. O credor poderá ceder, total ou
§ 19. Caso o montante total de débitos
parcialmente, seus créditos em precatórios a
decorrentes de condenações judiciais em
terceiros, independentemente da concordância
precatórios e obrigações de pequeno valor, em
do devedor, não se aplicando ao cessionário o
período de 12 meses, ultrapasse a média do
disposto nos §§ 2º e 3º. [prioridades genéricas e
comprometimento percentual da receita corrente
pequeno valor]
líquida nos 5 anos imediatamente anteriores, a
§ 14. A cessão de precatórios, observado o parcela que exceder esse percentual poderá ser
disposto no § 9º deste artigo, somente produzirá financiada, excetuada dos limites de
efeitos após comunicação, por meio de petição endividamento de que tratam os incisos VI e VII do
protocolizada, ao Tribunal de origem e ao ente art. 52 da Constituição Federal e de quaisquer
federativo devedor. outros limites de endividamento previstos, não se
aplicando a esse financiamento a vedação de
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei
vinculação de receita prevista no inciso IV do art.
complementar a esta Constituição Federal poderá
167 da Constituição Federal.
estabelecer regime especial para pagamento de
crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal § 20. Caso haja precatório com valor superior a
e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita 15% do montante dos precatórios apresentados
corrente líquida e forma e prazo de liquidação. nos termos do § 5º deste artigo, 15% do valor
deste precatório serão pagos até o final do
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a
exercício seguinte e o restante em parcelas iguais
União poderá assumir débitos, oriundos de
nos cinco exercícios subsequentes, acrescidas de
precatórios, de Estados, Distrito Federal e
juros de mora e correção monetária, ou mediante
Municípios, refinanciando-os diretamente.
acordos diretos, perante Juízos Auxiliares de
§ 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Conciliação de Precatórios, com redução máxima
Municípios aferirão mensalmente, em base anual, de 40% do valor do crédito atualizado, desde que
o comprometimento de suas respectivas receitas em relação ao crédito não penda recurso ou
correntes líquidas com o pagamento de defesa judicial e que sejam observados os
precatórios e obrigações de pequeno valor. requisitos definidos na regulamentação editada
§ 18. Entende-se como receita corrente líquida, pelo ente federado.
para os fins de que trata o § 17, o somatório das § 21. Ficam a União e os demais entes federativos,
receitas tributárias, patrimoniais, industriais, nos montantes que lhes são próprios, desde que
agropecuárias, de contribuições e de serviços, de aceito por ambas as partes, autorizados a utilizar
transferências correntes e outras receitas valores objeto de sentenças transitadas em
correntes, incluindo as oriundas do § 1º do art. 20
julgado devidos a pessoa jurídica de direito público descumprimento de prestação de contas ou de
para amortizar dívidas, vencidas ou vincendas: desvio de recursos.
I - nos contratos de refinanciamento cujos § 22. A amortização de que trata o § 21 deste
créditos sejam detidos pelo ente federativo que artigo:
figure como devedor na sentença de que trata
I - nas obrigações vencidas, será imputada
o caput deste artigo;
primeiramente às parcelas mais antigas;
II - nos contratos em que houve prestação de
II - nas obrigações vincendas, reduzirá
garantia a outro ente federativo;
uniformemente o valor de cada parcela devida,
III - nos parcelamentos de tributos ou de mantida a duração original do respectivo contrato
contribuições sociais; e ou parcelamento.
IV - nas obrigações decorrentes do

• Período de graça: não incidem juros de mora entre a apresentação do precatório (até 1
de julho) e o efetivo pagamento (até o final do exercício seguinte). A fluência dos juros de
mora inicia após o período de graça.
• Crime de responsabilidade: do Presidente do tribunal que retardar ou tentar frustrar a
liquidação regular de precatórios (responde perante o CNJ também).
• Precatórios de natureza alimentícia: tem preferência sobre os demais (exceto 60 anos,
doença grave e deficiência).
• Requisições de pequeno valor (RPV): não observam a ordem cronológica; cada ente
federativo definirá por lei o valor (o limite máximo será o maior benefício do RGPS). Se o
ente não edita a lei:
» União: 60 salários mínimos;
» Estados e DF: 40 salários mínimos;
» Municípios: 30 salários mínimos.
• Superpreferência: natureza alimentícia com titular com 60 anos, portador de doença
grave ou com deficiência (até o triplo do fixado como RPV, o restante segue ordem
cronológica; somente nessa hipótese pode haver fracionamento).
• Ordem de pagamento disposta no ADCT, art. 107-A, §8º:
I - obrigações definidas em lei como de pequeno valor, previstas no § 3º do art. 100 da
Constituição Federal;
II - precatórios de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão
hereditária, tenham no mínimo 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de
doença grave ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei, até o valor
equivalente ao triplo do montante fixado em lei como obrigação de pequeno valor;
III - demais precatórios de natureza alimentícia até o valor equivalente ao triplo do
montante fixado em lei como obrigação de pequeno valor;
IV - demais precatórios de natureza alimentícia além do valor previsto no inciso III deste
parágrafo;
V - demais precatórios.
• Compensação: possível se a dívida e o precatório forem do mesmo ente federativo (é
faculdade).
• Aquisição de imóveis públicos: pode ser feita com precatórios do mesmo ente; serve
também para pagamento de outorga de delegação de serviço público e demais espécies
de concessões negociais no mesmo ente; aquisição de participação societária; compra de
direitos disponibilizados para cessão do mesmo ente (inclusive antecipação de valores a
título do excedente em óleo em contratos de partilha de petróleo).
• Cessão de precatórios: é possível, dispensada a concordância da Fazenda, porém o
terceiro não fará jus às preferências de superpreferência e RPVs. Produzirá efeitos após
comunicação por petição ao tribunal e à entidade devedora.
• Regime especial: do ADCT (enquanto não editada a competente LC) é inconstitucional
(STF), permitido somente por 5 exercícios financeiros a contar de 01/01/2016 (modulação
de efeitos da decisão).
• Acordo com deságio: pode ser feito direto com os Juízos Auxiliares de Conciliação de
Pagamento de Condenações Judiciais contra a Fazenda Pública Federal para receber o
crédito antecipadamente com a renúncia de 40% do valor.
• STF: o regime dos precatórios é aplicável às sociedades de economia mista prestadoras
de serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial.

11. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

11. 1. MINISTÉRIO PÚBLICO

• É instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a


defesa da ordem jurídica, do regime democtrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis.
• É instituição autônoma e independente que não integra nenhum Poder.
• É cláusula pétrea implícita por ser guardião do regime democrático.

Art. 127. O Ministério Público é instituição orçamentária dentro dos limites estabelecidos na
permanente, essencial à função jurisdicional do lei de diretrizes orçamentárias.
Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a
jurídica, do regime democrático e dos interesses
respectiva proposta orçamentária dentro do prazo
sociais e individuais indisponíveis.
estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o
§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Poder Executivo considerará, para fins de
Público a unidade, a indivisibilidade e a consolidação da proposta orçamentária anual, os
independência funcional. valores aprovados na lei orçamentária vigente,
ajustados de acordo com os limites estipulados na
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada
forma do § 3º.
autonomia funcional e administrativa, podendo,
observado o disposto no art. 169, propor ao Poder § 5º Se a proposta orçamentária de que trata este
Legislativo a criação e extinção de seus cargos e artigo for encaminhada em desacordo com os
serviços auxiliares, provendo-os por concurso limites estipulados na forma do § 3º, o Poder
público de provas ou de provas e títulos, a política Executivo procederá aos ajustes necessários para
remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá fins de consolidação da proposta orçamentária
sobre sua organização e funcionamento. anual.
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta § 6º Durante a execução orçamentária do
exercício, não poderá haver a realização de a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não
despesas ou a assunção de obrigações que podendo perder o cargo senão por sentença
extrapolem os limites estabelecidos na lei de judicial transitada em julgado;
diretrizes orçamentárias, exceto se previamente
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse
autorizadas, mediante a abertura de créditos
público, mediante decisão do órgão colegiado
suplementares ou especiais.
competente do Ministério Público, pelo voto da
Art. 128. O Ministério Público abrange: maioria absoluta de seus membros, assegurada
ampla defesa;
I - o Ministério Público da União, que
compreende: c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do
art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37,
a) o Ministério Público Federal;
X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I;
b) o Ministério Público do Trabalho;
II - as seguintes vedações:
c) o Ministério Público Militar;
a) receber, a qualquer título e sob qualquer
d) o Ministério Público do Distrito Federal e pretexto, honorários, percentagens ou custas
Territórios; processuais;
II - os Ministérios Públicos dos Estados. b) exercer a advocacia;
§ 1º O Ministério Público da União tem por chefe c) participar de sociedade comercial, na forma da
o Procurador-Geral da República, nomeado pelo lei;
Presidente da República dentre integrantes da
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer
carreira, maiores de 35 anos, após a aprovação de
outra função pública, salvo uma de magistério;
seu nome pela maioria absoluta dos membros do
Senado Federal, para mandato de dois anos, e) exercer atividade político-partidária;
permitida a recondução.
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios
§ 2º A destituição do Procurador-Geral da ou contribuições de pessoas físicas, entidades
República, por iniciativa do Presidente da públicas ou privadas, ressalvadas as exceções
República, deverá ser precedida de autorização previstas em lei.
da maioria absoluta do Senado Federal.
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público
§ 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do o disposto no art. 95, parágrafo único, V.
Distrito Federal e Territórios formarão lista
Art. 129. São funções institucionais do Ministério
tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da
Público:
lei respectiva, para escolha de seu Procurador-
Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder I - promover, privativamente, a ação penal
Executivo, para mandato de 2 anos, permitida pública, na forma da lei;
uma recondução. II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes
§ 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Públicos e dos serviços de relevância pública aos
Distrito Federal e Territórios poderão ser direitos assegurados nesta Constituição,
destituídos por deliberação da maioria absoluta promovendo as medidas necessárias a sua
do Poder Legislativo, na forma da lei garantia;
complementar respectiva. III - promover o inquérito civil e a ação civil
§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, pública, para a proteção do patrimônio público e
cuja iniciativa é facultada aos respectivos social, do meio ambiente e de outros interesses
Procuradores-Gerais, estabelecerão a difusos e coletivos;
organização, as atribuições e o estatuto de cada IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou
Ministério Público, observadas, relativamente a representação para fins de intervenção da União
seus membros: e dos Estados, nos casos previstos nesta
I - as seguintes garantias: Constituição;
V - defender judicialmente os direitos e interesses uma recondução, sendo:
das populações indígenas;
I - o Procurador-Geral da República, que o preside;
VI - expedir notificações nos procedimentos
II - 4 membros do Ministério Público da União,
administrativos de sua competência, requisitando
assegurada a representação de cada uma de suas
informações e documentos para instruí-los, na
carreiras;
forma da lei complementar respectiva;
III - 3 membros do Ministério Público dos Estados;
VII - exercer o controle externo da atividade
policial, na forma da lei complementar IV - dois juízes, indicados um pelo STF e outro pelo
mencionada no artigo anterior; STJ;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a V - 2 advogados, indicados pelo Conselho Federal
instauração de inquérito policial, indicados os da Ordem dos Advogados do Brasil;
fundamentos jurídicos de suas manifestações VI - 2 cidadãos de notável saber jurídico e
processuais; reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
IX - exercer outras funções que lhe forem Deputados e outro pelo Senado Federal.
conferidas, desde que compatíveis com sua § 1º Os membros do Conselho oriundos do
finalidade, sendo-lhe vedada a representação Ministério Público serão indicados pelos
judicial e a consultoria jurídica de entidades respectivos Ministérios Públicos, na forma da lei.
públicas.
§ 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as Público o controle da atuação administrativa e
ações civis previstas neste artigo não impede a de financeira do Ministério Público e do
terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o cumprimento dos deveres funcionais de seus
disposto nesta Constituição e na lei. membros, cabendo lhe:
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser I - zelar pela autonomia funcional e administrativa
exercidas por integrantes da carreira, que deverão do Ministério Público, podendo expedir atos
residir na comarca da respectiva lotação, salvo regulamentares, no âmbito de sua competência,
autorização do chefe da instituição. ou recomendar providências;
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de
far-se-á mediante concurso público de provas e ofício ou mediante provocação, a legalidade dos
títulos, assegurada a participação da Ordem dos atos administrativos praticados por membros ou
Advogados do Brasil em sua realização, exigindo- órgãos do Ministério Público da União e dos
se do bacharel em direito, no mínimo, três anos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou
de atividade jurídica e observando-se, nas fixar prazo para que se adotem as providências
nomeações, a ordem de classificação. necessárias ao exato cumprimento da lei, sem
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que prejuízo da competência dos Tribunais de Contas;
couber, o disposto no art. 93. III - receber e conhecer das reclamações contra
§ 5º A distribuição de processos no Ministério membros ou órgãos do Ministério Público da
Público será imediata. União ou dos Estados, inclusive contra seus
serviços auxiliares, sem prejuízo da competência
Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto
disciplinar e correicional da instituição, podendo
aos Tribunais de Contas aplicam-se as disposições
avocar processos disciplinares em curso,
desta seção pertinentes a direitos, vedações e
determinar a remoção ou a disponibilidade e
forma de investidura.
aplicar outras sanções administrativas,
Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério assegurada ampla defesa;
Público compõe-se de 14 membros nomeados
IV - rever, de ofício ou mediante provocação, os
pelo Presidente da República, depois de aprovada
processos disciplinares de membros do Ministério
a escolha pela maioria absoluta do Senado
Público da União ou dos Estados julgados há
Federal, para um mandato de 2 anos, admitida
menos de um ano;
V - elaborar relatório anual, propondo as inspeção e correição geral;
providências que julgar necessárias sobre a
III - requisitar e designar membros do Ministério
situação do Ministério Público no País e as
Público, delegando-lhes atribuições, e requisitar
atividades do Conselho, o qual deve integrar a
servidores de órgãos do Ministério Público.
mensagem prevista no art. 84, XI.
§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem
§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta,
dos Advogados do Brasil oficiará junto ao
um Corregedor nacional, dentre os membros do
Conselho.
Ministério Público que o integram, vedada a
recondução, competindo-lhe, além das § 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias
atribuições que lhe forem conferidas pela lei, as do Ministério Público, competentes para receber
seguintes: reclamações e denúncias de qualquer interessado
contra membros ou órgãos do Ministério Público,
I - receber reclamações e denúncias, de qualquer
inclusive contra seus serviços auxiliares,
interessado, relativas aos membros do Ministério
representando diretamente ao Conselho
Público e dos seus serviços auxiliares;
Nacional do Ministério Público.
II - exercer funções executivas do Conselho, de

Organização:

Ministério Público Especial: atua perante os Tribunais de Contas. São incumbidos de controle
externo e fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial da administração pública.
Não fazem parte do Ministério Público Brasileiro.

Não há MP de direito eleitoral, mas os MPFs e MPEs são incumbidos de funções eleitorais.

Chefe do MPU: Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da República, após


aprovação do Senado.
Chefe do MP estadual: Procurador-Geral de Justiça, nomeado pelo Governador (não pode haver
vinculação à aprovação pelo Legislativo).
Chefe do MPDFT: por ser parte do MPU, terá o PGJ nomeado pelo Presidente da República.
Chefe do MPT: Procurador-Geral do Trabalho, nomeado pelo PGR com mais de 35 anos e 5 anos
na carreira.
MPJM: Procurador-Geral da Justiça Militar, nomeado pelo PGR, como o MPT.

Não há hierarquia entre MPU e MPE; eventual conflito de competência entre ramos dos MPs será
resolvido pelo CNMP.
» Conflito de atribuições entre membros do mesmo MPE: solucionado pelo PGJ do estado;
» Conflito de atribuições entre membros de ramos distindos do MPU: solucionado pelo
PGR;
» Conflito de atribuições entre membros do MPF: solucionado pelas câmaras de
coordenação e revisão (órgãos do MPF responsáveis pela coordenação, integração e
revisão do exercício funcional), cabe recurso para o PGR;
» Conflito de atribuições entre membro do MPE e membro do MPF ou entre MPEs
distintos: solucionado pelo CNMP.

Lei de organização do MPU: iniciativa concorrente do Presidente da República e do PGR (lei


complementar federal).
Organização de MPE: iniciativa do respectivo PGJ (lei complementar estadual).

STF: É inconstitucional lei estadual que prevê movimentação funcional entre membros do
Ministério Público, mediante procedimentos e critérios diversos dos estabelecidos pelo modelo
federal.

Lei federal ordinária pode dispor sobre normas gerais de organização do MP dos estados DF e
territórios.

O MPF tem competência para atuar em qualquer tribunal ou juízo do país quando a causa for
relacionada a direito das populações indígenas, do meio ambiente, de bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, integrantes do patrimônio nacional.

Em regra quem atua no STF é o PGR, que pode designar subprocuradores-gerais da república
(membros de carreira do MPF). No STJ atuam o PGR e os MPF. Os MPEs e MPDFT podem postular
diretamente no STF e STJ em recursos e impugnações oriundos de processos nos quais o ramo
estadual tem atribuição para atuar e podem propor reclamação constitucional no STF.

Princípios Institucionais do Ministério Público

• Unidade: é um único órgão sob direção de única pessoa, que visa promover o interesse
público e o bem comum; apenas está organicamente dividido para atender ao princípio
federativo (repartição constitucional de competências. A unidade somente se aplica
dentro de cada um dos MPs, ou seja, não há unidade entre o MPU e os MPEs.
• Indivisibilidade: integrantes do MP podem ser substituídos uns pelos outros, desde que
sejam da mesma carreira; não estão vinculados a um processo; a atuação de um membro
do MP representa a atuação da própria instituição, assim pode ser substituído por outro.
• Independência funcional: duas acepções (independência externa/orgânica, MP como um
todo e independência interna, cada membro individualmente); o MP não está sujeito à
interferências de outros órgãos ou Poderes; os membros do MP se vinculam apenas ao
ordenamento jurídico e à sua convicção, não estão subordinados à hierarquia funcional,
somente hierarquia administrativa, assim cada membro é livre para agir segundo sua
consciência dentro dos limites da lei. A independência funcional limita a indivisibilidade,
pois devem haver regras preestabelecidas para substituição de membros do MP no curso
de um processo para evitar arbitrariedades.
• Promotor natural: princípio implícito, deriva do juiz natural; a designação do promotor
deve obedecer regras objetivas e critérios preestabelecidos. Baseado na independência
funcional e garantia de inamovibilidade.
• Autonomia funcional, administrativa e orçamentário-financeira: asseguram o
autogoverno do MP, para poder atuar sem interferências, são garantias institucionais.
STF: “o Ministério Público pode deflagrar o processo legislativo de lei concernente à
política remuneratória e aos planos de carreira de seus membros e servidores”.
Tem iniciativa para propor leis de organização, criação e extinção de cargos e serviços
auxiliares, bem como elaborar sua proposta orçamentária.

Ministério Público Especial: atua junto aos tribunais de contas, não integra o MPU, integra a
estrutura orgânica do TCU/TCE; a iniciativa de lei é do tribunal de contas.

CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

É órgão de controle externo do MP com atuação em todo o território nacional, porém não integra
a estrutura do MP.

Composição: 14 membros, nomeados pelo PR, depois de aprovada pela maioria absoluta do
Senado para mandato de 2 anos, admitida 1 recondução.
» PGR, que o preside;
» 4 membros do MPU (cada uma das carreiras);
» 3 membros de MPE;
» 2 juízes (1 indicado pelo STF e 1 pelo STJ);
» 2 advogados (Conselho Federal da OAB);
» 2 cidadãos (1 pela Câmara outro pelo Senado; notável saber jurídico e reputação ilibada).

• O CNMP escolhe (votação secreta) um Corregedor Nacional (vedada recondução).


• O presidente do Conselho Federal da OAB oficia junto ao CNMP, portanto não poderá sem
membro.
11.2. ADVOCACIA PÚBLICA

Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a § 3º - Na execução da dívida ativa de natureza


instituição que, diretamente ou através de órgão tributária, a representação da União cabe à
vinculado, representa a União, judicial e Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional,
extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da observado o disposto em lei.
lei complementar que dispuser sobre sua
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do
organização e funcionamento, as atividades de
Distrito Federal, organizados em carreira, na qual
consultoria e assessoramento jurídico do Poder
o ingresso dependerá de concurso público de
Executivo.
provas e títulos, com a participação da Ordem dos
§ 1º - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogados do Brasil em todas as suas fases,
Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo exercerão a representação judicial e a consultoria
Presidente da República dentre cidadãos maiores jurídica das respectivas unidades federadas.
de 35 anos, de notável saber jurídico e reputação
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste
ilibada.
artigo é assegurada estabilidade após três anos de
§ 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras efetivo exercício, mediante avaliação de
da instituição de que trata este artigo far-se-á desempenho perante os órgãos próprios, após
mediante concurso público de provas e títulos. relatório circunstanciado das corregedorias.

• Responsável pela defesa jurídica dos entes federativos, integra o Poder Executivo.
• Federal: Advocacia-Geral da União.
• Estados: Procuradorias Gerais estaduais.
• Municípios: Procuradorias municipais (é a única função essencial que tem manifestação
municipal).
• Representação decorre de lei, portanto dispensada juntada de procuração em processo
judicial.
• A representação estatal não é exclusiva da Advocacia Pública.
• Somente presta consultoria e assessoramento jurídico ao Poder Executivo.
• Não há necessidade de aprovação do Senado para a nomeação do AGU pelo presidente.
• Não abrange as empresas estatais, portanto só atendem a administração direta,
autárquica e fundacional.
• Lei estadua pode destinar aos procuradores do estado honorários advindos de meios
alternativos de cobrança desde que respeitado o teto constitucional.
• As procuradorias de estado e de município não gozam de autonomia funcional,
administrativa ou financeira, pois integram os respectivos Poderes Executivos, e a
administração direta é uma.
• Os procuradores estaduais não têm foro por prerrogativa de função perante os TJs,
apenas excepcionalmente tem as autoridades federais, estaduais e municiapais. Os
estados não são livres para criar hipóteses de foro por prerrogativa de função pela
constituição estadual.
• Inconstitucional a criação de procuradoria autárquica pelos estados. A exceção é a criação
de procuradorias vinculadas as ALES e aos TCEs, e no ADCT para as procuradorias
separadas já existentes na data da promulgação da CF.
• Não possuem garantia de inamovibilidade nem independência funcional.
11.3. DEFENSORIA PÚBLICA

Art. 134. A Defensoria Pública é instituição atribuições institucionais.


permanente, essencial à função jurisdicional do
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são
Estado, incumbindo-lhe, como expressão e
asseguradas autonomia funcional e
instrumento do regime democrático,
administrativa e a iniciativa de sua proposta
fundamentalmente, a orientação jurídica, a
orçamentária dentro dos limites estabelecidos na
promoção dos direitos humanos e a defesa, em
lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao
todos os graus, judicial e extrajudicial, dos
disposto no art. 99, § 2º .
direitos individuais e coletivos, de forma integral
e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias
LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal . Públicas da União e do Distrito Federal.
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria § 4º São princípios institucionais da Defensoria
Pública da União e do Distrito Federal e dos Pública a unidade, a indivisibilidade e a
Territórios e prescreverá normas gerais para sua independência funcional, aplicando-se também,
organização nos Estados, em cargos de carreira, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II
providos, na classe inicial, mediante concurso do art. 96 desta Constituição Federal.
público de provas e títulos, assegurada a seus Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras
integrantes a garantia da inamovibilidade e disciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão
vedado o exercício da advocacia fora das remunerados na forma do art. 39, § 4º.

• Competência concorrente da União, estados e DF para legislar sobre assistência jurídica


e defensoria pública. União define as regras gerais.
• Inconstitucional norma estadual que atribui à DP defesa de servidores públicos civis
estaduais. Também é incostitucional a criação de advogado da Justiça Militar pois não se
coaduna com o modelo constitucional.
• O ente federativo pode ser condenado a pagar honorários à sua própria DP.
• Têm garantia de inamovibilidade (mas não a vitaliciedade); remunerados por subsídio.
• Não se deve exigir do defensor público inscrição na OAB, pois sua atuação decorre apenas
da nomeação e posse no cargo.
• As regras de organização da magistratura são aplicadas, no que couber, à DP.
• Não está subordinada a nenhum Poder.
• O DF tem sua própria Defensoria Pública.
• Não pode ser vinculada a nenhuma Secretaria de Estado, nem ao Poder Executivo (ou
qualquer Poder).
• STF: a Defensoria Pública detém a prerrogativa de requisitar, de quaisquer autoridades
públicas e de seus agentes, certidões, exames, perícias, vistorias, diligências, processos,
documentos, informações, esclarecimentos e demais providências necessárias à sua
atuação.
• STF: o serviço prestado pelo Município às pessoas necessitadas amplia o acesso à justiça
e não fere a autonomia das defensorias públicas. Não se trata de defensorias públicas
municipais, algo incompatível com a Constituição, mas sim de oferta de assistência
jurídica.
• Detém legitimidade para ajuizar ações civil públicas e mandados de injunção coletivos,
bem como habeas corpus coletivo.
• Pode atender pessoa jurídica desde que hipossuficiente.
• É constitucional norma que criou a Ouvidoria-Geral da DP nos estados e estabeleceu sua
competência.
• STF: A omissão estatal que inviabilize a pessoas carentes o direito fundamental à
defensoria pública enseja intervenção jurisdicional que vise implementar programa
constitucional destinado a conferir acesso gratuito aos desassistidos.

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