Você está na página 1de 62

INTRODUÇÃO

Com a presente Apostila acadêmica tem-se a intenção de percorrer o


conceito de Filosofia e Ética, tendo como base fundamental, em primeira instância,
apresentar o conceito de forma geral ou ampla, para em seguida analisar a
aplicabilidade de tais conceitos a prática profissional e empresarial.
No decorrer da explanação será feita uma reconstrução do conceito de
Filosofia, para isso será preciso utilizar algumas obras, as quais considero
interessante para proporcionar a interpretação clara e objetiva que se faz necessário
em primeira instância.
E como parte complementar, mas indispensável, busca-se a abordagem que
desenvolverá no corpo discente à reflexão filosófica e na mesma instância, mediante
o interesse individual despertar a atitude crítica, como busca do conhecimento
verdadeiro.
Quanto à questão da Ética, a abordagem caminha para o contexto geral,
porém, não foge a reflexão crítica, já que o interesse da aplicabilidade da disciplina é
direcionar a conduta adequada ao eixo profissional. Portanto, insere-se a Ética geral
cuja base filosófica teórica encontra-se em vários filósofos de cada período,
seguindo o contexto histórico: Antiguidade, Modernidade e a Era Contemporânea.
No que se refere à aplicabilidade do conceito à prática profissional e
empresarial, utilizar-se-á obras atuais, textos científicos e técnicos, tendo como
requisito básico o Curso de Graduação.
A parte geral do material divide-se em 02 (dois) capítulos a iniciar com
Filosofia e terminar com Ética. E a parte específica, destina-se direcionar o contexto
a Ética Profissional e para isso 02 (dois) capítulos. E como parte especial, pretende-
se complementar o material inserindo mais 02 (dois) capítulos, os quais direcionam
os estudos para a área de atuação do corpo discente.
Em todos os aspectos a serem tratados no presente o objetivo maior, é sem
dúvida, formar integralmente o profissional, habilitando-o a planejar, coordenar e
orientar as atribuições que lhe são próprias, dentro de uma organização empresarial,
bem como facilitar sua atuação em seu campo de atividade, levando em
consideração, os diversos ramos empresariais que podem servir de referencial, tais
como: privados, públicos, estatais, órgãos oficiais, autarquias e outros, desde que
envolvidos diretamente com o comércio, indústria e prestação de serviços.
A metodologia a ser utilizada fundamenta-se em questionamentos reflexivos
os quais tendem a direcionar o corpo discente a desenvolver a sua capacidade de
refletir criticamente, bem como conscientiza-los da real situação que provavelmente
será à base da estrutura social que o mesmo, como profissional desenvolverá sua
profissão.
Portanto, pretende-se deixa-lo apto a atuar em qualquer organização
empresarial, com a visão geral da conduta Ética tendo como requisito norteador o
Código de Ética da Classe Profissional, já que em tal documento encontrará os seus
direitos e deveres, bem como as penalidades, caso deseja atuar de forma contrária,
as regras pré-estabelecidas neste documento norteador de conduta profissional.
Ao final, não será possível dar respostas para todas as questões que serão
abordadas enquanto prática da Ética, pois para isso precisa-se percorrer o caminho
de uma tese, e o presente trabalho, busca apenas evidenciar o que é mais
interessante no aspecto Filosófico e Ético, bem como, a sua aplicabilidade, enquanto
teorias que podem desenvolver todo o potencial do corpo discente preparando-os
para o futuro, com capacidade de tomar decisões frente aos dilemas que poderão
surgir no exercício da profissão.
CAPÍTULO I

FILOSOFIA

1.1. CONCEITO DE FILOSOFIA

Quanto ao conceito da filosofia, deve-se compreender que não existe apenas


um único conceito aceito pela comunidade filosófica, mas em muitas ocasiões deve-
se direcionar os estudos dessa teoria tendo como referencia os manuais tradicionais
de Filosofia que de forma geral, tentam defini-la, delimitando o seu conceito a partir
da sua essência, direcionando o seu objetivo específico para a pesquisa, no intuito
de encontrar a sua identidade.
Entretanto, tal informação pode-se criar uma grande polêmica, pois para
alguns pensadores do campo filosófico acreditam que em sua maioria, partem do
ponto de vista fechado, preconceituoso e ainda, empobrece a compreensão ao
reduzir o debate filosófico apenas aos próprios filósofos.
Não é isso que se pretende fazer aqui, porém deve-se compreender que
vários são os conceitos e em todos os casos, prevalece a idéia do filósofo a ser
apresentado, bem como a época que o mesmo escreveu a fim de justificar tal
divergência de pensamento.
Iniciamos o trabalho apresentando a proposta de Heráclito 1 , que define o
TP PT

conceito de Filosofia, como a busca da compreensão da realidade total, opondo-se


ao conceito de POLIMATHÉIA (o saber comum), o nível do senso comum,
preconceituoso e limitado, sobre a realidade pessoal, social e da natureza.
Mas é a Pitágoras 2 que a invenção da palavra FILOSOFIA é atribuída. E
TP PT

como diz Chauí (1985 p. 440), Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e

1
TP PT Heráclito, filósofo do século V a.C.
2
TP PT Pitágoras de Samos, filósofo e matemático grego que viveu no século IV a.C.
completa pertence aos deuses, mas os seres humanos podem desejá-la ou amá-la,
ao tornar-se filósofos.
Para Sátiro e Wuensch, Pitágoras afirma que somente o ser humano é capaz
de filosofar, isto é, de buscar a sabedoria.
Em muitos casos, vê-se a Filosofia ser definida em oposição à ciência. Mas
houve tempos, como na Idade Média, que foi em oposição à teologia, já entre os
gregos do século V a.C. o conceito se opunha ao mito, porém, tudo isso pode ser
compreendido se definirmos, ao menos etimologicamente, o que seja Filosofia.
A Filosofia surgiu na Grécia, aproximadamente no século VI a.C.
especialmente nos escritos de Pitágoras, que em sua época, não querendo definir-
se como SÁBIO em grego SOPHÓS, prefere autodenominar-se como amigo do
saber que em grego PHILOS-SOPHÓS, significa aquele que busca a sabedoria, ou
seja, amante da sabedoria.
Portanto, o Filósofo é aquele que ama a sabedoria, ou seja, tem amizade pelo
saber, deseja saber.
A origem da palavra FILOSOFIA formou-se da junção de PHILO-SOPHIA,
ambas em grego deram origem à palavra FILOSOFIA que significa amor à
sabedoria.
9 PHILO, que significa AMIGO (em grego PHILOS e PHILIA significam
amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais).
9 SOPHIA deriva do grego e significa SABEDORIA e SOPHÓS significa
saber.
Filosofia, portanto, pode ser compreendida como o saber sobre o homem,
sobre o mundo, sobre a própria realidade. No entanto, como todas as ciências e a
própria limitação do homem 3 , não podemos pensar a Filosofia como um conjunto de
TP PT

verdades.
Pode-se também conceituar a palavra FILOSOFIA como o amor ao
conhecimento ou a busca pela sabedoria, pois em sua etiologia a palavra
FILOSOFIA significa: amizade, sabedoria, amor e respeito pelo saber.
Neste sentido, a sua grandeza está no processo crítico principalmente das
questões: a vida, a cultura, a história e a significação das questões fundamentais (do

3
Em filosofia o uso do vocábulo HOMEM tem a intenção de referir-se ao SER HUMANO em sentido
TP PT

amplo e universal da palavra, ou seja, homem e mulher.


saber, do conhecimento e da sociedade). Desprezar a Filosofia é, portanto,
desprezar as experiências do ser humano e o sentido das coisas.
Como vimos, muitos são os conceitos e a forma de interpretar tal teoria, haja
vista a época e as idéias de cada filósofo em sua tentativa de buscar encontrar uma
resposta, portanto, as interpretações podem varia de um filósofo para o outro,
igualmente de tempo em tempo.
Algumas interpretações para facilitar tal compreensão:
9 Para o filósofo grego Sócrates, a primeira e fundamental verdade filosófica
era: sei que nada sei.
9 Para o seu discípulo, o filósofo Platão, a verdade filosófica de seu
pensamento fundamenta-se na idéia de que: começava com a admiração.
9 Já o filósofo Aristóteles, discípulo de Platão, a Filosofia: começava com o
espanto.
Não resta dúvida de que a filosofia incomodou e continua a incomodar muito.
A própria história registra as tentativas de destruí-la e negá-la, pois muitos filósofos
pagaram com a vida e a perca da liberdade, pela ousadia em seu tempo.
Podemos afirmar que o verdadeiro filósofo não aceita o título de possuidor da
verdade, pelo contrário, busca sempre compreender a precariedade do próprio
processo de definição das verdades de cada época.
Quem é o filósofo hoje? Questionamento como esse se torna rotineiro no
campo acadêmico, porém deve-se direcionar seus estudos para as outras ciências
humanas, já que todo Bacharel em Filosofia se a praticar torna-se um filósofo.
Mas, atualmente, deve-se direcionar os estudos a poucas pessoas, pois o
filósofo é um SER raro, mas normalmente exerce a atividade de pesquisador,
professor, escritor, porém, não perdeu o título de SER alienado ao mundo, chegando
a ser considerado em muitos casos fora da realidade.
Mas, para Martins e Aranha a Filosofia enquanto estudo deve ser
compreendido como,

Essencial, porque não se pode pensar em nenhum homem que não seja
solicitado a refletir e agir. Isso significa que todo homem tem (ou deveria ter)
uma concepção de mundo, uma linha de conduta moral e política, e deveria
atuar no sentido de manter ou modificar as maneiras de pensar e agir do
seu tempo. (MARTINS; ARANHA, 1993, p. 395)
Ainda com a intenção de facilitar a compreensão e explicar a finalidade da
Filosofia, a autora e filósofa brasileira Chaui (1995) em sua obra apresenta o
seguinte questionamento: “Perguntaram, certa vez, a um filósofo: ‘Para que
filosofia?’ E ele respondeu: ‘Para não darmos nossa aceitação imediata às coisas,
sem maiores considerações’”.(CHAUI, 1995, p. 440)

1.1.1. O QUE É FILOSOFAR?

O processo intitulado filosofar, iniciou-se na Grécia Antiga, permanece até os


dias atuais e vai continuar existindo sempre, enquanto o ser humano continuar a
buscar o sentido para entender a si mesmo, o outro e o mundo. Já que para a
humanidade tal busca torna-se insaciável.
Filosofar é, portanto, a busca criativa de soluções, embora existam questões
que por sua própria natureza, não se encontram solução definitiva.
Apesar das ambigüidades e dificuldades, a Filosofia nos convoca a procurar
as certezas em seus fundamentos, criando uma base sólida para o pensamento
filosófico.

1.1.1.1. FILOSOFAR: UMA ATITUDE NATURAL

Atitude de Filosofar ocorre naturalmente no ser humano, toda vez que o


mesmo busca encontrar uma resposta, está filosofando.
A atitude filosófica tem o objetivo de levar-nos a aprender a ver as realidades,
através de um olhar crítico ou pensamento crítico, por isso, devemos estar
desarmados, ou melhor, sem preconceitos para expressar e compreender a si
próprio, o outro e a natureza.
Para Giles, existem perguntas que o ser humano nunca para de fazer a si
próprio, tais questionamentos podem surgir em momentos inesperados, provocando
o espanto, a angústia, enfim, podem atormentar a vida da pessoa. E, em todos os
casos, as perguntas são dependentes de si, pois uma implica a outra. Tal fato
acontece, porque uma experiência depende sempre da outra e, as nossas são
sempre inseridas a própria natureza humana.
Perguntas para refletir de acordo com o pensamento de Giles o ser humano
devem fazer algumas perguntas com a intenção de entender a si mesmo, os outros
e a natureza. Dentre elas, temos:
1. Por que existo?
2. Qual a finalidade de minha existência, se é que tem finalidade?
3. Qual a importância do outro na minha existência?
4. E aquilo que se chama "natureza", qual o seu peso na minha existência?
5. Será que sou apenas um joguete nas mãos daquilo que chamamos “forças
naturais”?
6. Qual é a garantia de não estarmos sonhando, ou sofrendo de uma ilusão,
quando acreditamos ver ou compreender o EU, o OUTRO e a
NATUREZA?
7. Porque simplesmente não duvidar de tudo?
Dúvidas a esse respeito podem surgir sempre, já que temos sempre um ponto
de referência, em função do qual distingui-se o verdadeiro do falso. Sem tal ponto de
referência, não se pode falar do duvidoso, pois seria impossível.
Quanto aos problemas e as dificuldades que existem no contexto ligado a
realidade do EU, do OUTRO e da NATUREZA, não se deve considerar sem sentido
tal questionamento, ou atitude filosófica, mas sim incentivá-la, pois a Filosofia
procura entender justamente o sentido para tal realidade.
Segundo Chauí (1995), a atitude filosófica inicia a partir do momento em que
alguém começa interrogar a si próprio, desejando conhecer os seus pensamentos.
Para Chauí (1995) a atitude filosófica, pode ser dividida em duas
características, as quais considera-se marcantes:
9 NEGATIVA: dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos,
aos fatos e as idéias da experiência cotidiana, ao que todo mundo diz e
pensa, ao que já está estabelecido.
9 POSITIVA: interrogação sobre o que são as coisas, as idéias, os fatos, as
situações, os comportamentos, os valores e a si próprio.
Ainda para a autora, a atitude filosófica é também uma interrogação sobre o
porquê de tudo e da humanidade, é uma interrogação sobre como tudo isso é e por
que não pode ser de outra forma.
O que é? Por que é? Como é? São os princípios básicos para a atitude
filosófica segundo Chauí (1995), e as perguntas elaboradas sempre tem a intenção
de ajudar a compreender o termo em sua aplicabilidade:
EM VEZ DE.... PERGUNTASSE...
... PERGUNTAR: Que horas são? Que ... O que é o tempo?
dia é hoje?
... PERGUNTAR: Está sonhando? Ficou ... O que é o sonho? A loucura? A razão?
maluca?
... AFIRMAR: Onde há fumaça, há fogo. ... O que é causa? O que é o efeito?
O que é mais? O que é menos? O que é belo?
Não sai na chuva para não ficar resfriado.
... GRITAR: Mentiroso! ... O que é verdade? O que é falso? O que é
erro? O que é mentira? Quando existe verdade
e por quê? Quando existe ilusão e por quê?
... FALAR: Na subjetividade dos ... O que é o amor? O que é o desejo? O quão
namorados... é o sentimento?
...DISCORRER: Maior ou menor; claro ou ... O que é quantidade? O que é qualidade?
escuro.
... AFIRMAR: Que gosta de alguém ...O que é um valor? O que é um valor moral?
porque possuem as mesmas idéias, O que é um valor analítico? O que é moral? O
gostos, preferências e valores. que é vontade? O que é liberdade?

Contudo, deve-se atribuir o esforço da atitude filosófica a Historia da


humanidade, pois ao longo dos séculos tem-se tentado mostrar que nenhum
questionamento tem solução definitiva. Mas ao encontrar uma resposta, percebe-se
que em seguida, surge um outro caminho e uma nova proposta, seguida de mais um
questionamento e assim por diante.
A partir do momento que alguém toma a decisão, distancia-se da vida
cotidiana e de si mesmo, já que passará a indagar o que são as crenças e os
sentimentos que alimentam a sua existência. Portanto, identificar um filósofo não é
difícil, simplesmente porque neles predomina uma característica marcante, o gosto
de enfrentar tal questão.
Giles escreve em sua obra que o filósofo Sócrates (que é considerado modelo
de filosofar), em suas idéias pretende mostrar que o ato de filosofar e de viver são
inseparáveis. E mais, procura ensinar também que a atitude de filosofar só pode
começar quando o ser humano reconhecer que nada sabe, pois é somente em tais
condições que se aprende a amar a sabedoria, portanto, essa atitude coincide com o
próprio sentido etimológico da palavra: FILOSOFIA.

1.2. REFLEXÃO FILOSÓFICA


Para Chaui (1995, p. 440) a reflexão filosófica pode ser compreendida como
“o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interrogando a si
mesmo”.
Portanto, considera-se a reflexão radical, já que ao indagar o próprio
pensamento, o ser humano interage com outros fatores, pois ele é algo mais do que
um ser pensante. Ele é um ser que age no mundo e se relaciona com os outros e
com a natureza, utilizando a linguagem e os seus meios e instrumentos adequados
para cada situação.
Chauí (1995) também procurar diferenciar os conceitos de atitude filosófica
com a reflexão filosófica, da seguinte forma:
9 A ATITUDE FILOSÓFICA: faz perguntas sobre a essência, a significação, a
estrutura e a origem das coisas e sempre inicia indagando: O que é? Como é? Por
que é?
9 A REFLEXÃO FILOSÓFICA: faz perguntas sobre a capacidade e a
finalidade humanas para conhecer e agir e sempre inicia indagando: Por quê? O
quê? Para quê?
Sendo assim, pode-se seguir o pensamento da autora e dividir a reflexão
filosófica em três grandes perguntas ou questões básicas: O que pensar? O que
falar? Como agir? Já que em sua visão filosófica, existem três grandes
questionamentos com os seguintes quesitos:
1 - MOTIVOS, RAZÕES e CAUSAS: são realizados questionamentos sobre
os motivos, as razões ou as causas, para descobrir por que pensarmos, dizemos e
fazemos alguma coisa.
9 Por que pensamos?
9 Por que dizemos?
9 Por que fazemos?
2 - CONTEÚDO ou SENTIDO: tenta-se entender qual o conteúdo ou o
sentido do que pensamos dizemos ou fazemos.
9 O que queremos pensar quando pensamos?
9 O que queremos dizer quando falamos?
9 O que queremos fazer quando agimos?
3 - INTENÇÃO ou FINALIDADE: procura-se aqui saber qual é a intenção ou
a finalidade do que pensamos, dizemos e fazemos?
9 Para que pensamos o que pensamos?
9 Para que dizemos ou que dizemos?
9 Para que fazemos o que fazemos?
Contudo deve-se destacar alguns conceitos importantes para a reflexão
filosófica ou até mesmo científica de acordo com o Dicionário Aurélio:
9 QUESTIONAR: é ser curioso, é perguntar a si mesmo e aos outros sobre o
que está aí, questionar as afirmações sobre a realidade, interessar-se e
pensar sobre as coisas, suspeitar do que é dito facilmente e do
estabelecido.
9 INVESTIGAR: significa buscar respostas para as questões e ou
problemas, examinar e ou comparar essas respostas, como também
questionar as próprias perguntas que fazemos, para avaliar se são boas e
se vale a pena investigá-las.
9 FORMULAR HIPÓTESES: processar diferentes tipos de respostas, abrir
um leque de alternativas. COMPARAR e EXAMINAR as alternativas,
distinguir opções válidas, consistentes, interessantes, significativas. Bem
como, ESTABELECER CRITÉRIOS para julgar e classificar as opções,
além de escolhê-las e defini-las. Sempre procurando FORMULAR E
DESENVOLVER CONCEITOS que expliquem o quê, como e por quê.
9 ANALISAR: as bases a partir das quais construímos nossos conceitos e,
VERIFICAR se são seguras, claras, razoáveis. Para tanto se deve
BUSCAR OS PRINCÍPIOS a partir dos quais podemos explicar as coisas.
9 AMPLIAR: procurar ter sempre a visão mais ampla possível do assunto,
levar muitas coisas em consideração para perceber ao máximo a
abrangência do tema.

1.3. OS PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

“Este mundo, igual para todos, sempre será um fogo eternamente vivo, acendendo e apagando-se
constantemente”. Heráclito

A filosofia no decorrer dos séculos aponta um conjunto de preocupações,


indagações e interesses, os quais surgiram com o seu nascimento na Grécia.
Os quatro grandes períodos da FILOSOFIA GREGA:
1. PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO OU COSMOLÓGICO: seu início ocorreu no
final do século V ao século VII a.C., neste período a única preocupação da Filosofia
é com a origem do mundo, as causas e as transformações.
2. PERÍODO SOCRÁTICO OU ANTROPOLÓGICO: ANTROPOS (em grego
significa homem), por isso o período chama-se ANTROPOLÓGICO, teve seu inicio
no final do século V e todo o século IV a.C., e nesta época a Filosofia investigava as
questões humanas, através da Ética, Política e das técnicas.
3. PERÍODO SISTEMÁTICO: iniciou no final do século III até o final do século
IV a.C., neste período a Filosofia buscava reunir e sistematizar todos os
pensamentos sobre a COSMOLOGIA e a ANTROPOLOGIA, com o único objetivo de
mostrar que tudo poderia ser objeto do conhecimento filosófico, com isso tentava
oferecer critérios da verdade e da ciência.
4. PERÍODO HELENÍSTICO OU GREGO-ROMANO: começou no final do
século III a.C. e terminou no século III d.C., aqui se percebe que a Filosofia
ultrapassa a barreira da Grécia e chega a Roma, quando inicia o pensamento dos
primeiros padres da igreja e as preocupações começam com as questões éticas, do
conhecimento humano, e a relação entre homem e natureza e, os mesmos com
Deus.

1.3.1. CAMPOS FILOSÓFICOS

São considerados campos filosóficos segundo Chaui (1995, p. 440) os


seguintes: Ontologia ou Metafísica; Lógica; Epistemologia; Teoria do Conhecimento;
Filosofia Moral e Ética; Filosofia Política; Filosofia da História; Filosofia da Arte ou
Estética; Filosofia da Linguagem e História da Filosofia.
9 ONTOLOGIA ou METAFÍSICA: conhecimento dos princípios e
fundamentos últimos de toda a realidade, de todos os seres.
9 LÓGICA: conhecimento geral das formas e regras do pensamento correto
e verdadeiro independentemente dos conteúdos pensados: regras para a
demonstração científica verdadeira; regras para pensamentos não-
científicos; regras sobre o modo de expor os conhecimentos; regras para
verificação da verdade ou falsidade de um pensamento, etc.
9 EPISTEMOLOGIA: análise crítica das ciências, tanto as ciências exatas
ou matemáticas, quanto as naturais e as humanas; avaliação dos
métodos e dos resultados das ciências; compatibilidade e
incompatibilidades entre as ciências; formas de relações entre as
ciências, etc.
9 TEORIA DO CONHECIMENTO: ou estudo das diferentes modalidades de
conhecimento humano: o conhecimento sensorial ou sensação e
percepção; a memória e a imaginação; o conhecimento intelectual; a idéia
de verdade e falsidade; a idéia de ilusão e realidade; formas de conhecer
relações; conhecimento ingênuo e conhecimento científico; diferença
entre conhecimento científico e filosófico, etc.
9 FILOSOFIA MORAL E ÉTICA: estudo dos valores morais (as virtudes 4 ), TP PT

da relação entre vontade e paixão, vontade e razão; finalidades e valores


da ação moral; idéias de liberdade, responsabilidade, dever, obrigação,
etc.
9 FILOSOFIA POLÍTICA: estudo sobre a natureza do poder e da
autoridade; idéia de direito, lei, justiça, dominação, violência, formas do s
regimes políticos e suas fundamentações; nascimento e formas do
Estado; idéias autoritárias, conservadoras, revolucionárias e libertárias;
teorias da revolução e da reforma; análise e crítica das ideologias.
9 FILOSOFIA DA HISTÓRIA: estudo sobre a dimensão temporal da
existência humana como sócio-político e cultural; teorias do progresso, da
evolução e teorias da descontinuidade histórica; significado das
diferenças culturais e históricas; suas razões e conseqüências.
9 FILOSOFIA DA ARTE OU ESTÉTICA: estudo das formas de arte, do
trabalho artístico; idéia de obra de arte e de criação; relação entre matéria
e forma nas artes; relação entre arte e sociedade, arte e política, arte e
ética.
9 FILOSOFIA DA LINGUAGEM: a linguagem como manifestação da
humanidade do homem; signos; significações; a comunicação; passagem
da linguagem oral à escrita, da linguagem cotidiana à filosófica, à literária,
à científica; diferentes modalidades de linguagem como diferentes formas
de expressão e de comunicação.

4
TP Considera-se a virtude como a prática do bem. Porém em amplitude de significados a palavra
PT

refere-se a analise da vontade e dos desempenhos virtuosos do ser humano em relação às normas
existentes, ou em face as suas intenções e atuações quanto à própria pessoa ou a comunidade em
que vivem.
9 HISTÓRIA DA FILOSOFIA: estudo dos diferentes períodos da Filosofia;
de grupos de filósofos segundo os temas e problemas que abordam; de
relações entre o pensamento filosófico e as condições econômicas,
políticas, sociais e culturais de uma sociedade; mudanças ou
transformações de conceitos filosóficos em diferentes épocas; mudanças
na concepção do que seja Filosofia e de seu papel ou finalidade.

1.3.2. ENCANTO COM A FILOSOFIA

É possível verificar que ao longo da história da Filosofia, muitos pensadores


encontraram e ultrapassaram a carreira acadêmica, transportando-as para suas
vidas, deixando assim, de existir diferença entre o homem e o filósofo. Muito
dedicaram tanto, que algumas vezes foram vítimas sofrendo muitos aborrecimentos.
São exemplos de atitudes como esta os seguintes pensadores: Sócrates,
Nietzsche, Santo Agostinho, Bacon, Marx dentre outros.
O encantamento surgiu de forma profunda a tal ponto de discernir que não
existe Filosofia, como existe a Matemática, a Química, a Física, pois para os
filósofos adquire objetivo próprio e exclusivo.
Isso ocorre quando o pensador obtém consciência que filosofia não tem como
meta solucionar os problemas que ocorrem com a humanidade, e sim apontar,
investigar, e ainda mostrar o porquê da existência desses problemas.
Na realidade a Filosofia encanta tendo em vista as questões fundamentais da
sua teoria, pois são ligadas à humanidade e se transformam em conhecimento, com
isso o estudioso consegue responder perguntas tais como:
1. O que sei?
2. O que posso saber?
3. O que a humanidade sabe?

1.3.3. OS PROBLEMAS FILOSÓFICOS

Ao estudar o contexto histórico tendo como referencia o pensamento de


Aristóteles, entende-se que os problemas filosóficos iniciam com o espanto, a
inquietação e a perplexidade, que surgem no homem quando desejam entender as
realidades.
Em todas as situações o espanto faz o homem formular problemas que
podem ser desde o próprio homem até as questões direcionadas ao universo a fim
de procurar encontrar soluções para tais problemas.
Embora muitos problemas já tenham sido resolvidos, pode-se dizer que
muitos ainda nos provocam para tal reflexão.
Há ainda os que facilitam o surgimento de outras disciplinas, que nos
direcionam a outras questões que evidenciam a necessidade de encontrar novas
soluções.
Segundo Giles um problema para ser qualificado como filosófico, precisa
apresentar duas condições, as quais ele referencia como:
9 PRIMEIRA: deve ser possível dar-lhes uma formulação simples, sem
pressupor todo um conjunto de conceitos complexos.
9 SEGUNDA: deve ser aberto, no sentido de provocar novas situações e
perspectivas para a reflexão filosófica e extrafilosófica.
Vale lembrar que um problema filosófico, não é isolado ou independente de
um conjunto de problemas, porém todos refletem a interdependência entre o EU, o
OUTRO e a NATUREZA.

1.3.4. ALGUNS PROBLEMAS QUE A FILOSOFIA PROCURA SOLUCIONAR

Os problemas são muitos, porém vamos apresentar alguns dentre os


inúmeros que ela procura solucionar como o auxilio de alguns questionamentos:
9 O PROBLEMA DA CLASSIFICAÇÃO: são estudados através da Lógica
e da Teoria do Conhecimento.
O problema da classificação refere-se a afirmação ou a negação, fato este
que implica em duas situações: podemos colocar o indivíduo ou o objeto em suas
respectivas classes ou declararmos a incompatibilidade do mesmo nesta classe.
A classificação especifica tem como fundamento à classe de referência e
sempre busca encontrar as características fundamentais para a convivência social
dos indivíduos.
Giles escreve o seguinte exemplo: afirmar que Marcos é homem, quer dizer
colocar o indivíduo, Marcos, dentro da classe que tem por características a
animalidade racional, ou seja, a classe "homem". Por outro lado, a proposição:
Marcos não é cavalo, nega que Marcos pertença à classe dos cavalos.
9 O PROBLEMA DA MUDANÇA E DA ESTABILIDADE: são estudadas
pela Filosofia das Ciências e a Teoria do Conhecimento.
O problema da mudança e da estabilidade refere-se à experiência sensível
(afirma a realidade da mudança, do movimento e as transformações) e da razão
(que admite a mudança, mas afirma a presença de algo que fica estável e não é
alterado diante da mudança humana).
Giles nos apresenta o seguinte exemplo: o SER tem a impressão de ser
fundamentalmente a mesma pessoa que nasceu há algum tempo, mesmo depois de
todas as modificações e transformações fisiológicas e psicológicas pelas quais
passou.
Com este exemplo Giles quer nos questionar através das perguntas:
1. Essa impressão tem algum fundamento? Ou trata-se simplesmente de uma
ilusão?
Existem alguns filósofos que discutem o mesmo problema e outros confirmam
uma ou outra posição, mas há também aqueles que afirmam só o movimento existe,
pois a realidade é o próprio processo, já que para eles não existe nada de estável no
universo. Para outros ocorre ao contrário, a realidade é pura estabilidade e nunca
muda.
9 O PROBLEMA DAS ESSÊNCIAS: estuda os problemas da existência ou
não-existência é a Metafísica e a Teoria do Conhecimento.
A essência pode ser considerada como tudo aquilo que todos possuem em
comum ou compartilham com os outros indivíduos de uma determinada classe.
Porém existem alguns filósofos que questionam a existência da essência a tal ponto
que chegam a negá-las.
9 O PROBLEMA DA RELAÇÃO ENTRE O INTELECTO E A MATÉRIA:
tem interesse por este problema a Teoria do Conhecimento.
Giles faz as perguntas para procurar explicar tal questão:
1. Qual é a relação entre o intelecto e a matéria?
2. Será a matéria apenas uma “projeção” do intelecto, ou o intelecto depende
da matéria a ponto de não poder existir sem ela?
Perante a Filosofia, essas questões apresentadas já foram sustentadas,
porém o problema torna-se muito atual devido a própria invenção de máquinas, com
a Cibernética, já que elas conseguem a execução do trabalho em pouco tempo,
sendo que a mesma operação, caso realizada pelo homem levaria muito mais
tempo.
9 O PROBLEMA DE AGIR: VALORES E LIBERDADE: os responsáveis
por resolver tais problemas constituem os estudiosos da Filosofia Moral
ou Ética.
Podemos considerar como um dos problemas mais práticos e ao mesmo
tempo mais difíceis, porém a busca constante para descobrir se existem ou não
normas ou regras para o homem agir nos direcionam a vários outros contextos.
Segundo Giles se existem tais normas, elas surgem no pensamento, portanto,
apresenta alguns questionamentos a fim de ressaltar tal questão:
1. As normas realmente me obrigam?
2. Será que elas obrigam a todos?
3. Mas, se obrigam a todos, como explicar o desacordo sobre os valores que
tradicionalmente fundamentam essas normas, como o bem e o mal, o justo
e o injusto?
Ainda para o autor, outra pergunta também tem igual fundamento:
1. Posso realmente querer agir de tal ou qual maneira, ou sou determinado a
agir apenas de um modo, sem poder optar, mesmo que eu queira?
2. Em outras palavras: a liberdade existe ou não? E, se existe, que sentido
dar a está palavra?
9 O PROBLEMA DO GOSTO NA ARTE: é estudado pela Estética ou
Filosofia da Arte.
Aqui se busca advertir a humanidade para os diferentes gostos e
preferências, por isso cada um tem gosto diferenciado pelo tipo de música, peça
musical ou teatral ou quadro de pintura. Embora, perceba-se que em várias
situações as preferências são idênticas.
Os gostos são variáveis, muitos gostam das pinturas feitas por Portinari,
outros preferem a música de Villa-Lobos, já alguns tem preferência por revista em
quadrinhos, outros por música sertaneja.
Giles procura desenvolver questões para a reflexão do problema com a
intenção de justificar através dos problemas e termos filosóficos estas preferências:
Será que a preferências se equivalem? Será que realmente “gosto não se discute”?
9 O PROBLEMA DA SOCIEDADE JUSTA: estes problemas fazem parte
das preocupações da Filosofia Política.
Há muitos séculos, desde o início, Aristóteles definiu o homem como animal
político, ou seja, não vive sozinho, precisa dos outros para existir e se realizar como
pessoa. Fato que nos direciona a compreender a existência humana mediante a
convivência social, mas por outro lado, possibilita o surgimento de muitos problemas.
Dentre eles, Giles questiona através de algumas perguntas:
1. Quais os direitos e os deveres de uns para com os outros?
2. Existe alguma estrutura capaz de regulamentar o respeito mútuo?
3. E, caso tais direitos e deveres não sejam respeitados, existe alguma
solução? Qual?
9 O PROBLEMA DA COMUNICAÇÃO - A LINGUAGEM: este problema é
fundamentado nos estudos da Filosofia da Linguagem.
Eles ocorrem tendo em vista a necessidade de convivência do homem com
seus semelhantes, para que isso possa acontecer somos chamados a comunicação.
E a comunicação por meio da linguagem apresenta os meios para tornar
possível tais como: descrever, interpretar e avaliar. A palavra falada e escrita, o
gesto e o silêncio são alguns dos instrumentos que o homem utiliza para a
comunicação.
9 O PROBLEMA DO PASSADO E DA SUA INFLUÊNCIA NO PRESENTE:
estes problemas são tratados pela Filosofia da História.
O contexto refere-se à junção das experiências de cada SER, e levam a
marca da sociedade a qual faze parte.
Com base nos fatos Giles nos pergunta:
1. É possível rejeitar o passado?
2. É possível começar tudo de novo, independentemente dessas
experiências pelas quais passamos?
3. É certo que, mesmo nesse caso, devo julgar o passado para decidir sobre
o seu valor. Mas quais os critérios de julgamento?
4. Existe alguma finalidade ou padrão que dá sentido aos acontecimentos
que formam a História? Quais são eles?

1.4. RELAÇÃO DA FILOSOFIA COM A ÉTICA


A palavra FILOSOFIA é considerada uma ciência milenar, desde os trabalhos
de Pitágoras (no século VI a.C.), porém, suas manifestações, chegaram até nós,
mediante as obras dos filósofos, a exemplo temos Aristóteles.
Contudo é preciso compreender a filosofia como a ciência capaz de
proporcionar o conhecimento, acoplado a um caráter investigativo e questionador,
que procurar sempre o saber, o ser humano, o mundo e até mesmo a realidade.
No entanto, não se deve pensar a filosofia apenas como um conjunto de
verdades, pois como todas as outras ciências também trabalha com a limitação
humana. Por outro lado, a sua proposta vai além dessa limitação. Já que é capaz de
provocar o ser humano e ainda levá-lo a reflexão, que é geralmente proporcionada
pela sua grandeza filosófica através da análise crítica.
Apesar disto, o envolvimento entre o ser humano e a filosofia, só se torna
possível com o surgimento de algumas questões fundamentais para a existência da
humanidade, tais como: a vida, a cultura, a história, a significação do saber, do
conhecimento ou até mesmo da própria sociedade.
Contudo pode-se afirmar que são estás questões as responsáveis pela
motivação humana, bem como, a convivência em sociedade.
E assim, faz-se necessário lembrar que a ética, de acordo com a história da
filosofia, iniciou-se no mundo ocidental na Grécia antiga em meados do século V
a.C. Época em que começaram a surgir os conceitos dos primeiros filósofos sofistas,
logo após o desligamento das concepções míticas.
A palavra ÉTICA é em muitos sentidos utilizada como moral, embora o termo
nem sempre é considerado adequado, visto que não é possível existir uma ética
absoluta, mas pode-se dizer que todo costume adquirido acaba transformando-se
em um hábito, então ética, não é nada mais do que hábitos e costumes adquiridos
de um povo.
Já que os princípios fundamentais da teoria Ética procuram atingir primeiro a
consciência humana. Uma vez que os costumes ampliam-se em sua vida, e de tão
grandes, acabam se transformando em hábitos.
Ao fazer parte da sua vida, e de tanto acreditar e usa-los como um costume
tais princípios acabam direcionando-os como um hábito e, quando atingir tal ponto
fundamental, compreende-se definitivamente: O que é ética?
Portanto, a relação da Filosofia com a Ética surge a partir da influencia, pois a
Ética influenciou e foi influenciada pela Filosofia.
Até hoje, pode-se perceber como essa teoria continua a influenciar, já que
uma é parte integrante da outra, não dá para estudar Ética sem referenciar a
Filosofia.
Já que a Ética é um dos campos filosóficos, especialmente, o que se refere à
conduta haja vista a manifestação da Filosofia Moral em seus princípios normativos.

1.4.1. A ÉTICA NORMATIVA

A Ética Normativa tem a intenção de evidenciar a aplicabilidade da teoria a


outras ciências, busca o auxilio de dois grupos de filósofos, de um lado os
deontologistas e, de outro, os teleologistas.
9 DEONTOLOGISTAS: a palavra vem do grego DÉONTOS e significa
OBRIGATÓRIO; tem como conceitos básicos o direito e o dever, para os filósofos
defensores desta teoria, as definições de moral derivam desses conceitos básicos os
quais consideram fundamentais.
9 TELEOLOGISTAS: a palavra vem do grego TELEÍOS e significam NO FIM,
FINAL, ou seja, CAUSA; tem como conceitos axiológicos 5 básicos bondade e valor,
TP PT

Os quais enfatizam as conseqüências de cada ação, entre as várias alternativas


possíveis.
É possível notar que ao longo dos tempos os filósofos, tem procurado analisar
o conceito de moralidade fundamentando-os a alguns aspectos tais como:
prudência, legalidade, estética, intelectualidade e religiosidade, os quais sempre
indagam os problemas que surgem sobre a diferença que existe entre: o que é
moralmente bom ou correto; e o que é ser bom ou correto.
Os filósofos deontologistas e teleologistas/axiologistas diferem quanto àquilo
que constitui o critério básico pelo qual as ações são avaliadas moralmente como:
certas ou erradas.
Entretanto, destaca-se que ambas correntes Axiológicas e teleológicas têm
bondade e valor como conceitos morais básicos, pois os axiologistas 6 a bondade
TP PT

5
TPA palavra deriva “(do grego axiós, ‘digno’, ‘útil’)”. (LISBOA, 1997, p. 29)
PT

6
TP Acreditam em ações as quais consideram corretas pelo valor da bondade intrínseca, que os
PT

mesmos contêm alegria ou prazer e não pela causa da bondade e suas conseqüências, conforme
afirma LISBOA (1997, p.29)
intrínseca já os teleologistas o cálculo das conseqüências para averiguar as várias
alternativas, onde repousa a preponderância da bondade intrínseca.
Para aplicar a prática da profissão deve-se destacar a questão básica que
rodeia a discussão da Ética, enquanto uma ciência norteadora de conduta.
Os princípios baseados na profissão são desenvolvidos a partir dos Códigos
de Ética Profissionais, cada profissão procura neste documento regulador de
conduta estabelecer os direitos e deveres que o profissional deverá cumprir ao
realizar a sua atividade.
O Código de Ética para a profissão passa a ser interpretado como se fosse
uma lei, sim, em termos, lei da consciência, pois se o profissional não cumprir o que
está descrito no documento será punido e a maior punição é perder o direito de
exercer a profissão.
CAPÍTULO II

ÉTICA

2.1 CONCEITO DE ÉTICA

Desde o surgimento da Filosofia e da Ética, ambas vivenciam no contexto


histórico um dilema, pois cada filósofo pensa o seu conceito, acerca da sua própria
história, o que ocasiona uma diversidade conceitual.
O vocábulo Ético refere-se aos costumes. Assim, a Ética pode ser
referenciada como o ramo da Filosofia que estuda o que é moralmente “bom ou
mau”, “certo ou errado”, “justo ou injusto”.
A ÉTICA origina-se do grego ETHOS (hábitos, costumes ou comportamento)
e a MORAL (costumes) origina-se do vocábulo latim MORES. Daí Heidegger dar ao
ETHOS o significado de MORADO DO SER.
Como vimos, tanto a Ética como a Moral em sentido etimológico significam
costumes, fato este que nos condiciona a compreender ambos os termos filosóficos
como sinônimos. E alguns pensadores atribuem tanto para a ética como para a
moral, o mesmo significado, mas mesmo entre a comunidade filosófica o termo nem
sempre é considerado adequado.
Assim, na tentativa de esclarecer a diversidade existente, procurar-se-á
discutir o assunto de acordo com o pensamento de alguns autores.
Cuja discussão inicia-se com LISBOA (1997), que nos apresenta a Ética
como um ramo da filosofia, ou seja, como a parte que estuda o comportamento
humano, classificando-o em moralmente “bom” ou “mau”, “certo” ou “errado”. Já SÁ
(2000), referencia a Ética como a ciência que estuda a moral humana.
Portanto, a Ética pode ser entendida como um estudo ou uma reflexão,
científica ou filosófica e eventualmente até teológica, sobre os costumes ou sobre as
ações humanas. Ou em síntese, como aquilo que todos sabem, mas não
conseguem explicar, já que sua teoria identifica-se a sabedoria de cada grupo
humano.
Pode-se dizer que a Ética é um conjunto de hábitos e costumes que o ser
humano adquiriu para conviver e trabalhar em sociedade, mas, não deve interpretar
a Ética como uma lei militar, na verdade é lei da consciência. Já que tais costumes e
hábitos são passados a humanidade de geração em geração.
Afinal, a ética engloba os juízos de valores existentes, que normalmente são
aceitos e partilhados pêlos humanos, os quais tem a função de fundamentar a vida
social das pessoas. E ainda, normalmente, parte-se da idéia de que a base desses
juízos é sempre o conteúdo prescritivo da ética.
Deve-se direcionar o pensamento no que se refere ao conceito da ética e da
moral a seguinte reflexão, conforme argumenta Coriolano:

Ao longo da história das sociedades ocidentais, a reflexão sobre ética, e a


moral nela presente, esteve marcada por tensões fundadoras, para definir o
Bem e os percursos intelectuais possíveis para alcança-lo. A noção de Bem
não é delimitada sem ambigüidade: ele pode ser definido pelo que é, como
valor absoluto e transcendente, ou como objeto de desejo, de aspiração. No
primeiro caso, o Bem é a realidade perfeita ou a perfeição do real, o bem é
a felicidade. No segundo, o Bem é aspiração à sobrevivência, mas é
também o prazer. CORIOLANO (1998, p. 16)

Portanto, deve-se direcionar a compreensão para cada acepção de Bem


tendo em vista a sua implicação com as proposições sobre os pontos de partida
axiológicos da ética 1 .
TP PT

A fim de sistematizar tal diferença Comte-Sponville (1998) citado em


Coriolano (1998), procura definir a questão estabelecendo o sentido social de uma
e outra:

A moral responde ‘o que devo fazer?’ E a ética ‘como viver?’. Esta


diferenciação, porém, pode ser fundadora de uma oposição, como em
Maffesoli (1985) que define a moral como a lógica de dever ser, e por isto
mesmo responsável por muitas das tiranias que o mundo conheceu, e a
ética como o querer viver global irreprimível, que instaura a liberdade. A
ética aqui contém a dinâmica da transgressão e da transformação e por isto
mesmo é dificilmente formalizável. Estas diferenças de abordagem
constituem, certamente, algumas das muitas dificuldades para abordar a
ética, pois se tratando de um valor, de uma norma de comportamento, de
um discurso, ela adquire uma plasticidade que a torna de tal modo
complexa que qualquer discussão sobre ela sempre parcial. Esta é, portanto

1
TP “Ciência do fim, no primeiro caso, ou seja, o Bem é o ideal a que o homem está se dirigindo pela
PT

sua natureza; ci6encia do móvel no segundo, porque a conduta humana decorre da força
determinada pelo motivo”. (ABBAGNANO, 1982).
uma limitação que este texto não tem a pretensão de tentar se contrapor ou
separar. (CORIOLANO, 1998, p. 17)

Neste sentido, a reflexão ética não irá converter as pessoas em indivíduos


éticos, porém fará com que decidam agir eticamente dentro da sociedade em que
vivem. Visto que não existe sociedade, que não obedeça às normas morais, embora
o que é moral para um nem sempre é para o outro.
Um bom exemplo para compreendermos o fato na profissão é pensarmos na
Declaração de Imposto de Renda.
Ao preparar a declaração de imposto de renda, o profissional, pode escolher
entre sonegar ou não. Se o fizer estará contrariando os princípios morais. E esta
decisão levará ao julgamento do seu caráter moral.

2.1.1 O PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA ÉTICA

Mesmo diante da mutabilidade da existência ética deve-se reconhecer um


princípio fundamental, evidente para todas as pessoas: É NECESSÁRIO FAZER O
BEM E EVITAR O MAL.
Embora possa ocorrer discrepância na compreensão concreta do que é bem,
deve-se compreender as acepções do Bem em oposição ao Mal.
Para facilitar a compreensão destacam-se algumas posições filosóficas:
9 ARISTÓTELES: o conceito de BEM se refere à felicidade como o fim da
conduta humana, ou seja, aquilo que é dedutível da natureza racional da
humanidade. E como diz, Coriolano (1998, p. 17), é justamente esta
natureza que determina as virtudes, as quais torna-se a condição da
felicidade para os seres humanos.
9 Tal discussão no pensamento de SPINOZA, parte-se da medida em que
uma coisa está de acordo com a nossa natureza, portanto, será
necessariamente boa.
E a fim de exemplificar tal questão, propõe-se o seguinte questionamento
sobre o BEM e o MAL:
1) Mas o que realmente bem significa?
Resposta: Pode-se dizer que é tudo aquilo que está de acordo com a
natureza em geral e especificamente com a pessoa humana, perfazendo a
integridade ou até mesmo a harmonia no todo, e como exemplo destaca-se o
progresso na profissão corresponde a um bem. Mas, para outros, o simples fato de
ter amigos, saúde. Porém há aqueles que o consideram somente a partir da riqueza
e assim por diante.
Como vimos, não existe um bem capaz de fazer o ser humano feliz, pois o
mesmo precisa de muitos outros, como também o conceito de bem para um nem
sempre significa a mesma coisa para o outro.
Quanto à questão do mal, busca-se igualmente apresentar o questionamento
para facilitar a compreensão:
1) E o que é mal?
Resposta: Podemos dizer que toda negação é uma falta de bem, ou seja,
uma desarmonia causada pela falta de algo num todo. Como exemplo podemos
citar: a desonestidade, o assassinato, adúltero, sonegação de impostos, dentro
outros.
Embora BEM e MAL sejam determinados em si, existe uma reflexão
constante não evitando novas situações com simplismos muitos rígidos. Já que
todas as questões éticas podem ser resolvidas com questionamentos apontados
para cada situação.
No vasto conjunto de acepções, destacam-se três critérios auxiliares para
facilitar a concretização do princípio fundamental da ética:
9 PRIMEIRO: são os mais genéricos e de fácil compreensão. Os
chamados “vazios”, pois não se refere ainda a determinada situação,
são universais, independentes de culturas ou ideologias. Pois se trata de
valores que antecedem leis feitas por autoridades, fazem parte do senso
comum. Exemplo: respeitar a vida humana, respeitar as coisas alheias,
proferir a verdade, viver honestamente e sinceramente, ser fiel a vida
conjugal e ao trabalho.
9 SEGUNDO: trata-se de concretizações em situações mais específicas,
com mais dificuldade para aceitação unânime, depende das culturas,
ideologias, tradições, costumes e interesses. Nem sempre se
apresentam como uma dedução lógica, pois pode haver divergência,
entre os grupos humanos. Exemplo: respeitar a vida humana de um feto,
respeitar as coisas alheias de um rico, proferir a verdade a um doente,
ser honesto na declaração de imposto de renda, ser fiel com o conjugue
no caso de ser traído.
9 TERCEIRO: temos aplicações do segundo princípio em situações
especialíssimas e bem definidas, bem mais difícil ainda, pois entram em
jogo os problemas pessoais. Acrescenta-se aos exemplos anteriores
nossos dados como: respeitar a vida humana de um feto descerebrado,
respeitar as coisas alheiras de um rico que ganhou na loteria, viver a
honestidade e a sinceridade na declaração de impostos em épocas de
crises financeiras, ser fiel na vida conjugal no caso de ser traído pelo
melhor amigo, proferir a verdade a um doente em fase terminal de vida.
Partindo-se destes três critérios cada um decidirá o que deve ou não fazer no
surgimento dos vários dilemas, tais como:
1. Despedir um funcionário pai de 5 filhos?
2. Lançar dados falsos em uma declaração para salvar a empresa da
falência?
3. Aceitar o pedido de parentes que pedem o desligamento dos aparelhos
que ainda o mantém vivo?
4. Como proceder em todas as situações que iremos passar ao longo da
vida, sem deixar de respeitar e ser respeitado, fazer e receber o bem?
5. Como o profissional pode promover estes princípios em sua atuação?

2.1.2 OUTRAS INTERPRETAÇÕES DO TERMO ÉTICA

Várias são as interpretações de ética, portanto, percebe-se que existem


alguns conceitos diferentes, coma intenção de facilitar a compreensão do que
significa ética:
9 TERMO ÉTICA EM USO POPULAR: ética diz respeito aos princípios de
conduta que norteiam um indivíduo ou grupo de indivíduos.
9 A EXPRESSÃO ÉTICA PESSOAL: é geralmente aplicada em referência
aos princípios de conduta das pessoas em geral.
9 MORAL COMO SINÔNIMO DE ÉTICA: conjunto de normas, que em um
determinado meio, obtém a aprovação do comportamento dos homens.
9 ÉTICA COMO EXPRESSÃO ÚNICA DO PENSAMENTO CORRETO:
conduz a idéia da universalidade moral, ou melhor, à forma ideal do comportamento
humano, expressa em princípios válidos para o pensamento moral e sadio.
9 A EXPRESSÃO ÉTICA PROFISSIONAL: serve como indicativo do conjunto
de normas que baliza a conduta dos integrantes de determinada profissão. É um
campo abrangente, pois ela envolve a maioria das profissões, cada qual tem a sua
maneira.
9 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS: é a que está crescendo mais, em todo o
mundo e envolve a conduta humana, nas diversas relações, que tal participação
social exige.
9 ÉTICA NOS NEGÓCIOS: é o estudo da forma pela qual as normas morais
são aplicadas nas atividades e objetivos da empresa.
9 ÉTICA OU MORALIDADE: não consiste no que elas fazem, mas no que
elas pensam que é correto fazer ou são obrigadas.
A ética pode ser vista de vários pontos, tudo depende da posição ideológico e
filosófico, para isso, cada pessoa precisa pensar no que é ético, visto que, sua
opinião é mais importante do que a dos outros. Uma vez que as ações do ser
humano são habitualmente um reflexo de suas crenças.
Quando se fala de ética ou moral, percebe-se, que não é existe um padrão
moral, pois a intenção é estudar os problemas exclusivos e próprios da moral
pessoal, de cada um, ou seja, individual. O ser humano pode diferenciar-se em suas
crenças, porém ambos diferenciam-se do que devem fazer ou crer.
Como exemplo, busca-se o questionamento da bomba atômica: No ponto de
vista dos EUA, das tropas combatentes, dos fabricantes: a produção e o lançamento
nas cidades de Hiroshima (06/08/45) e na cidade de Nagasaki (09/08/45) era uma
atitude ética. Já no ponto de vista dos Japoneses, as entidades oposicionistas nos
EUA: não era ético, pois a bomba destruiu as cidades e matou muita gente.
Concluindo, o que é ético para um, pode não ser para o outro e vice-versa.

2.2 ALGUMAS TEORIAS ÉTICAS

Muitas vezes o que é mais notável em sua época não é o que traz a maior
contribuição, pois como diz SÁ (2000), o poder da máquina publicitária dos países
desenvolvidos, tende a valorizar alguns estudiosos, deixando outros com idéias até
mais ricas sem o devido reconhecimento de seus feitos.
Além disso, sempre ocorreram formações de escolas de pensamentos, não
só na filosofia, mas em todos os ramos do conhecimento humano. Podemos citar
desde “... os clássicos, das escolas gregas, dos estóicos, dos epicuristas, dos
utilitaristas etc.” (SÁ, 2000, p. 47)
Entretanto, apresentar-se-á apenas três das teorias éticas existentes, as
quais considera-se relevante para a discussão da ÉTICA APLICADA.

2.2.1 TEORIA DEONTOLÓGICA

A palavra deontológica, de acordo com o dicionário Aurélio deriva do grego


DÉONTOS (obrigatório, necessidade) e ao acrescentar LOG (O) + (IA), passa a
significar (estudo dos princípios, fundamentos e sistemas de moral ou até mesmo,
tratado dos deveres).
De acordo com MASIERO, essa teoria deontológica, é a responsável por
estudar a motivação e a intenção das ações realizadas pelas pessoas. Bem como,
dos respectivos impactos que podem provocar no relacionamento das mesmas.
Contudo, para os filósofos deontologistas a ética tem como conceitos
básicos: o direito, o dever, a bondade, enfim todos os chamados valores morais.
Mas até entre eles ocorrem divergência de idéias quanto àquilo que constitui
esse critério básico, principalmente no que diz respeito às ações ao serem
avaliadas moralmente certas ou erradas.
Assim, a teoria deontológica, parte-se da idéia de que todos têm um valor
perante a sociedade, portanto, merecem respeito. Por outro lado, também devem
agir de forma racional. Em conseqüência disto, todos são livres para agir como
desejarem, desde que utilize a sua liberdade para direcionar a sua escolha.
Escolha essa que não depende da ação ser considerada certa ou errada. Já
que somente a pessoa envolvida tem o direito de resolver qual ação lhe é
pertinente na ocasião.
Neste caso, a liberdade de ação é muito importante, pois permite ao ser
humano a liberdade de escolha. É claro, desde que o mesmo assuma as
responsabilidades provenientes do seu ato.
É óbvio que essa teoria fica aberta para aqueles casos em que uma pessoa
pode utilizar seus conhecimentos para enganar a outra, seja no simples fato de
esconder algum tipo de informação, ou seja, na forma mais complexa, com a
tentativa de obter vantagem em benefício próprio.
Mas, independentemente de ser provocado pelo próprio sistema ou não, as
ações devem ser tratadas de forma recíproca, o que é bom para um, deve ser
igualmente para o outro.
Como diz MASIERO, existe também o caso em que as pessoas não estão
preparadas para tomar decisões de forma racional. Neste caso, torna-se
necessário que alguma instância superior passe a controlar o poder de decisão,
justamente para restringir as ações dos transgressores, na tentativa de evitar
maiores problemas ou até mesmo resolvê-los.
Talvez seja por isso que uma grande parte da “... da cultura ocidental parece
basear-se em uma ética deontológica” (MASIERO, p. 22)
Por isso é comum entre as várias profissões existentes ou entre as
empresas encontrarmos um Código de ética ou quando não, apenas um Credo.
Este documento contém os valores básicos a serem seguidos ou algumas
normas de conduta, bem como, a punição, caso o membro, descumpra as normas
básicas.
Encontra-se também tal complexidade das normas de conduta em “... certos
princípios básicos de igualdade de direitos entre os homens que se concretiza de
forma prática em vários artigos da Constituição brasileira”. (MASIERO, p. 22)

2.2.2 TEORIA RELATIVISTA

O relativismo é uma teoria filosófica que se fundamenta na relatividade do


conhecimento. E a sua questão fundamental, parte-se da observação do
comportamento humano e da sua classificação em moral ou imoral.

Entretanto, a teoria do relativismo não é amplamente aceita por todos os


filósofos e pesquisadores da área de ética e há severos críticos dessa
teoria. Argumenta-se que certas ações ou práticas são moralmente
inaceitáveis, independentemente de quando e onde ocorreram. O simples
fato de terem grande aceitação em algum momento ou em uma cultura não
as legitima como éticas. De fato, essa legitimação geralmente parte da
cultura, da etnia ou do poder dominante. (MASIERO, p. 22)

Mas, ao utilizar tal teoria como referencia, deve-se esclarecer que faz-se
necessário para definir um comportamento se é ou não eticamente correto, antes
de qualquer julgamento entender o momento da ação, bem como, a cultura e o
local em que o mesmo ocorreu.
Neste caso, a “... idéia central é a de que não existe nenhum padrão de
comportamento que possa se aplicar em todas as culturas, em qualquer tempo”.
(MASIERO, p. 22).
Já que os princípios podem variar, dependendo da época. E o que é certo
hoje, pode não ser amanhã, ou vice-versa. Ainda, mais no que tange os fatores
culturais, pois este se manifesta de acordo com aquilo que é aceito pela maioria
das pessoas, seja de um determinado grupo, de uma cidade, de uma região ou até
mesmo de um país.
Uma outra hipótese é que até mesmo uma ação que alocada ao seu tempo,
pode ou não receber aval por todos os membros do poder dominante naquela
ocasião.

2.2.3 TEORIA UTILITARISTA

A teoria utilitária tem como principal meta o estudo das conseqüências de


uma determinada ação, para que possa determinar a sua moralidade.
Também “... tem sido menos criticada que a relativista e pode ser utilizada
para gerar um código de ética aplicada, desde que as possíveis conseqüências
negativas para as pessoas não sejam muito severas”. (MASIERO, p. 22)
Assim, para os utilitaristas as ações éticas consideradas ideais, são aquelas
que ao serem praticadas trazem benefícios para a maioria das pessoas dentro de
uma sociedade.
Contudo, percebe-se que essa teoria busca somente os bens espirituais,
sendo inaceitável os bens materiais.
Já que se apóia nas ações praticadas na tentativa de alcançar os objetivos
individuais e a felicidade, desde que nenhum membro de um determinado grupo,
ou todo o grupo seja sacrificado para que apenas um outro diferente, possa
alcançar a felicidade geral, como afirma Masiero.

O princípio do utilitarismo assume que é possível priorizar valores


numa escala ordenada e entender as conseqüências dos vários
caminhos escolhidos. Esse princípio pode ser resumido na seguinte
recomendação: escolha a ação que permita alcançar o melhor ou
maior valor. (MASIERO, p. 22)
2.2.4 PENSAMENTO DOS FILÓSOFOS EM VÁRIOS PERÍODOS HISTÓRICOS

Iniciaremos percorrendo o pensamento grego antigo, que de acordo com a


história encontraremos entre os anos 500 e 300 a C., aproximadamente. Este
período foi considerado áureo para a filosofia, pois muitas idéias que surgiram
nesta época, até hoje nos acompanham.
Dentre os filósofos conhecidos, trataremos especificamente dos seguintes
pensadores: Sócrates, Platão e Aristóteles, cujo embasamento teórico, nos ajudará
na reflexão da ética prática mais adiante.

2.2.4.1 ÉTICA GREGA ANTIGA

Foi aproximadamente entre 500 a 300 anos a.C., que surgiram as idéias,
definições e teorias que nos acompanham até hoje sobre as questões éticas.
Os filósofos Gregos viviam nas sociedades de classes, baseadas no trabalho
escravo e dirigia-se geralmente a aristocracia quando falavam, isto é, os filósofos
eram aqueles que podiam dedicar-se quase que exclusivamente a vida para o
pensamento.
Neste pequeno esboço, sobre o que teria sido a vida ética Grega procurar-se
apresentar alguns filósofos e suas principais teorias para evidenciar a ética do
período a começar pela Antiguidade.

2.2.4.1.1 GRÉCIA ANTIGA

A Grécia antiga era chamada de unidade política, tanto como são os países
atuais (Brasil, Estados Unidos, França e outros), mas diferenciava em partes, tanto
que foi considerada como uma unidade sócio-cultural.
Naquela época também existiam as várias Cidades - Estados e cada uma
delas com o seu governo soberano, porém a história dessas Cidades - Estados
serviram de berço, para toda a Civilização Ocidental, pois todos os governos tinham
em comum a mesma: língua, religião, uso, costumes e as tradições.
Dentre as propostas para compreender os costumes de cada época propõe-
se uma abordagem fundamentada nos judeus antigos para reafirmar a idéia de que
não só costumes variam, mas igualmente os valores que acompanham os seres
humanos, as suas normas concretas, os ideais e a sabedoria de um povo para o
outro.
Algumas características dos Judeus antigos:
9 ABUSO SEXUAL: na época era considerado como a prática mais grave,
era cometida sempre com as empregadas do castelo.
9 CONCUBINATO: significa Vida de Amante, era a forma utilizada para
regulamentar o direito da herança, mesmo com os padres.
9 INCESTO: significa União ilícita entre parentes.
O casamento com prima ou parente de até 7º grau era considerado um
pecado, mas na era analfabeta, como conhecer a árvore genealógica.
Mas, na época, os nobres se casavam sem a preocupação com o incesto.
Porém, quando queriam anular o casamento, procuravam os monges letrados ou
testemunhas que poderiam demonstrar a árvore genealógica da família, e comprovar
o incesto e o casamento poderia ser anulado. E eles faziam quantas vezes fossem
preciso até conseguir um filho homem para manter a linhagem do nome e da
herança.
Para melhor entender a história da Grécia antiga, escudar-se-á as duas
Cidades – Estados (Esparta e Atenas) a fim de apresentar as diferenças individuais
ligadas à época:
9 Algumas características da Cidade de Esparta: ao seguir as
afirmações do poeta Tirteu 2 percebe-se a exaltação ao espírito marcial e
TP PT

aos valores morais predominantes em Esparta, no século VII a.C.


Para o Espartano, a coragem era considerada a principal virtude, deixando
assim evidente que as artes, a ciência e a própria filosofia não eram consideradas
fundamentais. Já que os nascidos nesta cidade eram considerados guerreiros a
serviço do exercito.

2
TP “É belo que o homem bravo, combatendo por sua pátria, tombe na primeira fila: mas o que deserta
PT

de sua cidade e dos seus campos férteis e vai mendigar, errando com sua querida mãe, seu velho
pai e seus filhos, é o mais miserável, dos homens... Nós, corajosamente, combatemos por esta
terra, morremos por nossos filhos, não poupamos nossa vida. Ó jovens, combatei unidos uns aos
outros, não temais senão a vergonha da fuga, estimulai no vosso coração uma valente e sólida
coragem, e não vos inquieteis com a vida lutando contra o inimigo. Não abandoneis os velhos
guerreiros cujos joelhos já não são ágeis. É vergonhoso que um homem velho, tombado na primeira
fila, caído diante dos moços com a sua cabeça branca, a sua barba branca, morra corajosamente na
poeira, com o corpo esfolado.... Mas aquele que conserva a flor da juventude, se tomba com bravura
na primeira linha, é admirado pelos homens e pelas mulheres. Que cada um marche pois para o
combate com o pé firme, mordendo os lábios.” (POETA TIRTEU, citado APOSTILA CAMÕES).
E eles agiam desta forma pelos próprios ensinamentos, dos quais seguidos
de uma sociedade rígida, conservadora, fundamentada na educação militar, a
sociedade era preparada como se fosse um produto para matar, eles tinham uma
limitada formação intelectual.
Os esparciatas para exercer o domínio sobre os escravos eram obrigados a
obedecer a um rígido código de conduta militar, pois não podiam nascer fracos e
com defeitos físicos e quando isso acontecia, as crianças eram executadas.
O serviço militar começava aos 7 (sete) e só terminava aos 30 (trinta) anos.
Só depois o esparciata poderia casar-se, mas as obrigações militares encerravam-se
somente aos 60 anos de idade.
As primeiras leis de Esparta são atribuídas a um legislador chamado
LICURGO, cujas características são: LACONISMO: significa falar pouco e era a
qualidade incentivada e XENOFOBIA: significa horror ao estrangeiro e era uma
característica forte.
9 Algumas características da Cidade de Atenas: retirado do discurso de
Péricles 3 , reproduzido pelo historiador Tucídides conforme Leonel I de
TP PT

Almeida Mello, descreve em seu livro ao retratar a democracia


ateniense.
Dentre os elogios destinados a Atenas, pode-se dizer que a palavra que
melhor define esta é brilhante, haja vista algumas das suas características:
9 VANGUARDISTA: nas artes.
9 INOVADORA: ao criar o teatro.
9 POLÊMICA: ao tratar das questões filosóficas.
9 DEMOCRÁTICA: na política.
Mas, após o surgimento das classes sociais, Atenas entra no período Arcaico
nos séculos VIII - VI a.C. e sua evolução política deu-se de acordo com a evolução

3
TP“A constituição que nos rege nada tem a invejar aos outros povos; serve a eles de modelo e não
PT

nos irrita. Recebe o nome de democracia, porque o seu intuito é o interesse do maior número e não
de uma minoria. Nos negócios privados, todos são iguais perante a lei: mas a consideração não se
outorga senão àqueles que se distinguem por alguns talentos. É o mérito pessoal, muito mais do que
as distinções sociais, que franqueia o caminho das honras. Nenhum cidadão capaz de servir à pátria
é impedido de faze-lo por indigência ou por obscuridade de sua condição. Livres em nossa vida
públicas, não pesquisam com curiosidade suspeita a conduta particular dos nossos cidadãos...
Somos cheios de submissão às autoridades constituídas, assim como às leis, principalmente às que
têm por objeto a proteção dos fracos e às que, por serem escritas, não deixam de atrair àqueles que
as transgridem a censura geral... Ouso dize-lo, Atenas é a escola da Grécia”.(PÉRICLES, citado
APOSTILA CAMÕES)
das outras cidades Gregas, com a única exceção, a cidade de Esparta, como vimos
foi à única que se diferenciou na época.
No inicio do período arcaico Atenas era dirigida por um rei chamado
BASILEU, mas os grandes proprietários de terra na época decidem governar a
cidade e acabam instituindo uma república oligarquia, cai então o reinado e inicia a
república.
Em um certo período da história Atenas e Esparta tiveram um grande conflito,
a chamada Guerra do Peloponeso (Atenas x Esparta), cuja luta prosseguiu até a
vitória de Esparta, aproximadamente 404 a.C.

2.2.4.1.2 SÓCRATES 4 TP PT

"Uma vida que não é examinada não merece ser vivida”. Sócrates

Sabe-se que Sócrates fez da filosofia a sua profissão, tanto que foi “...
considerado o homem mais sábio da Grécia pelo oráculo de Delfos”. (ARRUDA,
WHITAKER e RAMOS, 2001, p. 25)
E basicamente desenvolveu sua filosofia mediante diálogos críticos com seus
interlocutores, no qual sempre questionava e indagava-os, a respeito da vida, da
ética e da virtude, querendo mostrar como era preciso unir a vida concreta ao
pensamento, como diz o autor Cotrim (2000).
Não chegou a formar uma escola filosófica, como diz Kremer-Marietti, pois

... abre o caminho do pensamento reflexivo adaptado à vida pública e


individual do cidadão da democracia. Ora, elevando-se do julgamento de
fato aos julgamentos de valor induzidos no seu interlocutor, Sócrates
encorajava o conhecimento do homem e uma permanente indução de
valores. Fazendo isto, opunha-se aos Sofistas que se espalhavam de
cidade em cidade para propagar uma ética técnica ligada ao rápido sucesso
político e profissional. (KREMER-MARIETTI , p 14-15)
TP PT

Nesta fase, com a habilidade de raciocínio e o método utilizado para os seus


discursos filosóficos, torna-se um marco na história da filosofia. Seus diálogos
podem ser divididos em dois grandes momentos: de um lado a ironia e de outro a

4
TPNasceu na Grécia em Atenas (469 – 399 a.C.) e tudo o que sabemos e conhecemos sobre este
PT

pensador é conhecido por intermédio de seus discípulos, cujo mais conhecido é Platão. Foi
considerado um filósofo clássico.
maiêutica, termo grego que segundo Cotrim (2000, p. 105) significa arte de trazer à
luz.
Sócrates, em toda a sua existência sempre procurou viver construindo uma
personalidade corajosa, guiada pela sua própria consciência, na busca da
verdadeira justiça. Tanto que na época foi condenado a beber veneno, cuja
acusação funda-se na idéia de que ele seduzia a juventude e a incentivava a beber
veneno. Mas mesmo assim, não renunciou a seus valores morais, pois honrava os
deuses da cidade e desprezava as leis.

É, contudo, a pessoa de Sócrates que cristaliza o passo ético dado ao


século V e principalmente uma tentativa de generalização do problema ético
segundo um princípio que permite afirmar que o que é bom para alguém
deve igualmente sê-lo para outro, colocado nas mesmas circunstâncias. As
principais teses socráticas podem resumidamente ser enunciadas segundo
as quatro fórmulas prodicianas: 1. Ciência, a virtude é ensinada; 2. Para
fazer o bem e ser feliz, basta conhecer a própria natureza; 3. A sabedoria é
a primeira das ciências, necessária a todas as coisas; 4. Esta ciência do
homem sendo una, compreende tanto o que diz respeito à conduta
individual quanto o que tange aos negócios públicos”. (KREMER-
MARIETTI , p 16)
TP PT

Em suma, a lição ética que este pensador propõe, consiste na verdadeira


conclusão que surgem através das indagações, e que permanecem longe da
definição buscada.
Porém essa conclusão evidência a necessidade de um código moral para
justificar as ações e as dificuldades humanas, as quais serão sempre renovadas
dependendo do ideal a ser alcançado, como afirma Kremer-Marietti.

2.2.4.1.3 PLATÃO 5 TP PT

Também é considerado por todos um estudioso da ética. No entanto, após a


morte de seu mestre prevendo represálias se afasta de Atenas e volta depois de
alguns anos para fundar a sua Academia.
Essa escola foi uma espécie de universidade, considerada pioneira na
dedicação à pesquisa científica e filosófica, que mais tarde, tornou-se um centro de
formação política.

5
TPNascido na Grécia em Atenas (427-347 a.C.) e descendente de famílias nobres foi além de filósofo,
PT

foi um grande poeta. Foi discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles. Platão parece acreditar em
vida após a morte, por isso prefere o ascetismo ao prazer terreno.
Seu método o consiste em contrapor uma opinião com a crítica que podemos
fazer para atingir o conhecimento autêntico (epistéme) que é a dialética, pois de
forma geral é considerada a própria negação da afirmação, já que o objetivo é
purificá-la dos possíveis erros e equívocos, conforme argumenta Cotrim (2000, p.
106).
Platão em seus pensamentos procura mostrar, que a reflexão ética pode ser
analisada com profundidade. Porém, este pensador tem um diálogo simples para
explicar as coisas, contudo desenvolvia sua especulação mais na teoria do que a
prática.
Como diz Valls, Platão parte da idéia em que todos os seres humanos
buscam a felicidade. Para ele a virtude era uma forma de purificação, no qual o
homem poderia compreender o mundo eterno.
Já Arruda, Whitaker e Ramos (2001) o idealismo platônico encara o mundo e
a ética da seguinte maneira:
9 Mundo sensível é uma cópia do mundo ideal.
9 Atuar eticamente é procurar atingir o ideal ético.
9 A inteligência bem utilizada conduz o ser humano ao bem.
9 O autêntico sábio procura o ideal e retifica quando erra.
No ponto de vista do Kremer-Marietti, a única saída para o impasse ético,
pode ser vista por Platão, pois a sua teoria das idéias, é fundamentada em um
sistema que leva em conta a natureza de Deus e do homem, e para isso, se apóia
em princípios éticos.
Para Valls, as principais virtudes (areté) que Platão acreditava eram as
seguintes: justiça; prudência ou sabedoria; fortaleza ou valor e temperança. Já que a
idéia Platônica caracteriza-se na idéia do Sumo Bem, ou seja, da vida divina, da
contemplação filosófica e da prática da virtude.
9 JUSTIÇA: a virtude geral, que harmoniza e assim assemelha ao
invisível, divino e imortal.
9 PRUDÊNCIA ou SABEDORIA: a virtude própria da alma racional, a
racionalidade como divino homem, é aquela que coloca ordem em
nossos pensamentos.
9 FORTALEZA ou VALOR: é aquela que faz as paixões mais nobres
predominarem, que o prazer se subordine ao dever.
9 TEMPERANÇA: é a virtude da serenidade, equivalente ao autodomínio,
à harmonia individual.

2.2.4.1.4 ARISTÓTELES 6 TP PT

Entre filósofos da Antigüidade, Aristóteles é reconhecido como um dos mais


importantes da época, pois colecionava depoimentos sobre a vida das pessoas e
das diferentes cidades gregas.
Não que ele não tivesse a mesma capacidade especulativa que Platão
desenvolvia, ao contrário, procura mostrar sua teoria com esforço analítico e
comparativo.
Já que o seu método para ensinar em sua própria escola filosófica conhecida
como Liceu, foi o peripatético, conforme argumenta Cotrim (2000, p.111).
Aristóteles chegou a ser tutor de Alexandre magno, e enquanto viveu na
Grécia, criou mais de uma centena de constituição política das cidades Gregas e em
muitas situações seu pensamento parte também da correlação entre o ser e o bem,
mais neste sentido podemos dizer que a ética de Aristóteles é finalista 7 e TP PT

endemonista 8 , marcada pelos fins que devem ser alcançados para que o homem
TP PT

atinja a felicidade.
Como diz Valls, Aristóteles insiste na variedade dos seres humanos. Ou
seja, cada pessoa deve ter um bem, conforme a sua natureza ou a sua essência.
De acordo com a sua natureza, estará o seu bem ou os seus bens, como também
o que considera bom. Por outro lado, quanto mais complexa for a pessoa, será o
seu respectivo bem.
Para Aranha, o olhar de Aristóteles é realista, pois o mesmo não desvaloriza
tanto os sentidos. Mas, como todo grego, também procura apenas conhecer por
conhecer, pois suas reflexões estão desligadas da técnica e das preocupações
utilitárias.

6
TP Nasceu na Grécia em Estagira, Macedônia (384 - 322 a.C.). Além de filósofo, foi psicólogo e
PT

estudioso da ética. Foi discípulo de Platão, mas acabou se afastando das suas doutrinas. Contudo
levou muito mais a sério a observação empírica do que seu próprio mestre, chegando a ser realmente
conhecido como um grande pensador especulativo, considerado mais professor do que poeta.
7
TP FINALISTA: Sectário do finalismo; Sectário: “Relativo a seita; aquele que faz parte de uma seita...”
PT

Finalismo: “ Sistema Filosófico que atribui papel importante à finalidade na explicação do Universo.”
(FERNANDES; LUFT; GUIMARÃES)
8
TP ENDEMONISTA: “torna-se furioso, endiabrado, desinquieto, inquieto”. (FERNANDES; LUFT;
PT

GUIMARÃES)
Quanto ao seu realismo Arruda, Whitaker e Ramos, argumentam que

No realismo aristotélico, a ética é a ciência de praticar o bem. O bem de


cada coisa está definido em sua natureza: esse bem é uma meta a
alcançar. Portanto, do bem depende a auto-realização do agente, isto é, sua
felicidade. O bem do homem é viver uma vida virtuosa, e a virtude mais
importante é a sabedoria. (ARRUDA; WHITAKER; RAMOS, 2001, p. 26)

Aristóteles não isola um bem supremo. Não acredita que exista um único
bem, mas sim vários bens. E como exemplos de bens, temos: a amizade, a saúde,
a riqueza, enfim vários outros, pois os bens necessários na busca da felicidade
dependem exclusivamente de cada pessoa.
No entanto, ao orientar os nossos atos para uma conduta ética, somos
conduzidos pela razão humana à prática da virtude. Neste caso, a prática da
virtude torna o ser humano ético. Ou seja, uma vida virtuosa tem a finalidade de
conduzir o ser humano à felicidade.
Para Aristóteles “... a felicidade não consiste nos prazeres nem na riqueza:
considerando que o pensar é o que mais caracteriza o homem, conclui que a
felicidade consiste na atividade da alma segundo a razão”. (ARANHA; MARTINS,
p. 120)
Contudo o ideal ético consiste em viver de acordo com a sua essência, ou
seja, de acordo com a sua razão e a sua consciência reflexiva, pois “para o homem
não existe maior felicidade que a virtude e a razão”. (ARISTÓTELES, Livro IV,
Cap.I)
Assim a virtude é o meio-termo e a justa medida de equilíbrio que existe
entre o excesso e a falta de um atributo qualquer no ser humano, como diz Cotrim.
Porém, Aristóteles tanto como Platão, em seus pensamentos mostra a
profundidade da reflexão ética, que é muito mais do que isto ao partir do fato de que
o homem tem o seu ser no viver, no sentir e na razão, (viver de acordo com a sua
razão), e os Gregos achavam que isso era divino.

2.2.4.2 ÉTICA MODERNA


“Penso, logo existo". Descartes
Essa época é marcada por duas tendências como diz Valls: de um lado, a
busca de um a ética laica, racional, baseada em uma lei natural ou em uma
estrutura (transcendental) da subjetividade humana. De outro, as novas formas de
síntese entre o pensamento ético-filosófico e a doutrina da Revelação (cristã).
No entanto, Aranha e Martins afirmam que é a partir do século XVIII, que
culmina o movimento da Ilustração, no qual a moral se torna laica. Neste contexto o
“... ser moral e ser religioso deixam de ser inseparáveis”. (ARANHA; MARTINS, p.
121)
Também nesta fase torna-se possível admitir que até um ser humano ateu
possa ser considerado moral, e a fundamentação para essa moral, é baseada nos
valores, cuja moral não se encontra mais em Deus, e sim, no próprio humano.
Os pensadores modernos buscaram aspirações remotas para seus estudos, e
de acordo com suas preferências e entendimento do bem e da conduta humana, os
mesmos aplicaram certas doses de radicalismo. Dentre eles, merecem destaque
alguns filósofos que se dedicaram ao assunto, Bergson, Scheler, Hartmann e
Wagner como diz SÁ.
Quanto aos pensadores como Kant e Sartre, ambos na época tentaram
formular teorias éticas aceitáveis pela pura razão. Já os pensadores como Hegel,
Schelling, Kierkegaard e Gabriel Marcel, ou até mesmo o Martin Buber, discutem
apenas a maneira de relacionar as doutrinas religiosas com a reflexão filosófica,
como diz Valls.
Como princípio da sua teoria Kierkegaard

Encara-se geralmente a ética como algo inteiramente abstrato e é por isso


que ela é detestada em segredo. Quando se pensa que ela é estranha à
personalidade, é difícil alguém se entregar a ela, porque não se sabe ao
certo o que disso resultará“. (Kierkegaard)

Outros como Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, Maquiavel,


Bentham, Mill, Espinoza, Hegel e Marx também foram filósofos de grande destaque
ao discutir a sua teoria ética na modernidade.

2.2.4.2.1 THOMAS HOBBES 9 TP PT

9
TPFilósofo inglês, materialista, viveu entre (1588 – 1679) e em sua teoria foi adepto do egoísmo e do
PT

despotismo (tirania, poder absoluto).


O pensamento básico de HOBBES está voltado para a conduta humana que
representa à busca do “bem maior”. E em seu método para avaliar e entender a
conduta, o mesmo interpreta o bem como: “a conservação de si mesmo”. (SÁ,
2000, p. 27)
Tanto que diz em uma de suas principais obras: “O medo da opressão
predispõe os homens para antecipar-se, procurando ajuda na associação, pois não
há outra maneira de assegurar a vida e a liberdade”. (HOBBES, Cap. XI)
No entanto, Hobbes não aceita a união como apenas um fator que conduz a
proteção e a conservação da existência, mas sim, o respeito que deve existir entre
os seres humanos e ainda nos diz que “os homens não tiram prazer algum da
companhia uns dos outros (e sim, pelo contrário, enorme desprazer), quando não
existe um poder capaz de manter a todos em respeito”. (HOBBES, Cap. XIII)
Para este pensador, existem três causas fundamentais que provocam a
discórdia entre os participantes de um grupo. “Primeiro, a competição; segundo, a
desconfiança; e terceiro, a glória” (HOBBES, Cap. XIII).
Tais elementos passam a ser geradores de ações antiéticas, toda vez que o
interesse se transforma exclusivamente em lucro.

2.2.4.2.2 GOTTFRIED WILHELM LEIBNIZ 10 TP PT

As normas da moral não são inatas, pois o pensador acredita que elas
existem de verdades inatas, tanto que diz “não façais aos outros senão aquilo que
gostaríeis fosse feito a vós mesmos”. (LEIBNIZ, Cap.II, parágrafo 4º)
Seu pensamento caminha próximo ao de Espinosa, embora o represente
com mais rigor e lógica. No entanto, manifesta-se de forma complexa quando tenta
apresentar a consciência como a grande geradora da conduta humana, talvez por
pensar na existência de muitos mundos.
Assim, tudo o que acontece existe uma razão, porem o bem sempre
prevalecerá sobre o mal. Sobre o mal este pensador atribuiu a idéia de que o
mesmo será sempre necessário, pois está associado diretamente a um bem.

10
TP Filósofo e matemático alemão, viveu entre (1646 – 1716) e foi considerado um determinista.
PT

Produziu uma doutrina idealista, além de escrever que a verdade natural encontra-se em nós
mesmos pelo próprio instinto.
Contudo afirma que: “os limites de justiça nem sempre são assimiláveis pela
sociedade e que a conduta humana absolutamente justa termina por conflitar-se
com aquela do grupo social”. (LEIBNIZ, Cap. II, parágrafo 11º).
Também admite que cada ser, por suas próprias idéias, age como se fosse
um universo à parte, contudo busca uma composição entre os outros seres
humanos existentes, como afirma SÁ.
Porém “a ciência moral (além dos instintos, como o que nos faz abraçar a
alegria e evitar a tristeza) é inata da mesma forma que o é a aritmética, pois ela
depende também das demonstrações que a luz interna nos fornece”. (LEIBNIZ,
Cap. II, parágrafo 11º)

2.2.4.2.3 DAVID HUME 11 TP PT

Hume destaca-se no campo da ética pelo seu posicionamento utilitarista,


pois se apresenta como um questionador das causas promotoras das virtudes, dos
vícios, da verdade, da falsidade, da beleza e da felicidade, como afirma SÁ.
Além de ser um percussor de conceitos sobre os móveis da conduta
humana. Pois para ele o valor do conhecimento encontra-se na ciência, mesmo em
uma época que esta não é sequer prioritária nas universidades. Mas mesmo assim,
defende a ciência pela experimentação.
Também admite a percepção como fundamento das idéias, as quais são
geradas pela consciência ética individual, que repudia a idéia do EU, como
substância. E nos diz que “quando se trata da liberdade e da necessidade, penetra
no campo que diz respeito à Ética, tratando da paz e da segurança da sociedade
humana através da conduta”. (HUME, Seção VIII, Parte I, p. 69)
Tanto que justifica suas idéias afirmando que a humanidade é sempre a
mesma em todas as épocas ou lugares, tanto que Sá ressalta que a conduta, na
sociedade,

... nem sempre está de acordo com a virtude, como padrão ideal a ser
alcançado; a realidade bem nos mostra a validade dessa afirmativa; os atos
de corrupção no Poder, as mentiras habituais que homens públicos, em
cargos de destaque, veiculum (sic!), a condução da imprensa ao sabor dos

11
TP Filósofo e historiador inglês, viveu entre (1711 - 1776) e foi o idealizador da criação da filosofia
PT

fenomenista.
interesses econômicos da Ética que comprovam a verdade enunciada pelo
ilustre filósofo, há tanto tempo. (SÁ, 2000, p. 37)

Seguindo tal interação social Hume, reconhece a liberdade como a base


para toda a ética, pois na medida em que se praticam a garantia de tais elementos,
assegura-se à paz e a segurança da sociedade.

Tão grande é a mútua dependência dos homens em todas as sociedades,


que quase não há ação humana que seja completa em si mesma ou que se
realize sem alguma referência às ações alheias, necessárias para que ela
corresponda plenamente às intenções do agente. (HUME, Seção VIII, Parte
I, p. 69)

2.2.4.2.4 IMMANUEL KANT 12 TP PT

“Age de tal maneira que possas ao mesmo tempo querer que a máxima da tua
vontade se torne lei universal”. Kant

Seus pensamentos na época receberam o nome de filosofia transcendental,


pois buscava encontrar no ser humano o verdadeiro conhecimento e o agir livre. “Em
sua Crítica da Razão Pura (1781) demonstra que coisa alguma do que conhecemos
pode transcender a experiência, mas, desta preliminarmente, é extraído”. (SÁ, 2000,
p. 38)
Os críticos de Kant continuam até hoje a dizer que ele teria as mãos limpas,
se tivesse, mãos, ou seja, que desta maneira é impossível agir, seria querer
começar a cada vez, tudo de novo, seria supor uma consciência moral tão pura e
racional que não existe. Também seria reforçar na prática o individualismo.
Uma outra crítica que não pode ser ignorada é a própria história, as tradições
de um povo, porém hoje é impossível ocupar-se com a ética ignorando as idéias de
Kant. Para ele “a razão guia a moral, e que três são os pilares em que se sustenta:
Deus, liberdade e imortalidade”. (SÁ, 2000, p. 38)
Kant identificou como o ideal da autonomia individual, o ser humano racional,
autônomo, determinado, ou seja, aquele que age segundo a sua razão e a sua
liberdade. Pois nesta época os valores espirituais, éticos e religiosos foram se

12
TP Filósofo, alemão, de formação liberal, viveu entre (1724 – 1804). Considerado o grande pensador
PT

da burguesia e do iluminismo.
tornando, particulares e os assuntos gerais foram dominados pelos discursos da
ideologia.
Entretanto, afirma: “O valor moral da ação não reside, portanto, no efeito que
dela se espera; também não reside em qualquer princípio da ação que precise de
(sic!) pedir seu móbil a este efeito esperado”. (KANT, Primeira seção).
Para Kant sem liberdade não há virtude, e sem esta não temos a moral,
contudo não pode haver felicidade, sem a justiça. E quanto à felicidade o mesmo
nos diz,

assegurar cada qual sua própria felicidade é um dever, pois a ausência de


contentamento com seu próprio estado num torvelinho de muitos cuidados e
no meio de necessidades insatisfeitas poderia facilmente tornar-se uma
grande tentação para transgressão dos deveres. (KANT, Primeira seção)

A ética de Kant é algo que se impõe pela qualidade da razão, pois isola a
metafísica da moral dos demais conhecimentos a que estava até então ligada,
como afirma SÁ.
É atribuída exclusivamente a razão a responsabilidade da origem das ações
éticas, pois admite que só existe valor quando o ser humano age sob o impulso de
um sentimento de dever.
Já que ele pensa que quando alguém cumpre um dever ético simplesmente
por interesse, pode até lucrar, mas ele não admite que seja atribuído a este um
comportamento virtuoso, pois a lei da vontade ética é a que prevalece.
E completa seu pensamento ao afirmar que não existe nada que possa ser
pensado ou considerado “... como bom sem limitação, a não ser uma só coisa: uma
boa vontade”. (KANT, Primeira seção).
SÁ nos diz que, embora Kant fosse metódico e tenha vivido em uma época
bem menos complexa que a nossa, e jamais tivesse saído do seu país para
conhecer outros, não podemos negar que a sua visão atribuída à ética em grande
parte se aplica aos nossos dias. Já que algumas de suas concepções atualmente
nos parecem adequadas, principalmente no que trata das virtudes.
Suas considerações buscam encontrar a felicidade e a sua doutrina é guiada
pela conduta humana, contudo pode-se dizer que a sua teoria está condicionada
ao conceito de bem que se torna uma lei moral, porém esta é guiada pela vontade
e pela razão.
Não é para menos, tanto que foi considerado um dos mais célebres da sua
época, pois acreditava que a igualdade entre os homens era fundamental para o
desenvolvimento de uma ética universal.

2.2.4.2.5 JEREMY BENTHAM 13 TP PT

Este pensador considera a moral como uma das quatro fontes que
produzem o prazer e a dor nos seres humanos:

Se o prazer e a dor estiverem nas mãos de pessoas que por acaso ocupam
um lugar de destaque na comunidade, segundo a disposição espontânea de
cada pessoa, e não de acordo com alguma regra estabelecida ou acordada,
podemos dizer que o prazer e a dor derivam da sanção moral ou popular.
(BENTHAM, Cap. II, V)

Bentham seguiu o utilitarismo e adotou linhas semelhantes a de Espinosa no


que tange a ética. Apologista do dualismo (dor e prazer), no qual resumiu toda a
sua teoria ética, impregnada com a tendência de oferecer a felicidade.
Para tanto, traçou uma ordem de julgamento sobre a vontade como móvel
da conduta. E apresentou em sua teoria ética um “método para medir uma soma de
prazer ou de dor”. (BENTHAM, Cap. IV, II)
E o valor para este filósofo pode ser encontrado através das seguintes
circunstâncias: “intensidade, duração, certeza ou incerteza e proximidade ou
longinqüidade”. (BENTHAM, Cap. IV, II)
A Contabilidade de Prazeres e Dores proposta por Benthan tem a intenção
de procurar com exatidão encontrar o resultado, porém este pode ser considerado
positivo. Neste caso representa o prazer, e a tendência é boa. Porém, se houver
prevalência da dor, a tendência será má. Tanto que o mesmo consagra o resultado
em bom ou mal, bem como a sua equivalência prazer e dor.
Atribuiu também especial valor ao motivo, pois considera o móvel da
conduta humana, ou seja, a razão pela qual alguém é levado a praticar um ato. E
destaca que “se os motivos são bons ou maus, será exclusivamente em razão de
seus efeitos”. (BENTHAM, Cap. X, XII)

13
TPFilósofo e jurisconsulto inglês viveu entre (1748 – 1832). Considerado superdotado em inteligência,
PT

aprendendo latim e francês aos seis anos de idade e aos doze anos já estava na Universidade. Foi
um radicalista e utilitarista.
Benthan para escrever sua teoria ética, aproveita as idéias de muitos
filósofos clássicos e modernos, tanto que o rigor do seu utilitarismo concorda com
Kant quando afirma que: “De todas as espécies de motivos, o da boa vontade é
aquele cujos ditames, considerado de maneira geral, apresentam a maior certeza
de coincidirem com os motivos do princípio de utilidade”. (BENTHAM, Cap. X,
parágrafo 4º, XXXVI)

2.2.4.2.6 HENRI BERGSON 14 TP PT

Este filósofo é considerado o maior defensor do intuicionista moderno, em


sua doutrina instituiu o tratamento filosófico do plano especulativo para a
experiência espiritual, no qual procurava dar a vida um outro sentido além do
biológico.
Uma vez que o mesmo buscava uma filosofia simples, sem preconceitos de
doutrinas já instituídas. Além disso, procurava, o crescimento do evolucionismo,
livre das pressões da ciência.
Recebeu o prêmio Nobel por sua Teoria da Evolução, desenvolveu estudos
sobre a dimensão do espírito humano, dedicou-se à Política, à Moral e à Religião, e
a sua base filosófica foi dedicada à prevalência da intuição sobre o intelecto, como
diz Sá.
Esse filósofo propõe uma moral fechada, pois deriva de uma inspiração
religiosa, que vem de encontro com toda a formação do ser humano.
Além disso, para Bergson, a proposta que o mesmo apresenta da ética é o
que se pode chamar de ética do fim, já que se deve analisar essa idéia como
finalidade a ser perseguida.
Ele admite o conhecimento intuitivo-racional e defende a consciência como
um superestado, além do próprio cérebro quando afirma: “há infinitamente mais
uma consciência humana, do que o cérebro corresponde”. (SÁ, 2000, p. 21)
Bergson defende a atividade ética, como uma relação entre o material e o
espiritual. Bem como, o comportamento virtuoso e pragmático. Contudo demonstra
ter espírito crítico, quando pensa na questão da renovação social movida pelo

14
TPNasceu em Paris viveu entre (1859 - 1941). Sua formação educacional basicamente foi francesa,
PT

embora tenha sido um mestre muito prestigiado no Colégio da França.


comportamento, além de ser guiada pela idéia de liberdade existente no ser
humano.
Mas não poupou os demais que pensaram diferente sobre essa questão,
como afirma SÁ.

A ética de Bergson caracteriza-se, pois, por análises restritas ou fechadas e


amplas ou abertas, mas denuncia um forte sentimento de respeito à
consciência ética como regente da atividade ética e uma forte ligação entre
os fenômenos da matéria e do espírito. (SÁ, 2000, p. 21)

2.2.4.2.7 EDWARD VON HARTMANN 15 E MAX SCHELER 16


TP PT TP PT

Estes filósofos são considerados propulsores dos estudos da ética sobre a


questão do valor, tanto que o defendem como um estímulo para a vida humana.
Mas, como diz SÁ é preciso também dar destaque a Charles Wagner, autor
da valiosa obra Valor. 17
TP PT

Segundo o Dicionário de Filosofia Abbagnano, a palavra valor veio substituir


a noção de bem que era a predominante nos domínios de ética.
Porém SÁ completa afirmando que poucos filósofos tiveram a virtude da
clareza e a facilidade de expressão que Wagner empregou em seu trabalho, tanto
que o mesmo foi premiado pelo Ministério da Instrução Pública da França.

Wagner enfoca a conquista da energia, o preço da vida, a obediência, a


simplicidade, a guarda interior, a educação heróica, os começos difíceis, o
esforço e o trabalho, a fidelidade, a jovialidade, a honra viril, o medo, o
combate, o espírito de defesa, a bondade reparadora, formas
comportamentais que considerou relevantes e o faz de maneira a ressaltar
em tudo o valor como o que se deve eleger para a qualidade de vida. (SÁ,
2000, p. 22)

Já Max Scheler, centrou seu trabalho no combate a uma ética material do


bem, ou seja, a proposta da vontade ou apenas do desejo, sem que possa
representar os efeitos perante os seres humanos, como diz SÁ.

15
TP Filósofo alemão, estudioso da ética que viveu entre (1842 – 1906).
PT

16
TP Filósofo alemão que viveu entre (1874 – 1928). Foi considerado um grande crítico de Kant, mas
PT

também inspirou as obras da fenomenologia de Husserl.


17
TP Obra traduzida pelo português por Otoniel Mota, e publicada em 1918, sucedendo-se em milhares
PT

de exemplares editados pela Edições Melhoramentos de São Paulo, como afirma Sá.
Toda vez que a pessoa elege ou escolhe um objetivo como parte da
vontade, esse aspecto se transforma em um dever, e para Max Scheler dentro da
proposta ética essa concepção torna-se um valor.
Contudo essa concepção não é de todo moderna, pois as bases são
atribuídas ao pensamento dos estóicos que há milênios já possuíam na acepção
dos objetos da escolha moral, pois “para ele, a Ética não se baseia nem na noção
de bem, nem em aspirações desejadas, mas na intuição emotiva dos valores,
observados em suas hierarquias”. (SÁ, 2000, p. 22)
Hatmann, também segue o pensamento de Scheler, e o defendeu como
princípio. Para tanto, concebeu-o como uma esfera ética. Contudo a concepção
moderna que é aceita no campo da ética é o valor como algo desejável, ou seja,
como uma norma ou um critério de juízo, que propõe a possibilidade de uma
escolha inteligente, ou seja, dar uma preferência.
SÁ nos questiona quando diz, que não se pode afirmar até que ponto, essa
substituição de bem pela de valor poderá persistir e muito menos as vantagens
reais que essa concepção poderá trazer ao campo do raciocínio ético.

2.2.4.2.8 MAX WEBER

Pensador alemão mostra que a ética não era acessível a todos. Sua teoria
fundamenta-se na Ética Protestante, cuja proposta baseada no Calvinismo, passa a
valorizar o trabalho e a riqueza, enquanto a Ética Católica trata a aquisição de valor
com maior abnegação, pois a aquisição de riqueza era considerada usura.

2.2.4.3 ÉTICA CONTEMPORÂNEA

A ética contemporânea surgiu, no final do século XIX e no decorrer do


século XX, época marcada pelos progressos científicos e técnicos, além do
desenvolvimento das forças produtoras, que acabarão por questionar até a própria
existência da humanidade, tendo em vista a ameaça que seus usos destruidores
acarretam.
No entanto no plano filosófico, a ética se apresenta em suas origens contra o
formalismo e o racionalismo abstrato de Kant, ou seja, os filósofos começam a se
posicionar contra a moral formalista Kantiana fundada na razão universal, por ser
considerada abstrata por muitos, pois busca apenas encontrar o “ser humano
concreto” na ação moral, como diz ARANHA.
Segundo SÁ, contemporaneamente diversos ilustres pensadores estudaram
a ética, alguns sob prismas já comentados, outros acrescentando pequenos
detalhes, alguns mais de forma do que na sua essência, outros, com mais
felicidade no enfoque científico.
Como exemplo temos a moral do altruísmo, que alcançou um dos pontos
mais alto com Comte 18 . TP PT

Também podem ser incluídos neste pensamento, a “Ética Biológica” de


Spencer 19 .
TP PT

Bem como, a ética de Russel 20 , que SÁ discorda e diz que seu pensamento
TP PT

contraria tudo o que modernamente tem sido aceito, além disso, contraria todos os
conhecimentos acumulados durante milênios.
Neste caso, entendo que cada um em sua época em sua proposta procurou
contribuir da melhor forma possível, embora ao registrarmos alguns nomes de
pensadores contemporâneos podemos estar cometendo injustiças com muitos
outros.
Perguntas:
1. Então o que fazer? Adotar como propunha Descartes, uma moral
provisória, resolvendo as questões práticas do jeito que der?
2. Seria melhor simplesmente ignorar as questões éticas, cuidando apenas
dos assuntos técnicos como: arranjar dinheiro; arranjar-se na vida;
progredir na vida profissional; gozar o que for possível; conseguir força
suficiente para dominar e não ser dominado? Ou quem sabe não seria
melhor ainda simplesmente deixar-se levar pelo sistema e pelos
acontecimentos?

18
TP Augusto Comte (1798-1857). Filósofo e matemático francês autor do famoso tratado em 6 volumes
PT

“Cours de philosophie positive” e outros trabalhos. Foi o criador da Sociologia científica. Cujo lema
“Ordem e Progresso”, fora estampado na bandeira brasileira como símbolo, extraído do axioma de
Comte. É considerado o pai do positivismo no Brasil.
19
TP Hebert Spencer (1820-1903). Filósofo inglês, que propõe na prática das normas morais a melhor
PT

adaptação do ser humano ao seu sistema de vida. E ainda, acredita em uma ética evolutiva,
competente, cuja proposta é fornecer cada vez mais ao ser humano condições de uma existência
digna.
20
TP Bertrand Russel. Foi um pensador que teve grande influência, tanto que em sua obra Religion and
PT

Sience, 1936 negou a ética a sua condição científica, ao afirmar que não possuía senão expressões
de desejos, situando-se em uma ótica acanhada e muito aquém de sua competência.
3. Nesse caso nos homens não estaríamos abdicando, renunciando ao
nosso anseio de liberdade?
Como vimos, muitos são os pensadores da época, porém alguns consideram
o estudo da ética, como a religião mais difícil, visto que seria aquela para qual o
pensamento, reflexivo e discursivo está atualmente menos preparado.

2.2.4.3.1 GIOVANNI VIDARI 21 TP PT

Pode-se destacar que a sua obra foi considerada como clássica até a
primeira metade deste século XX, sendo digna de notoriedade na Itália. Pois se
trata de uma obra séria e de méritos inquestionáveis como diz SÁ.

A ética é a ciência que tendo por objeto essencial o estudo dos


sentimentos e juízos de aprovação e desaprovação absoluta realizados
pelo homem acerca da conduta e da vontade, propõem determinar:
a) qual é o critério segundo a conduta e a vontade em tal modo
aprovada se distinguem, ou ainda, qual é a norma, segundo a qual se
opera e deve operar a vontade em tal conduta, e qual o fim na mesma
e para essa se cumpre e se deve cumprir;
b) em que relações de valor estão com observância daquela norma
e a obtenção daquele fim as diversas formas de conduta, individual ou
coletiva, tais como se apresentam na sociedade e na época à qual
pertencemos. (VIDARI, p. 3)

Vidari aceita a ética como uma ciência, no qual o seu objetivo é um


composto de “juízos” que são os responsáveis pela aprovação ou não da conduta
humana perante o coletivo ou o individual. Tanto que no desenvolvimento de suas
indagações o autor inclui o “exame de vontade”, como um estímulo para essa
conduta que é estudada sob o prisma de uma consciência.
Como diz SÁ, o pensamento de Vidari difere de Russel, pois não se trata de
analisar desejos isolados, mas sim conhecer as condições em que a conduta opera
nas relações com a vontade, bem como os fenômenos que ela provoca. E ainda
nos diz:

Se tivéssemos que negar os aspectos de ocorrências dos fenômenos éticos


também deveríamos negar a dos econômicos, sociais, psicológicos e tantos
que dependem da vontade do ser humano perante a realidade da
existência. (SÁ, 2000, p. 43)

21
TP PT Filósofo italiano conseguiu na época contemporânea um enfoque de “dignidade” para a ética.
2.2.5 OS IDEAIS ÉTICOS

9 OS GREGOS: achavam que o ideal ético estava no viver de acordo com a


natureza, em harmonia cósmica.
9 MODIFICADA POR TEÓLOGOS CRISTÃOS: seria viver de acordo com as
leis que Deus nos deu através da natureza.
9 NO CRISTIANISMO: os ideais éticos se identificaram com os religiosos. O
homem viveria para conhecer amor e servir a Deus, diretamente e em seus irmãos.
KANT é considerado como o grande pensador da burguesia e do iluminismo.
Identificou como o ideal da autonomia individual. O homem racional, autônomo,
autodeterminado, aquele que age segundo a razão e a liberdade. Os valores
espirituais, éticos e religiosos foram se tornando, particular e os assuntos gerais
foram sendo dominados pelos discursos da ideologia.
9 PENSAMENTO SOCIAL: buscou como ideal ético uma vida social mais
justa. A ética voltada para as relações sociais, esquece o céu e se preocupa com a
terra, tenta apressar a construção de um mundo mais humano, onde acentua a
justiça econômica, embora esta não seja a única característica deste paraíso
buscado.
9 NO SÉCULO XX, OS PENSADORES DA EXISTÊNCIA: em posições
diversas, insistiram todos sobre a liberdade como um ideal ético, termos que
privilegiaram o aspecto pessoal ou personalista da ética: autenticidade, opção,
resoluteza, cuidado e outros.
A reflexão ético-social do século XX trouxe outras observações importantes:
as ideologias, os aparatos econômicos, a massificação atual (a maioria hoje talvez
não se comporte mais eticamente) e os meios de comunicação (não se permite mais
a existência de sujeitos livres, de cidadãos conscientes e participantes, de
consciência e capacidade julgadora).
Perguntas:
1. Qual o critério da moralidade?
Resposta: É compreendido como a consciência moral, agir moralmente,
significa agir de acordo com a sua própria consciência.
2. Qual o ideal da vida ética?
Resposta: Segundo o pensamento de Platão, para os gregos o ideal estava
na busca teórica e prática da idéia do bem.
Resposta: Segundo Aristóteles consiste na felicidade, uma vida bem
ordenada, uma vida virtuosa, onde as capacidades do homem tivessem a
preferência e as demais capacidades não fossem desprezadas, na medida em que
ele necessitava de muitas coisas.

2.2.6 SENTIDO AMPLO DE ÉTICA

Ao continuar o raciocínio da teoria ética, deve-se direcionar a reflexão para a


proposta enquanto seu sentido amplo, já que todos os valores morais norteadores
da conduta, tem a intenção de permitir a reflexão e analise da ética como um
conjunto de hábitos ou costumes adquiridos pelo ser humano, para que o mesmo
possa conviver ou até mesmo trabalhar em sociedade.
Porém, os mesmos geralmente são transmitidos de geração em geração de
forma tal, que todo costume adquirido acaba transformando-se em um hábito para
as pessoas. Afinal! Cada um é aquilo que escolhe ser, ou o que faz a si mesmo.
Assim, fundamenta-se a discussão com a aplicabilidade da teoria a prática e
em qualquer situação cabe ao profissional buscar a conduta adequada a sua
realidade ou a da profissão em questão.
Já que a ética enquanto teoria que aprova ou reprova a conduta em
sociedade, procurar identificar a sabedoria de cada grupo humano, bem como, o seu
comportamento moral, para poder estabelecer o que é certo ou errado.
Ou em outra perspectiva a ética é a ciência da conduta humana, perante aos
seus semelhantes, na qual envolve-se principalmente a aprovação e a
desaprovação das ações praticadas pelo ser humano.
Ainda neste sentido, o profissional deve ser capaz de estabelecer um dever,
uma obrigação ou até mesmo um compromisso já que a ética na vida das pessoas
busca realmente o Bem, mas não deixa de referenciar-se as regras de conduta pré-
estabelecidas mediante o Código de Ética profissional.
Em sentido conceitual encontra-se no dicionário Aurélio a ética como o estudo
dos juízos morais que de certa forma estão relacionados diretamente à conduta
humana, os quais podem ser analisados sob o ponto de vista do “bem e do mal”,
seja a uma sociedade específica, ou seja, de modo absoluto.
A ética sob o olhar de Guerreiro (1995, p. 25) conduz a análise da teoria como
uma disciplina filosófica, que tem por objetivo investigar e procurar princípios que
podem regular a conduta humana em sociedade, considerando-a correta ou incorreta.
Já para Vázquez,

A ética é então apresentada como uma parte de uma filosofia especulativa, isto
é, constituída sem levar em conta a ciência e a vida real. Esta ética filosófica
preocupa-se mais em buscar a concordância com princípios filosóficos
universais do que com a realidade moral no seu desenvolvimento histórico e
real, donde resulta também o caráter absoluto e apriorístico das suas
afirmações sobre o bom, o dever, os valores morais, etc. (VÁZQUEZ, 2000, p.
26)

Ainda sob o pensamento Vázquez pode-se verificar que este pensador procura
conceituar a ética a fim de esclarecer o tipo de conduta que é considerado moral, e ele
faz isso a partir das relações comportamentais humanas em sociedade.

Desta maneira, a ética tende a estudar um tipo de fenômeno que se verifica


realmente na vida do homem como ser social e constituem o que chamamos
de mundo moral; ao mesmo tempo, procura estudá-los não deduzindo-os de
princípios absolutos ou apriorísticos, mas afundando suas raízes na própria
existência histórica e social do homem. VÁZQUEZ (2000, p. 27)

Assim, vemos de forma geral, Vázquez interpretar a moral como “um conjunto de
normas, aceitas livremente e conscientemente, que regulam o comportamento
individual e social dos homens” (VÁZQUEZ, 1982, p. 49), enquanto a ética pode ser
conceituada como o ramo da filosofia que estuda os princípios de comportamento, as
normas e os preceitos geralmente aceitos na organização empresarial ou na
sociedade. Ou simplesmente, a ciência que estuda a conduta humana, ou seja, os
valores do agir humano, a partir dos juízos do bem e do mal, do certo e do errado, do
justo e injusto em uma determinada sociedade.
De fato, a análise do termo moral nos projeta para dentro do corpo filosófico,
cuja tarefa da ciência moral é buscar a perfeição humana, pois “ela aponta ao homem o
seu verdadeiro bem, aquele capaz de atuar a sua perfeição” (NOGUEIRA, 1997, p. 24).
Já a ética passa a ser a doutrina das ações humanas. E pode ser “... definida
como ‘ciência que recolhe ordenadamente as normas a que devem amoldar-se às
ações humanas’” (NOGUEIRA, 1997, p. 25-26).
Tal análise nos encaminha para o pensamento de Russ (1999, p. 6), pois ela
afirma que a ética aparentemente, é reivindicada em toda a parte, mas, dificilmente
ancora suas normas e seus valores em um lugar que os funde e os justifique, já que a
ética parece mesmo, às vezes, não encontrável. Ademais, parece caminhar por um
paradoxo 22 , no que se refere a sua exigência e o real trabalho fundador.
TP PT

Tal fato se esclarece com a análise etimológica entre ética e moral proposto por
Russ (1999, p.7), já que a ética é mais teórica e está voltada para a reflexão sobre os
fundamentos muito mais do que a moral.

A ética se esforça para descontruir as regras de conduta que formam a moral,


os juízos de bem e de mal que se reúnem no seio desta última. O que designa
ética? Não uma moral, a saber, um conjunto de regras próprias de uma cultura,
mas uma ‘metamoral’, uma doutrina que se situa além da moral, uma teoria
raciocinada sobre o bem e o mal, os valores e os juízos morais. Em suma, a
ética desconstrói as regras de conduta, desfaz suas estruturas e desmonta sua
edificação, para se esforçar em descer até os fundamentos ocultos da
obrigação. Diversamente da moral, ela se pretende, pois desconstrutora e
fundadora, enunciadora de princípios ou de fundamentos últimos. Por sua
dimensão mais teórica, por sua vontade de retornar à fonte, a ética se distingue
da moral e detém uma primazia em relação a esta última. Concerne à teoria e à
fundamentação, às bases mesmas das prescrições ou juízos morais. (RUSS,
1999. p. 7-8).

Mas o destaque deste trabalho é adentrar ao estudo da ética aplicada


especificamente para a empresa 23 , tendo como viés à discussão da ética.
TP PT

Embora a ética tenha sido ao longo dos séculos confundida simplesmente como
um conjunto de regras, o presente trabalho pretende nos remeter ao conceito da ética
como um dos campos filosóficos, cujo aspecto a ser abordado é a sua aplicabilidade na
era da modernidade.
O resultado da era moderna é o que conseqüentemente, determinou a era
contemporânea, portanto, faz-se necessário percorrer as discussões para
compreendermos a humanidade atual e se possível justificar a conduta humana nas
empresas.
Para tanto, busca-se o enfoque e o estudo da ética contemporânea, a partir da
proposta de Russ (1999, p. 31), cujo pensamento apóia-se nos princípios 24 da tradição TP PT

22
TP Para Oliveira (1993, p. 9) o paradoxo que envolve a civilização é sem dúvida a relação: ciência e
PT

ética.
23
TP “A empresa é uma unidade econômica. Nela o empresário utiliza os três fatores técnicos de produção
PT

– a natureza, o capital e o trabalho – para gerar um resultado, que é um serviço, um bem ou um direito.
O bem, ou o serviço, ou o direito é, então, vendido ao mercado pelo maior preço que este aceitar pagar.
A diferença entre o preço da venda e o custo da produção é o proveito monetário denominado lucro”
(ANTUNES, 1973, apud MOREIRA 2002, p. 27, grifo do autor).
24
TP “Um dos primeiros princípios que organizam, em toda a nossa tradição filosófica e moral, a teoria que
PT

busca determinar os verdadeiros fins da vida humana, a doutrina raciocinada concernente aos valores, é,
filosófica e moral, tendo como perspectiva teórica o efeito da dupla acepção de
metamoral fundadora e de ética aplicada.
Tal fato nos direciona para a analise da teoria ética aplicada a empresa, tendo
como cenário econômico o sistema capitalista, cuja proposta ética, se fundamenta nos
juízos morais, os quais são pré-estabelecidos pelas empresas através da doutrina
normativa 25 , com a criação de regras de conduta, tendo como finalidade apresentar a
TP PT

sociedade seus pressupostos éticos, além de refletir particularidades específicas


baseadas nos princípios que a diferencia da ética social.
Mas para compreender o sentido da ética empresarial 26 , será preciso percorrer
TP PT

toda a sua história passando por todas as transformações e crises sofridas ao longo
dos séculos, até chegar no mundo contemporâneo, com a Era da Ética 27 , já que neste TP PT

período a ética será retratada como a única alternativa capaz de conduzir a empresa à
sobrevivência. Mas a dificuldade-chave dos problemas éticos da atualidade consiste
em equacionar interesses pessoais com a Responsabilidade Social 28 . TP PT

Sob esse olhar inicia-se o contexto histórico com as discussões filosóficas de


Amoedo, cujo fundamento ético caminha para um sentido comum, como veremos:

Para que possamos consensar um sentido ético comum é necessário distinguir


claramente a ética descritiva da ética normativa ou prescritiva. A descritiva
descreve a forma como as pessoas agem e explica sua ação em termos de
julgamentos de valor e pressuposições. A normativa ou prescritiva estuda a
forma como as pessoas devem agir e analisa os julgamentos de valor e
pressuposições que justificam tais ações. A normativa ou prescritiva é
encontrada em nossos Códigos, muitos deles baseados no princípio de
reciprocidade. (AMOÊDO, 1997, p. 17)

Em outras palavras, a ética pode ser analisada como a busca do conhecimento


do ser para construir aquilo que deve ser. Enquanto a moral, através dos valores,

indiscutivelmente, o modelo do sujeito autônomo, responsável, dando a si mesmo suas próprias leis sem
se referir a uma autoridade exterior.” (RUSS, 1999, p. 31)
25
TP A moral normativa é “... constituída pelas normas ou regras de ação e pelos imperativos que
PT

enunciam algo que deve ser” (VÁZQUEZ, 2000, p. 63).


26
TP “Ética empresarial é o comportamento ético da empresa ou a regra ética a ela aplicável” (MOREIRA,
PT

2002, p.28).
27
TP Para Moreira (2002, p. 27-30) a Era da Ética é analisada a partir da preocupação ética na empresa,
PT

cujos apelos levam em consideração o comportamento social e ambiental bem como, a decisão da
empresa, já que nessa perspectiva o único lucro aceitável moralmente é aquele obtido com ética.
28
TP Define-se responsabilidade social como “a possibilidade de prever os efeitos do próprio
PT

comportamento e de corrigir o mesmo comportamento com base em tal previsão [...]. O primeiro
significado do termo foi o político, em expressões como ‘governo responsável’ ou ‘responsabilidade do
governo’, que exprimiam o caráter pelo qual o governo constitucional age sob o controle dos cidadãos e
em função deste controle.” (ABBAGNANO, 1970, p. 822)
orienta a conduta humana. Desta forma, a ética empresarial passa a ser analisada
como a conduta praticada na empresa, ou seja, nos negócios empresariais.

Sob a análise de Moreira, a ética empresarial refere-se ao comportamento


da empresa, enquanto uma entidade que produz lucro, e age em
conformidade com os princípios e as regras éticas e morais do bem
proceder e são aceitas pela sociedade, portanto, a “... conciliação entre o
lucro e a ética baseia-se no efeito benéfico da atividade lucrativa para a
economia como um todo, promovendo o bem-estar social” (MOREIRA,
2002, p. 28).

Contudo, destacam-se os princípios éticos e morais podem variar de pessoa


para pessoa. E como se sabe toda ação praticada, deve sempre implicar na própria
consciência, cujo resultado obtido, sempre é individual e independente. Porém
admite-se que são as suas próprias ações que ainda questionam e preocupam os
outros seres humanos.
Talvez seja por isso que a ética tem como perspectiva oferecer um tipo de
conhecimento condizente à conduta humana, seja a si mesmo ou perante seus
semelhantes.
É justamente essa questão do saber se comportar moralmente que faz a
ética pertinente nos dias atuais, pois na medida em que o ser humano se
reconhece como pessoa, ele passa a procurar conhecimento suficiente para
conseguir distinguir entre estas duas realidades idênticas, “o bem e o mal”, o “justo
e o injusto” e assim por diante.
Contudo, percebe-se que existe um entrelaçamento entre essas realidades,
o que ocasiona o surgimento de várias outras propostas. E muitas delas, serão
apresentadas, como veremos a seguir, embora algumas consideram o agir
moralmente como o ideal ético, porém este por sua vez, consiste em agir de acordo
com o bem.
Abaixo descrito temos algumas perguntas que podem facilitar a
compreensão do que o bem significa para cada um individualmente.
1. O que consiste o bem ou a felicidade para o homem?
2. Qual o maior dos bens?
Mediante tal quesito a presença da ética em uma sociedade ou em uma
classe profissional, torna-se sempre necessária, visto que sem ética as mesmas não
conseguem estruturar-se de forma permanente.
1. A ética sempre é necessária?
9 Faz-se necessária quando existe a relação entre duas pessoas ou mais.
9 Na estrutura familiar.
9 No relacionamento de uma comunidade religiosa, esportiva, cultural,
empresarial, militar ou qualquer outra.
Exemplo: uma comunidade criminosa
Até mesmo em uma comunidade criminosa, é necessária a presença de ética,
pois eles só conseguem sua sobrevivência ao longo do tempo, porque fazem
prevalecer o seu modo de viver, suas atitudes ou seus ideais.
Portanto, a necessidade do comportamento ético para as profissões torna-se
indispensável para encontrar soluções para sobreviverem no mercado competitivo e
acirrado. Se analisar de uma forma geral estes conceitos acima, os mesmos
aplicam-se diretamente para contadores, pois os problemas encontrados são os
mesmos, ou até maiores.
2. O profissional está no meio de agentes com muitos interesses?
Abaixo se percebe como as questões ligadas à ética e a moral podem surgir
dentro de uma empresa:
9 A disputa entre o fisco e o contribuinte.
9 Entre os sócios.
9 Entre a empresa e o empregado.
9 Entre chefes e subordinados.
9 Entre proprietários e administradores.
9 Entre os concorrentes.
3. As pressões nos profissionais estão cada vez maiores?
9 Produto.
9 Informação para o controle.
9 Para avaliação e desempenho.
9 Para tomada de decisão.
Exemplo: um auditor contábil independente
Um auditor contábil independente foi escalado para auditorar as contas de
uma empresa a qual tem relações de parentesco com o presidente da mesma. Ao
aceitar, o auditor estará agindo de acordo com a sua crença, desde que ele consiga
separar os assuntos pessoais dos profissionais, o qual não tem nada de errado em
auditorar as referidas contas. O comportamento esperado do auditor pela sociedade,
é que o mesmo recuse, pois deverá emitir um parecer absolutamente correto sobre
as contas da empresa. A luz da ética profissional, o auditor deve solicitar a sua
exclusão, comunicando as razões, onde, ele estará agindo de acordo com a crença
difundida de que este é o procedimento correto. O comportamento da empresa,
também será o de que seja substituído o auditor. Assim a empresa de auditoria age
com absoluta integridade nos seus procedimentos.

2.2.6.1 OBJETIVOS DA ÉTICA

A ética enquanto o ramo do conhecimento e a ciência que estuda o


comportamento têm como principal objetivo o equilíbrio das relações humanas.
Contudo, pode apresentar duplo objetivo, ou seja, de um lado propõe elaborar
princípios de vida capaz de orientar a pessoa para uma “ação moralmente correta”
e de outro, refletir sobre os “sistemas morais” ditados pela própria humanidade.
Estes conflitos estão diretamente relacionamentos ao comportamento das
pessoas, que recebem a influência através das “crenças e valores” que cada um
carrega. Com isso, entender os conflitos existentes entre as pessoas, faz-se
necessário primeiramente encontrar as razões para esse tipo de comportamento,
embora possa destacar as crenças e os valores, como as questões determinantes
desta relação.
Assim, cada pessoa, tentará atingir isoladamente o seu objetivo, “... os quais
podem ser de natureza individual (particular) ou coletiva (envolvendo o conjunto
inteiro da sociedade ou grande parte da mesma)”. (LISBOA, p. 15)
Já que a convivência “... conduz as pessoas a travarem entre si,
diariamente, grande número de relacionamentos”. (LISBOA, p. 15)
No entanto o comportamento individual basear-se-á naquilo que a mesma
acredita ser “certo ou errado”, “justo ou injusto”. Mas para que os objetivos sejam
alcançados torna-se necessário, ambas as partes envolvidas, chegarem ao “ponto
comum”.
Contudo as relações abrangem um largo campo da vida humana, assim o
principal desafio passa a ser “encontrar o ‘ponto de entendimento’, eliminando se
possível ou, no mínimo, atenuando o conflito de interesses que envolvem as
pessoas em cada situação”. (LISBOA, p. 16)
Neste caso, a presença da ética torna-se imprescindível, pois o
comportamento adotado deverá sempre contribuir para minimizar os conflitos que
surgem na busca da sobrevivência em sociedade.
No entanto as pessoas tornam-se obrigadas a conviver em sociedade
independentemente de suas crenças ou valores, pois não conseguem viver
isoladas, pois a humanidade desde seu nascimento e ao longo de toda a sua
existência vive em sociedade, como diz LISBOA.

2.2.6.1.1 O OBJETO DA ÉTICA EM RELAÇÃO A OUTRAS CIÊNCIAS

Não só a ética, mas outras ciências também tratam do agir humano. E cada
ciência tem o seu próprio enfoque dependendo do seu objeto de estudo. No entanto,
pode-se afirmar que uma mera formação científica não significa necessariamente
uma formação ética. Abaixo exemplos dessa relação:
9 ANTROPOLOGIA: estuda o agir humano pertencente a determinadas
raças ou culturas. Ou seja, o comportamento determinado por ser
integrante de uma parte específica da humanidade.
9 SOCIOLOGIA: estuda o comportamento das pessoas como parte de um
grupo, seja religioso, político. E reflete sobre os elementos presentes em
cada grupo: objetivos, coordenação, interesses comuns, dentre outros.
9 ECONOMIA: estuda o comportamento enquanto produzem e consomem
bens e serviços, preocupa-se com a atividade do homem com relação aos
recursos da natureza.
9 TEOLOGIA: estuda o agir humano a partir da sua relação com a
divindade, manifestação que inspira o comportamento humano.
9 HISTÓRIA: procura compreender o comportamento humano dos fatos do
passado, vendo suas causas e conseqüências. Busca relatar, estudar a
fundo, encontrar o fio condutor ao longo dos tempos.
9 PSICOLOGIA: ênfase no estudo do individuo em si, busca entender em
seu agir, o que ele faz, porque faz, como se faz e onde se faz. Não
estabelece critérios entre o que é certo e errado, apenas quer ajudar cada
pessoa a viver melhor e ser agente de sua vida.
9 DIREITO: estabelece um conjunto de normas que disciplinam o
comportamento humano ou a vida em sociedade, seus interesses
primordiais são as leis e suas execuções são seus principais objetivos.
9 ADMINISTRAÇÃO: analisa, planeja, implanta e controla, os processos
necessários para as atividades de uma empresa, dinamiza as pessoas
para a execução dos objetivos principais da empresa.
9 CONTABILIDADE: usa técnicas que permitem manter um controle
permanente dos patrimônios da empresa, lida com dados fornecidos pelas
pessoas, analisa os fatores da empresa, a natureza, o capital e o trabalho.
9 PEDAGOGIA: ciência da educação visa transmitir conhecimentos
adequados para o desenvolvimento de vários aspectos do ser humano,
suas teorias buscam fundamentos para que as pessoas assimilem mais
facilmente os conteúdos do processo: ensino-aprendizagem.
Assim, pode-se afirmar que todas as ciências são necessárias para o homem
viver a ética. E o objeto da ética não se confunde com nenhuma destas ciências.
Pois a ética é o compromisso com o dever, a verdade, a justiça, o valor e a virtude.
Cujos fundamentos estão baseados nos aspectos essenciais da natureza humana,
descobertos e analisados pela REFLEXÃO racional num processo dinâmico e
constante.
Já que a ética é uma parte da filosofia e baseia-se no “estudo das últimas e
profundas causas das coisas”, e transcende as ciências e procurar auxiliá-las em
questões que não conseguem atingir.
PERGUNTAS:
1. Uma formação científica pode significar uma formação ética? Porque?
2. Exemplifique como atua o profissional da sua área atualmente?
3. Por que podemos afirmar que os objetos de todas as ciências são para
que o ser humano viva a ética?
4. Explique porque o objeto da ética não se confunde com nenhuma outra
ciência?
5. O que é a ética e quais seus fundamentos?
6. Como pode a ética transcender as ciências e ainda procurar auxiliá-las em
questões que as mesmas não conseguem atingir?
2.2.6.2 FUNÇÃO DA ÉTICA

Você é a pessoa que escolhe ser, portanto, o seu comportamento é


condizente com seus valores éticos e morais.
O comportamento das pessoas muda ao longo de suas vidas, em sociedade,
quando a maioria das pessoas que a compõem assumem novos hábitos de vida.
Porém, pode ocorrer caso individual, na qual a mudança pode ser de uma pessoa,
independente da sociedade.
A ética tem como função investigar e explicar o comportamento das pessoas,
no sentido de entender o passado e criar regras para fixar o comportamento padrão,
pela maioria, visando diminuir os conflitos de interesses.
No entanto, o ser humano consegue alterar o curso de sua vida, por ter
raciocínio, portanto, permite ao mesmo escolher qual o caminho que deseja seguir e
em qual momento deve alterar a sua vida.
Exemplos: quando a história pode ter o seu curso alterado
9 ALTERAR O SEU PRÓPRIO CURSO: uma pessoa resolve parar de
beber ou fumar.
9 ALTERAR O CURSO DE UM PAÍS: uma sociedade inteira muda seus
princípios religiosos. Exemplo: Irá c/ adoção do Islamismo, com a
conquista Árabe.
ALTERAR O CURSO DA HUMANIDADE: uma nação desenvolvida resolve
suspender o uso de produtos do tipo CFC, para proteger a camada de ozônio da
Terra.
BIBLIOGRAFIA

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia . São Paulo: Mestre Jou, 1982.


U U

ARANHA, Maria L. de Arruda; MATINS, Maria H. P. Filosofando: introdução à


U

Filosofia. 2.ed. São Paulo: Moderna,1993.395p


U

____. Temas de filosofia. 1. ed. São Paulo: Moderna, 1996. 232p.


U U

ARISTÓTELES. A política . Livro IV, Cap.I. (Coleção os Pensadores).


U U

ARRUDA, Maria Cecilia Coutinho de. et al. Fundamentos de ética empresarial e U

econômica . São Paulo: Atlas, 2001. 201p.


U

ASHLEY (Coord.), Patricia Almeida. et al. Ética e responsabilidade social nos U

negócios . São Paulo: Saraiva. 2003. 205p.


U

BENTHAM, J. Uma introdução aos princípios da moral e da legislação . São Paulo:


U U

Nova Cultural, 1989.


BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário escolar da língua portuguesa . 11º ed. Rio
U U

de Janeiro: Fename, 1980. 1263p.


CHAUI, Marilena. Convite à filosofia . 5.ed. São Paulo: Ática, 1995. 440p.
U U

CHESNAIS, François. A mundialização do capital . São Paulo: Xamã, 1996.


U U

CHOMSKY, Noam. O lucro ou as pessoas: neoliberalismo e ordem global . Tradução


U U

de Pedro Jorgensen Jr. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. 192p.


COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia: história e grandes temas . 15. ed. São
U U

Paulo: Saraiva, 2002, 336 p.


COURI, Sergio. Ensaios sobre a evolução do capitalismo e do marxismo . 2. ed.
U U

Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001. 198p.


COURIOLANO, Luzia Neide Menezes (org.). Turismo com ética . Fortaleza: UECE, U U

1988, 407p.
DIMOCK, Marshall E. Filosofia da administração . São Paulo: Fundo de
U U

Cultura,1967.
FERNANDES, Francisco; LUFT, Celso Pedro; GUIMARÃES, F. Marques. Dicionário U

Brasileiro Globo. 50º ed. São Paulo: Globo, 1998.


U

HOBBES, T. Leviatã . Cap.XI , Cap. XIII, (Coleção os Pensadores)


U U
HÜME, Leda Miranda (org.). Ética . Rio de Janeiro: Uapê: Seae, 1997. 195p.
U U

HUME, David. Investigação sobre o entendimento humano . Seção VIII, Parte I.


U U

(Coleção os Pensadores)
HUNT, E.K. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. Tradução
U U

de José R. B. Azevedo et. al. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1984. 541p.
IANNI, Octavio. Teorias da globalização . 8. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
U U

2000. 271p.
____. A sociedade global. 6. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993. 193p.
U U

____. A era do globalismo. 5. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. 251p.
U U

KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes . Primeira seção.


U U

KREMER-MARIETTI, Angèle. A ética. Tradução de Constança Marcondes Cesar.


U U

Campinas: Papirus, 1989. 136p.


LEIBNIZ, G.W. Novos ensaios sobre o entendimento humano . Cap.II, parágrafo 4º e
U U

cap, 11º (Coleção os Pensadores).


LEISINGER, Klaus M.; SCHIMITT, Karin. Ética empresarial: responsabilidade global U

e gerenciamento moderno . Tradução de Carlos Almeida Pereira. Petrópolis: Vozes,


U

2001. 231p.
LIMA, Alex Oliveira Rodrigues. A ética global: legislação profissional no terceiro
U

milênio . São Paulo: Iglu, 1999, 122p.


U

LIMONGI, Maria Isabel. Entre a ética e o interesse . Londrina: Lido, 1995. 144p.
U U

LISBOA, L. P. (Coord.). Ética geral e profissional em contabilidade . São Paulo:


U U

Atlas, 1997. 171p.


MACEDO, Sílvio de. Curso de filosofia social .
U U Rio de Janeiro: Freitas Bastos,
1977.169p.
MAQUIAVEL. O príncipe . Tradução de Antonio D’elia. São Paulo: Cutrix, 165p.
U U

OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. A filosofia na crise da modernidade . São Paulo: U U

Loyola, 1989. 195p.


____. Ética e racionalidade moderna . São Paulo: Loyola, 1993. 194p.
U U

____. Ética e sociabilidade . São Paulo: Loyola, 1993. 286p.


U U

____. Desafios éticos da globalização . São Paulo: Paulinas, 2001, 333p.


U U

MARCÍLIO, Maria Luiza; RAMOS, Ernesto Lopes. Ética na virada do milênio , 2. ed. U U

São Paulo: LTR, 1999.


MARX, Karl. O capital: crítica da economia política . 7. ed. Tradução de Reginaldo
U U

Sant’Anna. São Paulo: Difel, 1985. I v. 579p.


MASIERO, Paulo Cesar. Ética em computação . São Paulo: Atlas, 2001, 120p.
U U

NETO, Henrique N. Filosofia Básica . 3.ed. São Paulo: Atual, 1986. 311p.
U U

NUNES, Aparecido C. Aprendendo Filosofia .5.ed. Campinas: Papirus,1993.112p.


U U

OLIVEIRA, Juarez de. Constituição: Republica Federativa do Brasil . 1.ed. São


U U

Paulo: Saraiva, 1988. 168p.


PELUSO, L. A. A ética utilitarista como ciência social aplicada: a visão engenharial
U

de Jeremy Bentham . Campinas: Revista Reflexão, n.49, jan./abr. ano17. 1991.


U

PENHA, João da. Períodos Filosóficos. 3. ed. São Paulo: ática, 1994. 94p.
U U

QUEIROZ, José J. (Org.). Ética no mundo de hoje . São Paulo: paulinas, 1985.146p.
U U

SÁ, Antonio L. Ética profissional . São Paulo: Atlas, 1996.193p.


U U

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico . 22 ed. São U U

Paulo: Cortez, 2002. 333p.


SOUZA. Betinho, Herbert. de; RODRIGUES, Carla. Ética e cidadania. São Paulo: U U

Moderna, 1997. 72p.


TRASFERETTI (Org.), José. Filosofia, ética e mídia. Campinas : Alínea. 2001. 255
U U

p.
TEIXEIRA (Org.), Nelson Gomes. A ética no mundo da empresa . São Paulo: U U

Pioneira, 1991. 118p.


VALLS, Álvaro L. M. O que é ética . São Paulo: Brasiliense, 1995. 82p.
U U

VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Tradução de João Dell’ Anna. Ética . 20. ed. Rio de U U

Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. p.21.


VIDARI, G. Elementi di etica . 5. ed. Milão: Ulrico Hoepli, 1922. p.3.
U U

WEIL, Pierre. A nova ética . 3. ed. Rio de Janeiro: Record: Rosa dos Tempos, 1998.
U U

110.
WOOD JR (Coord.), Thomaz. Mudança organizacional . 3.ed. São Paulo: Atlas, U U

2002. 282p.
YIP, Georges S. Globalização: como enfrentar a competitividade mundial . Tradução
U U

de Rosana Antonioli. São Paulo: SENAC, 1996. 294p.

Você também pode gostar