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CONTEÚDOS ESTRUTURANTES:
 MITO E FILOSOFIA
 ÉTICA
 ESTÉTICA
 FILOSOFIA POLÍTICA

Professora: Luana Gonçalves dos Santos


EJA-Educação de Jovens e Adultos (Ensino Médio)
Aluno (a): ________________________________
Escola:___________________________________
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O QUE É A FILOSOFIA?
A pergunta já foi feita por várias gerações nas mais diversas sociedades.
Afinal, o que significa a palavra filosofia? A palavra filosofia deriva das
palavras gregas Philo (amor) e Sophia (sabedoria), tratar-se esta do gosto pelo
conhecer.
PORÉM, O QUE É REALMENTE A FILOSOFIA?
• É o questionamento da realidade, procurando as causas e os princípios
das coisas: é a procura do saber.
• É o ato de pensar livre e racionalmente, no qual se reflete sobre toda a
realidade.
• Surge da necessidade do Homem explicar o mundo e o sentido da sua
existência, pelo que não se satisfaz com respostas imediatas e superficiais,
procurando sempre, sem cessar, melhorar todo o seu saber.
Assim, a Filosofia surge como uma reflexão crítica sobre o conhecimento
e sobre o mundo. É um “conjunto de respostas” aos problemas que se
colocam, pelo que nenhuma resposta é definitiva ou totalmente correta.
Você mesmo pode construir o seu próprio significado de filosofia, desde
que seja construído com base em conceitos bem solidificados e com
sentido e não meras bases desequilibradas.
MOTIVOS INCRÍVEIS PARA ESTUDAR FILOSOFIA!
1. APRENDER A ARGUMENTAR
Argumentar não é vencer alguém, forçá-lo a aceitar a nossa verdade. Seja na
escola, na política, no trabalho ou numa simples conversa, saber argumentar é,
primeiramente, saber compreender o raciocínio do outro. Argumentar é também
conseguir o que desejamos, mas de uma forma construtiva e num sistema de
conversa, onde devemos sempre ouvir o que o outro tem para dizer. O principal
objetivo da argumentação é passar a nossa verdade para a verdade do outro.
2. SER ABERTO A NOVAS IDEIAS
Estima-se, atualmente, que a população humana seja superior a 6,8 bilhões de
pessoas. Embora os nossos cérebros funcionem todos da mesma maneira,
cada indivíduo pensa de uma forma completamente diferente. A filosofia
estimula a investigação, não desprezando a realidade, mas nos tornando
capazes de ir além dos conceitos e dos preconceitos presentes na sociedade,
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para que possamos ser abertos a novas ideias ou novas formas de


pensamento.
3. DESENVOLVER A CAPACIDADE CRÍTICA
Quando se estuda filosofia, independentemente do tema ou assunto, as suas
capacidades críticas de raciocínio vão sendo treinadas sem que você sequer
dê por isso. Ao analisar cada vez mais questões filosóficas ou enigmas lógicos,
o nosso cérebro vai progressivamente aumentando a sua capacidade crítica.
Ou seja, ao longo de algum tempo cada indivíduo será bem capaz de encontrar
verdades e respostas mais eficazes aos problemas ao invés de se contentar
apenas com uma simples solução.
4. A FILOSOFIA DESENVOLVE O RACIOCÍNIO LÓGICO
Com a ajuda da Filosofia aprendemos a argumentar de forma a podermos
expressar e justificar as nossas opiniões, bem como provocar a livre adesão
dos nossos interlocutores. Através do desenvolvimento de um raciocínio lógico
é possível a organização coerente dos pensamentos e a avaliar a validade dos
argumentos que nos são apresentados, contribuindo assim para desenvolver a
autonomia do espírito crítico. Vivemos em sociedade, precisamos nos
comunicar, expor as nossas ideias e defender os nossos pontos de vista. Se o
fizermos com rigor e clareza, tudo se torna mais fácil e conseguimos fazer com
que as nossas ideias sejam melhor compreendidas e aceitas pelos outros.
Agora que você já tem uma ideia breve do que seja, para que estudar
filosofia e em como precisamos desenvolver uma forma de pensar
criticamente é hora de praticar.
1 Analise a tirinha abaixo e responda:

1- A imagem e o texto estão coerentes ou algo lhe parece


estranho?
2- O que você entende por desigualdades sociais?
3- O que a política tem a ver com as desigualdades sociais?

O MITO

A definição dada pelos dicionários, grosso modo, é a de que "mito quer dizer
história ou conjunto de histórias que fazem parte da cultura de um povo e
tentam explicar fenômenos incompreendidos ou sem resposta comprovada,
como a criação do mundo, o sentido da vida humana e morte" (História
ilustrada da Grécia antiga, p.58). O mito, isto é, o pensamento mítico busca por
meio de uma crença alcançar uma verdade; procura encontrar o sentido da
vida; tenta dar explicações que perpetuamente inquietam o ser humano.
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O mito expressa o mundo e a realidade humana, além de ser sempre uma


representação coletiva, ou seja, ele se refere à história de um grupo, de um
povo, nunca de um único indivíduo. E os mitos são transmitidos de geração em
geração, como uma espécie de herança que deve ser levada e passada
adiante.
Justamente por tentar explicar o mundo e a complexidade da realidade, o mito
não tem como ser lógico ou racional. Aos olhos dos leigos - e também dos
menos sensíveis - os mitos parecem algo sem sentido. De fato, sua narrativa é
ilógica e irracional, mas assim deve ser, pois ele está aberto a todas as
interpretações possíveis. O mito deve, antes de tudo, ser decifrado (Op. cit., p.
71).

O PENSAMENTO FILOSÓFICO

"Não se pode ensinar filosofia, o que se pode é ensinar a pensar


filosoficamente". Estas palavras de Immanuel Kant, de certo modo, revelam-
nos o que a filosofia é. Delas podemos extrair que a filosofia não é coisa que se
aprende, embora fosse Kant professor de filosofia. Mas ela, a filosofia, não se
aprende na práxis de que alguém pode ensinar a alguém uma filosofia, tal qual
o professor ensina ao aluno em suas aulas a fazer cálculos ou uma fórmula
qualquer. Ora isso pode ser um contrassenso, já que os grandes filósofos
tiveram professores e alunos. Verdade. Mas estes não se propuseram a
ensinar, mecanicamente, nenhuma filosofia a alguém. Os grandes filósofos
debatiam, argumentavam, criticavam, questionavam, duvidavam, ou seja,
exercitavam o ato de pensar, mas pensar radicalmente, até ao âmago das
coisas. Enfim, nesse sentido, professor e aluno eram verdadeiros agentes do
pensar filosófico, e com isso faziam filosofia, pensavam filosoficamente. Como
se percebe, o pensar filosófico é crítico e radical, exige sistematicidade e
compromisso com o todo, e neste está o homem inserido.

LÓGICA

A lógica é um dos campos da filosofia, e pode ser considerada uma disciplina


introdutória para qualquer estudo filosófico. Isso acontece porque a lógica lida
com raciocínios e argumentos, e raciocínios e argumentos fazem parte de
qualquer reflexão filosófica, seja ela no campo da teoria do conhecimento, da
ética, da filosofia política ou da estética. Com a Lógica estudamos as relações
entre as proposições. Estudamos o argumento, examinando se ele é válido ou
inválido. Essa é a tarefa da lógica. Não estamos discutindo as ideias de
Sócrates e sua condição de homem.
Tradicionalmente a lógica foi considerada um portal de acesso ao estudo da
filosofia e das ciências. Faz sentido. Discutir e argumentar faz parte do debate
sobre qualquer questão. No caso das ciências, conhecer um pouco de lógica
pode ser muito valioso. As ciências foram construídas usando procedimentos
lógicos e o método científico pode ser visto como lógica aplicada.
Falácia é uma palavra de origem grega utilizada pelos escolásticos para indicar
o “silogismo sofistico” de Aristóteles.
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Atualmente, falácia é entendida como qualquer erro de raciocínio, seguido


de uma argumentação inconsistente. Considerando que um raciocínio pode
falhar de inúmeras maneiras, as falácias foram classificadas em formais
(tentativa de um raciocínio dedutivo válido, sem o ser) e informais (outro erro
qualquer). Os vários tipos de falácia foram ainda nomeados.
Os tipos de falácia mais conhecidos são os seguintes
Falácia do homem espantalho – definir um termo para favorecimento próprio,
utilizando posições defendidas por um opositor. Falácia muito utilizada por
políticos.
Falácia das várias perguntas – muito utilizada pelos advogados em ocasiões
oficiais, ao fazer uma pergunta que na verdade é múltipla, ou seja, uma
pergunta que vale por duas ou mais perguntas, a qual não caberia como
resposta um sim ou um não. Um exemplo clássico desse tipo de pergunta: “Já
parou de bater em seu filho?” – que na verdade se desdobra: “Alguma vez já
bateu em seu filho?” e “bate hoje em dia?”
Falácia da inversão dos quantificadores – Um exemplo desse tipo de falácia
seria a seguinte afirmação: “Todas as pessoas tem uma mãe, então, há alguém
que é mãe de todas as pessoas”.
Falácia do apostador – Crer na regularidade de um sistema de jogo (uma
roleta, por exemplo) não viciado.
Outros tipos de falácias são as seguintes: da ignorância, da “bola de neve”,
"depois disso, logo, por causa disso", (em latim post hoc ergo propter hoc),
entre outras.

ÉTICA E MORAL

Isso é certo ou errado? Bom ou ruim? Devo ou não devo? Provavelmente você
já deve ter feito alguma dessas perguntas na hora de tomar uma decisão ou
fazer uma escolha. Essas perguntas permeiam a reflexão sobre dois termos:
ética e moral.
É muito comum esses termos serem confundidos como se significassem a
mesma coisa. Embora estejam relacionados entre si, moral e ética são
conceitos distintos.
A palavra “ética” vem do grego ethos. Em sua etimologia, ethos significa
literalmente morada, habitat, refúgio. O lugar onde as pessoas habitam. Mas
para os filósofos, a palavra se refere a “caráter”, “índole”, “natureza”.
Sócrates coloca o autoconhecimento como a melhor forma de viver com
sabedoria. E seguindo a máxima de Aristóteles em “Ética a Nicômaco” e em
seu pensamento moral de forma geral, “somos o resultado de nossas
escolhas”. Aristóteles acreditava que a ética caracteriza-se pela finalidade e
pelo objetivo a ser atingido, isto é, que se possa viver bem, ter uma vida boa,
com e para os outros, com instituições justas. Já Platão entende que a justiça é
a principal virtude a ser seguida.
Neste sentido, a ética é um tipo de postura e se refere a um modo de ser, à
natureza da ação humana, ou seja, como lidar diante das situações da vida e
ao modo como convivemos e estabelecemos relações uns com os outros. É
uma postura pessoal que pressupõe uma liberdade de escolha.
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O que estamos fazendo uns com os outros? Quais são as nossas


responsabilidades pessoais diante do outro? Uma postura ou conduta ética
pode ser a realização de um tipo de comportamento mediado por princípios e
valores morais.
A palavra “moral” deriva do latim mores, que significa “costume”. Aquilo
que se consolidou ou se cristalizou como sendo verdadeiro do ponto de vista
da ação. A moral é fruto do padrão cultural vigente e incorpora as regras eleitas
como necessárias ao convívio entre os membros dessa sociedade. Regras
estas determinadas pela própria sociedade.
Na época medieval, por exemplo, a moral era muito atrelada a crenças
religiosas. A sociedade buscava na religião um meio para orientar o homem a
agir de acordo com valores éticos. Após a Idade Moderna, o Estado passou a
estimular regras e valores éticos, por meio de leis e o reconhecimento dos
deveres de um sujeito em responder pelas consequências de seus atos.
E o que seria um comportamento moral ou imoral? Assim como a reflexão
ética, uma conduta moral também é uma escolha a ser feita. As normas ou
códigos morais são cumpridos a partir da convicção íntima da pessoa que se
comporta. Uma pessoa moral age de acordo com os costumes e valores de
uma determinada sociedade. Ou seja, quem segue as regras é uma pessoa
moral; quem as desobedece, uma pessoa imoral.
Uma pessoa moral ou imoral não é necessariamente aquela que segue as leis
ou regras jurídicas. Comportamentos como furar fila no banco, jogar lixo no
chão, colar na prova, falar mal de um colega na frente do outro ou não dar
espaço para os mais velhos no metrô não são considerados ilegais, mas
podem ser atos imorais.
A ética, por sua vez, é a parte da filosofia que estuda a moral, isto é, que reflete
e questiona sobre as regras morais. A reflexão ética pode inclusive contestar as
regras morais vigentes, entendendo-as, por exemplo, como ultrapassadas ou
simplesmente erradas do ponto de vista pessoal.
Os filósofos antigos (gregos e romanos) consideravam a vida ética
transcorrendo como um embate contínuo entre nossos apetites e desejos – as
paixões – e nossa razão. Eles estabeleceram três aspectos principais para a
ética: o racionalismo (a vida virtuosa é agir em conformidade com a razão,
que conhece o bem, o deseja e guia nossa vontade até ele); o naturalismo (a
vida virtuosa é agir em conformidade com a Natureza - o cosmos - e com nossa
natureza – ethos -, que é uma arte do todo natural); e a inseparabilidade entre
ética e política, ou seja, entre a conduta do indivíduo e os valores da
sociedade. Um exemplo. Como lidar com uma pessoa que roubou um remédio
para salvar uma vida? Seu comportamento é imoral, ela quebrou a regra de
uma sociedade. Mas será que seria justificado eticamente?
A moral é constituída pelos valores previamente estabelecidos e
comportamentos socialmente aceitos e passíveis de serem questionados
pela ética, em busca de uma condição mais justa. É possível uma ação
moral ou imoral sem qualquer reflexão ética, assim como é possível uma
reflexão ética acompanhada de uma ação imoral ou amoral.
Basicamente, quando se trata de moral, o que é certo e errado depende do
lugar onde se está. A ética é o questionamento da moral, ela trata de princípios
e não de mandamentos. Supõe que o homem deva ser justo. Porém, como ser
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justo? Ou como agir de forma a garantir o bem de todos? Não há resposta


predefinida. Mas há sempre uma resposta a ser pensada.
Ninguém nasce com ética ou com moral. São construções culturais e
simbólicas. As pessoas podem aprender ética na família, na escola, na rua, no
trabalho. Esses conceitos são adquiridos ao longo da experiência humana, seja
pela cultura, pelas regras jurídicas, pela educação ou por reflexões pessoais.
Quando uma empresa diz que possui um “código de ética”, na verdade o que
se está presente no texto são códigos ou regras de moral que buscam criar
uma cultura ética. A moral é convenção e a ética, reflexão.
O aprendizado da ética seria o aprendizado da convivência. Aprender a
conviver juntos é um dos maiores desafios no século 21. A ética pode ser uma
bússola para orientar o pensamento e responder a seguinte pergunta:
qual sociedade eu ajudo a formar com a minha ação?

RESPONDA:
1.. Para Aristóteles, ser ético significa viver conforme a razão. O que ele quer
dizer com isso? De acordo com o pensamento aristotélico, os comportamentos
adotados pelo homem deveriam ser racionais, na medida que contivessem
finalidades práticas, intelectuais para que assim, tivéssemos princípios que
guiariam todo o campo de nossa conduta moral.

2.. Baseando-se nos pressupostos do pensamento filosófico, na Ética e Moral,


comente a tirinha abaixo:
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ESTÉTICA

CULTURA, ARTE E ALIENAÇÃO

Cultura significa todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as


crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões
adquiridos pelo ser humano não somente em família, como também por fazer
parte de uma sociedade da qual é membro.
Cada país tem a sua própria cultura, que é influenciada por vários fatores. A
cultura brasileira é marcada pela boa disposição e alegria, e isso se reflete
também na música, no caso do samba, que também faz parte da cultura
brasileira. No caso da cultura portuguesa, o fado é o patrimônio musical mais
famoso, que reflete uma característica do povo português: o saudosismo.
Cultura na língua latina, entre os romanos, tinha o sentido de agricultura, que
se referia ao cultivo da terra para a produção, e ainda hoje é conservado
desta forma quando é referida a cultura da soja, a cultura do arroz etc.
Cultura também é definida em ciências sociais como um conjunto de ideias,
comportamentos, símbolos e práticas sociais, aprendidos de geração em
geração através da vida em sociedade. Seria a herança social da humanidade
ou ainda, de forma específica, uma determinada variante da herança social. Já
em biologia a cultura é uma criação especial de organismos para fins
determinados. A principal característica da cultura é o mecanismo adaptativo,
que consiste na capacidade que os indivíduos têm de responder ao meio de
acordo com mudança de hábitos, mais até que possivelmente uma evolução
biológica. A cultura é também um mecanismo cumulativo porque as
modificações trazidas por uma geração passam à geração seguinte, onde vai
se transformando, perdendo e incorporando outros aspetos procurando assim
melhorar a vivência das novas gerações.
A cultura é um conceito que está sempre em desenvolvimento, pois com o
passar do tempo ela é influenciada por novas maneiras de pensar inerentes ao
desenvolvimento do ser humano.
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A cultura popular é algo criado por um determinado povo, sendo que esse
povo tem parte ativa nessa criação.Pode ser representada pela literatura,
música, arte, dança e etc. A cultura popular é influenciada pelas crenças do
povo em questão e é formada graças ao contato entre indivíduos de certas
regiões.
CULTURA NA FILOSOFIA
De acordo com a filosofia, a cultura é o conjunto de manifestações humanas
que contrastam com a natureza ou o comportamento natural. É uma atitude de
interpretação pessoal e coerente da realidade, destinada as posições
suscetíveis de valor íntimo, argumentação e aperfeiçoamento. Além dessa
condição pessoal, cultura envolve sempre uma exigência global e uma
justificação satisfatória. Podemos dizer que há cultura quando essa
interpretação pessoal e global se liga a um esforço de informação, no sentido
de aprofundar a posição adotada de modo a poder intervir em debates. Essa
dimensão pessoal da cultura, como síntese ou atitude interior, é indispensável.
ARTE E ALIENAÇÃO
A arte por si só não promove mudanças na sociedade, ela pode
contribuir para a conscientização das massas através dos artistas
engajados politicamente, porém isto depende das condições objetivas
e subjetivas onde ocorre a luta de classes. Isto explica por que em
determinadas épocas temos uma maior produção cultural e um maior
engajamento por partes dos artistas, e em outros momentos um
maior empobrecimento intelectual e alienação dos artistas.
A arte e os bens culturais estão no capitalismo submetidos aos
interesses do mercado, dessa forma não passam de negócios, como
qualquer outro produto. O nosso carnaval e o nosso futebol são
vitrines para vender mercadorias. O carnaval feito pela população já
não existe mais com raras exceções, as escolas de sambas se
tornaram uma grande indústria do entretenimento que movimenta
milhões de reais, a população de baixa renda antes personagens
principais, foi varrida dos destaques destas escolas de samba, hoje
são apenas números. Enquanto os empresários bancam suas musas
para se tornarem celebridades e com isto receber convites para capas
de revistas masculinas ou ascender através de espaços na mídia,
contratos etc. Atrizes, modelos, atletas, turista, empresários,
colunistas sociais e outros, são estes os personagens principais de
nosso carnaval, até o carnaval da Bahia se elitizou “Quem não paga o
abadá não pode ficar próximo ao trio elétrico”, quem não tem
padrinho não se torna madrinha das baterias das escolas de samba
do Rio e de São Paulo.
Vivemos a época da morte da razão crítica tão propalada pelo
iluminismo ainda no nascedouro do capitalismo, asfixiadas pelas
relações de produção capitalista, a indústria cultural ou indústria da
diversão, promove a deturpação das consciências levando os sujeitos
à adaptação ao sistema social dominante.
O nosso carnaval como parte da indústria do lazer e divertimento
investe em determinados produtos culturais que agradam as massas
de forma imediata, ela não está preocupada com uma educação
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estética, ou seja, com a criação de condições culturais para a maioria


das pessoas receberem uma qualidade melhor de produtos culturais,
este tipo de entretenimento apenas aliena as massas.
Este tipo de manifestação não leva ao enriquecimento pessoal, não
leva ao questionamento e a reflexão da realidade onde vivemos. Esta
indústria do simples divertimento, da distração é da perpetuação das
condições atuais de existência. Este tipo de indústria que leva difusão
de suas mercadorias culturais (Filmes, músicas, shows, revistas,
novelas, futebol...) vende os valores dominantes do capitalismo,
promovendo alienação dos consumidores desses produtos.
A arte, como diz o filósofo comunista Georg Lukács, é um fenômeno
social, ela reflete a sociedade e suas contradições no caso do
capitalismo o conflito capital x trabalho. O artista por ser um ser
social não está imune ao conflito que ocorre na sociedade burguesa
nem está acima deles como querem nos fazer acreditar certos
artistas. O artista como um ser social deve refletir através de sua
obra de arte a maneira de sentir o mundo em que vive, as alegrias,
as angústias, os problemas e as esperanças de seu momento
histórico.
Apesar do embotamento da sensibilidade e do sufocamento da arte,
pela indústria cultural, a arte conseguirá assim mesmo sobreviver e
surgirão sempre artistas que através de suas obras de artes refletirão
as alegrias, tristezas, angústias e esperanças de nossos trabalhadores
e estes artistas vão se colocar em combate à alienação e à ideologia
burguesa. (José Renato André Rodrigues-Professor de Filosofia)
EXERCÍCIOS:

1. Qual a diferença de arte para Indústria Cultural?

2. De exemplos de músicas que podem ser entendidas como produtos


da Indústria Cultural.
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3. O que Indústria Cultural tem a ver com “alienação”?

A FILOSOFIA: "FILHA DA CIDADE"

Quando a Filosofia surge na Grécia Antiga e se consolida na cidade de


Atenas que naquela época havia se tornado um centro intelectual e cultural, a
Filosofia vai adquirir uma característica bastante peculiar. Filósofos como
Sócrates, Platão, Aristóteles e os Sofistas vão concentrar boa parte de suas
reflexões em torno das discussões antropológicas, quer dizer, em torno do
próprio homem, do ponto de vista individual, normativo, social, político e
existencial.
Por sua ênfase nas discussões antropológicas e em torno da realidade
política ateniense o historiador da Filosofia, Jean-Pierre Vernant, chegou a
declarar que a Filosofia é "filha da cidade", ou seja, havia uma preocupação por
parte de tais pensadores em discutir o papel social e coletivo dos indivíduos e
esta preocupação era tão forte que Aristóteles chegou a definir o homem como
um "zoon politikon", um "animal político".
A ágora (praça pública) era o lugar privilegiado onde o debate em torno
dos problemas políticos e sociais enfrentados pelos cidadãos atenienses se
realizavam.

Vale lembrar que a Grécia Antiga é o berço da Democracia (governo do


povo) e, pela primeira vez, os cidadãos poderiam participar diretamente da
coisa pública (res pública). Assim surge, se assim podemos dizer, a Filosofia
Política. Os primeiros grandes mestres do pensamento político foram,
sem dúvida, Platão e Aristóteles. Ambos procuraram sistematizar suas idéias
escrevendo obras cuja importância são reconhecidas ainda hoje, o primeiro, é
autor do clássico A República e o segundo, autor de Política. Obras
fundamentais para quem quer conhecer um pouco da história e das ideias em
torno do fenômeno do poder.
Filosofia e Política têm mantido, entre si, ligações antigas. Platão
oferece aquele que pode ser o seu mais forte paradigma. O filósofo rei, aquele
que está apto a exercer uma função pública de administrar a cidade e que pode
fazer passar, para a ordem instável do mundo sensível e na qual se encontra a
cidade, a imutabilidade do mundo das ideias, o mundo da verdade. Já com o
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filósofo alemão Karl Marx nós encontramos um outro modelo. Pois agora a
verdade é a dialética do movimento do mundo material (o mundo das ideias
platônico é uma quimera, só existe o mundo sensível, material) histórico e da
luta de classes entre opressores e oprimidos. Marx, além disso, denuncia a
filosofia que, ocupando-se apenas em interpretar o mundo, esquece de
transformá-lo. Mas a práxis revolucionária marxista, que fique bem claro, não é
uma práxis que se faria às cegas. Toda práxis demanda sua teoria, e cabe à
filosofia, então revolucionária indicar-lhe o seu portador.

Marx pesquisou a história da humanidade.


Foi um pensador, um estudioso, que queria entender a sociedade. Sua grande
contribuição foi uma profunda análise sobre o sistema Capitalista e como esse
modelo de organização política e Econômica favorece a ampliação das
desigualdades sociais. E de como esse modelo revela uma sociedade que não
é uma sociedade preocupada com o bem estar geral, é uma sociedade
preocupada em vender, a sociedade do lucro, por isso que é a sociedade do
capital, não a sociedade do social, é a sociedade que só quer se manter para
que cada vez mais seja produzido mais e mais lucro. A sociedade avança muito
com a tecnologia, começa a produzir muito, mas o social fica para trás.
O Capitalismo que tem suas origens no Liberalismo político com John
Locke e se consolida com o Liberalismo econômico de Adam Smith. A ideia de
que o homem é livre e o Estado existe apenas para garantir o direito à vida, à
liberdade e o direito da propriedade faz com que Locke seja considerado o pai
do liberalismo político. A ideia de que essa liberdade tem que ser garantida
dentro das relações de mercado, ou seja, o Estado tem que intervir o mínimo
possível na economia faz com que Adam Smith seja considerado o pai do
liberalismo econômico. E a crítica a este pensamento é feita por Karl Marx. Mas
a ideia de que a propriedade privada é algo natural e tem que ser garantida
pelo Estado é criticada antes mesmo de Marx, por Jean-Jacques Rousseau. O
primeiro homem que cercou um lote de terra e disse “isso aqui é meu”, afirma
Rousseau, causou um dos maiores males para a humanidade, pois com a
surgimento da propriedade privada teve origem as desigualdades sociais.
Rousseau estabelece dessa forma a instituição da propriedade privada e da
desigualdade social como o principal problema da organização política

Maquiavel caracterizou-se pela reflexão crítica sobre o poder e o Estado.


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Em “O Príncipe”, Maquiavel secularizou a filosofia política e separou o


exercício do poder da moral e religião cristã. Diplomata e administrador
experiente, cético e realista, defende a constituição de um estado forte e
aconselha o governante a preocupar-se em conservar o Estado, pois na política
o que vale é o resultado. O príncipe deve buscar o sucesso sem se preocupar
com os meios. Com Maquiavel surgiram os primeiros contornos da doutrina da
razão de estado, segundo a qual a segurança do estado tem tal importância
que, para garanti-la, o governante pode violar qualquer norma jurídica, moral,
política e econômica. Maquiavel foi o primeiro pensador a fazer distinção entre
a moral pública e a moral particular e o primeiro defensor da autonomia da
esfera política, sobretudo em relação à moral e a religião, quer dizer, fora de
qualquer preocupação de ordem moral e teológica. Além disso, Maquiavel
rejeita os sistemas utópicos, a política normativa dos gregos e procura a
verdade efetiva, ou seja, como os homens agem de fato.
Maquiavel propõe estudar a sociedade pela análise dos fatos, sem se
perder em vãs especulações. Ao observar a história dos fatos, Maquiavel
constata que os homens sempre agiram pelas formas de violência e da
corrupção e conclui que o homem é por natureza capaz do mal e do erro. Às
utopias opõe um realismo antiutopista através do qual Maquiavel pretende
desenvolver uma teoria voltada para a ação eficaz e imediata
Vemos assim como o problema político evidencia o problema social –
sua organização, seus mecanismos – e ambos têm ocupado os filósofos em
todos os tempos. Nesta seção você poderá aprofundar algumas das ideias aqui
esboçadas, seja na Filosofia Antiga, através das ideias de Platão e Aristóteles,
seja na Filosofia Moderna, mergulhando no pensamento de Maquiavel,
Rousseau ou dos economistas clássicos, seja na Filosofia Contemporânea,
através do pensamento de Marx, Arendt, a Escola de Frankfurt, dentre outros.
Através destes pensadores, a filosofia se projeta para o campo da política, para
pensar os desafios do convívio sócio político, enfrentar e debater de perto a
lógica das regras que devem presidir o jogo das relações políticas, para
proporse a avaliar o confronto de valores na esfera pública, para pôr a nu a
presença do mecanismo Ideológico como mascarador do poder nas relações
sociais, para apresentar a utopia que guia o raciocínio em direção a ruptura
com as mazelas do sistema estabelecido quando apresenta traçado um Estado
Ideal, para criar alternativas reflexivas e críticas para a superação da crise
política e se debruçar sobre as formas de Estado. Se a filosofia pensa o poder,
pensa os limites do poder, se pensa a justiça, discute as injustiças. É neste
sentido que seu papel e sua função social vêm exatamente descritos por esta
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sua intromissão na dimensão das questões de relevância política e de


relevância social, na governança dos interesses comuns.

E eis como o filósofo e historiador do pensamento político


contemporâneo, Norberto Bobbio, definiu a Filosofia Política:

1. Filosofia política como determinação do Estado perfeito: quando a


filosofia busca construir modelos ideais de Estado ou convivência política
fundamentada em valores;
2. Filosofia política como determinação da categoria “política”:
quando a filosofia busca esclarecer os significados e o alcance do conceito e
da atividade política;
3. Filosofia política como procura do critério de legitimidade do poder:
quando a filosofia procura responder à questão dos fundamentos da
necessidade da obediência ao poder político;
4. Filosofia política como metodologia da ciência política: quando a
filosofia busca esclarecer os pressupostos epistemológicos que tornam
possível a Ciência Política.

TRABALHO E ALIENAÇÃ O

Alienação, Trabalho Alienado, Consumo Alienado e Lazer Alienado

Alienação

Capaz de ameaçar o trabalho e a consciência humana desde seus primórdios,


a alienação afeta principalmente o homem do mundo moderno, em que as
relações sociais se tornam cada vez mais determinadas por seu aspecto
mercantil ou econômico-financeiro.
Alienação é a condição psico-sociológica de perda da identidade individual ou
coletiva decorrente de uma situação global de falta de autonomia. Encerra
portanto uma dimensão objetiva -- a realidade alienante -- e a uma dimensão
subjetiva -- o sentimento do sujeito privado de algo que lhe é próprio. O
conceito de alienação é comum a vários domínios do saber. Em psicologia e
psiquiatria, fala-se de alienação para designar o estado mental da pessoa cuja
ligação com o mundo circundante está enfraquecida. Em antropologia, a
alienação é o estado de um povo forçado a abandonar seus valores culturais
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para assumir os do colonizador. Em sociologia e comunicação, discute-se a


alienação que a publicidade e os meios de comunicação suscitam, dirigindo a
vontade das massas, criando necessidades de consumo artificiais e desviando
o interesse das pessoas para atividades passivas e não participativas. Em
filosofia política, fala-se de alienação para designar a condição do
trabalhador que, à semelhança de uma peça de engrenagem, integra a
estrutura de uma unidade de produção sem ter nenhum poder de decisão
sobre sua própria atividade nem direitos sobre o que produz.
Transcendendo o âmbito da produção, a alienação se estende às decisões
políticas sobre o destino da sociedade, das quais as grandes massas
permanecem alijadas, e mesmo ao âmbito das vontades individuais, orientadas
pela publicidade e pelos meios de comunicação de massas.

Trabalho alienado
Será que o trabalho aliena o indivíduo? Para Marx existe sim o trabalho
alienado. Este seria o trabalho que a sociedade industrial criou, a sociedade
dominada pela produção de mercadorias. O trabalho que rompe a ligação entre
o homem e sua atividade vital.
Marx descreveu algumas características do trabalho alienados, que aqui estão:
"a alienação e o caráter fortuito do trabalho em relação ao sujeito trabalhador";
"a alienação e o caráter fortuito do trabalho em relação ao objeto dele";
"a determinação absoluta do trabalhador pelas necessidades, já que o trabalho
(...) não tem para ele outro significado que ser uma fonte de satisfação de suas
necessidades, enquanto ele só existe para elas como escravo de suas
necessidades";
"resumir o trabalhador à luta pela subsistência, fazendo com que ele (...)
destine sua vida a adquirir meios de vida".
Estão aí as características do trabalho alienado segundo Marx. Características
estas que separam o homem de sua naturalidade.
Quem nunca assistiu ao filme "Tempos Modernos" de Charles Chaplin? Este
filme mostrava explicitamente o trabalho em sua forma de alienação. O
indivíduo trabalhava em uma fábrica de peças e fazia sempre a mesma coisa:
apertava roscas. Mas não sabia para quê? Qual era a finalidade daquilo? Ele
era um escravo do trabalho. Não havia uma finalidade para que estivesse
fazendo aquilo, a não ser receber o salário no final do mês.
Logicamente, o exemplo é de um filme, mas que não foge da realidade de hoje.
Veja nas indústrias. Trabalhadores fazendo repetições sem conhecer muitas
vezes o produto final daquele parafuso que ele aperta incansavelmente todos
os dias. Sua realidade torna-se limitada e esse trabalho acaba por desumanizar
o indivíduo, fazendo-o trabalhar como escravos de suas necessidades.
Podemos disso tirar uma conclusão que, num cenário amplo, a sociedade
capitalista aliena o ser humano.
O trabalho realmente pode alienar um indivíduo e, por consequência disto,
pode alienar-se do mundo por estar vivendo dentro de um espaço limitado. Seu
conhecimento pode não ir mais longe do que apertar um simples parafuso. E
será que um trabalhador como esse consegue discernir a realidade social em
que vive?
Ou seja, o Trabalho alienado, e aquele trabalho em que o indivíduo passa
despercebido por ele, e pelo que acontece a sua volta e um indivíduo que
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segue uma rotina capitalista que de tanto estar acostumado com a rotina ele
esquece da vida, ele só espera o a semana acabar para poder voltar a mesma
rotina.

Lazer alienado
O processo de alienação na sociedade industrial afeta também a utilização do
tempo livre destinado ao lazer.
A indústria cultural e de diversão vende peças de teatro, filmes, livros,
shows, jornais e revistas como qualquer outra mercadoria. E o consumidor
alienado compra seu lazer da mesma maneira como compra seu sabonete.
Consome os “filmes da moda” e frequenta os “lugares badalados” sem um
envolvimento autêntico com o que faz.
Agindo desse modo, muitos se esforçam e fingem que estão se divertindo,
pensam que estão se divertindo, querem acreditar que estão se divertindo. Na
verdade, “através da máscara da alegria se esconde uma crescente
incapacidade para o verdadeiro prazer”.

Consumo Alienado
O Tópico que provavelmente e o mais importante, o consumo alienado e o
indivíduo que compra certa mercadoria e não usa, geralmente compra
Consumo é o ato de a sociedade adquirir algo para atender as suas
necessidades e seus desejos. Quando a pessoa compra de uma forma para
aliviar sua ansiedade ou compra exageradamente e muitas vezes nem utiliza o
produto, a pessoa se torna alienada. Oneomania é uma doença que atinge
principalmente as mulheres, alguns dos sintomas que possam detectar a
doença é o fato de a pessoa querer comprar tudo o que vê pela frente, se
tornando viciado (a) em compras. As empresas devem estar sempre atentas e
inovando a cada dia para atender as necessidades e os desejos de seus
clientes.
por estar na moda ou por influência das pessoas e da mídia. O Consumo
alienado também fala do indivíduo que usa o produto por estar na moda
mesmo não gostando do produto ele o utiliza, para ficar na moda e para
demonstrar diferença de status.
De acordo com Marx, capital e trabalho apresentam um movimento constituído
de três momentos fundamentais:
Primeiro, “a unidade imediata e mediata de ambos”; significa que num primeiro
momento estão unidos, separam-se depois e tornam-se estranhos um ao outro,
mas sustentando-se reciprocamente e promovendo-se um ao outro como
condições positivas;
Em segundo lugar, “a oposição de ambos”, já que se excluem reciprocamente
e o operário conhece o capitalista como a negação da sua existência e
viceversa;
Em terceiro e último lugar, “a oposição de cada um contra si mesmo”, já que o
capital é simultaneamente ele próprio e o seu oposto contraditório, sendo
trabalho (acumulado); e o trabalho, por sua vez, é ele próprio e o seu oposto
contraditório, sendo mercadoria, isto é, capital.
Já a alienação ou estranhamento é descrita por Marx sob quatro aspectos:
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1. O trabalhador é estranho ao produto de sua atividade, que pertence a outro.


Isto tem como consequência que o produto se consolida, perante o trabalhador,
como um “poder independente”, e que, “quanto mais o operário se esgota no
trabalho, tanto mais poderoso se torna o mundo estranho, objetivo, que ele cria
perante si, mais ele se torna pobre e menos o mundo interior lhe pertence”; 2. A
alienação do trabalhador relativamente ao produto da sua atividade surge, ao
mesmo tempo, vista do lado da atividade do trabalhador, como alienação da
atividade produtiva. Esta deixa de ser uma manifestação essencial do homem,
para ser um “trabalho forçado”, não voluntário, mas determinado pela
necessidade externa. Por isso, o trabalho deixa de ser a “satisfação de uma
necessidade, mas apenas um meio para satisfazer necessidades externas a
ele”. O trabalho não é uma feliz confirmação de si e desenvolvimento de uma
livre energia física e espiritual, mas antes sacrifício de si e mortificação. A
consequência é uma profunda degeneração dos modos do comportamento
humano;
3. Com a alienação da atividade produtiva, o trabalhador aliena-se também
do gênero humano. A perversão que separa as funções animais do resto da
atividade humana e faz delas a finalidade da vida, implica a perda completa da
humanidade. A livre atividade consciente é o caráter específico do homem; a
vida produtiva é vida “genérica”. Mas a própria vida surge no trabalho alienado
apenas como meio de vida. Além disso, a vantagem do homem sobre o animal
– isto é, o fato de o homem poder fazer de toda natureza extra-humana o seu
“corpo inorgânico” – transforma-se, devido a esta alienação, numa
desvantagem, uma vez que escapa cada vez mais ao homem, ao operário, o
seu “corpo inorgânico”, quer como alimento do trabalho, quer como alimento
imediato, físico;
4. A consequência imediata desta alienação do trabalhador da vida
genérica, da humanidade, é a alienação do homem pelo homem. “Em geral, a
proposição de que o homem se tornou estranho ao seu ser, enquanto
pertencente a um gênero, significa que um homem permaneceu estranho a
outro homem e que, igualmente, cada um deles se tornou estranho ao ser do
homem”. Esta alienação recíproca dos homens tem a manifestação mais
tangível na relação operáriocapitalista. A tomada de consciência de classe e a
revolução são as únicas formas para a transformação social.

DIVERSIDADE E SiMBOLOGIA

A maior parte de nossa comunicação diária tem como finalidade narrar,


descrever, lembrar e conceituar coisas que não estão presentes. Ao fazer isso,
retiramos todas as coisas de seus contextos originais, que não pode ser
reproduzido em toda a sua riqueza e complexidade, e escolhemos alguns de
seus aspectos a serem ressaltados.
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Assim é que nós simbolizamos as experiências vividas, e por meio dessa


comunicação simbólica podemos atribuir qualidades ao mundo. “Essa flor é
alegre”, “esse cheiro me lembra a infância”, “as cores desta bandeira
simbolizam a paz e a riqueza”, “o crucifixo identifica os cristãos”, são formas de
simbolizar experiências e sensações.
Não está na “flor em si” ser alegre ou triste, mas o ser humano identifica certas
qualidades. Não existe “cheiro de infância”, mas aromas que são
convencionalmente usados em bebês, ou, ainda, aromas de um lugar que
marcaram a infância de determinada pessoa etc. O correto é observarmos que
na natureza não existem qualidades que são criadas pelo homem, como
bondade/maldade, justiça/injustiça, beleza/feiura. Uma catástrofe da natureza,
como um terremoto, não é ruim senão do ponto de vista dos prejuízos que
possa causar aos seres humanos. Para a terra, onde ele se originou, não existe
esse tipo de julgamento.
Bondade, justiça e beleza, bem como todos os conceitos de valor que
dispomos são resultados da criação das culturas humanas, e não da natureza.
Portanto, são valores, que se expressam por meio de símbolos. Um céu escuro
e carregado de nuvens pode simbolizar preocupações e problemas, ou um
terremoto pode ser utilizado para simbolizar alguém inquieto, agitado. Ao
utilizar um crucifixo, uma pessoa é identificada pelos outros como “cristão”, pois
a cruz simboliza um evento da figura fundadora dessa fé, que é Cristo. Essa é
outra associação possível com os símbolos.
Os símbolos representam coisas, ideias e pessoas que não estão presentes.
Cada profissão elege seu símbolo; os times utilizam brasões, cores e
emblemas; placas de trânsito são símbolos; placas de “proibido fumar”,
“proibido cães” e outras regras de uso do espaço são símbolos. O símbolo
facilita e agiliza a comunicação, transmite ideias complexas e sentimentos, e
tudo isso é possível porque, como afirma Geertz, “a humanidade atribui, de
forma sistemática, racional e estruturada, significados e sentidos às coisas do
mundo”. Portanto, tudo na comunicação é símbolo? Sim!
Os símbolos são frutos da persistência humana em olhar para o mundo e ver
significados, em tornar rotineiras as soluções racionalmente pensadas11,
cheias de significados coletivamente construídos.
Rotina é o mesmo que fazer algo sempre da mesma maneira, portanto, é um
hábito. Os significados dos símbolos culturais dependem de uma rotinização,
ou seja, precisam ser incorporados de maneira mecânica em nossas atitudes,
de forma que não precisamos raciocinar o tempo todo para compreender as
linguagens à nossa volta.
Simbolização – ato ou efeito de simbolizar; processo que procura expressar o
raciocínio por meio de um sistema simbólico. (fonte: Dicionário Houaiss da
Língua Portuguesa, Rio de Janeiro:
Objetiva)
A cultura caracteriza a espécie humana e nos dota de infinitas possibilidades.
Somos indivíduos em aberto, modeláveis, com plasticidade, que aceitam
mudanças e têm capacidade de refletir e escolher. Necessitamos participar de
uma coletividade, necessitamos de referências para saber como nos comportar
e, sobretudo, precisamos organizar nossa coletividade de forma a permitir um
comportamento mais voltado para o grupo e menos voltado para satisfações
individuais. Nossa vida coletiva é simbolizada. Objetos, vestuário, construções
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e mesmo aromas se tornam símbolos de nossas relações sociais. A


simbolização é uma das características básicas das culturas humanas.

EXIERCÍCIO:
Entre nós [brasileiros], (...) a separação imposta pelo sistema de produção foi a
mais fluida possível. Permitiu constante mobilidade de classe para classe e até
de uma raça para outra. Esse amor, acima de preconceitos de raça e de
convenções de classe, do branco pela cabocla, pela cunhã, pela índia (...) agiu
poderosamente na formação do Brasil, adoçando -o (Gilberto Freire, O mundo
que o português criou).
[Porém] o fato é que ainda hoje a miscigenação não faz parte de um processo
de integração das “raças” em condições de igualdade social. O resultado foi
que
(...) ainda são pouco numerosos os
segmentos da “população de cor” que conseguiram se integrar, efetivamente,
na sociedade competitiva (Florestan Fernandes, O negro no mundo dos
brancos). Considerando as atitudes expostas acima e os pontos de vista dos
estudiosos, é correto afirmar que:
A) A posição de Gilberto Freire e a de Florestan Fernandes demonstram o
conhecimento do senso comum diante da questão étnica no Brasil.
B) A posição de Gilberto Freire e a do turista estrangeiro demonstram a
visão da ciência antropológica diante da questão étnica no Brasil.
C) A posição do turista estrangeiro demonstra o conhecimento do senso
comum diante da questão étnica no Brasil.
D) Somente a posição de Gilberto Freire caracteriza a visão da ciência
antropológica diante da questão étnica no Brasil.
E) Somente a posição de Florestan Fernandes caracteriza a visão da
ciência antropológica diante da questão étnica no Brasil.
Resolução desta questão na Plataforma

REFERÊNCIA:
ADAS, Sérgio. Propostas de trabalho e ensino de Filosofia: especificidade: das habilidades;
eixos temático-históricos e transversalidade. Moderna. São Paulo, 2012

MARTIN, Celso. A identidade cultural e A relação saúde-doença, in GUERRIERO, Silas (org)


Antropos e psique: o outro e sua subjetividade. 9. ed. São Paulo: Olho d´Água, 2011.

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