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Sejam bem vindos a

Filosofia Jurídica e Ética

Prof.: Alaércio Aparecido de Oliveira


E-mail: alaércio.oliveira@inspirar.com.br
Ementa:

Filosofia: origem, conceitos fundamentais, problemas e temas relevantes.


Relações entre filosofia e direito. Clássicos da Filosofia. Principais correntes
filosóficas contemporâneas. O pensamento jurídico na antiguidade clássica.
Os sofistas e Sócrates. Platão e Aristóteles. A Idade Média. Santo Tomás de
Aquino. Maquiavel, Hobbes, Spinoza. Rousseau e Montesquieu. O Criticismo
de Kant. O Idealismo de Hegel. O Normativismo de Kelsen. As Visões
Marxistas do Direito. O Culturalismo de Recaséns Siches. Filosofia do Direito
no Brasil. Miguel Reale e a Teoria Tridimensional. O Socialismo de Pontes de
Miranda. Roberto Lyra Filho e a Nova Escola Jurídica Brasileira. Luís Alberto
Warat e a Semiologia Jurídica.
Contrato pedagógico da disciplina....
1 – Filosofia Jurídica e Ética – conforme a terminologia disciplinar, requer de todos
os envolvidos no processo do conhecimento: o respeito, a disciplina, mudanças de
posturas e de atitudes, e da conduta ética que tem por objetivo discipular a trajetória
de valores na seara jurídica. Exigirá de todos, a participação contínua do
cumprimento das atividades a serem colimadas pelo docente;

2 – Atividades Intra e Extraclasse – são instrumentos que corroboram no processo


do ensino-aprendizagem para cumprimento das avaliações periódicas,
independentemente da natureza criterial avaliativa, como por exemplo: avaliação por
projetos, avaliação por produções, avaliação formal escrita e outras possibilidades
avaliativas que no computo estabelece: 7,0 (sete) para (avaliação de competências)
através de produções avaliativas independentemente da quantidade realizadas e
distribuídas pelo docente – de 13 a 17.04.2020; e 3,0 (três) para (avaliação
conceitual) – de 22 a 30.04.2020;

3 – Frequência – serão registradas no sistema, através do docente da disciplina;

4 – Participação – serão avaliadas pela interação durante as aulas pelas produções


de atividades intra e extraclasse, sendo vetado as discórdias e intrigas que possam
denotar a falta de pressupostos de condutas éticas e profissionais.
Bibliografia Básica e Complementar:
Bibliografia Básica
ROCHA, Jose Manuel de Sacadura. Fundamentos de filosofia do direito: o jurídico e
o político da antiguidade aos nossos dias. São Paulo: Atlas, 2014;
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. São Paulo: Saraiva, 2002. ARANHA, Maria Lúcia
de Arruda;
MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 4.ed. Sao Paulo:
Editora Moderna, 2009

Bibliografia Complementar
ATALA, Danilo Pires. Filosofia jurídica: A Decisão Judicial para Kelsen e Dworin e o
Juízo de Kant: Curitiba: Juruá, 2017.
LEITE, taylisi de Souza Corrêa. Bioética, Biodireito e Modernidade - Razão e
Humanização. Curitiba: Juruá, 2016
DEODATO, Joao Mauricio. Filosofia do direito: uma crítica a verdade na ética e na
ciência. São Paulo: Saraiva, 2017
CORTELLA, Mario Sérgio. Educação, convivência e ética – audácia e esperança.
São Paulo: Cortez, 2015
ARISTOTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Martin Claret, 2015.
Competências e Habilidades
Carga horária: 80 horas.
Competência:
Desenvolvimento de uma visão filosófico-jurídica integradora para a construção de uma cidadania
ética, autônoma e solidária, possibilitando a compreensão e a problematização da realidade social
e a tomada de decisões para a solução de problemas novos.

Habilidades:
- Levar o acadêmico a construir seu conhecimento com autonomia;
- Tornar o acadêmico responsável pela sua formação como uma atitude no contexto jusfilosófico e ético na
prática do exercício de cidadania para cidadania;
- Levar o acadêmico a vivência do trabalho em grupo, confrontando ideias e formando sua própria ideia;
- Levar o acadêmico a conhecer as diversas correntes jurídicas com fundamentação filosófica;
- Analisar na história do pensamento humano as diversas acepções da justiça, e
- Analisar a teoria e a prática em relação as decisões jurídicas distinguindo o que é direito positivo, direito
natural e realismo jurídico.
O surgimento da Filosofia
Jurídica e Ética

Filosofia Jurídica e Ética


 1. FILOSOFIA DO DIREITO
1.1 O que é filosofia
1.2 O que é Direito
1.3 Filosofia do Direito: conceito, atribuições, métodos de
investigação
1.4 Filosofia do Direito e conexões com ciências afins
1.5 Importância da filosofia do Direito na formação jurídica

Aula 01
Prof Alaércio Aparecido de Oliveira
E-mail: profalaercioaao@gmail.com
FILOSOFIA
PHILO SOPHIA
• PHILIA SABEDORIA
• AMIZADE FRATERNA CONHECIMENTO
• AMOR VERDADEIRO

AMAR
CONHECER A REALIDADE
EXISTENTE
A filosofia ocidental surgiu na Grécia antiga no
século VI a.C. A partir de então, uma sucessão de
pensadores originais – como Tales, Xenófanes,
Pitágoras, Heráclito e Protágoras – empenhou-se
em responder, racionalmente, questões acerca da
realidade última das coisas, das origens e
características do verdadeiro.
O que é filosofia?
Conhecimento:
• Analítico: Capacidade ilimitada do ser humano de interrogar a
realidade em sua volta;
•Reflexivo: capacidade do ser humano apreender a realidade
em sua volta;
• Crítico: nada é óbvio e evidente;
•Racional: buscar apreender a totalidade do universo a partir do
raciocínio bem formulado;
• Argumentativo
•Interpretativo: não existe somente uma única verdade sobre
os seres, o mundo, o universo, etc;
O que é conhecimento?
O que é verdade?
O que é crítica?
O que é consciência?
Quando um argumento, um
conhecimento é válido?
Substituir sucessivamente as afirmações cotidianas
como:
“onde há fumaça, há fogo”, ou
“não saia na chuva para não ficar resfriado”,

por perguntas:
O que é causa? O que é efeito?; “Seja Objetivo”, ou “Eles são
muito subjetivos”,
por: O que é a objetividade? O que é a subjetividade?

Se, em vez de falar na subjetividade dos namorados,


inquirisse:
O que é amor? O que é o desejo? O que são os sentimentos?
 Essa decisão nos distancia da vida cotidiana e de
nós mesmos, nos faz indagar o que são as crenças e
os sentimentos que alimentam silenciosamente nossa
existência.
É buscar conhecer por que cremos no que cremos, por
que sentimos o que sentimos e o que são nossas
crenças e nossos sentimentos.
Estaria começando a adotar o que chamamos de
ATITUDE FILOSÓFICA. – o pensar, o questionar o
óbvio, o criticar, e o filosofar (Sócrates, Platão, Kant e
outros)
Isto implica em PERGUNTAR:
O QUE a coisa, o valor, a ideia, é. A filosofia
pergunta qual é a realidade ou natureza e qual é o
significado de alguma coisa.
COMO a coisa, a ideia ou o valor, é. A filosofia
indaga qual é a estrutura e quais são as relações
que constituem uma coisa, uma ideia ou um valor.
POR QUE a coisa, a ideia ou o valor existe e é,
como é.

A filosofia pergunta pela origem ou pela causa de


uma coisa, de uma ideia, de um valor.
O que a filosofia estuda?
A filosofia ocupa-se com:

as condições e os princípios do conhecimento que


pretenda ser racional e verdadeiro;
com a origem, a forma e o conteúdo dos valores
éticos, políticos, artísticos e culturais;
compreender as causas e as formas da ilusão e do
pré-conceito no plano individual e coletivo;
com as transformações históricas dos conceitos (palavras,
termos), das ideias e dos valores que constituem as relações
humanas;
A filosofia volta-se, também, para o estudo:
- da consciência em suas várias modalidades: percepção,
imaginação, memória, linguagem, inteligência, experiência,
reflexão, comportamento, vontade, desejo e paixões.
Procura descrever as formas e os conteúdos dessas
modalidades da relação entre o ser humano e o mundo, do ser
humano consigo mesmo e com os outros.
Finalmente, a filosofia visa ao estudo e à
INTERPRETAÇÃO de ideias ou significações gerais como:
realidade, mundo, natureza, cultura, história, subjetividade,
objetividade, diferença, repetição, semelhança, conflito,
contradição, mudança, etc.
Sem abandonar as questões sobre a
essência da realidade, a filosofia procura
diferenciar-se das ciências e das artes,
dirigindo a investigação sobre o mundo
natural e o mundo histórico (ou humano) num
momento muito preciso: quando perdemos
nossas certezas cotidianas e quando as
ciências e as artes ainda não ofereceram
outras certezas para substituir as que
perdemos.
 ANÁLISE (das condições da ciência jurídica, da religião, da
arte, da moral)
 REFLEXÃO (volta da consciência para si mesma para
conhecer-se enquanto capaz para o conhecimento, o
sentimento e a ação)
 CRÍTICA (das ilusões e dos preconceitos individuais e
coletivos, das teorias e práticas científicas, políticas e
artísticas)
Que dão significações gerais sobre a realidade e os seres humanos,
buscando dar um sentido a realidade em suas múltiplas formas,
indagando o que são, qual sua permanência e qual a necessidade
interna que as transforma em outras.
O Direito sem a Filosofa é cego

A representação da justiça não pode enfeitar o pátio do Judiciário em


Brasília, cujos olhos estão vendados;

Não pode ser incapaz de reconhecer seu próprio objeto e suas


finalidades.

É verdade que a venda nos olhos da justiça justifica-se na ideia de que a


lei deve ser aplicada para todos, sem privilégios ou distinções,

Logo, o Direito sem a Filosofia não sabe o que foi, o que é e o que pode e
deve ser.
Questionamentos Filosóficos sobre o Direito....

 Os tipos de questionamentos filosóficos


sobre o Direito podem ser classificados em
quatro grandes áreas temáticas:

 a ontologia jurídica,
 a epistemologia jurídica,
 a axiologia jurídica, e
 a história da filosofia jurídica.
CAMPOS TEMÁTICOS
DA FILOSOFIA JURÍDICA
RAMOS
ONTOLOGIA - do grego ontos (ser) e logia (estudos)Ç

O que estuda? – aborda questões ligada a existência e definição do Direito


enquanto um fenômeno social.

Principais questões: - O Direito existe?


- Qual a finalidade do Direito?
- Qual o fundamento de validade do Direito?

EPISTEMOLOGIA JURÍDICA – do grego Epistem – conhecimento e Logia –


estudo. Assim, a epistemologia é o estudo do conhecimento.

O que estuda? – trata das condições e dos critérios para que algo possa ser
considerado um conhecimento jurídico, além da natureza deste.

Principais questões: - O Direito é uma ciência?


- Quais os métodos de investigação das normas jurídicas?
AXIOLOGIA JURÍDICA - termo grego “áxios” (cujo significado se
refere ao que “tem valor”).
O que estuda? Estuda a relação entre o Direito e os valores
morais.
Principais questões : - Qual a relação entre Direito e moralidade?
- Qual a relação entre Direito e justiça?
HISTÓRIA DA FILOSOFIA – o termo Filosofia do Direito surge pela
primeira vez no século XIX como sinônimo de Direito Natural na obra de
alguns dos mais ilustres filósofos liberais, entre os quais o jurista Gustavo
Hugo.

O que estuda? Estuda os mais diversos períodos da história da


filosofia, seus principais autores e teses filosóficas.

Principais questões: - Existe progresso em Direito?


A ESPECIFICIDADE DA
FILOSOFIA
•Filosofia # Ciência
Metódico
Comum: Racional
Crítico
Causal

Ciência: Experimental
Método: Filosofia: Reflexivo
• Filosofia # Ciência
Delimita o real; exige provas
empíricas (da experiência).

- Não delimita; todo o real lhe interessa.


- A Filosofia compromete-se nas opções
que faz; é uma reflexão sobre a vida e
o seu sentido.
- A Filosofia desenvolve-se num plano
que visa o universal, o essencial.
CONCRETO e ABSTRATO

CONCRETO ABSTRATO

= =
Real enquanto Real enquanto
objeto físico, objeto de
enquanto coisa Pensamento
Características Específicas da
FILOSOFIA
1. AUTONOMIA (de Auto + Nomos)
= Ser por si próprio (Pensar/Responder
por si próprio/Ser senhor do seu
“caminho”.

2. RADICALIDADE (de Raiz)


= Ir à raiz, ao fundamento das questões.
3. UNIVERSALIDADE (O que é comum a

todos)

Ciência: ao nível dos resultados


#
Filosofia: ao nível das questões

4. HISTORICIDADE (No espaço-tempo)


A Filosofia é historicamente situada: o
Homem vive e pensa em função do
mundo que tem.
Acácio Bárbara, Esfrl, 2007-08
O que é a Lei?
Filosofia Jurídica e Ética

Aula 02
Prof.: Alaércio Aparecido de Oliveira
E-mail: alaercio.oliveira@inspirar.com.br
O que é a Lei?
Definição...
Lei, é um princípio, um preceito, uma norma,
criada para estabelecer as regras que devem
ser seguidas, é um ordenamento. Do Latim
"lex" que significa "lei" - uma obrigação
imposta.
São Tomás define a lei como uma
ordenação da razão, promulgada para o
bem comum por aquele que dirige a
comunidade.

A lei é uma ordenação da razão no sentido que se apoia


em considerações que a justifiquem. É, pois, o contrário
de uma ordem arbitrária, baseada no simples capricho.
A lei tem por fim o bem comum e não tal ou qualquer
bem particular. Sem dúvida, a lei obriga cada indivíduo,
mas se dirige a todos, tendo em vista o bem comum de
todo. Bem Comum = Deus, fim último do universo.
A lei deve ser promulgada, sem o que não
poderia obrigar, porque se dirige antes de
tudo à inteligência e não pode ser
obedecida se não for suficientemente
conhecida.
A lei é sustentada por aquele que dirige a
comunidade, quer dizer, por aquele a
quem compete ordenar para o bem
comum: Deus, de inicio, depois todos os
que exercem em seu nome a autoridade
que não pertence senão a Ele.
O que é
a Lei
Eterna?
Toda ordem tem seu princípio em Deus, criador e
soberano senhor de todas as coisas. A lei eterna
não é nada mais do que a própria ordem do
universo enquanto se impõe a cada criatura para
a obtenção de seu fim último.

Nós conhecemos a lei eterna enquanto se acha


impressa por Deus em nossa razão, sob forma
dos princípios universais, que regulam a conduta
moral ou ainda pela revelação.
Lei Natural e Lei Positiva
A lei natural é a lei que o homem conhece pela
luz natural de sua razão, enquanto implica na
natureza das coisas. É uma participação da lei
eterna na criatura racional, uma impressão em
nós da luz divina, pela qual podemos discernir o
bem e o mal.
Princípio da lei natural:
É necessário fazer o bem e evitar o mal.
Preceitos da lei natural:
a)Enquanto ser vivo, o homem deve respeitar o ser que recebeu
de Deus, o que obriga pela manutenção da vida e de sua saúde
e o proíbe matar-se a si próprio.
b)Enquanto ser racional, o homem deve conduzir-se como uma
pessoa, quer dizer, desenvolver sua razão pela busca do
verdadeiro, sua liberdade pelo domínio de suas paixões, sua
vida moral pela religião.
c)Enquanto membro de uma espécie, o homem deve poder
contribuir pelo casamento (se tal é sua vocação), pela
procriação e educação das crianças, à conservação da espécie
humana.
d)Enquanto ser social, o homem deve obedecer às autoridades
encarregadas de assegurar o bem comum da sociedade.
A lei positiva é uma ordenação da razão,
decorrente da livre vontade do legislador, e que
se acrescenta à lei natural, para determinar-lhe
as aplicações.
A lei positiva pode ser:

a)Divina: esta nos ensina pela Revelação e


estudada pela Teologia moral.
b)Humana: é o conjunto das leis civis, contidas
nos Códigos.
Condições de legitimidade: para ser legítima, não
basta que a lei positiva exprima a vontade do chefe
ou a do maior número. A lei positiva deve, de início:
Ser conforme à lei natural e não violá-la em nada: é
necessário, em todo caso, que todas as decisões do
poder civil possam ser justificadas por alguma lei
natural.
Ser ordenada ao bem comum e à sociedade: não ser
particular, de um grupo ou de um partido. O bem
comum não é soma dos interesses particulares, mas o
bem da sociedade como tal.
Não exceder o poder legislador e não ordenar senão o
que é executável.
Filosofia do Direito em Aristóteles

Filosofia Jurídica e
Ética

Aula 03
Prof.: Alaércio Aparecido de Oliveira
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ARISTÓTELES

• Nascimento: 384 a.C. –


Estagira (Macedônia)

• Morte: 322 a.C. – Cálcis


(Eubéia)

JUSTIÇA
“A grande contribuição de Aristóteles
para a Filosofia e para a Ética em
geral foi a elaboração de uma noção
de justiça, que, discriminando os
sentidos do conceito, traçou linhas-
mestras que perduram até hoje”.
DIVISÃO DAS CIÊNCIAS
As ciências práticas são referentes às
ações que têm seu início e seu termo
no próprio sujeito agente. São as
ações morais.
As ciências poiéticas são relativas às
ações, que têm seu início no sujeito,
mas são dirigidas a produzir algo fora
do próprio sujeito.
As ciências teoréticas são diferentes,
porque não se referem à ação nem à
produção, mas têm como fim o puro
conhecimento como tal.
METAFÍSICA

 A metafísica é ciência das causas e dos


princípios primeiros e supremos.
 A metafísica é a ciência do ser
enquanto ser: “teoria da substância“.
 A ontologia é a base da filosofia de
Aristóteles que, a partir dos princípios
de identidade e de não contradição,
funda a lógica e toda demonstração.
DIREITO NATURAL

Aula 04
Prof.: Alaércio Aparecido de Oliveira
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Ao final desse estudo, será
capaz:
 Apontar as principais características do Direito Natural;
 Demonstrar como a doutrina tradicional do Direito
Natural relaciona-se com o jusnaturalismo;
 Definir um paralelo entre o Direito Natural e a
racionalidade.
Conceito

O direito natural ou jusnaturalismo em latim é um dos temas


centrais da filosofia do direito. Pode-se afirmar que o direito
natural é uma concepção filosófica do direito.
Conceito de Direito Natural

Visão Geocêntrica – a Terra no Centro


O que é Direito Natural?

É a ideia abstrata do Direito; o ordenamento ideal,


correspondente a uma justiça superior e anterior.

Um sistema de normas que independe do direito positivo, ou


seja, independe das variações do ordenamento da vida social que se
originam no Estado.
Do ponto de vista filosófico que
estabelece o direito natural
 na antiguidade, alguns filósofos (os estoicos) acreditavam que o conjunto de
seres vivos fazia parte de uma organização. Isto estabelece uma natureza com
leis fixas que servem como guia da conduta moral e das leis elaboradas pelos
homens.
 posteriormente, outras questões filosóficas como o racionalismo, consideravam
que a razão humana tinha princípios universais, dos quais era referência para
as considerações morais e as propostas legislativas.
 o direito natural afirma que há uma natureza humana que serve como base das
ciências humanas e também da organização jurídica. Os filósofos e juristas
partidários do direito natural, como modelo geral que inspiram as leis, entendem
que a natureza humana tem princípios e valores universais, consequentemente,
nenhuma lei pode ir contra o direito natural.
 a abordagem filosófica do direito natural tem consequências sobre a moralidade
e as normas jurídicas. Deve-se destacar que o simples fato de nascer é um
direito natural, não se trata de uma simples norma escrita, mas que as normas
jurídicas obedecem a uma ideia geral e imutável sobre o que é justo.
A ideia central do Direito Natural

O direito natural é baseado na consideração de um conjunto de leis


que fundamenta um sistema (um conjunto de elementos que se
relacionam entre si de modo orgânico e que seguem determinadas
regras.) de normas supremas e universais. Em outras palavras, há
uma verdade superior que rege a elaboração das normas jurídicas.
Isto determina uma lei como justa porque dá uma ideia universal
de justiça.
Do ponto de vista prático...
Sua mãe, que adora ler os clássicos, sobretudo as tragédias gregas, está lendo sobre a
desafortunada história de Antígona, escrita por Sófocles. Enquanto chora por saber
que Creonte está prestes a decretar a morte de Antígona, pelo fato de ela ter violado a
lei de Creonte, que proibia o enterro dos Traidores do reino de Tebas, sua mãe lê uma
conversa entre Creonte e Antígona:​
Responda...

 O que é o jusnaturalismo?

 Quais suas principais teses?

 Quais são as principais vertentes de


jusnaturalismo que surgiram ao longo da
história?
JUSNATURALISMO

DIREITO NATURAL: É o conjunto mínimo de preceitos dotados de caráter


universal, imutável, que surge da natureza humana e que se configura como
um dos princípios de legitimidade do direito. Adota o “direito universal”.
Ligado à moral e aos costumes.

"Leis da Natureza" - As ciências naturais passam a ditar os parâmetros


científicos.

 O direito natural é o pressuposto do que é correto, do


que é justo, e parte do princípio de que existe um direito
comum a todos os homens e que o mesmo é universal.
CARACTERÍSTICAS
 ordem jurídica advinda da própria natureza humana;
 não há coerção material;
 princípios universais e necessários inerentes à natureza do
homem;
 a razão, as exigências sociais, os preceitos éticos, morais ou
espirituais, definem a sua natureza - a unidade natural da
pessoa humana;
 estado de natureza – sociedade com relações, exclusivamente,
intersubjetivas entre os homens, sem um poder político
organizado.

 Suas principais características, além da universalidade, são


imutabilidade e o seu conhecimento através da própria razão do
homem.
Direito Natural – Como surgiu?

 sociedade formada de homens que cultivavam a terra, produzindo


seu próprio consumo. Constituíam famílias e o chefe de família
tinha servos à sua disposição.
 com a morte do pai os seus haveres se transmitiam a seus
descendentes.
 todas essas relações sociais eram reguladas por normas jurídicas
(tinha-se, assim, os direitos reais, o direito das obrigações, o
direito de família e aquele das sucessões).
A intervenção do Estado no Jusnaturalismo

 limita-se a tornar estáveis as relações jurídicas;


 Kant: O direito privado já existe no estado de natureza e a
constituição do Estado determina apenas o surgimento do direito
público;
 no primeiro momento tem-se um "direito provisório" (isto é,
precário) e no segundo momento um "direito peremptório" (isto é,
definitivamente afirmado graças ao poder do Estado);
 o homem é conforme a sua natureza;
 as normas naturais vão reger a convivência entre os homens.
-Suas principais características, além da universalidade, são imutabilidade e o
seu conhecimento através da própria razão do homem.
CONCEPÇÃO CLÁSSICA DO DIREITO
NATURAL

DOUTRINA DE SANTO AGOSTINHO (354-430 D. C.)

- IMPORTANTE PAPEL NOS POSTULADOS DO


DIREITO NATURAL ABSOLUTO.
- TODOS OS HOMENS ERAM IGUAIS E
POSSUÍAM TODAS AS COISAS EM COMUM.
- NÃO HAVIA GOVERNO DOS HOMENS SOBRE
HOMENS NEM DOMÍNIO SOBRE ESCRAVOS.
SÃO TOMAZ DE AQUINO (1226-1274):

 MAIOR PENSADOR DA IDADE MÉDIA,

 ELABOROU OS TRATADOS DE JUSTITIA E DE LEGIBUS (justiça ao pé


das leis), OBJETIVANDO EXPRESSAR OS IDEAIS CRISTÃOS.

LEI ETERNA (Lex aeterna): O PLANO DE DEUS A RESPEITO DA


CRIAÇÃO E DA ORDEM UNIVERSAL.
LEI NATURAL (Lex naturalis): A PARTICIPAÇÃO DA CRIATURA
RACIONAL NA LEI COSMICA
LEI POSITIVA (Lex posita): OBRA DO LEGISLADOR HUMANO, EM
CONFORMIDADE À LEI NATURAL E ETERNA.
Lei natural...
Conteúdo: o bem próprio da natureza humana, de
acordo com a ordem estabelecida pelo Criador.
A ordem dos preceitos da Lei natural corresponde às
inclinações da natureza:
Como conhecer os preceitos da lei natural?
• Revelação
• Sindéresis (capacidade de julgar retamente): capacidade inata
da razão de perceber os princípios fundamentais. A consciência
aplica esses princípios aos casos concretos.
A consciência: última instância da decisão moral, fonte de
obrigação.
Ética não legalista: não está baseada na obrigatoriedade da lei, mas
no Sumo Bem ao qual todos tendem.
A importância do direito natural...
- TRAÇAR LINHAS DOMINANTES DE
PROTEÇÃO AO HOMEM;
- PERMITE VALORAR O DIREITO POSITIVO.
- MEDIR SUA INTRÍNSECA JUSTIÇA.
CRÍTICAS:
INSUFICIÊNCIA NO PLANO DA
APLICABILIDADE OU EFICÁCIA JURÍDICA
IMEDIATA.
Filme - recomendando...
Antígona de Sófocles
Antígona (em grego ANTIGONE) é uma tragédia grega de
Sófocles, composta por volta de 442 AC. É cronologicamente
a terceira peça de uma sequência de três tratando do ciclo
tebano, embora tenha sido a primeira a ser escrita. A
personagem do título é Antígona, filha de Édipo, e irmã de
Etéocles e Polinice. A história tem início com a morte dos
dois filhos de Édipo, Etéocles e Polinices, que se mataram
mutuamente na luta pelo trono de Tebas. Com isso sobe ao
poder Creonte, parente próximo da linhagem de Jocasta. Seu
primeiro édito dizia respeito ao sepultamento dos irmãos
Labdácidas. Ficou estipulado que o corpo de Etéocles,
receberia todo cerimonial devido aos mortos e aos deuses.
Já Polinices teria seu corpo largado a esmo, sem o direito de
ser sepultado e deixado para que as aves de rapina e os
cães o dilacerassem. Creonte entendia que isso serviria de
exemplo para todos os que pretendessem intentar contra o
governo de Tebas. Filme inédito em todas as mídias na
América Latina.
Atividade Individual
Faça seu comentário, mas por favor, siga estas regras:

- Não faça perguntas, faça comentários sobre o filme;

- Não conte o final do filme nem partes importantes para o


desfecho, mas se necessário marque o texto;

- Seja objetivo e descreva o porquê de sua nota ( 0 – 10 );

- Não critique outros comentários, apenas faça o seu, sem


preconceitos.

Observação – não esqueça utilizar o cabeçalho institucional


idêntico a atividade – 01.
Ética, moral, caráter, dever, direitos humanos

Aula 05
Prof.: Alaércio Aparecido de Oliveira
E-mail: alaércio.oliveira@inspirar.com.br
O que é Ética?

Aula 1 O que é Moral?

O que é Caráter?
O que é Dever?

O que são Direitos? Nome do Professor


Ética, moral, caráter, dever, direitos humanos

Conceitos de:

1 – Filosofia,

2 – Ética e moral,

3 – Valor e Caráter,

4 – Dever moral,

5 – Direitos Humanos.
Ética, moral, caráter, dever, direitos humanos

1 – Filosofia
Filosofia é uma das leituras que se pode fazer da realidade ao lado:
. do senso comum - é o modo de pensar da maioria das pessoas, são
noções comumente admitidas pelos indivíduos ,
. do pensamento mítico - é um pensamento que culturas atribuem a
deuses ou ate mesmo pessoas meio animais meio humanas,

. da arte - reflexão sobre as manifestações do belo natural e o belo


artístico, que significa percepção, sensação.,
. da religião – é o reconhecimento de que todas as coisas são
manifestações de um poder que transcende o nosso conhecimento. (H.
Spencer),
. da ciência - é, como funciona, e a lógica através da qual podemos
Ética, moral, caráter, dever, direitos humanos

A importância da filosofia consiste na reflexão sobre os objetos


no âmbito do pensamento.

Filosofia é uma forma de pensar que, ao tomar a razão como


fundamento, analisa em que medida algo pode ser falso ou
verdadeiro (lógica), científico ou ideológico (epistemologia),
belo ou não (estética), certo ou errado (ética) etc.
Ética, moral, caráter, dever, direitos humanos

2 – Conceitos de ética e moral:


. A palavra ética vem do termo grego ethos que pode ser:
ηθόϛ – morada do ser, do homem; contrário à natureza;
εθόϛ – costumes, o consagrado pela repetição:
. relativo à moral,
. tratado sobre moral;
Ética, moral, caráter, dever, direitos humanos

“A ética toma como ponto de partida a diversidade de


morais no tempo, com seus respectivos valores,
princípios e normas. Como teoria, não se identifica com
os princípios e normas de nenhuma moral em particular e
tampouco pode adotar uma atitude indiferente diante
delas. Juntamente com a explicação de suas diferenças,
deve investigar o princípio que permita compreendê-las
no seu movimento e desenvolvimento” (Vázquez, Ética.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002, p. 21-22).
Ética, moral, caráter, dever, direitos humanos

. A ética como disciplina jusfilosófica investiga:


. se um ato é justo ou não,
. se uma intenção é virtuosa ou não,
. o significado de virtude.
Ética, moral, caráter, dever, direitos humanos

. Dos filósofos gregos, Aristóteles (384-322a.C.), como


sistematizador da ética, pondera que ela tem por fim
investigar a “virtude” enquanto grande bem.
. Para ele, o homem virtuoso mergulha na integralidade do
desenvolvimento das suas faculdades, tendo a virtude como
justo meio, a reta razão como suporte da mediania.
Ética, moral, caráter, dever, direitos humanos

. Moral: Tem sua origem no termo latino mores, costumes ou


conjunto de tradições, e doutrina do bem;

No processo histórico o termo moral associou-se à ideia de


conjunto de valores, costumes e regras aceitas por um
determinado grupo social com caráter prescritivo, deixando de
lado a concepção de reflexão sobre o certo e o errado.
Ética, moral, caráter, dever, direitos humanos

Valor e Caráter
Valor é um bem que desperta interesse ou estima.
A palavra valor vem do grego áksios - ἀξιόω -, que significa o
que é valioso, o que merece o seu preço, o que é bom.
Para Protágoras (490-420 a.C.), o homem é a medida de
todas as coisas”.
Protágoras – (490 – 420 a.C)

. Quando diz: “O Homem é a Medida de Todas as Coisas”,


entende que: A verdade depende da perspectiva(que é
alterável, defendida por Leibniz) e, portanto é relativa,
entendendo que, todo argumento tem dois lados e ambos
podem ser válidos, podendo transformar mais fraco ou mais
forte, provando não o valor do argumento, mas a persuasão
do seu proponente (aquele que propõe).

. Dessa forma, reconheceu que a crença é subjetiva: o


homem, mantém um ponto de vista ou opinião, e é o que dá
medida de seu valor.
Ética, moral, caráter, dever, direitos humanos

Caráter
Segundo o Dicionário Houaiss, o termo caráter vem do grego
“kharaktêr,eros”, sinal gravado, marca etc.
Caráter é o “conjunto de traços psicológicos e/ou morais que
caracterizam um indivíduo ou um grupo; feitio moral;
qualidade inerente a um indivíduo, desde o nascimento;
temperamento, índole; firmeza moral, coerência nos atos”
Ética, moral, caráter, dever, direitos humanos

4 - Dever moral
Dever é uma ação segundo ordem racional ou normativa.
Essa noção teve origem com Zenáo (330-264 a.C.) e depois
com Immanuel Kant (1724-1804), para os quais é dever
qualquer ação ou comportamento do que se conforma à à
ordem racional do todo.
Ética, moral, caráter, dever, direitos humanos

Para Kant, uma ação só tem valor moral se for realizada não
conforme o dever, mas pelo puro dever.

Dever moral consiste, portanto, numa ação cuja validade


tem seu fundamento na razão, sem intenção de gratidão.
Ética, moral, caráter, dever, direitos humanos

Por fim, então:


Ética, moral, caráter, dever, direitos humanos

5 – Direitos Humanos: São direitos essenciais à vida digna


estabelecidos pela Declaração Universal dos Diretos
Humanos pela ONU em 1948:
Art. I - Todos os seres humanos nascem livres e iguais em
dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e
devem agir em relação uns aos outros com espírito de
fraternidade.
Ética, moral, caráter, dever, direitos humanos

Referências bibliográficas
ASHELEY, Patrícia Almeida. Ética e Responsabilidade
Social nos Negócios. São Paulo: Saraiva, 2005.
CORTINA, Adela. Construir Confiança. Ética da empresa na
sociedade da informação e das comunicações. São Paulo:
Loyola, 2007.
MELO NETO, Francisco de P. Gestão de Responsabilidade
Social Corporativa: o caso brasileiro. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 2004.
TRIRY-CHERQUES, Hermano Roberto. Ética para
executivos. Rio de Janeiro: FGV, 2008.
ÉTICA ARISTOTÉLICA

Aula 06
Prof.: Alaércio Aparecido de Oliveira
E-mail: alaércio.oliveira@inspirar.com.br
Objetivo do estudo...

 Reconhecer Aristóteles como o principal filósofo grego


para o Direito.

 Apontar as principais teorias aristotélicas da Filosofia


do Direito.

 Demonstrar como o estudo acerca das teorias


aristotélicas é importante até a atualidade.
Conceitos da ética Aristotélica

 A palavra ética vem do grego Ethikós,


que significa “morada, modo ou jeito de ser”.
 Trata o comportamento humano pelo seu
valor moral, a natureza do bem e do justo.
 É também chamada de filosofia moral, por
tratar dos valores em sociedade, isto é, do
comportamento humano pelo seu valor
moral.
Objetivos da ética Aristóteles

Tem por objetivo elaborar uma reflexão sobre os


problemas fundamentais da moral, mas fundada
num estudo metafísica (papel primeiro da Filosofia -
estudo do ser em geral) do conjunto das regras de
conduta consideradas como universalmente válidas.

Está mais preocupada em detectar os princípios de


uma vida conforme a sabedoria filosófica, em
elaborar uma reflexão sobre as razões de se desejar
a justiça e a harmonia e sobre os meios de alcançá-
las.
 A ética, nas obras Aristotélicas, é
considerada como uma parte ou um
capítulo da política, que antecede a própria
política.
 Diz respeito ao indivíduo, enquanto a política
considera o homem na sua dimensão
social.
 A teoria ética filosófica objetiva estabelecer
o bem tanto ao indivíduo quanto à
sociedade num todo.
O comportamento ético é o que se considera
prudente.

“(...) os homens tornam-se


arquitetos construindo e
tocadores de lira tangendo seus
instrumentos. Da mesma forma,
tornamo-nos justos praticando
atos justos”. (ARISTÓTELES, II)
 A Ética serve como condição do
ser humano à felicidade.

 Acreditava que o exagero é


motivador para criação de
conflitos com outros indivíduos
ou com a sociedade.
A ética do equilíbrio de Aristóteles

 Reflexão ética racionalista.


 Perguntou-se sobre o fim último do ser
humano - A FELICIDADE.
 Felicidade maior para Aristóteles se
encontra na vida teórica, que promove
o que há de mais especificamente
humano : a razão.
 Agir corretamente seria praticar as virtudes.
 VIRTUDE:
“A virtude moral é um meio-termo entre dois vícios,
um dos quais envolve o excesso e outro
deficiência, e isso porque a sua natureza é visar à
mediania nas paixões e nos atos”.
 Aristóteles procura uma ética do meio-
termo, onde a virtude consistiria em procurar
o ponto de equilíbrio entre o excesso e a
deficiência.
O que é virtude para Aristóteles?

 a virtude consiste no termo médio entre dois


extremos instáveis e igualmente prejudiciais
(um excesso e um defeito).
Vício por excesso VIRTUDE Vício por deficiência
Temeridade CORAGEM Covardia

Libertinagem TEMPERANÇA Insensibilidade

Esbanjamento PRODIGALIDADE Avareza


(fartura, abundância)
Vulgaridade MAGNIFICÊNCIA Vileza
(liberalidade, magnífico)
Vaidade RESPEITO PRÓPRIO Modéstia

Ambição PRUDÊNCIA Moleza


Vício por excesso VIRTUDE Vício por deficiência

Irascibilidade GENTILEZA Indiferença

Orgulho VERACIDADE Descrédito próprio

Zombaria AGUDEZA DE ESPÍRITO Rusticidade

Condescendência AMIZADE Enfado

Inveja JUSTA INDIGNAÇÃO Malevolência


- Aristóteles afirma a necessidade da
responsabilidade para uma ação ser
considerada como moralmente válida.

- Não há moralidade em uma ação


irresponsável, ou naquela em que o sujeito não
agiu com pleno conhecimento.

- As virtudes intelectuais são as melhores,


porque a melhor parte do homem é aquela que
concebe um princípio racional.
Espécies de Governos Aristóteles

Observando as pólis gregas de sua época,


Aristóteles idenficou e classificou as formas de
governo que encontrou em seis espécies.

Para tal, ele colocou para si duas perguntas simples:

- Quem governa?

- O governo visa ao bem comum?


A Natureza Humana

- Entendia que, tal como as abelhas e


as formigas, é a natureza humana
agrupar-se em comunidades

- Entendia que o grau de complexidade da


comunidade, entre os agrupamentos
humanos, havia grande variação e
flutuação. Alguns eram bárbaros e
rudimentares, outros eram muito
sofisticados.

Seja como fosse, fazia necessário que só tivesse um tipo de governo


Classificou as espécies de
governo da seguinte forma:

Muitas cidades

O objetivo da democracia, ou do governo do povo, é a liberdade.


O objetivo da oligarquia é o enriquecimento daqueles que governam.
O objetivo da aristocracia é ter boas leis e boa ordem na Cidade.
O objetivo da monarquia, ou do reinado, é a segurança do povo, e
conservação de sua própria autoridade.
REFERÊNCIAS:

ARISTÓTELES. Artes da Retórica.


Esse trecho baseia-se na tradução inglesa de Thomas Hobbes, A Brief Of The Art Of Rhetorick. The First Book. Capítulo 8º, a qual
visivelmente se baseia na edição amplamente modificada de Petrus Ramus (Pierre de la Ramée) do livro do Estagirita.
É por respeitar diferentes caminhos pelos quais cada sociedade
procura atingir à sua maneira o que considera como justiça, que
Aristóteles admite que tanto o governo de um, quanto o de alguns e o
de muitos, qualquer um deles, pode ser igualmente válido como meio
para buscar uma sociedade mais justa.

Mas por outro lado, é por ainda estar ligado àquela mesma busca do
perfeito e do ideal que seu mestre Platão empreendia que Aristóteles
apresenta também cada uma dessas formas de governo, nesta
classificação, como tendo uma versão boa (porque efetivamente
busca a justiça de algum modo) e uma versão ruim, corrompida,
estragada, em que o governo já não se realiza de modo imparcial e
em busca da justiça.
 Feliz é aquele que vive as virtudes dentro
da “pólis”. É aquele que vive uma vida
intelectual, sendo capaz de dirigir bem a
vida, deliberando de modo correto o que é
bem ou mal para si.

 Há uma medida para todas as ações


humanas, que é o justo-meio.
DIREITO POSITIVO

Aula 07
Prof.: Alaércio Aparecido de Oliveira
E-mail: alaércio.oliveira@inspirar.com.br
Considerações Iniciais

• Marco Histórico: – Doutrina surgida na


França (Séc. XIX)

– Surgiu como desenvolvimento


sociológico do Iluminismo, das crises
social e moral do fim da Idade Média e
do nascimento da sociedade industrial.
Auge do Positivismo
• Segunda metade do Séc. XIX e Início do Século
XX.
• Positivismo Lógico (ou Círculo de Viena –
EMPIRISMO LÓGICO OU NEOPOSITIVISMO): –
Rudolph Carnap (FILÓSOFO ALEMÃO – SENDO
CONSIDERADO POR MUITOS, O VERDADEIRO
PAI O POSITIVISMO).

– Restringiu o conhecimento à ciência e utilizou o


verificacionismo para rejeitar a Metafísica não como
falsa, mas como destituída de significado científico.
Positivismo no Brasil
- CHEGOU NA SEGUNDA METADE DO
SÉCULO XIX • INFLUENCIANDO
VÁRIOS POLÍTICOS, ESTUDIOSOS E
ESCRITORES (ALUÍZIO DE AZEVEDO
E RAUL POMPÉIA).
• INFLUENCIOU A CONSOLIDAÇÃO DE
REPÚBLICA BRASILEIRA,
ESTIMULANDO MOVIMENTOS DE
CARÁTER REPUBLICANO E
ABOLICIONISTA • FORTE
DETERMINAÇÃO NA EXPRESSÃO
“ORDEM E PROGRESSO” DA
BANDEIRA NACIONAL.
• DESENVOLVEU-SE EM DOIS
POSITIVISMOS: O ORTODOXO
(LIGADO À RELIGIÃO) E O
HETERODOXO (LIGADO AOS
PRIMEIROS ESTUDOS DE COMTE).
IDEIA DO DIREITO POSITIVO – DAÍ O POSITIVISMO:
CONHECIMENTO CIENTÍFICO - É O ÚNICO
CONHECIMENTO VERDADEIRO (UMA TEORIA SÓ PODE
SER CONSIDERADA VERDADEIRA SE ELA FOR
COMPROVADA POR MÉTODOS CIENTÍFICOS VÁLIDOS).

• O PROGRESSO DA HUMANIDADE DEPENDE


UNICAMENTE DO DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO

• DESPREZA: CONHECIMENTO QUE NÃO PODE SER


COMPROVADO PELA CIÊNCIA (PERTENCENTES AO
DOMÍNIO TEOLÓGICO-METAFÍSICO CARACTERIZADO
POR CRENDICES E VÃS SUPERSTIÇÕES)
Características - Positivismo
- Observação dos fenômenos.
- Opõe-se ao racionalismo e ao idealismo
Racionalismo – (o filósofo e matemático René Descartes (1596 -1650) foi
um dos grandes pensadores racionalistas e recomendava: "nunca
devemos nos deixar persuadir senão pela evidência da razão". A mente
humana é, no racionalismo, o único instrumento capaz de chegar à verdade. Os
racionalistas consideram a experiência sensorial uma fonte de erros e confusões
na complexa realidade do mundo.
Idealismo - (o filósofo idealista, Immanuel Kant (1724 - 1804), que propunha
que o conhecimento é construído a partir de juízos universais, derivados
da razão e da experiência sensível.
- Experiência sensível (única capaz de produzir a partir dos
dados concretos (positivos) a verdadeira ciência(na
concepção positivista)
- Sem qualquer atributo teológico ou metafísico.
- Toma como base apenas o mundo físico ou material
Nega à ciência qualquer possibilidade de investigar a
causa dos fenômenos naturais e sociais (pesquisa inútil e
inacessível) – Volta-se para a descoberta e o estudo das
leis.

POSITIVO: real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e


simpático (COMTE, A. Apelo aos conservadores - 1855).

Substitui-se a Teologia e a Metafísica pelo Culto à


Ciência, o Mundo Espiritual pelo Mundo Humano, o
Espirito pela Matéria.
Ideia Chave do Positivismo
LEI DOS TRÊS ESTADOS – para que o homem possa conceber suas
ideias e a realidade:
- TEOLÓGICA – explica sua realidade por meio de entidade paranormais ou
supranaturais – seria a etapa preparatória ou inicial;

- METAFÍSICA – é uma etapa transitória, marcada pelo racionalismo. Entidades


abstratas para explicar a realidade: “O Povo”, o “Mercado Financeiro”(a palavra
metafísica vem do grego e o prefixo “meta” significa “além de”. Investigava a “ciência do ser
enquanto ser”. O primeiro filósofo a tratar sobre o assunto, de maneira sistemática, foi
Aristóteles.)

- POSITIVO – etapa final e definitiva – ele propõe a existência humana com valores
completamente humanos. Afasta radicalmente a teologia e a metafísica. Busca a
justificação por meio da descoberta do estudo das lei naturais. (Lei humana, Lei natural e
Lei divina: Diversos tipos de leis são definidas por Santo Tomás de Aquino. Acima de todas está
a Lei Eterna (Lex Aeterna), que representa a vontade de Deus. Abaixo da Lei Eterna estão a Lei
Natural (Lex Naturalis), que reflete a revelação da Lei Eterna através da natureza, e a Lei Divina
(Lex Divina), que chega aos homens pela revelação através das escrituras sagradas. A Lei
Humana (Lex Humana), deriva da Lei Natural e contém os princípios necessários para a
regulação da conduta dos homens. Para Tomás de Aquino, um pecado contra a Lei Natural é
aquele que viola a ordem natural das coisas.
DIREITO POSITIVO
POSITIVISMO – atitude mental que visa dar a
Filosofia o método positivo das ciências e às
ciências a ideia de um conjunto de filosofia.
(Emile Litré -1801-1881)
O POSITIVISMO domina o pensamento do século
XIX, como método e como doutrina.
AUGUSTO CONTE, fundador da Escola Positivista,
repudia formalmente tudo o que, de perto ou de
longe, pudesse lembrar a metafísica (tudo aquilo que
vai além do domínio da experiência e da observação
humana.
DIREITO POSITIVO
I. ASPECTOS HISTÓRICOS
1.1. As leis feitas pelos homens eram
obrigatórias e válidas, sem considerar o seu
conteúdo moral (Protágoras – 461 a.C)
1.2. Surgiu no sec. XIX como um movimento de
oposição e de reação ao idealismo transcendental
de Hegel.
* Antecedentes: Nicolau Maquiavel (sec. XV) e
Thomas Hobbes (sec. XVII)
DIREITO POSITIVO
II. CONCEITOS:
2.1. DIREITO: é um conjunto de normas que
regulam a vida do homem em sociedade.
2.2. FATOS SOCIAIS: maneira de agir, pensar e
sentir exteriores ao indivíduo, dotadas de coerção,
em razão da qual se impõem (Durkheim)
2.3. DIREITO POSITIVO: conjunto de normas
estabelecidas pelo poder público que regula a vida
de um povo em uma determinada época. (Capitant)
DIREITO POSITIVO
III. O DIREITO NATURAL E O DIREITO
POSITIVO

3.1. As leis naturais estão sempre de acordo


com a Justiça.

3.2. O divórcio entre o Direito Natural e o


Direito Positivo cria as chamadas LEIS
INJUSTAS.

“A Justiça dos homens é apenas uma sombra do ideal


de Justiça” (Platão)
DIREITO POSITIVO
IV. CORRENTES DOUTRINÁRIAS DO JUSPOSITIVISMO
4.1. Historicismo Alemão (Savigny) – nega a
possibilidade do progresso humano, por isso o amor
ao passado, as tradições, aos costumes e as
instituições. O DIREITO não é obra da razão, mas
da História (um direito para cada época)

4.2. A Escola Exegética (França – Alemanha)


• A idéia de codificação do Direito surgiu no sec.
XVIII
• A Escola defendia o fetichismo legal (codicismo). O
Direito repousava exclusivamente na lei.
• 1804 – Surgiu o Código Civil Francês
DIREITO POSITIVO
V. AS CRÍTICAS AO POSITIVISMO
a) – considera a Justiça um ideal irracional, acessível
apenas pela via da emoção;
b) - se omite em relação aos valores;
c) - identificando o Direito com a Lei, se constitui numa
porta aberta ao totalitarismo;
d) - a lei não pode abarcar todo o JUS.
MÉRITO: “a observação daquilo que se vê é o ponto de partida
para se chegar àquilo que não se vê” (Carnelutti)

Fonte: Paulo Nader, in Introdução ao Estudo do Direito, p.449-451


Considerações Finais
- DIREITO CONSTITUI PRODUTO DA AÇÃO E VONTADE
HUMANA (DIREITO POSTO, DIREITO POSITIVO) – TESE
BÁSICA
- REJEITA O JUSNATURALISMO: - REJEITA A IDEIA DE
UM DIREITO NATURAL (CONSIDERA-O COMO
METAFÍSICO E ANTICIENTÍFICO)
- É O DIREITO IMPOSTO POR SERES HUMANOS E PARA
FINS HUMANOS
- O ESTADO OCUPA UM PAPEL DE GUARDA EM
RELAÇÃO A ORDEM JURÍDICA, TENDO CONTROLE
ABSOLUTO SOBRE AS NORMAS
- A CIÊNCIA JURÍDICA DEVE ESTUDAR O DIREITO REAL,
O DIREITO COMO ELE REALMENTE É E SEM SE
PREOCUPAR COM O IDEAL, COM COMO O DIREITO
DEVERIA SER.
Continuação

- DESPREZA OS JUÍZOS DE VALORES: NÃO EXISTE


RELAÇÃO ENTRE O DIREITO, A MORAL E A JUSTIÇA,
(SÃO RELATIVAS, MUTÁVEIS NO TEMPO E SEM FORÇA
POLÍTICA E COERCITIVA)

- DESPREZA OS VALORES SOCIAIS COMO O IDEAL DE


JUSTIÇA (IDEAL IRRACIONAL) E MORAL (SUBJETIVA) –
POIS SÃO CONCEITOS RELATIVOS QUE SE
MODIFICAM COM O TEMPO E SOCIEDADE.
DIREITO NATURAL VERSUS DIREITO POSITIVO

Conclusão:
Enquanto o direito natural se volta a idea do
ideal de Justiça, o Direito Positivo quer a
estabilidade e a ordem social.
ATIVIDADE AVALIATIVA - 04

- RELATAR E DESCREVER SOBRE OS DESAFIOS DO USO DE


RECURSOS TECNOLÓGICOS NA DISCIPLINA DE FILOSOFIA JURÍDICA E
ÉTICA : AS AULAS VIRTUAIS EM ÉPOCA DE QUARENTENA.

Orientações/sugestivas:

a)Relatar a história, os impactos, a perplexidade da quarentena, a


medidas adotadas, os desafios e o diálogo filosófico;
b)Descrever os desafios filosóficos da quarentena no contexto familiar e
social

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