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Índice de Assuntos

1.INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
2. ATITUDE FILOSÓFICA
3. A ORIGEM DA FILOSOFIA
4. ESCOLAS FILOSÓFICAS
5. FILOSOFIA CLÁSSICA
6. PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO
7.FILOSOFIA PRÉ SOCRÁTICA
8. OS SOFISTAS
9. OS SOFISTAS 2
10. SÓCRATES
11. SÓCRATES 2
12. PLATÃO
13. PLATÃO 2
14. MITO DA CAVERNA
15. ARISTÓTELES
16. ARISTÓTELES 2
17. EPICURISMO
18. ESTOICISMO
19. FILOSOFIA MEDIEVAL
20. ESCOLÁSTICA
21. FILOSOFIA MODERNA
22. RACIONALISMO
23. EMPIRISMO
24. RENÉ DESCARTES
25. JOHN LOCKE
26. DAVID HUME
27. THOMAS HOBBES
28.NICOLAU MAQUIAVEL
29. FILOSOFIA DO ILUMINISMO
30. JEAN-JACQUES ROUSSEAU
31. MONTESQUIEU
32. VOLTAIRE
33. IMMANUEL KANT
34. HEGEL
35. ARTHUR SCHOPENHAUER
36. NIETZSCHE
37. FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
38. EXISTENCIALISMO
39. HEIDEGGER
40. JEAN-PAUL SARTRE
41. FENOMENOLOGIA
42. MICHEL FOUCAULT
43. TEORIA DO CONHECIMENTO
44. TEOCENTRISMO
45. EPISTEMOLOGIA
46. DETERMINISMO
47. ÉTICA E MORAL
48. POLÍTICA E ÉTICA
1.INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
Sumário
- Introdução à Filosofia
- A importância de se estudar Filosofia

INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

A palavra filosofia advém do grego, e significa “amor por sabedoria”. A própria palavra indica
dois conceitos: amor (ou paixão) e sabedoria (compreensão e conhecimento), ensinando-nos
que um grande pensador é aquele que sente paixão pela verdade e amor por ideias.
O estudo da Filosofia requer um engajamento com o mundo, com ideias, conceitos e
pensamentos. Na realidade, todos nós estamos constantemente imersos em alguma forma de
filosofia. Isto é, somos seres curiosos por natureza. É de nosso interesse descobrir mais a
respeito de nós mesmos e a respeito do mundo e da vida. O grande filósofo Aristóteles
acreditava que o início da filosofia é a curiosidade, o questionamento. De fato, as crianças têm
o hábito de questionar as coisas até mais que a maioria dos adultos. Elas são naturalmente
curiosas. Estão sempre fazendo perguntas, querendo saber o porquê das coisas. À medida que
envelhecemos, passamos a aceitar o mundo pelo o que ele é, e não mais a buscar respostas
para perguntas. Passamos a aceitar a situação atual do mundo e adotamos muitas das crenças
da sociedade na qual vivemos. Infelizmente, muitos adultos perdem a curiosidade, deixam de
questionar o mundo e não mais buscam respostas a respeito das questões fundamentais da
vida.
O propósito do estudo da Filosofia é o de ajudar o ser humano a adquirir uma melhor
compreensão sobre a humanidade e sobre o mundo como um todo. A Filosofia fez parte de
praticamente toda grande civilização. O estudo da Filosofia, os filósofos e suas ideias, têm
mudado o curso do mundo, às vezes de uma forma sutil, às vezes de modo explícito e
evidente. As ideias de democracia na Grécia antiga e as ideias do socialismo implantadas no
início do século XX são exemplos de como ideias moldam a sociedade humana e o próprio
curso da História. No século XX, as ideias a respeito de direitos humanos influenciaram a
legislação de muitos países. Por exemplo, após a Segunda Guerra Mundial, ocorreram os
Julgamentos de Nuremberg, onde os perpetradores do Holocausto foram condenados por
crimes contra a humanidade. É inegável que culturas e sociedades são definidas pelos seus
princípios e ideias filosóficas.
A Filosofia diz respeito a praticamente todo aspecto da vida humana. A Filosofia tem algo a
dizer sobre as Ciências, a Arte, a Religião, a Política, a Medicina, etc. O estudo da Filosofia nos
ajuda a pensar de forma mais clara e a chegar a conclusões mais confiáveis.
Por meio do estudo da Filosofia, as pessoas questionam seus pontos de vista, suas assunções,
seus pensamentos e crenças. Um dos maiores propósitos de considerar ideias antigas e
modernas é o de chegar a conclusões confiáveis a respeito do mundo e de nós mesmos.
Já que o maior objetivo da Filosofia é a busca pela verdade, somos obrigados a questionar as
nossas ideias mais básicas, nossas crenças fundamentais. Pois nós, seres humanos,
frequentemente acreditamos em conceitos e ideias que são inconsistentes, até mesmo
contraditórias. Às vezes, nossas crenças nos proporcionam uma medida de conforto e
tranquilidade; questioná-las pode, portanto, ser um desafio, algo perturbador.
Estudar Filosofia significa fazer perguntas, mesmo que muitas delas talvez nunca sejam
satisfatoriamente respondidas. Algumas das perguntas feitas pela Filosofia são:
• O que é real?
• O que é a verdade?
• O que é conhecimento?
• O que é bondade?
• O que é justiça?
• A mente encontra-se separada do corpo?
• O ser humano tem livre arbítrio ou nossas ações são predeterminadas por eventos
passados e pela nossa composição biológica?
• Deus existe? Como se define Deus?
Algumas das perguntas feitas pelos filósofos e pelas religiões mais conhecidas são:
• O que significa viver de forma honrável? (Confúcio)
• O que é um Estado justo? (Platão)
• O que significa saber? (Aristóteles)
• Há significado na existência? (Judaísmo)
• Há algo além do mundo? (Cristianismo)
• O mundo é real ou ilusório? (Hinduísmo)
• O sofrimento pode ser superado? (Budismo)
• A vida tem significado? (Existencialismo)
• Os seres humanos têm a liberdade de determinar sua existência e destino? (Sartre)
• Como podemos ter certeza de qualquer coisa? (Descartes)
O estudo da Filosofia requer a tarefa crítica de lançar perguntas difíceis a respeito de ideias
que são presumidamente evidentes e verdadeiras. O propósito de levantar dúvidas não é o
de criar céticos e assolar a fé dos seres humanos, e sim, o de assegurar que as nossas crenças
sejam baseadas na verdade e que sejam, à medida do possível, sensatas. O objetivo da
Filosofia é a busca da verdade e a rejeição do erro e da inverdade. A Filosofia objetiva o
desenvolvimento de um retrato confiável e produtivo da realidade.
Muito da história da Filosofia trata de tentativas de desenvolvimento de sistemas de
compreensão que podem resistir às difíceis perguntas da filosofia crítica.

A IMPORTÂNCIA DE SE ESTUDAR FILOSOFIA


Os alunos podem questionar a importância do estudo da Filosofia. A resposta é que a maior
habilidade intelectual que um ser humano deve ter é a capacidade de pensar de forma clara.
Quem pensa claramente geralmente se torna um comunicador mais eficaz. Um bom pensador
consegue se expressar de forma mais clara e convincente. Essa é a melhor forma de persuadir
os outros. As habilidades adquiridas no estudo da Filosofa são extremamente úteis em
profissões e carreiras que envolvem pensamento crítico, a capacidade de resolver problemas,
raciocínio analítico e comunicabilidade.
Há várias formas de estudar Filosofia. Em alguns casos, estudam-se os principais filósofos, suas
vidas e ideias. Em outros casos, estudam-se os conceitos – o que os filósofos tinham a dizer
sobre a verdade, Deus, o livre arbítrio e inúmeras outras questões.
Sendo que as ideias e obras filosóficas foram influenciadas por fatores históricos e culturais,
apresentaremos o estudo dos principais filósofos e de suas ideias, de forma cronológica,
explicando como os movimentos filosóficos se originaram e se desenvolveram.
Alguns dos mais antigos filósofos foram: Confúcio, um grande pensador chinês, e Sócrates e
Platão, dois dos maiores filósofos gregos. Iniciaremos nosso estudo de Filosofia aprendendo
sobre os filósofos gregos. Ao final do curso, estudaremos sobre os filósofos contemporâneos
– os grandes pensadores do século XX.
Nosso estudo de Filosofia será uma jornada estimulante. Esperamos que você, aluno, além de
aprender muito, venha a adquirir um gosto por esse estudo. Nosso objetivo não é apenas
transmitir conhecimentos. Queremos estimulá-lo a pensar com mais profundidade e a
questionar conceitos que a maioria das pessoas aceita como sendo inquestionáveis. Essa é a
forma como foram formadas as grandes mentes que tanto contribuíram para a humanidade.

2. ATITUDE FILOSÓFICA
Índice
Introdução

O espanto

A dúvida

O rigor

A insatisfação

Exercícios
Introdução
É possível definir, de maneira geral, que a atitude filosófica trata-se de um comportamento que adota
posturas críticas pautadas na racionalidade em relação aos acontecimentos. A atitude filosófica é
determinada pela postura crítica que o homem adota frente às determinações e imposições sociais.

Faz parte da atitude filosófica colocar em dúvida as imposições e regras sociais. A partir disso, a
sociedade fundamenta o comportamento crítico e passa a atuar como questionadora e
problematizadora das imposições, das regras e das padronizações sociais.

A atitude filosófica é determinada pelo posicionamento crítico, pois o ser humano, enquanto ser
racional, passa a entender o mundo e sua realidade de forma distinta. A crítica ao modelo em que vive,
as perplexidades e incômodos cotidianos, permitem que os cidadãos entendam que precisam adotar
uma postura crítica, reativa e afirmativa diante dos problemas e questões que abalam a vida cotidiana.

O homem racional passa a agir ativamente e deixa de ser levado e dominado pelo outro. Toda atitude
do próprio ser social e dos outros atores que convivem no seu meio passam a ser racionalmente
questionadas.

Apesar de possuir uma definição geral, a atitude filosófica apresenta quatro aspectos que podem
complementar sua definição: o espanto, a dúvida, o rigor e a insatisfação.

O espanto
O espanto é considerado o ponto de partida para uma atitude filosófica. A partir do espanto, o ser
social deixa de ser indiferente à sua realidade, as ações e os acontecimentos geram o espanto e
impulsionam uma atitude crítica, racional, contestadora e problematizadora.

Aristóteles foi um dos primeiros a defender a origem da filosofia a partir do espanto do ser social, da
estranheza e da perplexidade em relação aos acontecimentos da natureza, do universo e da vida. Para
Aristóteles, o espanto é o ponto de partida para a formulação de perguntas críticas e racionais e,
consequentemente, para a busca por respostas e soluções que possam minimizar ou solucionar
definitivamente as questões que geram dúvida, incômodo e desconforto.

A dúvida
A dúvida também é elemento essencial para a construção da filosofia. É preciso que o filósofo duvide
de todos os conceitos, todas as verdades e todas as imposições sociais. O filósofo não deve naturalizar
os conhecimentos, deve problematizar tudo que é posto e apresentado.

Se não houver dúvida, não será possível repensar e discordar do que já está estabelecido. Sem a
dúvida, não se reformula o conhecimento filosófico baseado na racionalidade, já que todas as
respostas e teorias deixam de ser questionadas.

O rigor
A atitude filosófica depende basicamente do rigor para garantir bases sólidas para seus
questionamentos e atitudes. É preciso rigor para evitar ambiguidade, informações e críticas
contraditórias aos fatos que são postos em xeque.
O rigor é o elemento essencial para que o filósofo ou o questionador não use de falsas informações ou
lógica rasa e falaciosa para basear suas críticas e atitudes. O rigor, aliado à racionalidade, garante as
bases para sustentação das críticas ao modelo socialmente imposto, que é o alvo principal daqueles
que adotam a atitude filosófica.

A insatisfação
Não é tarefa da filosofia garantir respostas prontas e satisfatórias às questões e dúvidas pessoais. O
que mais se encontra na filosofia são questionamentos e dúvidas. Não há certezas, as teorias não estão
prontas e acabadas. É preciso sempre que o filósofo duvide do senso comum, duvide das informações
que recebe, duvide de suas próprias conclusões e certezas.

O filósofo deve evitar a satisfação diante das respostas que encontra, pois a insatisfação garantirá a
busca por outras respostas, por outros pontos de vista, outras teorias e outras visões de mundo diante
da sociedade e das práticas que estão sendo questionadas.

A atitude filosófica é, portanto, um posicionamento, um modelo de ação que discorda, questiona e


busca respostas e possíveis ações para o padrão social da sociedade na qual o filósofo vive.

Exercícios
EXERCÍCIO 1

(UEG/2013)

O ser humano, desde sua origem, em sua existência cotidiana, faz afirmações, nega, deseja, recusa e
aprova coisas e pessoas, elaborando juízos de fato e de valor por meio dos quais procura orientar seu
comportamento teórico e prático. Entretanto, houve um momento em sua evolução histórico-social
em que o ser humano começa a conferir um caráter filosófico às suas indagações e perplexidades,
questionando racionalmente suas crenças, valores e escolhas. Nesse sentido, pode-se afirmar que a
filosofia:

A - é algo inerente ao ser humano desde sua origem e que, por meio da elaboração dos sentimentos,
das percepções e dos anseios humanos, procura consolidar nossas crenças e opiniões.

B - existe desde que existe o ser humano, não havendo um local ou uma época específica para seu
nascimento, o que nos autoriza a afirmar que mesmo a mentalidade mítica é também filosófica e exige
o trabalho da razão.

C - inicia sua investigação quando aceitamos os dogmas e as certezas cotidianas que nos são impostos
pela tradição e pela sociedade, visando educar o ser humano como cidadão.

D - surge quando o ser humano começa a exigir provas e justificações racionais que validam ou
invalidam suas crenças, seus valores e suas práticas, em detrimento da verdade revelada pela
codificação mítica.

3. A ORIGEM DA FILOSOFIA
Índice

Introdução
A mitologia e as explicações mitológicas
O avanço da filosofia
Fases e temas da filosofia clássica
Exercícios

Introdução
A palavra filosofia vem do grego philosophia e significa: philo- amizade, amor, afeição e sophia -
sabedoria. Portanto, a filosofia significa o respeito, amor e apreço pelo saber. O termo filosofia foi
cunhado pelo matemático e filósofo Pitágoras a partir da junção das palavras philo e sophia.

A filosofia surge na Grécia no período compreendido entre o final do século VII a.C e o início do século
VI a.C. A filosofia foi a maneira pela qual os gregos antigos encontraram para explicar o mundo, os
fenômenos, e os acontecimentos de maneira racional.

A mitologia e as explicações mitológicas


Os mitos são narrativas repletas de elementos simbólicos, fantasiosos e até mesmo sobrenaturais que
os gregos utilizavam para explicar fatos e fenômenos relativos à realidade em que viviam e a natureza.

Os personagens mitológicos são seres com características humanas e sobrenaturais que explicam a
partir de contos o surgimento do mundo e tentam responder as questões ligadas também ao
desenvolvimento da natureza e aos fenômenos ligados à realidade a partir da fantasia.

Os mitos tinham como objetivo passar, através da oralidade, conhecimentos e explicações sobre os
fatos que influenciavam o cotidiano dos gregos e despertavam também a curiosidade desse povo sobre
assuntos ligados ao desenvolvimento do mundo e da natureza. A mitologia é a área do conhecimento
destinada a entender os mitos, suas origens e funções na sociedade.

No entanto, em um determinado momento, as explicações mitológicas já não eram mais suficientes.


Os gregos já não se contentavam mais com as explicações mitológicas e fantásticas e passaram a
buscar no conhecimento racional explicações que pudessem solucionar as dúvidas e inquietações que
tinham sobre a origem do mundo, as causas dos acontecimentos naturais, a origem do pensamento e
das regras e modelos que organizam o mundo.

As explicações mitológicas deram lugar então a racionalidade como forma de entender o mundo em
que viviam. O mito pouco a pouco foi substituído pela filosofia, que é a maneira racional de explicar o
mundo e vários aspectos referentes à vida natural, social e política.

Desde seu surgimento, que aconteceu entre os séculos VII a.C e VI a.C, a filosofia procurou mostrar
que o desenvolvimento do pensamento e das explicações racionais serviu para desmistificar as crenças
e mitos perpetuadas na sociedade. Com isso, a partir da filosofia e do pensamento racional, houve
também o desenvolvimento de uma série de outras áreas do conhecimento, que faziam uso da
racionalidade, como a matemática, a física, a química e a geometria.

O avanço da filosofia

A filosofia originária da Grécia espalhou-se por outras áreas a partir das viagens marítimas, das trocas
comerciais e da forma como a política grega se organizou. Foi com as viagens marítimas e o contato
com outros povos através das trocas comerciais que a busca por respostas racionais e portanto,
filosóficas espalhou-se para áreas além da Grécia.

A maneira como a política grega organizava-se também foi importante para a disseminação dos
conhecimentos filosóficos e da maneira pela qual as respostas e questionamentos passaram a ser
encarados. Os locais destinados para discussões políticas e resolução de conflitos nas pólis foi de
extrema importância para que o conhecimento filosófico atingisse um maior número de indivíduos.

Fases e temas da filosofia clássica


A filosofia clássica grega divide-se em três grandes fases.

Período Pré-Socrático (séculos V a VII a.C)

É a fase de desenvolvimento da filosofia e os principais temas tratados estão ligados a natureza,


surgimento do mundo e organização de elementos naturais e do cosmos. O principal nome do período
é Tales de Mileto.

Período Socrático ou Clássico (século V a IV a.C)

Momento de Surgimento da democracia. Os filósofos dedicam-se a pensar nos indivíduos e na política.


Os principais nomes do período são: Platão e Aristóteles.

Período Pós Socrático (século III até o início da Era cristã)

Nesse período a Grécia perde a hegemonia no campo filosófico. Filósofos tratam de assuntos ligados
a instabilidade da vida cotidiana e a resolução de dúvidas ligadas à existência.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(UEL/2003)

“Tales foi o iniciador da filosofia da psysis, pois foi o primeiro a afirmar a existência de um princípio
originário único, causa de todas as coisas que existem. Essa proposta é importantíssima... podendo
com boa dose de razão ser qualificada como a primeira proposta filosófica daquilo que se costuma
chamar civilização ocidental”.

A filosofia surgiu na Grécia, no século VII AC. Seus primeiros filósofos foram os chamados pré-
socráticos. De acordo com o texto, assinale a alternativa que expressa o principal problema por eles
investigado.

A - A ética, enquanto investigação racional do agir humano.

B - A estética, enquanto estudo sobre o belo na arte.

C - A epistemologia, como avaliação dos procedimentos científicos.

D - A cosmologia, como investigação acerca da origem e da ordem do mundo.

E - A filosofia política, enquanto análise do Estado e sua legislação


4. ESCOLAS FILOSÓFICAS

• Introdução
• Os Pré-Socráticos
• Período Clássico
• Período Pós-Socrático
• Pensamento Medieval
• Filosofia Moderna
• Filosofia Contemporânea
• Exercícios

Introdução

A palavra filosofia vem do grego philosophia, e significa amor à sabedoria. A Filosofia como ciência tem
sua origem no momento em que o homem deixa de usar os mitos como explicação para o
funcionamento da natureza, da vida e da sociedade.

Ou seja, a filosofia é a maneira racional que o homem utiliza para buscar explicações sobre a vida, a
sociedade, a origem das coisas e fenômenos naturais.

A Grécia é considerada o berço dos filósofos e primeiros pensadores racionais, pois foi lá que a
filosofia teve origem, em meados do século V a.C.

Da Grécia até a contemporaneidade, a filosofia é dividida em escolas filosóficas, organizadas de acordo


com o período histórico e as principais características de pensamento.

Os Pré-Socráticos

É considerada a primeira escola de pensamento filosófico, com início no século V a. C. Os filósofos


dessa escola viveram antes de Sócrates e preocupavam-se em explicar o universo, a natureza e suas
transformações a partir de explicações racionais e observação dos elementos naturais.

Para esses filósofos a arché, ou natureza dos objetos era considerada princípio formador de tais
objetos.

Na escola pré-socráticas encontram-se algumas importantes correntes e escolas de pensamento.

Escola Jônica

Tem o objetivo descobrir a origem de todas as coisas a partir de pensamentos e constatações


racionais. Identificou os quatro elementos: água, ar, terra e fogo como os elementos fundamentais
para a natureza. Principal nome: Tales de Mileto, conhecido como pai da filosofia.
Escola de Eléia

Principal nome: Parmênides. Para o filósofo a única realidade existente é o ser, que é por sua
vez, indivisível e imutável. O ser é entendido como algo que já existe, que já é, e não algo que pode vir
a ser alguma coisa.

Escola Sofista

Os sofistas tinham interesse em descobrir o fundamento de todas as coisas, buscavam o fundamento


de tudo a partir de explicações lógicas e racionais. Principal filósofo: Protágoras.

Escola Atomista

Para os atomistas todos os seres humanos e coisas são formados pela junção de partículas indivisíveis,
os átomos, que se encontram a partir de colisões no espaço. Principal nome: Demócrito.

Período Clássico

Período marcado pelo desenvolvimento e estruturação da filosofia e pelo desenvolvimento dos


primeiros conceitos de ética e política. Na filosofia clássica, três nomes são primordiais para o
desenvolvimento das ideias:

Sócrates

Considerado o primeiro filósofo a buscar rigorosas definições universais para as virtudes morais. Criador
do Método Socrático, técnica de ensino e pesquisa que faz uso da dialética.

Platão

Discípulo de Sócrates, Platão tem uma profunda crença na ideia de busca pela razão e verdade. Autor
do livro “A República”, Platão descreve uma sociedade ideal dividida em três classes. Platão também
escreve sobre o mundo das ideias e o mundo da razão no Mito da Caverna.

Aristóteles

Aluno de Platão, desenvolveu trabalhos sobre a observação sistemática da natureza e fenômenos


físicos. Aristóteles desenvolve também estudos sobre objetos imateriais, a partir desses estudos, dá
início a metafísica.

Período Pós-Socrático

Período correspondente ao fim do período Clássico até o começo da Idade Média. Nesse período a
Grécia perde a hegemonia sobre os estudos e produções filosóficas. As principais escolas são:

Epicurismo

Escola fundada por Epicuro, os epicuristas creem que o bem é originário da prática da virtude e para
que o indivíduo encontre o prazer, tanto o corpo quanto a alma devem evitar o sofrimento.
Ceticismo

Os ceticistas adotam uma postura de dúvida diante de todo e qualquer conhecimento, para esses
filósofos não é possível que se tenha certeza sobre nenhum conhecimento.

Estoicismo

Defendem o uso da razão a qualquer custo. Todo sentimento, emoção e prazer devem ser deixados de
lado. Principais nomes: Zenão de Cítio e Sêneca.

Cinismo

Os filósofos deveriam assumir uma postura de distanciamento e desprezo pelos bens materiais.
Consideravam que a felicidade era conquistada através da virtude. Principal nome: Antístenes.

Pensamento Medieval

Momento em que a filosofia foi bastante influenciada pela Igreja Católica. As correntes de pensamento
são teocêntricas, em que o pensamento religioso define e influencia as formas de sentir, ver, pensar e
fazer ciência. Os principais nomes são:

Santo Agostinho

O conhecimento é de origem divina, portanto, as verdades e explicações sobre o mundo devem ser
encontradas nas palavras de Deus.

São Tomás de Aquino

Considerado o pai da filosofia escolástica defende o uso de explicações que unem a fé e a razão
científica. A corrente escolástica retoma os pensamentos clássicos de Platão e Aristóteles.

Filosofia Moderna

Com o Renascimento Cultural e científico, a filosofia deixa de ser feita a partir de pensamentos
religiosos, a razão e ciência ganham destaques nas maneiras de pensar.

No período iluminista, a razão e o uso de métodos científicos são considerados os únicos meios para
se obter conhecimento. As principais correntes e nomes são:

Cartesianismo

A razão e a matemática são as únicas bases para o conhecimento. Principal nome: René Descartes.

No período Iluminista

• Montesquieu: crítico das monarquias absolutistas e criador da separação dos poderes em executivo,
legislativo e judiciário.
• Diderot: elaborou uma filosofia baseada nos saberes das ciências exatas, iniciando o materialismo
científico. Ao lado de D´Alembert organizou uma enciclopédia.
• D'Alembert: realizou trabalhos matemáticos como forma de explicar o mundo e a natureza.
• Rousseau: afirma que o homem nasce bom, mas ao longo da vida é corrompido pela sociedade,
tornando-se, portanto mau. É também um dos importantes filósofos do contratualismo, que explica o
surgimento do Estado e sociedades a partir dos contratos sociais.

Outros pensadores

• Marx: Usa o método dialético para desenvolver sua filosofia político econômica, com foco nas relações
de trabalho.
• Friederich Nietzsche: Crítico do modelo social representado pelo cristianismo e os valores, cultura e
padrões ocidentais.

Filosofia Contemporânea

No decorrer do século XX, várias correntes filosóficas ganharam espaço, como as interpretações do
marxismo, que surgiram com Antonio Gramsci, Gyorgy Lukács e Louis Althusser.

Os pensadores Michel Foucault e Sartre também escreveram sobre os mais variados assuntos.

Michel Foucault escreveu obras sobre sexualidade, loucura e relações de poder. Jean Paul Sartre dá
voz a angústia humana na corrente do existencialismo. A filosofia contemporânea é marcada pelo foco
no indivíduo e as relações estabelecidas entre seres humanos e entre realidades sociais.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(UEG/2011)

A influência de Sócrates na filosofia grega foi tão marcante que dividiu a sua história em períodos: período pré-
socrático, período socrático e período pós-socrático. O período pré-socrático é visto como uma época de
formação da filosofia grega, na qual predominavam os problemas cosmológicos. Ele se desenvolveu em cidades
da Jônia e da Magna Grécia. Grandes escolas filosóficas surgem nesse período e muitos pensadores se destacam.
Entre eles, um jônico, que ficou conhecido como pai da filosofia. Seu nome é:

• A - Tales de Mileto

• B - Leucipo de Abdera.

• C - Sócrates de Atenas.

• D - Parmênides de Eléia.

5. FILOSOFIA CLÁSSICA
Índice

Introdução
O Período Pré-Socrático
O Período Clássico
Período Pós-Socrático

Introdução

Filosofia, do grego antigo philosophia, significa “amor à sabedoria”. Surgida na Grécia Antiga, serviu
aos pensadores da época para explicar e desvendar os mitos até então dados como verdades imutáveis.

A Filosofia Clássica é o período em que se iniciou o pensamento filosófico, e manteve-se ativa entre
os séculos VII a.C e VI d.C.

Podemos ainda, dividir este período entre os períodos Pré-Socrático, Clássico e Pós-Socrático,
exatamente pelo trabalho do maior filósofo desta época: Sócrates.

O Período Pré-Socrático

Este período é marcado pelo pensamento voltado principalmente a explicar a natureza, o Universo,
suas leis e fundamentos através da razão e da lógica.

A geometria, aritmética, física e química tem várias de suas primeiras ideias registradas nessa época.

Tales de Mileto desenvolve seu famoso Teorema de Tales durante o período, indicando o princípio da
geometria.

Entre outras discussões, ele começa o pensamento voltado à matéria e do que somos feitos, indicando
erroneamente que toda a matéria deriva da água.

Heráclito, Pitágoras, entre outros também se encaixam nesta época, contribuindo cada um com seu
trabalho. Heráclito com sua Dialética e Pitágoras com suas Leis da Geometria.

Demócrito e Leucipo continuam os estudos de Tales de Mileto sobre a formação da matéria.

Recusando as proposições de Tales de Mileto, eles sugerem pela primeira vez a existência do átomo.

O Período Clássico

Marcado pela glória da Grécia, nesta época o desenvolvimento cultural, urbano e filosófico foi o de
maior intensidade na região.

É neste período que viveram Sócrates, Platão, Aristóteles e os sofistas.

Sócrates, diferentemente de seus predecessores, iniciou a corrente filosófica de estudo do Homem,


sua moral, suas ações e aquilo que ele chamava de “Mundo da Realidade”: o mundo sem mitos,
histórias e fantasias, com a realidade baseada na lógica e razão.
A fim de resolver cada uma destas questões ligadas ao homem, ele desenvolveu o Método Socrático,
definido como a quebra de uma grande pergunta entre diversas outras menores. Assim, respondendo
todas as pequenas, é possível entender e responder a maior.

Este método, difundido e utilizado largamente, foi a base do pensamento filosófico que se estende até
hoje.

Entre os estudos socráticos destacam-se a Política, a Virtude, a Teologia e o próprio Conhecimento em


si, este exemplificado pela famosa frase “sei que nada sei”, já que, a cada pergunta respondida, diversas
outras surgiam.

Nada dos estudos de Sócrates foi escrito por ele, todas suas ideias e teorias são relatadas nos escritos
de seu discípulo, Platão.

O famoso discípulo de Sócrates prezava pelo estudo do Conhecimento, defendendo que deveríamos
separar o “Mundo da Realidade” do “Mundo das Aparências”, como exemplificado em seu “Mito da
Caverna”.

No mito, ele explica que devemos nos separar das imagens que acreditamos ser a realidade e buscar
a fonte de luz, ou de conhecimento verdadeiro, que causam estas falsas impressões da realidade.

Entretanto, é difícil que o homem aceite a ideia de que sua realidade é falsa. Ele vê aquele que contraria
sua realidade como um inimigo, atacando-o e fechando os olhos para a verdade, permanecendo nas
sombras.

Os sofistas, filósofos contemporâneos de Sócrates e Platão, eram de uma escola de filosófica que
pregava que a verdade não era única e imutável, mas que podia ser moldada de acordo com o
momento. Eles eram mestres em oratória e retórica.

Por estes motivos, tinham conflitos diretos com as ideias de Sócrates sobre a verdade imutável baseada
na razão.

Aristóteles também foi contra os sofistas. Ele defendia as ideias de Sócrates, mas possuía as suas
próprias.

No vasto campo de estudo de Aristóteles, ele se destacou na Lógica, Política, Ética, Retórica, Metafísica,
Astronomia e as Ciências da Natureza.

A partir da Lógica de Aristóteles, foi possível a Revolução Científica do século XVI d.C.

Período Pós-Socrático

Período que se estende do século III a.C até o início da Era Cristã, o período pós-socrático mostra o fim
da hegemonia grega e queda do império.

As inconstâncias da vida cotidiana pela guerra deram início à correntes filosóficas como o Ceticismo,
em que o homem é cercado pela dúvida e não deve manter-se fixado numa única verdade, mas sim
procurar sempre outras alternativas.

O Epicurismo, do filósofo Epicuro, buscava o prazer imediato, tanto intelectual quanto corpóreo, pois
não se sabia o resultado de amanhã.
Os seguidores do Estoicismo mantinham a razão como pedra fundamental de seus pensamentos,
pregando que o sofrimento, perdas e emoções deveriam ser mantidas de lado para o pensamento claro
e lógico.

6. PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO

Índice
Introdução

Sócrates
Principais Correntes
Principais Filósofos
Exercícios

Introdução
O Período da Filosofia chamado de Pré Socrático é aquele no qual surgem os primeiros filósofos e
os primeiros trabalhos de filosofia, entre os séculos IX e VI a.C.

Embora muitos filósofos tenham vivido e produzido no período anterior a Sócrates, a Escola Pré
Socrática define também uma tendência de pensamento que circulou entre pensadores que viveram
no mesmo período que Sócrates.

Os filósofos desse período buscavam compreender os aspectos naturais do mundo, chamados


de physis. Buscavam identificar e entender quais os elementos primeiros, que deram origem a todas
as outras coisas existentes no mundo. A ligação com a natureza e com os elementos naturais eram os
fatores mais importantes e marcantes dentro das obras Pré Socráticas.

Com o surgimento da filosofia, as explicações deixaram de ser unicamente mitológicas e passaram a


ser cada vez mais racionais, baseadas na razão, em explicações que não fossem fantásticas e
mitológicas.

Sócrates
Sócrates foi um filósofo Ateniense que viveu no século IV a. C., o grego é considerado um
dos fundadores do modelo filosófico ocidental. Existem poucas informações históricas sobre a sua vida
e carreira, as principais são conhecidas a partir dos relatos de seus alunos. Platão, através dos
conhecidos diálogos de Platão e Xenofonte; e através de peças teatrais de Aristófanes.

Xenofonte descreve Sócrates como dedicado ao que considerava o método filosófico mais
importante: a maiêutica. A maiêutica é um método que entende que a verdade faz parte de todo ser
humano e é desenvolvida em todo indivíduo a partir do momento que este responde uma série de de
questionamentos, aparentemente simples, mas de extrema importância para o autoconhecimento e
concepção da verdade.

Segundo os relatos, Sócrates é o criador da técnica de ensino chamada de Método Socrático. O método
tem como princípio a construção do conhecimento de cada indivíduo. Para o filósofo, o conhecimento
dos discípulos era construído a partir da troca de experiências, do diálogo. De acordo com Sócrates,
através do diálogo era possível refletir mais profundamente sobre as próprias afirmações e conclusões.

O método de transmissão de conhecimento, muito utilizado por uma série de filósofos, não
permitia que os discípulos construíssem seus próprios conhecimentos, apenas que propagassem as
ideias de seus tutores.

Principais Correntes
O período Pré Socrático é dividido em algumas importantes correntes de pensamento. Embora
algumas questões e levantamentos sejam diferentes e específicos, todas as correntes apresentam
como característica principal a busca pela compreensão dos fatos, acontecimentos e elementos a
partir das questões naturais, ou seja, todo conhecimento era voltado para explicação natural dos
fenômenos. As principais escolas de pensamento do período são:

Escola Jônica: os pensadores dessa escola consideravam o universo estático e buscavam as


explicações para o surgimento do mundo e de todas as matérias a partir de um único elemento
fundamental e essencial, chamado arché. Nem sempre os filósofos dessa escola consideravam o
mesmo elemento como formador de todas as coisas.

Escola Itálica: Escola desenvolvida no Sul da Itália, seus pensadores entendiam que a matemática e os
números eram os elementos responsáveis pela essência das coisas.

Escola atomística: os seus pensadores desenvolveram a ideia de que a junção de vários elementos, os
átomos, é que formam os objetos.

Escola Eleática: o principal pensamento desenvolvido é a ideia do “um”, do “é”. Uma coisa existe, ela
não pode vir a ser, apenas existe. A unidade está ligada à religião, a ideia de que Deus é um, perfeito,
não criador, eterno e não se modifica.

Principais Filósofos
Cada escola Pré Socrática conta com alguns filósofos de destaque, com a maior divulgação de suas
ideias, obras e pensamentos.

Escola Jônica

Os principais nomes dessa escola são: Tales de Mileto, Anaxímenes de Mileto, Anaximandro de
Mileto e Heráclito de Éfeso.Todos pensavam em elementos naturais como sendo fundamentais
essenciais para formação de todas as coisas, no entanto, não concordam sobre qual seria tal elemento.

Para Tales, o elemento seria a água. De acordo com Anaximandro seria o ápeiron, elemento que
permite a união e separação dos corpos. Segundo Anaxímenes, o elemento seria o ar, enquanto
para Heráclito, o elemento seria o fogo. Heráclito afirmava, também, que nada no mundo é estático,
tudo está em constante mudança.

Escola Itálica

O principal filósofo é Pitágoras de Samos, que afirmava que os números, a física e a matemática, unidas
a elementos místicos, são responsáveis pela formação dos elementos.

Escola Atomística
A ideia do átomo como partícula indivisível e formadora dos elementos, foi desenvolvida por Leucipo e
trabalhada profundamente por Demócrito.

Escola Eleática

Os principais nomes dessa escola são: Xenófanes de Cólon, Parmênides e Zenão de Eleia. Xenófanes
desenvolveu a ideia do “um” voltado à religião. Para ele, o mundo foi formado por um Deus único,
eterno e que não se modifica com o passar do tempo. A ideia do “um” religioso foi desenvolvida
posteriormente por Parmênides. Zenão, por sua vez, desenvolveu a ideia de que todo movimento é
uma ilusão.

Exercícios
EXERCÍCIO 1

(UEL/2003)

“Tales foi o iniciador da filosofia da physis, pois foi o primeiro a afirmar a existência de um princípio
originário único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que esse princípio é a água. Essa
proposta é importantíssima… podendo com boa dose de razão ser qualificada como a primeira
proposta filosófica daquilo que se costuma chamar civilização ocidental.”

(REALE, Giovanni. História da filosofia: Antigüidade e Idade Média. São Paulo: Paulus, 1990. p. 29.)

A filosofia surgiu na Grécia, no século VI a.C. Seus primeiros filósofos foram os chamados pré-
socráticos. De acordo com o texto, assinale a alternativa que expressa o principal problema por eles
investigado.

A - A ética, enquanto investigação racional do agir humano.

B - A estética, enquanto estudo sobre o belo na arte.

C - A epistemologia, como avaliação dos procedimentos científicos.

D - A cosmologia, como investigação acerca da origem e da ordem do mundo.

E - A filosofia política, enquanto análise do Estado e sua legislação.

7. FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

Sumário
- O Nascimento da Filosofia - os mitos
- Tales de Mileto

O Nascimento da Filosofia - os mitos


Antes dos filósofos, os fenômenos eram explicados por meio dos mitos. Assim, por exemplo,
para explicar os relâmpagos, dizia-se que estes eram arremessados pelo deus Zeus, do alto do
Monte Olimpo.
O nascimento da Filosofia foi um marco na história de uma série de pensadores brilhantes que
influenciaram e continuam a influenciar o mundo. A Filosofia impulsiona a razão, a lógica, a
investigação científica, a matemática, a teologia e a política, entre outras áreas.
Nas suas origens, não havia uma clara distinção a Filosofia e a Ciência. No período da Grécia
arcaica, a principal preocupação dos filósofos era a de encontrar o elemento primário da vida,
a partir do qual o mundo e o homem teriam surgido.
Ao contrário da maioria dos outros povos da Antiguidade, que se limitavam a buscar
compreender o mundo por meio de mitos e deuses, os gregos, com seu espírito especulativo
e crítico, objetivavam explicar, de maneira racional, a natureza e o homem.
Os gregos substituíram o mito pela cosmologia filosófica. A cosmologia filosófica busca
respostas para a estrutura, a origem e a composição do mundo. Na formação da Filosofia
grega, predominavam as questões cosmológicas.

Tales de Mileto - uma teoria unificada


O primeiro dos nomes conhecidos entre os filósofos gregos é o de Tales de Mileto (624 a.C. –
c546 a.C.). Tales de Mileto foi um filósofo pré-Socrático que é frequentemente considerado o
primeiro filósofo e o pai da filosofia ocidental. Alguns também o chamam de o "primeiro
cientista";.

Note: A influência de Sócrates na filosofia grega foi tão marcante que dividiu sua história em
períodos: período pré-socrático, período socrático e período pós-socrático.

Tales de Mileto foi um filósofo, matemático e astrônomo, originário da cidade de Mileto, na


Grécia. Pouco sabemos a respeito de sua vida. Não se sabe com exatidão quando ele nasceu
ou faleceu. Infelizmente, os fragmentos originais de seus escritos, caso existiram, não
sobreviveram até os dias de hoje. A maioria do que sabemos da filosofia de Tales de Mileto se
encontra nos escritos de Aristóteles.
A forma como Tales de Mileto abordava as questões filosóficas não se pode comparar a dos
filósofos modernos ou mesmo a dos filósofos gregos que vieram mais tarde. Contudo, ele foi
o primeiro filósofo a buscar explicações científicas para os fenômenos naturais, em vez de
buscar respostas no mundo sobrenatural. Sua linha de pensamento foi seguida por vários
pensadores gregos e deu origem à Filosofia como disciplina e ciência.
Tales de Mileto iniciou o estudo da origem das coisas e do mundo. Ele buscou entender a
"physis" (a natureza) dos objetos que causa com que eles se comportarem de certa forma. O
filósofo tentou definir a substância ou substâncias que compõem todos os objetos materiais.
Ele rejeitou os mitos e as teorias sobrenaturais e foi o primeiro pensador a tentar entender o
mundo por meio de uma teoria unificada. Aristóteles relata que Tales de Mileto acreditava
que tudo advinha da água, ou seja, que a substância primária do mundo é a água. Segundo
Tales de Mileto, a água é o princípio originário de tudo, a partir da qual todas as coisas surgem
e a qual regressaram.
Essa foi a primeira proposta filosófica da origem do universo. Alguns discípulos de Tales de
Mileto acreditavam em outros princípios únicos originários de todas as coisas, como o ar, por
exemplo.
Além de ser considerado o primeiro filósofo, Tales de Mileto foi também o primeiro a definir
princípios gerais e a desenvolver hipóteses por meio de uma investigação sistemática e não
tendenciosa. Sua maior especulação dizia respeito à formação das leis que regiam o
conhecimento da ciência abstrata.
Além disso, Tales desenvolveu uma série de conhecimentos práticos, especialmente no campo
da Matemática. Muitos o consideram o "primeiro matemático". Acredita-se que Tales trouxe
a disciplina do Egito para a Grécia. Ele fez algumas descobertas importantes para a
Matemática, inclusive na Geometria Plana, como o Teorema de Tales.
Seus Discípulos
Dentre os discípulos de Tales de Mileto, merecem destaque: Anaxímenes, que via no ar a
substância primária, e Anaximandro, para quem os mundos eram infinitos em sua perpétua
inter-relação. Dois outros filósofos merecem destaque: Xenófanes, que acreditava em um
único Deus que dirigia as forças do mundo, e considerava o politeísmo e as lendas acerca da
vida dos deuses como simples invenções da imaginação humana, e Pitágoras de Samo, para
quem os segredos do universo se encontram na harmonia dos números.
8. OS SOFISTAS
Sumário
- Os filósofos gregos
-,Contexto Histórico
- Os Sofistas e suas Teorias
- Em meio aos sofistas surge Sócrates

Os filósofos gregos
A Filosofia foi, sem sombra de dúvida, a maior das criações gregas, consistindo no fundamento
de todo o pensamento ocidental, influenciando nações inteiras até os dias de hoje. Ao
contrário da maioria dos outros povos da Antiguidade, que se limitavam a buscar
compreender o mundo através de mitos e deuses, os gregos, com seu espírito especulativo e
crítico, objetivavam explicar, de maneira racional, a natureza e o homem. Ao longo da história
helênica, inúmeras escolas filosóficas, cada uma delas com uma metodologia e objetos de
estudo diferenciados, floresceram na Península Balcânica.
As escolas filosóficas gregas iniciaram sua busca pela verdade ao questionar o cosmo e a
natureza. Tales buscou descobrir o elemento físico responsável pela criação da
Natureza, Heráclito foi o primeiro filósofo a constatar a importância do movimento do
Universo, e Pitágoras pregava a noção de que o número é a essência do Universo.

Contexto Histórico
A característica básica da cultura e do pensamento grego nos séculos V e IV a.C. foi
o Humanismo: a preocupação com a valorização do homem. Os filósofos se interessavam no
homem e em sua sabedoria, moralidade e direitos.
A filosofia grega passou a se preocupar fundamentalmente com o homem; é o caso, por
exemplo, dos sofistas – Protágoras tendo sido o mais notável deles. Esses filósofos eram,
acima de tudo, professores.
As causas dessa mudança de pensamento foram várias, sendo as mais relevantes:
• a vitória grega sobre os persas demonstrou que um grupo menor, mas composto de
pessoas cultas e instruídas, poderia derrotar um exercito enorme e desorganizado,
constituído de bárbaros.
• o contato com outros povos, costumes e culturas.
• a democracia ateniense, onde cada cidadão poderia tentar um cargo público. Com esse
objetivo, as pessoas buscavam desenvolver suas personalidades e virtudes através da
cultura e da educação.
Como estudamos em História, a democracia ateniense era direta, enquanto hoje, nas
sociedades ocidentais, prevalece a democracia exercida através de representantes. No tempo
de Péricles, os cidadãos se reuniam no Ágora (praça) para conduzir os assuntos da Polis. O
governo era, dessa maneira, “do cidadão e pelo cidadão”. As assembleias populares eram
comícios ao ar livre que agrupavam todos os cidadãos masculinos maiores de 18 anos.
As decisões aí tomadas representavam a palavra final nos tratados, na economia, no
ordenamento jurídico, nas obras públicas, na paz e na guerra, em suma, em todas as
atividades administrativas. Essas reuniões eram cotidianas e todos tinham o direito de fazer
uso da palavra. Assim, a oratória tornou-se indispensável para o convencimento das massas.
Se o Ágora era o espaço geográfico do poder, nele imperava o Logos (a palavra). A democracia
ateniense, dessa maneira, gerou os demagogos (“demos”: povo; “gogos”: condutor), líderes
que buscavam persuadir e seduzir politicamente a população. Os demagogos tinham como
mestres os sofistas, os primeiros professores pagos na história da humanidade. Eles instruíam
os jovens na arte de governar. O caminho era pela oratória.

Os Sofistas e suas Teorias


O período filosófico grego, que abrangeu todo século V a.C., foi constituído pelos sofistas. Foi
mencionado acima que os sofistas foram os primeiros professores pagos. Alguns dos principais
sofistas foram Protágoras, Górgias e Pródico.
Era uma cresça tradicional grega que suas cidades tinham recebido suas leis de alguma
divindade, protetora da cidade. Acreditavam também que o bom (a felicidade) constituía-se
em conformar suas vidas a tais leis, aceitas como divinas e eternas. Os sofistas questionaram
e abalaram tal crença.
O termo sofismo deriva da palavra grega “sophos” ou “Sophia”, que quer dizer sabedoria.
A sofística, escola filosófica nascida em Atenas, defendia o “mundo da realidade” e
o relativismo do conhecimento, ou seja, a verdade é aquilo que é útil para a tomada e a
manutenção do poder e para a ação humana.
Protágoras, o maior dos sofistas, resume essa postura ao afirmar que “o homem é a medida
de todas as coisas, das que são enquanto são e das que não são enquanto não são”. Esse
pragmatismo, aparentemente nocivo ao saber filosófico, tem a virtude política de defender a
sociedade democrática, na qual prevalece a pluralidade de opiniões. De fato, a crença numa
verdade absoluta sempre traz consigo a proposta de um Estado autoritário que imponha essa
verdade. A democracia ateniense, calcada na ação de todos, impossibilitava a criação de
estruturas partidárias elitistas e concentradoras da autoridade. Os sofistas certamente não
foram diretamente responsáveis pela democracia ateniense, mas suas contribuições culturas
e psicológicas fomentaram-na.
Os sofistas eram relativistas também em termos de valores e princípios. O “bom” é aquilo que
satisfaz os instintos e paixões da pessoa. A crença em princípios absolutos e imutáveis
baseados num código ético é considerada, pelos sofistas, como sendo um impedimento. Eles
acreditavam que tais princípios absolutos e códigos de ética precisavam ser removidos. O
“bom” torna-se relativo.
A carreira mais cobiçada na época era a de político. Os sofistas se concentravam em ensinar
oratória. Já que acreditavam que a verdade é relativa, os sofistas ensinavam seus alunos o
dom da oratória e o uso da retórica para alcançar objetivos ao persuadir outras pessoas. Os
sofistas tinham grande conhecimento de quais palavras tinham o poder de entreter,
impressionar ou persuadir o público. De fato, os sofistas tinham um grande domínio da
linguagem. Eles diziam poder achar argumentos para provar qualquer posição. Os sofistas se
orgulhavam de sua habilidade de fazer com que a pior razão parecesse ser a melhor e de
“provar” que preto é branco, ou seja, que o falso é verdadeiro. Mas este conceito sofista de
valorizar a diversidade de opiniões e formas de se enxergar a realidade foi extremamente
importante para o desenvolvimento da democracia, pois foi o que permitiu que opiniões
minoritárias e até desagradáveis fossem ouvidas na assembleia de Atenas.
Alguns sofistas, como Górgias, afirmavam que não era necessário possuir qualquer
conhecimento sobre algum assunto para poder dar uma resposta satisfatória a respeito dele.
Portanto, alguns sofistas respondiam imediatamente a qualquer pergunta, sem considerá-las
cuidadosamente. Através de táticas retóricas, os sofistas tentavam confundir seus oponentes;
e, se isto não fosse o suficiente, tentavam derrotá-los através de barulho e violência. Os
sofistas ensinavam seus alunos a vencer qualquer debate, a enganar; era mais importante ser
esperto do que sincero. Os ensinamentos sofistas ignoravam a ética e a justiça e abriam o
caminho para todas as formas de enganação.
Tais ideias atraíam os jovens de Atenas, que tanto almejavam cargos políticos. Isto explica o
motivo de os sofistas terem sido tão populares. Sofistas como Protágoras eram admirados;
eles frequentavam os lares dos mais nobres atenienses.
Em resumo, os ensinamentos dos sofistas eram práticos, não éticos. Focavam e valorizaram a
retórica, não a virtude.
O conhecimento que há hoje a respeito dos sofistas advém principalmente dos escritos de
seus oponentes, principalmente de Platão e Aristóteles. Portanto, torna-se difícil obter uma
visão clara e objetiva a respeito das práticas e crenças dos sofistas.

Em meio aos sofistas surge Sócrates


Foi em meio aos sofistas que surgiu Sócrates, o primeiro dos grandes filósofos gregos. Sócrates
combateu os sofistas, pois acreditava ser possível conhecer a verdade absoluta. Ele acreditava
em valores absolutos, sagrados e invioláveis, baseados na razão, e não em paixões
desenfreadas. Seu método se dividia, basicamente, em duas etapas: a “ironia”, que consistia
em destruir os preconceitos, e a “maiêutica” (“parto das ideias”), ou seja, a ideia de que a
partir da eliminação dos falsos conceitos, a verdade surgiria da própria Razão humana. Ao
contrário do que se fazia até então, Sócrates se preocupou com o homem. Ele discutia as
grandes virtudes dos homens. Sócrates não deixou nada por escrito; suas ideias chegaram até
nós por meio das obras de seus discípulos. O maior destes foi outro grande filósofo grego,
Platão.
O terceiro período da filosofia grega foi o período Clássico (469 – 322 a.C.). Os maiores
filósofos desse período foram Sócrates, Platão e Aristóteles. Estudaremos estes três
grandes filósofos individualmente nas aulas seguintes.

Platão, que foi aluno de Sócrates, formulou o conceito de que todas as coisas existentes no
mundo eram cópias imperfeitas de essências únicas presentes no “mundo das ideias”.
Aristóteles foi aluno de Platão. Aristóteles, que possuía um pensamento extremamente rico e
amplo, acreditava que todos os seres são fruto da junção da essência e da matéria. Para ele,
não existia um “mundo das ideias” além da realidade: o conceito, a essência e as ideias só se
realizam na forma material.
No período helenístico, quando a Grécia estava sob domínio macedônio, o pensamento grego
voltou-se para o indivíduo, preocupando-se com o “bem viver”. Como reflexo da decadência
política, a filosofia grega se desinteressou dos grandes temas metafísicos e políticos,
conhecendo uma série de escolas de reflexão chamadas de “Éticas Menores”. Foram elas
o Epicurismo, formulado por Epicuro e que defendia que a felicidade consistia nos prazeres
naturais; o Estoicismo, criado por Zenão, que propunha que a “ataraxia” (o bem viver) só seria
atingido pela resignação, pelo autocontrole e indiferença diante da dor e do sofrimento. E,
finalmente, o Ceticismo, elaborado por Pirro, que afirmava que a verdade não pode ser
conhecida, pois os sentidos humanos são limitados, e assim o ideal, para os indivíduos, é não
desejar e não pretender coisa alguma.

9. OS SOFISTAS 2
Índice
Introdução

Filosofia Sofista

Principais Filósofos

As críticas de Sócrates e seus discípulos

Exercícios

Introdução

A palavra sofista vem do grego sophistes e deriva da palavra sophia, que significa sabedoria.

Os sofistas eram um grupo de filósofos, sábios e eruditos que viajavam de cidade em cidade
para divulgar os conhecimentos, em troca de dinheiro. Os estudantes e discípulos dos filósofos sofistas
deveriam pagar taxas para que pudessem ouvir os ensinamentos dos filósofos e sábios.

O modelo sofista de propagação do ensinamento era voltado aos jovens nobres gregos, pois estes
tinham condições de pagar para receber conhecimentos. Os jovens nobres buscavam o entendimento
e a dominação do que era chamado de aretê.

O aretê é um conceito que denota excelência. Para os sofistas a excelência era conquistada através
da união de conhecimentos específicos e gerais, como a ciência, a aritmética, a oratória, a música, a
filosofia e a política.

Filosofia Sofista

Os sofistas desenvolveram algumas técnicas para propagarem seus conhecimentos.


A argumentação e persuasão eram as formas mais utilizadas entre eles e seus discípulos. As principais
técnicas eram o uso das palavras, a inversão de argumentos, o enfraquecimento dos discursos dos
interlocutores, além da tentativa de diminuir a força das palavras e a argumentação dos ouvintes.

Os sofistas faziam uso da razão e de discursos fortes e emocionais para convencer o outro de que
tinham a opinião e argumentação verdadeira e correta. O objetivo principal desses filósofos
era ensinar seus discípulos a derrubarem seus oponentes através do uso de palavras e da articulação
dos argumentos e a buscarem pela excelência.

A filosofia sofistas possuía outras características:

Relativismo: todas as questões ligadas à vida, como cultura, religião e política poderiam ser
modificadas. Os sofistas levantavam dúvidas sobre a pertinência das leis e sobre a necessidade das
instituições, pois para eles não existia uma verdade absoluta;

Natureza da alma: a alma era para os sofistas, passiva e poderia ser moldada por discursos
convincentes e bem elaborados;

Rejeição à metafísica: os sofistas se empenhavam em discursar sobre questões da vida prática e útil
para o desenvolvimento da excelência;

Argumentação: os sofistas preocupavam-se em desenvolver excelentes argumentos para


desestabilizar e pôr em xeque a argumentação de seus interlocutores. A argumentação em público e
a oratória eram importantes para o desenvolvimento da política.

Principais Filósofos

Alguns pensadores se destacaram na Escola Sofista como grandes mestres da oratória, os principais
deles são:

Protágoras: um dos nomes mais importantes da corrente sofista. Era grande defensor do relativismo
e apontava o homem como sendo a medida de todas as coisas. Sendo o homem o centro das suas
explicações, elas não poderiam, portanto, ser baseadas na existência de deuses.

Górgias: grande defensor da persuasão e da ideia de que a alma humana poderia ser moldada por
bons argumentos.

Hípias: criador do método da Mnemotécnica, a arte de exercitar a memória, é descrito como o


pensador sofista que mais enriqueceu com a transmissão de conhecimento.

As críticas de Sócrates e seus discípulos

O modelo de ensino sofista foi alvo de várias críticas de Sócrates e seus discípulos. Sócrates não
considerava os sofistas filósofos, pois, segundo ele, os sofistas não tinham amor real pelo
conhecimento, estavam apenas centrados nos valores que recebiam.

Sócrates defendia o diálogo e a argumentação como maneiras de levar os homens ao conhecimento,


enquanto que, para os sofistas, o diálogo e a refutação serviria apenas para vencer o interlocutor, sem
que houvesse grande preocupação com o conhecimento de fato.

Os sofistas foram criticados também por Platão e Aristóteles, que os consideravam mercenários, e não
amantes do saber.

Muitos pensadores e estudiosos se apoiam nessas ideias e também não consideram os sofistas como
parte de alguma escola filosófica. Os pensadores sofistas são considerados, ainda hoje, por muitos
estudiosos, como profissionais que tinham na sabedoria a intenção de enriquecimento e ganhos
apenas, diferente das práticas de outras escolas filosóficas, que emprenharam-se a transmitir
conhecimento.

Exercícios

EXERCÍCIO 1
(ENEM/2015)

Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era algo real
e importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no certo e no errado
apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não
passavam de invenções humanas. (RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.)

O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que a


correlação entre justiça e ética é resultado de

A - verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais.

B - mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas.

C - determinações biológicas impregnadas na natureza humana.

D - convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes.

E - sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas.

10. SÓCRATES

Índice
Introdução

Filosofia e maiêutica

Método Socrático

Exercícios

Introdução

Nascido em Atenas entre os anos de 471 a.C e 468 a.C, Sócrates figura entre os principais filósofos
Clássicos e é considerado o fundador de preceitos básicos da filosofia Ocidental. Influenciado por
Anaxágoras, em seus primeiros trabalhos, Sócrates desenvolveu ideias sobre a alma humana e a
essência da natureza.

A filosofia socrática é tão importante, que a filosofia grega clássica é dividida em pré-socrática,
socrática e pós-socrática.

A filosofia pré-socrática é marcada pela preocupação com a origem do mundo e com o


desenvolvimento de explicações racionais para substituir os mitos.

No período socrático, a filosofia buscou entender as formas de organização política, além de questões
relacionadas à sociedade e ao indivíduo.

No período pós-socrático, a filosofia ampliou suas discussões e passou a tratar de temas variados,
como o materialismo, o determinismo e a liberdade.

Sócrates não deixou trabalhos escritos, o conhecimento de suas principais ideias foi preservado graças
aos escritos de seus principais discípulos: Platão e Xenofontes. Sócrates é um dos principais
personagens dos diálogos escritos por Platão.
Filosofia e maiêutica

Sócrates era um exímio orador e propagava suas lições e pensamentos através do diálogo,
desenvolvido também por seu discípulo Platão. O poder de oratória foi responsável por aproximar os
jovens da filosofia socrática.

Em suas reflexões, o filósofo afirmava a existência de verdades universais, que, por sua vez,
eram válidas para qualquer indivíduo, independentemente do tempo e espaço. Para encontrar a
verdade, entendia-se que era preciso que o indivíduo refletisse sobre ela.

No entanto, antes de empreender na busca pela verdade, o homem precisaria conhecer a si mesmo,
suas falhas e defeitos, só assim seria possível reconhecer sua ignorância e, a partir daí, conduzir
sua caminhada em busca da verdade. Esse primeiro método filosófico é chamado de ironia.

A ironia representa nesse modelo socrático o constante questionamento e a refutação. A jornada em


busca da verdade é resumida pela clássica frase “Conhece-te a ti mesmo”.

Na segunda fase, Sócrates propôs o uso da maiêutica. O filósofo pedia ao seu interlocutor no diálogo
que apresentasse vários exemplos do assunto que estava sendo discutido. Sócrates, então, buscava
encontrar quais eram as características comuns a todos esses exemplos. A maiêutica é, portanto, a
análise sucessiva de respostas em busca da verdade.

Ao usar a técnica da maiêutica Sócrates pressupunha que a verdade estava contida em todos os
homens, mas nem sempre era acessada, pois o homem encontrava-se imerso em uma falsa realidade,
cheia de falsas ideias e de métodos inadequados. Só a transposição desses obstáculos é que seria capaz
de garantir ao homem o acesso às verdades universais.

A chegada ao conhecimento verdadeiro e universal, atingida após o uso da refutação e da maiêutica,


é chamada por Sócrates de virtude.

Método Socrático

O modelo de filosofia e de busca pelo conhecimento é chamado de Método Socrático. O método tem
a intenção de promover a construção do conhecimento e não somente a transmissão de ideias. Os
alunos e discípulos deveriam fazer parte e ter papel ativo na construção do conhecimento.

Sócrates desenvolveu a troca de conhecimento através do diálogo e uso de duas etapas, a ironia e
a maiêutica. Esse modelo é o Método Socrático que ainda hoje é utilizado pela humanidade como
forma de adquirir o conhecimento de forma autônoma e crítica, formando indivíduos participantes e
responsáveis por sua própria formação.

A autonomia dos alunos, a busca constante pelo conhecimento, os questionamentos, as refutações,


as ironias e a oratória socrática atraíram uma série de jovens atenienses em busca dos ensinamentos
dos filósofos.

Os métodos de ensinamentos socráticos não agradaram à elite grega. Acusado de corromper a


juventude e de perturbar a ordem vigente, Sócrates foi condenado à morte. O filósofo morreu em 399
a.C. após ingerir cicuta.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(Unicamp/2013)
A sabedoria de Sócrates, filósofo ateniense que viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de partida
na afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra Apologia de Sócrates. A frase foi uma resposta aos
que afirmavam que ele era o mais sábio dos homens. Após interrogar artesãos, políticos e poetas,
Sócrates chegou à conclusão de que ele se diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria
ignorância.

O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a Filosofia, pois

A - aquele que se reconhece como ignorante torna-se mais sábio por querer adquirir conhecimentos.

B - é um exercício de humildade diante da cultura dos sábios do passado, uma vez que a função da
Filosofia era reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos.

C - a dúvida é uma condição para o aprendizado e a Filosofia é o saber que estabelece verdades
dogmáticas a partir de métodos rigorosos.

D - é uma forma de declarar ignorância e permanecer distante dos problemas concretos,


preocupando-se apenas com causas abstratas.

11. SÓCRATES 2
Sumário
- Sua Vida

- Sua Obra

Sua Vida

Sócrates foi um filosofo grego cujos ensinamentos formaram a base da filosofia ocidental. Considerado
um dos maiores gênios de todos os tempos, se tornou famoso por ver a filosofia como sendo
necessária para todas as pessoas inteligentes. Sócrates permaneceu na historia como um exemplo de
um homem que viveu de acordo com seus princípios, mesmo que esses o custassem a sua vida.

Sócrates nasceu em Atenas em 470 a.C. Seu pai, Sofroniscus, era escultor. De jovem, Sócrates tentou
seguir o mesmo caminho. Sócrates recebeu uma educação elementar em literatura e música. Não se
sabe ao certo quem foram seus professores de filosofia. O que se sabe é que Sócrates conhecia as
doutrinas de Parmenides, Heraclitus, Anaxagoras e dos Sofistas.

Sócrates serviu no exercito e lutou bravamente na Guerra da Peloponeso e em várias outras batalhas.
Desde jovem Sócrates ficou conhecido pela sua coragem e também pelo seu intelecto.

Sócrates viveu durante os anos dourados de Atenas. Ele era casado com Xanthippe e teve três filhos.

Sócrates ensinava filosofia voluntariamente e passava horas discutindo com os cidadãos de Atenas. Ele
nunca cobrou por aulas. Ensinava em lugares públicos e argumentava com qualquer pessoa que o
escutasse ou que se submetesse a suas perguntas. Sócrates acreditava que sua missão era procurar o
conhecimento sobre a conduta correta, pela qual ele poderia guiar uma melhora intelectual e moral
dos cidadãos de Atenas.

Sócrates pautava sua vida no conhecimento e procurava poetas, políticos, artistas, entre outros. Ele
falava com as pessoas e chegou à conclusão que nenhuma delas era sábia. Em um dos seus discursos
mais conhecidos, Sócrates se manifesta abismado e diz que muitos clamam que sabem a verdade sem
estarem cientes de sua ignorância. Por outro lado, Sócrates sabia que nada sabia.

Sócrates acreditava na superioridade da fala sobre as palavras escritas. Desta feita, nunca escreveu
seus ensinamentos. Ele criticava a palavra escrita chamando-a de artificial, em vez de viva, dizendo
que não se pode fazer perguntas a uma palavra escrita. Os ensinamentos de Sócrates que encontramos
atualmente foram escritos por seus discípulos. De seus discípulos lemos mais os diálogos escritos por
Platão ou por Xenophon. Porém, nos diálogos, Platão faz do personagem Sócrates porta-voz de seus
próprios pensamentos, de modo que é difícil estabelecer quais as ideias são de Platão e quais são de
Sócrates. Platão também era 45 anos mais jovem do que Sócrates. Portanto, só tinha conhecimento
dos últimos 12 anos de sua vida.

Para ensinar, Sócrates usava o método conhecido atualmente como o dialogo Socrático, onde ele
trazia conhecimento aos seus alunos através de uma série de perguntas, analisando as respostas e
fazendo mais perguntas. Com isso, ele guiava o aluno ao descobrimento do conhecimento. Seu
método se dividia, basicamente, em duas etapas: a “ironia”, que consistia em destruir os preconceitos,
e a “maiêutica” (“parto das ideias”), ou seja, a ideia de que a partir da eliminação dos falsos conceitos,
a verdade surgiria da própria Razão humana. Ao contrário do que se fazia até então, Sócrates se
preocupou com o homem. Ele discutia as grandes virtudes dos homens. Sócrates passava horas
discutindo virtude e justiça, entre outros tópicos, em praça pública.

Sócrates passou quase toda sua vida em Atenas. Ele dizia que amava aprender das pessoas e que era
mais fácil achar pessoas na cidade do que no campo.

Sócrates nunca ocupou nenhum cargo público, acreditando que estaria comprometendo seus
princípios. Também dizia que a melhor forma de servir a seu país era se dedicando a ensinar e a
persuadir os cidadãos de Atenas a examinarem suas almas e acharem o conhecimento, em vez de
entrarem para a política.

Em 399 a.C. Sócrates, com 70 anos, foi julgado e condenado por corromper jovens e por não acreditar
nos deuses da cidade. Atrás de sua condenação existiam outros motivos; em sua peregrinação atrás
de espalhar o conhecimento, Sócrates desmascarou e humilhou homens importantes na cidade. Os
que o condenaram, acusaram Sócrates de ser uma pessoa curiosa a procura de coisas embaixo da terra
e além dos céus, fazendo o pior aparentar o melhor e ensinado tudo isso a outras pessoas.

Enquanto Sócrates estava na cadeia, seus amigos planejaram sua fuga. Porem Sócrates se recusou a
ouvi-los, dizendo que havia sido condenado por uma corte legitima, então tinha a obrigação de
obedecer. Sendo assim, Sócrates aceitou sua sentença e permaneceu na cadeia. Sócrates passou seu
último dia de vida com amigos e admiradores. À noite, conforme mandava a lei, ele tomou veneno,
cumprindo assim sua pena. Sua execução foi no ano 399 a .C.

Sua Obra

Sócrates foi inovador no método e nos tópicos em que ele abordou. Sua contribuição à filosofia
ocidental foi essencialmente de caráter ético. Seus ensinamentos visavam chegar ao entendimento
de conceitos com justiça, amor e virtude, procurando definições gerais para tais ideias. Ele acreditava
que o vício era o resultado da ignorância e que as pessoas não são más por escolha. A virtude vem do
conhecimento; aqueles que tem conhecimento têm virtude e, portanto, agem corretamente e as
pessoas que não agem eticamente, o fazem por falta de conhecimento. De acordo com sua teoria, uma
pessoa que sabe que algo está errado, não agiria apesar de saber que sua ação não seria correta.
Sócrates acreditava que virtude é igual a conhecimento, então virtude pode ser ensinada.

Sócrates se concentrou no problema do homem, buscando respostas para origem da essência


humana. Sócrates chegou à conclusão que o homem é a sua alma, ou seja, o seu consciente; o que o
distingue como homem. O homem é a sua razão, seu intelecto, seus conceitos éticos, sua
personalidade intelectual e moral e sua consciência.

Sócrates focava sua busca em como viver uma vida correta. Ele não explorou áreas da filosofia como
a natureza, a origem do universo, ou até a religião. Ele perguntava aos que abordavam tais dilemas se
o seu conhecimento do ser humano era tão profundo que eles podiam procurar novos campos ou
novas perguntas para serem explorados.

Sócrates dizia que aqueles que estudavam o ser humano podiam aplicar seu conhecimento para uma
automelhora ou para melhorar os outros.

Alguns exemplos dos tópicos explorados por Sócrates são: O que é o bonito? O que é justo? O que é
injusto? O que é coragem? O que é governo? Como deve ser um governador? O que é ser nobre? O
que é o Estado? O que é vergonha? Como seria o Estado ideal?

Ele também abordava temas mais específicos como: Como a pessoa deve cuidar do seu corpo? Por
que a pessoa deveria fazer exercício? O papel da música na vida? Poesia? Guerra? Autocontrole?
Desejos humanos? Prazer? Excesso? Luxuria?

Sócrates foi um dos maiores filósofos de todos os tempos e suas ideias são estudadas em todas as
gerações.

12. PLATÃO
Platão
Índice

Introdução

Os diálogos de Platão

As obras

Filosofia e métodos

Exercícios

Introdução
Platão é um dos filósofos gregos mais conhecidos na atualidade. Nascido em Atenas, por volta de 428
a.C, o filósofo vem de uma família nobre, o que possibilitou que durante a vida se dedicasse às mais
diversas áreas do conhecimento e aos esportes.

Platão foi discípulo de Sócrates, com quem aprendeu sobre as virtudes e conhecimentos humanos.
Após a morte de Sócrates, Platão eternizou os conhecimentos de seu tutor em escritos, nos quais
utilizou o método filosófico do diálogo.
Os diálogos de Platão

Os diálogos de Platão tem Sócrates como personagem principal e tratam de diversos temas: política,
arte, medicina, sabedoria, esportes e religião. Os diálogos construídos, geralmente entre dois
personagens, apresentam em forma de diálogo as principais ideias de Platão.

As obras

Platão é o filósofo com a maior quantidade de obras preservadas. Cerca de trinta delas são de
conhecimento da sociedade. A maior parte das obras do filósofo é construída na forma de diálogos e
a mais importante e conhecida delas são os dez volumes de A República.

Em A República, Platão mostra a busca pela administração harmoniosa de uma cidade, sem que ela
se torne caótica. Os personagens desse diálogo são: Sócrates; os dois irmãos de Platão, Glauco e
Adimanto; Nicerato, Polemarco, Lísias, Céfalo e Trasímaco.

Trasímaco afirma que o uso da força é um direito e a justiça é garantida aos mais fortes. Sócrates define
o ato de governar como uma ação que é feita aos governados, ação na qual a justiça deve ser superior
à injustiça. Sócrates define que onde há justiça, há felicidade.

Os diálogos seguintes definem os princípios da justiça:

O primeiro deles seria a solidariedade social ou a forma como as pessoas contribuem para o bem estar
coletivo.

O segundo princípio é o do desprendimento e a forma pela qual os indivíduos estão realmente


interessados em colaborar para o bem comum. Esse princípio implica no surgimento de três classes:
os guardiões, filósofos e reis, responsáveis pela felicidade do Estado:
os militares, produtores e artesãos.

Nos livros seguintes, Platão apresenta o Mito da Caverna, que faz uma analogia a busca do
conhecimento, a decadência da cidade causada pela concentração de poder oligárquico e surgimento
da tirania. Por fim, Platão sugere a substituição da poesia pela filosofia como forma de garantir a busca
pelo conhecimento e o aprendizado.

Filosofia e métodos

O modelo filosófico desenvolvido por Platão é chamado de racionalista. Os raciocínios e discursos são
produzidos a partir da lógica e do uso de proposições, com a finalidade de se chegar a conclusões,
também racionais. O modelo filosófico desenvolvido por Platão foi tão notório que atualmente esse
modelo de proposições e conclusões lógicas é chamado de Realismo Platônico.

A aquisição do conhecimento em Platão é apresentada de maneira dualista, para o filósofo existem


basicamente dois mundos: o mundo das formas ou ideias, também chamado de inteligível e o mundo
concreto e sensível.

Mundo das ideias: Para Platão, cada indivíduo nasce com um conhecimento prévio, chamado
de conhecimento inato. O conhecimento inato são as formas ou ideias que se encontram no mundo
inteligível e por isso, fora do espaço ou tempo. Os objetos do mundo comum, por sua vez, são
organizados de acordo com essas ideias; mas são, no entanto, apenas imitações perfeitas daqueles
que se encontram no mundo das ideias.

Mundo concreto: É o mundo acessível e possível de tocar. Mas é também, segundo Platão, um mundo
falso, já que os verdadeiros objetos encontram-se no mundo das ideias.
Para que o homem consiga finalmente alcançar o conhecimento, é necessário transportar as ideias e
o conhecimento do mundo concreto para o mundo das ideias, só assim o indivíduo será capaz de
alcançar o conhecimento das ideias verdadeiras.

Os pensamentos e obras de Platão foram retomados posteriormente, durante a Idade Média, por
pensadores como São Tomás de Aquino. Os filósofos que retomam as ideias de Platão são conhecidos
como neoplatonistas.

Exercícios
EXERCÍCIO 1

(UEL PR/2010)

No pensamento ético-político de Platão, a organização no Estado Ideal reflete a justiça concebida como
a disposição das faculdades da alma que faz com que cada uma delas cumpra a função que lhe é
própria. No Livro V de A República, Platão apresenta o Estado Ideal como governo dos melhores
selecionados. Para garantir que a raça dos guardiões se mantivesse pura, o filósofo escreveu:

É preciso que os homens superiores se encontrem com as mulheres superiores o maior número de
vezes possível, e inversamente, os inferiores com as inferiores, e que se crie a descendência daqueles,
e a destes não, se queremos que o rebanho se eleve às alturas.

(Adaptado de: PLATÃO. A República. 7. ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993, p.227-228.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento ético-político de Platão é correto
afirmar:

A - A condição necessária para que se realize o Estado Ideal é que as ocupações próprias de homens
e mulheres sejam atribuídas por suas qualidades distintas.

B - No Estado Ideal, a escolha dos mais aptos para governar a sociedade expressa uma exigência que
está de acordo com a natureza.

C - O Estado Ideal apresenta-se como a tentativa de organizar a sociedade dos melhores fundada na
riqueza como valor supremo.

D - O reconhecimento da honra como fundamento da organização do Estado Ideal torna legítima a


supremacia dos melhores sobre as classes inferiores.

E - O Estado Ideal prospera melhor com uma massa humana difusamente misturada, em que os
homens e mulheres livremente se escolhe.

13. PLATÃO 2

Sumário
- Sua Vida
- Suas Obras
i. Fases dos diálogos
ii. Teoria das Formas
iii. Teoria Política
Platão, filósofo grego, nasceu em Atenas e se destacou entre os pensadores mais influentes da
civilização ocidental. Platão foi um brilhante escritor e filósofo. Seus diálogos abordaram praticamente
todos os tópicos que vieram a ser discutidos por filósofos que se seguiram a ele. Suas obras fazem
parte da mais reconhecida literatura mundial.

Sua Vida
Platão nasceu em uma família aristocrata de Atenas. Desde jovem, Platão tinha ambições políticas,
mas logo se decepcionou com a liderança política de Atenas. Platão se tornou discípulo de Sócrates,
seguindo sua filosofia e aderindo ao método por ele utilizado: a busca da verdade através de
perguntas, respostas e mais perguntas.

Seu professor, Sócrates, não escreveu seus ensinamentos. Platão, como discípulo de Sócrates,
escreveu muito dos ensinamentos que lemos dele. Porém, nos diálogos, Platão faz do personagem
Sócrates porta-voz de seus próprios pensamentos, de modo que é difícil estabelecer quais são os ideais
de Platão e quais são os de Sócrates.

Em 399 a .C. Platão testemunhou o julgamento e a condenação de Sócrates, tendo sido acusado de
corromper a mente dos jovens e não acreditar nos deuses. Após a execução de Sócrates, revoltado
com a democracia Ateniense e talvez preocupado com sua própria segurança, Platão deixou Atenas e
foi para a Sicília e para o Egito, onde passou aproximadamente dez anos viajando.

Em 387, com seu regresso a Atenas, Platão fundou uma Academia, uma instituição tida como a
primeira universidade da Europa. A Academia oferecia um currículo de matérias tais como
astronomia, biologia, ciências políticas e filosofia. Aristóteles foi o aluno mais famoso da Academia. A
Academia de Platão se manteve em funcionamento por mais de novecentos anos.

Em 367 Platão retornou a Sicília tentando influenciar a política local com seus ideais, mas logo voltou
a Academia em Atenas onde passou o resto de sua vida, com exceção de algumas viagens, onde
ensinava e escrevia. Platão faleceu em 347 a .C., com oitenta anos de idade.

Suas Obras

Fases dos diálogos

Os ensinamentos de Platão foram escritos em forma de dialogo, de uma conversa ou um debate entre
várias pessoas.

Seus diálogos são divididos em três fases. A primeira fase é representada com Platão tentando
comunicar a filosofia de Sócrates. Muitos dos diálogos tem a mesma forma. Sócrates encontra alguém
que diz que sabe muito. Sócrates se diz ignorante a procura de conhecimento e faz várias perguntas,
mostrando que aquele que se dizia mestre no assunto realmente não sabe nada.

Os diálogos da segunda e terceira fase relatam as próprias ideias de Platão, por mais que ele continue
a utilizar Sócrates como personagem em seus diálogos.

Teoria das Formas

A parte central da filosofia de Platão é a teoria das formas, ou o mundo das ideias.
Ideias ou formas são arquétipos imutáveis. De acordo com Platão só essas ideias/formas são
constantes e reais. Platão divide o mundo em duas partes - o mundo das ideias, onde tudo é constante
e real, e o mundo físico em que vivemos, onde o fluxo é constante e a realidade é relativa. As formas
então mantém a ordem e a estrutura das ideias do mundo.

Platão distinguiu entre dois níveis de saber: opinião e conhecimento. Afirmações relacionadas com o
mundo físico, Platão as considerava uma opinião, mesmo que estivessem baseadas na lógica ou na
ciência. Segundo Platão, o conhecimento é derivado da razão e não da experiência. Ele pregava que
somente através da razão atingimos o conhecimento das formas.

Platão diz que as formas têm uma realidade que vai além do mundo físico por causa de sua perfeição
e estabilidade. O mundo físico se parece com as formas, mas devido a constantes mudanças nunca
chega a sua perfeição.

Um exemplo para entender a diferença entre o mundo das formas e o mundo físico é dado por Platão
em termos matemáticos. Devido ao mundo das formas temos a concepção de um círculo perfeito -
totalmente redondo, composto de uma série de pontos que apresentam exatamente a mesma
distancia do ponto central. No mundo físico, porem, essa figura não é vista. Círculos nunca são
desenhados perfeitamente. A ideia do círculo existe e é imutável, porem ela só pode ser conhecida
pela razão e não pela experiência do círculo perfeito no mundo físico.

Platão aplica sua teoria a conceitos como beleza, justiça, bondade, entre outros. A pessoa é bela ou
justa por que nela há algo que se parece com a forma do belo ou do justo, presente no mundo das
ideias. O amor no mundo das ideias também é perfeito, daí vem a expressão amor platônico, utilizada
nos dias de hoje.

Teoria Política

A República é a maior e mais reconhecida obra política de Platão. A obra se foca na questão de justiça:
Como é um Estado justo? Quem é um individuo justo?

Segundo Platão, a melhor forma de governo é a aristocracia por mérito. Platão divide o estado ideal
em três classes: a classe dos comerciantes, a classe dos militares e a classe dos filósofos-reis.
Os filósofos-reis são encarregados de governar o país. As classes não são hereditárias, elas são
determinadas pelo tipo de educação obtida pela pessoa. Com maior nível de educação a pessoa se
pertence à classe dos filósofos-reis.

A República aborda diversos temas sobre justiça, governo e apresenta um governo utópico. Essa obra
vem sendo amplamente lida através dos séculos, por mais que suas propostas nunca foram adotas
como uma forma de governo concreta.

Conclusão

Platão escreveu sobre diversos assuntos, tais como ética, arte, teoria do conhecimento, entre tantas.
Suas obras influenciaram e moldaram a filosofia ocidental. O intuito desse artigo foi apenas o de
introduzir esse grande pensador. De nenhuma forma é possível resumir sua imensa contribuição à
nossa cultura.

14. MITO DA CAVERNA

Índice
Introdução
O mito
Interpretação
Exercícios

Introdução
A Alegoria da Caverna ou Mito da Caverna é um texto escrito por Platão, com o uso do método
dialético e se encontra na obra A República. O texto contém uma série de ideias desenvolvidas por
Platão ao longo da vida, dentre elas está a divisão entre o mundo sensível e o mundo inteligível, ideias
que foram inspiradas nas teorias de Sócrates.

No Mito da Caverna o mundo sensível é aquele no qual os sentidos é que determinam a


experimentação das coisas e o entendimento dos fatos enquanto o mundo inteligível é aquele no
qual a razão é que determina o entendimento das coisas.

A Alegoria ou Mito da Caverna apresenta, portanto, as bases para explicar o conhecimento do senso
comum em oposição ao conhecimento do senso crítico.

O mito
Segundo Platão, um grupo de homens vivia amarrado em uma caverna. Os homens encontravam-se
virados de costas para a entrada da caverna, viam apenas o fundo iluminado indiretamente por uma
fogueira. As únicas imagens vistas por esses homens eram as sombras das pessoas, animais e objetos
que estavam do lado de fora, e que para eles constituíam a realidade.

Em um determinado dia, um dos homens consegue se libertar das correntes e escapar. Ao sair da
caverna, a luz do sol o cega momentaneamente, uma vez que esse homem vivia na escuridão e a única
luz que conhecia era a da fogueira, que indiretamente iluminava o fundo da caverna.

O homem não conhecia nada além das sombras que apareciam no fundo da caverna. Tantas novidades
o assustaram e o homem desejou voltar imediatamente para a caverna, local em que se sentia
confortável, familiarizado e protegido.

O homem, no entanto, venceu o medo e ficou por algum tempo observando as luzes, formas, cores e
movimentos que nunca tinha visto, que não conhecia e não sabia o que eram ou pra que serviam.

Ao voltar para a caverna, o homem dividiu com os que ali estavam os conhecimentos e novidades que
teve contato no momento que passou fora da caverna. Mas foi ridicularizado pelos companheiros que
ainda estavam presos, pois eles só enxergavam as sombras e acreditavam que o que estava ali refletido
era única verdade possível.

As falas do homem que saiu da caverna foram consideradas absurdas, malucas e mentirosas. Para
evitar que os outros fossem contaminados pela loucura e insanidade, o homem que escapou foi morto
pelos prisioneiros.

Interpretação
O mito faz uma analogia à vida humana e a aquisição do conhecimento. A caverna representa o mundo,
todos os indivíduos encontram-se dentro da caverna e acreditam apenas nas imagens que são
refletidas pela fogueira. As crenças, culturas e opiniões do senso comum são consideradas
verdades, as únicas verdades, assim como as sombras da caverna.
O indivíduo que se liberta das correntes, liberta-se também do senso comum, das ideias propagadas
por outros e tidas como verdadeiras. Ao entrar em contato com o conhecimento, representado pelo
sol, os indivíduos ficam temporariamente cegos, confusos. A insegurança com a quebra das noções do
senso comum, a apresentação de outras realidades e possibilidades, causa incômodo, por isso, a
reação mais comum é voltar para a caverna e continuar com uma visão já conhecida e confortável.

O conhecimento pode ser chocante, incômodo e confuso para aqueles que nunca haviam entrado em
contato com outras formas de ver o mundo. Ao voltar para a caverna, o fugitivo desagrada os que
continuavam presos. Para evitar que outros tenham acesso ao conhecimento e voltem cheios de ideias
diferentes e consideradas malucas, o fugitivo é morto e o senso comum reestabelecido, no entanto, o
conhecimento é capaz de despertar a curiosidade de alguns dos prisioneiros, não é possível para Platão
ficar indiferente ao conhecimento.

A morte do fugitivo é uma analogia à morte de Sócrates, morto pelos atenienses por conta de seus
pensamentos filosóficos que desestabilizaram as ideias do senso comum. O homem no mito, sai do
mundo sensível e vai para o mundo inteligível.

Atualmente o mito ainda representa muitas sociedades e indivíduos, que preferem seguir o senso
comum e as ideias já pré estabelecidas a pensar, formular suas próprias opiniões e questionar suas
crenças. É mais cômodo e seguro manter e seguir ideias já estabelecidas.

Exercícios
EXERCÍCIO 1

(UEM – Verão/2008)

“Sócrates: Imaginemos que existam pessoas morando numa caverna. Pela entrada dessa caverna entra
a luz vinda de uma fogueira situada sobre uma pequena elevação que existe na frente dela. Os seus
habitantes estão lá dentro desde a infância, algemados por correntes nas pernas e no pescoço, de
modo que não conseguem mover-se nem olhar para trás, e só podem ver o que ocorre à sua frente.
(...) Naquela situação, você acha que os habitantes da caverna, a respeito de si mesmos e dos outros,
consigam ver outra coisa além das sombras que o fogo projeta na parede ao fundo da caverna?”.

(PLATÃO. A República [adaptação de Marcelo Perine]. São Paulo: Editora Scipione, 2002. p. 83).

Em relação ao célebre mito da caverna e às doutrinas que ele representa, assinale V para as questões
corretas e F para as Falsas:

( ) No mito da caverna, Platão pretende descrever os primórdios da existência humana, relatando


como eram a vida e a organização social dos homens no princípio de seu processo evolutivo, quando
habitavam em cavernas.

( ) O mito da caverna faz referência ao contraste ser e parecer, isto é, realidade e aparência, que
marca o pensamento filosófico desde sua origem e que é assumido por Platão em sua famosa teoria
das Idéias.

( ) O mito da caverna simboliza o processo de emancipação espiritual que o exercício da filosofia é


capaz de promover, libertando o indivíduo das sombras da ignorância e dos preconceitos.

( ) É uma característica essencial da filosofia de Platão a distinção entre mundo inteligível e mundo
sensível; o primeiro ocupado pelas Idéias perfeitas, o segundo pelos objetos físicos, que participam
daquelas Idéias ou são suas cópias imperfeitas.
( ) No mito da caverna, o prisioneiro que se liberta e contempla a realidade fora da caverna, devendo
voltar à caverna para libertar seus companheiros, representa o filósofo que, na concepção platônica,
conhecedor do Bem e da Verdade, é o mais apto a governar a cidade.

A - V, V, V, V, V.

B - F, V, F, V, F.

C - F, V, V, V, V.

D - F, F, F, F, F.

E - V, F, F, V, V.

15. ARISTÓTELES
Índice
Introdução
A Física de Aristóteles
A Metafísica de Aristóteles

Escola Peripatética
Platão x Aristóteles
Exercícios

Introdução
Aristóteles nasceu em Estagira, península da Macedônia, em 384 a.C, e faleceu em 322 a.C em Cálcis,
Grécia. Era filho de Nicômaco, médico e amigo pessoal do avô de Alexandre, o Grande. Por conta da
proximidades das famílias, Aristóteles tornou-se mentor de Alexandre, o Grande.

Na juventude, Aristóteles partiu rumo à Grécia, onde frequentou a Academia de Platão, de quem foi
discípulo. Aristóteles desenvolveu trabalhos em diversas áreas da Filosofia e ciências desenvolvidas na
Grécia e é considerado o autor de um sistema mais abrangente da filosofia ocidental.

A Física de Aristóteles
A obra de Aristóteles foi organizada e reunida, principalmente durante a escolástica, por São Tomás
de Aquino e Santo Agostinho, num conjunto chamado Corpus Aristotelicum. A união das obras conta
com escritos produzidos durante a vida de Aristóteles, sendo muitas delas consideradas de caráter
didático.

No entanto, a obra mais famosa do filósofo tem o título de “Física”. Esses escritos apresentam uma
detalhada pesquisa sobre as leis matemáticas, os fenômenos físicos e a organização da natureza.

Em “Física”, Aristóteles também apresenta um quinto elemento: o éter, substância de origem divina
que compõe plantas, estrelas e a parte visível da abóbada celeste.
É também nessa obra que o filósofo aponta que a razão de todas as coisas é ligada a quatro causas
principais:

Causa Material : do que as coisas são feitas, de qual material.

Causa Formal: o que dá forma para as coisas.

Causa Eficiente: como o objeto ou a coisa em questão foi construído.

Causa Final: a intenção daquele que construiu as coisas ou objetos.

Também foram feitos estudos sobre lógica. As obras aristotélicas influenciaram pensadores e
cientistas até o século XIX.

A Metafísica de Aristóteles
Nos escritos aristotélicos, a metafísica pode ser entendida como uma subdivisão da Filosofia que
investiga as realidades encontradas além do mundo sensível e que fornecem fundamentos para o
desenvolvimento das ciências, em especial, as ciências da natureza.

As obras metafísicas influenciaram escritos filosóficos da idade média e o surgimento da própria


disciplina Metafísica.

Três princípios são apresentados pelo autor para o entendimento da Metafísica:

Identidade: Uma proposição é sempre ela mesma.

Não contradição: Uma proposição só pode ser falsa ou verdadeira, não ambas.

Terceiro excluído: Não existe terceira hipótese para uma proposição, apenas falsa ou verdadeira.

Escola Peripatética
Em meados de 336 a.C e 335 a. C, após um período na Macedônia, Aristóteles retorna a Atenas, onde
funda uma escola filosófica que recebe o nome de Liceu. Os seguidores e alunos do Liceu Aristotélico
recebem o nome de peripatéticos.

A palavra peripatético, do grego, significa ambulante, itinerante, o que passeia. A escola recebeu esse
nome pois Aristóteles transmitia seus ensinamentos ao ar livre, enquanto ele e seus alunos
caminhavam.

A escola aristotélica adotava orientações empíricas e se opunha à academia de Platão, que adotava
pontos de vista especulativos. No entanto, alguns elementos da filosofia platônica são encontrados
nos ensinamentos de Aristóteles, pois o filósofo tinha sido aluno de Platão.

Platão x Aristóteles
Aluno da escola de Platão, Aristóteles desenvolveu uma filosofia que se distanciava do idealismo
platônico.

Platão afirmava a existência do mundo sensível e do mundo inteligível, e por conta dessa divisão, o
filósofo afirma ser impossível um objeto concreto representar a si mesmo em sua totalidade. Somente
a ideia seria capaz de representar tal objeto de forma mais próxima ao real. A ideia poderia ser
alcançada através da razão, do intelecto.

Aristóteles, por sua vez, afirmava a existência de apenas um mundo captado a partir do intelecto e dos
sentidos. O exemplo mais clássico para entender como Aristóteles e Platão entendem o objeto é o da
cadeira.
Platão afirma que não há possibilidade de entender cadeira como sendo um objeto concreto, já que
cada indivíduo pode pensar em um tipo específico de cadeira. A ideia de cadeira é que garante a
essência desse objeto.

Para Aristóteles é possível conhecer uma cadeira a partir do material, forma, origem ou finalidade
deste objeto. Na pintura sobre a academia de Platão, aponta para cima, demonstrando a crença no
mundo das ideias. Aristóteles, por sua vez, aponta para baixo, demonstrando a existência de um único
mundo, captado por razão e sentidos.

Exercícios
EXERCÍCIO 1

(ENEM/2013)

A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos
não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais
justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão
presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade.

(ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010.)

Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como:

A - busca por bens materiais e títulos de nobreza.

B - plenitude espiritual e ascese pessoal.

C - finalidade das ações e condutas humanas.

D - conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.

E - expressão do sucesso individual e reconhecimento público.

16. ARISTÓTELES 2

Sumário
- Sua Vida
- Suas obras e contribuições
i. O mundo da experiência
ii. As quatro causas
iii. Lógica

iv. Ética
v. O sumo bem e a felicidade
vi. Política
vii. A escravidão
viii. Religião
ix. Biologia
x. Física
- O legado de Aristóteles
Aristóteles (384-322 a.C.), um dos maiores e mais influentes filósofos gregos, foi discípulo de Platão (o
aluno mais destacado de Sócrates) e mestre de Alexandre Magno. Sócrates, Platão e Aristóteles são
considerados os principais fundadores da filosofia ocidental.

Os escritos de Aristóteles abrangeram todos os campos de conhecimento humano que eram estudados
em sua época: o mundo material (Física), a Teoria do Conhecimento (Organum), a Política e as Artes
(Poética e Retórica). Aristóteles também escreveu sobre Metafísica, Poesia, Teatro, Música, Biologia,
Ética, Zoologia, Lógica, etc.

Sua Vida
Aristóteles nasceu em Estagira, na Macedônia (norte da Grécia). Seu pai era o médico pessoal do Rei
Amintas da Macedônia. Aristóteles foi educado como um membro da aristocracia.

Aos 17 anos de idade, Aristóteles vai para Atenas, o centro intelectual da época, onde continua seus
estudos na Academia de Platão. Dentre os discípulos de Platão, Aristóteles certamente foi o mais
notável. Ele permaneceu na Academia durante quase 20 anos, encerrando seus estudos lá apenas após
o falecimento de Platão. Ao sair da Academia, Aristóteles se muda para a corte de Hérmias. Lá ele se
casa com Pítias, sobrinha de seu amigo.

Em 343, Aristóteles é convidado pelo Rei Felipe da Macedônia a se tornar o tutor de seu filho,
Alexandre, que futuramente se tornará Alexandre Magno, Rei da Macedônia. Aristóteles foi também
professor de dois futuros reis: Ptolomeu e Cassandre.

O Rei Felipe foi estabelecendo seu domínio na Grécia Continental. Quando ele faleceu, no ano de 336
a.C., seu filho Alexandre subiu ao trono. Alexandre Magno viveu relativamente pouco, mas dedicou
sua vida à construção de um Império Macedônico universal, que se tornou conhecido como o Império
Helenístico. Além de consolidar o domínio macedônico na Grécia, Alexandre Magno conquistou a
Pérsia, a Fenícia, o Egito e parte da Índia. Ele morreu aos 33 anos de idade, em 323 a.C., na Babilônia.

Em meio ao seu expansionismo militar, Alexandre Magno fundou várias cidades que se tornaram
centros difusores da cultura grega. Alexandria, no Egito, foi a mais importante delas.

Em 335 a.C., com a aprovação de Alexandre Magno, Aristóteles retorna a Atenas. A exemplo de seu
mestre, Platão, ele funda uma escola, o Liceu. Aristóteles vive quase o resto de sua vida no Liceu, onde
passa seu tempo pesquisando, ensinando e escrevendo. Acredita-se que foi durante esses anos que
Aristóteles escreveu a maioria de seus trabalhos. Acredita-se também que as obras escritas por
Aristóteles que sobreviveram ao tempo representam apenas uma pequena fração de tudo que ele
escreveu ao longo de sua vida.

Ao final de sua vida, Alexandre Magno passa a suspeitar de que complôs estavam sendo orquestrados
contra ele e em suas cartas, passa a ameaçar Aristóteles. Um profundo admirador e conhecedor do
mundo grego, Alexandre afirmava ser descendente de deuses e heróis. Ele desenvolveu em torno de
si uma mística que o transformava num personagem semidivino. Mas Aristóteles abominava tais
alegações; após a morte de Alexandre Magno, o grande filósofo foi acusado de não respeitar os deuses
gregos. Aristóteles foi forçado a deixar Atenas, afirmando que não permitiria que os atenienses
cometessem um segundo crime contra a Filosofia. Ele fazia referência à condenação e execução de
Sócrates, o mestre de seu mestre, Platão.

Aristóteles se estabelece na cidade de origem de sua mãe, Cálcis, onde havia terras pertencentes à sua
família. Lá ele vive com sua segunda esposa, Hérpiles, que é também mãe de seu filho Nicômaco. A
primeira esposa de Aristóteles havia falecido poucos anos após eles terem se casado. Aristóteles não
chega a viver nem um ano em Cálcis, vindo a falecer aos 63 anos de idade.

Suas obras e contribuições


Aristóteles não apenas estudou, mas também contribuiu a todos os campos de conhecimento que
eram estudados em sua época. Diz-se que Aristóteles foi provavelmente a última pessoa a saber tudo
que poderia ser sabido em sua época.

Nas Ciências físicas, Aristóteles estudou Anatomia, Embriologia, Geologia, Meteorologia, Física,
Zoologia e Geografia. No campo da Filosofia, ele escreveu sobre Arte, Metafísica, Governo, Ética,
Economia, Psicologia, Retórica e Teologia. Ele também estudou Educação, Literatura, Poesia e outras
culturas.

Todos os aspectos da filosofia de Aristóteles continuam a ser estudadas nos dias de hoje. Cícero
descreveu o estilo literário de Aristóteles como sendo “um rio de ouro”.

A seguir, estudaremos alguns dos ensinamentos de Aristóteles. É importante ressaltar que sua
contribuição ao conhecimento humano foi tão significante que é impossível transmiti-lo em apenas
uma aula.

O mundo da experiência
Para Aristóteles, a razão é um elemento fundamental do conhecimento humano; entretanto, os dados
manipulados pela razão são fornecidos pelos sentidos, ou seja, pela experiência sensorial. Para
Aristóteles, o único mundo que existe é aquele no qual nós vivemos.

Aristóteles discordava de quase todas as ideias de seu mestre, Platão. Aristóteles acreditava que a
nossa experiência é o que nos leva a conhecer e a entender o mundo. Ele acreditava que todos os seres
são fruto da junção da essência e da matéria. Ele não acreditava num “mundo das ideias” que existia
além da realidade. Para Aristóteles, o conceito, a essência e as ideias se realizavam apenas no plano
material.

Aristóteles foi a primeira pessoa a realmente considerar o problema de evidência. Quando ele se
deparava com um problema, examinava o que já havia sido escrito ou falado sobre o assunto. Ele
estudava a opinião geral sobre o assunto e procurava fazer um estudo sistemático de tudo que fazia
parte ou que estava relacionado ao assunto.

Em seu tratado a respeito de animais, Aristóteles estudou mais de 500 espécies. E quando ele estudou
Política, coletou e leu 158 Constituições de Estados gregos.

Ele praticava o raciocínio indutivo: observava o maior número de exemplos possível e, a partir disto,
desenvolvia os princípios básicos do conhecimento de um assunto. O raciocínio indutivo é o
fundamento do método científico ocidental.

As quatro causas

Aristóteles afirmou que tudo que existe possui quatro causas. Estas são:

- A causa material: o material do qual algo é feito. Por exemplo, argila é o material com o qual um vaso
é produzido.
- A causa formal: o modelo ou estrutura de algo. Por exemplo, a causa formal do vaso é seu formato
de vaso.

- A causa eficiente: o processo ou o meio pelo qual algo passa a existir. Por exemplo, um oleiro é a
causa eficiente de um vaso.

- A causa final: o propósito ou objetivo, a função ou potencial, de algo. Por exemplo, a causa final de
um vaso é que ele é um objeto utilizado para guardar um alimento.

A causa final é a menos científica. Porém, para Aristóteles, era a causa mais relevante. De fato,
sabemos que, na maioria dos casos, o propósito de algo é o que lhe dá importância.

Lógica

Os trabalhos de Aristóteles contêm um dos primeiros estudos a respeito da Lógica. No final do século
XIX, seus trabalhos foram incorporados ao estudo da Lógica moderna.

Aristóteles buscou encontrar um método universal de raciocínio pelo qual seria possível aprender tudo
que poderia ser aprendido sobre a realidade

Aristóteles criou um sistema de raciocínio dedutivo, que, desde então, tem sido de imensa importância
para a aquisição de conhecimento. O sistema de raciocínio dedutivo de Aristóteles é baseado
em silogismos – um raciocínio que se baseia em certas premissas para chegar a uma conclusão. Se as
premissas são verdadeiras, a conclusão será correta.

Um exemplo clássico de silogismo:

Premissa maior: Todos os seres humanos são mortais.

Premissa menor: Sócrates é um ser humano.

Conclusão: Sócrates é mortal.

Na Idade Média, a Igreja utilizou o sistema de lógica de Aristóteles para explicar suas doutrinas.

Ética

A obra Ética a Nicômaco de Aristóteles aborda assuntos como a moralidade, a ética e o propósito da
vida humana.

Os pontos principais da filosofia ética de Aristóteles são que o sumo bem, o fim de todas as ações
humana, é a felicidade. Esta é o objetivo principal da Ética. Abaixo, estudaremos sua definição da
felicidade.

A pessoa obtém felicidade por meio de uma vida virtuosa e do desenvolvimento da razão e da
sabedoria. Para isso, a pessoa precisa de bens materiais para assegurar a si saúde, bem-estar, laser e
a oportunidade para realizar boas ações.

Segundo o filósofo grego, a virtude é o meio, o equilíbrio, entre o excesso e a falta. Em geral, com
exceção da virtude, que deve ser maximizada, a vida moral é uma de moderação. O conceito de
moderação pode ser definido conforme as circunstâncias. Além disso, nenhum desejo humano é ruim
desde que seja controlado pela razão e pelo princípio moral.

A virtude é adquirida por meio da combinação de conhecimento, hábito, atividade e autodisciplina. O


homem tem responsabilidade moral por suas escolhas. A vida virtuosa requer racionalidade nas
escolhas das ações que levam à felicidade. Como o ser humano é um ser racional, a virtude e, portanto,
a felicidade, depende do exercício da razão.
O sumo bem e a felicidade

Aristóteles segue a linha de Sócrates e Platão ao considerar que a virtude é o fundamento de uma vida
bem vivida.

Na obra Ética a Nicômaco, o termo grego usado para a palavra felicidade é eudaimonia, que pode ser
definido como o bem composto de todos os bens. Segundo Aristóteles, a felicidade é o maior objetivo
para o ser humano, é o sumo bem – o fim supremo que o homem precisa perseguir.

Segundo o filósofo, a felicidade, almejada por quase todas as pessoas, só pode ser alcançada por meio
de uma vida virtuosa. Aristóteles ensinava que desejamos dinheiro, prazer e honra porque
acreditamos que isso nos trará felicidade. Todas essas coisas são meios, não o fim. Já a felicidade é o
próprio fim.

Aristóteles rejeitava a vida cujo fim é a riqueza. Ele acreditava que bens materiais são apenas um meio,
não um fim. Segundo o filósofo, uma vida em que o ganho material é fim, não é uma vida feliz. O
mesmo conceito vale para a honra e os outros meios.

A felicidade é a medida de quanto bem vivemos: depende de o homem conseguir atingir seu pleno
potencial como ser humano. Possuir caráter e moral, a virtude completa, é o principal fator para
atingir a felicidade. Possuir caráter e moral significar exercer virtudes como a coragem, a generosidade,
a justiça, a amizade e a cidadania. Essas virtudes enriquecem e aperfeiçoam a natureza humana. De
acordo com Aristóteles, a felicidade só é alcançada pelas pessoas que agem corretamente.

Aristóteles ensinava que a felicidade consiste também em obter, ao longo da vida, as benesses da vida,
como saúde, conhecimento, amigos, riqueza, etc. A obtenção desses bens requer que o homem faça
escolhas difíceis, pois, frequentemente, o que é menos valioso promete prazer imediato enquanto o
que é mais valioso requer que sejam feitas escolhas dolorosas e sacrifícios. Para desenvolver um bom
caráter, é necessário ter muita força de vontade para fazer a coisa certa, mesmo em situações difíceis.

O filósofo ensinava que para viver uma vida de completa virtude, é preciso tomar as escolhas certas e
manter os olhos no futuro – no objetivo final que o homem almeja para sua vida. A felicidade não será
alcançada se o homem se dedicar apenas aos prazeres momentâneos. A felicidade não é um estado
temporário, ou seja, algo que pode ser ganhado ou perdido em algumas horas. Felicidade significa um
fim, que engloba a totalidade da vida de uma pessoa.

Política

Segundo Aristóteles, a virtude moral não pode ser obtida de forma abstrata. Ela requer ações morais
em um ambiente social. Na visão de Aristóteles, os seres humanos estão conectados em um contexto
social. Já que o homem é um ser social e político, ele não pode realizar a sua perfeição sem o Estado.

A Política de Aristóteles baseia-se na moral e ética. Para ele, o papel do Estado é a virtude – a formação
moral de seus cidadãos. Aristóteles ensinava que a Ética e a Política estão intimamente relacionadas,
pois ele definia Política como a Ciência de criar uma sociedade na qual o homem poderia viver uma
vida boa e desenvolver todo seu potencial. Portanto, de acordo com o filósofo, o papel do Estado e da
comunidade é o de proporcionar uma vida boa aos seus membros. Isso é realizado ao preservar a vida
das pessoas, ao evitar a injustiça e ao permitir que os cidadãos sejam pessoas virtuosas e felizes.
Aristóteles acreditava que o Estado é superior ao indivíduo.

Em Política, Aristóteles conjecturou sobre a origem do Estado, descreveu os méritos relativos dos
vários tipos de governo e listou as obrigações de cada cidadão.

Aristóteles acreditava que o ideal para a sociedade seria que a soberania política fosse entregue ao
povo – como ocorre em uma democracia – em vez de a alguns homens notáveis – como ocorre em
uma oligarquia ou aristocracia. Ele argumentava que, mesmo que um indivíduo por si só não tivesse a
capacidade de julgar corretamente, a união de vários cidadãos resultaria no cumprimento da justiça,
pois a agregação de várias pessoas reúne as qualidades que cada uma delas possui. Assim, segundo
Aristóteles, a democracia era superior às outras formas de governo porque reunia as qualidades de
muitas pessoas e neutralizava os defeitos de indivíduos.

Em Política, Aristóteles afirma que a única justificativa para a existência da monarquia é se a virtude
do rei e de sua família for maior que a de todos os outros cidadãos em conjunto. Sabe-se que
Aristóteles foi professor de vários reis e que ele encorajou Alexandre Magno em suas conquistas no
Oriente. Aristóteles aconselhou Alexandre Magno a ser "um líder para os gregos e um déspota para os
bárbaros".

17. EPICURISMO

Índice
Introdução
Epicuro de Samos
Epicurismo, Atomismo e Hedonismo
Exercícios

Introdução
Epicurismo é uma Escola Filosófica criada por Epicuro de Samos em meados do século IV a.C.,
no período pós-socrático, que afirma que, para atingir um estado de plena liberdade, tranquilidade e
libertação do medo, o indivíduo deve manter-se em busca de prazeres moderados.

A importância da busca por prazeres moderados é ressaltada, pois a partir do momento que os desejos
tornam-se exacerbados, eles acabam transformando-se em fontes de descontentamento e
perturbação - por isso, dificultam que o indivíduo conheça o estado de liberdade e tranquilidade.

Além da busca por prazeres moderados, outros fundamentos são considerados importantes os
epicuristas. Para atingir a plena tranquilidade, é indicado que o epicurista busque o prazer imediato
em cada ação que realiza, sem se perturbar com qualquer tipo de aflições ou angústias terrenas que
possam, de alguma forma, levantar algum tipo de preocupação.

Para evitar dores e preocupações, os epicuristas afirmam a necessidade de, sempre que
possível, evitar as multidões e os luxos. Além disso, acreditam que devem se aproximar com frequência
da natureza, para que, assim, consigam se aproximar da liberdade.

Epicuristas prezam, também, a amizade como uma das maneiras de promover a troca de opiniões que
possam levar à busca do prazer. De acordo com Epicuro, a amizade e a gentileza favorecem a busca
pelo prazer imediato por todos aqueles que desfrutam dessa relação.

Para os Epicuristas, as sociedades mais desenvolvidas e complexas precisam da formulação de regras


e leis que só são obedecidas pelos indivíduos quando lhes são, de alguma forma, vantajosas. Por isso,
para os seguidores de Epicuro, o Estado só surge a partir dos interesses individuais. A organização
política e social não tem grande destaque nas obras do criador do epicurismo.

Epicuro de Samos
Epicuro nasceu na Ilha de Samos, Grécia, provavelmente no ano de 341 a.C. Filho de pais atenienses,
interessou-se pela filosofia ainda jovem. Foi enviado pelo pai para Teós, região da Jônia, para que
pudesse aprimorar seus estudos filosóficos.

Em Téos, Epicuro conheceu a filosofia atomista, pregada no lugar pelo discípulo de Demócrito de
Abdera, Nausífanes. O interesse pela filosofia atomista foi tanto, que Epicuro dedicou-se por alguns
anos ao estudo do átomo e, mais tarde, reformulou as teorias atomísticas, apontando os pontos com
os quais discordava.

Ao contrário de parte dos filósofos, Epicuro opunha-se à Academia, pois defendia uma filosofia que
fosse mais prática. Das obras do autor, mais de trezentos capítulos escritos foram perdidos. O que
restou, bem como as suas lições filosóficas, foram espalhadas por seu principal discípulo, Lucrécio.

Ainda em vida, Epicuro fundou, em 306 a.C., sua própria escola de filosofia, para ensinar,
principalmente, as ideias epicuristas e atomistas. Na escola, chamada o Jardim, Epicuro lecionou até a
sua morte, em 270 a.C.

Epicurismo, Atomismo e Hedonismo


Epicuro teve seu primeiro contato com filosofia a partir dos pensamentos do filósofo
atomista Demócrito de Abdera, de quem discordou de algumas teorias e trabalhou para reformulá-las.
No entanto, outras influências e conceitos de outras escolas influenciaram Epicuro e a criação do
epicurismo.

A ideia da busca pelo prazer, por exemplo, tem influência direta do Hedonismo, escola filosófica que
tem como base a busca pelo prazer para que se possa atingir a verdadeira felicidade.

Por outro lado, as ideias de Epicuro contrastavam com as dos estóicos, que acreditavam que, para
atingir a felicidade, liberdade e tranquilidade plenas, os homens deveriam ser unicamente bons - ou
seja, que a bondade seria garantia de felicidade. Os estóicos também acreditavam que as instituições
eram justas quando contribuíssem para a felicidade do indivíduo. Os epicuristas, ao contrário, negam
a existência de justiça absoluta e afirmam a existência de um governo universal regido pela razão.

Foi, portanto, a partir da junção de ideias e discordâncias da escola atomista e do hedonismo, além da
negação das ideias estóicas, que Epicuro estabeleceu as bases para a criação do epicurismo.

Exercícios
EXERCÍCIO 1

(ENEM/2014)

Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais
nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não satisfeitos
não são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua
satisfação ou parecem geradores de dano (EPICURO DE SAMOS. “Doutrinas principais”. In: SANSON,
V. F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974).
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim:

A - alcançar o prazer moderado e a felicidade.

B - valorizar os deveres e as obrigações sociais.

C - aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação.

D - refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade.

E - defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber.

18. ESTOICISMO

Índice
Introdução
Filosofia Estoica
As fases do Estoicismo
Principais Filósofos
Estoicismo vs. Epicurismo
Exercícios
Introdução
O Estoicismo foi criado na Grécia por volta do ano 300 a. C e faz parte do período helenístico da
Filosofia.

A corrente de pensamento estóica foi criada pelo grego Zenão de Cítio e foi bastante popular entre os
pensadores gregos e romanos até meados do século III d.C.

O foco da corrente estóica era o total apego e fidelidade pelo conhecimento, com isso, sentimentos,
emoções e paixões deveriam ser descartados para que o homem pudesse encontrar a verdadeira e
duradoura felicidade.

A filosofia socrática influencia os estóicos na busca pela virtude, o conhecimento verdadeiro. As


paixões e sentimentos são, para os pensadores dessa corrente, vícios da alma.

Os estóicos não fazem distinção entre amor, ódio, raiva ou compaixão, todos os sentimentos são
considerados prejudiciais a racionalidade do indivíduo. O afastamento das reações externas e
sentimentos garantia aos estóicos a racionalidade e o posicionamento imparcial diante de ideias e
conflitos.

Filosofia Estoica
Além do afastamento das emoções e o apego ao conhecimento para garantir a felicidade, a filosofia
estóica possui ainda outras características:

O mundo se constitui daqui que pode ser observado;


A única maneira de entender a ordem e funcionamento do cosmos é a partir da racionalidade e
conhecimento;

A ética deve ser constantemente ensinada aos homens;

Os problemas e dificuldades da vida devem ser desprezados;

A virtude é o caminho para a felicidade;

Negação dos prazeres e emoções;

Uso da apatia e indiferença;

Deus não é o criador de todas as coisas, no entanto, Ele está presente em tudo.

As fases do Estoicismo

A corrente estóica é dividida em três fases com algumas características particulares.

Período Ético
Desenvolvimento do estoicismo: foco na ética e transformação do estoicismo no modelo que
conhecido na atualidade.

Período Eclético
O movimento tem pensamentos mais ecléticos e menos rígidos, mas ainda seguindo as principais
características. Os pensamentos de Sócrates e Platão são incorporados ao pensamento dos filósofos
estóicos. Nesse período, os romanos conheceram o estoicismo.

Período Religioso
Os filósofos desse período entendem a corrente filosófica como prática religiosa e não apenas como
ciência.

Principais Filósofos
Alguns pensadores gregos e romanos figuram entre os importantes nomes na construção e
disseminação do estoicismo tanto pela Grécia quanto por Roma.

Zenão de Cítio (333 a.C - 263 a.C)

Criador do estoicismo, defende a busca pela virtude e conhecimento e o afastamento das paixões e
emoções externas para atingir a felicidade.

Cleantes de Assos (330 a. C- 230 a.C)

Discípulo de Zenão, é o responsável pelo desenvolvimento do estoicismo e inserção do materialismo


entre os pensamentos estóicos.

Panécio de Rodes (185 a.C - 109 a.C)

Filósofo grego que colaborou com a disseminação do estoicismo entre os romanos.

Sêneca (4 a.C- 75 d.C)

Um dos mais importantes pensadores do Império Romano e representante da terceira fase do


estoicismo. Sêneca concentrou seus trabalhos nas áreas de ética, física e lógica ligados ao estoicismo.

Marco Aurélio (121 d.C- 181 d.C)


Imperador Romano e representante da terceira fase encara o estoicismo como prática religiosa.

Estoicismo vs. Epicurismo


A corrente filosófica criada por Epicuro, o epicurismo é considerada oposta ao estoicismo. Para
os estóicos, a felicidade é encontrada a partir da virtude, do conhecimento e da negação total das
paixões e emoções externas, que são consideradas vícios da alma humana. Os estóicos cultivam
a Apathea, que é a indiferença a tudo externo ao indivíduo.

Os epicuristas, por sua vez, buscam os prazeres terrenos, entre eles, o amor, sexo e bens materiais. Os
homens deveriam buscar nos prazeres o caminho para a felicidade.

A felicidade, portanto, é atingida segundo estóicos e epicuristas por caminhos bem distintos,
considerados opostos.

Exercícios
EXERCÍCIO 1

(UNISC/2012)

Nas suas Meditações, o filósofo estóico Marco Aurélio escreveu:

“Na vida de um homem, sua duração é um ponto, sua essência, um fluxo, seus sentidos, um turbilhão,
todo o seu corpo, algo pronto a apodrecer, sua alma, inquietude, seu destino, sobscuro, e sua fama,
duvidosa. Em resumo, tudo o que é relativo ao corpo é como o fluxo de um rio, e, quanto á alma,
sonhos e fluidos, a vida é uma luta, uma breve estadia numa terra estranha, e a reputação,
esquecimento. O que pode, portanto, ter o poder de guiar nossos passos? Somente uma única coisa:
a Filosofia. Ela consiste em abster-nos de contrariar e ofender o espírito divino que habita em nós, em
transcender o prazer e a dor, não fazer nada sem propósito, evitar a falsidade e a dissimulação, não
depender das ações dos outros, aceitar o que acontece, pois tudo provém de uma mesma fonte e,
sobretudo, aguardar a morte com calma e resignação, pois ela nada mais é que a dissolução dos
elementos pelos quais são formados todos os seres vivos. Se não há nada de terrível para esses
elementos em sua contínua transformação, por que, então, temer as mudanças e a dissolução do
todo?”

Considere as seguintes afirmativas sobre esse texto:

I. Marco Aurélio nos diz que a morte é um grande mal.

II. Segundo Marco Aurélio, devemos buscar a fama, a riqueza e o prazer.

III. Segundo Marco Aurélio, conseguindo fama, podemos transcender a finitude da vida humana.

IV. Para Marco Aurélio, a filosofia é valiosa porque nos permite compreender que a morte é parte de
um processo da natureza e assim evita que nos angustiemos por ela.

V. Para Marco Aurélio, só a fé em Deus e em Cristo pode libertar o homem do temor da morte.

VI. Para Marco Aurélio, o homem participa de uma realidade divina.

Assinale a alternativa correta.

A - Somente as afirmativas I e V estão corretas.

B - Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.


C - Somente as afirmativas IV e VI estão corretas.

D - Todas as afirmativas estão corretas.

E - Somente a afirmativa IV está correta.

19. FILOSOFIA MEDIEVAL

Índice
Introdução

Filosofia de São Tomás de Aquino

Filosofia de Santo Agostinho

Introdução

Compreendida entre os séculos VII d.C a XIV d.C, a Filosofia Medieval foi altamente influenciada pelo
teocentrismo da Idade Média.

A Igreja Católica teve grande influência e determinava que todo pensamento que buscava
conhecimento e as verdades deste mundo deveria buscar na Palavra de Deus, a bíblia cristã.

É neste escopo que surgem Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.

Filosofia de Santo Agostinho

Santo Agostinho foi um Bispo da Igreja Católica que estudou principalmente temas voltados à Teologia,
sendo ínfimos seus estudos fora desta área.

Entre seus estudos se destacam: Antropologia Cristã, Astrologia, Eclesiologia, Escatologia, “Guerra
Justa” e o Conhecimento Natural afiliado a Interpretação Bíblica.

Agostinho foi o primeiro a dissertar sobre a Antropologia Cristã, defendendo que somos feitos de
uma junção entre nossos corpos físicos e nossa alma, sendo a alma detentora da inteligência e da
razão, e por este motivo, mais importante que o corpo.

Apesar desta hierarquização estabelecida, ele ainda dá importância ao corpo, exemplificando em uma
metáfora que “Nosso corpo é nossa esposa”, e que devemos cuidado e respeito a ele.

A Guerra Justa que Agostinho disserta mostra como deve ser o comportamento de um cristão frente
à guerra, ou qualquer tipo de injustiça segundo seu texto.

Segundo ele o cristão não pode agir de maneira a fazer o mal apenas pelo querer, mas estas atitudes
estão autorizadas quando se mostra necessário, como a guerra, ou autodefesa pessoal ou de um ente
querido. Nestes casos ele alega que Deus permite ações agressivas por parte do cristão.
Seus estudos da interpretação bíblica também regem grande parte de seus estudos. Santo Agostinho
buscava interpretar e esclarecer metáforas e textos obscuros da bíblia, que muitas vezes eram
ensinados errados.

Exemplificando, Santo Agostinho ensinava que não se deveria acreditar que nosso mundo foi criado
em 6 dias como dito no livro de Gênesis, mas que este é somente um artifício lógico, uma metáfora,
para mostrar a passagem do tempo e a ordem das criações de Deus.

Ele defendia uma interpretação baseada na razão e no conhecimento natural das coisas.

Filosofia de São Tomás de Aquino

Apesar de ser categorizado como Filósofo Escolástico, São Tomás nunca se identificou desta forma. Ele
repudiava os filósofos por serem “seres que buscavam uma verdade que não vem de Deus”.

São Tomás de Aquino teve destaque nas áreas da Teologia, Origem do Universo e do Homem,
Metafísica, Epistemologia e Ética.

Apesar disso, São Tomás possuía grande respeito por Aristóteles, referenciando a ele por “o Filósofo”,
e dissertando sobre sua obra.

São Tomás, em seus comentários da obra de Aristóteles, comparava suas próprias ideias com as do
filósofo, se utilizando de sua lógica para organizar e construir sua própria filosofia, buscando
sempre exaltar o cristianismo através de suas obras.

Também estudou a Metafísica de Aristóteles, dividindo-a em “Essência do Ser Geral” e a “Essência do


Ser Pleno”, sendo este último Deus.

Ele definiu a própria Metafísica como sendo um trio de pensamentos, Metafísica enquanto ciência do
ente, ciência divina e filosofia. Estas três levavam o homem a Deus através do pensamento lógico e da
razão.

São Tomás defendia sempre a conciliação da fé com a razão, tentando mostrar que uma não exclui
outra, mas sim aperfeiçoava e completava.

Assim, teve grande parte na Teologia dos próximos séculos onde defendia a junção da Filosofia com a
Teologia. Apesar dessa tentativa, São Tomás acabou entrando em algumas discordâncias com a Igreja
Católica.

Enquanto São Tomás defendia que o Universo era infinito, sem início nem fim, e por tal ele sempre
existiu, apenas os humanos vieram a existir em determinado ponto, a Igreja defendia que o Universo
foi criado juntamente com os humanos, seguindo cada um uma interpretação da bíblia cristã.

20. ESCOLÁSTICA
Índice
Introdução
São Tomás de Aquino
As universidades medievais
Exercícios
Introdução

A Filosofia Escolástica é um ramo da Filosofia Medieval, surgida no século IX d.C. É principalmente


representada por São Tomás de Aquino, “o Príncipe da Escolástica”, apesar deste nunca se identificar
como filósofo.

A Escolástica, apesar de ser parte da Filosofia, é mais frequentemente definida como uma forma de
pensamento crítico, sendo baseada na filosofia de Aristóteles e Platão, com certos fundamentos
cristãos.

São Tomás de Aquino

São Tomás de Aquino possui a maior cadeira na Escolástica, por seus estudos relacionados
à harmonização da fé com a razão. Estabeleceu, por meio destes estudos, as bases que determinariam
a metodologia Escolástica da lógica e razão.

O santo teve destaque nas áreas da Teologia, Origem do Universo e do Homem, Metafísica,
Epistemologia e Ética, todas utilizando tal metodologia.

Ele defendia sempre a conciliação da fé com a razão, tentando mostrar que uma não exclui outra, mas
sim aperfeiçoa e completa. Assim, tem grande parte na Teologia dos próximos séculos, em que se
defende a junção da Filosofia com a Teologia.

Apesar dessa tentativa, São Tomás acabou entrando em algumas discordâncias com a Igreja Católica,
pois seus estudos levaram-no a diversas proposições que iam contra os preceitos da Igreja.

Exemplificando uma dessas desavenças, São Tomás defendia que o Universo era infinito, sem início
nem fim, e por tal ele sempre existiu, e apenas os humanos vieram a existir em determinado ponto do
tempo.

A Igreja, por sua vez, defendia que o Universo foi criado juntamente com os humanos. Assim, cada um
seguia uma interpretação da bíblia cristã. Esta interpretação dúbia dos textos bíblicos é uma de outras
semelhantes.

As universidades medievais

A Escolástica virou a base fundamental das universidades medievais da época, como Oxford e a
Universidade de Paris. Utilizavam sua rígida metodologia baseado na razão e lógica para ensinar.

Era fortemente baseada na dialética para a discussão de questões relacionadas principalmente com a
fé, não querendo diminuí-la em relação à razão, mas sim buscar harmonizar a razão e a fé.

A filosofia grega clássica não havia discutido temas - como divindade e valores espirituais e morais -
que a Igreja Católica, dominante na época, pregava e determinava como absolutos. Esta foi uma
tentativa de enxergar estas questões do ponto de vista filosófico.

O ensino era dividido em dois grupos de estudos, dirigidos nas universidades medievais:

Trivium: estudos relacionados com gramática, dialética e retórica. Ensinadas no primeiro momento de
entrada na Universidade. Mais tarde a palavra “trivium” deu origem à trivial, algo básico.

Quadrivium: Aritmética, Geometria, Música e Astronomia. Completando as sete matérias ensinadas


no período básico da universidade, consideradas as ciências naturais e necessárias ao homem.
Completado este ciclo básico, o aluno era considerado preparado para os estudos mais avançados da
Escolástica. Eram realizados grandes debates entre os estudantes, seguindo a rígida metodologia
escolástica, sempre regidas pela razão e lógica.

Por ser baseada na pura lógica, a Escolástica era diretamente contra conhecimentos não baseados na
ciência. Um exemplo é a astrologia, em que se diz poder prever o futuro pelas estrelas. Aos escolásticos
era recomendado permanecer longe de tais ensinamentos.

Neste período, surgiu um grande choque cultural, advindo dos povos não cristãos habitantes da região,
bárbaros e muçulmanos, que abraçaram a escolástica. A Igreja Católica, que não aceitava ter seus
valores - tidos como absolutos - discutidos.

Com o desenvolvimento cada vez maior da Escolástica, surgiram dois grupos:

os Tradicionais (Agostianos e Platônicos): não aceitavam uma filosofia desvinculada da Teologia;

os Modernos Aristotelistas: fascinados com o conhecimento por si só, buscavam uma ciência
independente da religião, o que deu luz à ciência moderna mais tarde.

A Escolástica perdeu força após começar a discutir temas apenas pela dialética, e não em busca do
conhecimento.

Neste momento, a Renascença assume seu lugar cultural na sociedade. Entretanto, mesmo neste
período de decadência, surgiram o jusnaturalismo e a ideia de direito universal.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(ENEM/2015)

Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja
diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que se move para diversos lados pelo impulso dos
ventos contrários, não chegaria ao fim de destino, se por indústria do piloto não fosse dirigido ao porto;
ora, tem o homem um fim, para o qual se ordenam toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem
os homens de modos diversos em vista do fim, o que a própria diversidade dos esforços e ações
humanas comprova. Portanto, precisa o homem de um dirigente para o fim.

AQUINO. T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos de São Tomás de
Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado).

No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia como o regime de governo capaz de

A - refrear os movimentos religiosos contestatórios.

B - promover a atuação da sociedade civil na vida política.

C - unir a sociedade tendo em vista a realização do bem comum.

D - reformar a religião por meio do retorno à tradição helenística.

E - dissociar a relação política entre os poderes temporal e espiritual.

21. FILOSOFIA MODERNA


Índice
Introdução
Contexto Histórico
Características
Problemas
Principais Autores e Correntes
Exercícios

Introdução

A filosofia moderna é a corrente filosófica que tem início no século XV e vai até o século XVIII. O seu
fim é marcado pelo início da Idade Contemporânea.

Muitos autores, no entanto, consideram o marco inicial da filosofia moderna os pensamentos


produzidos por René Descartes, no século XVII, e o fim é marcado pelos trabalhos de Ludwig
Wittgenstein, no século XX. Nesse modelo de classificação, o pensamento feito entre os séculos XV e
XVII é chamado de Filosofia Renascentista.

Contexto Histórico

A filosofia moderna surge juntamente com o final da Idade Média e com a queda do sistema feudal. O
fim do período medieval e a diminuição do domínio da Igreja Católica marcam a busca dos cientistas
por novas formas de saber e pensar racionalmente, desvinculando-se cada vez mais das influências
religiosas, que foram a marca da Idade Média.

Durante o surgimento da filosofia moderna, o mundo passava por diversas transformações:

As grandes navegações;

A reforma e a contra-reforma religiosas;

O início do Renascentismo;

A formação dos primeiros Estados Nacionais modernos;

A consolidação dos regimes absolutistas;

O surgimento da burguesia;

A invenção da imprensa;

A chegada a novos continentes.

As novas descobertas nas áreas da Física, Astronomia e outras ciências naturais foram marcadas
pelo antropocentrismo - o homem no centro de produção científica e da busca de respostas racionais.

A renovação dos métodos, a nova maneira de realizar pesquisas, encontrar soluções e construir
argumentos, foi também influenciada pelo Renascimento e Humanismo, que possibilitaram a maior
ação dos indivíduos na sociedade.
O homem passa a ser encarado como um ser pensante, racional e capaz de responder por suas
escolhas e ações.

Características

Algumas características marcam a Filosofia no período do século XV ao XX com maior ou menor


intensidade, dependendo do momento e da escola filosófica que está sendo analisada. Dentre as
principais características, vale a pena destacar as seguintes:

Antropocentrismo e humanismo, com o homem como centro de todas as pesquisas e responsável


por suas próprias escolhas;

Valorização de novas técnicas científicas e da pesquisa para encontrar as soluções dos problemas
levantados;

Racionalismo;

Empirismo, ou seja, o uso de experimentos para provar as afirmações e encontrar soluções aos
problemas;

Liberdade de pensamento a partir da menor influência religiosa;

Surgimento de escolas laicas de Filosofia.

Negação religiosa.

Problemas

Dentre os principais problemas levantados pelos filósofos modernos, principalmente os da primeira


geração, estão os problemas ligados ao corpo e a mente, a metafísica e a epistemologia.

Posteriormente, os filósofos dedicam-se a pensar as questões políticas ligadas aos governos


absolutistas, aos governos liberais e aos anarquistas. É, também durante a filosofia moderna, que são
levantadas questões ligadas às novas relações sociais e econômicas, principalmente no período Pós-
Revolução Industrial, e ao papel da burguesia nesse novo modelo social.

Principais Autores e Correntes

Dentre os principais filósofos e escolas merecem destaque:

Nicolau Maquiavel (1469-1527) - Considerado pai do pensamento político moderno, Maquiavel


desenvolveu sua filosofia no período renascentista. É autor de “O Príncipe”, obra que aponta as
diretrizes de como os rei devem governar seus países.

Jean Bodin (1530-1596) - Filósofo francês, Bodin apresenta visões que contribuem para a evolução do
pensamento político moderno. Faz a análise da teoria do direito divino dos reis em sua obra, composta
por seis livros e denominada “A República”.

Francis Bacon (1561-1626) - Bacon colaborou com a criação do método indutivo de investigação
científica que preza as observações e depois apresenta induções para os fenômenos naturais.

Galileu Galilei (1564-1642) - Astrônomo, físico e matemático, Galileu é considerado o pai da Física e
da Ciência Moderna. Criador do método matemático experimental, que aplica a matemática a
fenômenos naturais, e defensor das ideias heliocêntricas de Copérnico, Galileu contraria as crenças e
dogmas católicos que acreditavam no geocentrismo.
René Descartes (1596-1650) - Criador do pensamento cartesiano, apresentado na obra “O discurso
sobre o método”, de 1637, e que influenciou pensadores e filósofos modernos.

Baruch Spinoza (1634-1677) - É um filósofo holandês que critica e combate todo tipo de superstição,
pois seriam criadas pela imaginação. Spinoza acredita e defende a existência de um Deus
transcendental que está ligado a natureza.

São também importantes nomes da filosofia moderna: Thomas Hobbes, John Locke, David Hume,
Montesquieu, Voltaire, Diderot, Rousseau, Adam Smith e Immanuel Kant, Isaac Newton e Pascal.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(ENEM/2013)

Leia os textos abaixo:

TEXTO I

Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões
como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia
ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-
me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer
um saber firme e inabalável.

(DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973
(adaptado))

TEXTO II

É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo
o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma
forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram
anteriormente varridas por essa mesma dúvida.

(SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado))

A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução radical do
conhecimento, deve-se:

A - retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade.

B - questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções.

C - investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos.

D - buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados.

E - encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser questionados.


22. RACIONALISMO
Índice

• Introdução
• René Descartes
• Diferenças entre Racionalismo e Empirismo
• Exercícios

Introdução

Racionalismo é uma corrente filosófica do século XVII. Ela estabelece a razão como a única
fonte confiável de todo o conhecimento humano.

Para ela, não é necessário nada além da razão para que o homem entenda e domine todo o
Universo à sua volta, encontrando o conhecimento absoluto, ou a Verdade, como diz René
Descartes.

Entre os filósofos que conceberam o Racionalismo, destacam-se:

• B. Espinoza
• G. W. Leibniz
• Ch. Wolff
• Platão
• Descartes
• Noam Chomsky

O Racionalismo fundamenta-se na análise e demonstração a fim de conceber conhecimentos


a priori, ou seja, que não são inatos - aqueles que possuímos desde que nascemos e que não
nos foi preciso ensinar - e nem mesmo empíricos - conhecimentos advindos da técnica de
experimentação e repetição.

Entretanto, este aspecto não demonstra uma negação do conhecimento inato. Os


racionalistas somente refutam o conhecimento empírico, dado que este pode ser falho se os
resultados advém de nossos sentidos humanos.

No Racionalismo, a todo acontecimento atribui-se uma causa e efeito. E, com uma


metodologia de raciocínio pautado na razão, tenta-se determinar estes aspectos.

René Descartes

René Descartes, considerado o pai da Filosofia Moderna, era um dos fervorosos defensores
do Racionalismo, considerado o criador do mesmo.

Segundo ele, somente o Racionalismo levaria o homem a encontrar a Verdade Absoluta. Isto,
porque ele defende que nossos sentidos são falhos e duvidosos, ou seja, eles nos entregam
uma imagem distorcida do Universo a nosso redor e não como se é verdadeiramente.
Uma vez que o primeiro passo de relações lógicas não pode ser dado através dessa imagem,
Descartes convence-se de que somente com a pura razão podemos compreender e encontrar
a Verdade.

Com base no Racionalismo e nos seus estudos em geometria, René Descartes elaborou
seu método científico, dividido em quatro partes:

• Evidência: jamais acolher alguma coisa como verdadeira se não conhecer evidentemente
como tal.
• Análise: dividir cada uma das dificuldades que examinar em tantas parcelas quantas possíveis
e quantas necessárias forem para melhor resolvê-las.
• Síntese: conduzir por ordem os pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais
fáceis de conhecer, para subir, pouco a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos
mais compostos, e supondo mesmo uma ordem entre os que não se precedem naturalmente
uns aos outros.
• Controle: fazer em toda parte enumerações completas e revisões gerais, a fim de ter a certeza
de nada omitir.

Descartes separava as ideias em três campos:

• as adventícias: ideias advindas dos sentidos humanos;


• as factícias: que derivam de nossa imaginação;
• as inatas: que estão conosco desde o nascimento, sem necessidade de comprovação
experimental.

Diferenças entre Racionalismo e Empirismo

Apesar de semelhantes quanto a relação da utilização de proposições lógicas em busca de


uma verdade absoluta, o Racionalismo e o Empirismo possuem características que se
contrariam.

O Empirismo afirma que toda realidade que conhecemos e os conhecimentos adquiridos são
advindos da experiência sensorial, e todo conhecimento que importa deve ser possível
de medida e verificação científica.

Neste escopo, alia-se com as ciências naturais no intuito de avançar nesta área através
desta metodologia.

Descartes contraria essa linha de pensamento quando descreve nossas experiências


sensoriais como dúbias e apenas imagens que refletem a realidade, levando a divergência do
Racionalismo neste ponto.

O Racionalismo difere do Empirismo por não consider o método experimental como um bom
recurso na busca pela verdade. Entre outras coisas, o Racionalismo apoia a intuição e ideias
inatas, conhecimentos presentes no ser humano sem prévia visualização, enquanto o
Empirismo repudia tais ideias.

O Racionalismo ainda utiliza o método dedutivo para o raciocínio lógico, quando se parte de
um conhecimento genérico para se obter um mais específico. Já o Empirismo utiliza o método
indutivo, partindo de um conhecimento específico a fim de obter um de maior abrangência.
Exercícios

EXERCÍCIO 1

(UNICAMP/2014)

A dúvida é uma atitude que contribui para o surgimento do pensamento filosófico moderno.
Neste comportamento, a verdade é atingida através da supressão provisória de todo
conhecimento, que passa a ser considerado como mera opinião. A dúvida metódica aguça o
espírito crítico próprio da Filosofia.

(Adaptado de Gerd A. Bornheim, Introdução ao filosofar. Porto Alegre: Editora Globo, 1970, p.
11.)

A partir do texto, é correto afirmar que:

• A - A Filosofia estabelece que opinião, conhecimento e verdade são conceitos


equivalentes.

• B - A dúvida é necessária para o pensamento filosófico, por ser espontânea e dispensar o


rigor metodológico.
• C - O espírito crítico é uma característica da Filosofia e surge quando opiniões e verdades
são coincidentes.

• D - A dúvida, o questionamento rigoroso e o espírito crítico são fundamentos do pensamento


filosófico moderno.

23. EMPIRISMO
Índice

• Introdução
• De Aristóteles a John Locke
• Francis Bacon
• Empirismo Atual - Neopositivismo

Introdução

O empirismo é uma doutrina filosófica do século XVII que trata do conhecimento advindo
das experiências sensoriais humanas.
O empirismo se contrapõe diretamente ao inatismo. Essa vertente afirma que a existência de
todo conhecimento está no ser humano desde seu nascimento, sendo necessário somente a
introspecção para alcançá-lo.

Além do inatismo, o empirismo também se contrapõe ao Racionalismo. Este confere a


descoberta da Verdade somente através do raciocínio lógico, revelando profunda aversão ao
método experimental.

O filósofo empírico, contrário a estes conceitos, afirma que a origem de todas as


ideias necessariamente vem da relação do homem com a ambiente externo. Ou seja, através
nossos sentidos biológicos.

De Aristóteles a John Locke

Apesar de ser concretizado teoricamente somente no século XVII com John Locke, o
empirismo é retratado muito antes com Aristóteles, em seus estudos sobre a busca de uma
Verdade absoluta.

Em seus estudos, Aristóteles indicava que um meio de se chegar à Verdade era através
das experiências sensoriais e pelo método lógico indutivo.

A indução é, como a razão aos racionalistas, parte fundamental do empirismo. A indução


mostra que são poucas as ideias que podem ser totalmente concluídas e validadas quando
não se detém fontes de conhecimento que advém da experiência.

Um exemplo clássico de como o método indutivo funciona é a questão: “se uma árvore cai na
floresta e ninguém está perto para ouvi-la, sua queda produzirá som?” Como não há ninguém
perto para que possa experimentar o ocorrido, não é possível então dizer ao certo se produzirá
ou não o som.

Entre os filósofos que se destacam no tema estão Francis Bacon, Thomas Hobbes, John
Stuart Mill, David Hume e John Locke. Este último sendo considerado o pai do Empirismo (ou
Empirismo Britânico).

Locke começou seus estudos sobre o empirismo em seu livro “Ensaio acerca do Entendimento
Humano” (1690), em que estipula o ser humano ao nascer como uma “tabula rasa”. Para ele,
o indivíduo é um quadro em branco, onde se adicionam informações e conhecimentos
conforme ganha experiência, passando, assim, a um ser capaz de gerar ideias e novas
opiniões.

Ao considerar que todos os homens nascem sem conhecimento algum, Locke define os
homens como iguais em seu nascimento, argumento que futuramente viria a contestar o
absolutismo e seu “direito divino”.

Exemplificando os conceitos do empirismo, este nega - e, portanto, não consegue explicar -


todos os conhecimentos que não possuem método de validação experimental, tomando por
exemplo o instinto animal ou a migração de aves para locais que nunca foram.
Francis Bacon

Francis Bacon (1561 - 1626) foi um dos principais filósofos e o primeiro a produzir um esboço
da técnica científica moderna.

Ao considerar a filosofia aristotélica ultrapassada, ele começou a produzir um tratado que


propunha organizar a filosofia sobre a busca do conhecimento.

Escreveu, assim, o “Novo Método” (1620), em que explicava o porquê de o homem necessita
dominar a natureza e entender seu funcionamento, para que, entendendo suas engrenagens,
pudesse transformar e trazer a si os benefícios produzidos por ela. Neste contexto, Bacon
afirma que “saber é poder”.

Bacon, em seu tratado, ainda divide a ciência em áreas:

• poesia ou ciência da imaginação;


• história ou ciência da memória;
• filosofia ou ciência da razão.

Empirismo Atual - Neopositivismo

O empirismo atual - empirismo lógico - é conhecido como neopositivismo e é origem de três


vertentes de pensamento: a integral, a moderada e a científica.

Empirismo integral

O empirismo integral reduz a fonte todo o conhecimento às experiências sensíveis, inclusive


na área da matemática.

John Stuart Mill em “Sistema da Lógica” (1843), coloca de maneira sistemática que os
conhecimentos humanos são resultados do método indutivo, exceto a matemática, que seria
uma generalização das experiências realizadas.

Entretanto, ele ainda afirma que os próprios axiomas da matemática são capazes de ser
atingidos pelo método indutivo.

Empirismo moderado

Em segundo, o empirismo moderado - ou genético-psicológico - afirma que as experiências


são fonte, mas não as únicas a serem capazes de validar os conhecimentos do mundo.

As ideias matemáticas são exemplo dessa vertente. Para os moderados, a matemática é


processo do unicamente do pensamento, não sendo possível ser provado, medido, validado
por simples experiências científicas.

Empirismo científico

Por fim, o empirismo científico valida somente como verdade aquelas ideias capazes de
serem medidas e experimentadas, refutando até mesmo processos como a indução.
O método científico utilizado atualmente, iniciado com René Descartes através do “Discurso
do Método” (1637), foi de grande influência ao empirismo científico.

A cada nova teoria que surge, faz-se necessário a experimentação, comprovação de dados e
medições. Sistematicamente, tudo deve ser validado. Somente assim algo poderá ser
considerado de valor para o meio científico.

24. RENÉ DESCARTES


Índice

• Introdução
• O Método Cartesiano
• Filosofia e Ciência
• O Discurso do Método – 1637

Introdução

Filósofo francês, nascido em 31 de março de 1596, René Descartes é considerado o pai da


Filosofia Moderna.

Sendo um dos filósofos mais importantes da história da Filosofia Ocidental, seu trabalho
influencia até hoje as obras e os pensamentos modernos.

Descartes também iniciou o pensamento racionalista, baseado numa metodologia de


raciocínio crítico pautada na razão. Para ele a dúvida era o primeiro passo em busca do
conhecimento.

O Método Cartesiano

A fim de desenvolver soluções mais eficientes aos problemas encontrados em seus estudos,
seja na matemática, física ou filosofia, Descartes estabeleceu o Método Cartesiano.

O Método Cartesiano na busca da Verdade era baseado em quatro regras simples e eficientes
na resolução de problemas, são estes:

• Jamais acolher alguma coisa como verdadeira que não conhecer evidentemente como tal.
(Evidência)
• Dividir cada uma das dificuldades que examinar em tantas parcelas quantas possíveis e
quantas necessárias fossem para melhor resolvê-las. (Análise)
• Conduzir por ordem os pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de
conhecer, para subir, pouco a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais
compostos, e supondo mesmo uma ordem entre os que não se precedem naturalmente uns
aos outros. (Síntese)
• Fazer em toda parte enumerações tão completas e revisões tão gerais, a fim de ter a certeza
de nada omitir. (Controle)
Com essa metodologia Descartes buscou provar a existência do próprio ser evidenciado em
sua famosa frase “Penso, logo existo”.

Seu método, baseado no ceticismo metodológico, não admite estar satisfeito com um
conhecimento, mas sempre procura esclarecer e simplificar mais.

Filosofia e Ciência

Para Descartes não havia lógica em separar o conhecimento científico, matemática e física,
da filosofia. Ele o enxergava como um todo, sem delimitações.

O conhecimento na visão de Descartes possuía embasamento na metafísica, como as raízes


de uma árvore.

É solidificada pela própria física, sendo esta o tronco, e as diversas áreas científicas restantes
seriam os galhos desta árvore, sendo sustentados e alimentados pelos anteriores.

A filosofia neste aspecto não comportaria o papel de algo abstrato e confuso, mas sim uma
ciência que serve de suporte às outras.

Teve grande influência na física, estudando a reflexão e refração da luz, juntamente com a
inércia dos corpos. Iniciou até mesmo estudos em somas infinitesimais, mas estes depois
foram sobrepujados pelos de Newton.

Entretanto sua maior influência, depois da filosofia, foi na geometria. Procurando estabelecer
seu Método Cartesiano na geometria, achando-a muito abstrata em seus problemas, este
desenvolveu a Geometria Analítica.

Foi uma maneira de construir a geometria de forma que pudesse aplicar seus métodos de
resolução de problemas por partes.

Isso gerou enorme influência na área da matemática e da física, abrindo caminho para que os
cientistas enxergassem melhor e de maneira mais analítica os problemas a serem
desenvolvidos.

Entre outras áreas de estudo de René Descartes, estão a teologia, em que ele tenta provar a
existência de Deus através da razão.

Na medicina, estudou o sistema circulatório humano, caracterizando este como um grande


sistema de válvulas e bombas hidráulicas, influenciado pelo mecanicismo. Também estudou
o sistema nervoso, mais especificamente os reflexos humanos.

O Discurso do Método – 1637

Um marco do nascimento da Filosofia Moderna, a publicação do Discurso do Método de


Descartes transforma a filosofia e seu modo de analisar os problemas.

Descartes explica o Racionalismo e o Método Cartesiano. A partir deste momento a Filosofia


passa a ser enxergada como ciência e grandes obras começam a ser publicadas em reação ao
trabalho de Descartes.
Vale lembrar que o livro foi escrito em pleno domínio da Igreja Católica sobre o
conhecimento disseminado na época. Assim, Descartes pode ser considerado pioneiro em
publicar livros que busquem o conhecimento por outro método que não seja o da Escolástica,
que buscava do conhecimento a partir da fé em Deus.

25. JOHN LOCKE


Índice

• Introdução
• Filosofia
• Empirismo e a Tábula Rasa
• Os direitos naturais
• Política
• Exercícios

Introdução

John Locke nasceu em Wrington, Inglaterra, em 1632 e faleceu também na Inglaterra em


1704. Locke é considerado o pai do liberalismo político e do empirismo filosófico. formado
em Medicina, Ciências Naturais e Filosofia, dedica sua vida aos escritos sobre a política e a
filosofia, abandonando definitivamente a medicina.

Seus pensamentos e obras tem como pano de fundo as revoluções Inglesas, a revolta contra
a dinastia Stuart e o absolutismo. Defensor da Monarquia Constitucional e Representativa,
Locke passa anos entre a França e a Holanda como exilado político, retorna à Inglaterra apenas
em 1688, com a coroação de Guilherme de Orange e o estabelecimento da Monarquia
Constitucional Representativa.

Filosofia

Considerado pai do empirismo britânico e influenciador de vários pensadores empiristas


como David Hume, Kant, Voltaire e Adam Smith. John Locke afirmava que o conhecimento
provinha de experiências e sensações, que poderiam ser tanto externas, como internas, caso
das reflexões e sensações individuais.

Para Locke as reflexões acontecem no momento em que as sensações são trabalhadas e


desenvolvidas pela dúvida, conhecimento anterior sobre fatos e objetos ou até mesmo pela
crença individual ou coletiva em algo. A junção desses elementos permite o processamento e
classificação das diversas sensações.

Empirismo e a Tábula Rasa

Ainda seguindo os conceitos do empirismo sobre a aquisição de conhecimento, Locke


afirmava também que o conhecimento não é inato, pelo contrário, ele é resultado da
maneira pela qual cada indivíduo organiza as informações mediante as sensações que
experimenta.

Na obra Ensaio acerca do Entendimento Humano, o ser humano é, para Locke, semelhante a
uma tábula rasa, uma folha em branco, na qual as sensações são as responsáveis por
preencher os espaços vazios. Todo processo de conhecer a partir das sensações é que
garantiria ao homem o preenchimento de sua mente, que deixaria de ser então, uma folha
em branco.

Os direitos naturais

Na obra 2º Tratado sobre Governo Civil, de 1681, Locke estabelece como sendo direitos
naturais ao ser humano, o direito à vida, à liberdade e a propriedade. Para o pensador,
o Estado seria o responsável pela manutenção dos direitos naturais de seus cidadãos, em
especial, o direito à propriedade privada. Caso o Estado não cumprisse com a defesa de tais
direitos, os cidadãos poderiam constituir de maneira legítima o governante.

No decorrer dos séculos o conceito de propriedade privada ganhou aspectos negativos, pois
muitas vezes está relacionado a grandes latifúndios, mega empresas, mansões e casas grandes
e luxuosas. A relação estabelecida entre o direito à propriedade privada como sendo somente
ligado às classes abastadas ganhou força ao longo dos últimos séculos.

No entanto, o conceito de propriedade privada de Locke, pode ser entendido de maneira mais
ampla, todos os cidadão tem direito a propriedade privada, sendo ela uma grande fazendo ou
uma casa popular feita por programas de habitação. Certamente a questão financeira e os
investimentos estatais em habitações populares atuam diretamente na aquisição de uma
propriedade, no entanto, o direito defendido por Locke é estendido a todos.

Política

No campo da política Locke é considerado um dos precursores do pensamento liberal, muitas


das ideias e pensamentos do inglês foram retomados pelos pensadores iluministas franceses.
Locke era defensor da Monarquia Constitucional e criticava a teoria hobbesiana de direito
divino dos reis.

De acordo com Locke, a soberania não reside no Estado, mas na população, que através de
representantes escolhidos, deveria formular e promulgar leis a serem cupridas pelos
monarcas. Locke foi também o primeiro a apresentar a divisão do poder político em três: o
Executivo, o Legislativo e por fim, o judiciário, necessários para a constituição de um Estado
Liberal. O modelo de divisão de poderes ainda é um dos mais adotados em diferentes
governos ao redor do mundo.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(Unicamp/2015)
A maneira pela qual adquirimos qualquer conhecimento constitui suficiente prova de que não
é inato.

(LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p.13.)

O empirismo, corrente filosófica da qual Locke fazia parte:

• A - afirma que o conhecimento não é inato, pois sua aquisição deriva da experiência.

• B - é uma forma de ceticismo, pois nega que os conhecimentos possam ser obtidos.
• C - aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao negar a existência de ideias inatas.
• D - defende que as ideias estão presentes na razão desde o nascimento.

26. DAVID HUME


Índice

• Introdução
• A filosofia de Hume
• O entendimento do Mundo
• Empirismo
• Exercícios

Introdução

O filósofo David Hume nasceu em 1711, em Edimburgo, Escócia. Filho de uma tradicional e
rica família, desde muito cedo dedicou-se aos estudos, com foco na Filosofia e nas Letras na
Universidade de Edimburgo.

Embora seja conhecido também por seus ensaios e obras históricas, Hume é reconhecido por
seus escritos filosóficos, principalmente aqueles dedicados ao empirismo e aos fundamentos
do conhecimento humano.

David Hume é autor da obra “Tratado da Natureza Humana”, publicada entre 1739 e 1740.
No livro, Hume aproxima o raciocínio experimental dos temas e assuntos filosóficos. No
entanto, a obra não teve grande aceitação entre os pensadores da época.

Em 1748, Hume publica um resumo de seu “Tratado”, intitulado “Investigações sobre o


entendimento Humano”. De maneira objetiva e mais clara, o filósofo apresenta toda sua
teoria filosófica.
A filosofia de Hume

Hume é conhecido por seu ceticismo e empirismo extremos. O filósofo questionava até fatos
e elementos que pareciam já ter sido esclarecidos pela ciência e pela filosofia. Com os diversos
questionamentos e dúvidas, Hume buscava descobrir as origens e construções das crenças
humanas e não apenas a superficialidade da existência de fatos e elementos.

Defensor do empirismo, o escocês afirma que todo processo de entendimento inicia-se com
impressões. Não seria possível desvincular o pensamento das sensações. O autor define que
as sensações são as únicas capazes de serem comprovadas. A percepção a partir das nossas
sensações é a única realidade que os seres humanos são capazes de conhecer.

Hume discorda da tradição científico filosófica ao questionar o princípio da causalidade. O


princípio define a relação entre eventos, de forma que um é a causa e o outro o evento dessa
mesma causa. De acordo com Hume, a filosofia não deveria tentar entender a relação entre
causa e efeito e nem a eficiência desse conceito na vida humana, mas sim a força que o
conceito exerce no cotidiano e na sociedade.

O entendimento do Mundo

Para entender o conhecimento adquirido pelos indivíduos, Hume define que podemos
entender o mundo de duas maneiras: através das impressões ou através das ideias.

• Impressões: as impressões são as sensações mais fortes, mais vivas e de certa forma, mais
recentes.
• Ideias: as ideias podem ser definidas como as memórias, como as lembranças, portanto,
sensações mais distantes e menos vívidas.

As ideias podem ser divididas em simples e complexas.

• Ideias Simples: são as cópias diretas das impressões. Por exemplo, um brinquedo, roupa ou
objeto que o indivíduo possuía enquanto criança. A impressão antiga de fato existiu, e na vida
adulta é retomada como uma ideia simples, uma lembrança de algo existente, porém distante.
• Ideias Complexas: são objetos da nossa imaginação. O exemplo clássico de uma ideia
complexa é o do Pégaso, um cavalo com asas.

Para Hume, a imaginação manipula ideias simples e gera ideias complexas. A junção de um
cavalo e um pássaro, alimentam a imaginação e transformam as duas figuras em um cavalo
alado, resultado da imaginação. Segundo o filósofo, ideias simples e complexas podem se
mesclar, formando uma terceira ideia ainda mais complexa, como um cavalo alado colorido.

A partir dos conceitos de impressões e ideias, Hume formula a ideia do Princípio da Cópia,
que define que todas as ideias são de alguma forma, cópia das impressões. Não é possível
formular cópias sem que haja sensações e impressões. Os indivíduos nunca poderão produzir
cópia de impressões que nunca tiveram.

Empirismo

No desenvolvimento de todas as suas obras filosóficas, Hume defende o empirismo como


forma de se atingir o conhecimento. O conceito de empirismo foi definido pela primeira vez
em 1690, por John Locke, filósofo que foi grande influenciador das obras de Hume.
Os empiristas creem que as experiências e sensações humanas são as únicas capazes e
responsáveis pela formação de ideias. A razão, por sua vez, é responsável
pela organização dos conhecimentos obtidos a partir das sensações.

Para que o indivíduo atinja o conhecimento é preciso que primeiro, passe por experiências
sensoriais. Posteriormente, o pensador deve submeter o objeto a diversas análises, testes,
experiências e observações para garantir ou não a veracidade daquilo que pesquisa.Por fim,
os resultados e conhecimentos obtidos a partir das experiências, observações e testes são
organizados são organizados.

Para Hume, os conceitos do empirismo servem para a construção do princípio da causalidade.


De acordo com ele, os eventos não seguem uma relação de causa e consequência. O filósofo
não reconhece a existência de conexões causais entre os fatos.

A organização dos fatos é temporal e a partir dessa temporalidade é que ela deve ser
analisada. De acordo com essa quebra de uma visão filosófica histórica, Hume reforça a ideia
da necessidade de toda evidência ser empírica, ser, portanto, ligada às sensações.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(ENEM/2015)

Todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a faculdade de compor, transpor,
aumentar ou diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos e a experiência. Quando
pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias
consistentes, ouro e montanha, que já conhecíamos. Podemos conceber um cavalo virtuoso,
porque somos capazes de conceber a virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e
podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo, animal que nos é familiar.

(HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995)

Hume estabelece um vínculo entre pensamento e impressão ao considerar que

• A - Os conteúdos das ideias no intelecto têm origem na sensação.

• B- O espírito é capaz de classificar os dados da percepção sensível.


• C- As ideias fracas resultam de experiências sensoriais determinadas pelo acaso.
• D- Os sentimentos ordenam como os pensamentos devem ser processados na memória.
• E- As ideias têm como fonte específica o sentimento cujos dados são colhidos na empiria.

27. THOMAS HOBBES


Índice

• Introdução
• Leviatã e Contrato Social
• Mecanicismo do Homem
• Exercícios

Introdução

Thomas Hobbes, nascido em 5 de abril de 1588, filósofo, matemático e teórico político inglês,
é um dos fundadores do pensamento político moderno, trazendo ideias inovadoras
como Contrato Social e O Mecanicismo do Homem.

Suas obras mais famosas - Leviatã (1651), Os Elementos da Lei (1650) e Do Cidadão (1651) -
tratam do funcionamento da sociedade absolutista, tendo em foco a necessidade desse
poder forte centralizado para a manutenção da ordem.

Fortemente influenciado pelo método cartesiano e pelas descobertas científicas da época -


o mecanicismo do Universo de Galileu Galilei, por exemplo -, Hobbes estudou a sociedade e
a política pautado na razão e na lógica.

Foi perseguido pela Igreja Católica e pelo Governo Francês, uma vez que suas ideias foram
consideradas antiteológicas. Hobbes defendia que o monarca vigente deveria ser o cabeça
político e religioso, afastando o controle da igreja sobre o governo.

Perseguido, fugiu da França e foi morar na Inglaterra, cuja cisão com a Igreja Católica já havia
acontecido fazia meio século. Entretanto, mesmo lá, suas ideias não foram bem vistas. Seus
livros foram queimados pela igreja em Oxford e a Royal Society julgou seu trabalho como de
má qualidade.

Leviatã e Contrato Social

Hobbes defende que os seres humanos são, em sua natureza, egoístas, pois se interessam
somente em suas necessidades particulares e imediatas.

Antes de formada a sociedade como se conhece, o homem se encontrava em seu “Estado de


Natureza”, onde guerreava por suas necessidades. Categoriza-se, assim, a seguinte frase de
Hobbes: “O Homem é o lobo do Homem”. Ou seja, o único inimigo que pode machucar o
homem é outro homem.

Nesse estado de permanente guerra, é necessário um poder absoluto. O Leviatã, que todos
os homens deveriam obedecer e respeitar, se responsabilizaria de impor a ordem, as leis e a
paz.

Encontrando tal poder, sendo um rei absolutista ou uma democracia liberal, seria possível,
então, formar um contrato social, em que o homem deixaria seu estado de natureza para
agora viver em sociedade, abdicando de certas liberdades e direitos por benefícios, tendo
somente que obedecer ao poder.

Hobbes considera que o homem, possuindo ainda raízes primitivas que remetem a seu estado
de natureza, possui a paixão mais forte que a vontade.
A Paixão é a ação imediata, levada por emoções, de uma necessidade imediata e não
pensada. A esta, não são considerados efeitos e consequências. Já a Vontade corresponde ao
ato pensado, premeditado, que possui objetivo a ser alcançado, estando previstas as suas
consequências.

Sendo a Paixão maior que a Vontade, o homem apenas aceita o contrato social e a necessidade
de viver em comunidade ao submeter-se ao Leviatã, por mera questão de sobrevivência.

O Contrato Social marca, portanto, a passagem do homem selvagem para o homem da


sociedade.

A Igreja Católica não mostrou simpatia pelas ideias de Hobbes, devido ao choque que seus
textos produziam em relação à Bíblia. Isto o fez fugir para a Inglaterra, onde passou o resto de
sua vida.

John Locke e Jean-Jacques Rousseau são outros filósofos adeptos do contrato social.

Mecanicismo do Homem

Inspirado por Galileu Galilei e Francis Bacon, Hobbes rejeita as ideias sobre a metafísica e
busca as propriedades e a causa das coisas por meio da razão.

Neste contexto, ele encontra no homem o objeto de estudo de interesse. Divide o conceito
de corpo entre “corpo natural” (filosofia natural) e “corpo artificial” (filosofia política),
atrelando-o à existência material (materialismo) e, portanto, à física. Mais especificamente,
ao movimento e à força, facetas do mecanicismo.

A partir dessas ideias, Hobbes tenta explicar fenômenos físicos, psíquicos e emocionais do
homem através da física. Ele compara o homem a uma máquina - com bombas, válvulas,
torneiras, cordas etc. Entretanto, por inatismo, tende a cultivar o movimento.

O homem é naturalmente tendencioso a continuar em movimento, uma vez que isso está
atrelado à conservação da vida e da propriedade de bens privados.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(Uema/2015)

Para Thomas Hobbes, os seres humanos são livres em seu estado natural, competindo e
lutando entre si, por terem relativamente a mesma força. Nesse estado, o conflito se perpetua
através de gerações, criando um ambiente de tensão e medo permanente. Para esse filósofo,
a criação de uma sociedade submetida à Lei, na qual os seres humanos vivam em paz e deixem
de guerrear entre si, pressupõe que todos renunciem à sua liberdade original. Nessa
sociedade, a liberdade individual é delegada a um só dos homens que detém o poder
inquestionável, o soberano.
Fonte: MALMESBURY, Thomas Hobbes de. Leviatã ou matéria, forma e poder de um estado
eclesiástico e civil. Trad. João Paulo Monteiro; Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Editora
NOVA Cultural, 1997.

A teoria política de Thomas Hobbes teve papel fundamental na construção dos sistemas
políticos contemporâneos que consolidou a (o):

• A - Monarquia Paritária.

• B- Despotismo Soberano.
• C- Monarquia Republicana.
• D- Monarquia Absolutista.
• E- Despotismo Esclarecido.

28.NICOLAU MAQUIAVEL
Índice

• Introdução
• Biografia
• O Empirismo
• O Príncipe
• A virtù e a fortuna
• Referências
• Exercícios

Introdução

Nicolau Maquiavel é um dos mais conhecidos intelectuais do Renascimento. Considerado o


pai do pensamento político moderno. Em sua obra mais famosa, “O Príncipe”, Maquiavel
apresenta a maneira pela qual os reis devem agir ao governar seus territórios.

Biografia

Nicollò di Bernardo dei Machiavelli nasceu em Florença, Itália, em 3 de maio de 1469. Filho de
pais pobres, ainda muito cedo Maquiavel mostrou paixão pelo estudo de línguas e foi
estimulado pelos pais a estudar.

Durante sua vida, Maquiavel vivenciou as instabilidades do governo italiano, geradas por
disputas políticas pelo controle e manutenção territorial. Presenciou, também, ascenção e
queda dos Médicis, a origem da monarquia espanhola, as grandes navegações e a implantação
do colonialismo na América.
Todo contexto político, social e econômico foi importante na construção dos pensamentos e
teorias de Maquiavel, e para a produção da obra “O Príncipe”.

Maquiavel dedica-se a compreender, analisar e escrever sobre o Estado, a política, as relações


entre homens no meio político, meios para manutenção e expansão do poder, além da
necessidade da legitimação do poder, principalmente o real, para a garantia de
funcionamento do Estado.

Em 1498, o italiano passa a exercer o cargo político de Secretário da Segunda Chancelaria. O


cargo dá início a uma longa e intensa dedicação a atividades políticas. Em paralelo, Maquiavel
dedica-se, também, à ciência empírica e no desenvolvimento de uma filosofia que garante o
afastamento da filosofia política, da teologia e dos conceitos filosóficos da moral, para garantir
que a política seja entendida como realmente ela é, não baseada em suposições de como
deveria ser.

De maneira geral, os estudos do italiano dedicam-se a unir teoria e prática, ou seja, ou método
indutivo e empirismo.

Maquiavel pensa na possibilidade de existência de um Estado imaginário, que beira a


perfeição, e desconsidera as mudanças naturais que poderiam prejudicar ou alterar as
estruturas sociais, políticas e econômicas vigentes.

A partir de 1520, Maquiavel tem seus trabalhos históricos reconhecidos, e recebe o título de
mais importante historiador de Florença. O italiano morre em 1527, mesmo ano da queda dos
Médicis.

O Empirismo

O empirismo, adotado por Maquiavel, afirma que o conhecimento sobre o mundo vem a partir
das experiências sensoriais.

No caso da ciência, o conhecimento só pode ser obtido através das experiências. Para os
empiristas, as experiências auxiliam na busca de resultados práticos, considerados também
melhores e mais adequados.

Dentre os vários nomes do empirismo, destacam-se: Aristóteles, Francis Bacon, Thomas


Hobbes, John Locke, David Hume, John Stuart Mill, bem como o próprio Maquiavel. Os
empiristas colaboraram, também, para uma revolução científica, que é responsável pela
criação da metodologia científica, ainda adotada nas ciências, de modo geral.

O Príncipe

A obra mais importante de Maquiavel, “O Príncipe”, é publicada em 1532, ou seja, após a


morte do autor.

No livro, o pensador propõe a unificação italiana a partir do governo de um príncipe. A obra é


considerada um manual político que ajudaria governantes encontrarem as melhores formas
de planejar, agir e governar para garantir a estabilidade e legitimação política, bem como a
manutenção de um Estado estável e organizado.
Para exemplificar suas opiniões, Maquiavel faz uso de uma série de casos e exemplos.

A obra é posteriormente muito criticada por uma série de estudiosos e pensadores da política.
Esses especialistas entendem que Maquiavel afirma que os reis podem ter atitudes cruéis e
inescrupulosas, desde que alcancem aquilo que desejam.

A virtù e a fortuna

É também na obra “O Príncipe” que Maquiavel apresenta os conceitos de virù e fortuna.

Segundo o autor:

• Virtù: seria a capacidade que o príncipe ou governante tem de controlar os acontecimentos


do seu governo. O governante com grande virtù é capaz de controlar e garantir a resolução
das imprevisibilidades. O sujeito com virtù é, na maior parte das vezes, exitoso em garantir e
controlar o poder.
• Fortuna: a fortuna diz respeito à sorte individual, às circunstâncias e necessidades para
alcançar o êxito.

Referências

BATH, S. Maquiavelismo: a prática política segundo Nicolau Maquiavel .São Paulo, Editora
Ática 1992.

TENENTI, Alberto. Florença na época dos Médici. Da cidade ao Estado. São Paulo, Ed.
Perspectiva, 1973.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(ENEM/2013)

Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado.
Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito
mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens
se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos
de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a
vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega,
revoltam-se.

(MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991)

A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas,


Maquiavel define o homem como um ser:

• A - munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.

• B - possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.


• C - guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.
• D - naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos
naturais.
• E - sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.

29. FILOSOFIA DO ILUMINISMO

Índice

• Introdução
• Contexto Histórico
• Características
• Principais Pensadores
• Iluminismo no Brasil
• Exercícios

Introdução

O movimento iluminista surgiu entre os séculos XVII e XVIII na Europa. A filosofia iluminista,
pensada no decorrer desses séculos - e posta em prática com maior força no século XVIII -,
tinha como princípio a ênfase no uso da racionalidade humana como forma de pensar o
mundo e as modificações que aconteciam.

Para os filósofos iluministas, a razão é inerente a todos os seres humanos, por colocar o
indivíduo em posição de destaque. O Iluminismo é também uma filosofia antropocêntrica.

Contexto Histórico

O Iluminismo surgiu nas primeiras décadas do século XVII, a partir dos ideais propostos pelos
pensadores responsáveis pela Revolução Científica, dentre os quais destacam-se Isaac
Newton e René Descartes.

No entanto, foi apenas no século XVIII que as ideias iluministas ganharam a Europa e geraram
intensas mudanças. É por conta da expansão das ideias Iluministas que o século XVIII é
chamado de século das luzes.

Na França, as ideias iluministas ganharam destaque, principalmente entre os membros da


burguesia e do terceiro estado. A diferença entre as classes sociais, o pagamento de altas
quantias de imposto, a fome, os privilégios do rei, do clero e da nobreza permitiram que a
filosofia iluminista se propagasse entre as classes mais baixas da França.

A filosofia iluminista afirmava que os indivíduos tinham plenas condições de lutar para
garantir a mudança da sociedade em que viviam, através da racionalidade e do engajamento
sociopolítico.
O modelo de pensar racional, proposto pelo Iluminismo, colaborou, inclusive, para a
legitimação das ideias que deram início à Revolução Francesa e foram posteriormente usados
para justificar as atitudes e ações dos revolucionários pertencentes ao terceiro Estado, que se
basearam nas ideias de mudança social a partir do engajamento político.

Os ideais iluministas, principalmente os de liberdade, igualdade e fraternidade, inspiraram


também os movimentos de independência da América Espanhola e dos Estados Unidos.

Características

Dentre as principais características defendidas pelos filósofos iluministas, merecem destaque:

• Crítica ao sistema econômico mercantilista;


• Crítica ao absolutismo e o acúmulo de riqueza de nobres e clero;
• Crítica ao pagamento de impostos pelas classes mais pobres;
• Defesa do liberalismo econômico, com a não intervenção do estado na economia;
• Defesa da separação de Estado e Igreja;
• Investimento na ciência e razão, que culminou na criação da enciclopédia;
• Ideais antropocêntricos, com o homem no centro da razão e do conhecimento;
• Defesa das ideias burguesas.

Principais Pensadores

Os filósofos de maior destaque no período foram:

• Jean-Jacques Rousseau: na obra “O contrato Social”, o pensador francês afirma que o governo
deveria ser feito de maneira democrática, pensando nas demandas do povo. Para Rousseau,
somente um estado democrático conseguiria garantir certo grau de igualdade para todos os
cidadãos.
• Voltaire: dedica-se a obras de crítica ao clero, ao modelo de organização da Igreja e do
excessivo gastos da nobreza.
• Charles Montesquieu: ao contrário da maioria dos filósofos iluministas, Montesquieu defende
a existência de uma monarquia moderada e não governos burgueses. A principal contribuição
de Montesquieu é a divisão do poder em legislativo, executivo e judiciário.
• François Quesnay: principal representante dos fisiocratas, grupo que defendia a existência de
um capitalismo agrário, sem interferência do Estado.
• Adam Smith: principal pensador do liberalismo econômico, que, dentre outras coisas,
defendia que a economia deveria se estabilizar a partir da oferta e procura de mercadorias.

Iluminismo no Brasil

No Brasil, as ideias iluministas espalharam-se através dos filhos da nobreza que haviam sido
mandados para a Europa. Os ideais revolucionários iluministas foram usados para a
construção dos movimentos de revoltas dos brasileiros insatisfeitos com as ações da coroa
portuguesa, dentre os quais a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana e a Revolta
Pernambucana.
Exercícios

EXERCÍCIO 1

(UERJ/2012)

O Iluminismo é a saída do homem do estado de tutela, pelo qual ele próprio é responsável. O
estado de tutela é a incapacidade de utilizar o próprio entendimento sem a condução de
outrem. Cada um é responsável por esse estado de tutela quando a causa se refere não a uma
insuficiência do entendimento, mas à insuficiência da resolução e da coragem para usá-lo sem
ser conduzido por outrem. Sapere aude!* Tenha a coragem de usar seu próprio
entendimento. Essa é a divisa do Iluminismo. (Immanuel Kant - 1784)

*Expressão latina que significa “tenha a coragem de saber, de aprender”.

(In: BOMENY, Helena e FREIRE-MEDEIROS, Bianca. Tempos modernos, tempos de sociologia.


São Paulo: Ed. do Brasil, 2010)

No contexto da expansão capitalista no século XIX, uma das ideias centrais do Iluminismo, de
acordo com o texto, está associada diretamente à valorização da:

• A - superioridade técnica

• B - soberania econômica
• C - liberdade política
• D - razão científica

30. JEAN-JACQUES ROUSSEAU


Índice

• Introdução
• Filosofia Rousseauniana
• O Homem natural
• O contrato Social em Rousseau
• Exercícios

Introdução

Jean Jacques Rousseau nasceu em 28 de julho de 1712 em Genebra, Suíça. Considerado um


dos nomes mais importantes do pensamento iluminista francês, o autor dedicou-se a
produção de obras filosóficas, políticas, pedagógicas e filosóficas.
Os escritos políticos, sociais e filosóficos do suíço serviram de inspiração para a Revolução
Francesa de 1789. Durante o tempo que viveu na França, Rousseau foi convidado por Diderot
para escrever alguns verbetes da enciclopédia que estava sendo organizada juntamente com
D’Alembert.

Filosofia Rousseauniana

A filosofia rousseauniana tem como ponto de partida a condição de bondade do homem. O


homem para Rousseau é um ser naturalmente bom, puro, honesto. No entanto, a sociedade
em que esse homem vive é responsável por corrompê-lo, transformando-o assim em um
homem mau, socialmente predisposto a cometer atos maldosos e intencionalmente ruins.

É por conta do convívio social que o homem, para Rousseau, torna-se mau, mesquinho e
egoísta. De acordo com o filósofo, a desigualdade social é um dos principais motivos pelos
quais a sociedade é capaz de corromper o homem.

As diferenças sociais fomentam a ganância e a busca por melhores condições de vida, posse
de terras e bens, o que estimula as práticas egoístas entre os homens, que passam a pensar
na própria felicidade e bem estar, deixando de lado o coletivo, as ações sociais pensando no
bem comum.

Rousseau aponta que também o ciúmes e as disputas mesmo que veladas nos
relacionamentos, tanto amorosos quanto sociais também tem grande parcela de
responsabilidade na transformação do homem.

O Homem natural

O homem ainda não corrompido socialmente é idealizado por Rousseau na figura do homem
natural, o homem primitivo. Historicamente, ao viver em um sistema tribal, o homem
primitivo desenvolve sentimentos de compaixão e solidariedade.

A vida tribal para Rousseau é responsável pelo noção de prosperidade do todo. Com o
surgimento da propriedade privada, o homem torna-se violento e perigoso, defende e
deseja a prosperidade apenas do que é seu e não mais de toda tribo.

Ao se deparar com confrontos morais e imperfeições sociais, o homem sai da condição natural
e passa a pertencer à categoria de homem selvagem, por fim, o homem atinge a categoria de
civilizado, momento no qual descarta os princípios de moralidade.

A passagem do homem do estado natural para o civilizado acontece com o surgimento da


propriedade privada. Para Rousseau a noção de propriedade privada surge com a criação do
Estado. No entanto, a civilização é anterior ao Estado e na filosofia rousseauniana, não surgem
ao mesmo tempo.

O contrato Social em Rousseau

A saída do homem do estado natural para a condição de civilizado implica o rompimento de


cada ser com o estado natural. A partir desse rompimento torna-se necessária a existência
de um contrato social responsável por reger a soberania e relações de poder entre os
homens, que por sua vez, deve ser legítima e atender ao bem comum e a vontade geral.
A autoridade legítima e aceita pelos homens na condição de civilizados é transferida de cada
um, individualmente, para o Estado, que passa a ser detentor das liberdades individuais,
mas que deve no entanto, prezar pela vontade da maioria.

Para o suíço a força do Estado depende da transferência das liberdades de cada indivíduo. Se
cada ser social abre mão de suas liberdades e se submete ao poder do Estado, ninguém se
submete unicamente, isso dá aos homens a impressão de igualdade e produz um corpo moral
e coletivo forte, gerido por uma única instituição.

O objetivo do Estado passa ser então, o bem comum e para isso, pode utilizar-se dos meios
necessários para atingir seu propósito. No estado civil, os homens são considerados iguais
perante a justiça, o que possibilita que o Estado de certa forma, devolva as liberdades cedidas
pelos homens.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(Unicamp/2012)

“O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais
não deixa de ser mais escravo do que eles. (...) A ordem social, porém, é um direito sagrado
que serve de base a todos os outros. (...) Haverá sempre uma grande diferença entre subjugar
uma multidão e reger uma sociedade. Sejam homens isolados, quantos possam ser submetidos
sucessivamente a um só, e não verei nisso senão um senhor e escravos, de modo algum
considerando-os um povo e seu chefe. Trata-se, caso se queira, de uma agregação, mas não
de uma associação; nela não existe bem público, nem corpo político.”

(Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social. [1762]. São Paulo: Ed. Abril, 1973, p. 28,36.)

No trecho apresentado, o autor:

• A - Argumenta que um corpo político existe quando os homens encontram-se agregados


em estado de igualdade política.

• B - Reconhece os direitos sagrados como base para os direitos políticos e sociais.


• C - Defende a necessidade de os homens se unirem em agregações, em busca de seus
direitos políticos.
• D - Denuncia a prática da escravidão nas Américas, que obrigava multidões de homens a
se submeterem a um único senhor.
31. MONTESQUIEU
Índice

• Introdução
• O Iluminismo
• Principais Ideias
• O Espírito das Leis
• A organização estatal e as formas de Governo
• Exercícios

Introdução

Charles-Louis Secondat, conhecido pelo seu título de Barão de Montesquieu, nasceu em


Bordeaux, França, em 18 de janeiro de 1689 e faleceu em 10 de fevereiro de 1755 em Paris.
Nascido em uma família aristocrática, teve, desde muito jovem, acesso Às melhores escolas e
educadores.

Na Juventude Montesquieu estudou Direito em Paris, foi quando tomou contato com vários
intelectuais franceses críticos À Monarquia Absolutista. Durante o tempo que passou em
Paris, Montesquieu também entrou em contato com os ideais iluministas.

As fortes críticas ao clero, aos governos Absolutistas e os ideais iluministas, a observação


sobre o funcionamento da sociedade, as relações sociais, os costumes e as relações políticas
foram primordiais para o desenvolvimento dos escritos críticos sobre o Absolutismo.

O Iluminismo

O Iluminismo, do qual Montesquieu fez parte, foi um movimento intelectual surgido na


França no século XVII. A principal característica do movimento é o uso da razão no lugar da
fé, para assim resolver os problemas sociais.

A partir do uso da razão, os iluministas acreditavam ser possível transformar a sociedade,


ainda muito marcada pela tradição e religiosidade medieval. O uso do conhecimento racional
juntamente com o conhecimento filosófico, social, político e econômico seriam as bases
para a reestruturação da sociedade.

Os iluministas também se posicionaram criticamente contra o poder e influência da igreja, as


Monarquias Absolutistas, os privilégios econômicos, políticos e sociais do clero e da nobreza.
As ideias iluministas foram bem aceitas pela burguesia, no decorrer do século XVII.

Principais Ideias

As obras políticas de Montesquieu são as mais significativas para a filosofia política. O


francês criticou assim como os demais Iluministas determinados grupos e situações, os
principais pontos abordados em suas obras foram:
• Críticas aos privilégios do clero e nobreza;
• Crítica a influência da igreja na organização política;
• Críticas as Monarquias Absolutistas;
• Defesa de governos democráticos;
• Defesa do respeito às leis;
• Defesa das liberdades civis;
• Defesa dos Governos Constitucionais;
• Fim da escravidão;
• Separação dos três poderes.

A obra mais significativa de Montesquieu, O Espírito das Leis, de 1748, apresenta as visões
políticas de Montesquieu e tem como destaque a proposta de separação do poder Estatal em
três, o poder legislativo, o executivo e o judiciário.

O Espírito das Leis

Na obra de 1748, Montesquieu propõe a reformulação das instituições políticas através da


divisão tripartite dos poderes. A divisão em poder legislativo, executivo e judiciário, de acordo
com o pensador, seria a solução para conter as ações políticas econômicas e sociais das
Monarquias Absolutistas.

Diante da separação Montesquieu afirma também que os recém criados poderes precisam,
necessariamente, tomar decisões que variam entre a autonomia e a intervenção dos outros
poderes. Cada poder deve ser autônomo e suas decisões devem respeitadas pelos outros.
Da mesma maneira, quando um dos poderes age de forma autoritária, pode ter a
intervenção dos demais.

No sistema tripartite, o legislativo tem a função de criar as leis, tornando-se porta vozes dos
cidadãos que os elegeram. O judiciário garante que as leis serão cumpridas de maneira igual
para todos. Por fim, o poder executivo observa as demandas públicas e garante que as
necessidades dos cidadãos serão atendidas dentro da lei que rege o país.

Boa parte das nações democráticas utiliza a divisão tripartite do poder. Até mesmo a
Monarquia Inglesa tem em sua organização política representantes legislativos e judiciários.
a organização é de Monarquia Parlamentarista.

A organização estatal e as formas de Governo

Em sua teoria constitucional, Montesquieu define a existência de três formas de governo:

• Despótico
• Monárquico
• Republicano

Os regimes monárquicos absolutistas são alvo de duras críticas de Montesquieu. O poder está
concentrado na mão de uma única pessoa, o monarca, que detém também os poderes
econômicos e religiosos. Montesquieu critica os altos gastos governamentais, os privilégios
e a forte influência da igreja nas decisões políticas. O autor defendia o afastamento de
práticas ligadas a religião e as tradições medievais.
Na visão do francês os governos republicanos apresentam diferenças ligadas a forma como o
direito se apresenta aos cidadãos. As repúblicas nas quais o direito é mais amplo, são
chamadas de repúblicas democráticas. Naquelas em que o direito e a cidadania são
restritos, são chamadas de repúblicas Aristocráticas.

Para Montesquieu, as diferentes formas de república tendem a variar ao longo do tempo e


das características sociais, econômicas e políticas em que a forma de governo está
implementada.

Nos regimes despóticos, o poder está centrado nas mãos de apenas um governante. No geral,
o despotismo está presente nos regimes monárquicos, mas pode aparecer em regimes
republicanos em que não existam o poder legislativo ou o judiciário.

Em cada forma de governo seria possível conhecer aspectos importantes da sociedade,


economia e política, princípios regras e leis que regem a vida e as dinâmicas sociais de cada
povo. Por isso, a importância de analisar os regimes políticos juntamente com as
características de cada sociedade.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(UFTM/2015)

Montesquieu (1689 – 1755), na obra O espírito das Leis, afirma: “Quando os poderes
legislativo e executivo ficam reunidos numa mesma pessoa ou instituição do Estado, a
liberdade desaparece [...] Não haveria também liberdade se o poder judiciário se unisse ao
executivo, o juiz poderia ter a força de um opressor. E tudo estaria perdido se uma mesma
pessoa ou instituição do Estado exercesse os três poderes: o de fazer leis, o de ordenar a sua
execução e o de julgar os conflitos entre os cidadãos.”

A partir dessas informações sobre a filosofia política de Montesquieu e a divisão que propõe
do poder, é correto afirmar:

• A - O poder judiciário aplica as leis; o poder legislativo cria e aprova as leis; o poder
executivo executa normatizações e deliberações referentes à administração do Estado.

• B - O poder judiciário tem força para administrar o executivo; o poder executivo tem força
para conduzir o judiciário; o poder legislativo tem força para tutelar o judiciário.
• C - O poder legislativo aplica as leis; o poder executivo gerencia as normatizações e
deliberações relacionadas à administração do Estado; o poder judiciário aprova as leis.
• D - O poder executivo cria as leis; o poder judiciário sanciona as leis; o poder legislativo
efetiva as leis na administração do Estado.
32. VOLTAIRE
Índice

• Introdução
• Principais Ideias
• Poligenismo
• Política
• Exercícios

Introdução

François Marie Arouet, conhecido como Voltaire, nasceu em Paris em 21 de novembro de


1694. De família aristocrática, teve uma educação de excelente qualidade, estudou política,
direito, filosofia e latim. Escreveu, além das obras filosóficas, poesias, textos, peças teatrais e
ensaios.

Ao lado de Rousseau e Montesquieu, foi um dos mais importantes e conhecidos filósofos


iluministas. Os iluministas defendiam a educação racional para que os cidadãos pudessem se
afastar dos estilos de vida fortemente religiosos e medievais que figuravam nas sociedades
europeias.

Principais Ideias

Voltaire defendia o progresso, a ciência, a racionalidade e acima de tudo, a liberdade de


expressão. Por conta da defesa ferrenha pela liberdade de expressão, Voltaire foi apelidado
entre seus colegas de polemista e satírico, pois expunha suas opiniões e críticas às
instituições e aos dogmas religiosos.

Em sua maioria, as obras do francês voltavam-se, no geral, para as questões sociais e políticas
da filosofia, tanto que os textos de Voltaire influenciaram os pensadores da Revolução
Francesa, de 1789, e da Independência dos Estados Unidos, em 1783.

Nas obras de Voltaire encontram-se:

• Críticas às imposições e abundantes gastos clericais;


• Defesa do uso da racionalidade e da educação com base racional e científica, não religiosa;
• Afastamento das ideias e práticas medievais;
• Críticas aos governos democráticos;
• Crítica às oligarquias;
• Defesa de uma Monarquia esclarecida;
• Defesa à existência de um Deus, mas que não intervém mais no Universo.

Poligenismo

O filósofo francês foi defensor de uma teoria que gerou polêmica e controvérsias em sua
obra: o poligenismo. Voltaire defendia a ideia de que cada variação da raça humana teria
uma origem distinta. Tal posicionamento foi criticado por Montesquieu, por outros
pensadores iluministas e, também, por outros filósofos.

A polêmica sobre as origens distintas das raças humanas foi parcialmente solucionada quando
Montesquieu afirmou que, apesar de muitos erros, Voltaire estava sempre certo ao criticar os
defensores da escravidão e ao lutar contra ela.

A visão poligenista foi importante, no entanto, colaborou para a rejeição do autor à ideia
católica de que os homens teriam surgido a partir de um único casal: Adão e Eva.

Além de ter lançado duras críticas à igreja e ao clero, Voltaire criticou também o islamismo e
o judaísmo. As ideias e crenças difundidas pelas três religiões patriarcais eram por ele
consideradas formas de imposição da fé e das crenças.

Política

As opiniões de Voltaire sobre a política também eram bem fortes e polêmicas. O filósofo
interpretava a burguesia francesa como sendo ineficiente, parasita e corrupta. A igreja, na
visão de Voltaire, era apresentada como extremamente opressora e responsável por impor
dogmas e religião.

As críticas políticas mais fortes, foram, no entanto, tecidas contra a democracia e aos
governos democráticos.

O pensador afirmava que a democracia servia apenas para aumentar a quantidade de pobres
e analfabetos, bem como para perpetuar a ignorância dos cidadãos.

Voltaire era a favor de uma “monarquia esclarecida”, com um rei capaz de realizar mudanças
significativas, já que considerava que os cidadãos mais abastados jamais seriam capazes de
fazer as mudanças necessárias.

Ao longo da vida, Voltaire, no entanto, mudou de ideia e passou a defender que as mudanças
deveriam ser realizadas pelo próprio povo. A mudança aconteceu após presenciar as práticas
despóticas e pouco eficientes do rei prussiano, Frederico, o Grande, de quem Voltaire era
amigo pessoal.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(FGV/2016)

“O gênero humano é de tal ordem que não pode subsistir, a menos que haja uma grande
infinidade de homens úteis que não possuam nada.”

(Dicionário filosófico, verbete Igualdade)

“O comércio, que enriqueceu os cidadãos na Inglaterra, contribuiu para os tornar livres, e essa
liberdade deu por sua vez maior expansão ao comércio; daí se formou o poderio do Estado.”
(Cartas inglesas)

Sobre os trechos de Voltaire, é correto afirmar que o autor

• A - define, com suas ideias, os interesses da burguesia como classe, no século XVIII: o
comércio como condição para a acumulação de capital, a riqueza como fator de liberdade
e do poder de Estado e a propriedade ligada à desigualdade.

• B - crê, como filósofo iluminista do século XVIII, nas igualdades social e política, pois a
filosofia burguesa elabora uma doutrina universalista que confunde a causa da burguesia
com a de toda a humanidade.
• C - critica a centralização do poder na medida em que ela breca a liberdade, impedindo o
progresso das técnicas e a expansão do comércio que geram riqueza, e, ao mesmo tempo,
aceita a propriedade como fundamento da igualdade.
• D - considera que a burguesia não se constitui em uma classe no século XVIII, e ela precisa
do poder do Estado centralizado para garantir a sua riqueza e, nessa medida, aproxima-se
da nobreza para obter apoio político.
• E - defende, como representante da Ilustração, a liberdade ligada à ausência da
propriedade e elabora princípios universais, com direitos e deveres para todos os homens,
o que faz a igualdade econômica ser o fundamento da sociedade.

33. IMMANUEL KANT


Índice

• Introdução
• Filosofia Kantiana
• Os juízos kantianos
• Exercícios

Introdução

Immanuel Kant nasceu em 22 de abril de 1724 em Konigsberg, cidade da Prússia Oriental, e


faleceu em 12 de fevereiro de 1804 na mesma cidade em que nascera. O filósofo dedicou-se
na abordagem de questões sobre moralidade, natureza do tempo e espaço, aquisição do
conhecimento, política, metafísica, ciência cognitiva e do conhecimento e filosofia da
psicologia.

Kant foi o primeiro filósofo a solucionar o debate promovido entre racionalistas e


empiristas, por isso é considerado um dos mais importantes filósofos de seu tempo. O autor
é reconhecido também como um entusiasta do iluminismo europeu, que foi influenciador de
algumas de suas obras.
Filosofia Kantiana

A principal contribuição da filosofia kantiana ocorre quando o filósofo reúne conceitualmente


o racionalismo de Descartes e o empirismo de Hume, relacionando assim a razão humana e
a relevância da experiência na aquisição do conhecimento. A união desses conceitos é
chamada na filosofia de Revolução Copernicana.

Os racionalistas cartesianos acreditavam que toda origem do conhecimento verdadeiro


deriva da razão, a partir de categorias inatas, chamadas de a priori, que significa antes da
experiência. Os empiristas, por sua vez, acreditavam que o homem era uma tábula rasa e todo
conhecimento provinha de sensações.

Kant soluciona o debate promovido entre cartesianos e empiristas ao questionar se o próprio


conhecimento é possível, ou seja, a razão faz críticas a si mesma, a razão é, portanto,
questionada.

O filósofo critica a ideologia da razão ao apresentar uma série de conceitos e princípios que
são capazes de possibilitar o pensamento humano. Para o filósofo os homens não tem
condições de conhecer a realidade pura das coisas, ou seja, as coisas como realmente elas
são. Na filosofia idealista kantiana a existência dos objetos depende da observação do sujeito,
no entanto, nem sempre a observação leva ao conhecimento puro sobre o objeto.

O mundo chamado por ele de coisa em si, não pode ser conhecido plenamente através do
entendimento ou sensibilidade, pois tudo que o homem conhece não é a realidade verdadeira.
É o que Kant chama de fenômeno, que caracteriza os objetos na medida em que eles são
apresentados, entendidos e organizados pelo pensamento. Com isso, Kant explica que a
realidade não está relacionada ao sujeito, por isso torna-se impossível conhecê-la.

O debate é então solucionado quando Kant apresenta que o conhecimento obtido através da
experiência pode ser organizado em categorias e instituições a priori, Kant faz então
a conciliação entre empirismo e racionalismo aproximando os conhecimentos a priori, tidos
como racionalistas e os conhecimentos a posteriori, classificados como sendo empíricos. A
teoria sobre o conhecimento está descrita no livro Crítica da Razão Pura, de 1791.

Outras ideias também aparecem na filosofia kantiana e completam sua obra e seu modo de
pensar e fazer filosofia. Em ética destaca-se o conceito de imperativo categórico, que é o
dever que cada ser humano tem de agir conforme os princípios desejados para todos os seres
humanos. Isso é, uma lei de ação geral da natureza humana.

No campo da filosofia política Kant apresenta a ideia de Paz Perpétua, como sendo o resultado
da história e garantida através da cooperação internacional. Kant defende a existência de
Estados organizados pela lei e com a existência de governos republicanos. Kant faz duras
críticas a democracia, já que a definição de um Estado governado por todos, não abrange de
fato, todos.

Os juízos kantianos

Na obra Crítica da Razão Prática de 1788 Kant apresenta seu tratado sobre a moral humana e
diz que a moralidade é conseguida através de juízos, bem como o conhecimento é atingido a
partir da junção dos conhecimentos a priori e a posteriori. Existem para Kant três juízos
capazes de garantir os princípios de ação moral.
• Juízo Sintético: Trata da experimentação para garantir o conhecimento verdadeiro. Não se
pode alcançar a verdade apenas pela análise de suas proposições.
• Juízo Analítico: Fundado no princípio da identidade. Para Kant o predicado apresenta atributos
contidos no sujeito, ao se negar o sujeito, nega-se também o predicado.
• Juízo estético: É o juízo ligado ao ato de estabelecer o conceito de belo.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(ENEM/2013)

Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém, todas as tentativas
para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento malogravam-se com esse
pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da
metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento. (KANT, I. Crítica
da razão pura. Lisboa: Calouste-Guibenkian, 1994 [adaptado].)

O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana
da filosofia. Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que:

• A - Assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento.

• B - Defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo.


• C - Revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão
filosófica.
• D - Apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação
aos objetos.
• E - Refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas
recusadas por Kant.

34. HEGEL

Índice

• Introdução
• Hegelianismo
• Dialética
• Exercícios
Introdução

George Wilhelm Friederich Hegel nasceu em Stuttgart, Alemanha, em 1770. Foi educado em
casa por tutores e sua mãe, que dedicaram-se principalmente aos estudos de ciências e da
filosofia clássica grega.

Por volta de 1794 Hegel volta seu trabalho intelectual e filosófico para a análise das obras
de Immanuel Kant e Johann Fichte, autores que influenciam a maneira de pensar hegeliana e
os escritos filosóficos do alemão.

Hegel dedica boa parte da vida aos estudos da dialética, compreensão do homem em sua
totalidade e o funcionamento do Estado. Leciona na faculdade de Heidelberg até o ano de sua
morte, em 1831.

Hegelianismo

Bom conhecedor da filosofia clássica grega, no decorrer da vida Hegel desenvolve seus
próprios métodos filosóficos, influenciado principalmente pelos pensamentos clássicos
gregos e escritos de pensadores alemães contemporâneos.

Em suas obras, Hegel procura entender o homem em sua totalidade e explicar que toda a
vivência humana acontece através de um único sistema. Ou seja, para Hegel todo o universo,
incluindo o tempo e a história, é entendido como um único organismo em constante
mudança. O homem é então apenas uma parte desse sistema, e não necessariamente a parte
mais importante.

Na concepção sistêmica o Estado funcionaria de forma mecânica, como uma engrenagem da


qual os homens fazem parte. A organização estatal e os homens funcionando em conjunto, na
visão de Hegel, é algo necessário para o convívio dos homens em sociedade.

Para a construção do hegelianismo, o alemão usa ideias e concepções filosóficas distintas,


tanto dos clássicos gregos quanto de alguns filósofos europeus contemporâneos. As principais
ideias influenciadoras do pensamento hegeliano são:

• Heráclito de Éfeso: Hegel toma a ideia da dialética como estrutura da realidade e do


pensamento;
• Aristóteles: faz uso da noção dos três capitais. O capital universal, imanente e não
transcendente. O capital do movimento, como passagem do que possa vir a ser para algo que,
de fato, será. E por fim, a relação entre razão e experiência, que marca a importância do
pensamento racional como forma de suprir necessidades internas;
• René Descartes: a principal contribuição está ligada ao racionalismo cartesiano. Hegel toma
as ideias sobre a racionalidade do real, da coisa pensante e a racionalidade ligada às coisas
materiais;
• Baruch Spinoza: Hegel usa a ideia spinoziana de que qualquer afirmação é uma negação;
• Immanuel Kant: colabora com a distinção entre o entendimento e a razão e a lógica
transcendental, que remete a origem de todo o conhecimento;
• Johann Fichte: faz uso da dialética como processo de afirmação, negação e síntese;
• Friederich Schelling: Idealismo objetivo, ao ligar a identidade tanto do sujeito quanto do
objeto a consciência do absoluto.
A partir do pensamento desses autores Hegel desenvolveu a filosofia hegeliana, uma das mais
expressivas dos séculos XVIII e XIX, e que serviu posteriormente de base para o
desenvolvimento de teorias no século XIX e XX, como as desenvolvidas por Marx e Engels.

Dialética

Influenciado pelo conceito de dialética de Johann Fichte, Hegel aprimora o conceito,


afirmando que a dialética pode ser entendida como uma lei, uma regra que estabelece a auto
afirmação de uma outra ideia absoluta.

Hegel afirma que trata-se de um movimento em que uma ideia, a tese, sai de si mesma e
transforma-se em uma outra ideia, a antítese, uma ideia que pode ir contra a tese (anti tese)
ou ser favorável a primeira ideia, e por fim, esse conjunto torna-se concreto, sintetizado. Em
outras palavras:

Tese + anti tese = síntese

Hegel entende a dialética não apenas como um método, mas é ela mesma um próprio sistema
filosófico, uma vez que não é possível a separação do objeto e do método. A dialética
hegeliana foi a principal influência para a construção da dialética marxista, que compreende
o mundo como a sucessão de ideias, ideias contrárias e alcance da verdade, em outras
palavras, o mesmo conceito de tese e antítese dando origem a uma síntese.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(Ueg/2010)

Hegel, prosseguindo na árdua tarefa de unificar o dualismo de Kant, substituiu o eu de Fichte


e o absoluto de Schelling por outra entidade: a ideia. A ideia, para Hegel, deve ser submetida
necessariamente a um processo de evolução dialética, regido pela marcha triádica da:

• A - experiência, juízo e raciocínio.

• B - realidade, crítica e conclusão.


• C - matéria, forma e reflexão.
• D - tese, antítese e síntese.

35. ARTHUR SCHOPENHAUER


Índice

• Introdução
• Filosofia e Pensamentos
• O mundo como vontade e representação
• Principais Influências
• Exercícios

Introdução

O polonês Arthur Schopenhauer nasceu em 1788 e faleceu na Alemanha em 1860. De uma


família de negociantes, Schopenhauer foi estimulado desde cedo a seguir o mesmo caminho
profissional. Por conta disso, sua formação inicial tinha o foco no mundo dos negócios e
vendas.

Não satisfeito com a vida profissional projetada para ele, Schopenhauer matricula-se
em Filosofia na Universidade de Berlim, onde permanece até a obtenção do doutorado. Nos
primeiros anos ligados à filosofia, Schopenhauer dedica seus pensamentos para a questão
da existência humana e os problemas do homem.

Os escritos de Schopenhauer garantem a ele a alcunha de “cavaleiro solitário”. Schopenhauer


despertou antipatia no mundo acadêmico pelas críticas feitas a Hegel, a quem chamava de
obtuso, charlatão e banal. As obras do polonês ganharam destaque apenas após sua morte.

Filosofia e Pensamentos

Durante a vida, Schopenhauer dedicou-se aos pensamentos sobre a existência e problemas


do homem, que foram destaques no início da carreira. As obras do polonês foram bastante
criticadas, pois foi o primeiro filósofo ocidental a incluir pensamentos budistas e hinduístas
em sua filosofia, o que despertou a desconfiança dos leitores e duras críticas por pensadores
da época.

No decorrer de sua obra, o filósofo apresenta o mundo como uma


representação individual com uma série de representações distintas e específicas criadas
por cada indivíduo. Em outras palavras, o mundo é repleto de representações criadas de
maneira individual.

Com isso, a essência das coisas só é encontrada através do que o autor chama
de insight intuitivo, que pode ser definido como uma iluminação que mostra a cada indivíduo
de maneira específica a essência de cada coisa e acontecimento existente.

Em boa parte da obra de Schopenhauer, nota-se a influência do idealismo transcendental


kantiano. A partir dessa linha de pensamento, o polonês apresenta discussões sobre a
vontade do ser humano de continuar vivendo, já que a morte é o único acontecimento do qual
o homem não pode escapar.

Schopenhauer conclui que o corpo humano é o único objeto que o homem conhece
verdadeiramente. Como somos o próprio corpo, o reconhecemos de dentro, estamos
inseridos nele, portanto nossa visão sobre nosso próprio corpo é interna. Assim, o eu, o
indivíduo interior caracteriza a vontade de viver, mesmo sabendo da morte. Nosso instinto de
sobrevivência é cego e pouco racional, pois o indivíduo busca sempre sua sobrevivência.
A vontade de não viver pode se manifestar em alguns seres humanos e é somente conseguida
com a nolontade, nome dado para a vontade de não viver.

Schopenhauer fala também sobre o nirvana, estado total e sublime da felicidade, conseguido
através da fuga da realidade, jejum, silêncio, castidade e renúncia de tudo aquilo que é real.
A vida é uma oscilação entre momentos de tédio e sofrimento e felicidade passageira, por
isso as abdicações são necessárias para a chegada ao nirvana.

Basicamente as questões ligadas à vida, como a vontade de viver, a vontade de não viver e a
felicidade em seu estado mais sublime, o sofrimento, o tédio são os pontos chave da filosofia
e dos pensamentos de Schopenhauer.

O mundo como vontade e representação

O livro “O mundo Como Vontade e Representação” é considerado a obra prima


schopenhaueriana. Na obra lançada pela primeira vez 1818 e posteriormente revisada e
ampliada em 1844, Schopenhauer toma como ponto de partida as obras de Kant.

O mundo kantiano é concebido de forma dualista e com a realidade mostrada em dois


aspectos: o suscetível de ser experimentado e percebido pelo homem e aquele que não pode
nem ser experimentado e não é suscetível.

Schopenhauer concorda com a existência de um mundo dualista, no entanto,


a realidade também é constituída por acontecimentos, por fenômenos. Para que exista
diferença, Schopenhauer afirma que é preciso existir tempo e espaço, que pos sua vez, são
categorias ligadas à concepção humana de mundo.

Schopenhauer aponta que os fenômenos são manifestações do que chama de coisa-em-si. A


coisa-em si é uma representação vista e percebida através da vontade de cada ser humano e
é segundo a visão schopenhaueriana, experienciável.

Nesse ponto, a ideia de mundo sensível aproxima-se do budismo e hinduísmo, que considera
o mundo sensível, chamado de maya, o responsável por mascarar uma realidade
transcendente.

Principais Influências

Apesar de bastante criticado pelos autores de seu tempo, as obras de Schopenhauer serviram
de base para os escritos de importantes filósofos e contaram também com a influência de
vários pensadores anteriores ao polonês.

Principais Influenciadores

• Immanuel Kant: idealismo transcendental;


• Friedrich Nietzsche: niilismo;
• Spinoza.

Principais Influenciados

• Sigmund Freud: análise da repressão;


• Albert Einstein;
• Karl Popper;
• Max Horkheimer;
• Max Wittgenstein.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(Quero Bolsa)

De acordo com a filosofia de Schopenhauer, a vontade se manifesta no ser humano a partir:

• A - de seu querer consciente do mundo.

• B - de seu desejo de reprodução e seu instinto de sobrevivência.


• C - de sua consciência imanente de si mesmo e do mundo.
• D - da sua autopreservação, desvinculada da espécie.
• E - da sua autopreservação e a morte de todos os membros de sua espécie, pois a vontade
se manifesta enquanto luta de todos contra todos.

36. NIETZSCHE
Índice

• Introdução
• Nietzsche e Hegel
• A filosofia de Nietzsche
• Assim Falou Zaratustra
• Exercícios

Introdução

Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu em outubro de 1844, na Alemanha. Filho de uma família
tradicional de protestantes locais, os escritos bíblicos influenciaram posteriormente as obra
filosóficas de Nietzsche. Ao longo da vida, o autor produziu obras sobre filosofia, música,
teatro e literatura. Portanto não dedicou-se exclusivamente a filosofia.

O autor foi considerado um pensador polêmico em sua época por seus pensamentos
antidemocráticos e anti totalitários, além de criticar o pensamento propagado pela igreja e
a crença em Deus. Nietzsche faleceu em Weimar, Alemanha em agosto de 1900.
Nietzsche e Hegel

Hegel foi um dos pensadores mais expressivos da Alemanha no século XIX, com sua teoria
sobre o universo como engrenagem da qual os homens fazem parte, o desenvolvimento
da dialética e filosofia hegeliana influenciaram grande parte dos pensadores ao longo dos
séculos XIX e XX.

Nietzsche, no entanto, rompeu com a aproximação que Hegel estabelece entre a filosofia e a
história. Para Nietzsche, o excesso de história seria perigoso, pois seria responsável por
limitar a ação humana.

O rompimento com o pensamento hegeliano tão em pauta, gerou entre os pensadores da


época certa desconfiança com relação a Nietzsche, que apresentava também pensamentos
classificados como anti religiosos e antidemocráticos.

A filosofia de Nietzsche

Os pensamentos de Nietzsche situam-se entre as correntes filosóficas apolínea e dionisíaca,


portanto, entre a ordem e a desordem, a lucidez e os devaneios. A visão oscilante, a influência
da filosofia niilista e o afastamento de Hegel, caracterizam a obra de Nietzsche como
subversiva à filosofia tradicional.

A filosofia nietzschiana é marcada pela crítica aos valores iluministas e racionalistas,


a valores morais e religiosos em vigor na época de sua produção intelectual. O autor
apresenta a relativização das noções de bem, verdade, mal, justiça, virtude e Deus. Tal
relativização, segundo Nietzsche, acontece devido aos progressos científicos e técnicos.

As obras e pensamentos do autor têm também como característica os afetos, a potência dos
sentimentos e ações humanas. Nietzsche dedica parte de seus estudos aos instintos, a
vontade e à potência. O autor condena, portanto, os comportamentos fracos e muito
religiosos e faz duras críticas à religiosidade e à fraqueza moral dos indivíduos.

A crítica aos valores morais vigentes em sua época permitiu que o autor relacionasse a razão
e a racionalidade à decadência e ao ódio aos instintos. Para Nietzsche a racionalidade tão
buscada e valorizada na filosofia grega, na verdade sufoca, oprime e molda os instintos
humanos, assim o autor define que a vida é oprimida pela razão e o homem deixa de seguir
seus instintos, paixões e emoções.

Em razão da opressão da vida pela racionalidade, o filósofo dedica-se ao entendimento da


vida, individualidade e singularidades humanas a partir da emoção, afetos e desejos ligados
aos instintos de vida e ações humanas.

Nietzsche define a filosofia como sendo uma atividade prática que deve ser usada para
garantir a libertação individual de todo tipo de racionalidade opressora, deformação moral e
princípios que ligam e prendem o indivíduo a religiões, grupos e ideologias.

Assim Falou Zaratustra

Na obra Assim falou Zaratustra, de 1883, a filosofia da libertação é personificada no


personagem principal, Zaratustra. Na narrativa filosófica o personagem ensina o caminho que
deve ser percorrido para que se alcance a liberdade a partir dos princípios filosóficos de
Nietzsche. A dor e o sofrimento fazem parte da narrativa, mostrando ao leitor que assim
como no livro, a dor e o sofrimento fazem parte da vida humana e devem ser enfrentados
para que se atinja a liberdade.

Na obra o autor faz também críticas aos valores morais da época, à metafísica clássica a
política e as formas de organização do Estado alemão, bem como o atraso da educação
e cultura alemãs.

A obra é o ponto alto das críticas nietzschianas e a organização formal de todos os seus
pensamentos e teorias filosóficas.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(UFSJ/2012)

Na perspectiva nietzscheana, o livre-arbítrio é um erro porque :

• A - ao declarar que os homens são livres, as forças coercitivas, como o poder da Igreja,
agem com o claro intuito de castigá-los, julgá-los e declará-los culpados.

• B - os homens, indignos como são, jamais alcançarão a dimensão da ideia implícita no livre-
arbítrio.
• C - o cristianismo, apesar de seus esforços candentes, não conseguiu tirar a culpa do ser
humano.
• D - a fatalidade impressa no ser humano está na sua historicidade, no seu livre-arbítrio, e
por isso mesmo o Homem está condenado à culpa.

37. FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA

Índice

• Introdução
• Contexto Histórico
• Características
• Principais Problemas
• Principais Autores
• Exercícios
Introdução

A filosofia contemporânea é a maneira de pensar racionalmente desenvolvida desde o final


do século XVIII até os dias atuais. A Revolução Francesa é o marco inicial da chamada Idade
Contemporânea, da qual a filosofia contemporânea faz parte.

Contexto Histórico

O período pós Revolução Industrial é, em grande parte, marcado pelo desenvolvimento e


consolidação do capitalismo. É neste contexto, marcado ainda pelos ideais da Revolução
Francesa, que no final do século XVIII e no decorrer de todos os séculos XIX e XX, o
pensamento filosófico contemporâneo passou a tomar forma.

O período no qual a filosofia contemporânea emerge é marcado pela mudança, incertezas,


dúvidas, novidades e medo. O século XIX foi caracterizado por intensas transformações no
modo de vida, com intenso êxodo rural, intensificação das disputas e conflitos
entre proletariado e burguesia.

O nascimento dos movimentos sociais, das primeiras lutas feministas pelo direito ao voto, o
nascimento da Sociologia e o desenvolvimento das ciências naturais foram, também,
características marcantes no decorrer do século XIX.

No século XX, por sua vez, o mundo foi marcado pelos conflitos e incertezas causados pelas
duas grandes guerrasmundiais, pela Guerra Fria, as corridas armamentista e espacial, o
desenvolvimento de governos extremistas como o fascismo e nazismo, o desenvolvimento e
uso de diversas tecnologias, o surgimento dos primeiros televisores, a indústria cultural e os
ataques nucleares.

Já nas primeiras décadas do século XXI, o mundo pode observar os avanços tecnológicos e as
mudanças nas relações humanas.

Todas as transformações que vem acontecendo desde o fim do século XVIII e


toda reestruturação do mundo serviram como base para o desenvolvimento de várias escolas
filosóficas contemporâneas e de novas linhas de interesse e abordagem filosófica.

Características

A filosofia contemporânea possui algumas características que a diferem das outras correntes
filosóficas. Muitas dessas ideias fazem parte, inclusive, dos pensamentos filosóficos da Escola
de Frankfurt. Dentre as características principais merecem destaque:

• O pragmatismo, o cientificismo e as ideias positivistas;


• Utilitarismo;
• Racionalismo;
• Liberdade, que serviu de base às ideias liberais;
• Existencialismo;
• Pluralismo, com a abordagem de diversos temas distintos;
• Subjetividade.

Principais Problemas

A filosofia contemporânea aborda uma série de questões que estão especialmente ligadas
ao contexto histórico e social em que o pensamento filosófico se desenvolve.

Dentre os problemas destacados, o mais emblemático deles foi levantado por Karl Marx, ao
estabelecer as relações originadas a partir do fortalecimento do sistema capitalista e das
novas relações de trabalho e conflitos travados entre burguesia e proletariado, bem como do
surgimento de duas classes sociais distintas e que estariam em constante conflito.

O existencialismo de Jean Paul Sartre, que tem a liberdade, a existência metafísica e as


condições de existência dos seres como suas maiores preocupações e base de pensamento e
construções filosóficas.

O surgimento da Psicanálise, tendo em Sigmund Freud seu maior expoente. A Psicanálise


questionou a maneira como as ciências ligadas à psique eram desenvolvidas e passou a adotar
o inconsciente como um poder atuante sobre o desenvolvimento e ações da consciência.

A teoria crítica da escola de Frankfurt, que analisou a indústria cultural e o surgimento da


cultura rápida e voltada para o consumo imediato das massas, sem o levantamento de ideias
ou propostas críticas, também ganhou destaque dentro da filosofia contemporânea.

Principais Autores

Dentre os principais autores da filosofia contemporânea, destacam-se:

• Auguste Comte (1798-1857): precursor dos pensamentos positivistas e da Sociologia.


Fundador da escola positivista de filosofia, Comte pauta suas ideias no desenvolvimento de
uma ciência inspirada no progresso científico e na apresentação de dados.
• Friederich Hegel (1770-1831): um dos maiores expoentes do idealismo cultural alemão. Hegel
usa a dialética, que define como movimento da realidade que deve ser aplicado ao
pensamento. Hegel usa, também, como base da sua teoria hegeliana, o saber e a consciência.
• Ludwig Feuerbach (1804-1872): discípulo de Hegel, Feuerbach faz duras críticas ao conceito
de Deus e à religião, que segundo ele, são fontes da alienação.
• Arthur Schopenhauer (1788-1860): crítico das obras de Hegel, o alemão constrói sua teoria
baseado no pensamento kantiano, que afirma que a essência do mundo seria resultado da
vontade de viver de cada pessoa. Para Schopenhauer, o mundo é criado a partir de várias ideias
de representações.
• Soren Kierkegaard (1813-1855): um dos precursores do existencialismo, ao desenvolver sua
teoria a partir das questões ligadas à existência humana, como a relação entre homens, mundo
e Deus, que causaria a angústia de viver, inquietações e desespero.
Exercícios

EXERCÍCIO 1

(UNIMONTES/2015)

A questão das classes sociais ocupa um papel fundamental na teoria de Karl Marx. Para ele,
existem condicionantes e determinantes na complexa relação entre indivíduo e sociedade e
entre consciência e existência social. Considerando as reflexões de Karl Marx sobre esse tema,
marque a alternativa incorreta.

• A - A luta de classes desenvolve-se no modo de organizar o processo de trabalho e no modo


de se apropriar do resultado do trabalho humano.

• B - A luta de classes está presente em todas as ações dos trabalhadores quando lutam para
diminuir a exploração e a dominação.
• C - Em meio aos antagonismos e lutas sociais, o indivíduo pode repensar a realidade, reagir
e até mesmo transformá-la, unindo-se a outros em movimentos sociais e políticos.
• D - As classes sociais sustentam-se em equilíbrios dinâmicos e solidários, sendo a produção
da solidariedade social o resultado necessário à vida em sociedade.

38. EXISTENCIALISMO
Índice

• Introdução
• Principais características
• Principais filósofos existencialistas
• Exercícios

Introdução

O existencialismo é uma corrente filosófica e movimento intelectual que surgiu em meados


do século XIX na França, a partir das ideias do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard. O
apogeu do existencialismo aconteceu na década de 1950, também na França, com a
publicação dos trabalhos de Heidegger e Sartre.

Na filosofia existencialista, como o próprio nome diz, a existência humana é vista como
o principal objeto dos pensamentos e teorias. A partir da existência, os filósofos afirmam que
o homem existe independente de qualquer outra definição, ou seja, a existência já basta para
que o homem exista por completo, não é necessário nenhum outro elemento que a
comprove.
A liberdade de escolhas que cada indivíduo possui serve para a construção das essências
individuais de cada um. A liberdade de escolha é vista pelos existencialistas como sendo um
fenômeno gerador, pois ninguém além do próprio indivíduo é responsável pelo fracasso ou
sucesso.

Os filósofos existencialistas entendem também a vida e a existência como importantes para


o acúmulo gradual de conhecimento. Na visão dos existencialistas, os indivíduos vão
construindo seus próprios caminhos e suas concepções de vida no decorrer de suas
existências. A constante busca, no entanto, não permite que os seres humanos entendam o
porquê de suas próprias existências e daquilo que acontece ao redor. A falta de respostas, por
sua vez, gera o que os filósofos chamam de angústia existencial.

Principais características

A filosofia existencialista apresenta algumas características que podem ser observadas na


maior parte das ideias de diferentes filósofos. Merecem destaque as características a seguir:

• A existência vem sempre antes da essência.


• A essência humana é construída a partir das escolhas individuais.
• A liberdade de escolhas é incondicional.
• O indivíduo é o único responsável por suas próprias escolhas.
• As escolhas levam, inevitavelmente, a perdas.
• As escolhas e a vida levam a um estado de desespero e angústia existencial.

Principais filósofos existencialistas

No final do século XIX e no decorrer do século XX, alguns filósofos influenciados por
Kierkegaard desenvolveram importantes trabalhos no campo da filosofia existencialista, a
seguir serão apresentados os nomes mais relevantes dessa escola filosófica:

Soren Kierkegaard

Considerado o pai da filosofia existencialista, o dinamarquês Soren Kierkegaard além de


apresentar as primeiras ideias sobre o existencialismo fez parte também da ala cristã que
defendia, acima de tudo, o livre arbítrio.

Martin Heidegger

O alemão afasta sua filosofia existencialista das ideias metafísicas. Heidegger propõe que os
questionamentos filosóficos devem estar centrados no próprio ser, característica importante
da filosofia existencialista.

Jean Paul Sartre

Sartre, ao lado da companheira Simone de Beauvoir, é um dos nomes mais conhecidos do


existencialismo francês. Sartre segue os princípios existencialistas da liberdade de
escolha como elemento gerador e de total responsabilidade individual, que define que
ninguém além do próprio indivíduo é o único responsável por seus sucessos e fracassos. Em
1943, Sartre publica O ser e o nada, obra em que apresenta sua versão pessoal da corrente
criada por Kierkegaard.

Simone de Beauvoir

Estudante de Literatura e, posteriormente, de Filosofia, na Universidade de Sorbonne. Simone


de Beauvoir uniu as ideias existencialistas de liberdade de escolha ao feminismo. A mulher
seria livre para fazer qualquer tipo de escolha, fato que seria pensado e questionado a partir
do feminismo.

De acordo com Beauvoir, “Não se nasce mulher: torna-se”. A famosa frase publicada na obra
O Segundo sexo aponta que a mulher não tem um destino biológico, e sim social. A sociedade
lhe impõe o destino de tornar-se esposa, mãe, entre outras características associadas à
condição de "ser mulher". Por isso, segundo Beauvoir, o indivíduo do sexo feminino não nasce
mulher, mas torna-se mulher pelo papel social que assume a partir dessas imposições.

Símbolo do feminismo

Albert Camus

O argelino Camus dedica-se a um dos ramos do existencialismo, o chamado absurdismo, no


qual aborda os diversos absurdos que envolvem a existência e ocorrem no cotidiano dos seres
humanos.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(UNIOESTE/2013)

“Quando dizemos que o homem se escolhe a si mesmo, queremos dizer que cada um de nós
se escolhe a si próprio; mas com isso queremos também dizer que, ao escolher-se a si próprio,
ele escolhe todos os homens. Com efeito, não há de nossos atos um sequer que, ao criar o
homem que desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do homem como
julgamos que deve ser. Escolher isto ou aquilo é afirmar ao mesmo tempo o valor do que
escolhemos, porque nunca podemos escolher o mal, o que escolhemos é sempre o bem, e
nada pode ser bom para nós sem que o seja para todos. Se a existência, por outro lado,
precede a essência e se quisermos existir, ao mesmo tempo em que construímos a nossa
imagem, esta imagem é válida para todos e para a nossa época. Assim, a nossa
responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, porque ela envolve toda a
humanidade”.

(Sartre.)

Considerando o texto citado e o pensamento sartreano, é INCORRETO afirmar que:

• A - o valor máximo da existência humana é a liberdade, porque o homem é, antes de mais


nada, o que tiver projetado ser, estando “condenado a ser livre”.

• B - totalmente posto sob o domínio do que ele é, ao homem é atribuída a total


responsabilidade pela sua existência e, sendo responsável por si, é também responsável
por todos os homens.
• C - o existencialismo sartreano é uma moral da ação, pois o homem se define pelos seus
atos e atos, por excelência, livres, ou seja, o “homem não é nada além do conjunto de seus
atos”.
• D - o homem é um “projeto que se vive subjetivamente”, pois há uma natureza humana
previamente dada e pré definida, e, portanto, no homem, a essência precede a existência.
• E - por não haver valores preestabelecidos, o homem deve inventá-los através de escolhas
livres, e, como escolher é afirmar o valor do que é escolhido, que é sempre o bem, é o
homem que, através de suas escolhas livres, atribui sentido a sua existência.

39. HEIDEGGER

Índice

• Introdução
• Principais Ideias
• A existência e a Angústia
• Existencialismo
• Exercícios
Introdução

Martin Heidegger nasceu em 1889 em uma cidade Alemã, onde os fortes valores católicos
dominavam o modo de vida. Por conta disso, seus estudos foram direcionados para que se
tornasse membro dos altos escalões da igreja católica.

No entanto, durante a adolescência, interessou-se pela filosofia clássica grega e o pensamento


dos filósofos Kierkegaard e Maurice Blondel. A aproximação com a filosofia abriu portas para
formas de pensamento não religiosas e influenciou a maior aproximação de Heidegger com
os temas filosóficos.

Com a ascensão de Hitler em 1933, Heidegger tornou-se reitor da Universidade de


Friburgo, aproximou-se das ideias nazistas e passou a apoiar Hitler e os ideais do novo
político. Por conta dessa aproximação, a obra de Heidegger foi evitada durante muito tempo
e ainda hoje não é bem recebida por muitos pensadores e nem em todos os meios
acadêmicos. O autor faleceu em 1976 na Alemanha.

Principais Ideias

As obras de Heidegger partem, primeiramente, do afastamento das questões metafísicas. No


entanto, para que aconteça a superação da metafísica clássica é preciso uma releitura das
obras em que exista certa violência interpretativa, segundo o autor.

Para Heidegger é preciso haver a superação da teoria, entretanto a destruição da metafísica


depende de mais do que apenas a simples negação da teoria, por isso a necessidade de uma
leitura mais violenta, mais enfática e que de fato, consiga acabar definitivamente com as ideias
antigas.

O autor defende que os questionamentos filosóficos devem estar centrados no ser e o homem
é o único capaz de propor esse tipo de questionamento, de pensar sobre ele e de desenvolver
teorias. A centralidade no ser, afasta ainda mais a teoria metafísica. Para complementar as
explicações e questionamentos sobre o ser, Heidegger propõe o conceito de daisen.

Heidegger considera o homem como sendo um daisen, verbo alemão que significa ser, ou
seja, o homem é a própria representação do ser no mundo, por isso a importância do
questionamento sobre o ser e sobre o homem ser o único no mundo capaz de fazê-lo.

Cada daisen tem a capacidade de escolher aquilo que deseja ser e, para isso, é capaz de reunir
esforços para garantir seus objetivos. O homem não escolhe estar no mundo e nem mesmo
tem escolhas sobre o tempo, mas é capaz de transformar sua própria existência até a morte.

Ao centrar os questionamentos no ser o daisen passa a existir de maneira autêntica, efetiva e


a partir de escolhas transformadoras. Os homens que não compreenderam a importância do
ser ou que, de alguma maneira, não aceitam o fim da vida, são chamados de dasman e vivem
em uma realidade de existência inautêntica.

Na existência inautêntica, o homem perde seu poder de escolha, de percepção e de decisão,


apenas vive sendo levado pelo mundo, deixando que os outros decidam o rumo de sua vida,
que pensem por ele. O dasman torna-se então parte da massa e encontra-se perdido sobre
seu posicionamento em relação ao mundo.
A existência e a Angústia

Por ter plena noção de sua condição no mundo e portanto, de sua morte, Heidegger afirma
que os homens enxergam as possibilidades infinitas como limitadas, já que a morte é
inevitável.

Essa consciência gera no homem angústia e é este o sentimento que determinará as ações e
comportamentos do homem diante dos acontecimentos. Para que o homem consiga atingir o
estado de existência autêntica é necessária a aceitação da morte.

Existencialismo

As ideias de Heidegger foram as precursoras para o desenvolvimento do existencialismo,


desenvolvido posteriormente por Jean-Paul Sartre. O existencialismo defende a liberdade
como de extrema importância, além da ligação entre liberdade e condições de existência do
ser.

Para os existencialistas a essência humana é formada a partir das escolhas, por isso a
importância da liberdade, para que o homem consiga livremente formar sua própria essência.
A responsabilidade sobre as escolhas e ações é também de inteira responsabilidade do
homem. Heidegger, Camus, Sartre, Merleau Ponty e Kierkegaard são os principais nomes
dessa corrente.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(Unioeste/2017)

Martin Heidegger (1889-1976) afirmou: “ser homem já significa filosofar”. Sua tese é a
seguinte: O homem se caracteriza pela distinção entre o “é” e as características de qualquer
coisa, ou seja, de qualquer ente; com isso, no encontro cotidiano com os entes,
antecipadamente (antes de encontrá-los e conhecê-los) sabemos (a) que eles são e (b) que eles
não são o “ser”, que são diferentes de sua “existência”. Eis por que todos podemos, a qualquer
instante, nos lançar às perguntas pelo ser dos entes e pelo sentido do ser em geral, ou seja, às
perguntas filosóficas.

Independente de filosofarmos expressamente, as questões e a força para a investigação,


portanto, estariam na raiz mesma de nosso ser, e precedem todo conhecimento e pensamento
aplicado.

De modo análogo, a primeira frase da Metafísica de Aristóteles afirma: “Todos os seres


humanos tendem essencialmente ao Saber”. Essa tendência essencial significa que uma
propensão para o Saber está presente, ainda que inexplorada, em todos os seres humanos.
Como Aristóteles escolheu, para o Saber, uma palavra grega que se assemelha ao “Ver”
imediato (eidénai), pode-se compreender que se trata tanto do conhecimento em geral quanto
(e principalmente) do Saber metafísico, sobre o princípio essencial ou estrutura metafísica da
realidade. Em suma, Aristóteles já estaria dizendo que ser homem significa filosofar.

Com base no que foi dito, marque a alternativa CORRETA:


• A - Uma contradição total reina entre as teses contemporâneas e gregas, em filosofia.

• B - Não tem importância central a atenção nem a interpretação das formulações e termos
filosóficos.
• C - Segundo Heidegger, a distinção entre o ente e o ser torna possível o pensamento.
• D - Aristóteles afirma a tendência essencial do ser humano a ficar preso ao sentido da
visão, nas sombras.
• E - Heidegger e Aristóteles têm como tese que filosofar expressamente é um destino
humano comum.

40. JEAN-PAUL SARTRE


Índice

• Introdução
• Existencialismo
• O ser e o nada
• Exercícios

Introdução

Jean-Paul Sartre nasceu em Paris em 1905 e faleceu na mesma cidade em 1980. Desde muito
cedo Sartre teve contato com as obras dos grandes filósofos, pensadores e artistas franceses.

Em 1933 Sartre passou um período na Alemanha e entrou em contato com a filosofia


existencialista de Husserl, Heidegger, Jaspers, Scheller e Kierkegaard. O contato com os
pensadores alemães fez com que Sartre desenvolvesse uma própria versão do
existencialismo, movimento do qual se tornou um dos maiores nomes no ocidente.

Sartre participou da segunda guerra mundial. Ao retornar à Paris, aproximou-se do partido


comunista francês e juntamente com Merleau Ponty, Simone de Beauvoir e Raymond
Aron, fundou a revista Socialismo e Liberdade. Como membro do partido comunista Sartre
participou ativamente de reuniões e dos movimentos sociais, foi uma importante presença
intelectual nas manifestações de maio de 1968.

A obra de Sartre não se limita somente à filosofia, o autor escreveu também ensaios, peças
de teatro, romances, novelas e panfletos políticos.

Existencialismo

O existencialismo, movimento do qual Sartre é um dos grandes representantes, está pautado


na condição de liberdade do homem que por sua vez, se reflete nas condições de existência
do ser. Por ter liberdade incondicional, a essência humana é construída a partir das escolhas
de cada indivíduo.

O existencialismo defende que toda a responsabilidade perante as ações se concentra no


indivíduo, por ele ser completamente livre para realizar escolhas. A liberdade de escolha é
encarada como um elemento gerador, no qual ninguém é responsável pelo fracasso ou
sucesso, a não ser o próprio indivíduo através de suas escolhas e ações.

A corrente existencialista e seus pensadores definem que a existência humana é baseada no


desespero e angústia. Toda escolha implica em uma ou várias perdas, diante das
possibilidades com as quais os indivíduos se deparam, as escolhas que precisam fazer e os
caminhos que resolvem seguir.

Seguindo os princípios existencialistas, Sartre publica sua versão pessoal da corrente,


baseando-se na obra de Heidegger, o livro O ser e o nada é publicado em 1943.

O ser e o nada

Na obra mais emblemática sobre o existencialismo, Sartre define que a consciência humana é
sempre a consciência sobre alguma coisa, ao contrário dos homens, os objetos não tem
consciência nenhuma. Os objetos são portanto chamados por Sartre de “em si”.

O “em si” representa portanto, as coisas materiais e os seres que não passam daquilo que
aparentam ser, não são e não podem ser nada além disso por não terem nenhuma consciência
ou atividade reflexiva. Diante dessas características, a negação e a afirmação não se
apresentam para o “em si”, já que as duas são fruto da consciência, pensamento e reflexão.

O “para si” é a consciência do homem, que está presente no mundo e no “ser em si”. A
consciência é a própria existência do homem. Homem e consciência são completamente
livres e são entendidos como sendo uma mesma coisa. No entanto, ao contrário do “ser em
si”, a consciência é incompleta e diante da condição de liberdade, pode tornar-se qualquer
coisa.

Ao fazer escolhas, Sartre define que o homem escolhe então a si mesmo, mas não é capaz de
escolher sua própria existência. Dessa ideia surge a famosa máxima existencialista sartriana
de que a existência precede a essência.

A obra O ser e o nada representa, portanto, a maneira como Sartre enxerga o existencialismo
e a maneira como conduz seus trabalhos filosóficos de caráter essencialmente existencialistas.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(UFU/2002)

Liberdade, para Jean-Paul Sartre (1905-1980), seria assim definida:


• A - o estar sob o jugo do todo para agir em conformidade consigo mesmo, instaurando leis
e normas necessárias para os indivíduos.

• B - circunstâncias que nos determinam e nos impedem de fazer escolhas de outro modo.
• C - conformação às situações que encontramos no mundo e que nos determinam.
• D - escolha incondicional que o próprio homem faz de seu ser e de seu mundo. “Estamos
condenados à liberdade”, segundo o autor.

41. FENOMENOLOGIA
Índice

• Introdução
• Husserl e a Fenomenologia
• Hegel e a Fenomenologia do Espírito
• Exercícios

Introdução

A palavra Fenomenologia é composta por duas partes, ambas de origem grega:

• fenômeno - significa aquilo que é mostrado ou aquilo que se quer ou pode mostrar.
• logia - significa capacidade de refletir, pensamento.

O termo fenomenologia foi usado por diversos filósofos e autores no decorrer da história da
filosofa e foi criado e usado pela primeira vez no século XVIII pelo matemático suíço Johann
Heinrich Lambert. Lambert criou o termo para referir-se aos fenômenos a partir de de sua
forma descritiva e da maneira pela qual apresentam-se ao consciente humano.

Enquanto corrente filosófica a Fenomenologia foi fundada na passagem do século XIX para o
século XX pelo filósofo alemão Edmund Husserl. Tanto no campo matemático e das ciências
exatas quanto na filosofia, a Fenomenologia pode ser resumida como sendo um conjunto de
fenômenos que manifestam-se através do espaço e do tempo.

A Fenomenologia dedica-se ao estudo dos fenômenos ou coisas e da percepção que elas


causam nos indivíduos, tudo ligado a um determinado tempo e a um determinado espaço.

Na Fenomenologia, a consciência é sempre consciência de alguma coisa, por isso, não há uma
realidade pura, isolada do homem, a realidade existe enquanto a partir do momento em que
é percebida.

A principal ideia dos pensadores do campo da Fenomenologia é de voltarem-se para as


coisas, irem ao encontro das coisas e fenômenos de forma direta, sem a intervenção ou
influência de explicações científicas ou análises reflexivas e metodológicas muito complexas.
O mais importante era o encontro direto com os fenômenos, somente após esse fato é que
seria possível pensar sistemática e cientificamente.

A corrente filosófica da Fenomenologia surge como opositora da Filosofia Positivista e


consolida-se no campo dos estudos filosóficos como uma nova forma de conhecer e entender
o mundo.

No decorrer das décadas os pensadores da Fenomenologia no campo filosófico adotaram uma


visão bastante particular e própria para desenvolver seus estudos a partir da observação dos
fenômenos e a relação com os indivíduos, o tempo e o espaço e alteraram bastante a visão de
encontro entre o estudioso e o fenômeno como principal forma de pensar a fenomenologia.

Pensamento
Husserl e a Fenomenologia

O matemático e filósofo alemão Edmund Husserl foi o fundador da corrente filosófica que
fazia uso da Fenomenologia pensada por J.H. Lambert.

Antes disso, Husserl rompeu com o positivismo e fez inúmeras e duras críticas ao
historicismo e ao uso de elementos psicológicos nas explicações lógico matemáticas. Husserl
rompeu com os modelos matemático filosóficos que estavam em voga em sua época e
fundamentou o uso da Fenomenologia.

De acordo com seus estudos e ideias sobre a Fenomenologia, Husserl define que todos os
fenômenos precisam ser pensados e desenvolvidos a partir da percepções próprias de cada
indivíduo. Para o alemão, a filosofia deveria estar baseada no que ele chamou de verdade
provisória, ou seja, a partir de cada percepção, poderia ser criada uma verdade, que no
entanto, poderia ser alterada a partir da apresentação de outra verdade.

Para Husserl, os fenômenos têm sua principal essência no ser e são captados pela consciência
através do uso da intuição individual, o que faria com que o método de conhecimento da
realidade em relação ao tempo e espaço fosse direto e imediato.

A filosofia, no entanto, para não ser considerada uma verdade provisória deveria basear-se na
fenomenologia e, para isso, dedicar-se somente a análise das coisas que estariam nas
experiências vividas pela consciência. Por isso, os estudiosos da Fenomenologia deveriam
eliminar os pressupostos empíricos existentes no mundo real antes de acontecer o encontro
entre o indivíduo e o fenômeno.

Hegel e a Fenomenologia do Espírito

O filósofo alemão Hegel na obra “Fenomenologia do Espírito”, publicada pela primeira vez em
1807, dedica-se ao entendimento da consciência humana a partir do uso de elementos da
Fenomenologia.

Hegel mostra que os conflitos modificam o modo de pensar dos indivíduos , da mesma forma
que as experiências sociais que cada um vive também são responsáveis pelas mudanças de
pensamento.

Portanto, para conheça a verdade é necessário que cada ser identifique os fenômenos que
estão ao seu redor. A fenomenologia aparece na obra de Hegel diante da necessidade humana
de conhecimento sobre os fenômenos que os cercam.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(UNICENTRO/2010)

Qual o postulado básico da fenomenologia?

• A - A fenomenologia afirma que o conhecimento não passa de uma interpretação da


realidade, isto é, de uma atribuição de sentidos determinada por uma escala ontológica de
valores, constituindo-se, portanto, numa metafísica dos costumes.

• B - Em nome da verdade subjetiva, a fenomenologia recusa o projeto da filosofia moderna,


recusando o pensamento analítico. Seu postulado básico afirma que o real deixa de ser
racional.
• C - A fenomenologia procede por decomposição, enumeração e categorização dos objetos,
fragmentando-os. Seu postulado básico é estabelecer a dicotomia entre razão e
experiência.
• D - A fenomenologia pretende realizar a superação da dicotomia razão-experiência no
processo do conhecimento, afirmando que toda consciência é intencional, ou seja, o objeto
só existe para um sujeito que lhe dá significado
• E - O postulado básico da fenomenologia é a metafísica fenomenológica, isto é, voltada
para o reconhecimento do ser em si dos fenômenos, portanto, vinculada a uma noção de
ser abstrata e a uma consciência transcendental.
42. MICHEL FOUCAULT
Índice

• Introdução
• Vigiar e Punir
• Poder, Saber e Sujeito
• Exercícios

Introdução

Michel Foucault nasceu na França em 1926 em uma influente família de médicos. O pai
desejava que Foucault também seguisse carreira na medicina, no entanto, Michel Foucault
mudou-se para Paris, em 1945, a fim de estudar e afastar-se da medicina. Na capital tomou
contato com os pensamentos de Hegel, Platão, Marx, Nietzsche, Husserl, Heidegger, Freud,
Bachelard e Lacan e interessou-se pelo estudo da filosofia e psicanálise.

Foucault formou-se em filosofia em 1949, em 1952 formou-se em psicologia patológica.


Durante sua vida desenvolveu obras que uniam a filosofia, a antropologia social e a psicologia.
Em diversas obras o francês estabelece e apresenta a relação entre os sujeitos sociais, as
instituições, o saber e o poder, formando o tripé poder, sujeito e saber.

A tríade foucaultiana intensifica a posição do sujeito de linguagem como detentor do poder


desenvolvido através do discurso e não somente a partir de estruturas, como a economia. O
pensamento de Foucault define a percepção moderna de poder ligado ao saber.

Vigiar e Punir

A obra mais conhecida de Michel Foucault foi publicada em 1975 e apresenta reflexões do
autor sobre o sistema disciplinar aplicado nas penitenciárias francesas. Foucault aponta que
o modo como os sistema penitenciário é organizado nada mais é do que uma “técnica de
produção de corpos dóceis”.

A partir dessa obra, Foucault apresenta que as formas de pensamento são também pautadas
pelas relações de poder e atuam como maneiras de imposição e coerção. Só tendo essa
noção é que os indivíduos podem lutar contra a imposição de certos padrões, no entanto, é
impossível escapar completamente das relações de poder.

Foucault Considera a filosofia como uma maneira de enxergar a dominação com maior clareza,
só assim os homens serão capazes de pensar e modificar as estruturas sociais e minimizar a
dominação.

Poder, Saber e Sujeito

Em seus trabalhos Foucault apresenta o uso abusivo do poder por parte das instituições
como a escola e as prisões e enfatiza como o papel do poder está diretamente ligado ao saber
e a evolução do discurso.
Para o francês, a disciplina define o comportamento dos indivíduos nos tempos modernos,
por isso o modo como as prisões e escolas são organizadas servem para, no caso das
escolas, condicionar o comportamento dos alunos do modo mais adequado às imposições
sociais. Na era moderna, Foucault define que tanto a escola quanto a prisão são meios
de domesticação do indivíduo, para que ele desenvolva comportamento adequado para o
convívio social.

As prisões servem para disciplinar o indivíduo para que ele paute suas ações da maneira aceita
pela sociedade, do mesmo modo, os doentes mentais, são considerados problemas para o
modo de vida imposto, por isso, são afastados do convívio social e mantidos em instituições e
hospitais.

Nesses três casos, o poder mostra-se como ferramenta para impor o modo de vida
considerado correto e socialmente aceito. O uso do discurso e a disseminação de ideias são
formas de violência simbólica utilizadas para a adequação dos indivíduos.

O francês estabelece também um paralelo entre o conhecimento científico e o controle social.


Para o autor o que a sociedade considera conhecimento científico é na verdade uma forma de
controle social, nesse caso, quanto mais conhecimento um indivíduo possuir mais facilmente
ele conseguirá exercer poder sobre o outro, principalmente se esse outro tiver tido menos
acesso ao conhecimento.

Com isso, Foucault reforça a existência das escolas como instituições nas quais as pessoas,
além de serem domesticadas para a adequação às imposições sociais, são também
bombardeadas com conhecimento científico. As escolas atuam ao mesmo tempo como
instituições de perpetuação de poder e de domesticação de indivíduos.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(ENEM/2010)

A lei não nasce da natureza, junto das fontes frequentadas pelos primeiros pastores: a lei nasce
das batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das conquistas que têm sua data e seus heróis
de horror: a lei nasce das cidades incendiadas, das terras devastadas; ela nasce com os
famosos inocentes que agonizam no dia que está amanhecendo.

(FOUCAULT. M. Aula de 14 de janeiro de 1976. In. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins
Fontes, 1999.)

O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a política e a lei em relação ao poder e à
organização social. Com base na reflexão de Foucault, a finalidade das leis na organização das
sociedades modernas é:

• A - Combater ações violentas na guerra entre as nações.

• B - Coagir e servir para refrear a agressividade humana.


• C - Criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre os indivíduos de uma mesma nação.
• D - Estabelecer princípios éticos que regulamentam as ações bélicas entre países inimigos.
• E - Organizar as relações de poder na sociedade e entre os Estados.

43. TEORIA DO CONHECIMENTO

Índice

• Introdução
• Estudo da Natureza e Conhecimento Geral
• Epistemologia
• Metodologia Científica
• Exercícios

Introdução

A Teoria do Conhecimento, também chamada de Gnosiologia, é o campo da Filosofia que se


dedica ao estudo do conhecimento.

De modo geral, a Teoria do Conhecimento tende a priorizar temas ligados à origem, limites e
natureza de temas considerados cognitivos, ou seja, ocupa-se em entender, estudar e validar
o conhecimento, a possibilidade de existência do conhecimento e quais os fundamentos,
origens e valores.

O olhar filosófico define que, para que seja possível a existência do conhecimento, são
necessários três fatores fundamentais:

• a consciência ou existência de um sujeito conhecedor;


• um objeto a ser conhecido;
• a relação que se estabelece entre o sujeito e o objeto.

O conhecimento só é considerado possível quando o sujeito é capaz de representar


mentalmente o objeto.

O conhecimento como fonte de estudo filosófico desenvolve-se em três disciplinas distintas:

• A própria Teoria do Conhecimento: dedica-se ao estudo do conhecimento geral e da natureza;


• A Epistemologia: responsável pelo estudo do conhecimento científico e da natureza;
• A Metodologia Científica: trata dos processos lógicos para a aquisição do conhecimento
científico.
Estudo da Natureza e Conhecimento Geral

O estudo da natureza faz parte da filosofia e construção do pensamento filosófico desde seus
primórdios.

Os primeiros filósofos buscavam explicações racionais para os acontecimentos naturais e


efeitos da natureza. Os elementos naturais foram, inclusive, nos primeiros anos do
desenvolvimento filosófico, usados para explicar os acontecimentos do mundo. Tales de
Mileto, por exemplo, dizia que tudo teria se originado a partir da água.

No decorrer dos estudos filosóficos, pensadores sentiram a necessidade de entender o


conhecimento. Os sentidos e a inteligência relacionados ao ato de conhecer, muitas vezes
falham e não garantem as respostas mais corretas e adequadas às questões alvo de estudo
dos filósofos.

Diante dessa situação, os pensadores - e homens no geral - passaram a colocar em xeque a


maneira como o conhecimento era tratado. Assim, deu-se início a um estudo sistemático e
fundamentado que pudesse analisar o ato do conhecimento em si: saber e definir o que é o
conhecimento, qual sua essência, como se forma e por quais mecanismos o conhecimento se
desenvolve.

Embora a disciplina de conhecimento geral tenha sido muito usada nos princípios da Filosofia,
ainda é usada para entender os mecanismos do conhecimento geral nas sociedades ao longo
dos séculos.

Epistemologia

A epistemologia propõe o estudo da origem, da estrutura, dos métodos e, finalmente, da


validade do conhecimento, estabelecendo relações entre crença e conhecimento - a
metafísica e a lógica.

É também tarefa da epistemologia compreender se o ser humano é capaz de atingir o


conhecimento total e genuíno.

A epistemologia, também chamada de Filosofia da Ciência, nasceu com Platão. O filósofo


opunha a opinião ao conhecimento. Para o grego, a crença é apenas um ponto de vista
subjetivo e, por vezes, com poucas justificativas que a sustentem.

O conhecimento, por sua vez, é definido por Platão como o conjunto de todas as informações
que descrevem e explicam os mundos social e natural.

Metodologia Científica

A Metodologia Científica está ligada à maneira pela qual o conhecimento cientifico é


sistematizado e organizado.

Foi usada pela primeira vez com o nascimento da dialética, e se estruturava como método de
busca pela verdade através de perguntas e respostas. Esse modelo foi o precursor da lógica.
O modelo grego foi usado até meados do século XVII e modificado por Galileu, que iniciou o
modelo hipotético dedutivo, combinando experimentos empíricos, modelos matemáticos e
hipóteses científicas.

No século XX, o modelo sugerido por Karl Popper ganhou força. Popper estabelece a noção
de falsificabilidade, na qual o pesquisador busca descobrir uma exceção ao postulado, algo
que torne o objeto de pesquisas e seus resultados falsos. Na ausência desses elementos, o
resultado da pesquisa torna-se, portanto verdadeiro.

Ainda hoje, as descobertas e pesquisas científicas baseiam-se em um esquema metodológico


rígido, que permite a fácil organização das descobertas, teses e experiências, bem como, a
disseminação do conhecimento obtido a partir das pesquisas.

Além disso, a metodologia científica é primordial para garantir a melhor assimilação dos
dados, evitar falhas e facilitar a interpretação e o entendimento.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(Uel/2010)

Leia o texto de Platão a seguir:

Logo, desde o nascimento, tanto os homens como os animais têm o poder de captar as
impressões que atingem a alma por intermédio do corpo. Porém relacioná-las com a essência
e considerar a sua utilidade, é o que só com tempo, trabalho e estudo conseguem os raros a
quem é dada semelhante faculdade. Naquelas impressões, por conseguinte, não é que reside
o conhecimento, mas no raciocínio a seu respeito; é o único caminho, ao que parece, para
atingir a essência e a verdade; de outra forma é impossível.

(PLATÃO. Teeteto. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém: Universidade Federal do Pará,
1973. p. 80.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria do conhecimento de Platão, considere
as afirmativas a seguir:

I - Homens e animais podem confiar nas impressões que recebem do mundo sensível, e assim
atingem a verdade.

II - As impressões são comuns a homens e animais, mas apenas os homens têm a capacidade
de formar, a partir delas, o conhecimento.

III - As impressões não constituem o conhecimento sensível, mas são consideradas como
núcleo do conhecimento inteligível.

IV - O raciocínio a respeito das impressões constitui a base para se chegar ao conhecimento


verdadeiro.

Assinale a alternativa correta:


• A - Somente as afirmativas I e II são corretas.

• B- Somente as afirmativas II e IV são corretas.


• C- Somente as afirmativas III e IV são corretas.
• D- Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
• E- Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.

44. TEOCENTRISMO

Índice

• Introdução
• Características do teocentrismo
• Teocentrismo na Idade Média
• Antropocentrismo
• Humanismo Italiano
• Exercícios

Introdução

A palavra teocentrismo vem do grego theos, que significa Deus, e kentron, que significa
centro.

A doutrina ou filosofia teocêntrica consideram Deus como o centro de todo Universo,


responsável pela criação do mundo e de todas as coisas nele existentes. A filosofia teocêntrica
foi a base da cultura e modo de vida medieval.

Na visão teocêntrica, o direito divino era considerado superior a qualquer tipo de crença ou
racionalidade. Qualquer pensamento que não fosse baseado nos preceitos da Bíblia era
considerado pecaminoso e incorreto. As ideias científicas e empiristas sofreram grandes
críticas por membros da igreja e seguidores do teocentrismo.

Em oposição ao pensamento teocêntrico surgiu a corrente de pensamento antropocentrista,


que dá foco ao ser humano, o considerando ser dotado de inteligência e capaz de fazer suas
próprias escolhas e mudar o mundo ao seu redor.

Características do teocentrismo

A filosofia teocêntrica apresenta as seguintes características:


• Poder total e absoluto exercido pela religião.
• Deus considerado como centro do universo, criador e responsável por todas as coisas
existentes.
• Negação dos pensamentos científicos e da filosofia racional.

Teocentrismo na Idade Média

Durante a Idade Média, período que foi de 476 a 1492, a visão teocêntrica foi dominante em
toda a Europa, pois os reis e monarcas tinham uma forte e direta ligação com a Igreja.

Os reis justificavam seus poderes e gastos como escolha divina, por isso deveriam ocupar
posições de liderança e garantir a ordem entre os não escolhidos. A religião era
frequentemente utilizada para justificar todo tipo de ação governamental.

Além de exercer influência sobre as monarquias, a Igreja ditava as regras referentes ao


comportamento das pessoas, o que deveria ser lido, quais práticas eram consideradas
corretas e aceitas.

Todos aqueles que se desviavam dos caminhos e doutrinas teocêntricas eram considerados
subversivos, taxados de bruxos, hereges e pecadores.

A influência da Igreja na Idade Média, foi estremecida com o surgimento de pensamentos


antropocêntricos e renascentistas. Deus e a Igreja perderam lugar de destaque, as
monarquias se enfraqueceram, o direito divino foi questionado e o homem passou a ter
destaque, como centros do pensamento, ciências e acontecimentos.

Antropocentrismo

Ao contrário do teocentrismo, no antropocentrismo, a centralidade está no ser humano.


Todo universo passa a ser pensado, avaliado e reavaliado a partir da visão e percepção racional
humana.

Boa parte dos cientistas da Idade Média desenvolvia pesquisas com a finalidade de derrubar
os conceitos teocêntricos e a influência dessa doutrina nos demais aspectos da vida.

Uma das teorias antropocêntricas mais complexas é a do heliocentrismo de Copérnico, que


refuta o modelo geocêntrico ao afirmar que o Sol encontra-se no centro do sistema solar e a
Terra, gira em torno dele.

Além do heliocentrismo, no momento de crise e enfraquecimento da Idade Média e da igreja,


muitos já nutriam desejos de mudança cultural e econômica. Nesse contexto, tiveram início
as grandes navegações, desenvolvimento e fortalecimento do comércio e surgimento da
burguesia.

A religião enfrentava a Reforma Protestante de Lutero, que questionava várias ações e


comportamentos da Igreja Católica, como a venda de indulgências e títulos eclesiásticos.

Na cultura, a mudança de pensamento e atitude levou ao fortalecimento


do renascimento cultural e do humanismo renascentista italiano.
Humanismo Italiano

O humanismo italiano surge no século XV, na Itália. O movimento intelectual tem como base
o antropocentrismo, o homem no centro das questões científicas, filosóficas, artísticas e
culturais.

Durante o renascimento o cientificismo enfrentou um fase de expansão. Cientistas


como Copérnico, Galileu, Kepler e Newton formularam diversas teorias, principalmente
físicas e matemáticas que confrontavam diretamente os dogmas da Igreja Católica.

As mudanças antropocêntricas e renascentistas, a valorização do homem causaram impactos


tão profundos na história, filosofia e modo de vida que ainda hoje, seis séculos depois,
características antropocêntricas e humanistas ainda influenciam a vida e convívio social.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(UEPA/2014)

As crenças de navegadores portugueses e espanhóis dos séculos XV e XVI, inspiradas na


teologia medieval, de que o Paraíso estava ao alcance dos homens, embora em lugar ainda
desconhecido, estimularam as viagens de “descobertas” que incorporaram o Novo Mundo ao
espaço geográfico das terras conhecidas pelos europeus. As pistas desta mentalidade estão
em obras filosóficas e literárias da Antiguidade Greco-Romana e de autores humanistas, além
de novelas de cavalaria. O conteúdo destas obras fazia parte do patrimônio intelectual
europeu de fins da Idade Média e forneceu o quadro mental a partir do qual foram escritas as
obras de viajantes europeus que vieram à América no século XVI. A busca do paraíso terrestre,
quando da expansão marítima europeia voltada para a descoberta de novas rotas de comércio
com o Oriente, significou:

• A - a ruptura entre a mentalidade medieval e aquela do Renascimento.

• B - a permanência de elementos da mentalidade medieval no período inicial do


Renascimento.
• C - a confirmação dos relatos bíblicos, que podiam ser constatados com as navegações.
• D - a correspondência entre as crenças europeias e os mitos indígenas do Novo Mundo.
• E - o uso da justificativa religiosa para o financiamento das navegações pelas Coroas
Ibéricas.

45. EPISTEMOLOGIA
Índice

• Introdução
• Origem da Epistemologia
• Karl Popper e a Epistemologia
• Exercícios

Introdução

A palavra epistemologia significa ciência do conhecimento e é originária das palavras


episteme e logos. A palavra foi usada pela primeira vez pelo filósofo escocês James
Ferrier para designar a ciência dedicada a entender a crença e o conhecimento.

A epistemologia é a área da filosofia ligada a entender e a analisar as questões ligadas a crença


e o conhecimento, bem como suas limitações, justificativas e racionalidade das crenças e do
sistema de crenças de uma sociedade, como um todo.

Em meados da década de 1960, o filósofo britânico Jonathan Dancy expandiu o conceito de


epistemologia definido por Ferrier. Na visão de Dancy, a epistemologia trata também das
posturas cognitivas que, além das crenças, inclui também a análise das coisas que os
indivíduos pensam ser conhecimento.

A partir da expansão feita por Jonathan Dancy, a epistemologia tem como uma de suas
finalidades verificar se os indivíduos agem de maneira irresponsável ou responsável a partir
do momento que formam e mantêm as crenças.

Origem da Epistemologia

A área da filosofia denominada epistemologia surgiu pela primeira vez com os filósofos
do período pré Socrático.

Já no período Clássico, Platão, Sócrates e Aristóteles buscaram criar métodos e


explicações para explicar suas dúvidas e questionamentos a partir do uso
da racionalidade.

No período da Idade Média é que a epistemologia é redescoberta e ganha força juntamente


com as ideias humanistas, renascentistas e iluministas que marcam, em grande parte a
maneira de pensar racional do período.

Karl Popper e a Epistemologia

O filósofo austríaco Karl Popper dedicou-se ao estudo da epistemologia a partir da construção


de conhecimento de natureza científica. Dentre os temas centrais da pesquisa de Popper
estão os critérios necessários para a demarcação, as conjecturas, as refutações e o
falseamento nas ciências.

Dentre os conceitos mais importantes e centrais destacados por Popper está o


da falseabilidade ou refutabilidade. Popper cria no decorrer da década de 1930 o sistema da
falseabilidade, que permite de maneira racional e cientificamente organizada, pôr fim a
resolução, a observação e a criação de questionamentos científicos a partir do método de
indução.

No período anterior da criação das teorias de Karl Popper, os cientistas e filósofos, de forma
geral, consideravam que tudo nas ciências vinha a partir da experimentação. Para Popper, as
experiências servem para comprovar ou refutar teorias. O austríaco estabelece então
a demarcação para o conhecimento científico e para o não científico.

Os principais conceitos da falseabilidade de Popper são:

• A falsidade de um enunciado tido como universal pode ser deduzida a partir de enunciados
singulares.
• A falseabilidade deve sempre considerar a observação da teoria.
• As teorias científicas só podem ser refutadas a partir da experimentação e da observação.
• A partir do momento que uma teoria não consegue mais dar conta de observações, ela deve
ser abandonada.
• A ciência progride a partir da correção de teorias anteriores.
• A aceitação de uma nova teoria deve ser provisória.A falseabilidade, no entanto, é quase
sempre definitiva.
• Qualquer teoria, por melhor que seja pode ser provisória pois poderá sempre ser refutada por
observações ou experimentações futuras.
• Quanto mais embasamentos a teoria oferecer para serem testados, melhor será considerada.
• Uma teoria muito boa poderá ser diversas vezes falseável, no entanto, deverá resistir ao
falseamento sempre que for testada.
• Em alguns casos o enunciado singular pode estar equivocado e não necessariamente a teoria
geral também estará.
• A limitação na falseabilidade acontece a partir da consideração dos fatos que todos os
enunciados são falíveis.

Foi a partir das teorias popperianas que a ciência e a filosofia intensificaram as questões
referentes ao individualismo e passaram a questionar-se e discutir sobre o que de fato seria
ciência.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(UEL/2011)

Leia o texto a seguir.

[...] não exigirei que um sistema científico seja suscetível de ser dado como válido, de
uma vez por todas, em sentido positivo; exigirei, porém, que sua forma lógica seja tal que se
torne possível validá-lo através de recurso a provas empíricas em sentido negativo [...].

(POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. Trad. L. Hegenberg e O. S. da Mota. São Paulo:


Cultrix, 1972. p. 42.)

Assinale a alternativa que corresponde ao critério de avaliação das teorias científicas


empregado por Popper.
• A - Falseabilidade

• B- Organicidade
• C- Confiabilidade
• D- Dialeticidade
• E- Diferenciabilidade

46. DETERMINISMO
Índice

• Introdução
• Tipos de Determinismo
• Determinismo e Liberdade
• Determinismo Social
• Exercícios

Introdução

Determinismo é um conceito filosófico que define que todos os fatos que acontecem no
presente são determinados por causas anteriores, ou seja, tudo aquilo que acontece ao
homem ou no mundo é determinado por acontecimentos passados e que podem ser de
caráter natural ou sobrenatural.

De acordo com o determinismo, tudo no universo está limitado e condicionado a leis


imutáveis, por isso toda e qualquer ação humana é predeterminada pela natureza. As ações
humanas são também previsíveis, já que são determinadas por acontecimentos anteriores.
No determinismo, a liberdade de escolha e o livre arbítrio são meras ilusões sustentadas e
defendidas por algumas correntes filosóficas.

No decorrer da Idade Moderna o determinismo foi o conceito usado para explicar o


Universo. A partir dos fatos do presente, seria possível que os pensadores da época fizessem
previsões sobre fatos e acontecimentos futuros. A previsão era considerada real e correta,
pois, para os deterministas, toda a realidade seria fixa e interligada. Nenhum homem poderia
alterar o que já estaria previsto para acontecer.

Tipos de Determinismo

Com o desenvolvimento das ideias deterministas, alguns tipos da corrente filosófica foram
criados levando em consideração as formas como a causalidade e as determinações são
entendidas. Os principais tipos de determinismo são:
Pré determinismo

Também chamado de determinismo mecanicista. Nesse modelo supõe-se que causas e


efeitos estão totalmente interligados. A determinação encontra-se no passado e gera uma
cadeia causal capaz de explicar completamente os acontecimentos do universo, desde o
princípio.

Pós Determinismo

As causalidades são determinadas por algum motivo externo e futuro.

Co-Determinismo

Os efeitos podem interagir com outros efeitos, assim o efeito de uma causa anterior pode ser
a causa de um novo efeito e com isso gerar diversos níveis de realidade distintos.

O determinismo aparece aqui no presente, no momento de encontro entre os efeitos e


surgimento de novas causas. O processo entre causa e efeito no determinismo é
portanto, cíclico.

Cada tipo de determinismo está ligado ao presente, passado ou futuro. Ao analisar a linha do
tempo e considerar os aspectos filosóficos é possível afirmar que os três tipos de
determinismo podem coexistir em determinados períodos de tempo.

Determinismo e Liberdade

A corrente Determinista é alvo de inúmeras críticas desde a propagação de suas ideias, isso
porque muitos filósofos defendem os conceitos de livre escolha, livre arbítrio e não existência
de casualidades.

Para uma série de pensadores, todos os homens são capazes de fazer escolhas, são quase
que completamente livres para escolher as maneiras de agir e pensar. A liberdade nesse caso
não é completa e total, pois é pautada por leis e organizações sociais, que no entanto, não
impedem que o homem possa ser livre para realizar suas escolhas, alterar sua história e
portanto, alterar o presente e o futuro.

Para os críticos do determinismo, homem e natureza não são regidos pelas mesmas leis
imutáveis. Não é possível fazer previsões sobre as vidas e atitudes humanas, até porque, a
liberdade de escolha e ação alteraria qualquer previsão, ou seja, o livre arbítrio é o que torna
o ser humano diferente de outros elementos naturais.

Os defensores do determinismo, por sua vez, argumentam que a ideia de livre arbítrio é rasa
e desconsidera o co-determinismo que diz ser possível a interação entre diferentes efeitos
criando novas causas.

Em meio a tantas discussões sobre livre arbítrio e liberdade de escolha e ação, as ideias puras
sobre o determinismo perderam a força ao longo dos séculos XIX e XX, sendo até hoje alvo
de muitas críticas e desconstruções.
Determinismo Social

Embora a visão clássica do determinismo tenha perdido força, um outro tipo ganhou
destaque, o Determinismo Social. A corrente Social do determinismo defende que o ambiente
social de onde vem o indivíduo é capaz de condicionar o comportamento humano.

Atualmente o determinismo social é usado como forma de explicar a estratificação social e


fomentar o preconceito e exclusão de alguns grupos sociais.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(ENEM/2012)

Quando Édipo nasceu, seus pais, Laio e Jocasta, os reis de Tebas, foram informados de uma
profecia na qual o filho mataria o pai e se casaria com a mãe. Para evitá- la, ordenaram a um
criado que matasse o menino. Porém, penalizado com a sorte de Édipo, ele o entregou a um
casal de camponeses que morava longe de Tebas para que o criasse. Édipo soube da profecia
quando se tornou adulto. Saiu então da casa de seus pais para evitar a tragédia. Eis que,
perambulando pelos caminhos da Grécia, encontrou-se com Laio e seu séquito, que,
insolentemente, ordenou que saísse da estrada. Édipo reagiu e matou todos os integrantes do
grupo, sem saber que entre eles estava seu verdadeiro pai. Continuou a viagem até chegar a
Tebas, dominada por uma Esfinge. Ele decifrou o enigma da Esfinge, tornou-se rei de Tebas e
casou-se com a rainha, Jocasta, a mãe que desconhecia. [Disponível em:
http://www.culturabrasil.org. Acesso em: 28 ago. 2010 (adaptado)].

No mito Édipo Rei, são dignos de destaque os temas do destino e do determinismo. Ambos
são características do mito grego e abordam a relação entre liberdade humana e providência
divina. A expressão filosófica que toma como pressuposta a tese do determinismo é:

• A - “Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo.” Jean Paul
Sartre

• B - “Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser.”
Santo Agostinho.
• C - “Quem não tem medo da vida também não tem medo da morte.” Arthur Schopenhauer
• D - “Não me pergunte quem sou eu e não me diga para permanecer o mesmo.” Michel
Foucault
• E - “O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua imagem e semelhança”. Friedrich
Nietzsche.
47. ÉTICA E MORAL
Índice

• Introdução
• Moral
• Ética
• O uso da ética
• O uso da moral
• Exercícios

Introdução

Embora sejam usados em conjunto e muitas vezes como sinônimos, os conceitos de ética e
moral são diferentes entre si, tanto no que diz respeito ao significado quanto a origem
etimológica das palavras.

Ética vem do grego ethos, literalmente significa morada, refúgio. Em termos filosóficos está
ligada a modo de ser, caráter, natureza e índole. A palavra moral tem origem no termo
latino morales que significa relativo aos costumes, ligado a costumes.

Portanto, a partir da análise etimológica é possível já definir que o conceito de ética é ligado
ao indivíduo, enquanto a moral tem relação com a sociedade.

Mesmo com as diferenças, tanto o conceito de ética quanto o de moral tem finalidade
semelhante: construir bases e guias para a conduta do indivíduo, comportamento no meio
social em que vive, construção do caráter e virtudes.

Moral

O conceito de moral pode ser definido como um conjunto de regras sociais - dentro de um
determinado contexto e de uma determinada sociedade - que definem e norteiam o
comportamento e o julgamento dos indivíduos sobre o que é moralmente aceito ou não.

A moral está ligada ao padrão cultural vigente e estabelece regras, determinadas pela
própria sociedade, necessárias ao convívio dos indivíduos. Portanto, a moral depende então
do momento histórico e da sociedade em que as regras foram estabelecidas.

Ética

A ética, por sua vez, refere-se ao modo de ser de um indivíduo, a natureza, o caráter e a
postura adotados diante de uma situação. A moral estabelecida pela sociedade influência na
ética do indivíduo. No entanto, o indivíduo pode ser moral, já que está inserido em um
contexto social, mas ao mesmo tempo não ter ética, pois as ações que definem a ética são
individuais, são uma escolha de cada ser humano.
Em uma explicação mais ampla, a ética pode ser entendida também como o conjunto de
conhecimentos sobre o comportamento humano, uma reflexão sobre a moral, sobre a ação
das regras morais em cada indivíduo.

Tanto moral quanto ética não nascem com os homens, ambos os conceitos são aprendidos ao
longo da vida e chegam aos indivíduos pela família, escola, relações de trabalho, de lazer. Toda
estrutura temporal e sócio econômica, influencia portanto, a criação da ética e moral e a
maneira como esses conceitos chegam aos indivíduos.

O uso da ética

A moral define prioridade no atendimento de idosos e gestantes, bem como assentos


reservados nos transportes coletivos. A frase abaixo exemplifica a atitude de Maria em relação
a uma mulher grávida.

• Maria não cedeu o assento à mulher grávida.

Maria, embora esteja inserida na sociedade em que essa seja a moral estabelecida, não cedeu
lugar. A atitude de Maria está ligada à ética, já que foi uma decisão tomada por ela,
individualmente.

As regras morais estabelecem, nesse caso, que Maria não teve um comportamento ético. O
indivíduo pode ter um comportamento moral, pois está inserido socialmente e por isso, tem
conhecimento das regras necessárias para o bom convívio social, no entanto, pode ter ações
não éticas.

Embora estejam ligados, não é obrigatório que o indivíduo apresente ao mesmo tempo um
comportamento moral e ético.

O uso da moral

O exemplo abaixo exemplifica a moral sobre o uso de uma determinada peça de roupa num
determinado período da história.

• Não era moralmente aceito que mulheres usassem calças no passado, atualmente a peça é
usada por homens e mulheres.

As regras sociais definiam apenas o uso de saias para mulheres. Trata-se de uma regra
referente ao momento histórico e condições sociais. Atualmente, o uso de calças por
mulheres é moralmente aceito, as regras sociais para vestimenta feminina não impedem mais
o uso de calças, nem impõe a obrigatoriedade do uso de saias.

Os momentos históricos e contextos sociais, influenciaram, portanto, a criação de regras


morais, que foram alteradas com o tempo e com as novas necessidades sociais.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(ENEM/2011)
O brasileiro tem noção clara dos comportamentos éticos e morais adequados, mas vive sob o
espectro da corrupção, revela pesquisa. Se o país fosse resultado dos padrões morais que as
pessoas dizem aprovar, pareceria mais com a Escandinávia do que com Bruzundanga.

(Corrompida Nação Fictícia de Lima Barreto)

O distanciamento entre “reconhecer” e “cumprir” efetivamente o que é moral constitui uma


ambiguidade inerente ao humano, porque as normas morais são:

• A - decorrentes da vontade divina e, por esse motivo, utópicas.

• B- parâmetros idealizados, cujo cumprimento é destituído de obrigação.


• C- amplas e vão além da capacidade de o indivíduo conseguir cumpri-las integralmente.
• D- criadas pelo homem, que concede a si mesmo a lei à qual deve se submeter
• E- cumpridas por aqueles que se dedicam inteiramente a observar as normas jurídicas.

48. POLÍTICA E ÉTICA


Índice

Introdução
O que é Política?
O que é Ética?
Exercícios

A Ética e a Política fazem parte da tradição clássica da filosofia e ainda hoje, no século
XXI, fazem parte das relações sociais contemporâneas. No entanto, o entendimento
sobre o que é ética e o que é política sofreu algumas transformações ao longo do
tempo.

Hoje muitos dos cidadãos relacionam imediatamente a política a escândalos de corrupção,


falta de comprometimento público, mistura das relações e tarefas das esferas pública e
privada. No geral, em diversos países do muito a política tem sido vista com desprezo e
desconfiança pelos cidadãos que com frequência bradam por ética, justiça e ordem, mesmo
sem saber exatamente o que significam e qual a origem desses conceitos.

O que é Política?

Tanto para Platão quanto para Aristóteles, a Política é uma ciência e todas as outras ciências
estão, obrigatoriamente, submetidas à Ciência Política. No caso de Aristóteles a Política tem
a finalidade de assegurar a felicidade dos indivíduos. Para o filósofo, a Ciência
Política é dividida em ética e política. A ética trata da felicidade individual de cada cidadão
na pólis, enquanto a política diz respeito a felicidade coletiva.
Para Aristóteles a Política, enquanto ciência, existe para pensar em ações que levem ao bem
estar individual e coletivo. Em uma explicação mais generalizada, é possível definir
a política como sendo a doutrina moral da sociedade como um todo.

Aristóteles afirma que todo homem é um animal político, ou seja, todo indivíduo tem como
destino a vida comum na pólis e a partir desse convívio com outros que torna-se um ser
racional. O homem, de acordo com o filósofo, é político por ser racional e a ética e a política
é que garantem aos homens a racionalidade.

Na visão de Platão, a política é uma arte para qual nem todos os homens estão aptos.
Segundo Platão, somente aqueles mais capacitados, no caso os filósofos, seriam capazes de
exercer a administração da pólis de forma a garantir o bem estar de todos, por possuírem o
conhecimento racional e verdadeiro. O objeto da política em Platão é corrigir as
injustiças ocasionadas por homens não aptos a atividade política e que por isso acabaram por
cometer diversas injustiças.

Embora Aristóteles tenha sido discípulo de Platão, os dois apresentavam concepções


distintas sobre a política. A visão de Platão é idealista enquanto a de Aristóteles é
mais realista e tem mais condições de ser aplicada. Aristóteles é considerado o primeiro
grande sistematizador do conceito de política, pois para ele o homem necessita viver em
comunidade.

O que é Ética?

A palavra ética vem do grego ethos e significa costumes de um grupo ou sociedade. A ética
está relacionada aos costumes de um povo e pode ser definida como a doutrina moral dos
indivíduos. A ética é uma divisão da ciência política responsável por ditar a maneira como os
cidadão deveriam se comportar na pólis.

Para Aristóteles a ética é uma condição necessária para que o indivíduo se realize, que tenha
condições de viver com virtuosidade a partir do uso da razão, que é garantida pela ética e
pela política, ou seja, pela felicidade individual e pela felicidade coletiva. Na visão aristotélica,
a liberdade está inserida na vida política e é somente na pólis e na vida em comunidade que
que o indivíduo pode encontrar a razão e ser feliz.

Os gregos clássicos não separavam a ética da política, as duas faziam parte da busca pela
felicidade. Não seria possível que o indivíduo encontrasse a felicidade individual sem que
vivenciasse sua condição de homem político. A pólis é o espaço em que a felicidade é possível
de ser alcançada. A razão do homem estava também ligada a suas atividades éticas e políticas.

Exercícios

EXERCÍCIO 1

(UNICAMP 2016)
Por que a ética voltou a ser um dos temas mais trabalhados do pensamento filosófico
contemporâneo? Nos anos 1960 a política ocupava esse lugar e muitos cometeram o exagero
de afirmar que tudo era político.

(José Arthur Gianotti, “Moralidade Pública e Moralidade Privada”, em Adauto Novaes, Ética.
São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 239.)

A partir desse fragmento sobre a ética e o pensamento filosófico, é correto afirmar que:

• A - O tema foi relevante na obra de Aristóteles e apenas recentemente voltou a ocupar um


espaço central na produção filosófica.

• B - Os impasses morais e éticos das sociedades contemporâneas reposicionaram o tema


da ética como um dos campos mais relevantes para a Filosofia.
• C - O pensamento filosófico abandonou sua postura política após o desencanto com os
sistemas ideológicos que eram vigentes nos anos 1960.
• D - Na atualidade, a ética é uma pauta conservadora, pois nas sociedades atuais, não há
demandas éticas rígidas.

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