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AULA 02 –
REFLEXÃO E
PRÁTICA
FILOSÓFICA
Caro estudante,
Bons estudos!
Reconhecer como os filósofos estabelecem suas reflexões e
argumentações;
Relacionar conceitos profundos para a reflexão filosófica;
Analisar a complexidade das premissas e inquietudes dos filósofos,
relacionando-as com a educação.
Nesta aula, você vai conferir os contextos conceituais da psicologia entenderá
como ela alcançou o seu estatuto de cientificidade. Além disso, terá a oportunidade
de conhecer as três grandes doutrinas da psicologia, behaviorismo, psicanálise e
Gestalt, e as áreas de atuação do psicólogo.
1. Por que as pessoas pensam o que pensam, dizem o que dizem e fazem o
que fazem? (motivos, razões e causas para o que se pensa, diz e faz);
2. O que as pessoas querem pensar quando pensam, o que querem dizer
quando falam, o que querem fazer quando agem? (sentido do que se pensa,
diz e faz);
3. Para que as pessoas pensam o que pensam, dizem o que dizem, fazem o
que fazem? (intenção do que se pensa, diz e faz).
Em suma, pode-se considerar a atitude filosófica de questionar o que significa
pensar, falar e agir. A atitude filosófica está ligada ao "o que é?", ao " como é? e ao
"por que é?", todos baseados no mundo (essência, significado, estrutura e origem de
todas as coisas). A reflexão filosófica, por outro lado, leva a perguntas como "por
quê?" e " o quê?" ligada ao pensamento do sujeito em ato de reflexão (capacidade,
finalidade humana para conhecer e agir) (CHAUÍ, 1995).
Você também precisa entender a importância relativa dos argumentos, pois,
conforme a declaração de justificação, um filósofo geralmente justifica uma afirmação
referindo-se a um argumento. Como Bonjour (2010, p. 24) proclama: "Em filosofia, um
argumento não é uma discordância ou uma briga".
Assim, a ideia principal relacionada a um argumento filosófico diz respeito à
justificação de uma afirmação, ou seja, é necessário estabelecer premissas para
demonstrar que a conclusão do argumento é verdadeira.
Você deve se familiarizar-se com os conceitos de argumento dedutivo válido e
inválido. Para isso podemos considerar, primeiramente, as diferenças entre raciocínio
indutivo e raciocínio dedutivo. O raciocínio indutivo é aquele que parte dos fatos
particulares, ou seja, da observação constante de um conjunto de fenômenos e de
uma habitualidade visando inferir e expressar uma regra geral. No entanto, nesse
âmbito, toda forma de pensar se apresenta orientada pelo conceito
probabilidade. Segundo Japiassu e Marcondes (2001), ainda que o método indutivo
não permita o estabelecimento de verdades e conclusões de caráter definitivo, ele
fornece, no entanto, razões para aceitação de determinadas condições e explicações,
que se tornam mais seguras quanto maior a quantidade de observações realizadas.
Este método se torna importante na ciência experimental, mas ele é pensado e
defendido no âmbito da filosofia, sobretudo a partir dos trabalhos do empirista inglês
Francis Bacon (1561-1626), sendo posteriormente sistematizado por J. Stuart Mill
(1806-1873), que tentou dar uma explicação empirista para os fundamentos da lógica
e da filosofia.
Segundo Japiassu e Marcondes (2001), diferentemente do raciocínio indutivo,
a forma de pensar dedutiva é aquela que nos permite inferir uma ou várias
proposições (ou premissas de caráter declarativo) uma conclusão que delas decorre
logicamente. O modelo da dedução é o silogismo ou o raciocínio matemático: se é
verdade que os homens são mortais, e se é verdade que Sócrates é um homem, então
é possível deduzir que Sócrates é mortal. Nesse sentido, alguns argumentos podem
ser considerados dedutivos válidos, cujas premissas, se verdadeiras, garantem a
verdade da conclusão (BONJOUR, 2010). Existem também as formas de
argumentação dedutiva inválida. Nesse tipo de argumento, as premissas são
verdadeiras e a conclusão é falsa ou o contrário.
Você viu até agora que filosofia, reflexão filosófica e argumentação são
assuntos muito complexos. Portanto, para entendê-los, não basta entender uma
única definição de filosofia. De modo geral, o estudo do pensamento e da
argumentação envolve concepções sobre visão de mundo, sabedoria de vida, esforço
racional para conceber o universo como um todo ordenado e significativo, bem
como fundamentação teórica e crítica do conhecimento e da prática (CHAUÍ, 1995).
Os elementos inerentes à filosofia estão ligados em uma essência teórica
fundada na lógica enquanto expressão válida do pensamento, o que não significa que
essa essência seja definida como uma doutrina ou um conhecimento completo. Trata-
se, da forma que o pensamento assume quando alcança uma posição fundamentada
em relação aos fenômenos do mundo e os acontecimentos da experiência. Como
afirma Aranha (1993, p. 72), "Para Platão, a primeira virtude de um filósofo não é
admirar-se, mas se admirar com o mundo”. Nesse sentido, o termo “admiração” é
uma condição relacionada à problematização, ou seja, a filosofia não é vista como
dona da verdade, mas como propulsora da busca por essa verdade, que deve se
assumir a partir do primeiro espanto e da admiração, o esforço de pensar e se exprimir
rigorosamente.
Você também viu a complexidade do assunto. Para haver um bom argumento,
duas coisas são necessárias: a conclusão deve ser válida e suas premissas devem
ser verdadeiras. Além disso, um argumento pode ser ruim mesmo que suas premissas
e conclusão sejam verdadeiras. Isso acontece quando não existe relação lógica entre
aquilo que está sendo dito. Por relação lógica precisamos entender a operação,
muitas vezes de caráter intuitivo, que liga duas proposições sobre o mundo, de modo
que a existência de uma se funde ou responda à existência da outra.
Essa relação lógica tem um fundo existencial, pois pressupõe um contexto
lógico e intersubjetivo que se expande para além do discurso e busca confirmação na
experiência entendida de modo amplo. Não se trata somente da experiência em
sentido empírico, ou seja, de dados recebidos pelos sentidos, mas da experiência que
preenche “intuitivamente” o argumento. A filosofia se realiza nesse jogo entre o
esforço crítico de expressão e o contato com os fenômenos que podem ser de ordem
lógica, prática, ideal, científica ou simplesmente humana. Por exemplo,
RACHELS, J.; RACHELS, S. A coisa certa a fazer. 6. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill,
2014.