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Estimamos que a reflexão filosófica pode e deve contribuir para a compreensão dos
afazeres humanos.
1- ORIGEM DO FILOSOFAR
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progredindo pouco a pouco, chegaram a se colocar problemas sempre maiores, como os
problemas relativos aos fenómenos da lua, do sol e dos astros e, depois, os problemas relativos
à origem de todo o universo.
Os gregos utilizam a palavra tauma para expressar o assombro. Assim ficou na nossa
linguagem a palavra taumaturgo que significa a pessoa que realiza coisas estupendas,
prodigiosas. Segundo um filósofo grego que viveu há mais de dois mil anos, a filosofia surgiu
da capacidade que os homens têm de se surpreender. O ASSOMBRO. O homem acha tão
estranho viver, que as perguntas filosóficas que surgem por si mesmas.
Já que ele não se mistura com a natureza, embora faça parte dela e só se realize nela, ele
levanta questões.
O ser humano não quer apenas viver, quer saber para que vive.
A essência do homem é o que o leva tentar descortinar o sentido harmónico das coisas e
da vida e o seu próprio sentido.
De admiração pelo que rodeia nasce em si uma pujante interrogação. Se pode afirmar
que a filosofia é necessária quando faz-se as seguintes perguntas: Quem sou eu? De onde venho
e para onde vou? Porque existe o mal? O que é que existirá depois desta vida? Ou que é a
verdade? Se é livre de eleger como pensar ou actuar? Que significa que algo exista? Que a
consciência? É justificada a clonação humana? Que, ademais de ser importante, deixam
perplexo. Isto é o requisito que distingue a filosofia e que tentamos explicar em nosso
desenvolvimento.
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Mas porque nasce no ser humano esta atitude interrogativa?
Não é apenas o fato de raciocinar, de ter um sistema nervoso mais complexo, mas,
principalmente, o fato de poder opor o polegar e ser capaz de manipular os objectos que o leva
a se perceber como algo separado do mundo, embora inserido nele. Isto condiz a uma série de
consequências, inclusive ao ato de filosofar.
Seu olhar interrogativo quer conhecer o porquê das coisas, sobre tudo o porquê da
própria vida. O homem é filósofo por natureza. É dotado de razão para procurar a razão das
coisas, ou seja, para achar uma explicação profunda, geral e exaustiva, uma explicação
filosófica.
Nem todos os homens podem ou devem ser filósofos, mas todos em maior ou menor
medida aproximam-se em algum momento da sua existência a temas e questões filosóficas (não
todos somos poetas, mas podemos ter alma de poetas). Deve haver alguma razão pela qual o ser
humano se sente invadido por questões às quais não pode fugir, questões às quais deve
responder.
- Quem sou eu? Qual é a minha origem? Posso escolher amigos, mas não posso
escolher a mi mesmo. Nunca tinha decidido que queria ser um ser humano para que é que
Deus nos criou?
Haveria uma vida após a morte? O que é o que existirá depois desta vida? Não podemos
imaginar que vivemos sem pensar que temos de morrer, mas sentimos simultaneamente que
viver é algo maravilhoso. Que é o ser humano? Qual é o nosso destino? Porquê o sofrimento, o
mal? E, acima de tudo, como deveríamos viver? Qual é a coisa mas importante na vida?
Precisamos de descobrir quem somos e porquê estamos aqui, porquê vivemos.
- De onde vem o mundo? Como se formou. É impossível viver num mundo sem
perguntar pela sua origem. De onde vem o universo? É impossível pensar que o universo
tivesse existido sempre. Onde é que acaba o mundo, o cosmos? Porquê existe as coisas? O que
é a matéria? Existiu sempre a matéria? Se não qual é a sua origem?
- Poderia ser alguma coisa eterna? Tudo o que existe tem que ter um começo o
universo tinha de ter surgido de outra coisa Será que se tinha criado a si mesmo de nada? Que
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é o espaço, o tempo, a possibilidade do infinito, a consciência e sua relação com o mundo
físico, se é possível o conhecimento objectivo, a possibilidade de que exista vida além da
morte, a moralidade no sexo e na amizade, e os conceitos de democracia, igualdade e
liberdade? E quem é que fez Deus?.
Há questões que dizem respeito a todos os homens. São questões que têm a sua fonte
comum naquela exigência de sentido, que, desde sempre, urge no coração humano. A resposta
a tais perguntas depende efectivamente a orientação que se imprime à existência. A questão
acerca da origem do universo, da terra e da vida é mais importante do que saber quem ganhou a
taça mundial de futebol.
As perguntas filosóficas que podemos colocar não são muitas mais que as acima
formulamos. E a História oferece-nos muitas respostas diferentes para cada uma destas
perguntas. Por isso é mais fácil formularmos perguntas filosóficas do que encontrar a sua
resposta. Sempre o homem perguntou-se. Não conhecemos nenhuma cultura que não tenha
perguntado que são os homens e onde vem o mundo. A filosofia nasceu e começou a
desenvolver-se quando o ser humano principiou a interrogar-se dobre o porquê das coisas e o
seu fim. O filosofar é, por tanto, próprio da natureza humana. Porque o desejo de conhecer é
uma característica do ser humano.
Que nos podem dizer os filósofos sobre os problemas que interessam ao homem?
Mas o homem não é apenas o destinatário das filosofias, é também, ele mesmo, um dos
objectos principais cuja natureza se esforçam por compreender.
O objecto é toda coisa que é percepcionada pelos sentidos. Uma coisa com existência
material. Matéria, assunto sobre o qual recai a atenção ou o que é alvo de investigação, de
estudo.
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O objecto de uma ciência é o conjunto de problemas gerais ou específicos que ciência
estuda como base no método que lhe permite estabelecer relações precisas entre os factos que
investiga.
Filosoficamente objecto é aquilo que é ou pode ser pensado e que se opõe ao sujeito
como ser pensante. Aquilo é pensado. O objectivo ou fim da filosofia está no puro desejo de
conhecer e contemplar a verdade, procurada, contemplada e desfruta como tal.
Determinar o objecto da filosofia não é tão fácil como acontece nas outras
ciências. Se quisermos determinar o objecto da Antropologia, podemos fazê-lo sem muito
esforço: é o homem; da teologia é Deus; da matemática é número. E assim por diante. Em
filosofia, a dificuldade reside no acto dela, segundo a sua própria natureza, ser um saber, um
conhecimento abrangente, amplo. Ela não se limita a um aspecto particular. Mas se no
colocassem novamente a questão: qual é o objecto da filosofia, nós responderíamos que é o real
na sua totalidade. Ela oferece uma explicação completa e exaustiva da realidade. Ela ocupa-se
de todo, a totalidade, o universo tomado globalmente, procura reflectir sobre a totalidade destes
saberes, de uma forma crítica e insatisfeita, indo a raiz dos problemas, abordando-os
profundamente.
A mente humana e naturalmente inquiridora: quer conhecer as razoes das coisas. Basta ver uma
criança propondo perguntas aos pais mais as mesmas podem ser dadas diversas respostas:
respostas míticas, cientificas, filosóficas. As respostas míticas são explicações que podem
contentar a fantasia, embora não sejam verdadeiras. Como, por exemplo, quando, a pergunta da
criança (porque o carro se move) responde se porque uma fada o empurra já as respostas
científicas procuram satisfazer a razão, mas são sempre explicações incompletas, parciais,
fragmentarias: dizem respeito a penas a alguns fenómenos, não abrangem toda realidade. As
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respostas filosóficas propõe se ao contrário, como dissemos, oferecer explicações completas de
todas as coisas, do conjunto, do todo.
Historicamente, com tudo, elas tem importância muito grande para a filosofia.
Turchi, grande estudioso da história das religiões, dá a seguinte definição de mito: em sua
acepção geral e em sua fonte psicológica, o mito é a animação dos fenómenos da natureza e da
vida, animação de vida a alguma forma primordial e intuitiva do conhecimento humano, em
virtude da qual o homem projecta a si mesmo nas coisas, isto é, anima-as e personifica-las,
dando-lhes figura e comportamentos sugeridos pela sua imaginação; o mito é, em suma,
representação fantástica da realidade delineada espontaneamente pelo mecanismo mental.
Desta longa definição retenhamos a última parte: o mito é representação fantasiosa,
espontaneamente delineada pelo mecanismo mental do homem, a fim de dar interpretação e
explicação aos fenómenos natureza e da vida.
Como dissemos acima, desde o início o homem procurou indagar a respeito da origem do
universo, natureza das forças às quais se sentia sujeito. A esta indagação deu, sob o impulso da
fantasia criadora tão activa entre os povos primitivos cor e forma, criando um mundo dos
seres vivos (em forma humana ou animal) dotados de história. A função deles era fornecer para
os acontecimentos da natureza e da existência humana: para a guerra e a paz, para a bonança e
tempestade, para a abundância e a carestia, para a saúde e a doença, para o nascimento e a
morte. Todos os povos antigos assírio, babilónios, persas, egípcios, hindus, chineses,
romanos, gauleses, gregos têm seus mitos. Mas entre todas as mitologias, agrega é o que mais
se destaca pela riqueza, ordem e humanidade. Não é de admirar, por isso que a filosofia se tinha
desenvolvido justamente da mitologia grega.
Do mito foram dadas as mais diversas interpretações as principais são: mito verdade fábula.
Os primeiros que consideram os mitos como simples fábulas foram os filósofos gregos. A eles
se juntaram mais tarde os padres da igreja, os escolásticos e a maior parte dos filósofos
modernos.
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Mas a partir do começo do século XX, vários estudiosos da história das religiões (Eliade), da
psicologia (Freud), da filosofia ( Heidegger) da antropologia ( Lévi - Sterauss) da teologia
( Bultmann) começaram a apoiar a interpretação mito - verdade, argumentando que a
humanidade primitiva, embora não podendo dar explicação racional e metódica do universo,
deve ter procurado explicar para se mesma fenómenos como a vida, a morte, o bem, o mal etc.,
fenómenos estes que atraem a atenção de qualquer observador, ainda que dotado de pouca
instrução . Na opinião de muito estudiosos contemporâneo, os mitos escondem, portanto, sob
capa de imagens mais ou menos eloquente, que a humanidade primitiva deu a estes grandes
problemas. Esta resposta, pensam eles merece ser tomada em, consideração ainda hoje porque,
em alguns casos, a humanidade primitiva simples e atenta, pode ter percebido melhor o sentido
das coisas do que a humanidade mais adiantada, muito maliciosa desatenta. Das análises feitas
pelos estudiosos de nosso tempo segui que o mito exerceu, entre os povos antigos, três funções
principais: religiosa, social, e filosófica.
Também o homem das civilizações antigas tem consciência de certos factos e valores, e
cristaliza a causa dos primeiros e a realidade dos segundos justamente nas representações
fantásticas que são os mitos.
Em nossa opinião, mito é denso de significado tanto religioso como filosófico, tanto
social como pessoal. Mais não concordamos com uma valorização que o equiparece à filosofia.
Embora tendo fundamentalmente o mesmo objectivo que o mito, a saber, o de fornecer a
explicação exaustiva das coisas, a filosofia procura atingir este seu objectivo de modo
completamente diferente. De fato, o mito procede mediante a representação fantástica, a
imaginação poética a intuição de analogias, sugeridas pela experiência sensível; permanece,
pois, aquém do logos, ou seja, aquém da explicação racional. A filosofia, ao contrário, trabalha
só com a razão, com o rigor lógico, com espírito crítico, com motivações racionais, com
argumentações rigorosas, baseadas em princípios cujo o valor foi prévia e firmemente
estabelecido de forma explícita.
Observou se, porém, de várias parte e com razão a tendência a dar estruturação mítica ao
pensamento não é exclusiva da religião, mas acompanha todas as outras expressões e
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dimensões do agir humano, e que semelhante tendência para a mitificaçᾶo não desapareceu na
época moderna, uma vez que também em nossos dias a ciência, a tecnologia, a política, a
religião, o exporte etc. Forjam seus mitos.
Não obstante isso, não deixa de ser verdade que a interpretação mítica constitui aspecto
característico dos povos antigos e que até na Grécia, berço da filosofia, a primeira explicação
das coisas foi essencialmente mítica e ao mesmo tempo genuinamente religiosa. Isto nos
oferece a oportunidade de dizer uma palavra sobre a religião grega e sobre as mitologias de
Homero e Hesíodo.
Quando se fala da religião grega, é necessário distinguir claramente entre religião pública
e religião dos ministérios. A religião pública, que tem sua mais bela expressão em Homero, é
essencialmente hierofânica, antropomórfica e naturalista. Hierofânica enquanto vê em qualquer
evento cósmico a manifestação do divino: tudo o que acontece é obra dos deuses; todos
fenómenos naturais são provocados pelo nume: os trovões e os raios são arremessados do alto
por Zeus, as ondas do mar são levantadas pelo tridente de poseidon, os ventos são impelidos
por Éolo, assim por diante. Antropomórfica enquanto os deuses, são forças naturais calcadas
em formas humanas idealizadas, aspectos do homem sublimados, personalizados, forças do
homem cristalizadas em belíssimas formas. Em outras palavras, os deuses da religião da
religião natural não são mais do que homens ampliados e idealizados; são, quantitativamente
superiores a nós, não, porém, quantitativamente diferentes. Por isso a religião pública grega é
certamente uma forma de religião naturalista. E tão naturalista que, como observou justamente
Walter Otto,( a santidade não se pode encontrar nela), porque, pela sua própria essência, os
deuses não queriam, nem poderiam, elevar o homem acima dele mesmo, o que a divindade
exige do homem,( não é a mudança intima do seu modo de pensar) nem a luta contra suas
tendências naturais e seus impulso; ao contrário, tudo o que para o homem é natural vale diante
divindade como legítimo; o homem mais divino é o que cultiva com o máximo empenho suas
forças humanas; e comprimento do dever religioso consiste essencialmente nisto: que o homem
faça, em honra da divindade, o que conforme à sua própria natureza.
Outra característica da religião pública grega é não ser revelada, mas natural. Os gregos,
diversamente dos judeus, dos povos do Oriente e dos egípcios, não tinham livros sagrados ou
considerado como fruto revelação divina. Por isso eles não tinham uma dogmática fixa e
imutável. Pelo mesmo motivo não avia na Grécia uma casta sacerdotal encarregada da guarda
do dogma. Nesta ausência de dogmas e de encarregados de sua guarda, ausência que permitia a
mais ampla liberdade à especulação filosófica, os historiadores vêem com razão um dos
factores mais importantes do que aparecimento do desenvolvimento da filosofias entre os
gregos.
Inegavelmente, religião pública, com o seu imenso quadro mitológico, exerceu grande
influência sobre as reflexões filosóficas dos pensadores gregos. Mas eles não foram menos
sensíveis as solicitações das religiões do mistério, a qual atingiu seu maior brilho na Grécia
justamente quando a filosofia começa a florescer.
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Os pontos mais importantes da região dos mistérios (conhecida também pelo nome de
(orfismo) são os seguintes: a) no homem há um princípio divino, um demónio (daimônion),
unido a um corpo por causa de uma culpa origina; b) este demónio é imortal e, por isso, não
morre com o corpo, mas deve passar por uma série de reencarnações até expiar completamente
sua culpa; c) a vida órfica, com suas práticas de purificação, é que pode por fim ao círculo de
reencarnações; d) por isso, quem vive a vida órfica entrará depois, desta existência, no estado
de felicidade perfeita, ao passo quem vive outro tipo de vida será condenado a ulteriores
reencarnações.
Como se vê, a diferença principal entre a religião pública e as dos mistérios diz respeito
as relações entre a alma e o corpo. Enquanto a religião pública tem concepção unitária da alma
e do corpo, a dos mistérios professa concepção dualista. De não pouca importância são as
consequências éticas destas duas concepções antitéticas. Na religião pública, como
observamos, não se impõe nenhuma ascese, mas se encoraja o pleno desenvolvimento e a plena
satisfação de qualquer capacidade, força e paixão. Na religião dos mistérios, ao contrario,
impõe se a ascese muito rigorosa.
Em sua teogonia, Hesiodo fixou com precisão o quadro cósmico dentro do qual se moverá
a especulação cosmológica dos filósofos. Segundo sua explicação da génese do universo,
primeiro foi gerado o caos, depois gea (a terra), em cujo amplo seio estão todas Coisas. Nas
profundezas da terra, foi gerado o tártaro escuro e, por ultimo, eros (o amor), que em seguida
deu origem a todas as outras coisas.
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Será útil, contudo, repetir aqui o que dissemos atrás, a propósito das entre relações entre
mito e filosofia. Se é verdade que o espírito indagador é o mesmo em Homero e em Hesiodo,
de um lado,e nos filósofos, de outro modo como o realizaram é essencialmente diferente.
Enquanto em Hesiodo ou nos autores de teogonias o papel determinante exerce o elemento
fantástico poético-mitologico, em Tales exerce o logos e a razão: é este motivo pelo qual a
razão considera Tales como o primeiro filosofo reconhecido que no seu discurso avia algo
totalmente diferente do discurso dos poetas e que essa diferença assinalava justamente a
passagem dos mitos para o logos.
Puderam reger se constituições livres antes da mãe pátria. Foram assim as condições
sociais, políticas e económicas mais favoráveis que propiciaram o nascimento e o florescimento
da filosofia, que, passando depois para mãe pátria, atingiu os mais altos cumes justamente em
Atenas, isto é, na cidade onde reinou a maior liberdade que os gregos jamais desfrutaram.
OS JÔNIOS
Os primeiros pensadores que dão expressão filosófica ao problema da existência de uma casa
suprema de todas coisas são os filósofos jónios: Tales, Anaximandro, Anaxímenes, todos de
Mileto, na Ásia menor, as margens do mar egeu. Todos viveram entre os séculos VII e V a.C.
6.1.Tales
A filosofia nasceu propriamente dita, é sim nas colónias gregas do oriente e do ocidente,
a saber, na jónia, e na magna Grécia. Cerca 624 a.C. em Mileto, nasceu Tales, o pai da filosofia
grega e de toda filosofia ocidental.
Pelo que se sabe, Tales foi o primeiro pensador que se pois expressa e sistematicamente a
pergunta: qual causa ultima, o supremo de todas coisas? A pergunta justificava se pelo fato de
que, apesar da aparente diversidade , há em todas as coisas algo de comum: em todas as coisas
observáveis encontra se a agua, a terra,ar e fogo. Certamente a religião oferecia a Tales uma
explicação a respeito origem das coisas, mas não se trata de dado racional da qual pudesse crer
fermente, mas de dado mítico.
A essa pergunta ousada Tales da uma resposta ingénua e rudimentar, parece lhe que entre os
quais os quatros elementos , a agua, terra, ar e fogo, - que o bom senso considera primordiais e
constitutivo de todas coisas a agua tenha propriedade sobre os outros. E conclui que a agua e o
principio todas do qual se origina todas as coisas. Da agua deriva se por condensação, a terra; o
rarefação, o ar e o fogo.
Como dissemos acima nessa resposta ainda esta presente o elemento mítico: mitologia encher a
de divindades as agua do mar dos rios e da espuma do mar fizera sair Afrodite a deusa do amor
e, portanto, da vida.
Na nos restou dos dos escritos de Tales. Numerosos, mais poucos significativos os são, todavia
os testemunhos indirecto, tudo que eles, nos dizem se reduz ao seguinte: Tales descobriu que os
eclipses solares são causados pela lua quando se coloca entre o sol e a terra; descobriu a ursa
menor solstício e os determinou, antes dos gregos, a superfície e a natureza do sol. Sustentava
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que as coisas inanimadas tem alma, baseando se para isso, talvez na observação do magnetismo
e do imã, o princípio do elemento era, segundo Tales, a agua.
6.2. Anaximandro
Nascido em Mileto pouco depois de Tales, como ele, matemático, astrónomo e filosofo,
Anaximandro interroga se como ele, sobre a questão da unidade do principio. Mas da a esta
questão uma resposta surpreendente, muito mais satisfatória do que a do mestre: o princípio de
todas as coisas, o elemento primordial, não pode ser não pode ser uma coisa determinada como
agua, a terra, o fogo, o ar, porque o que ser quer explicar e justamente a origem destas coisas
determinadas. O principio primeiro deve ser alguma coisa indeterminada (Apeiron).
6.3.Anaximenes
6.4. Pitágoras
Pitágoras pertence ao grupo restrito dos grandes mestres da humanidade. Mas esta posição de
altíssimo prestigio lhe vem mais das doutrinas ascéticas e religiosas do que das filosóficas,
apesar de ter dado a estas uma contribuição decisiva.
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Génio multiforme, cultivava ao mesmo tempo a matemática, a geometria, astronomia, a
filosofia, a ascese e a mística. Nenhum dos seus escritos foi conservado; temos, porem, muitos
testemunhos indirectos a seu respeito, segundo estes testemunhos, o fundador da escola
Pitagórica nasceu em Samos, mais ou menos em 571 a.C. ainda jovem desejoso de aprender,
viajou para longe da pátria e se iniciou em todos os mistérios Gregos bárbaros. Esteve no
Egipto no tempo de policrates; Ai pode ver os lugares sagrados e aprender as mais secretas
doutrinas sobre os deuses; Voltando a pátria, encontrou-a sob a tirania de policrates dirigiu se,
para crotona, na Itália. Ai deu leis aos italiotas e, com os seus discípulos adquiriu grande fama.
Pitágoras levou a geometria, cujos fundamentos foram descobertos por Meredes, ao seu
máximo desenvolvimento. Mas Pitágoras ocupou se sobre com aritmética e descobriu o
monocórdio; não negligenciou nem mesmo a medicina. O matemático Apolodoro narra que
Pitágoras sacrificou grandes números de bois para celebrar a descoberta de que no triângulo
rectângulo o quadrado da hipotenusa é igual a soma do quadrado dos catetos.
Estes testemunho expressivo como foi grande o processo traduzido ao saber filosófico por
Pitágoras. Na determinação da natureza do universo e do homem, ele penetrou alem das
aparências sensíveis, individuando as em algo imaterial e invisível: no éter para alma e nos
números para o universo.
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descobrir a existência de uma realidade propriamente metafísica e identificaram o princípio
supremo com um dos dados empíricos: o ar, a água ou o fogo. Pitágoras prossegue a indagação
iniciado pelos jónios entorno do primeiro princípio. Mas, graças, a sua mentalidade matemática
e obstretiva, não lhe foi difícil, separar se da aparências sensíveis e dos elementos materiais.
Assim pode identificar o primeiro princípio das coisas com um elemento imaterial, o número.
Alem disso, também a experiencia parece dar lhe razão: o número exprime a natureza e as
relações da figuras geométricas, a tonalidade dos sons e a lei de sua harmonia, a regularidade
dos movimentos celeste, a essência da virtude e dos valores espirituais, a sucessão dos dias, dos
meses, dos anos, a diferencia entre as coisas etc.
Como Tales e outros filósofos, da escola de Mileto, também Pitágoras mostrou grande
interesse pela astronomia e elaborou vasto sistema voltado pela definição Exactas das posições
que os corpos celestes ocupam no universo. Segundo Pitágoras, o cosmos dispõe se entorno de
um foco central (Héstia), princípio activo e determinador. Em volta dele, os dez corpos
cósmicos: as estrelas fixas, os cinco planetas então conhecidos, o sol, a lua, a terra e antiterra
(inventada talvez para explicar os eclipseis).
Graças a sua concepção espiritualista do homem, que, como vimos, e essencialmente alma,
Pitágoras propõe um código moral bastante rigoroso. Recomenda ao homem que realiza o
elemento divino, presente nele, praticando a virtude. Este e o modo mais eficaz para impor
ordem as paixões e para conduzir a existência humana para participar da harmonia das feiras
celeste. Para consecução da virtude, Pitágoras sugeria ao seu discípulos a praticas de alguns
exercícios e rituais por exemplo: segue os deuses e principalmente controla a sua língua;
abstém te da carne, evita as mulheres. Pitágoras recomendava alem disso, que contemplasse a
ordem matemática que reina no universo. Para melhorar a harmonia da alma, cultivava a
música, e para conservar a saúde do corpo praticava ginástica, e se dedicava a medicina.
Pitágoras via na virtude também o meio mais eficaz de purificação da alma, a qual
precisamente com a pratica da virtude, conseguira aos poucos libertar se de sua prisão que e o
corpo. Mais, segundo Pitágoras esta purificação progressiva continua através de uma longa
serie de reencarnações ate o ponto no qual, tornada, perfeitamente virtuosa a alma se separa
completamente da matéria. Sobre então desta região confusa e tenebrosa para imortalidade, a
região divina da luz e da unidade.
De Pitágoras origina se a famosa escola pitagórica ou itálica. Entre seus expoentes principais
contam se Filolau e arquiteta, com temporâneo de Sócrates e de Platão. A escola teve carácter,
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alem de filosófico, também cientifico, ético, religioso e político, e mantinha entre seus
seguidores perfeita comunidade de vida.
6.5. HERACLITO
Nasceu em Éfeso, na Ásia menor, no século VI a.C. Espírito altivo e desdenhoso, aristocrata
de nascimento e engenho, despreza a multidão e os falsos sábios e não poupava, em suas
criticas, sequer a grande tradição literária e a religião. Não fundou escola filosófica, mas os
estóicos, aprenderam muito de seus ensinamentos.
Heraclito reconhece, toda via, que também o de vir tem uma causa e obedece a uma lei. A
causa do de vir só pode ser homogénea com ele, por isso Heraclito lhe da como principio o
fogo, o qual existindo pela consumação de outras coisas , e o tipo mais apropriado do devir.
Do fogo, mediante os movimentos ascendente e descendente procedem todas as coisas, no
movimento. No movimento descendente o fogo condensa se e torna se ar, agua e terra. No
movimento ascendente estes movimentos se rarefazem e voltam a ser fogo.
A lei que regula os movimentos ascendente e descendente e causa a ordem e harmonia das
coisas e a razão universal, o logos. Segundo Heraclito, o logos, não e realidade transcendente
nem inteligência ordenadora fora do mundo, mas algo de imanente, uma lei intrínseca, existente
nas coisas, esta lei imanente nas coisas, e para Heraclito, Deus único.
Ate aqui a especulação de Heraclito não se afasta muito da dos jónios. Mais ela entra por
caminho novo e atinge alturas desconhecidas quando começa a indagar sobre a natureza do
devir e descobre que ele e sempre o resultado de luta entre pólos opostos, entre contrario: o
devir essencialmente unidade e polaridade.
E a realidade que esta toda, no vir a ser, não outra coisa se não a harmonia a renovada de
contrario: do dia e da noite, do verão e inverno, do bem e do mal, do quente e do frio, da guerra
e da paz, da unidade e da multiplicidade, da identidade e a diferença, da vida e da morte.
Mas nem todos os homens conseguem o somente quem segue a vida da razão. Heraclito,
julgando que o homem tem dos instrumentos para o conhecimento da verdade, a saber, a
sensação e a razão, considerou a primeira na digna de fé, fazendo, por da razão o critério da
verdade. Rejeita a sensação dizendo literalmente: os olhos e os ouvidos são mas testemunhas
para os homens, e isto essencialmente ao dito: confiar nas sensações irracionais e próprias
daquele que tem alma bárbaro. Prosseguindo, ele mostra que a razão e o juiz da verdade; não
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razão, qualquer mas a razão que e comum a todos e divina. o nosso físico pensa de foto que e o
nos cerca e lógico e racional.
Aos que conseguem viver segundo a razão (logos) Heraclito, confia a missão de ajudar os
outros a fazerem o mesmo. Os que estão, acordados, devem ajudar os que dormem; devem
procurar desperta los.
Ele funda a moral directamente sobre logos. O homem pode tornar se sábio, bom e feliz se
procurar unir se ao logos. O meio principal para conseguir isto e o conhecimento de si
mesmo, porque conhecimento de si mesmo leva ao logo, que age na alma. Pelo conhecimento
do logos o homem compreende que as tensões da vida são contra balançadas pela harmonia
geral das coisas, o que a virtude suprema. O homem a aproxima se do logos percorrendo á via
ascendente da verdade e não a via ascendente do prazer.
Todo homem responsável pelo próprio destino, porque e ele que decide seguir a via
ascendente, a do prazer no momento da morte cessa de existir como a alma mas a alma que
percorre a via ascendente. No momento da morte, se une novamente ao fogo eterno. Assim os
mortais tornam se imortais, e os imortais tornam se mortais, já que os próprios deuses estão
expostos a morte, e as almas que morrem se unem ao logo incorruptível ao fogo cósmico.
A especulação heraclítica significa grande passo adiante na história da filosofia por causa da
atenção particular que dedica ao devir, fenómeno que não pode ser facilmente descurado, como
acontecia na especulação dos jónios e dos Pitagóricos. Mais a doutrina de Heraclito a respeito
da natureza e da origem do devir tem graves efeitos: ela se contenta com a aprofundar se em
suas raízes intrínsecas em seus aspectos formais (a presença de dois elementos contrários, mas
não procura descobrir suas causas extrínsecas. Ora, existe uma realidade que não pode ser auto
suficiente, que já mais pode ser completa em se mesmo, como supõe Heraclito esta é
justamente o dever. Mais tarde Aristóteles mostrara claramente que todo devir supõe causa
eficiente e causa final diferente do próprio devir.
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Antes de falarmos propriamente dos alvores da filosofia ou do surgimento da filosofia
propriamente dita vamos nos ocupar de alguns elementos introdutórios para compreender a
essência da Sofia ou da Ciência do saber
Porque uma introdução à filosofia não pode ser em caso uma introdução Há uma
única filosofia particular, e porque seria uma pretensão impossível percorremos todas as
definições dadas ao longo da história da filosofia, vamos limitar-nos a um breve apontamento
sobre alguns dos diferentes modos de entender e praticar a filosofia.
A filosofia, como um sistema de leis, de conclusões, não existe e nem pode existir. Se
existisse, não haveria mais filósofos. Por isso o legítimo filosofar é a tentativa de responder,
pessoalmente, a uma pergunta pessoal, sobre algo experimentado.
Não tentaremos de dar uma definição exaustiva da filosofia pois muitos autores alegam
que a história da filosofia é a história das suas definições. Muitos preferem falar de filosofia, no
plural, em vez de (uma) filosofia. Porém todas as definições convergem no sentido de atribuir à
filosofia a tarefa de levar o homem a pensar o seu próprio pensamento e a analisar o que pensa
de si mesmo.
Si conseguimos pronunciar e ouvir a palavra filosofia como os gregos antigos por sua
aprendizagem a conheceram, não seria preciso explica-las, pois a língua grega, por ter sido
formada a partir da experiencia originaria das palavras, tem o privilégio de conhecer seu
sentido no ato de usa-las. Nós, hoje, ouvimos primeiro a explicação etimológica da palavra
filosofia e, com dificuldade, transpomos o simples ouvir ou ver a palavra em busca daquele
sentido primeiro investigado e aprendido pelos gregos.
A palavra filosofia provém de dois vocábulos gregos: Philo, que significa amor ou
amigo e Sophia, que significa sabedoria. Literalmente, a filosofia, significa amor ou amigo
da sabedoria.
Até aqui a revelação da filosofia foi um conceito dado pelos gregos, agora perguntamo-
nos: quê entendiam os gregos por sabedoria? A sabedoria é para os gregos uma procura
comunitária na busca do saber. Ela é uma busca peculiarmente unificadora. O verdadeiro sábio
é aquele que privilegia na sua pesquisa a dimensão comunitária do saber filosófico.
A palavra reflexão, provem do verbo latino reflectere, e que significa voltar atrás,
meditar, revisar, pensar profundamente, filosofar. É, pois, um pensar, ou seja, um pensamento
em segundo grado. Poderíamos, pois, dizer: nem toda a reflexão é pensamento, nem todo
pensamento é reflexão. A reflexão é um pensamento consciente de si mesmo. Reflectir é o acto
de retomar, reconsiderar os dados disponíveis, rever, vasculhar numa busca constante de
significado.
Filosofar não é encontrar soluções já inscritas na realidade, não é ofuscar nem diminuir
o espanto que sempre caracterizou e continua a caracterizar o ato de filosofar. Filosofar é ter
consciência de que tal actividade exige a busca criativa de soluções, como também a busca
igualmente criativa de problemas.
A palavra filósofo é usada hoje em dois sentidos diferentes. Por filósofo, entendemos
primeiro de tudo uma pessoa que procura encontrar as suas próprias respostas para as
questões filosóficas. Mas, outra parte, um filósofo pode ser também um conhecedor da
história da filosofia, sem desenvolver necessariamente uma filosofia própria.
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O filosofar de cada novo aprendiz de filosofia, por muito original que pode ser, nunca
parte do zero e não pode prescindir da familiaridade com as categorias, a linguagem, os
problemas, os procedimentos, etc., consagrados por uma tradição de 2500 anos.
Aristóteles diz que a filosofia estuda as causas últimas de todas as coisas
Poderíamos citar muitos outros filósofos que definem a filosofia quer como estudo do
valor do conhecimento, quer como pesquisa sobre o fim último do homem, quer como estudo
da linguagem, do ser, da história, da arte, da cultura, da política, etc.
Podemos concluir que a filosofia estuda tudo? Sim por dois motivos particulares que
são:
Questionário de actividades:
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naturalmente também àqueles que a cultivaram, procuraremos corrigir algumas notas que nos
permitam uma aproximação, ainda que provisória, à sua especificidade.
O campo da filosofia resume-se nas seguintes questões: 1 Que posso saber, 2 Que
devo fazer, 3 Que me é lícito esperar, 4 Quem é o homem? Da primeira pergunta, ocupa-se
a metafísica; da segunda, a moral; da terceira, a religião; da quarta, a antropologia. Mas, na
realidade, elas se poderiam incluir na antropologia, uma vez que as três primeiras perguntas se
referem à última (E. Kant).
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Destas disciplinas filosóficas se acumula uma bibliografia imensa através dos séculos.
Cada filosofia define-se a si próprio pelo como se realiza. Para saber o que é filosofia
tem de se fazer uma tentativa. Só então a filosofia será simultaneamente a marcha do
pensamento vivo e a consciência se esse pensamento ( ). Só a partir da tentativa pessoal
podemos aperceber-nos do que se nos depara no mundo com o nome filosofia (K. Jasper).
O que é a consciência moral? É a dimensão ética que avalia racionalmente as acções ou actos
humanos como bons ou maus, adequando-os á virtude ou o vício. Pode ainda ser definida como
faculdade que permite ao homem avaliar o bem e o mal no seu comportamento interno.
Externa porque há normas de valor colectivo que não dependem do interior do sujeito e os
quais deverão ser aceites e interiorizados para harmonia da sociedade (entre o individuo e o
colectivo).
2º Raciocínios de um povo
1º Complexidade: é complexa porque a sua própria natureza interna e externa não facilita a
compreensão exacta dos diferentes modos de actuação das pessoas.
2º Evolutiva: os actos estão em constante evolução o que não permite ter uma conduta única em
todos os tempos de uma comunidade (os valores do passado já não actuam agora; diz-se que
antes tudo era mais fácil e que agora está tudo mais complicado) porque amadurecem com o
andar do tempo. O tempo é a mãe da justiça.
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3º Dialéctica: os elementos interagem. Ex: a partir das normas pode-se identificar a maneira de
sentir de um povo e como pensa.
5. A FÉ E A RAZÃO
O problema das relações entre fé e razão, tratado desde os inícios da filosofia cristã, é retomado
por tomas de modo novo, mais sistemático e mais completo.
De Clemente de Alexandria em diante, a razão tinha sido posta a serviço da fé para explica-la e
torná-la inteligível. A solução de clemente encontrara sua formulação conclusiva em Anselmo.
Com Abelardo, as relações entre a razão e a fé começam a ser interpretadas de modo diferente:
a razão separa-se da fé e assume uma posição de critica em relação a ela. Com esta posição,
Abelardo prepara o futuro conflito entre saber humano e saber religioso.
Alguns (os averroistas latinos) procuram contornar o conflito recorrendo á teoria da dupla
verdade: é verdadeiro, mas de modo diverso, tanto o que ensina a razão quanto o que ensina a
fé.
Na luta contra os averroistas, que esvaziam a fé de todo conteúdo nacional e expõem a razão a
uma angustiante crise religiosa, Tomás de Aquino desenvolve sua doutrina das relações entre a
fé e razão, baseando-as nos seguintes princípios:
a) Fé e Razão são modos diferentes de conhecer: a razão aceita a verdade por causa de sua
evidência intrínseca; a fé aceita a verdade por causa da autoridade de Deus revelante.
Consequentemente, filosofia e teologia são ciências diferentes.
Cumpre saber que há dois géneros de ciências. Umas partem de princípios conhecidos á luz
natural do intelecto, como a aritmética, a geometria e semelhantes. Outras provêm de princípios
conhecidos por ciência superior, como a teologia.
Mesmo quando a razão tem Deus como objecto de estudo, o seu conhecimento permanece
distinto do da fé porque é obtido através das criaturas. As criaturas levam ao conhecimento de
Deus, como o efeito leva á causa, mas deste modo se chega a conhecer de Deus (somente) o
que necessariamente lhe convém como princípio de todos os seres.
b) Fé e Razão, filosofia e Teologia não podem contradizer-se porque Deus é seu autor
comum. Logo, a verdade de razão não pode jamais entrar em conflito com a verdade
revelada: a verdade não pode jamais contradizer a verdade. Quando aparece uma
oposição, é sinal de que não se trata de verdade, mas de conclusões falsas ou não
necessárias.
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Não só existem contradição entre fé e razão, entre filosofia e teologia, como também existe
afinidade; porque nas coisas conhecidas pela razão natural existem semelhanças com as que são
adquiridas mediante a fé. Por isso, a filosofia contém analogias das coisas conhecidas pela fé
( ). Se encontra, portanto alguma coisa contrária á fé nas afirmações dos filósofos, não se deve
atribuir isso a filosofia, mas a um mau uso da filosofia devido a alguma falha da razão.
Agora, tendo a revelação indicado á razão onde se encontra a verdade, o filósofo sabe para
onde dirigir suas pesquisas. Compete-lhe tornar intrinsecamente evidente aquilo que, guiado
pela fé já sabe que é verdadeiro.
d) Por outro lado, a razão pode prestar um precioso serviço á fé, e isto de três modos:
1. Notas Introdutórias
A reflexão filosófica sistemática no continente africano começou com a publicação do livro La
Philosophie Bantu (Elizabethville 1945) do missionário franciscano belga Placide Franz
Templs e da obra La Philosophie Bantu-Rwandaise de L`être (Brussells: 1956) do filósofo
ruandês Aléxis Kagame. O original do livro de Templs foi escrito em língua holandesa, com o
título Bantoe-Filosofie. Uma terceira obra, raramente mencionada pelos estudiosos desta
problemática, é da autoria do teólogo congoleses Vicent Mulago, intitulada L`unité Vitale
Ecclésiale (Rome: Propaganda, 1955). A importância dos textos seminais destes autores,
sobretudo as obras dos dois académicos africanos Mulago (1955) e Kagame (1956), reside no
facto de terem promovido, segundo Mudimbe, o conceito de teodiceia ou os sinais de religião
natural definiram as religiões africanas com experiências particulares e originais de uma
sabedoria ou filosofia universal. (Marcel e Danquah 2003). De facto, foram alguns missionários
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europeus e alguns representantes do clero africano que glosaram acerca da filosofia africana de
racionalidade africana. (Kajibanga et al. 2015).
Hoje, existe unanimidade em considerar os livros de Placide Templs e Aléxis Kagame, com
maior realce ao primeiro autor, como obras fundadoras do debate em torno da problemática da
filosofia africana. São livros que atravessaram, apesar de muitas críticas avassaladoras, a
segunda metade do século XX e continuam, até aos nossos dias, a suscitar acesas discussões no
seio dos filósofos e pensadores africanos e africanistas (Kajibanga et al. 2015).
O livro de Placide Templs foi objecto de severas críticas por parte de paulin Hountondji, que o
qualifica como uma obra de etnofilosofia. Com efeito, é importante referir que o primeiro
questionamento académico acerca dos limites da noção de filosofia bantu, glosada por Templs,
foi introduzido por Franz Crahay, um catedrático belga, então professor de Filosofia e Lógica
da Universidade de Luvanium, numa conferência intitulada Le Decollage conceptuel:
Conditions dune philosophie bantoue, proferida no Goethe Institut de Kinshasa a 19 de Março
de 1965 (Kinshasa: Édition Loyola).
Em síntese, filosofia africana é o ramo da filosofia cujo foco principal é analisar e avaliar
as alegações acerca dos problemas africanos. Pela extensão que todos os humanos têm a
capacidade de conhecer, a filosofia africana também é universal e independente da cultura, da
tribo ou da raça. De qualquer forma, os meios, pressupostos e bases das reivindicações da
afirmação da existência da filosofia africana, variam de cultura para cultura. Os caminhos
através dos quais um africano chega ao conhecimento ou ao que afirmam conhecer que algo é?
Pode ser diferente das formas que um europeu, por exemplo, chegaria a sua afirmação de
conhecimento
Raças negras, amarelas e brancas foram separadas e eram todas iguais cada tipo era uma
componente do ser. O último paradoxo epistemológico de Senghor seria facto em que narra
esta ontologia existencialista da raça.
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O debate filosófico de África é caracterizado pela negritude enquanto sua origem legítima cujas
origens e raízes remontam aos escritos sobre a raça feitos pelos afro americanos nos Estados
Unidos, especialmente nos anos 1920.
A reacção á Europa data de longe, como tempo da escravatura nos séculos XV e XVI e
realizou-se em defesa da humanidade (naquela época um tipo de apologia da África). A
situação na qual os escravos foram submetidos sobre a afirmação da sua inferioridade,
determinou o surgimento duma dicotomia entre valores raciais brancos e aqueles dos negros e
que duma certa maneira dura até aos nossos dias.
Em outras palavras, há uma ruptura entre uma Europa violenta, racista, expansionista e
imperialista, por um lado, é uma África pobremente resistente e reaccionária, por outro lado ou
como os criadores da negritude poriam o toque, mais tarde uma civilização europeia
individualista competitiva, violenta e materialista contra pacifica e humana mas fraca
civilização africana; em outras palavras os dois foram uma tese e uma antítese face um do
outro.
Nestas circunstâncias não é teor coincidência que o movimento cultural tal como de
renascimento em Harlem exprimia um bem para corrigir os erros, algumas vezes mesmo
violentamente lhes estabelecer a verdade.
O movimento é ideologia abrir as janelas para a consciência duma personalidade a uma herança
cultural caíam em ruína entre os africanos da diáspora em contrario do continente.
Foi o primeiro escritor a utilizar e a defender a frase ou conceito de personalidade africana foi
como um racismo provocador negro para se opor ao racismo arrogante branco, mas Wilmot ao
contrario como uma posição a qualquer forma de preconceitos social racial chauvinismo social
e como catalizador para construir a sociedade entre todos os africanos e formar uma filosofia
politica dinâmica; um guia de acção do movimento de libertação nacional. Na sua obra raça e
estudo Freetown 1895 Blyden apelou explicitamente ao regresso a este passado glorioso.
Eis que ele disse: para cada um de nós há uma obrigação especial a realizar uma tarefa
terrível e necessariamente importante, uma tarefa para a raça a qual pertencemos há uma
responsabilidade que é da nossa personalidade, que é a nossa pertença a esta raça
pressupõe
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A observação de cada individuo e de cada raça lutar pela sua própria individualidade para
mantê-la e desenvolve-la portanto, o honrem e amem a vossa raça para vós mesmos, se para
tal se abdicares a vossa personalidade, não tereis deixado nada a dar a este mundo, nem sereis
felizes de algum modo útil e não tereis nada para atrair e fascinar a outra pessoa, porque com a
supressão da vossa individualidade perderes também o vosso carácter instintivo. Deves pensar
que tenho também abdicado a nossa personalidade perderes também a obrigação especial
aquilo a que foste chamado. Na verdade, estareis negando a ideia divina deus e sacrificando
a individualidade de vida. Isto ao pior tipo de suicídio.
Esta passagem indica que Blyden foi um puritano separatista segundo Masolo, advogou o
restabelecimento dos valores dos negros e opõe-se a qualquer ideologia de mudança cultural.
Contudo, Blyden parece ter razão; devemos atenuar a afirmação de masolo porque o processo
de mudança deve ser endógeno e desejado pelo sujeito sem ser imposto o que houve em africa
foi um processo de lavagem cerebral para dizer aos negros que a sua cultura não tinha nenhum
valor. Nenhuma cultura vive de autarcia, toda cultura é aberta e vai buscar o que ela julga
necessária e útil para si sem contudo se alterar profundamente, modernidade não significa
rejeição da cultura por exemplo o Japão.
Marcus Aurelius Garvey, estava convencido também de que o negro não poderia realizar tal
igualdade ao reintegrar; o negro devia desenvolver-se separadamente. Depois da primeira
guerra mundial Marcus Garvey elaborou um plano ambicioso talvez realista uma campanha de
conduzir o regresso de todos os negros a sua terra natal, a africa. No congresso realizado por
ele em New York em Agosto de 1920 proclamou-se o primeiro presidente do recente
denominado o império africano hoje estados unidos de África.
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Nasceu em 1858, numa plantão de Virgínia, duma mãe escrava e dum pai proprietário branco
de escravos, sofreu humilhação, injustiça e preconceitos ligados a sua condição de negro;
estava animado duma fé indefectível na obra santa de recuperação dos seus irmãos através de
uma educação apropriada ao meio.
Em 1895, 15 anos depois da fundação do seu instituto a obra de Washington tinha dado os seus
frutos na exposição de Atlanta um grande e belo edifício era consagrado totalmente para
mostrar os progressos dos negros desde a sua libertação. Também aproveitou esta ocasião para
reafirmar a sua filosofia de coexistência racial: Em todas coisas puramente sociais podemos
também estar separados como dedos mas unidos com uma mão para tudo que essencial para ao
progresso mútuo, e ainda as leis de justiça imutável liga o opressor ao oprimido, marchamos
para o destino, mão a mão, estão estritamente ligados como o pecado e o sofrimento.
Marcus Aurelius Garvey, nasceu de pais africanos na ilha da Jamaica a 7 de Agosto de1887 era
um negro de sangue puro, o que influenciou quer sobre as suas relações com outros líderes
negros de sangue mista que era a política do movimento que fundou para dar expressão a sua
filosofia racial e as ambições nacionais.
Assim, Garvey tinha chegado aos Estados Unidos em 1916 levando da Jamaica, um ódio quer
contra os brancos e mulatos. A ideia de construir uma sólida e poderosa nação negra que lhe
tinha vindo a ideia desde a sua juventude.
Logo a sua chegada nos Estados Unidos vindo Garvey, lançou o movimento popular entre os
negros. Graças a sua eloquência, Garvey com o slogan a África para os africanos em África e
em toda parte, galvanizou o povo negro. Em 1919 a 1921, recolheu quase 10 milhões de
dólares por diversos meios e começou a realizar projecto imenso.
Em Agosto de 1920, Garvey reuniu o seu primeiro parlamento no Liberty Hall de New York,
sob a forma de uma convenção internacional e lançou a sua famosa “ Declaração dos direitos
dos povos negros do mundo que comportou um programa de 54 pontos.
A esta primeira reunião Garvey com 34 anos de idade foi unanimemente eleito presidente
provisório da África e presidente geral e administrador da associação universal para o
progresso dos negros em 1923, esta associação reivindica mais de 6 milhões de membros.
Marcus Garvey, é sem dúvidas o primeiro negro que escrevia uma filosofia Philosophy and
opinions of Marcus Garvey, or Africa of the Africans, em dois volumes editados pela primeira
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vez em 1923 26; reeditado em 1977, em Londres até ao presente segundo Jorges Padmore, o
teórico do panafricanismo viveu e morreu no Ghana, ele duma maneira muito precisa fez um
contributo sensível á luta para tomada de consciência dos africanos.
Concordo com Washington para uma colaboração entre brancos e negros filhos dum mesmo
país, e exigia que esta colaboração fosse realizada na fraternidade humana, na liberdade
perfeita e na igualdade completa dos direitos, em 1905 organizou com William Monroe
Movimento de magara que adoptou um programa de 8 pontos que são: liberdade de palavras e
de critica, uma imprensa livre sem subsídios, o sufrágio masculino, abolição de todas distinções
de castas, baseadas unicamente na raça e na cor, o reconhecimento de princípios de fraternidade
humana. Assim Du Bois lutou para o reconhecimento dos direitos cívicos dos negros da
América elaborando uma ideologia pan-africana a escala á toda África. O fim da sua vida,
adoptou a nacionalidade Ghanense e morreu em Accra em Agosto de 1963 com a idade de 95
anos.
A NEGRITUDE
O termo negritude é utilizado Jean Pricemars que o tinha encontrado em M. Boule e por sua
vez citava verme aos jovens estudantes africanos em África estava viver um momento de
formidável mudança no racionalismo cartesiano, dentro da filosofia entre as outras havia o
surrealismo que predominava na Europa, que muitos deles frequentavam e através do qual
chegaram entrar em contacto com as teorias neo freudiana se da revelação duma vida
misteriosa que tinham lugar no domínio do subconsciente e que determinava a vida superficial
observável do exterior. Na tentativa de alcançar a realidade interior do homem, o surrealismo
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aboliu todas fronteiras entre o pensamento lógico e os sonhos, o consciente e inconsciente. O
indivíduo e o seu mundo em volta, ao mesmo tempo, o movimento existencialista também
estava avançar a sua apreciação do contacto místico com o ser. Ao seu estilo voltava para
descrição da vida espontânea do homem como uma janela através do qual vimos o ser, como
Heidegger proclamou.
A história da vida humana representada pelo existencialismo era o desenrolar-se sem fim da
vida segundo Karl Jaspers. Esta hostilidade surrealista e existencialista ao sistematicismo e
racionalismo científico de Hegel e Descartes respectivamente fundaram ou ligaram um laço
especial no coração da negritude, como Aimé Césaire escreveu no seu poema.
Surrealismo é uma doutrina que destrói o ilógico do lógico, tornar o que irracional para
racional.
A negritude era ela própria uma das crianças legítimas desta atmosfera ao lado de neomarxismo
e existencialismo. Estas doutrinas, diz Mudimbe tinha um factor comum (redescobrir Marx,
Freud, Heidegger, eles reavaliaram criticamente a significação de laços existentes entre a
objectividade, subjectividade, historia e razão, essência, existência portanto ênfase
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diversamente na pertinência e na importância da subjectividade, existência, inconsciente,
relatividade da verdade diferença contextual e alteridade) tomando do fenómeno comutarista da
sociedade tradicional africana como um dado Nyerere passou a construir na base dele uma
estrutura político-social o sistema de Ujamaa na opinião de masolo esta ingenuidade
epistemológica construiu significativamente (embora somente parcialmente aos problemas do
estado ideal de Nyerere.
O concilio Vaticano II foi ele próprio influenciado pela fenomenologia como uma nova
indagação intelectual através do concilio, a fenomenologia deu a igreja uma nova
conceitualização teórica, uma adaptação teológica que tinham em mente servir a renovação
pratica, pastoral da igreja e em ultimo lugar da humanidade contemporânea.
John F. Kobber O Vaticano foi uma demonstração de modo internacional desta metodologia
fenomenologica da maneira, como foi utilizada por uma comunidade inter subjectiva duma
maneira colectiva e construtiva para propósitos de renovação na melhor tradição Husserl.
Emergiu do concilio uma poderosa mistura de estilos escolásticos e de fenomenologia
descritiva.
No contexto africano, para usar a observação de Mudimbe, este espírito de renovação gerou a
volta da questão sobre a legitimação duma busca exploratória: uma reconciliável a fé
universal (cristianismo) e uma (cultura africana) no quadro duma disciplina cientifica (teologia)
que é marcada epistemologicamente e culturalmente
O PANAFRICANISMO
Blyden é o criador do termo panafricanismo e foi mais tarde optado e desenvolvido por
Nkrumah no discurso de inauguração de Liberian College de Monrovia Blyden declarava: a
promoção dos africanos deve ser realizada por métodos que lhe sejam próprios. Deve possuir
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um potencial distinto daquele dos europeus Nos africanos devemos mostrar que somos
capazes de avançar sois e de traçar o nosso próprio caminho.
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