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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval...................................................................5
1. Filosofia do Direito no Pensamento Clássico. .............................................................................................5
1.1. Noções Iniciais............................................................................................................................................................5
1.2. Filosofia Antropológica: Sócrates (469-399 a.C.) e os Sofistas...................................................7
1.3. Direito e Justiça no Pensamento de Platão (427-347)................................................................... 10
1.4. Justiça, Virtude e Equidade no Pensamento de Aristóteles (384-322 a.C.)........................14
2. Filosofia do Direito Medieval............................................................................................................................29
2.1. Filosofia do Direito no Pensamento de Santo Agostinho (354-430).....................................30
2.2. Filosofia do Direito no Pensamento de Santo Tomás de Aquino (1225-1274). .................35
Resumo................................................................................................................................................................................39
Mapa Mental.....................................................................................................................................................................40
Questões Comentadas em Aula.. ............................................................................................................................41
Questões de Concurso................................................................................................................................................48
Gabarito...............................................................................................................................................................................55
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................56
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
Apresentação
Olá aluno(a), tudo bem?
Seja bem-vindo(a) ao curso de Filosofia do Direito.
Você irá perceber que é possível dividir os sistemas filosóficos em quatro grandes
períodos históricos:
1. Filosofia Antiga (clássica);
2. Filosofia Medieval;
3. Filosofia Moderna;
4. Filosofia Contemporânea.
As duas questões cobradas versam, na maioria das vezes, sobre dois períodos distintos,
sendo mais comum se cobrar o pensamento de filósofos modernos e contemporâneos.
Embora o sistema de cada filósofo seja um pensamento próprio, saber em qual período ele
se enquadra pode ser de grande valia, porque permite a você um melhor direcionamento na
compreensão da temática em que se encontra inserida e, consequentemente, eliminar alterna-
tivas que não estejam caracterizadas àquele pensamento.
Para facilitar o entendimento do conteúdo, vou trabalhar com questões específicas da
FGV cobradas em exames anteriores e questões dos nossos simulados. Eventualmente, como
complemento, trarei algumas questões de concurso de outras bancas examinadoras.
Mas antes de continuarmos, vou me apresentar para que você possa me conhecer um pou-
co melhor. Sou Mestre em Sociologia pela Universidade de Brasília, bacharel em Direito pelo
Centro Universitário de Brasília e bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de
Goiás. Sou advogado no Escritório França e Penha Advogadas e Associados em Brasília.
Além da advocacia, sou professor universitário desde o ano de 2000. Desde então já atuei
em diversas instituições em Brasília, tais como, Centro Universitário Euro-Americano (2003-
2010); Universidade Católica de Brasília (2006-2019) e Centro Universitário Estácio de Brasília
(2014-2019). Atualmente sou professor do Centro Universitário UniProcessus-DF, estou à fren-
te das disciplinas de Filosofia do Direito e Direito Eleitoral.
Aqui no Grancursos Online, trabalho com a disciplina de Filosofia do Direito para o Exame
de Ordem, além do conjunto de matérias que compõe a multidisciplinar Formação Humanísti-
ca para os concursos das carreiras jurídicas.
Ao longo desses anos aprendi como trabalhar com as disciplinas introdutórias a fim de melhor
contribuir para formação dos estudantes, conheço bem as dificuldades dos alunos e até mesmo a
rejeição que manifestam em relação as disciplinas como Filosofia e outras propedêuticas.
Considero, em muitas ocasiões, essa rejeição compreensível, por esse motivo procuro
aproximar ao máximo possível o conteúdo ministrado à realidade do estudante e, principal-
mente, da sua área de formação.
O objetivo aqui é contribuir para que você acerte as duas questões de filosofia, por esse
motivo serei assertivo na apresentação do conteúdo de forma que facilite a sua compreensão.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
Feitas essas considerações iniciais, vou agora mostrar como organizei o curso:
Os temas das aulas serão explorados a partir de sistemas filosóficos específicos, tal como
se cobra no exame. O meu compromisso aqui é com o seu sucesso e, sendo possível, conquis-
tar o seu coração para a filosofia.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
a) Errada. A alternativa faz uma pegadinha, coloca “pós-socrático”, quando deveria ser pré-socrático.
b) Certa. A alternativa é o gabarito, de fato há uma ruptura entre os pensamentos filosófico e
mítico, uma vez que aquele irá se pautar pela racionalidade, pela crítica e tentativa de se encon-
trar na própria natureza a explicação para os fenômenos. Já o mito recorre ao sobrenatural, ao
misterioso para explicar os fenômenos.
c) Errada. A alternativa erra porque traz informação historicamente errada, a religião era de
tradição oral e não escrita.
d) Errada. O mito foi sim capaz de responder, por muito tempo, aos anseios das pessoas. Na
verdade, até hoje muitas pessoas sentem que as respostas que a religião lhes fornece é sufi-
ciente para acomodar suas angústias.
Letra b
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
Para os fins que interessam aqui, pouco se observará dessa filosofia nos exames, uma vez que
não há ainda uma estrutura de pensamento que nos permita extrair elementos de uma filosofia do
direito. Desse modo, direciono, a seguir, o conteúdo para o que de fato se cobra no Exame da Ordem.
Na verdade, em termos de estruturação de uma Filosofia do Direito, propriamente dita,
somente na Contemporaneidade veremos a consolidação dessa disciplina. Mas é possível
extrair, nas filosofias anteriores, conteúdos típicos de uma filosofia do direito, é que você irá
observar a partir do próximo tópico e nas aulas seguintes.
Adianto a você que a filosofia do direito tem alguns temas que lhe são recorrentes, tais
como justiça, liberdade e igualdade. Vamos a eles.
Mas como se dava essa filosofia? Como esses filósofos realizavam suas reflexões?
Você já deve ter ouvido a famosa frase de Sócrates: “só sei que nada sei”, não raro meus
alunos usam essa frase nas minhas provas, uma tristeza quando isso acontece, porque tenho
a sensação de que não expliquei o conteúdo como deveria. Felizmente, na maioria das vezes
se trata de uma brincadeira, ainda bem, isso me deixa mais confortável.
Mas voltemos à Sócrates, você já se perguntou por que ele fez essa afirmação, ou que ela
realmente significa? Vou te ajudar a pensar um pouquinho sobre o tema! A ideia da filosofia é
a de que o conhecimento se constrói com a reflexão, com a dúvida, com o questionamento.
Quando se tem dúvida, quando se questiona, então estaremos em busca do conhecimento,
ao contrário, quando temos certeza das coisas, não queremos saber, não nos importamos em
saber, porque temos a convicção de que já sabemos, de que já conhecemos.
A postura filosófica, por sua vez, é a de reconhecimento da nossa ignorância frente a algu-
ma coisa, objeto, situação, ou mesmo a realidade como um todo. Por esse motivo, afirmar que
“só sei que nada sei” é a atitude mais corajosa do ponto de vista filosófico, porque é o reconhe-
cimento da nossa ignorância e, ao mesmo tempo, representa o desejo de conhecer.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
Foi com essa postura que Sócrates conquistou seguidores, provocou a ira dos políticos da épo-
ca e despertou na juventude o desejo de conhecer, de romper com as amarras das obviedades.
A partir da filosofia de Sócrates identificamos questões que podem ser tidas como típicas
de uma filosofia do direito, ainda que não tenha sido projeto de seu pensamento a construção
dessa disciplina. Vamos, então, verificar algumas das suas ideias e o contraponto com os prin-
cipais adversários da época, os sofistas.
A postura “só sei que nada sei” indica a busca de se conhecer a essência do objeto em aná-
lise. Explico melhor, quando se pergunta, por exemplo, o que é justiça? A resposta à questão
deve indicar um conceito que se estenda para além do tempo e do espaço, porque se pretende
atingir a essência, o imutável, para ele, a verdade das coisas.
Ao mesmo tempo em que questionava, Sócrates não dava a resposta, o que causava certo
desconforto aos seus interlocutores, porque todos esperavam que ele respondesse à pergun-
ta. Ainda, aqueles que se atreviam a responder seus questionamentos, acabavam por apre-
sentar exemplos ou situações referentes ao tema objeto da pergunta. Então, ao invés de se
responder, por exemplo, o que é justiça? Apenas se referiam a situações que diziam respeito à
justiça, mas não ao conceito em si.
O que Sócrates queria? Queria que as pessoas, ao perceberem a própria ignorância, fos-
sem em busca do conhecimento. Mas qual conhecimento? Para ele, o conhecimento verdadei-
ro, a essência das coisas, a realidade em sua dimensão mais ampla. Ele não dava a resposta,
porque não é o papel do filósofo, a resposta às questões deve ser encontrada pelo próprio
indivíduo, ao filósofo cabe o papel de despertar no indivíduo o desejo de conhecer.
É por esse motivo que até hoje gostamos de dizer, ao nos referirmos aos filósofos, que
eles gostam de questionar. E isso é verdade, não raro essas questões filosóficas nos deixam
inquietos, seja por não termos as respostas, seja por termos receio de uma provável resposta
errada. Mas o fato é que a filosofia nos leva indubitavelmente à dúvida, ao questionamento.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
TABELA 1 – COMAPARAÇÃO ENTRE AS FILOSOFIAS SOCRÁTICA E SOFÍSTICA
A postura sofística é fortemente criticada por Sócrates, porque entende que desvirtua o
real papel da filosofia e, ao mesmo, tempo subverte a juventude. A filosofia deve buscar a ver-
dade, “só sei que nada sei” é consciência de quem precisa buscar o conhecimento, de quem
deseja sair do estágio de ignorância para o estado do conhecimento.
O papel do filósofo é conduzir os indivíduos a fim de que esses consigam atingir o conheci-
mento, o filósofo não diz o que é a verdade, mas deve provocar as pessoas a buscar a verdade.
É nessa linha de raciocínio que se extrai, do seu pensamento, a noção de justo como re-
sultante do correto uso da razão, da virtude como critério e da verdade como objetivo a ser
alcançado. Essa postura levará, na concepção socrática, a se compreender a justiça no âmbito
da polis, porque ligada ao corpo político do qual se extrai o bem comum.
Mas observe que Sócrates não limita a conduta justa à uma perspectiva legal, porque se a lei,
por um lado, é um primado para o bem comum coletivo, por outro, ela não consegue prevê todas as
situações. Daí a razão pela qual o homem justo é aquele que tem a virtude de agir corretamente
diante da imposição da lei, mas também quando esta não se mostra presente, por isso mesmo se
diz que, para Sócrates, o cumprimento do dever é, antes de tudo, uma postura moral.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
A questão pede para assinalar a alternativa que não corresponde ao papel dos sofistas. Esse
tipo de questão costuma confundir, porque vem com uma negativa, mas com atenção você
vencerá o examinador. Autoconhecimento é uma característica da filosofia socrática, não se
refere ao pensamento sofístico, este preocupa-se fundamentalmente com a persuasão e se
filia à ideia de que a verdade é relativa.
Letra d.
Fonte: MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia: dos pré-socráticos à Wittgenstein. Jorge
Zahar, 2010. (p. 61).
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
O racionalismo é uma grande corrente filosófica que concebe a ideia de que o conhecimen-
to verdadeiro advém da razão e não da experiência. Platão leva essa compreensão às últimas
consequências, porque entende que os nossos sentidos não nos fornecem segurança quanto
ao conhecimento que eventualmente possamos adquirir, isso ocorre porque eles nos fornecem
apenas a aparência dos objetos, mas não alcançamos a sua essência.
Somente por meio da razão, do nosso intelecto é que seremos capazes de atingir o co-
nhecimento verdadeiro, ou seja, somente através da razão alcançamos o mundo das ideias.
Essa distinção entre esses dois mundos é mais conhecida na alegoria da caverna (Livro VII,
514a-517d), o filósofo é aquele que contribui para que as pessoas se livrem dos grilhões da
ignorância e busquem a luz do conhecimento.
Na figura 1 podemos afirmar que os prisioneiros da caverna se encontrariam na linha B, neste
segmento o que se tem acerca do mundo é apenas visão de imagens, sombras, o que é denominado
por Platão como eikasia, na figura 1 você irá observar na coluna à direita no segmento Bb. Um pouco
acima, linha Ba, temos as percepções baseadas em crenças, convicções, ou seja, pistis, é mera doxa,
opinião, não chega nem mesmo a ser tido como conhecimento na visão de Platão.
Você deve estar achando estranhas essas palavras, peço um pouco de paciência, não se
prenda a elas, apenas observe o seguinte, o que está em jogo aqui é como nos relacionamos
com o conhecimento, quais as possibilidades que temos de conhecer.
Para Platão essas percepções que se dão por meio apenas dos estados mentais que se
encontram nas linhas Bb e Ba, expostas na figura 1, não podem ser tidas como conhecimento
porque estão presas às falhas produzidas por nossos sentidos, somente quando rompemos as
correntes, ou seja, quando nos libertamos da caverna, atingimos o mundo superior, o segmen-
to A, cujos estados mentais são as linhas Ab e Aa.
Para se chegar ao nível superior é necessário o uso da razão, não se chega ao mundo das
ideias por meio dos sentidos, não é possível alcançá-lo materialmente, daí o motivo que se usa
o termo “amor platônico”, porque somente atingível através da contemplação intelectual.
A imagem dos prisioneiros da caverna no outro mito, bem mais conhecido do que esse
que expus na figura 1, representa a clara divisão dessas duas realidades e, ao mesmo tempo,
os estados mentais de conhecimento. Somente rompendo com os grilhões, ou seja, somente
rompendo com o senso comum, os preconceitos, as nossas convicções etc. é que alcançare-
mos o mundo das formas.
Esse tema é bem interessante, mas dificilmente será objeto de uma questão de filosofia do
direito. O mais comum é que se explore as concepções de justiça e de direito. E por que eu me
dediquei a explicá-lo aqui? Porque é necessário para compreensão do pensamento de Platão
quanto ao que ele concebe acerca da justiça e do direito.
Então vamos ao que interessa de fato, entender a filosofia de Platão. Primeiro vale destacar
que ele não estabeleceu clara distinção entre direito e justiça, utiliza uma mesma palavra para
se referir a ambos de forma intercambiável, díkaion.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
O que você deve, no entanto, ficar atento é quanto à consideração que esse filósofo
tem em relação à justiça porque se distancia sobremaneira das concepções atuais. Para
se alcançar o conhecimento verdadeiro sobre a noção de justiça, não se pode ficar preso
ao mundo material, uma vez que teremos aí apenas as percepções oriundas das nossas
crenças, convicções, ou mera opinião (doxa).
De início atente-se para a noção de polis, tudo gira em torno dela, por esse motivo não há
que se falar em justiça, direito ou virtude desvinculados da polis. De uma forma simples, não é
possível que alguém se julgue justo numa sociedade corrompida pelo simples fato de a justi-
ça se ligar à polis e não ao indivíduo.
É por esse motivo, por exemplo, que Platão critica a ideia de justiça como o “dar a cada
um o que é seu”, concepção presente na cultura antiga. A crítica de Platão à essa concep-
ção está focada na ausência de imparcialidade, uma vez que tenderia a privilegiar amigos
em detrimento dos não amigos.
“Justiça é dar a cada um o que lhe é devido”, observe que o enunciado da questão afirma que
Platão critica essa ideia. Das alternativas disponíveis, a que faz essa crítica direta é a alterna-
tiva “c”, nosso gabarito.
Letra c.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
Nas provas de Filosofia do Direito para o Exame da Ordem, fique sempre atento ao enunciado da
questão, você verá que, não raro, no próprio enunciado se encontra a resposta ou os indicativos de
qual alternativa assinalar. Assim, mesmo sem conhecer o filósofo, será possível acertar a questão.
Do exame da OAB a questão acima é a única que explorou diretamente o pensamento de Platão,
mas como se trata de um filósofo importante, não me surpreenderá se o seu pensamento surgir em
novos exames. Então, fique ligado aos seguintes detalhes da filosofia jurídica de Platão:
• Não há clara distinção entre Direito e Justiça, a mesma palavra é usada de forma inter-
cambiável, díkaion;
• O que é justo é mais relevante do que é o direito em sua forma positiva, porque a lei pode
ser corrompida pela ação dos homens (Platão lembra aqui a condenação de Sócrates,
baseada na lei, ainda assim injusta);
• Não concebe uma postura positivista do direito, porque associa direito e justiça à virtude;
• A justiça é uma coisa bela, a profissão de advogá-la também o é, mas quando o advoga-
do não se compromete com a verdade, então se afasta da beleza da justiça. Para Platão
é inconcebível o advogado que se compromete com a vitória num processo a despeito
do que seja verdadeiramente justo.
• O homem justo não é diferente da cidade justa, porque não se concebe a ideia de justiça
como conduta individual, isolada da polis.
O tema mais provável em uma questão de filosofia do direito que explore o pensamento de
Platão estará presente no quadro acima, porque ali se resumem suas principais ideias acerca
do justo e do direito. Ponto relevante, a ideia de uma cidade corrompida diz respeito tanto a
inobservância das leis, quanto a existência de leis corrompidas.
“A concepção platônica sobre o justo é muito peculiar e especial. Difere totalmente da vi-
são que o jurista moderno tenha sobre o direito. Para o pensamento de Platão, torna-se muito
difícil dissociar direito de justiça, o que é reforçado pelo fato de que a mesma palavra, díkaion,
é utilizada de maneira intercambiável no texto platônico para essas duas ideias”
(MARCONDES, D. Iniciação à História da Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010).
Como consequência da concepção platônica acerca do justo e do direito, pode-se afirmar que
a) Uma lei injusta não é direito, mesmo que dotada de validade jurídica.
b) Uma lei injusta é direito, desde que dotada de validade jurídica.
c) A justiça da norma depende tão somente de sua validade jurídica.
d) O direito injusto é direito enquanto norma jurídica, mas não enquanto norma justa.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
A questão exige a compreensão de que o direito não se dissocia da justiça, logo não é direito
o que é injusto, mesmo que dotado de validade jurídica. Aqui se tem uma concepção que é
totalmente dissociada do positivismo.
Letra a.
Mas você poderia questionar, então se as leis são injustas, justifica-se a sua inobservância,
logo esse indivíduo estaria sendo justo, certo? Para Platão isso não seria possível, lembre-se,
tudo se liga à polis. Portanto, a existência de leis injustas já significa uma sociedade corrompi-
da e não se resolve a corrupção com a simples desobediência, é preciso refazer as leis.
É nesse momento que Platão defende a importância do papel do filósofo, porque não pode
a polis ser guiada por paixões, por quem simplesmente não está comprometido com a ver-
dade, a justiça e a virtude. A defesa desse ideal se encontra no Livro V de A República, num
diálogo com Glauco, afirma que o filósofo seja rei, que o rei seja filósofo.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
Nem todos nós chegaremos ao último estágio, porque se trata também de uma opção, boa
parte dos indivíduos se sente bem no que faz e, provavelmente, estarão ali na fase da experi-
ência, outros chegarão até a técnica e se darão por satisfeitos.
Você que pretende advogar ou seguir alguma outra carreira jurídica, talvez se sinta realiza-
do(a) desenvolvendo a técnica jurídica que aprendeu. Ou pretenda um pouco mais, sonha em
ser um doutrinador, sonha em deixar um legado, uma obra jurídica de grande relevância, neste
caso você não irá parar no estágio da técnica, porque tem ambições maiores.
Você concorda que faz mais sentido a maneira como Aristóteles descreve o processo do
conhecimento? Platão separa em dois mundos, eles não se comunicam, fica difícil entender
como se passa de um mundo para o outro. No pensamento de Aristóteles as coisas são mais
simples, porque são lineares, fazem mais sentido.
Vamos avançar um pouco mais, vou trazer agora a distinção que Aristóteles faz acerca dos
saberes, ele os divide em três campos distintos, prático, produtivo e teorético. A importância
dessa distinção está em se situar as acepções acerca da justiça que ele desenvolveu, a parte
de fato relevante da sua filosofia do direito e o que mais se cobra nas provas.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
No modelo aristotélico, a Justiça faz parte do conhecimento prático, porque está no âmbi-
to da ética. Vamos com calma para que fique bem clara a ideia de Aristóteles.
A justiça é uma virtude, ou seja, é fazer a coisa certa mesmo quando da ausência da lei,
ou quando a lei não fornece elementos adequados à realização da justiça. Por isso se enten-
de que justiça é uma virtude. Mas como se desenvolve a virtude? Os homens e mulheres são
naturalmente virtuosos ou essa postura perante o mundo se desenvolve por meio da prática
humana? O que você pensa a respeito?
Para Aristóteles, a virtude se desenvolve por meio da conduta ética, é prática reiterada que se
“cola” ao comportamento do indivíduo. E o que é a ética? É o campo do saber que nos fornece os
elementos necessários à realização da conduta correta, que nos ajuda a nos afastarmos do erro.
Logo, por esse raciocínio, a justiça é uma conduta ética. Deixando nos levar pela razão
seremos capazes de observar adequadamente qual conduta melhor se coaduna à retidão. Ao
mesmo tempo, no esquema aristotélico, observar-se-á que essa conduta ética estará vincu-
lada à polis. Ora, já vimos esse mesmo raciocínio com Platão, aqui se percebe uma nota que
se repete no pensamento clássico, qual seja, a de se ter a polis como centralidade da conduta
cidadã. Nesse sentido, a justiça se realiza na polis!
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FILOSOFIA DO DIREITO
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Odair José
A justiça como virtude é uma concepção que está presente no pensamento clássico, Só-
crates, Platão e Aristóteles defendem essa tese. Isso significa que a justiça se encontra
no campo da ética, do dever de fazer a coisa certa quando da observância da lei, ou mes-
mo quando a lei é omissa.
Mas antes de continuarmos, quero que você volte rapidamente à imagem anterior, aquela
que coloca a divisão dos saberes. Observe que na segunda linha temos o saber produtivo, co-
loquei como exemplos a arquitetura e a advocacia. Esta última coloquei entre aspas, porque
não se trata de uma abordagem feita diretamente por Aristóteles, mas uma interpretação que
eu fiz acerca do seu pensamento.
O saber produtivo é um conhecimento que se desenvolve com vista a uma aplicação, por
esse motivo coloco a advocacia entre esses saberes, porque se trata de um campo cujo obje-
tivo é aplicar o conhecimento à uma atividade específica, não se realiza advocacia meramente
por contemplação, ou por pura curiosidade filosófica.
Diferente dos saberes prático e produtivo, temos o teorético, este sim, voltado para
o conhecimento e pelo conhecimento. Pareceu estranho a você? Vou explicar melhor, na
atualidade pensamos o conhecimento sempre voltado à uma aplicação, no esquema aris-
totélico seria o conhecimento produtivo.
E quando pensamos na conduta humana, em problemas que vivenciamos no cotidia-
no, tal como a corrupção, a solidariedade e outros, lidamos com as questões éticas, por-
tanto, o saber prático.
Teríamos espaço para um saber meramente teorético, ou seja, um saber que não tem in-
teresse direto em servir à prática ou ser aplicável e produtivo? É difícil, porque vivemos um
momento no qual impera certo utilitarismo (não faço referência aqui a doutrina filosófica pro-
duzida por J. Bentham e J. S. Mill, veremos o tema na aula 2). O que não é útil e aplicável não
serve, simples assim.
O pensamento de Aristóteles é bem diferente dessa perspectiva, porque entende que o co-
nhecimento superior se dá exatamente quando desvinculado de ordens práticas ou produtivas,
porque se liga basicamente ao objetivo de conhecer.
Acredito que você deve estar pensando: “não concordo com Aristóteles, se não tivesse
que responder as questões de Filosofia, eu não estaria tendo essa aula agora”. Se você estiver
pensando algo assim, entendo e digo a você que tal postura se encaixa perfeitamente ao pen-
samento atual, um mundo dominado pela técnica e cada vez mais pragmático.
Mas voltemos ao tema. Feitas essas considerações, temos que a justiça se encontra
no campo da ética e que ela se manifesta como uma virtude, porque o homem justo o será
na observância da lei, ou mesmo quando a lei nada dizer a respeito. Grave essa informa-
ção, poderá ser útil a você.
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FILOSOFIA DO DIREITO
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Odair José
E o que é justiça para Aristóteles? A justiça é o justo meio. Não se convenceu da resposta?
Mas eu sugiro que guarde esse conceito simples, ele já caiu em prova.
“Temos pois definido o justo e o injusto. Após distingui-los assim um do outro, é evidente
que a ação justa é intermediária entre o agir injustamente e o ser vítima da injustiça; pois um
deles é ter demais e o outro é ter demasiado pouco.”
(Aristóteles. Ética a Nicômaco. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 329).
De efeito, é correto concluir que para Aristóteles a justiça deve sempre ser entendida como:
a) produto da legalidade, pois o homem probo é o homem justo.
b) espécie de meio termo.
c) relação de igualdade aritmética.
d) ação natural imutável.
Espécie de meio termo. Aristóteles concebe a ideia de que a justiça é ajuste perfeito, não po-
dendo exceder ou faltar, porque se excede, então é injustiça por excesso, na falta será injustiça
por incompletude. Tente pensar numa sanção, ela será justa se atacar com precisão o mal que
a conduta anterior causou.
Letra b.
É obvio também que a concepção de justiça de Aristóteles não se resume a essa noção,
mas é bom que você guarde essa primeira noção, porque pode te salvar numa questão de
prova. Vamos explorar um pouco mais suas ideias e eu trarei novas questões para que você
perceba como será testado pelo examinador.
Vou começar destacando as várias acepções de justiça que nosso filósofo identifica, na
verdade todas elas se ligam ao que ele chama de justo total. E o que isso significa? Justo total
é a observância da lei, é a justiça que se realiza na polis, dela vamos extrair outras acepções de
justiça, o que Aristóteles chamou de justo particular.
Justiça particular não tem relação alguma como a ideia de justiça privada, ou de autotu-
tela jurisdicional.
O termo particular é empregado para se referir às espécies de justiça, ou seja, do justo total
teremos particularidades que se manifestam a partir das seguintes possibilidades: relações
entre o povo e o Estado e relações privadas, ou seja, entre os próprios cidadãos.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
Assim, temos que, a justiça particular é espécie do justo total e se manifesta nas particula-
ridades da vida. Ela se divide em justiça distributiva, justiça corretiva e uma forma especial, a
justiça por reconhecimento.
A justiça distributiva se dá na relação entre governo e súditos, quando o governo realiza
a distribuição de cargos, dinheiro e honrarias. Na atualidade, essa distribuição se realiza por
meio de política do Estado empreendidas pelos governos.
Os cargos, geralmente, são distribuídos por meio de concursos públicos, o dinheiro por
meio de programas de transferência de renda e as honras por meio do reconhecimento de no-
toriedade a pessoas ou instituições em determinadas áreas de atividade.
A justiça distributiva é proporcional, porque permite que a distribuição seja desigual, uma
vez que seus beneficiários serão distribuídos conforme o merecimento ou necessidades, ou
ainda merecimento e necessidade.
Exemplo de justiça distributiva é o Programa Universidade Para Todos, PROUNI. A distri-
buição de bolsas de estudo é feita por dois critérios, necessidade (condição socioeconômica
do beneficiado) e mérito (desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM). Ainda,
o programa permite bolsas de 100% e de 50% do valor da mensalidade na instituição superior
de ensino onde o beneficiário irá cursar sua faculdade.
Na justiça distributiva, o tratamento diferenciado e o consequente benefício desigual
de um para outro é o que torna justo o ato, porque o benefício deve ser proporcional ao
mérito ou a necessidade. E alguns merecem mais que outros, ou estão em situação de
maior necessidade do que outros.
A justiça corretiva, por sua vez, manifesta-se nas relações entre os próprios indivíduos,
sejam essas relações iniciadas voluntariamente pelas partes ou em situações acidentais ou
mesmo impositivas por uma das partes. Explico melhor, vem comigo.
Quando você contrata com alguém um serviço ou produto, essa relação é voluntária, ambos
manifestaram a vontade de está naquela relação. Se futuramente uma das partes não cumprir
com a obrigação acordada, tem-se aí a injustiça, o que irá impelir a parte lesada a buscar o seu
direito. A esse tipo de situação Aristóteles classificou como “justiça corretiva comutativa”.
Uma segunda situação ocorre quando a relação se origina sem que as partes queiram, ou
ao menos uma delas.
EXEMPLO
É o caso de um acidente de trânsito, no qual se provocou dano a outra pessoa. Nesse tipo de
situação, quem causou o dano terá a obrigação de reparação, é o que Aristóteles chama de
“justiça corretiva reparativa”.
A justiça reparativa poderá ser acionada também quando o dano causado a outrem se ori-
ginou por ato criminoso, como em um assalto. Além da necessária punição na esfera penal, o
agressor deverá, nos termos aristotélicos, reparar o dano causado à vítima.
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FILOSOFIA DO DIREITO
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Odair José
“Todos os bens devem, portanto, ser medido por uma só e mesma coisa, como dissemos.
Essa unidade é na verdade a demanda, que mantém todas as coisas juntas (...). Haverá, então,
reciprocidade quando os termos forem igualados de modo que assim como o agricultor está
para o sapateiro, a quantidade de produtos do sapateiro esteja para os produtos do trabalho do
agricultor, pela qual é trocada”.
(ARISTÓTELES. Ética a Nicomaco. Jandira, SP: Princiis, 2021, p. 116).
Em sua obra Ética a Nicomaco, Aristóteles se propõe a analisar as formas específicas de como
a justiça se manifesta. Assim, nos termos da obra em referência, é correto afirmar que o excer-
to acima se refere
a) Justiça proporcional, porque se dá na relação entre governo e súditos.
b) Justiça corretiva que visa reparar a ausência de proporcionalidade nas relações de tro-
ca de mercadorias.
c) Justiça comutativa porque pautada na equivalência dos atos voluntários que originam as
relações de troca.
d) Justiça como reciprocidade, diz respeito a equivalência de produtos diferentes quando da
troca de mercadorias.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
A justiça por equivalência ocorre quando os produtos permutados se equivalem, sem que
um seja beneficiado mais do que outro. Assim, numa troca entre um produto A e um produto B,
é necessário que ambos sejam equivalentes em termos de valor, para que se evite a injustiça.
Quando um produto equivale mais do que o outro, o justo é buscar as formas de se compensar,
esse é o modo correto de garantir a justiça.
E para facilitar sua compreensão do tema, pense: (1) justiça distributiva se realiza por meio
de programas sociais do governo; (2) justiça corretiva se realiza nas relações entre particu-
lares para corrigir o descumprimento de uma relação contratual (2.1) justiça comutativa, ou
para reparação de um dano provocado numa relação originalmente involuntária (2.2) justiça
reparativa; (3) justiça por reciprocidade, quando da permuta de mercadorias e a necessária
equivalência entre os produtos permutados.
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FILOSOFIA DO DIREITO
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Odair José
“... uma espécie é a que se manifesta nas distribuições de honras, de dinheiro ou das outras
coisas que são divididas entre aqueles que têm parte na constituição (pois aí é possível rece-
ber um quinhão igual ou desigual ao de um outro)...”
a) Justiça Natural.
b) Justiça Comutativa.
c) Justiça Corretiva.
d) Justiça Distributiva.
A diferença central entre uma e outra está na origem da relação, Aristóteles diz que na
justiça comutativa as partes iniciam a relação voluntariamente, por isso usei o exemplo do
contrato; já a relação que enseja a justiça corretiva se inicia involuntariamente.
008. (FGV/OAB/EXAME DA ORDEM UNIFICADO XXX/2020) Temos, pois, definido o justo e o in-
justo. Após distingui-los assim um do outro, é evidente que a ação justa é intermediária entre o agir
injustamente e o ser vítima da injustiça; pois um deles é ter demais e o outro é ter demasiado pouco.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
Em seu livro Ética a Nicômaco, Aristóteles apresenta a justiça como uma virtude e a diferencia
daquilo que é injusto. Assinale a opção que define aquilo que, nos termos do livro citado, deve
ser entendido como justiça enquanto virtude.
a) Um imperativo categórico que define um modelo de ação moralmente desejável para toda
e qualquer pessoa e se expressa da seguinte maneira: “Age como se a máxima de tua ação
devesse tornar-se, por meio da tua vontade, uma lei universal”.
b) Uma espécie de meio-termo, porém não no mesmo sentido que as outras virtudes, e sim porque
se relaciona com uma quantia intermediária, enquanto a injustiça se relaciona com os extremos.
c) Uma maneira de proteger aquilo que é o mais conveniente para o mais forte, uma vez que
a justiça como produto do governo dos homens expressa sempre as forças que conseguem
fazer valer seus próprios interesses.
d) O cumprimento dos pactos que decorrem da vida em sociedade, seja da lei como pacto que
vincula todos os cidadãos da cidade, seja dos contratos que funcionam como pactos celebra-
dos entre particulares e vinculam as partes contratantes.
Questão recente e que explora o conceito de justiça aristotélico, mais uma vez a ideia de justo meio.
Fique ligado, porque em Aristóteles a justiça é pensada em termos matemáticos, por isso a noção
de justeza, de ponto intermediário, porque não pode exceder, como também não pode faltar.
Letra b.
Acerca das acepções de justiça particular, fique atento para não cair numa eventual pegadi-
nha da banca que queira induzi-lo a associar justiça particular à justiça privada, ou autotutela.
O tema acepções de justiça é o que mais se cobra nas provas de filosofia do direito, por isso
essa parte do conteúdo merece sua atenção.
Além das noções de justiça distributiva e de justiça corretiva, há outras acepções de justiça
com potencial para serem cobradas na sua prova, daí o motivo para você ficar atento e não
errar. A primeira delas diz respeito à diferenciação que Aristóteles faz entre o justo doméstico
e o justo na cidade.
O justo na cidade se aplica às relações na polis, é o mesmo que justo político, porque apli-
cável ao corpo cívico. Pense nas leis gerais que definem as normas da polis. Já o justo domés-
tico diz respeito às relações da casa, ou seja, das relações entre o senhor e seus filhos, entre o
senhor e sua esposa, entre o senhor e seus escravos.
Você deve estranhar esse conceito de justo doméstico e com razão, porque ele está con-
textualizado à um momento histórico muito diferente do nosso. É um conceito com pouco
potencial para cair em prova, mas atente-se a ele para diferenciá-lo dos demais.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
Pense apenas o seguinte, as leis são abrangentes, mas para cada situação teremos uma
forma específica de relação e a realização da justiça terá que levar em conta essas distinções.
De fato, é o que temos na atualidade, pense, por exemplo, nas diversas varas de justiça, cada
uma cuida de uma área específica, cuida de um tipo específico de relação social.
De certo modo, é disso que Aristóteles está tratando, mas na sua época não se utilizavam
essas terminologias, tampouco as relações eram dotadas do mesmo grau de complexidade
que temos hoje.
De qualquer modo, fique atento a essa distinção, justiça doméstica a que se aplica às re-
lações do seu senhor com seus filhos, esposa e escravo. O detalhe aqui é que para cada um
desses personagens da casa havia uma forma específica de tratamento, o que impõe uma
justiça própria também.
Já o justo da cidade é o justo político, as relações que envolvem todo o corpo cívico da polis. É
no espaço público onde essas regras se manifestam e que culminam na realização da justiça.
Outra diferenciação importante que Aristóteles produz, essa com maior potencial de ser
cobrada em sua prova, diz respeito a diferenciação entre justo natural e justo legal. Temos aqui
a velha dicotomia entre Jusnaturalismo e Juspositivismo.
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FILOSOFIA DO DIREITO
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A lei positiva, por si só, não é garantia de justiça no sistema aristotélico, há que se considerar
as possibilidades de essa lei, em razão de ser produto humano, exceder ou faltar (os extremos
ou a falta provocam injustiças), razão pela qual a equidade se faz totalmente necessária.
Letra b.
A preocupação de Aristóteles é com os rigores da lei, o que ele chama de justiça legal,
ou ainda quando a generalidade da lei implicar em injustiça no caso concreto. São nessas
situações em que a equidade deve ser usada, porque permitiria se fazer a correção e ga-
rantir que a justiça seja feita.
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FILOSOFIA DO DIREITO
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Observe que tal conduta só é possível para alguém virtuoso, descolado de sentimentos
egoísticos e comprometido com o bem social mais geral. As letras “a” e “b” me parecem mais
plausíveis de serem identificadas em situações concretas, por exemplo, operadores do direito
comprometidos em realizar a justiça, é aquele juiz que busca não apenas a aplicação dos ri-
gores da lei ao caso concreto, mas que busca ser justo, imparcial e observar as possibilidades
dadas para além do que a justiça legal eventualmente determina.
Obviamente que tal postura é sempre delicada, pode nos levar ao que se convencionou cha-
mar de ativismo do Judiciário, sobretudo em se tratando da nossa tradição de civil law que traz
molduras mais rígidas para atuação do juiz quando comparamos à tradição de common law.
De toda sorte, o que se tem aí é a ideia básica de que a justiça legal nem sempre dispõe dos
mecanismos necessários à realização da justiça efetiva, daí a razão pela qual Aristóteles defende a
equidade como um princípio a guiar o aplicador da lei quando esta engendrar em injustiça.
O que dispõe a letra “c” me parece bem mais complicado, porque já não estamos mais nos
referindo ao aplicador da lei, mas a quem eventualmente seria beneficiado. Tem-se na atua-
lidade uma perspectiva de se reduzir os litígios, daí a formação do advogado voltada para a
negociação, a conciliação e a mediação.
Ainda assim, conseguir convencer alguém a ter menos que o outro porque o seu direito
poderá prejudicar o outro, é algo demasiadamente virtuoso. As tentativas de conciliação num
processo se valem de outros argumentos, por exemplo, o de que conciliar garante celeridade,
solução mais rápida da lide.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
Se você se deparar com uma questão dessas em sua prova, saiba que Aristóteles associa jus-
tiça à virtude e isso implica que o homem virtuoso busca sempre a justiça, porque é o certo a se
fazer, mesmo quando a lei nada disser a respeito, ou quando a lei for demasiado rigorosa a ponto
de sua aplicação provocar injustiça. O homem virtuoso é équo e justo em todas as circunstâncias!
E para fechar essas considerações acerca das acepções de justiça no pensamento de
Aristóteles, eu destaco ainda o que ele pensa acerca do papel do juiz. O juiz é tido como o
mediador do processo de aplicação da justiça, por esse motivo, entende Aristóteles, que o juiz
representa a própria ideia de justiça.
Para que você entenda o raciocínio de Aristóteles, peço que não faça qualquer juízo de
valor, tente perceber a defesa que ele faz da justiça como parte do campo ético e, por esse
motivo, aquele que aplica a lei só poderá fazê-lo se comprometido eticamente, ou seja, se efe-
tivamente for uma pessoa virtuosa.
012. (CESPE/MPU/2018/MODIFICADA)
Está, pois, suficientemente esclarecido que a virtude moral é um meio-termo entre dois ví-
cios, um dos quais envolve excesso e o outro, deficiência, e isso porque a sua natureza é visar
à mediania nas paixões e nos atos.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
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Do que acabamos de dizer segue-se que não é fácil ser bom, pois em todas as coisas é
difícil encontrar o meio-termo. (...) A justiça corretiva será o intermediário entre a perda e o
ganho. Eis aí por que as pessoas em disputa recorrem ao juiz; e recorrer ao juiz é recorrer à
justiça, pois a natureza do juiz é ser uma espécie de justiça animada; e procuram o juiz como
um intermediário, e em alguns Estados os juízes são chamados mediadores, na convicção de
que, se os litigantes conseguirem o meio-termo, conseguirão o que é justo. O justo, pois, é um
meio-termo, já que o juiz o é. Ora, o juiz restabelece a igualdade.
Aristóteles. Ética a Nicômaco. In: Os pensadores. (Org.) José A. M. Pessanha. 4.ª ed., v. 2, São Paulo: Nova Cul-
tural, 1991 (com adaptações).
A partir das ideias constantes nesse fragmento de texto, é correto afirmar que:
a) A justiça se vincula à natureza do trabalho de juiz, cuja atuação deve ser ética e correspon-
der ao exercício da própria noção de justiça.
b) Por ser da natureza humana as paixões e os vícios, sendo o juiz um ser humano, não se tem
jamais segurança no seu julgamento.
c) Está perante o juiz não se é o mesmo que se colocar diante do justo, porque o juiz, como
todo homem, é movido por paixões e, por esse motivo, é sempre parcial.
d) A decisão do juiz expressa numa sentença somente será justa quando alinhada ao justo natural.
Está perante o juiz é o mesmo que está perante o justo, parece estranho à nós, mas isso
é possível porque Aristóteles associa a atividade do juiz à própria realização da justiça,
quando se busca o Judiciário, por exemplo, se espera que a justiça seja realizada. Even-
tualmente o juiz poderá sim agir conforme suas paixões e deixar de ser ético, mas nesse
caso não é um problema da justiça em si, mas da conduta reprovável, cuja decisão será
passível de anulação.
Letra a.
Aristóteles é, sem sombra de dúvidas, o filósofo mais importante da era clássica, por esse
motivo você verá o seu pensamento sendo explorado em diversos exames. No exame da OAB
a disciplina de Filosofia do Direito ainda é recente, temos poucas questões para explorar, mas
em outros exames, como nos concursos das carreiras jurídicas, a disciplina já vem sendo co-
brada há bastante tempo.
O pensamento desse filósofo é recorrente nesses exames e no exame da OAB tem sempre
grande potencial de ser cobrado, por isso é fundamental que você fique atento. Aqui destaquei
o que é mais comum da sua filosofia do direito e o que tem sido mais cobrado nesses exames,
por isso mesmo com maior potencial que se repita na sua prova.
Resumindo as principais ideias aqui exploradas, temos:
• A justiça é uma virtude.
• A justiça se encontra no campo da ética e, portanto, na práxis humana (razão prática).
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FILOSOFIA DO DIREITO
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
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Mas voltemos à nossa aula, vamos pensar um pouco sobre a filosofia medieval e o que ela
tem de relevante que poderá ser cobrado na sua prova.
O início dessa junção se deu ainda com os ensinamentos de Paulo de Tarso, mas será com
o trabalho de Santo Agostinho que se produzirá um discurso filosoficamente estruturado, forne-
cendo à teologia cristã elementos fundamentais à organização institucional da própria Igreja.
A filosofia que se desenvolveu no período compreendido entre os séculos I e VIII é conhe-
cida como patrística, recebeu esse nome por ser originada nos pais fundadores da Igreja. Seu
objetivo principal foi o de promover a doutrina cristão, porque forneceu os preceitos elemen-
tares para a unidade cristã.
Há outra escola do período medieval, a escolástica que se estruturou entre os séculos IX e
XV. Será com a escolástica que o projeto de se unir fé e razão se tornará mais evidente, ou seja,
a busca por um discurso racional que tentou explicar a existência de Deus.
O pensamento de Agostinho está situado na escola patrística, já o de Santo Tomás de Aqui-
no se encontra na escolástica. Não é de se estranhar que será deste último a preocupação em
oferecer uma explicação racional para a existência de Deus.
Essa abordagem tem seu valor, porque o pensamento religioso também influenciou os
Estados, até hoje observamos o quanto de valores religiosos estão presentes em diversas
normas do ordenamento pátrio. Na sequência vou apresentar a você os dois principais pensa-
dores medievais e com maior potencial de ter as suas filosofias cobradas na sua prova.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
A cada época, uma forma específica de se pensar o direito natural é colocada. Aqui eu cha-
mo atenção para a Idade Média, em função do domínio do Cristianismo no Ocidente e, conse-
quentemente, sobre o pensamento jurídico, o que se tem como direito natural será fortemente
influenciado pela doutrina cristã, daí o motivo pelo qual a concepção acerca do que seja direito
natural se vincular à Deus.
“Ignorava a verdadeira justiça interior que não julga pelo costume, mas pela lei retíssima de
Deus Onipotente. Segundo ela, formam-se os costumes das nações e dos tempos, consoante
as nações e os tempos, permanecendo ela sempre a mesma em toda parte, sem se distinguir
na essência ou nas modalidades, em qualquer lugar”.
(SANTO AGOSTINHO, Confissões. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001)
A justiça, para Agostinho, tem particularidades não pensadas pela filosofia clássica, ainda que
influenciado por aquele pensamento, sobretudo de tradição platônica.
Assinale a alternativa que expressa a concepção de justiça em Agostinho, nos termos da obra citada.
a) É possível mensurar os atos justos por meio dos costumes, o homem justo é aquele se man-
tém fiel às boas leis da cidade.
b) É do direito natural que se extrai a justiça, suas regras inflexíveis são a expressão da representa-
ção divina no homem.
c) O justo vive da fé, porque, como ainda não vemos nosso bem, é preciso que o busquemos pela fé.
d) A lei justa se extrai das virtudes humanas, ainda que não sejam de inspiração divina, porque
a justiça também se realiza por conveniências.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
a) Errada. Erra por associar justiças às leis da cidade, em Agostinho a justiça somente se rea-
liza pela fé.
b) Errada. Erra ao associar justiça ao direito natural e estabelece-lhe ligação à representação
divina, em Agostinho é somente pela fé que se alcança a graça e, por consequência, a justiça.
d) Errada. Erro semelhante ao da letra a, pois associa justiça às virtude humanas e se dispen-
sar a inspiração divina, as conveniências não produzem justiça e as virtudes que não sejam de
inspiração divina, não são virtudes.
Letra c.
Agostinho é responsável direto por essa interpretação, em sua obra mais conhecida, A ci-
dade de Deus, estabelece os pressupostos básicos do que aqui estou identificando como uma
filosofia do direito. Defende que em Deus reside a justiça e não no homem. Nesse sentido, dife-
rencia-se da filosofia clássica, porque para àquela filosofia, as virtudes humanas são exemplos
de justiça, a própria justiça se manifesta como uma virtude.
Agostinho, por seu turno, entende que não há justiça humana, somente a lei eterna, advinda
de Deus, é capaz de promover a verdadeira justiça.
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FILOSOFIA DO DIREITO
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Para Agostinho, “o justo vive da fé, porque, como ainda não vemos o nosso bem, é preciso
que o busquemos pela fé”2. Mas ao mesmo tempo que destaca a ligação da ideia de justiça
vinculada efetivamente ao divino, não temos em Agostinho um pensamento subversivo, ao
contrário, defende que a lei terrena, ainda que imperfeita, deverá ser obedecida.
“À César o que é de César”, você já deve ter ouvido bastante essa afirmação, pois aqui ela
tem conotação importante, porque se vincula à postura filosófica cristã produzida por Agos-
tinho. Devemos obedecer aos reis simplesmente porque sua autoridade advém da vontade
divina, essa é a concepção presente na sua filosofia, o que a princípio parece contraditório com
a sua noção de justiça divina.
015. (GRANOAB/4º SIMULADO DO EXAME XXXII/2020) Para Agostinho, “o justo vive da fé,
porque, como ainda não vemos o nosso bem, é preciso que o busquemos pela fé”. Mas ao
mesmo tempo que destaca a ligação da ideia de justiça vinculada efetivamente ao divino, não
temos em Agostinho um pensamento subversivo, ao contrário, defende que a lei terrena, ainda
que imperfeita, deverá ser obedecida. Observa-se no seu pensamento, a concepção de duas
formas de justiça, uma divina e outra humana. Sobre esse tema, assinale a alternativa correta.
a) A justiça divina é guiada pela lei eterna, criada por Deus e praticamente ininteligível aos homens.
b) A justiça divina é resultante da lei natural e a lei natural é parte inteligível da lei eterna reve-
lada aos homens por meio da razão.
c) A justiça humana é corrupta e injusta, por isso devem ser desobedecidas por aqueles temen-
tes a Deus, uma vez que deverão se guiar sempre pela justiça divina.
d) A justiça humana é uma criação dos homens, portanto mutável e imperfeita.
A justiça humana, ainda que seja imperfeita e mutável, deve ser observada porque emana
de uma autoridade constituída por Deus. Elas são imperfeitas em razão da inobservância
dos legisladores aos desígnios divinos, como o homem possui livre arbítrio, Deus não in-
terfere em suas escolhas.
a) Errada. Está errada porque faz referência ao conceito de lei eterna desenvolvida por Santo
Tomás de Aquino e não por Agostinho.
b) Errada. Faz a mesma confusão que a alternativa “a”, refere-se a conceitos extraídos da filo-
sofia tomista e, ainda assim, eivado de equívocos.
c) Errada. Porque contraria a concepção agostiniana em relação a postura do homem em re-
lação às leis humanas, ou seja, mesmo sendo imperfeitas e mutáveis, as leis humanas devem
ser obedecidas, “à César o que é de César”.
Letra d.
2
SANTO AGOSTINHO. A cidade de Deus. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001, p. 388.
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FILOSOFIA DO DIREITO
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O que há no seu pensamento é a clara noção de existem duas justiças a serem conside-
radas, uma divina, outra humana. A justiça divina é guiada pela lei eterna, criada por Deus
e revelada aos homens nos textos sagrados. A justiça humana é uma criação dos homens,
portanto mutável e imperfeita.
Por que devemos obedecer a lei dos homens, uma vez que ela é imperfeita? Exatamente
porque emana de uma autoridade que foi constituída por Deus. Mas se foi constituída por
Deus, logo não poderia errar, certo? Não é bem assim, porque aos homens foi dado o livre ar-
bítrio, Deus não interfere no livre arbítrio, o erro é humano, não divino, ocorre quando o livre
arbítrio não se guia pela retidão, pela luz interior, ou seja, pela razão divina.
Pareceu a você um pouco de pregação religiosa? Pois é, a filosofia medieval, por estar
fortemente vinculada ao cristianismo e, ao mesmo tempo, eivada de teologia, é também um
discurso religioso. Mas aqui o que importa a você de fato é acertar as questões que porventura
caiam em sua prova sobre esse pensamento, então atente-se a esse tema pensando exata-
mente no seu objetivo.
Para Agostinho as leis humanas são corruptas e falíveis, porque se interessam tão somen-
te pelo exterior. Ao passo que a lei eterna advém de Deus, interessa-se pelo interior, pela alma
humana. Mas tal como já assinalado acima, Agostinho não defende subversão dos homens às
leis humanas, defende, contudo, a possibilidade de que já aqui na terra o homem se mantenha
fiel aos desígnios de Deus e, consequentemente, constituirá a Cidade de Deus.
Então, vejamos:
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FILOSOFIA DO DIREITO
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016. (CESPE/SEDUC-CE/2009) A obra Cidade de Deus, de Santo Agostinho, tem como tema central
a) a constituição de uma filosofia da história com base na providência divina e em sua justifi-
cação teológica.
b) a afirmação das verdades reveladas e da teologia cristã como base da política mundana.
c) a retomada dos argumentos platônicos expostos em A República como base para a cons-
tituição da cidade de Deus.
d) a constituição dos princípios da cidade de Deus em conflito com a cidade terrena, ou a ci-
dade do diabo.
a) Certa. Exatamente porque se trata do real propósito pretendido por Agostinho em sua obra,
ou seja, uma filosofia da história com base na providência divina.
b) e c) Erradas. São facilmente descartadas porque há internamente contradição.
d) Errada. Pode gerar dúvida, porque se refere ao conflito entre a cidade de Deus e a cidade
terrena, mas a sutileza da afirmação está no fato de se referir a esse conflito como sendo
constituído na obra, isso está errado. A obra identifica a existência desse conflito, mas não o
constitui, ainda, a obra apresenta os meios para superar esses conflitos.
Letra a.
017. (FGV/OAB/EXAME UNIFICADO XX/2016) Na sua mais importante obra, a Summa Theo-
logica, Santo Tomás de Aquino trata os conceitos de justiça comutativa e de justiça distributiva
de uma tal maneira, que eles passariam a ser largamente utilizados na Filosofia do Direito.
Assinale a opção que apresenta esses conceitos, conforme expostos na obra citada.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
a) A Justiça Comutativa regula as relações mútuas entre pessoas privadas e a Justiça Distri-
butiva regula a distribuição proporcional dos bens comuns.
b) A Justiça Distributiva destina-se a minorar os sofrimentos das pessoas e a Justiça Comuta-
tiva regula os contratos de permuta de mercadorias.
c) A Justiça Comutativa trata da redução ou diminuição das penas (sanção penal) e a Justiça
Distributiva da distribuição justa de taxas e impostos.
d) A Justiça Comutativa regula a relação entre súditos e governante e a Justiça Distributiva
trata das relações entre diferentes povos, também chamadas de direito das gentes.
a) Certa. A questão explora os conceitos de justiça distributiva e justiça comutativa. São con-
ceitos aristotélicos reproduzidos por Tomás de Aquino em sua obra Summa Theológica. Justi-
ça distributiva trata das relações entre o governo e os seus súditos, numa linguagem atual, dirí-
amos entre o Estado e o povo e pretende atacar as desigualdades por meio da redistribuição
dos recursos estatais, por isso se fala em justiça relativa. Já a justiça comutativa é aquela que
se manifesta nas relações entre particulares, visa corrigir um erro resultante de uma relação
jurídica inicial que se manifestou deliberadamente pela vontade das partes.
b) Errada. Nota importante acerca da alternativa “b”, a justiça que regula a permuta entre mer-
cadoria, segundo Aristóteles, é a justiça por reciprocidade, trata-se de uma modalidade de
justiça que visa garantir que as mercadorias permutadas sejam equivalentes entre si para que
assim se possa ter justiça na relação.
c) e d) Erradas. Fazem confusões com os conceitos e fogem do tema central trabalhado por
Aristóteles e Aquino acerca dessas acepções de justiça.
Letra a.
Na sua obra Suma Teológica, Aquino dedica duas seções que tratam da filosofia do direito,
a primeira se refere ao tratado das leis e a segunda o tratado de justiça. São dessas duas se-
ções que podemos esperar alguma questão do examinador.
Há uma novidade interessante trazida por Aquino, sua divisão das leis em quatro classes
distintas. Nos outros autores, como em Agostinho, vemos essa divisão em duas, lei dos ho-
mens e lei eterna, ou direito positivo e direito natural. Aquino irá inovar, identificando duas clas-
ses novas de lei, lei eterna, lei divina, lei natural e lei humana. Vamos entender cada uma delas.
Uma primeira aproximação do seu pensamento nos leva a perceber a influência dos clás-
sicos, considera lei apenas o que está voltado para o bem comum. A lei ordena o bem comum,
portanto, não se trata de definir lei a partir de um critério formal de validade como se verá entre
os modernos, mas o que se volta para o interesse comum.
É nessa direção que se encontram as quatro concepções de lei trazidas em sua filosofia:
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
Vemos que as coisas que não têm inteligência, como, por exemplo, os corpos naturais,
agem para uma finalidade, o que se mostra pelo fato de sempre ou frequentemente agirem
da mesma forma, para conseguirem o máximo, donde se segue que não é por acaso, mas in-
tencionalmente, que atingem seu objetivo. As coisas, entretanto, que não têm inteligência só
podem procurar um objetivo dirigidas por alguém que conhece e é inteligente, como a flecha
dirigida pelo arqueiro. Logo, existe algum ser inteligente que ordena todas as coisas da nature-
za para seu correspondente objetivo: a este ser chamamos Deus.
(AQUINO, Tomás de. Suma Teológica (I, Questão 2). In: MARCONDES, Danilo (org.). Textos básicos de filosofia.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007, p. 71.)
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
c) desenvolveu uma prova a partir da finalidade dos seres com base na filosofia platônica, ali-
cerce do pensamento medieval escolástico, exemplificado nesta quinta via.
d) concluiu que o ser humano somente consegue chegar às verdades sagradas por meio da
iluminação, processo que o faz compreender a finalidade dos seres.
a) Errada. Fala em “prova empírica” da existência de Deus, não é disso que trata sua filosofia,
quando o tema é abordado em “As cinco provas da existência de Deus”, o faz usando de requi-
sitos racionais.
b) Certa. é exatamente do que trata a sua filosofia, busca em Aristóteles os elementos para
construção de uma argumentação filosófica e teológica que demonstre como a ordem natural
tem origem divina.
c) Errada. Refere-se à influência platônica, quando a influência em seu pensamento é aristotélica.
d) Errada. Atente-se para o fato de a verdade chegar à nós por meio da revelação nas escrituras
sagradas, não por meio da iluminação como quer a alternativa.
Letra b.
Uma nota curiosa é que em Tomás de Aquino a lei natural não é completamente imutável,
nos preceitos primeiros a natureza não muda, mas quanto aos seus preceitos secundários ela
poderá sim sofrer alterações. Aí está um tópico para você ficar atento, porque o examinador
poderá cobrar exatamente esse tipo de conhecimento.
Como eu já havia destacado no início da seção sobre a filosofia medieval, trata de um
pensamento com vinculação ao cristianismo, por isso a temática dessa filosofia sempre trará
alguma ligação com o pensamento religioso.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
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RESUMO
A filosofia nasceu na Grécia Antiga e representou, na sua primeira manifestação, uma rup-
tura com o pensamento mítico-religioso.
Os primeiros filósofos, conhecidos como pré-socráticos, queriam explicar o funcionamen-
to da natureza buscando as causas dos fenômenos que identificavam, razão pela qual são
também conhecidos como filósofos físicos.
Os pré-socráticos desenvolveram categorias de pensamento que os ajudaram a formular
suas primeiras ideias sobre a natureza: phisys (mundo natural); causalidade (relações de cau-
sa e efeito); arque (elemento primordial da natureza); cosmo (realidade que inclui a phisys e os
astros); logos (razão); caráter crítico (o conhecimento é passível de revisão).
A filosofia clássica iniciada com Sócrates se caracteriza por ser uma filosofia antropológi-
ca, isso se deu porque o homem passou a ser o objeto central dessa filosofia.
Platão, discípulo de Sócrates, concebeu a realidade dividida em dois mundos, um sensível
e outro suprassensível, também chamado de mundo das ideias ou das formas. É no mundo
das ideias onde se encontra a verdade das coisas, mas esse mundo só é acessível por meio
do pensamento racional.
Ainda, Platão não estabelece uma clara distinção entre direito e justiça e associa a reali-
zação da justiça à polis, porque não concebe a possibilidade de o homem individualmente ser
justo numa sociedade corrompida.
Aristóteles foi discípulo de Platão, para muitos o filósofo mais importante do período clás-
sico. Trabalha com a justiça a partir de uma concepção matemática porque afirma que a justi-
ça é o justo meio.
A justiça pode ser aritmética, quando lida com as relações típicas do direito privado, seja
na sua dimensão comutativa, seja na sua dimensão reparativa, e pode ser também geométrica,
quando lida das relações entre governos e seus súditos na distribuição dos bens, honras ou
outros recursos.
Na filosofia medieval temos a conciliação entre fé e razão, isso se deu por meio da utiliza-
ção da filosofia como discurso racional de unidade do cristianismo. Esse discurso se iniciou
com Paulo de Tarso, mas teve em Santo Agostinho sua expressão filosófica de maior relevo.
Em Agostinho identificamos uma diferenciação entre dois tipos de leis, a eterna (oriunda
da vontade divina) e a humana (resultante das convenções humanas).
Temos ainda a defesa de que a lei humana deveria se inspirar na lei eterna a fim de que o
projeto de criação da cidade de Deus já se iniciasse aqui na Terra.
Por fim, o segundo filósofo de maior relevância da Era Medieval é Santo Tomás de Aquino.
Sua filosofia sofreu forte influência do pensamento de Aristóteles, retoma alguns dos concei-
tos de justiça daquele autor e produz uma teoria que busca provar, por meio da argumentação
filosófica e teológica, a existência de Deus.
A filosofia de Tomás de Aquino inova ao identificar a existência de quatro classes de lei,
eterna, divina, natural e humana. A eterna rege tudo, o universo, a vida e a natureza, parte des-
sa lei é revelada nas escrituras, é chamada de lei divina, outra parte se revela na natureza e é
descoberta por meio da razão. A lei humana é aquela resultante das convenções, da própria
vontade do homem.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
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MAPA MENTAL
Sobre a Filosofia Socrática
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
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c) Essa ideia implicaria fazer bem ao amigo e mal ao inimigo, mas fazer o mal não produz per-
feição, e a justiça é uma virtude que produz a perfeição humana.
d) Esse é um conceito decorrente exclusivamente da ideia de troca entre particulares, e, para
Platão, o conceito de justiça diz respeito à convivência na cidade.
“A concepção platônica sobre o justo é muito peculiar e especial. Difere totalmente da vi-
são que o jurista moderno tenha sobre o direito. Para o pensamento de Platão, torna-se muito
difícil dissociar direito de justiça, o que é reforçado pelo fato de que a mesma palavra, díkaion,
é utilizada de maneira intercambiável no texto platônico para essas duas ideias”
(MARCONDES, D. Iniciação à História da Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010).
Como consequência da concepção platônica acerca do justo e do direito, pode-se afirmar que
a) Uma lei injusta não é direito, mesmo que dotada de validade jurídica.
b) Uma lei injusta é direito, desde que dotada de validade jurídica.
c) A justiça da norma depende tão somente de sua validade jurídica.
d) O direito injusto é direito enquanto norma jurídica, mas não enquanto norma justa.
“Temos pois definido o justo e o injusto. Após distingui-los assim um do outro, é evidente
que a ação justa é intermediária entre o agir injustamente e o ser vítima da injustiça; pois um
deles é ter demais e o outro é ter demasiado pouco.”
(Aristóteles. Ética a Nicômaco. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 329).
De efeito, é correto concluir que para Aristóteles a justiça deve sempre ser entendida como:
a) produto da legalidade, pois o homem probo é o homem justo.
b) espécie de meio termo.
c) relação de igualdade aritmética.
d) ação natural imutável.
“Todos os bens devem, portanto, ser medido por uma só e mesma coisa, como dissemos.
Essa unidade é na verdade a demanda, que mantém todas as coisas juntas (...). Haverá, então,
reciprocidade quando os termos forem igualados de modo que assim como o agricultor está
para o sapateiro, a quantidade de produtos do sapateiro esteja para os produtos do trabalho do
agricultor, pela qual é trocada”.
(ARISTÓTELES. Ética a Nicomaco. Jandira, SP: Princiis, 2021, p. 116).
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
Em sua obra Ética a Nicomaco, Aristóteles se propõe a analisar as formas específicas de como
a justiça se manifesta. Assim, nos termos da obra em referência, é correto afirmar que o excer-
to acima se refere
a) Justiça proporcional, porque se dá na relação entre governo e súditos.
b) Justiça corretiva que visa reparar a ausência de proporcionalidade nas relações de troca de
mercadorias.
c) Justiça comutativa porque pautada na equivalência dos atos voluntários que originam as
relações de troca.
d) Justiça como reciprocidade, diz respeito a equivalência de produtos diferentes quando da
troca de mercadorias.
“... uma espécie é a que se manifesta nas distribuições de honras, de dinheiro ou das outras
coisas que são divididas entre aqueles que têm parte na constituição (pois aí é possível rece-
ber um quinhão igual ou desigual ao de um outro)...”
a) Justiça Natural.
b) Justiça Comutativa.
c) Justiça Corretiva.
d) Justiça Distributiva.
Em seu livro Ética a Nicômaco, Aristóteles apresenta a justiça como uma virtude e a diferencia
daquilo que é injusto. Assinale a opção que define aquilo que, nos termos do livro citado, deve
ser entendido como justiça enquanto virtude.
a) Um imperativo categórico que define um modelo de ação moralmente desejável para toda
e qualquer pessoa e se expressa da seguinte maneira: “Age como se a máxima de tua ação
devesse tornar-se, por meio da tua vontade, uma lei universal”.
b) Uma espécie de meio-termo, porém não no mesmo sentido que as outras virtudes, e sim porque
se relaciona com uma quantia intermediária, enquanto a injustiça se relaciona com os extremos.
c) Uma maneira de proteger aquilo que é o mais conveniente para o mais forte, uma vez que
a justiça como produto do governo dos homens expressa sempre as forças que conseguem
fazer valer seus próprios interesses.
d) O cumprimento dos pactos que decorrem da vida em sociedade, seja da lei como pacto que
vincula todos os cidadãos da cidade, seja dos contratos que funcionam como pactos celebra-
dos entre particulares e vinculam as partes contratantes.
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FILOSOFIA DO DIREITO
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012. (CESPE/MPU/2018/MODIFICADA)
Está, pois, suficientemente esclarecido que a virtude moral é um meio-termo entre dois ví-
cios, um dos quais envolve excesso e o outro, deficiência, e isso porque a sua natureza é visar
à mediania nas paixões e nos atos.
Do que acabamos de dizer segue-se que não é fácil ser bom, pois em todas as coisas é
difícil encontrar o meio-termo. (...) A justiça corretiva será o intermediário entre a perda e o
ganho. Eis aí por que as pessoas em disputa recorrem ao juiz; e recorrer ao juiz é recorrer à
justiça, pois a natureza do juiz é ser uma espécie de justiça animada; e procuram o juiz como
um intermediário, e em alguns Estados os juízes são chamados mediadores, na convicção de
que, se os litigantes conseguirem o meio-termo, conseguirão o que é justo. O justo, pois, é um
meio-termo, já que o juiz o é. Ora, o juiz restabelece a igualdade.
Aristóteles. Ética a Nicômaco. In: Os pensadores. (Org.) José A. M. Pessanha. 4.ª ed., v. 2, São Paulo: Nova Cul-
tural, 1991 (com adaptações).
A partir das ideias constantes nesse fragmento de texto, é correto afirmar que:
a) A justiça se vincula à natureza do trabalho de juiz, cuja atuação deve ser ética e correspon-
der ao exercício da própria noção de justiça.
b) Por ser da natureza humana as paixões e os vícios, sendo o juiz um ser humano, não se tem
jamais segurança no seu julgamento.
c) Está perante o juiz não se é o mesmo que se colocar diante do justo, porque o juiz, como
todo homem, é movido por paixões e, por esse motivo, é sempre parcial.
d) A decisão do juiz expressa numa sentença somente será justa quando alinhada ao justo natural.
“Ignorava a verdadeira justiça interior que não julga pelo costume, mas pela lei retíssima de
Deus Onipotente. Segundo ela, formam-se os costumes das nações e dos tempos, consoante
as nações e os tempos, permanecendo ela sempre a mesma em toda parte, sem se distinguir
na essência ou nas modalidades, em qualquer lugar”.
(SANTO AGOSTINHO, Confissões. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001)
A justiça, para Agostinho, tem particularidades não pensadas pela filosofia clássica, ainda que
influenciado por aquele pensamento, sobretudo de tradição platônica.
Assinale a alternativa que expressa a concepção de justiça em Agostinho, nos termos da obra citada.
a) É possível mensurar os atos justos por meio dos costumes, o homem justo é aquele se man-
tém fiel às boas leis da cidade.
b) É do direito natural que se extrai a justiça, suas regras inflexíveis são a expressão da repre-
sentação divina no homem.
c) O justo vive da fé, porque, como ainda não vemos nosso bem, é preciso que o busque-
mos pela fé.
d) A lei justa se extrai das virtudes humanas, ainda que não sejam de inspiração divina, porque
a justiça também se realiza por conveniências.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
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015. (GRANOAB/4º SIMULADO DO EXAME XXXII/2020) Para Agostinho, “o justo vive da fé,
porque, como ainda não vemos o nosso bem, é preciso que o busquemos pela fé”. Mas ao
mesmo tempo que destaca a ligação da ideia de justiça vinculada efetivamente ao divino, não
temos em Agostinho um pensamento subversivo, ao contrário, defende que a lei terrena, ainda
que imperfeita, deverá ser obedecida. Observa-se no seu pensamento, a concepção de duas
formas de justiça, uma divina e outra humana. Sobre esse tema, assinale a alternativa correta.
a) A justiça divina é guiada pela lei eterna, criada por Deus e praticamente ininteligível aos homens.
b) A justiça divina é resultante da lei natural e a lei natural é parte inteligível da lei eterna reve-
lada aos homens por meio da razão.
c) A justiça humana é corrupta e injusta, por isso devem ser desobedecidas por aqueles temen-
tes a Deus, uma vez que deverão se guiar sempre pela justiça divina.
d) A justiça humana é uma criação dos homens, portanto mutável e imperfeita.
017. (FGV/OAB/EXAME UNIFICADO XX/2016) Na sua mais importante obra, a Summa Theo-
logica, Santo Tomás de Aquino trata os conceitos de justiça comutativa e de justiça distributiva
de uma tal maneira, que eles passariam a ser largamente utilizados na Filosofia do Direito.
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Odair José
Assinale a opção que apresenta esses conceitos, conforme expostos na obra citada.
a) A Justiça Comutativa regula as relações mútuas entre pessoas privadas e a Justiça Distri-
butiva regula a distribuição proporcional dos bens comuns.
b) A Justiça Distributiva destina-se a minorar os sofrimentos das pessoas e a Justiça Comuta-
tiva regula os contratos de permuta de mercadorias.
c) A Justiça Comutativa trata da redução ou diminuição das penas (sanção penal) e a Justiça
Distributiva da distribuição justa de taxas e impostos.
d) A Justiça Comutativa regula a relação entre súditos e governante e a Justiça Distributiva
trata das relações entre diferentes povos, também chamadas de direito das gentes.
Vemos que as coisas que não têm inteligência, como, por exemplo, os corpos naturais,
agem para uma finalidade, o que se mostra pelo fato de sempre ou frequentemente agirem
da mesma forma, para conseguirem o máximo, donde se segue que não é por acaso, mas in-
tencionalmente, que atingem seu objetivo. As coisas, entretanto, que não têm inteligência só
podem procurar um objetivo dirigidas por alguém que conhece e é inteligente, como a flecha
dirigida pelo arqueiro. Logo, existe algum ser inteligente que ordena todas as coisas da nature-
za para seu correspondente objetivo: a este ser chamamos Deus.
(AQUINO, Tomás de. Suma Teológica (I, Questão 2). In: MARCONDES, Danilo (org.). Textos básicos de filosofia.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007, p. 71.)
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FILOSOFIA DO DIREITO
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QUESTÕES DE CONCURSO
019. (CONSUPLAN/SEDUC-PA/2018/ADAPTADA)
“Na Grécia Antiga, havia ‘professores’ itinerantes, os sofistas, que percorriam as cidades ensi-
nando a arte da retórica às pessoas interessadas. A principal finalidade de seus ensinamentos era
introduzir o cidadão na vida política. Tudo o que temos desses professores são fragmentos e cita-
ções e, por isso, não podemos saber profundamente sobre o que eles pensavam. Aquilo que temos
de mais importante a respeito deles foi aquilo que disseram Platão e Aristóteles.”
(Disponível em: mundoeducacao.bol.uol.com.br.).
Na Grécia Antiga, “o mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros,
da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos ventos, do bem e do mal, da
saúde e da doença, da morte, dos instrumentos de trabalho, das raças, das guerras, do poder, etc.)”
(CHAUÍ, 2009, p. 34).
A partir do trecho citado e de seus conhecimentos sobre a mitologia grega, assinale a alterna-
tiva correta.
a) O mito não pode ser considerado conhecimento.
b) O mito é a expressão de uma primeira tentativa da consciência humana de explicar a filoso-
fia pré-socrática, ou seja, o período cosmológico.
c) O mito consistia em uma narrativa acerca da origem e do funcionamento do universo, bem
como abordava a origem dos seres humanos, o fundamento dos costumes humanos e a inter-
ferência dos deuses.
d) O mito faz parte da tradição ocidental de cunho escrito. No caso, primeiramente, cada mito
foi escrito e, em seguida, passou a ser narrado pelos poetas.
021. (CESPE/SEDUC-CE/2013/ADAPTADA)
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
Sócrates experimentara o filosofar como pólemos, isto é, o embate e combate pela evidên-
cia e verdade (aletheia), contra o perigo da aparência e da opinião (doxa). E pautara esse filo-
sofar “polêmico” (no sentido acima) no exercício do diálogo. Do diálogo socrático fazia parte
a ironia. “No uso comum, a palavra ironia tem uma gama infinita de sentidos. Mas em todos
eles perpassa uma atitude mental que considera o conhecimento uma névoa que embacia e
deforma a realidade. Nossa existência-no-mundo, formada a partir dessa névoa, torna-se terri-
velmente mesquinha. O pensador irônico percebe a mesquinhez de tal existência. Sócrates foi
mestre da ironia porque, na discussão das palavras, conduzia a todos à evidência e à convic-
ção do ‘sei que nada sei’”.
Arcângelo R. Buzzi. Filosofia para principiantes: a existência humana no mundo. Petrópolis: Vozes, p. 82, 9.ª ed.,
1998, p. 82 (com adaptações).
Agora, porém, partirá injustiçado se de fato for embora, mas não por nós, as leis, e sim
pelos homens; mas se fugir depois de tão vergonhosamente revidar injustiça com injustiça e
o mal com o mal, rompendo os seus pactos e acordos conosco e ferindo àqueles que menos
deveria – a si mesmo e aos amigos, ao país e a nós –, ficaremos zangadas com você...
(PLATÃO, Críton. In MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 25)
Com o argumento exposto no texto, Sócrates convence Críton de que, apesar da pena que
recebe, sua recusa a fugir faz sentido. Sobre o argumento de Sócrates, é correto afirmar que
a) fugir é alternativa correta, porém a morte eleva a alma até as ideias, o Bem e a Verdade.
b) as leis são injustas e seu destino é cumprir a sentença de morte, a verdade absoluta da vida,
pois o Estado pretende uma verdade menor.
c) as leis dizem a verdade que o Estado ordena, e os homens são livres para fugir ou submeter-
-se às leis, que são válidas conforme interesses.
d) homens cometem injustiça e as leis representam a verdade, fugir consistiria em abdicar do
que é precioso, o acordo com as leis e a reverência ao Estado.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
O objeto próprio dessa virtude é atribuir a cada um o seu, conforme a fórmula tradicional já
mencionada por Platão e que será retomada por toda a literatura clássica: que se efetue uma
partilha adequada, em que cada um não recebe nem mais nem menos do que a boa medida
exige. Aristóteles encontra, portanto, uma explicação de sua teoria geral da virtude como bus-
ca do meio-termo: mas, aqui, o meio-termo está nas próprias coisas, que são atribuídas a cada
um em quantidades nem grandes nem pequenas demais, mas média entre esses dois exces-
sos [...]. O objetivo é obter ou preservar uma certa harmonia social; procurar conseguir o que
Aristóteles chama uma igualdade.
(Adaptado de: VILLEY, Michel. A formação do pensamento jurídico Moderno. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p.
41 e 42)
024. (CESPE/MPU/2018/MODIFICADA)
Visto que a virtude se relaciona com paixões e ações, e é às paixões e ações voluntárias que
se dispensa louvor e censura, enquanto as involuntárias merecem perdão e às vezes piedade,
é talvez necessário a quem estuda a natureza da virtude distinguir o voluntário do involuntário.
Tal distinção terá também utilidade para o legislador no que tange à distribuição de honras e
castigos. São, pois, consideradas involuntárias aquelas coisas que ocorrem sob compulsão
ou por ignorância; e é compulsório ou forçado aquilo cujo princípio motor se encontra fora de
nós e para o qual em nada contribui a pessoa que age e que sente a paixão — por exemplo,
se tal pessoa fosse levada a alguma parte pelo vento ou por homens que dela se houvessem
apoderado.(...)No que tange a dar ou receber dinheiro, a mediania é a generosidade; o excesso
é a prodigalidade, e a deficiência, a mesquinhez, mas o indivíduo pródigo e o mesquinho são
excessivos e carentes de maneiras opostas entre si; o pródigo se excede em dar e é deficiente
em obter, enquanto o mesquinho se excede em obter e é deficiente em dar.
Aristóteles. Ética a Nicômaco. In: Os pensadores. (Org.) José A. M. Pessanha. 4.ª ed. Vol. 2. São Paulo: Nova
Cultural, 1991 (com adaptações).
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
a) O indivíduo pródigo do modelo aristotélico deve servir de modelo para a ação ética no servi-
ço público, haja vista ser ele, ao contrário do mesquinho, exemplo de generosidade.
b) O indivíduo pródigo não deve servir de modelo para a ação ética no serviço público.
c) O indivíduo pródigo é um exemplo de generosidade, mesmo sendo um vício.
d) A prodigalidade é exemplo de ética quando não se aproxima dos extremos.
026. (CESPE/MPU/2018/MODIFICADA)
Visto que a virtude se relaciona com paixões e ações, e é às paixões e ações voluntárias que
se dispensa louvor e censura, enquanto as involuntárias merecem perdão e às vezes piedade,
é talvez necessário a quem estuda a natureza da virtude distinguir o voluntário do involuntário.
Tal distinção terá também utilidade para o legislador no que tange à distribuição de honras e
castigos. São, pois, consideradas involuntárias aquelas coisas que ocorrem sob compulsão
ou por ignorância; e é compulsório ou forçado aquilo cujo princípio motor se encontra fora de
nós e para o qual em nada contribui a pessoa que age e que sente a paixão — por exemplo,
se tal pessoa fosse levada a alguma parte pelo vento ou por homens que dela se houvessem
apoderado. (...) No que tange a dar ou receber dinheiro, a mediania é a generosidade; o excesso
é a prodigalidade, e a deficiência, a mesquinhez, mas o indivíduo pródigo e o mesquinho são
excessivos e carentes de maneiras opostas entre si; o pródigo se excede em dar e é deficiente
em obter, enquanto o mesquinho se excede em obter e é deficiente em dar.
Aristóteles. Ética a Nicômaco. In: Os pensadores. (Org.) José A. M. Pessanha. 4.ª ed. Vol. 2. São Paulo: Nova
Cultural, 1991 (com adaptações).
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
029. (CONSUPLAN/SEDUC-PA/2018/MODIFICADA)
“Aurélio Agostinho, o Santo Agostinho de Hipona, foi um importante bispo, cristão e teólo-
go. Nasceu na região norte da África em 354. Era filho de mãe que seguia o cristianismo, porém
seu pai era pagão. Logo, em sua formação, teve importante influência do maniqueísmo.”
(Reale, 1990. V 1. P. 428-34.)
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
031. (IDECAN/SEARN-RN/2016)
“Antes de Deus ter criado o mundo, as ‘ideias’ já existiam dentro de sua cabeça. Assim, é
atribuído a Deus as ideias eternas.”
(Gaarder, 1995:194.)
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
GABARITO
1. b
2. d
3. c
4. a
5. b
6. d
7. d
8. b
9. b
10. c
11. a
12. a
13. c
14. b
15. d
16. a
17. a
18. b
19. c
20. c
21. a
22. d
23. d
24. b
25. a
26. c
27. a
28. d
29. d
30. a
31. d
32. c
33. a
34. b
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FILOSOFIA DO DIREITO
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GABARITO COMENTADO
019. (CONSUPLAN/SEDUC-PA/2018/ADAPTADA)
“Na Grécia Antiga, havia ‘professores’ itinerantes, os sofistas, que percorriam as cidades ensi-
nando a arte da retórica às pessoas interessadas. A principal finalidade de seus ensinamentos era
introduzir o cidadão na vida política. Tudo o que temos desses professores são fragmentos e cita-
ções e, por isso, não podemos saber profundamente sobre o que eles pensavam. Aquilo que temos
de mais importante a respeito deles foi aquilo que disseram Platão e Aristóteles.”
(Disponível em: mundoeducacao.bol.uol.com.br.).
a) Errada. A cidadania não carece necessariamente da arte de persuasão para ser exercida.
b) Errada. Não houve esse resgate do modelo sofístico na Idade Média.
c) Certa. Não há preocupação moral na filosofia sofística, tampouco se identifica uma estru-
tura teórica bem elaborada.
d) Errada. Há quem questione até mesmo se o pensamento sofístico poderia ser considerado
filosofia, não se trata de um pensamento imprescindível.
Letra c.
Na Grécia Antiga, “o mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros,
da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos ventos, do bem e do mal, da
saúde e da doença, da morte, dos instrumentos de trabalho, das raças, das guerras, do poder, etc.)”
(CHAUÍ, 2009, p. 34).
A partir do trecho citado e de seus conhecimentos sobre a mitologia grega, assinale a alterna-
tiva correta.
a) O mito não pode ser considerado conhecimento.
b) O mito é a expressão de uma primeira tentativa da consciência humana de explicar a filoso-
fia pré-socrática, ou seja, o período cosmológico.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
021. (CESPE/SEDUC-CE/2013/ADAPTADA)
Sócrates experimentara o filosofar como pólemos, isto é, o embate e combate pela evidên-
cia e verdade (aletheia), contra o perigo da aparência e da opinião (doxa). E pautara esse filo-
sofar “polêmico” (no sentido acima) no exercício do diálogo. Do diálogo socrático fazia parte
a ironia. “No uso comum, a palavra ironia tem uma gama infinita de sentidos. Mas em todos
eles perpassa uma atitude mental que considera o conhecimento uma névoa que embacia e
deforma a realidade. Nossa existência-no-mundo, formada a partir dessa névoa, torna-se terri-
velmente mesquinha. O pensador irônico percebe a mesquinhez de tal existência. Sócrates foi
mestre da ironia porque, na discussão das palavras, conduzia a todos à evidência e à convic-
ção do ‘sei que nada sei’”.
Arcângelo R. Buzzi. Filosofia para principiantes: a existência humana no mundo. Petrópolis: Vozes, p. 82, 9.ª ed.,
1998, p. 82 (com adaptações).
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
a) Certa. O objetivo do método socrático (maiêutico) é levar a pessoa a filosofar, a pensar so-
bre o tema em debate. Sócrates usava da ironia como forma de incitar a reflexão.
b) Errada. Não havia interesse em depreciar o interlocutor.
c) Errada. É mais que opinião, porque deseja que as pessoas sejam capazes de pensar a rea-
lidade e alcançar a verdade.
d) Errada. O não saber não é mera ignorância, apenas um estado que pode ser superado por
meio da reflexão filosófica.
Letra a.
Agora, porém, partirá injustiçado se de fato for embora, mas não por nós, as leis, e sim
pelos homens; mas se fugir depois de tão vergonhosamente revidar injustiça com injustiça e
o mal com o mal, rompendo os seus pactos e acordos conosco e ferindo àqueles que menos
deveria – a si mesmo e aos amigos, ao país e a nós –, ficaremos zangadas com você...
(PLATÃO, Críton. In MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 25)
Com o argumento exposto no texto, Sócrates convence Críton de que, apesar da pena que
recebe, sua recusa a fugir faz sentido. Sobre o argumento de Sócrates, é correto afirmar que
a) fugir é alternativa correta, porém a morte eleva a alma até as ideias, o Bem e a Verdade.
b) as leis são injustas e seu destino é cumprir a sentença de morte, a verdade absoluta da vida,
pois o Estado pretende uma verdade menor.
c) as leis dizem a verdade que o Estado ordena, e os homens são livres para fugir ou submeter-
-se às leis, que são válidas conforme interesses.
d) homens cometem injustiça e as leis representam a verdade, fugir consistiria em abdicar do
que é precioso, o acordo com as leis e a reverência ao Estado.
a) Errada. Sócrates jamais pensou em fugir e não via a fuga como uma conduta correta.
b) Errada. O problema não está nas leis, a injustiça se faz por quem aplica as leis.
c) Errada. As leis não podem ser validadas apenas pelo interesse das pessoas.
d) Certa. As leis são o elemento fundamental para garantir o bem comum, por isso o erro na
sua aplicação não justifica a desobediência.
Letra d.
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
O objeto próprio dessa virtude é atribuir a cada um o seu, conforme a fórmula tradicional já
mencionada por Platão e que será retomada por toda a literatura clássica: que se efetue uma
partilha adequada, em que cada um não recebe nem mais nem menos do que a boa medida
exige. Aristóteles encontra, portanto, uma explicação de sua teoria geral da virtude como bus-
ca do meio-termo: mas, aqui, o meio-termo está nas próprias coisas, que são atribuídas a cada
um em quantidades nem grandes nem pequenas demais, mas média entre esses dois exces-
sos [...]. O objetivo é obter ou preservar uma certa harmonia social; procurar conseguir o que
Aristóteles chama uma igualdade.
(Adaptado de: VILLEY, Michel. A formação do pensamento jurídico Moderno. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p.
41 e 42)
024. (CESPE/MPU/2018/MODIFICADA)
Visto que a virtude se relaciona com paixões e ações, e é às paixões e ações voluntárias que
se dispensa louvor e censura, enquanto as involuntárias merecem perdão e às vezes piedade,
é talvez necessário a quem estuda a natureza da virtude distinguir o voluntário do involuntário.
Tal distinção terá também utilidade para o legislador no que tange à distribuição de honras e
castigos. São, pois, consideradas involuntárias aquelas coisas que ocorrem sob compulsão
ou por ignorância; e é compulsório ou forçado aquilo cujo princípio motor se encontra fora de
nós e para o qual em nada contribui a pessoa que age e que sente a paixão — por exemplo,
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
se tal pessoa fosse levada a alguma parte pelo vento ou por homens que dela se houvessem
apoderado.(...)No que tange a dar ou receber dinheiro, a mediania é a generosidade; o excesso
é a prodigalidade, e a deficiência, a mesquinhez, mas o indivíduo pródigo e o mesquinho são
excessivos e carentes de maneiras opostas entre si; o pródigo se excede em dar e é deficiente
em obter, enquanto o mesquinho se excede em obter e é deficiente em dar.
Aristóteles. Ética a Nicômaco. In: Os pensadores. (Org.) José A. M. Pessanha. 4.ª ed. Vol. 2. São Paulo: Nova
Cultural, 1991 (com adaptações).
a) Errada. A afirmativa contraria o que está posto no enunciado, “pródigo se excede em dar e é
deficiente em obter”.
b) Certa. O pródigo se excede em dar e é deficiente em obter, completamente inadequado para
o serviço público.
c) Errada. Se é vício, não pode ser exemplo.
d) Errada. A prodigalidade se aproxima dos extremos e não se liga à ética.
Letra b.
a) Certa. A virtude está no campo da ética, um saber prático. Logo, a virtude se liga à prá-
tica reiterada.
b) Errada. Completamente equivocado, Aristóteles é contrário aos desequilíbrios sociais.
c) Errada. A virtude é prática, resulta dos costumes e de atitudes reiteradas com fundamento ético.
d) Errada. Ética é um campo do saber prático.
Letra a.
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026. (CESPE/MPU/2018/MODIFICADA)
Visto que a virtude se relaciona com paixões e ações, e é às paixões e ações voluntárias que
se dispensa louvor e censura, enquanto as involuntárias merecem perdão e às vezes piedade,
é talvez necessário a quem estuda a natureza da virtude distinguir o voluntário do involuntário.
Tal distinção terá também utilidade para o legislador no que tange à distribuição de honras e
castigos. São, pois, consideradas involuntárias aquelas coisas que ocorrem sob compulsão
ou por ignorância; e é compulsório ou forçado aquilo cujo princípio motor se encontra fora de
nós e para o qual em nada contribui a pessoa que age e que sente a paixão — por exemplo,
se tal pessoa fosse levada a alguma parte pelo vento ou por homens que dela se houvessem
apoderado. (...) No que tange a dar ou receber dinheiro, a mediania é a generosidade; o excesso
é a prodigalidade, e a deficiência, a mesquinhez, mas o indivíduo pródigo e o mesquinho são
excessivos e carentes de maneiras opostas entre si; o pródigo se excede em dar e é deficiente
em obter, enquanto o mesquinho se excede em obter e é deficiente em dar.
Aristóteles. Ética a Nicômaco. In: Os pensadores. (Org.) José A. M. Pessanha. 4.ª ed. Vol. 2. São Paulo: Nova
Cultural, 1991 (com adaptações).
a) Errada. Se o servidor está subordinado à lei, não há como se falar em ação voluntária.
b) Errada. A ética aristotélica tem preocupação com a retidão da conduta, totalmente compatí-
vel com o que deve ser a conduta do servidor público.
c) Certa. A definição de um modelo de conduta está ligada à retidão da ação, ao fazer a coisa
certa. Compatível com o que deve ser a conduta do servidor público.
d) Errada. De fato o modelo de Estado vivido por Aristóteles é diferente do modelo atual, mas
essa diferença não se vincula à sua concepção ética.
Letra c.
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“Aurélio Agostinho, o Santo Agostinho de Hipona, foi um importante bispo, cristão e teólo-
go. Nasceu na região norte da África em 354. Era filho de mãe que seguia o cristianismo, porém
seu pai era pagão. Logo, em sua formação, teve importante influência do maniqueísmo.”
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Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
031. (IDECAN/SEARN-RN/2016)
“Antes de Deus ter criado o mundo, as ‘ideias’ já existiam dentro de sua cabeça. Assim, é
atribuído a Deus as ideias eternas.”
(Gaarder, 1995:194.)
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FILOSOFIA DO DIREITO
Filosofia do Direito nos Pensamentos Clássico e Medieval
Odair José
Escolástica é um método filosófico que busca unir fé e razão e tem em Tomás de Aquino um
dos seus principais expoentes. Este filósofo sofreu grande influência do pensamento de Aris-
tóteles, compreende que a razão é uma criação divina, a fé é revelação de Deus e, por esse
motivo, não há que se falar em contradição entre fé e razão.
Letra a.
Odair José
Mestre em Sociologia pela Universidade de Brasília (2002), bacharelado em Ciências Sociais pela
Universidade Federal de Goiás (1999) e, atualmente, está cursando Direito pelo Centro Universitário de
Brasília. É professor da Faculdade Processus-DF. Tem experiência nas áreas de Sociologia, Filosofia do
Direito, História do Direito e em Ciência Política com ênfase em Sociologia Jurídica e Teoria do Estado,
atuando, principalmente, nos seguintes temas: Estado, Direito e Sociedade.
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