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Sinopse

O mundo está em conflito, e o homem inserido nele,


está cada vez mais perdido em seus próprios pensa-
mentos. Diante dessa realidade assombrosa, qual o
destino dos homens? O que eles devem procurar para
se libertar das correntes que os aprisionam?
O caminho da luz faz uma busca dentro de cada um,
sobre uma possível verdade oculta através das ilusões
que o mundo nos oferece, assim como um caminho
para aliviarmos toda a pressão e opressão que a soci-
edade nos coloca.
Mais do que um simples livro, é uma forma de se
auto questionar sobre todo esse cenário existencial, o
que é real? No que devo acreditar? Qual o significado
da vida?
O que pensam os filósofos sobe Deus, o que a ciên-
cia nos diz? Será que tudo o que vivemos faz parte da
realidade ou a realidade nos ilude inconscientemente
sem percebermos?
Essas e outras perguntas, podem ser esclarecidas
neste pequeno livro, onde quem vai procurar por res-
postas é o próprio leitor.
O autor

Fausto Luiz Pizani é um estudante de teologia, fi-


losofia, religiões e ciências naturais. Seu objetivo
como ser humano é levar conhecimento ao maior
número de pessoas possíveis através de seus peque-
nos escritos e contos, desenvolvendo assim, um
maior entendimento sobre a vida por parte de seus
leitores.

Seus livros digitais são de fácil acesso a todos


aqueles que queiram aumentar seu conhecimento so-
bre Deus, o universo e a vida.

Misturando filosofia, teologia, ciência, religiões e


autoajuda, Fausto tenta despertar em seus leitores a
curiosidade de sempre se questionarem e refletirem
sobre a existência e qual o nosso papel como seres
humanos nessa jornada.

Fausto acredita que o amor é a maior força pre-


sente no universo e que devemos sempre espalhar
esse sentimento por toda parte e para todas as pes-
soas e seres viventes que habitam conosco neste pe-
queno planeta chamado Terra.

Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e


abrir-se-vos-á. – Jesus Cristo.
Sumário

01-Introdução
02-O caminho da verdade
2.1-A alegoria da caverna.
03-A ilusão do sistema
04-O caminho da liberdade
05-Conhecendo a ti mesmo
06-A meditação
07-A compaixão
08-A contemplação
8.1-O Deus de Espinoza
09-A filosofia e Deus
9.1-Deus segundo Platão
9.2-Deus segundo Aristóteles
9.3-Deus segundo Santo Agostinho
9.4-Deus segundo Tomás de Aquino
9.5-Deus segundo Espinoza
9.6-Deus segundo René Descartes
9.7-Deus segundo Rousseau
9.8-Deus segundo Voltaire
9.9-Deus segundo Immanuel Kant
10-Ciência e religião
11-O caminho da luz

11.1-O Hinduísmo
11.2-O Bhagavad Gita
11.3-Jesus
11.4-Buda
11.5-Krishna

12-A iluminação
13-Fim
O caminho da luz

Introdução

“Uma longa caminhada começa com o primeiro


passo” - Lao-Tsé.
Muitos são os que estão perdidos e desorientados
nesta vida. A cada dia que se passa, o homem está
perdendo sua liberdade, sua dignidade, sua orientação
e seu conhecimento.
Diante de uma sociedade cujo principal objetivo é
fazer parte de um padrão social, alguns homens se
sentem deslocados e indiferentes ao mundo.
Todos nós passamos por dificuldades, todos enfren-
tamos alguns obstáculos em nossos caminhos, seja na
vida pessoal, profissional ou em nossos relaciona-
mentos.

Às vezes a vida parece difícil, nossos sonhos vão


nos abandonando, nossas expectativas diminuindo,
nos sentimos sem força em um abismo sem corda e
não conseguimos enxergar uma luz. Mas todo o sofri-
mento e dificuldade que passamos tem um único ob-
jetivo, nos transformar em pessoas melhores para os
outros e para nós mesmos. O sofrimento faz renascer
a esperança, porque não há outro sentimento que se
tenha quando tudo parece estar perdido, e a espe-
rança, nos faz lutar novamente.
“Nada é permanente, exceto a mudança”, assim di-
zia o filósofo grego Heráclito, e assim é a vida.
Se tudo está indo mal, mude, procure novos cami-
nhos, novas amizades, novos lugares, porque se você
não mudar, ninguém mudara por você.
A crise em nosso mundo não é social, política ou
econômica, é uma crise de consciência. Não somos
capazes de reconhecer a natureza de todas as coisas,
nem nossa própria natureza entendemos perfeita-
mente, devido a isso, uma quantidade enorme de pes-
soas buscam aliviar suas dores através das drogas,
medicamentos, prazeres sem responsabilidade, com-
pulsão por compras, amizades perigosas, entre tantas
outras ações que na verdade nos trazem mais e maio-
res problemas.
O homem está completamente envenenado, mas te-
ria a vida um antídoto para curá-lo dessas dores e
desse vazio existencial? Existe a possiblidade de vi-
vermos em um caminho menos doloroso? Eu acredito
que sim, mas o problema é que esse antídoto precisa
ser tomado todo dia, a todo instante e em todos os lu-
gares.
Pense que seus problemas são como uma doença
que se instalou em você, nenhuma doença se cura do
dia para noite, mas com o tempo e determinação po-
demos curá-la.
Esse antídoto é um caminho, assim como todos os
caminhos ele tem seus obstáculos. Pode parecer difí-
cil no início, começamos engatinhando como uma
criança, depois de um certo tempo levantamos, mas
não possuímos ainda o equilíbrio para andar, mas no
final, estaremos caminhando perfeitamente.
Esse caminho se chama filosofia ou amor pela sa-
bedoria, ou a busca pela verdade.
“A filosofia é o melhor remédio para a mente”, -
Cícero
Nos ensinamentos das grandes tradições antigas, a
busca pelo conhecimento era vista como um estado
natural do homem. Quando o pensamento científico
passou a dominar nosso mundo e a informação se ex-
pandiu, o conhecimento passou a ser dividido, isso
fez com que as pessoas parassem de ver o Universo
como um todo. Sendo assim, deixamos de perceber
que todos fazemos parte de uma única existência. A
maioria das pessoas pensam somente em si mesmas,
trazendo a desigualdade, a falta de amor e compaixão
pelo próximo.
Embora esse livro não trate só de filosofia, é através
da filosofia que vamos tentar obter as respostas que
precisamos, falaremos um pouco de ciência também.
A filosofia é a arte de se questionar, se questionar
sobre os problemas que precisam ser resolvidos atra-
vés da investigação racional. A filosofia não é uma
ciência lógica nem exata como a matemática, embora
se estude lógica em sua disciplina, é mais viável acre-
ditar que nenhuma resposta sobre um problema filo-
sófico seja plenamente verdadeira.
Seu surgimento foi na Grécia antiga, nas cidades es-
tado independentes. A palavra filosofia é atribuída a
Pitágoras, acredita-se que ele foi o primeiro a usar o
termo. Vou deixar aqui, alguns pensamentos de vários
filósofos sobre a filosofia, para nos dar uma ênfase
maior sobre essa maravilhosa forma de pensar e se
questionar sobre o universo, Deus e nós mesmos.

Aristóteles “A admiração sempre foi, antes como


agora, a causa pela qual os homens começaram a fi-
losofar: a princípio, surpreendiam-se com as dificul-
dades mais comuns; depois, avançando passo a passo,
tentavam explicar fenômenos maiores, como, por
exemplo, as fases da lua, o curso do sol e dos astros
e, finalmente, a formação do universo. Procurar uma
explicação e admirar-se é reconhecer-se ignorante".
Epicuro "Nunca se protele (adie, prolongue) o filo-
sofar quando se é jovem, nem o canse fazê-lo quando
se é velho, pois que ninguém é jamais pouco maduro
nem demasiado maduro para conquistar a saúde da
alma. E quem diz que a hora de filosofar ainda não
chegou ou já passou assemelha-se ao que diz que
ainda não chegou ou já passou a hora de ser feliz".

Friedrich Nietzsche “Um filósofo: é um homem que


experimenta, vê, ouve, suspeita, espera e sonha cons-
tantemente coisas extraordinárias; que é atingido pe-
los próprios pensamentos como se eles viessem de
fora, de cima e de baixo, como por uma espécie de
acontecimentos e de faíscas de que só ele pode ser
alvo; que é talvez, ele próprio, uma trovoada prenhe
de relâmpagos novos; um homem fatal, em torno do
qual sempre tomba e rola e rebenta e se passam coisas
inquietantes”. (Para além do bem e do mal).
Immanuel Kant “Não se ensina filosofia, ensina-se
a filosofar”.
Com essa base, vamos tentar seguir a leitura procu-
rando nos questionar sobre os problemas que apare-
cerão no decorrer do livro.
“O conflito não é entre o bem e o mal, mas entre o
conhecimento e a ignorância”, - Buda.
Sofremos por não enxergarmos a verdade. Estamos
presos nesse mundo padronizado pelos sistemas reli-
giosos, políticos e pela mídia. Raramente paramos
para refletir sobre o caminho pelo qual estamos se-
guindo. Todos estão ansiosos, procurando respostas
no mundo exterior. A vida moderna exige tanto do
homem, que poucos são os que conseguem respirar de
forma correta.
Pode observar as pessoas, quantas delas respiram
com calma? A maioria não controla nem a própria
respiração. Tente fazer uma respiração com calma,
encha os pulmões e solte lentamente o ar. Você vai
perceber que isso ajuda e muito nossa ansiedade e
controle emocional.
Nos dias de hoje, as pessoas andam impacientes,
descontroladas, explosivas e agressivas. A civilização
colocou o homem fora de seu estado natural. Jean Jac-
ques Rousseau nos deixou muitos pensamentos a res-
peito disso, para ele, o fato do homem moderno estar
inserido na sociedade é o motivo de tanta maldade,
ele acreditava que se o homem voltasse ao seu estado
natural, poderia reverter isso (o estado natural é longe
da civilização moderna). Isso acontece devido as fal-
sas impressões e interpretações que temos do mundo.
Essas impressões chegam até nos através dos siste-
mas de comunicação, as vezes até através de outras
pessoas, e nossas interpretações sobre os fenômenos,
vem de nossa mente, que também são manipuladas
por uma série de conceitos morais, éticos, religiosos
e culturais que fazem parte do sistema.
A questão é: Até onde devo acreditar que tudo o que
chega até mim é verdadeiro? Por que devo viver as-
sim, dentro desses padrões sociais? Existe uma forma
de viver com menos preocupações? Com mais mo-
mentos felizes? Aproveitando mais a vida?
Eckhart Tolle deixa o seguinte pensamento: “Viver
no agora é o melhor caminho para a felicidade e a ilu-
minação”.
Nós podemos viver assim, mas para isso precisamos
primeiro nos questionarmos de tudo ao nosso redor.
Devemos abandonar todos os preconceitos, tudo
aquilo que acreditamos ser verdade para recomeçar
como um livro em branco, onde pouco a pouco, as
páginas serão preenchidas, e quem vai escrever sua
história é você mesmo.
Mas o que é verdade? Como classificar milhares de
emoções e sensações que temos como verdadeiras ou
falsas?
Essa é sem dúvida uma pergunta que aparentemente
não encontramos uma resposta definitiva. Para facili-
tar um pouco nossa compreensão, vamos tentar enten-
der a realidade física e psicológica pela qual todo ser
humano exerce influência, assim como é influenci-
ado.
Podemos entender como realidade física, as leis da
natureza e do universo. Tudo aquilo que aparenta ter
o mesmo efeito para todas as pessoas. A evolução tec-
nológica, as grandes construções, tudo de material
que existe no mundo, podemos classificar como ver-
dade (Apesar de alguns filósofos acreditarem que esse
estado da matéria também é uma ilusão percebida e
julgada através dos sentidos). Esse mundo material,
nos ensina que tudo necessita de uma lei para que fun-
cione. As grandes construções precisam da engenha-
ria, as tecnologias da informática necessitam de cál-
culos, tudo o que nos serve de alimento precisa ser
cultivado.
O homem tem uma capacidade enorme de alterar o
meio ambiente onde vive, capacidade única entre to-
das as espécies desse planeta, nenhum outro animal
agride tanto a natureza quanto o homem. Infeliz-
mente, ele tende a fazer isso mais pela ganância do
que pela necessidade da civilização.
Todas essas alterações, todas essas leis, são facil-
mente percebidas pelos nossos sentidos, a estas cha-
mamos de realidade objetiva (o conhecimento obje-
tivo da realidade que implica no próprio conheci-
mento da realidade e seus fenômenos, tudo o que
existe fora de nós, tudo o que é externo, a essa cha-
mamos de realidade objetiva).
Todas as nossas emoções, pensamentos e sentimen-
tos, fazem parte de nossa realidade subjetiva. (A rea-
lidade subjetiva é a maneira de como sentimos e in-
terpretamos tudo. Ela é particular e interna, diferente
da objetiva que é material e coletiva).
Essas duas realidades interagem entre si. Enxerga-
mos, sentimos e interpretamos a nossa forma, cada fe-
nômeno do mundo objetivo. Entender essas duas rea-
lidades, vai tornar nossa jornada mais fácil rumo ao
conhecimento. Mas lembre-se, de nada adianta ter co-
nhecimento sem esforço para aplicá-lo em sua vida.
Tudo o que você aprende, você escolhe se quer
acreditar ou não, mas muito do que se aprende precisa
ser exercitado, porque é esse exercício que pode mo-
dificar nosso modo de viver e agir. É importante con-
tinuarmos a ler esse livro com um pouco de calma. O
livro é pequeno, não há motivo para pressa. O impor-
tante é você abstrair o máximo que puder, com isso
terá mais facilidade de compreendê-lo.
Lembre-se que a única pessoa que pode fazer algo
por você é você mesmo, outras pessoas podem nos
ajudar é claro, mas dificilmente mudarão o nosso in-
terior e nosso destino. Elas podem nos guiar, como
Jesus, Buda, Krishna, Mahavira, entre outros místicos
que nos deixaram grandes ensinamentos de como vi-
ver em liberdade e em paz conosco.
Para alcançar a paz, precisamos nos libertar dessa
prisão psicológica que o mundo exerce em nós. Esta-
mos presos dentro de um mundo ilusório, e poucos
são os que percebem isso. Nossos desejos quando não
controlados, nos cegam para nosso mundo interior,
nos deixando presos nas ilusões mundanas.
Jesus nos ensinou que a verdade liberta e que o
amor nos traz paz. Mas afinal, como vamos nos liber-
tar desse mundo? Precisamos trabalhar, nos esforçar
e lutar para que possamos viver com o mínimo de dig-
nidade. Mas não se engane, feliz é aquele que tem
pouco por fora, mas é iluminado por dentro, porque
este será feliz em qualquer lugar do mundo.
O pior inimigo do homem é ele mesmo, seu ego o
cega. A constante necessidade pelos prazeres, veda os
olhos do espírito, e aquele que não se alimenta de sa-
bedoria, provavelmente vai ter bem mais dificuldade
de ser feliz do que os que buscam a verdade.
Observe esse outro pensamento de Eckhart Tolle:
“O prazer é sempre derivado de algo fora de você,
ao passo que a alegria surge de dentro. O passado não
tem poder sobre o momento presente. Você não pode
encontrar-se indo para o passado. Você pode encon-
trar a si mesmo, vindo para o presente. Perceba pro-
fundamente que o momento presente é tudo que você
tem. Faça agora o foco principal da sua vida. Conhe-
cer a si mesmo como a consciência por trás da voz é
a liberdade”.
Após concluirmos que muito do que vivemos pode
ser uma ilusão, vamos prosseguir em busca da ver-
dade. No fundo, essa verdade vai ser sempre subje-
tiva, porque o que é objetivo é igual para todos, mas
o que é subjetivo é relativo as experiências de cada
um.

O caminho da verdade

Uma das maiores características de nossa natureza,


é a busca pela verdade e o desejo de comprová-la.
Para a filosofia, a busca pela verdade é seu maior ob-
jetivo. O homem anseia sempre por respostas. “É ne-
cessário que ao menos uma vez na vida, você duvide
tanto quanto possível, de todas as coisas”, assim disse
René Descartes, considerado o pai da filosofia mo-
derna.
Antes de trilharmos o caminho da verdade, deve-
mos nos livrar de todo preconceito, de toda crença, de
tudo o que o mundo e os homens fizeram com que nós
acreditássemos. Todo os homens buscam em si sua
verdade, mas o pior, é quando eles querem que vive-
mos segundo o que eles acreditam.
Somente dentro de você a verdade pode ser encon-
trada. Por mais que o mundo físico nos ofereça uma
visão verdadeira, é preciso reconhecer que é somente
em nosso interior que encontraremos a verdade e en-
tendimento dos fenômenos físicos do mundo mate-
rial.
Vou expor aqui, um dos mais famosos textos de Pla-
tão conhecido como alegoria da caverna. Ele nos en-
sina o quanto podemos estar enganados sobre a reali-
dade e a verdade.

Texto: A alegoria da caverna – A República - Platão

“Sócrates: Agora imagine a nossa natureza, se-


gundo o grau de educação que ela recebeu ou não, de
acordo com o quadro que vou fazer. Imagine, pois,
homens que vivem em uma morada subterrânea em
forma de caverna. A entrada se abre para a luz em
toda a largura da fachada. Os homens estão no interior
desde a infância, acorrentados pelas pernas e pelo
pescoço, de modo que não podem mudar de lugar
nem voltar a cabeça para ver algo que não esteja di-
ante deles. A luz lhes vem de um fogo que queima por
trás deles, ao longe, no alto. Entre os prisioneiros e o
fogo, há um caminho que sobe. Imagine que esse ca-
minho é cortado por um pequeno muro, semelhante
ao tapume que os exibidores de marionetes dispõem
entre eles e o público, acima do qual manobram as
marionetes e apresentam o espetáculo.
Glauco: Entendo
Sócrates: Então, ao longo desse pequeno muro,
imagine homens que carregam todo o tipo de objetos
fabricados, ultrapassando a altura do muro; estátuas
de homens, figuras de animais, de pedra, madeira ou
qualquer outro material. Provavelmente, entre os car-
regadores que desfilam ao longo do muro, alguns fa-
lam, outros se calam.
Glauco: Estranha descrição e estranhos prisionei-
ros!
Sócrates: Eles são semelhantes a nós. Primeiro,
você pensa que, na situação deles, eles tenham visto
algo mais do que as sombras de si mesmos e dos vi-
zinhos que o fogo projeta na parede da caverna à sua
frente?
Glauco: Como isso seria possível, se durante toda a
vida eles estão condenados a ficar com a cabeça imó-
vel?
Sócrates: Não acontece o mesmo com os objetos
que desfilam?
Glauco: É claro.
Sócrates: Então, se eles pudessem conversar, não
acha que, nomeando as sombras que veem, pensariam
nomear seres reais?
Glauco: Evidentemente.
Sócrates: E se, além disso, houvesse um eco vindo
da parede diante deles, quando um dos que passam ao
longo do pequeno muro falasse, não acha que eles to-
mariam essa voz pela da sombra que desfila à sua
frente?
Glauco: Sim, por Zeus.
Sócrates: Assim sendo, os homens que estão nessas
condições não poderiam considerar nada como verda-
deiro, a não ser as sombras dos objetos fabricados.
Glauco: Não poderia ser de outra forma.
Sócrates: Veja agora o que aconteceria se eles fos-
sem libertados de suas correntes e curados de sua des-
razão. Tudo não aconteceria naturalmente como vou
dizer? Se um desses homens fosse solto, forçado su-
bitamente a levantar-se, a virar a cabeça, a andar, a
olhar para o lado da luz, todos esses movimentos o
fariam sofrer; ele ficaria ofuscado e não poderia dis-
tinguir os objetos, dos quais via apenas as sombras
anteriormente. Na sua opinião, o que ele poderia res-
ponder se lhe dissessem que, antes, ele só via coisas
sem consistência, que agora ele está mais perto da re-
alidade, voltado para objetos mais reais, e que está
vendo melhor? O que ele responderia se lhe designas-
sem cada um dos objetos que desfilam, obrigando-o
com perguntas, a dizer o que são? Não acha que ele
ficaria embaraçado e que as sombras que ele via antes
lhe pareceriam mais verdadeiras do que os objetos
que lhe mostram agora?
Glauco: Certamente, elas lhe pareceriam mais ver-
dadeiras.
Sócrates: E se o forçassem a olhar para a própria
luz, não achas que os olhos lhe doeriam, que ele vira-
ria as costas e voltaria para as coisas que pode olhar e
que as consideraria verdadeiramente mais nítidas do
que as coisas que lhe mostram?
Glauco: Sem dúvida alguma.
Sócrates: E se o tirarem de lá à força, se o fizessem
subir o íngreme caminho montanhoso, se não o lar-
gassem até arrastá-lo para a luz do sol, ele não sofreria
e se irritaria ao ser assim empurrado para fora? E, che-
gando à luz, com os olhos ofuscados pelo brilho, não
seria capaz de ver nenhum desses objetos, que nós
afirmamos agora serem verdadeiros.

Glauco: Ele não poderá vê-los, pelo menos nos pri-


meiros momentos.
Sócrates: É preciso que ele se habitue, para que
possa ver as coisas do alto. Primeiro, ele distinguirá
mais facilmente as sombras, depois, as imagens dos
homens e dos outros objetos refletidas na água, depois
os próprios objetos. Em segundo lugar, durante a
noite, ele poderá contemplar as constelações e o pró-
prio céu, e voltar o olhar para a luz dos astros e da lua
mais facilmente que durante o dia para o sol e para a
luz do sol.
Glauco: Sem dúvida.
Sócrates: Finalmente, ele poderá contemplar o sol,
não o seu reflexo nas águas ou em outra superfície
lisa, mas o próprio sol, no lugar do sol, o sol tal como
é.
Glauco: Certamente.
Sócrates: Depois disso, poderá raciocinar a respeito
do sol, concluir que é ele que produz as estações e os
anos, que governa tudo no mundo visível, e que é, de
algum modo a causa de tudo o que ele e seus compa-
nheiros viam na caverna.
Glauco: É indubitável que ele chegará a essa con-
clusão.
Sócrates: Nesse momento, se ele se lembrar de sua
primeira morada, da ciência que ali se possuía e de
seus antigos companheiros, não acha que ficaria feliz
com a mudança e teria pena deles?
Glauco: Claro que sim.
Sócrates: Quanto às honras e louvores que eles se
atribuíam mutuamente outrora, quanto às recompen-
sas concedidas àquele que fosse dotado de uma visão
mais aguda para discernir a passagem das sombras na
parede e de uma memória mais fiel para se lembrar
com exatidão daquelas que precedem certas outras ou
que lhes sucedem, as que vêm juntas, e que, por isso
mesmo, era o mais hábil para conjeturar a que viria
depois, acha que nosso homem teria inveja dele, que
as honras e a confiança assim adquiridas entre os
companheiros lhe dariam inveja? Ele não pensaria an-
tes, como o herói de Homero, que mais vale “viver
como escravo de um lavrador” e suportar qualquer
provação do que voltar à visão ilusória da caverna e
viver como se vive lá?
Glauco: Concordo com você. Ele aceitaria qualquer
provação para não viver como se vive lá.
Sócrates: Reflita ainda nisto: suponha que esse ho-
mem volte à caverna e retome o seu antigo lugar.
Desta vez, não seria pelas trevas que ele teria os olhos
ofuscados, ao vir diretamente do sol?
Glauco: Naturalmente.
Sócrates: E se ele tivesse que emitir de novo um ju-
ízo sobre as sombras e entrar em competição com os
prisioneiros que continuaram acorrentados, enquanto
sua vista ainda está confusa, seus olhos ainda não se
recompuseram, enquanto lhe deram um tempo curto
demais para acostumar-se com a escuridão, ele não
ficaria ridículo? Os prisioneiros não diriam que, de-
pois de ter ido até o alto, voltou com a vista perdida,
que não vale mesmo a pena subir até lá? E se alguém
tentasse retirar os seus laços, fazê-los subir, você
acredita que, se pudessem agarrá-lo e executá-lo, não
o matariam?
Glauco: Sem dúvida alguma, eles o matariam.
Sócrates: E agora, meu caro Glauco, é preciso apli-
car exatamente essa alegoria ao que dissemos anteri-
ormente. Devemos assimilar o mundo que apreende-
mos pela vista à estada na prisão, a luz do fogo que
ilumina a caverna à ação do sol. Quanto à subida e à
contemplação do que há no alto, considera que se
trata da ascensão da alma até o lugar inteligível (Que
só pode ser compreendido através da utilização da in-
teligência, em detrimento dos sentidos; que só existe
na ideia), e não te enganarás sobre minha esperança,
já que desejas conhece-la. Deus sabe se há alguma
possibilidade de que ela seja fundada sobre a verdade.
Em todo o caso, eis o que me aparece tal como me
aparece; nos últimos limites do mundo inteligível
aparece-me a ideia do Bem, que se percebe com difi-
culdade, mas que não se pode ver sem concluir que
ela é a causa de tudo o que há de reto e de belo. No
mundo visível, ela gera a luz e o senhor da luz, no
mundo inteligível ela própria é a soberana que dis-
pensa a verdade e a inteligência. Acrescento que é
preciso vê-la se quer comportar-se com sabedoria,
seja na vida privada, seja na vida pública” – Platão
em, A república.

O que aprendemos com essa alegoria? Para Platão,


tudo o que enxergamos e acreditamos não passa de
um mero reflexo de uma realidade perfeita. Platão
acreditava que todos os animais já existiam na mente
de quem os criou, e que o que enxergamos é na ver-
dade, um reflexo de uma ideia perfeita (Mundo das
ideias ou mundo inteligível). Ao aplicarmos isso em
nossas vidas, vamos perceber que muitos conceitos
morais, éticos, muitas crenças, valores, globalização
e padronização, não passam de uma ilusão que o ho-
mem considera real.
Mas como perceber tudo isso de forma natural, já
não estamos condicionados a acreditar nas ideias do
passado?
Sim, viemos a esse mundo com uma infinidade de
ideias e crenças, mas isso não nos obriga a acreditar
que nenhuma delas possa ser verdadeira. O mais cor-
reto a fazer, é estudá-las e questioná-las. Lembre-se
de Descartes, duvide de tudo.
Buda também nos deixou um ensinamento a res-
peito disso, ele disse: “Não acredite em nada do que
ler, não acredite em nada que lhe disseram, duvide de
tudo, questione tudo, seja fonte de sua própria luz”.
Se livrar das correntes que nos prendem é uma ati-
tude muito corajosa. Muitas vezes, a verdade a prin-
cípio é dolorida, mas com ela aprendemos como de-
vemos agir em determinados problemas do dia a dia.
Quando estamos em busca da verdade, refletimos
sobre todas as coisas. Infelizmente, pensar é algo que
poucos procuram fazer, a maioria das pessoas estão
mais acostumadas a aceitar os fatos como elas acredi-
tam que eles são, isso aprisiona a mente, nos fazendo
acreditar que o mundo é somente o que vemos nos
noticiários e nos meios de comunicação.
Dificilmente ouvimos uma notícia boa, parece que
o sistema tende a nos deixar em uma posição extre-
mamente desconfortável com o mundo, mas confor-
tável conosco.
Quando vemos uma notícia de alguém passando ne-
cessidade, doente ou vítima de alguma injustiça, acre-
ditamos que nossas vidas são perfeitas diante a vida
dessas pessoas. O que não percebemos, é que amanhã
nós podemos ser a notícia. Por esses motivos e outros,
as pessoas preferem se acomodar nessa ilusão.
Mas o mundo das ilusões é mais sedutor e praze-
roso, poucos são os que querem encontrar a verdade
e a paz, mas quem não busca essas virtudes, acabará
sofrendo grandes tribulações no decorrer da vida. To-
dos sofremos, a única diferença é que quem está no
caminho da verdade, percebe o que o levou a sofrer,
mas quem está fora, provavelmente sempre sofrerá
repetidas vezes pelas mesmas coisas.
O caminho da verdade deve questionar tudo, anali-
sar tudo, não podemos acreditar em tudo o que chega
até nós, devemos sempre procurar perceber se o que
estamos abstraindo, faz parte da realidade ou não.
Com o tempo e um pouco de prática, vamos começar
a perceber que o que havia dentro de nós, era uma
manifestação manipulada pela realidade dos outros.
Não que isso não seja a realidade, mas para nossa
consciência é como se estivéssemos vivendo apenas
nesse mundo assombrado.
Vamos falar agora desse sistema que aprisiona
nosso psicológico, tentando nos manter nesse cami-
nho que muitas vezes parece não ter saída nem solu-
ção.

A ilusão do sistema

Todos temos desejos e ego, o ser humano ainda tem


muitos aspectos de sua natureza primitiva, mas não
podemos negar que a globalização, os sistemas
econômicos e religiosos, exercem total influência na
maioria das pessoas.
Comece olhando para trás, volte desde o dia do seu
nascimento e tente perceber o quanto você está inse-
rido nesse sistema.
As pessoas sofrem, cada uma em seu grau, umas
mais, outras menos. Mas porque elas sofrem?
A realidade é produzida pelo consciente, mas é mo-
vimentada pelo inconsciente. Desde que nascemos,
estamos experimentando sensações, essas sensações,
podem nos causar dor e alegria, medo e tristeza, or-
gulho e vergonha. Através dessas sensações, constru-
ímos na mente, uma realidade sensorial. Com o passar
do tempo, nossa mente já tem uma ideia do que é bom
ou ruim para nós.
Através dessas sensações e com o uso da razão, in-
terpretamos o mundo a nossa volta da maneira que
quisermos. Mas porque o mundo está cada vez pior,
porque o homem está se autodestruindo e extermi-
nando a própria espécie? O que realmente é a reali-
dade? E como devemos nos inserir nela?
Já disse que quando nascemos, somos um livro em
branco a ser preenchido, mas na maioria das vezes,
somos preenchidos por ideias alheias, esse pensa-
mento também foi utilizado por John Locke. Na ver-
dade, quando ainda estamos no ventre da mãe, já es-
tamos aprendendo. Depois de um determinado mo-
mento da gravidez, o feto que está se desenvolvendo,
sente praticamente tudo o que a mãe sente. Já chega-
mos a esse mundo com uma porção de sensações, mas
sem nenhuma noção do que é a verdadeiro ou não.
Quando erámos crianças, acreditávamos que tudo
seria possível, tudo nós queríamos conhecer, prova-
velmente nessa época foi onde mais filosofamos.
Quantos de nós um dia não acreditamos em lendas
que fazem parte de nossas tradições? Uma criança
pode ser enganada facilmente, porque ainda não tem
todo conhecimento do mundo objetivo, mas com o
tempo, elas começam a se questionar sobre tudo, e
quando atingem uma certa idade, se acomodam com
o mundo, deixando de lado o que nós temos de me-
lhor, a arte da dúvida e a busca pela sabedoria. Con-
forme vamos crescendo, vamos preenchendo nosso
interior com ideias, ilusões, crenças e conceitos mo-
rais, vamos nos acostumando com o mundo e refleti-
mos cada vez menos sobre ele.
Com o passar do tempo, vamos montando nosso
quadro de realidade. Mas seria real tudo o que senti-
mos? Observe a forma de como os homens se com-
portam. Eles estão cheios de ideias e pensamentos.
Uns são diferentes dos outros, porque cada um nasceu
em uma cultura, em um país. Eles lutam por suas con-
vicções, fazem até guerra por elas, mas onde isso vai
nos levar? Não sabemos nada sobre o futuro, pode ser
que amanhã acabe tudo, pode ser que não, mas nesse
caminho destrutivo causado pelo homem não pode-
mos permanecer, porque esse caminho nos levará a
ruina e destruição.
Sozinhos, nunca vamos solucionar os problemas da
humanidade. Isso só será possível se cada um fizer
sua parte. Para solucionarmos essa questão, temos
que primeiramente entender como a mente humana
funciona. O homem nasce com uma sede na alma, ele
quer ser importante, quer conhecer o mundo, quer vi-
ver seus prazeres e deixar sua marca registrada na
existência.
Seria impossível para o homem viver, sem tentar es-
tar no contexto da realidade que o sistema oferece. O
homem busca e é manipulado por isso. Por essa ne-
cessidade que temos, vamos tentando nos encaixar
em algum sistema. O sistema se usado de forma cor-
reta, ajudaria a humanidade de forma inimaginável.
Mas o sistema que se desenvolveu aqui, está longe de
ser real e benéfico.
O sistema é tudo que aprendemos, tudo o que senti-
mos, o que vimos, tudo aquilo que faz parte do mundo
subjetivo, de nosso interior, mas essa subjetividade
também é infectada pelo sistema.
Acreditamos no que nos faz bem, no que nos de uma
certa tranquilidade, quando estamos bem e tranquilos,
nunca iremos nos questionar se tem algo de errado
com a humanidade ou ao nosso redor, porque assim é
mais confortável.
Essa realidade subjetiva, é o sistema instalado na
mente do ser humano. Esse sistema, aliado com o ego,
é responsável por todo mal que há na humanidade.
Eles criam um padrão para tudo, beleza, classe social,
religião, trabalho política e tudo mais que possa con-
trolar a nossa mente.
Esse padrão chega até nós, através desses conceitos
que são ensinados pela mídia, internet, livros, revistas
e jornais. O homem que abstrai esses padrões, tende
a ter a necessidade de obter tudo aquilo que o sistema
determina. Mas todos nós sabemos que isso não é
possível. Esse padrão econômico, mantém os homens
sempre em busca por algo melhor.
Todos estamos presos a esses padrões. A ilusão que
esse sistema provoca é tão poderosa, que a maioria
das pessoas vivem uma vida toda sem perceber o que
estão fazendo, gastando dinheiro com coisas fúteis,
deixando de lado a experiência de viver.
O homem inserido nesse contexto, busca sempre o
melhor, a felicidade, a abundância. Isso cria um sis-
tema sem fim, porque a tecnologia sempre avança e o
homem sempre terá que se adaptar a ela, sempre se
atualizando perante a tecnologia.
Muitos dos que estão nesse sistema, estão comple-
tamente cegos. Eles se sentem tristes por serem mise-
ráveis, se esquecem de que a felicidade está dentro de
cada um, na alegria da alma que contempla as peque-
nas coisas.
Muitos, por não terem seus desejos satisfeitos, co-
metem algum tipo de transgressão, algo imoral, deter-
minado como regra por esse mesmo sistema. O
mundo está cada vez pior nesse sentido, a violência já
está passando a ser vista com naturalidade.
Os homens com seus ideais, cometem barbaridades,
pois esse sistema muitas vezes descontrola uma
mente. A tendência do homem social é viver em
guerra. Sabemos que a menos de 200 anos atrás, a hu-
manidade mal se conhecia. Hoje com o uso da inter-
net, podemos facilmente estudar outras culturas e en-
tender que nossas diferenças são históricas e cultu-
rais.
A humanidade esta globalizada, essa globalização,
é sustentada pelas maiores economias do mundo, elas
se ajudam entre si e dificilmente entrarão em conflito.
Mas o homem social, individual, enfrenta um sistema
opressor. Existe uma maneira de sair desse sistema,
exige esforço, mas sua recompensa é grande.
Sabemos que sozinhos não vamos mudar o mundo,
mas podemos mudar a nós mesmos. Temos o direito
a felicidade e a liberdade. Sendo assim, ajudaríamos
o mundo de uma forma benéfica para todos. Vamos
tentar entender o que é preciso fazer para sair desse
sistema.

O caminho da liberdade

O sistema não é algo criado pelo homem para do-


minar o mundo. O sistema se auto criou de forma in-
consciente na mentalidade humana e na humanidade
através da natureza egocêntrica dos homens. Os ho-
mens que estão no poder, os grandes empresários,
também estão nesse sistema, são seres humanos como
nós.
Esse sistema tenta nos ensinar, que para atingirmos
a felicidade, devemos seguir uma série de regras. Pre-
cisamos de um trabalho, de uma ideologia, muitos de
uma crença, de um relacionamento, de um certo status
social.
Muitos conseguem isso e passam a vida toda sem
sair do sistema. As pessoas que estão no sistema, têm
maior probabilidade de ficarem decepcionadas, doen-
tes, depressivas, assim como uma série de outros ma-
les que afetam nosso emocional. Elas vão sempre ali-
mentar o ego para se obter mais, porque é isso que o
sistema ensina.
Observe as propagandas que estão nas emissoras, na
internet, em revistas e jornais. Mostram sempre um
objeto acompanhado de uma pessoa esteticamente
aceita pela sociedade e feliz, como se a felicidade iria
chegar para quem comprasse o produto disponível no
mercado, e só é possível ser feliz, sendo esteticamente
aceito nos padrões sociais.
As pessoas têm crenças, dores, alegrias, tristezas e
decepções por estarem no sistema, pois o sistema
causa tudo isso sem que elas percebam. O primeiro
passo para começar se afastar do sistema, é pôr em
dúvida nossas próprias crenças, verdades e valores.
Seria mais fácil se pudéssemos resetar a memória,
mas sempre a teremos em nossa consciência. Lembre-
se que daqui por diante você quer ser uma pessoa li-
vre. O começo dessa atividade pode ser doloroso, pois
seja forte, porque sua recompensa final pagará do-
brado pelos seus esforços.
Quando estamos no sistema, vivemos observando
os objetos. Nos apaixonamos por carros, por casas,
por pessoas e nos esquecemos de nós mesmos. Não
damos importância para nós porque queremos fazer
parte do sistema. Perceber realmente o sistema, já é
um grande passo.
Temos em nós, noções de alegria, prazer e satisfa-
ção. Essas sensações nos iludem através dos objetos
e das pessoas. Quando deixamos de lado tudo o que
aprendemos para recomeçar uma nova vida em liber-
dade, precisamos enfrentar todos esses inimigos que
habitam dentro de nós mesmos.
Tire todo seu ego, toda sua vontade de ser impor-
tante e popular, pense em como está o mundo ao seu
redor e o que você pode fazer para melhorá-lo. Isso
não quer dizer que você tenha que abandonar seus so-
nhos, mas não deixar que a conquista deles ou não,
interfiram em sua felicidade, em sua paz e sua von-
tade de melhorar o mundo e a si mesmo.
Sem dúvida, o primeiro passo é cuidar de você
mesmo. Vencer o ego é a primeira das batalhas, uma
maneira fácil de começar essa prática é nos colocar
no lugar do próximo. Mas o próximo é tudo que nos
rodeia, tudo o que possui vida.
Sinta as alegrias do mundo, sinta as tristezas, deixe
esse sentimento invadir seu coração. Projete-se no ou-
tro, se você fosse o outro, como queria que agissem
com você?
Esse caminho é difícil, porque você precisa viver
entre muitos que ainda estão no sistema. Mas por en-
quanto, dedique sua vida a você mesmo, depois ajude
o próximo.
Krishna nos ensina que o ego é fonte de todo sofri-
mento humano, Buda também acreditava nisso. Jesus
disse que a verdade libertava, mesmo na época de
Cristo e até antes, já existia um sistema, e Jesus sabia
muito bem que era esse sistema, que iludia o homem
e o levava rumo a ao sofrimento.
Qual verdade será essa que Jesus se refere? É a ver-
dade que está oculta dentro de nós, que se desintegrou
ao nos inserirmos no sistema. Nossa felicidade e ale-
gria dependem dos momentos bons que procuramos
na vida. Um homem que mora em um casebre e só
tem o suficiente para se alimentar, pode estar muito
mais feliz que um rico. Por que isso acontece? Porque
o ego nunca se satisfaz.
A felicidade não pode depender de nenhum fator
externo. Você estar vivo e respirando já é um milagre,
é o suficiente para ser feliz. Com o tempo e determi-
nação, você conquistará tudo o que sonha.
Quanto mais longe do sistema você está, mais perto
da verdade e da natureza do criador você chega, mais
feliz será, e com muito menos que antes.
Mas como vamos definir esse criador? Tudo o que
existe na natureza é obra do criador. Observe as estre-
las, o universo, a calmaria de uma noite tranquila.
Também tente entender a maldade que existe nos ho-
mens, suas imperfeições e erros. Os homens erram
por estarem no sistema.
A existência também não deve ser vista como per-
feição, pois o homem busca a perfeição através do
conceito que o próprio sistema criou dela. Existem
imperfeições no mundo, no universo e em toda a exis-
tência. Mas na verdade não são imperfeições, a im-
perfeição é um atributo inserido no homem pelo sis-
tema, tudo o que foge do padrão é considerado imper-
feito e as vezes errado.
Temos que perceber todo esse cenário existencial
em sua totalidade. Uma vez que aceitamos todas as
imperfeições, aceitamos viver a vida felizes diante de
tudo o que aconteça, nossa felicidade não vai depen-
der mais dos fatores externos a nós e sim do que car-
regamos conosco.
A ilusão do sistema, apesar de dominar a todos, tem
suas diferenças, e o próprio sistema ensina que o que
é diferente, provavelmente seja errado. Criamos pre-
conceitos em nós, muitas acham que suas raças são
superiores e não percebem que fazemos parte da
mesma espécie.
O sistema deixou o mundo em conflito. Por onde
vamos, encontramos violência, desigualdade e dis-
córdia. Quando percebemos que estamos apenas de-
fendendo o nosso sistema, começaremos a ter mais
passividade com o próximo. Aquele que esta envene-
nado pelo sistema, é capaz de fazer de tudo. Mas sair
do sistema, também é sair desses perigos e erros que
podemos cometer.
Sair do sistema, é encontrar a verdade dentro de si,
e para isso, precisamos seguir um caminho. O que é o
caminho? Como definir qual caminho é melhor para
nós?
O caminho é o caminho da luz, é como pegar um
desvio e recomeçar por uma outra estrada, é caminhar
de uma maneira totalmente diferente. Nesse caminho,
todos devem ser tratados da mesma forma, devemos
buscar nossa essência, a felicidade que tínhamos
quando éramos inocentes. O caminho da luz, ilumina
as trevas da ignorância.
Todo ser vivo e digno de compaixão, respeito e
amor, inclusive eu e você, e quanto mais oferecemos
isso as outras pessoas, maior vai ficando essa teia de
sentimentos e emoções no mundo.
Entenda que esse caminho de união com o todo, vai
lhe proporcionar muita satisfação. Mas cuidado, se-
guir o caminho da união, não é o mesmo que ser o
outro, nunca devemos tentar ser o outro, mas fazer o
possível para ajudá-lo.
Quem segue o caminho, se torna mais forte, com-
preende que tudo que conhecemos, tem início e fim,
nenhum sofrimento é eterno, assim como nenhuma
tristeza, vivemos momentos felizes e momentos tris-
tes.
Segundo o hinduísmo, devemos procurar o equilí-
brio e não deixar que nada abale nossos sentimentos,
pois tudo é uma dualidade, alegria e tristeza, prazer e
dor, riqueza e pobreza. Essa dualidade, é também uma
forma de nos aprisionar psicologicamente, nos senti-
mos felizes pela conquista de um sonho e tristes
quando perdemos algo, nada pode influenciar em
nosso estado, o estado pleno em Deus como os hindus
acreditam, ignora todas essas tribulações.
Sentimos a perda de alguém, isso é fato, mas temos
que ver a morte com outra perspectiva. Devemos ficar
tristes e alegres com a morte. Tristes porque não ve-
remos mais aquela pessoa nessa vida e felizes por
acreditar que ela partiu para um lugar melhor, mesmo
que seja a inexistência, pois nela não há sofrimento.
Quando aceitamos a morte, passamos a viver sem
medo, nos livramos de uma possibilidade que nos
deixa com medo perante o que os homens acreditam.
A morte é ainda um dos maiores medos dos homens,
mas não pela morte em si, e sim pelo que possa existir
após ela. Céu e inferno existem somente nessa vida e
em sua mente, pelo menos é o que se sabe, visto que
ninguém sabe nada sobre a morte.
Não devemos viver esta vida esperando recompensa
em uma outra, a recompensa vem nessa vida mesmo
e também não devemos viver com medo do que há
por vir após a morte, isso não significa que tenhamos
que fazer coisas erradas, mas que devemos nos esfor-
çar para atingir a luz espiritual nessa vida.
Quando seguimos o caminho sem medo, encontra-
remos liberdade para sermos o que quisermos. Um
dos caminhos mais seguidos pelas pessoas que faz
parte do sistema é a religião, mas muitas das religiões
também são uma forma de sistema. Hoje a religião
ainda é influenciada pelo mito. Chamaremos de mito,
aquilo que não for condizente com nossa realidade.
O mito embeleza as religiões, é através de seu sim-
bolismo que os homens tentaram expressar a ideia
que tinham de Deus. Muitas dessas ideias, não condi-
zem com a realidade e o homem deveria abandoná-
las. Isso pode demorar um tempo, mas acredito que é
o caminho para evolução da humanidade. Antiga-
mente, os mitos gregos eram vistos como verdade,
hoje estão no contexto da mitologia. As religiões
ainda são de extrema importância pela sua moral e
conduta que levam os homens a tentarem ser pessoas
melhores.
Ao nos questionamos sobre esses mitos, estamos
começando dentro de nós, uma jornada rumo ao co-
nhecimento. Mas o que é conhecimento? Como va-
lidá-lo?
Buscar conhecimento, é uma das características do
caminho. Ter conhecimento é saber diferenciar o que
é bom ou ruim em nossas vidas, o que pode ser ver-
dadeiro e o que é ilusório.
Lao-Tsé disse “Para ganhar conhecimento, adici-
one coisas todos os dias. Para ganhar sabedoria, eli-
mine coisas todos os dias”

O caminho nos mostra que devemos seguir pelo


lado do bem e da justiça, pois isso é o que queremos
para nós. Uma vez que estamos livres dos desejos e
do ego, entraremos em harmonia com a vida, e nosso
caminho tende a ser evolutivo.
O conhecimento que precisamos alimentar é o co-
nhecimento da verdade, a percepção dos erros dos ho-
mens por viverem na ignorância, e a nossa capacidade
de buscarmos a realidade.
Esse caminho eleva nossa alma, vamos nos sentir
extremamente bem ao fazer uma caridade, ao cuidar
de alguém que necessite, ao ajudar um idoso e ao con-
templar uma criança. Esse caminho nos coloca em
harmonia com o todo, com a alma universal, com o
espírito da existência. Esse caminho é muito longo, é
como entrar em um quarto todo escuro com uma
única vela acesa, mas com milhares de velas apaga-
das, você só poderá ascender uma por vez, até que o
quarto esteja totalmente iluminado.
Uma vez que a alma se ilumine, vamos no sentir fe-
liz em qualquer lugar e sempre dispostos a ajudar nos-
sos semelhantes, essa chama dificilmente se apagará.
O caminho iluminado já foi conseguido por alguns
místicos em um elevado grau de consciência, Jesus,
Buda, Krishna, entre outros.
Dificilmente chegaremos em um estado de ilumina-
ção igual o deles, e nossa iluminação precisa ser vol-
tada para o sofrimento do mundo, devemos nos con-
tentar com ela, mesmo que seja fraca, antes uma pe-
quena luz do que a escuridão, o importante é você ten-
tar melhorar a cada dia.
Com o caminho iluminado, sem preconceitos nem
desejos, vamos começar a ter a percepção de que nos
livramos de um fardo muito pesado que é a culpa da
consciência.
Todas as más ações que cometemos, envenenam
nossa própria alma. Nos sentimos retraídos pelos nos-
sos desejos, pela nossa natureza, o mal que fazemos
retorna a nós mesmos, em nosso inconsciente.
Não somos criaturas perfeitas, todos cometemos er-
ros. Guardar mágoas ou rancor dentro de si mesmo,
pode atrasar sua chegada ao caminho da luz. Livre-se
de toda dor e perdoe-se por tudo, assim como perdoe
todos aqueles que lhe oprimiram a vida toda, esse sen-
timento precisa ser verdadeiro dentro de cada um, por
mais difícil que isso seja. Vamos falar mais sobre o
perdão no decorrer do livro.
Quando conseguimos isso, sentiremos verdadeira
alegria na alma. Uma vez que estamos no caminho,
nada mais poderá nos atingir. Existem várias manei-
ras de seguir o caminho, você pode trabalhar, estudar,
fazer o que quiser, tudo que for para o bem é permi-
tido. O caminho é lutar para fazer do mundo um lugar
melhor, através da sabedoria, do altruísmo e do co-
nhecimento.
Não há sacrifício no caminho, e tudo o que lhe der
a impressão de que está lhe oprimindo, deve ser eli-
minado. O caminho é livre porque age por vontade do
espírito e não do ego.
O caminho é espírito, Jesus dizia que o homem teria
que nascer do espirito. Trilhar pelo caminho é nascer
novamente, mas com uma outra perspectiva de vida.
Toda a matéria existente no universo, pode ser re-
duzida a uma única partícula. Toda matéria tem um
estado de animação e energia. Nós somos tudo o que
nos permeia e o que o universo nos oferece. Quando
percebemos isso, vamos chegar à conclusão de que a
matéria é somente uma característica física animada
pelo espírito. O caminho é essa unificação de matéria
e espírito, onde somente o espírito prevalece.
Toda matéria é cíclica, tem tempo de validade e se
desintegra com o passar dos anos, mas o espírito é
eterno. Quando percebemos realmente a natureza de
nosso espírito, nosso caminho se torna mais tranquilo
e cheio de paz.
Quando percebemos esse sistema que domina o ho-
mem e lutamos para sair dele, estamos conquistando
cada vez mais nossa liberdade. A liberdade não signi-
fica que podemos fazer de tudo e sim que podemos
ser felizes sem viver segundo os padrões do sistema.
Mas além do sistema, outras coisas nos aprisionam,
a culpa, o rancor, as mágoas que temos dos que nos
fizeram mal e as mágoas que temos de nós mesmos
por não sermos perfeitos.
Para vencermos isso, precisamos entender que todo
ser humano é falho. Uma vez que percebemos o sis-
tema e lutamos para sair dele, temos que deixar para
trás tudo o que esse velho modo de viver nos ensinou.
Os sentimentos não fazem parte do sistema, são os
problemas individuais de cada um, mas que adquiri-
mos através do sistema. Agora que temos essa visão
de que tudo o que somos era causado por um sistema
incontrolável, podemos partir em busca de nossa li-
berdade.
Todos temos em nós lembranças do passado, nos
lembramos de momentos felizes, mas nos lembramos
muito mais de momentos tristes e dolorosos. Por que
isso acontece?
Sempre que passamos por uma dificuldade, ou so-
mos agredidos de alguma forma por alguém, criamos
um trauma dentro de nós mesmos. Esse trauma é
muito mais forte do que as boas lembranças e as vezes
permanecem conosco por uma vida inteira.
Acredito que todos tenham passado por algum tipo
de trauma, e para validar o que estou tentando dizer,
basta você voltar ao passado de sua vida toda e come-
çar a lembrar por tudo o que já passou.
Você passou por muitas alegrias, mas observe que
as experiências de tristezas e traumas, são mais pro-
fundas na consciência. Outro fator que nos aprisio-
nam no passado são os nossos erros. Assim como so-
fremos injustiças, também cometemos injustiças com
outras pessoas.
Algumas atitudes ruins que fazemos, guardamos
dentro de nós, assim como os traumas. Todo esse con-
junto de dores, são os principais motivos que nos ti-
ram a verdadeira liberdade e prazer em viver. A ver-
dadeira liberdade, consiste em não deixar que nada do
que você tenha feito e nada do que fizeram a você,
causar incomodo em sua vida.
Para obter isso, precisamos de uma ação que só
pode ocorrer dentro de nós mesmos, o perdão.
O perdão não precisa ser pedido a pessoa que sofreu
alguma injustiça de sua parte (Embora se isso for pos-
sível deve ser feito), pois na verdade, ninguém nunca
vai saber se foi perdoado ou não. O perdão reside den-
tro de nós, temos que perceber que a todo momento
que nesse sistema que glorifica o poder do homem,
todos estão sujeitos a cometer erros pelos desejos e
pelo ego.
Perdoar, é si perdoar também. Quando enxergamos
que os erros que cometemos, em sua grande maioria,
era porque não estávamos livres, estávamos ainda
presos no sistema, vamos perceber que muitos desses
erros, pertenciam ao nosso antigo ego, que iludido pe-
las sensações mundanas, agia de forma egoísta.
Jean Jacques Rousseau nos deixou os seguintes
pensamentos “O homem nasce bom, mas a sociedade
o corrompe”, “O homem nasce livre, e por toda parte
se vê acorrentado”
Essa sociedade que ele cita, é nada mais do que a
sociedade dominada pelo sistema que explicamos an-
teriormente, e suas correntes são as ilusões do sistema
que nos aprisionam. Temos que ter em mente que a
maioria das pessoas, estão inseridas na sociedade e
dominadas pelo sistema. Não são todos que procuram
por sabedoria para se livrarem das dores e ilusões que
possuem. O conforto de não pensar em nossos pró-
prios atos é mais prazeroso do que os corrigir.
A maioria das pessoas que estão perturbadas emo-
cionalmente, é pelo simples fato de permanecerem na
ignorância. Quando entendemos que muitas das vezes
agimos por instinto ou porque não tínhamos o conhe-
cimento que temos agora, automaticamente nos per-
doamos.
O perdão precisa ser verdadeiro, muitas pessoas não
vão conseguir isso do dia para noite, essa é uma tarefa
árdua, mas é preciso tentar todos os dias sem se mos-
trar cansado. Você não pode guardar nenhum rancor,
nenhuma mágoa. Seu coração e sua mente precisam
abandonar todo o sentimento de culpa e revolta.
Quando você consegue perdoar com o coração sin-
cero, esse perdão volta para você. Você vai sentir que
os erros que também cometeu serão perdoados.
O perdão não é algo que vem de Deus e sim de
nossa própria consciência. Uma vez livre de toda ma-
goa, toda culpa e todo rancor, o espírito encontra-se
livre e pronto para iniciar uma nova jornada pela vida.

Conhecendo a ti mesmo

Aprendemos muito até aqui, mas o que precisamos


realmente aprender, é conhecer nossa própria essên-
cia, porque somos o que somos e onde podemos me-
lhorar.
“Conheça-te a ti mesmo e conhecera o universo e os
Deuses, porque se o que procuras não achares pri-
meiro dentro de ti mesmo, não acharás em lugar al-
gum”. Essa frase está escrita no templo do Oráculo de
Delfos na Grécia e também é atribuída a Sócrates.
O oráculo de Delfos, era venerado pelos gregos, foi
construído em homenagem ao deus Apolo (Deus da
luz, sol, profecia e verdade). Os gregos recorriam ao
Oráculo para fazerem perguntas sobre o dia a dia da
vida, sobre a verdade e sobre os Deuses. Os gregos
acreditavam que no Oráculo, ficavam os deuses e
deusas orientando as pessoas.
Quando buscamos o autoconhecimento, estamos
procurando dentro de nós a verdadeira natureza de
nosso ser. Porque é importante nos conhecermos?
Apesar de todos seres humanos serem diferentes, as
sensações, medos, frustrações, alegrias e tristezas fa-
zem parte de todos nós. Outro fator importante de co-
nhecermos a nós mesmos, é que com isso, não vamos
julgar mais as outras pessoas, já que no capítulo ante-
rior falamos sobre o perdão, vamos nesse reforçar a
ideia de não culpar ninguém pelos seus atos. Mas
como seria isso?
Quando nos colocamos no lugar do próximo e fa-
zendo uma análise de tudo o que essa pessoa já pas-
sou, vamos entender que existe nela uma corrente psi-
cológica do sistema que muitas vezes levam as pes-
soas a fazerem loucuras.
Imagine que você seja uma criança em algum país
qualquer que pregue o terrorismo. Desde seu nasci-
mento, o sistema desse país, seja religioso ou político,
ilude a mente dessa criança. Em toda sua vida, ela vai
ouvir que se sacrificar em nome de seu país ou sua
religião, irá trazer grandes horarias no céu. Essa cri-
ança tem uma alta probabilidade de realizar essa mis-
são, vemos terrorismo por todos os lados.
Para essa criança, isso vai passar a ser uma reali-
dade, por mais que saibamos que é uma ilusão, fica
difícil alguém chegar a compreender isso sendo ma-
nipulada desde pequeno, é como uma lavagem cere-
bral. O mesmo ocorre com um ladrão, com um assas-
sino e com a pior das criaturas (Não que a maldade
nas pessoas não exista, mas precisamos saber o que
está levando elas a cometerem esses erros).
Agora imagine que você é essa criança que está
sendo envenenada desde seu nascimento pelo sis-
tema, como você agiria? Com certeza você já respon-
deu em sua mente que não faria algo assim, e que não
seria um terrorista, mas você não percebe que tudo o
que já está na sua mente, faz parte do aprendizado que
você obteve na vida.
Nós nunca poderemos responder com absoluta pre-
cisão, como iríamos agir diante a uma situação des-
sas, porque não temos total consciência de quem so-
mos. É evidente que nem todas as crianças vão nascer
e morrer na ignorância de uma ideia absurda, mas é
uma minoria que vai se questionar e tentar acreditar
em algo diferente.
Quando adquirimos essa forma de conhecimento,
vamos nos livrar de fazer um julgamento sobre qual-
quer pessoa. Um ótimo livro que li que demonstra
esse pensamento, é A Cabana de William P. Young.
Indico esse livro a todos que conheço, foi um dos me-
lhores que já li.
De nada adiante nós nos perdoarmos para continu-
armos a julgar os outros, isso vai regredir tudo o que
conquistamos até agora. Por isso, conhecendo a si
próprio, você vai perceber o quanto tudo o que você
pensa e crê foi influenciado por tudo o que viveu.
Você vai chegar à conclusão de que até o momento
presente, você nem o conhecia verdadeiramente.
Após termos conquistado a liberdade, o autoconhe-
cimento é fundamental para prosseguirmos em busca
da verdade. Comece a perceber todos os seus senti-
mentos, todas as suas emoções, qual a fonte de tudo
isso, o que lhe faz realmente feliz, como você deve
agir perante a humanidade.
Fazendo isso, você vai começar a perceber coisas
que lhe fazem mal ou bem, o que lhe traz alegria ou
tristeza, e tendo esse conhecimento, vai sempre pro-
curar pensar antes de exercer uma ação, porque estará
antecipando em você mesmo a responsabilidade de
seus atos.
A meditação

Uma das maneiras mais fáceis de entendermos a nós


mesmos, é através da meditação.
Meditar não significa que você tenha que ficar em
posição de Lótus ou alguma outra posição específica,
embora os místicos acreditam que a posição de Lótus
nos torna um canal mais fácil para nos energizarmos.
Para meditar, você precisa estar em uma posição
confortável, em um lugar silencioso e calmo. Meditar
é aquietar a mente, é deixar todos os pensamentos se
dissiparem, fazendo com que você permaneça imóvel
e tranquilo.
Quando meditamos, energizamos nosso corpo e
nosso espírito, o objetivo da meditação é acalmar nos-
sos anseios, mas muitas pessoas que meditam, conse-
guem obter respostas para suas perguntas inconclusi-
vas.
Existem vários tipos de meditação. Na meditação,
precisamos controlar a respiração. O fluxo de oxigê-
nio, quando respiramos profundamente, tranquiliza-
mos nossa mente.
Foi através da meditação, que Buda conseguiu atin-
gir o Nirvana, ou a vacuidade da inexistência.
A Samãdhi, é uma forma de contemplação e medi-
tação completa, através dela, podemos nos unir em
comunhão com o universo. Essa forma de meditação,
demora tempos para ser conquistada, a mente precisa
estar completamente pacifica e quieta.
Quando conseguimos esse grau de meditação, sen-
tiremos que somos parte de uma única essência, que
tudo no universo está ligado a nós, esse é o principal
intuito da meditação, a paz e união com o todo, assim
como buscar respostas para nossas perguntas.
Muito do que a ciência sabe hoje, já estava escrito
nos Vedas, antigos textos do Hinduísmo escritos entre
2000 e 1500 a.c. Acredita-se que os antigos místicos
do hinduísmo, conseguiam essas respostas através da
meditação. Meditar é a melhor forma de nos sentir-
mos em paz e buscarmos sabedoria.

A compaixão

Buda nos ensina “Tenha Compaixão Por Todos Os


Seres, Ricos E Pobres; Cada Um Tem O Seu Sofri-
mento. Alguns Sofrem Demais, Outros Muito
Pouco”.
Sentir compaixão, é aprender a se projetar no lugar
do próximo, e o próximo é tudo o que existe em nosso
mundo e no universo que possua vida, acredita-se que
até a matéria tenha um certo nível de consciência.
Quando sentimos compaixão, direcionamos um pen-
samento positivo que retorna a nossa própria mente.
Compaixão não é dó e nem pena, compaixão é o
pensamento positivo diante do sofrimento que todos
nós sentimos e a luta que enfrentamos para superar
nossos obstáculos.
Perceba que todas as pessoas que sofrem nesse
mundo, estão buscando as mesmas coisas que você.
Alegria, felicidade, realizações, saúde e mais uma sé-
rie de sonhos pessoais, a diferença, é que quem está
buscando conhecimento, procura se sentir feliz com
pouco e valorizar o que tem, mas não é assim que a
maioria das pessoas pensam, algumas fazem de tudo
para satisfazerem seus desejos, elas estão cegas, nada
veem a sua frente.
As pessoas que estão nesse caminho errado, fazem
parte do sistema que falamos, elas colocam como
meta para felicidade um bem material ou uma con-
quista, e quando atingem seus objetivos, aparecem
sempre outros maiores, mantendo as pessoas em um
ciclo vicioso sem fim.
Sentir compaixão pelo próximo, não é de maneira
alguma se sentir superior a ele, e sim ter em nossa
consciência que aquele próximo poderia ser nós mes-
mos.
Conforme nossa compaixão aumenta, aumenta tam-
bém em nós o desejo de ajudar as pessoas. Eu acredito
que a melhor forma de buscarmos a paz e a espiritua-
lidade, é através da caridade.
Todas as pessoas sem teto, que moram nas ruas, que
estão presas por crimes que cometeram, que não estão
saudáveis, merecem nossa compaixão. A princípio,
isso parece impossível, mas conforme vamos evolu-
indo e entendendo que a maioria das pessoas que fa-
zem o mal estão completamente cegas, vamos enten-
dendo que o mal que elas fazem não são compreendi-
dos nem por elas mesmas.
Quando você ajuda o próximo, na verdade você está
ajudando a si mesmo, pois tudo no universo faz parte
de uma mesma fonte, e tudo que vai volta.
A compaixão também nos traz a gratidão, a maioria
de nós em algum momento da vida, reclamamos de
muitas coisas que não tínhamos e ignoramos o que já
tínhamos conquistado porque nada satisfazia nossos
desejos.
Ter gratidão, é sentir felicidade pelo que temos, não
só pelos bens matérias, mas por nossa saúde, nossa
vida e tudo o que faz parte dela.
Devemos sempre sonhar em realizar os nossos so-
nhos, quase tudo o que temos hoje foram coisas que
sonhamos um dia, mas não podemos deixar de ser
gratos pelo que já conquistamos.
Basta você ligar sua televisão em um noticiário, que
vai perceber o número de pessoas que não possuem
metade do que temos, pessoas em meio a conflitos e
guerras, pessoas com a saúde comprometida, pessoas
oprimidas por seus credos e até por suas raças e ori-
entação sexual. Poucas são as pessoas que sentem
compaixão por todos, e menor ainda são as que pro-
movem a caridade e ainda menor as que possuem gra-
tidão.
A verdadeira riqueza, não consiste em ter tudo o que
desejamos, mas sermos felizes com tudo o que já pos-
suímos.
Outro fator importante da compaixão, é desenvol-
vermos em nós, uma tendência de unificação com o
universo e a vida. Quando percebemos que todas as
coisas fazem parte de um único plano ao qual também
estamos inseridos, vamos se unificar com todo o
cosmo, desde o micro, até o macrocosmo (desde um
átomo até uma estrela). Quando chegamos nesse es-
tágio, iremos desenvolver em nós mesmos a capaci-
dade de contemplação.
Vamos ver tudo com outros olhos, encontrar felici-
dade nas pequenas coisas, ver toda a beleza da criação
bem diante de nossos olhos.
Vamos perceber o quanto as pequenas coisas e ges-
tos que antes ignorávamos, agora nos trazem uma
enorme alegria, e a cada dia que se passe, vamos che-
gar à conclusão de que temos tudo para alcançar a fe-
licidade.

A contemplação

Contemplação é a expressão da vida e espirituali-


dade que há em cada um de nós. É a consciência de
que tudo o que é vivo faz parte de uma mesma cria-
ção. Depois de desenvolvermos em nós a compaixão,
o próximo caminho para a felicidade plena é a con-
templação.
Podemos contemplar uma música, uma obra de arte,
um ser vivo, uma criança uma paisagem e as estrelas.
Existem milhares de coisas a serem contempladas.
Um dos mais belos textos sobre a contemplação, é o
famoso o Deus de Espinoza que vamos ler a seguir.
O Deus de Espinoza

“Pare de ficar rezando e batendo no peito! O que eu


quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de
tua vida.
Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfru-
tes de tudo o que eu fiz para ti.
Pare de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios
que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha
casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques,
nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde eu vivo e aí
expresso meu amor por ti.
Pare de me culpar da tua vida miserável. Eu nunca
te disse que há algo mau em ti ou que eras um peca-
dor, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é
um presente que eu te dei e com o qual podes expres-
sar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me
culpes por tudo o que te fizeram crer.
Pare de ficar lendo supostas escrituras sagradas que
nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num ama-
nhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos
olhos de teu filhinho. Não me encontrarás em nenhum
livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me
dizer como fazer meu trabalho?
Pare de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem
te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te
castigo. Eu sou puro amor.
Pare de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se
eu te fiz… Eu te enchi de paixões, de limitações, de
prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoe-
rências, de livre-arbítrio.
Como posso te culpar se respondes a algo que eu
pus em ti?
Como posso te castigar por seres como és, se eu sou
quem te fez?
Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a
todos meus filhos que não se comportem bem, pelo
resto da eternidade?
Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer
tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular,
para te controlar, que só geram culpa em ti.
Respeita teu próximo e não faças o que não queiras
para ti.
A única coisa que te peço é que prestes atenção a
tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um
passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio
para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora,
e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem
castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva
um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolu-
tamente livre para fazer da tua vida um céu ou um
inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida,
mas posso te dar um conselho. Vive como se não o
houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade
de aproveitar, de amar, de existir.
Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportu-
nidade que te dei. E se houver, tem certeza que eu não
vou te perguntar se foste comportado ou não.
Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste…
Do que mais gostaste? O que aprendeste?
Pare de crer em mim – crer é supor, adivinhar, ima-
ginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que
me sintas em ti.
Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada,
quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu
cachorro, quando tomas banho no mar.
Pare de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu
acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem.
Me cansa que agradeçam.
Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de
tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes
olhado, surpreendido?… Expressa tua alegria! Esse é
o jeito de me louvar.
Pare de complicar as coisas e de repetir como papa-
gaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é
que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo
está cheio de maravilhas.
Para que precisas de mais milagres?
Para que tantas explicações?
Não me procures fora!
Não me acharás.
Procura-me dentro… aí é que estou, batendo em ti.
- Baruch Spinoza.

Contemplar é nada mais nada menos do que reco-


nhecer a beleza da criação de Deus. Quando contem-
plamos, enxergamos em cada criatura a mão do cria-
dor e sentimos que todas as coisas vivas, como as não
vivas, merecem admiração desde que nos traga felici-
dade e paz.
Quando contemplamos, nos aproximamos de Deus,
sentimos sua presença em tudo e reconhecemos que o
maior milagre da vida é a própria existência.
Muitas pessoas procuram respostas na ciência, na
filosofia e na teologia, mas a contemplação vai além
disso, ela nos dá uma clara visão de que existe uma
harmonia na natureza e no universo, e quando nos
unimos a isso, sentimos grande satisfação em fazer
parte de toda essa existência.
Há muitas maneiras de contemplar, podemos con-
templar olhando as estrelas e a imensidão do uni-
verso, podemos contemplar o sorriso de uma criança,
a alegria de um cachorro. Podemos contemplar o bri-
lho do sol e da lua, a suavidade de uma chuva, a be-
leza de uma arte e a tranquilidade de uma música.
A contemplação é como uma espécie de meditação,
onde você foge de si mesmo para viver na beleza das
maravilhas que existem nesse mundo. Quem aprende
a contemplar tudo ao seu redor, com certeza vivera
mais feliz, com menos dores emocionais e mais ale-
gria no espírito.
Depois que aprendermos a contemplar verdadeira-
mente as belezas da existência, só nos resta uma coisa
a fazer, e talvez, a mais difícil, procurar uma espiritu-
alidade que nos deixe totalmente em paz, mas para
isso termos que separar a ilusão da verdade.
A Filosofia e Deus

Buscar espiritualidade não é algo fácil. A maioria


das pessoas costumam se entregar a somente um tipo
de crença, seguem uma série de dogmas e supersti-
ções que acreditam serem verdadeiras.
Tudo o que sabemos sobre as religiões, foi escrito
pelos homens (Alguns acreditam na hipótese de que
foram seres de outros planetas que escreveram os li-
vros sagrados), pode haver um mistério nisso tudo,
mas não conseguimos provar nada.
Uma boa forma de conquistar sua espiritualidade, é
estudando as principais religiões do mundo, todas
possuem acertos e erros, estude e elimine tudo o que
não tem coerência com a verdade.
Lembre-se do templo de Delfos e da frase de Sócra-
tes, conheça-te a ti mesmo.
Todos nós estamos em uma mesma jornada no ca-
minho da luz espiritual, todos queremos segurança
em nossas crenças, mas o que poucos realmente fa-
zem, é seguir o que suas religiões determinam.
A maioria das pessoas se dizem religiosas, pelo
simples fato de terem o conforto de acreditar que uma
força superior que as protege. Quantas pessoas boas
morrem todos os dias? Devemos realmente acreditar
que Deus possa interferir no destino da humanidade?
Essas são questões que nunca vamos saber, por isso,
e de extrema importância que temos que separar a ilu-
são da verdade.
Há milhares de anos atrás, quase todas as civiliza-
ções que conhecemos tentaram buscar Deus através
da fé associada com as crenças e mitologias de suas
culturas. As pinturas de Lascaux, nos mostram que a
mais de 15 mil anos, o homem já queria se conectar
com a natureza e seu criador.
Lascaux pode ser visto como um santuário onde es-
tão exibidas pinturas de cavalos, cervos, cabras e ou-
tros animais. Essa curiosidade, sentimento caracterís-
tico da personalidade humana, ecoa até os dias de
hoje.
Hoje nos fazemos as mesmas perguntas. De onde
viemos? Por que estamos aqui? Para onde vamos?
Qual o significado de existir? Segundo a filosofia, es-
sas são questões metafísicas que não possuem uma
resposta exata, e se possui, dificilmente nós sabere-
mos a verdade com exatidão. O que podemos saber, é
uma porção de ensinamentos que nos podem esclare-
cer ou nos dar uma ideia melhor do que possa ser uma
possível realidade objetiva para todos nós, mas não
podemos nos alimentar somente da razão, somos tam-
bém um conjunto de sensações que anseiam por uma
resposta, procuramos um caminho que nos de segu-
rança e paz, motivo que levou o homem a tentar en-
tender o conceito de Deus.
Existem deuses no antigo Egito, existem deuses
Gregos, Incas, Astecas, Maias entre outros dos quais
não temos muito conhecimento, mas isso nos traz a
mente essa questão que nunca quer calar, Deus existe
ou não?
O homem vem procurando por essa resposta desde
o início de seu surgimento no planeta Terra, e até
hoje, nunca atraiu para si uma ideia satisfatória, por
esse motivo, tantas religiões, tantas ideias e tanta con-
trovérsia.
De um lado a ciência busca explicar todos os fenô-
menos do universo, enquanto a religião, acredita que
só se pode chegar a Deus através da fé. Mas como se
deve ter fé? Devemos se basear em algum livro reli-
gioso? Acreditar no que alguns homens falaram?
Qual o caminho que deve se tomar para preencher
esse vazio interior que sentimos diante dessa questão?
Lembre-se do que Buda disse, “Não acredite em
tudo o que você lê, não acredite em tudo que lhe dis-
serem, duvide de tudo, questione tudo, seja fonte de
sua própria luz”. Esse pensamento nos mostra clara-
mente, onde devemos buscar por essas respostas, den-
tro de cada um de nós. O fato de milhares de pessoas
aceitarem uma religião como verdade é mais confor-
tável, afinal, quem quer ficar se questionando sobre
uma pergunta que até hoje nunca foi esclarecida?
Para termos uma noção melhor de como buscar uma
possível verdade espiritual, vamos analisar como al-
guns dos mais importantes filósofos e pensadores en-
xergavam Deus.

Deus segundo Platão

Platão, nascido em Atenas na Grécia, foi um dos


maiores e principais filósofos gregos da antiguidade,
discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles. Para
ele, Deus era a essência do bem, portanto, afirma-se
que Deus é o ser, a vida e a ação. Segundo ele, “nós
somos uma criação admirável saída das mãos de
Deus, só ele dirige nossa própria vida, por isso as coi-
sas humanas não são dignas de si”, logo o homem
justo, bom e honesto amará a Deus de coração. Para
ele é através da oração que podemos nos unir a Deus
de forma infinita, e para provar sua existência ele re-
corre a duas provas: A primeira é a própria existência
do mundo: Deus é demiurgo (Divindade responsável
pela criação do universo). A segunda é baseada no
movimento, para ele o mundo está em movimento or-
denado, assim como os planetas e esferas terrestres.
Para que exista o movimento é preciso de um motor.
Para ele existem dois motores, o corpóreo e a alma. O
corpo é estático, é sempre movido por outro antes de
se mover e a alma apresenta em si o princípio do mo-
vimento, portanto, a alma domina o corpo.

Deus segundo Aristóteles

Aristóteles também foi um filósofo grego nascido


em Estagira na Grécia. Ele acreditava que a causa ini-
cial e final de todas as coisas era Deus, ou seja, para
encontrar a causa primeira, ele recorre para a análise
investigativa como princípio onde tudo foi gerado.
Para ele, Deus passa da ideia para se concretizar por
via da racionalidade do homem, passando a ser um
atributo real.
Aristóteles deu o nome de teologia a mais alta das
ciências, e mesmo vivendo em uma época onde eram
adorados os deuses do Olimpo, ele acreditava que ha-
via um único Deus, eterno e existente para o mundo.
Para ele, o movimento também era a essência de
Deus, que move a tudo mas não pode ser movido e
essa experiência, aponta para o ser eterno, real e puro,
aquilo que é movido sem mover a si mesmo.

Deus segundo Santo Agostinho

Santo agostinho, acreditava que Deus era o amor


que unificava todo o universo e a existência, todas as
criaturas tinham como meta se unificar a Deus através
do amor.
Em toda sua filosofia, Santo Agostinho tenta buscar
por uma verdade que se revelaria através da fé em
Cristo, porém, ele acreditava que nunca iríamos en-
contrar a verdade em Deus e sim que poderíamos al-
cançar a luz da razão eterna. Em sua filosofia, não
existem provas formais para demonstrar a existência
de Deus, Deus é íntimo do homem, mais íntimo que a
própria intimidade humana
Para ele Deus é amor, bondade e infinitude, que no
princípio fez o céu e a terra, e nós, somos a razão da
criação da bondade de Deus. Deus eu seu querer, não
tem outro fim se não o próprio Deus, e sua criação é
espontânea, que vem de sua própria vontade. Em
Deus estão as ideias de todas as coisas e suas formas.
Deus segundo Tomás de Aquino

São Tomás de Aquino, acreditava que Deus era a


causa de todas as coisas, e esse todo pode ser encon-
trado somente em cada indivíduo, a essência de Deus
é próprio ser. Para ele, não existe diferença entre fé e
razão, visto que Deus é a causa de tudo.
Ele também acreditava que a alma era imortal por-
que era imaterial, e tudo o que é imaterial é imortal.
Apesar de Deus ser tudo, ele não acreditava que
Deus interfere em sua criação. A felicidade do ho-
mem só pode ser encontrada em Deus, na contempla-
ção da verdade seguindo um caminho divino.
Tomás de Aquino ganhou grande notoriedade por
elaborar as cinco vias que provam a existência de
Deus, vamos vê-las a seguir:

Primeiro motor imóvel: esta primeira via supõe a


existência do movimento no universo. Porém, um ser
não move a si mesmo, só podendo, então, mover ou-
tro ou por outro ser movido. Assim, se retroagirmos
ao infinito, não explicamos o movimento se não en-
contrarmos um primeiro motor que move todos os ou-
tros;
Primeira causa eficiente: a segunda via diz res-
peito ao efeito que este motor imóvel acarreta: a per-
cepção da ordenação das coisas em causas e efeitos
permite averiguar que não há efeito sem causa. Dessa
forma, igualmente retrocedendo ao infinito, não po-
deríamos senão chegar a uma causa eficiente que dá
início ao movimento das coisas;

Ser Necessário e os seres possíveis: a terceira via


compara os seres que podem ser e não ser. A possibi-
lidade destes seres implica que alguma vez este ser
não foi e passou a ser e ainda vem a não ser nova-
mente. Mas do nada, nada vem e, por isso, estes seres
possíveis dependem de um ser necessário para funda-
mentar suas existências;

Graus de Perfeição: a quarta via trata dos graus de


perfeição, em que comparações são constatadas a par-
tir de um máximo (ótimo) que na verdade contém o
verdadeiro ser (o mais ou menos só se diz em referên-
cia a um máximo);

Governo Supremo: a quinta via fala da questão da


ordem e finalidade que a suprema inteligência go-
verna todas as coisas (já que no mundo há ordem!),
dispondo-as de forma organizada racionalmente, o
que evidencia a intenção da existência de cada ser.
Essas vias têm muito em comum com o princípio da
causalidade de Aristóteles. Vale também notar como
Tomás de Aquino concebe o homem. Para ele, o ho-
mem é um ser intermediário. É composto de corpo
(matéria) e alma (forma) sem as quais nada significa,
isto é, nada é isoladamente e sim um conjunto de fa-
tores. Assim, o homem é um ser intermediário entre
os seres de forma mais elementar, como os minerais,
as plantas e os animais, e os seres mais perfeitos como
os anjos e Deus. O homem possui as características
dos anteriores a ele e também dos procedentes na hi-
erarquia do universo.

Deus segundo Espinoza

Baruch Espinoza, não acreditava que Deus era um


ser que governava a humanidade segundo o seus de-
sígnios e vontade. Ele acreditava que Deus fez todas
as coisas para proveito do homem.
Espinoza dizia que Deus e a natureza são dois no-
mes para a mesma entidade. Para ele, Deus era a base
de sustentação e a condição subjacente da realidade
como um todo. Tudo está em Deus, tudo vive e se
movimenta em Deus. A partir da infinita natureza de
Deus, todas as coisas tendem a uma mesma necessi-
dade.

Deus segundo René Descartes

René Descartes, conhecido como o pai da filosofia


moderna, acreditava que a proximidade de Deus só
era possível através do pensamento racional, visto
que todo pensamento prova sua existência. Ficou fa-
moso pela expressão “Penso, logo existo”, mesmo
que uma pessoa duvide que o pensamento exista, essa
sua dúvida já é um pensamento.
Uma vez seguindo a razão, descartes passa buscar a
ideia de perfeição. Ao questionar a origem da ideia de
Deus, ele se vê com o problema de que essa idéia não
poderia ter surgido do nada, pois o nada, nada cria,
muito menos um ser perfeito pode ter surgido do
nada.
Ele também dizia que um ser imperfeito não poderia
ser criado por um ser perfeito. Um ser perfeito pode
ser sua própria causa, ao contrário de um ser imper-
feito.
A ideia de perfeição está na razão e sugere a exis-
tência de um ser perfeito, pois seria contraditória a
existência da perfeição sem um ser perfeito que tenha
criado a tudo. Assim, a existência de uma ideia de
perfeição que existe em nossa mente, comprova a
existência de um ser perfeito que a criou e a colocou
em nossa razão, ou seja, um ser que pode ser chamado
de Deus.

Deus segundo Rousseau

Jean Jacques Rousseau diz: “Creio que uma von-


tade move o universo e anima a natureza” e o faz,
além disso, segundo suas leis.
Em Emílio, Rousseau mostra claramente sua forma
de pensar a respeito de Deus: “A este ser que quer e
que pode, a este ser ativo por si mesmo, a este ser,
enfim, qualquer que seja, que move o universo e or-
dena as coisas, chamo-o Deus”
Rousseau acredita em um Deus que se manifesta na
natureza humana, mas que está longe do sentido e en-
tendimento humano. Para ele, Deus é uma manifesta-
ção natural fundada na natureza humana e na experi-
ência da ordem do mundo e das coisas que existem
como manifestações de Deus.
Deus segundo Voltaire

Voltaire era considerado “deísta” (embora ele


mesmo use o termo teísmo para designar sua concep-
ção de Deus). Acredita que Deus se manifesta ao ho-
mem não pela revelação histórica como a tradição ju-
daico-cristã, mas através da razão, de modo que, ne-
gar a existência de Deus seria um absurdo, pois se-
gundo ele: “Deus existe como a coisa mais verossímil
que os homens podem pensar e a proposição contrária
como uma das mais absurdas”
Voltaire acreditava numa ordem inerente à natu-
reza. Uma prova desta ordem inerente é o fim com
que cada coisa se relaciona, pois este fim comprova
que existe uma função para cada coisa no universo,
conforme seu pensamento: “Não há arranjo sem ob-
jeto, nem efeito sem causa; logo tudo é igualmente o
resultado, o produto de uma causa final; logo, é tão
verdadeiro dizer que os narizes foram feitos para res-
pirar oxigênio, como é verdadeiro dizer que as orelhas
foram formadas para ouvir os sons e os olhos para re-
ceberem a luz”
Deus segundo Immanuel Kant

Segundo Immanuel Kant, só conhecemos os objetos


no espaço tempo. Tentar conhecer a existência de
Deus através da razão é sucumbir ao fracasso. O ho-
mem além de ser um ser racional, segundo Kant, tam-
bém é um ser emocional e moral. E segundo Kant, é
somente através desse caminho que podemos chegar
ao encontro e existência de Deus.
Toda a preocupação que Kant demonstra quanto às
provas da existência de Deus, têm relação com sua
teoria do conhecimento e sua divisão entre o mundo
dos fenômenos. A razão não deve tentar ultrapassar o
mundo da experiência, que é o mundo do fenômeno.
Toda a Teologia é inútil nesse caso.
Kant acreditava que tudo que fosse algo de estudo e
especulação, deveria ser sentido e provado por todos,
por isso sua ideia de Deus era tão radical, mas mesmo
assim ele nos deixou o ensinamento de que pela moral
e bondade que está no homem, poderíamos chegar a
Deus
Ao estudarmos com calma todas essas interpreta-
ções de Deus, encontramos certa coerência entre os
pensamentos, podemos concluir que é através dos
sentidos julgados pela razão que podemos nos apro-
ximar do grande criador ou arquiteto do universo.
Isso nos mostra claramente, que Deus está no ín-
timo de cada um, visto que todas as pessoas interpre-
tam a sensibilidade de forma diferente e fazem uso da
razão segundo suas ideologias. Deus é subjetivo, é
algo pessoal, cada um viveu um conjunto de experi-
ências que o levaram a crer em Deus a sua maneira.
Vamos expor agora, um paralelo entre a ciência e a
religião sobre os mistérios da criação.

Ciência e religião

Muito antes da civilização ocidental e da linguagem


escrita, a ciência e a espiritualidade não eram separa-
das. Na Bíblia, encontramos no evangelho de João se-
guinte ensinamento: “No princípio era o verbo”, mas
no texto original o termo usado era “Logos”.
Logos é conjunto harmônico de leis que comandam
o universo, formando uma inteligência cósmica oni-
presente que se plenifica no pensamento humano.
O filosofo grego Heráclito que viveu 500 anos antes
de Cristo, se referiu a logos como a origem de toda
criação, padrão e forma. Os estoicos que seguiram os
ensinamentos de Heráclito, acreditavam que o logos
era o princípio divino do universo, aquele que co-
nhece logos, conhece a verdade
Observamos um universo maravilhosamente es-
truturado e seguindo certas leis. Nossa mente limitada
não consegue compreender a misteriosa força que
move as constelações e galáxias. Todo cientista que
observa o universo com atenção e todo místico que
busca em seu interior respostas, acabam chegando nas
mesmas conclusões.
Platão acreditava de maneira misteriosa, que existia
uma chave de ouro que unifica todo os mistérios do
universo. É com essa chave de ouro que retornaremos
ao tempo através de nossas pesquisas. A chave dou-
rada é a inteligência de Deus, a fonte de onde tudo
emana, podemos dizer que é a mente de Deus.
Com os nossos sentidos limitados, só observamos o
que está por fora da mecânica oculta do universo. A
fonte dessa perfeição, é o maior mistério de nossa
existência. Muito dos maiores pensadores da história
como Pitágoras, Keppler, Leonardo da Vinci, Nikola
Tesla e Einstein chegaram próximo desse mistério.
Einstein disse “A coisa mais bela que podemos viven-
ciar é o mistério, ela é fonte fundamental de toda ver-
dadeira arte e ciência”
Todo universo, assim como a existência, está re-
pleto de mistérios. Muito do que temos, são somente
teorias que colocam o homem em uma situação difícil
de prová-las.
A teoria do Big Bang, diz que o universo físico sur-
giu de um ponto inimaginável, quente e denso cha-
mado singularidade, bilhões de vezes menor que a ca-
beça de um alfinete. A teoria não diz porque ou como
aconteceu.
De alguma forma, há mais massa no universo que
os físicos previam. Ao explicar sobre a massa encon-
trada, os físicos agora dizem que o universo é for-
mado por 4% de matéria atómica, ou o que conside-
ramos matéria normal, 23% do universo é matéria es-
cura e 73% é energia escura, que acreditávamos ser
um espaço vazio.
Todas essas energias estão conectadas entre si. É
como se fosse um sistema invisível que percorre todo
o universo conectando todas as coisas.
Os antigos mestres védicos, ensinavam que o uni-
verso é vibração. O campo vibratório é a raiz de toda
real experiência espiritual e investigação cientifica. É
o mesmo campo enérgico que os santos, budas, io-
gues, místicos, padres, xamas e videntes observam ao
olharem dentro de si mesmos.
Na Kaballah, ou misticismo judaico, falam sobre o
nome divino de Deus, o nome que não deve ser pro-
nunciado porque é uma vibração que está em todo lu-
gar e em toda matéria, tudo é a palavra sagrada.
Isso é a raiz comum de todas as religiões. No bu-
dismo Maaiana do século 3, descreve uma cosmolo-
gia não muito distante da avançada física moderna da
atualidade.
A rede de joias de Indra, é uma metáfora usada para
descrever um ensinamento védico muito mais antigo,
o qual ilustra a maneira que o tecido do universo foi
criado. Indra, o rei dos deuses, deu origem ao sol e
movimenta os ventos e a agua. Imagine uma teia de
aranha que se estende por todas as direções, a teia é
feita de gotas de água, em cada gota de água refletida,
você encontrara o reflexo de todas as outras gotas. A
teia inteira nesse reflexo e assim por diante até o infi-
nito.
A rede de Indra, pode ser descrita como um uni-
verso holográfico, onde até mesmo o menor feixe de
luz, possui o modelo completo do todo (como se exis-
tisse uma matéria única no universo presente em tudo
o que existe).
O cientista Nikola Tesla, considerado o homem que
inventou o século 20, foi o responsável pela desco-
berta da corrente elétrica alternada e muitas outras
criações que fazem parte de nossa vida atual. Devido
ao seu interesse pelas antigas tradições védicas, Tesla
teve uma posição única ao entender a ciência através
dos modelos oriental e ocidental.
Como todo grande cientista, Tesla observou inten-
samente os mistérios do mundo externo, mas buscou
intensamente dentro de si mesmo as respostas que
procurava. Como os antigos iogues, Tesla usou o
termo Akasha para descrever a expansão etérea que
se estende através de todas as coisas.
Tesla estudou com um iogue que trouxe os antigos
ensinamentos da Índia ao ocidente. Nos ensinamentos
védicos, a Akasha é o próprio espaço, o espaço que
outros elementos preenchem que existe juntamente
com a vibração, ambos são inseparáveis
Essa ideia de que tudo na natureza faz parte de uma
única existência, vem desde o hinduísmo. A maioria
dos Deuses hindus possuem atributos relacionados a
natureza do universo e da natureza humana. Shiva é
considerado o destruidor, mas de sua destruição cria
o novo, é um aspecto cíclico, que hoje é bem aceito
nas teorias de física moderna, acredita-se que o uni-
verso se expande (Big Bang), se retrai (Big Crunch) e
começa tudo novamente, dando início a outro uni-
verso.
O que se torna difícil acreditar é, como iogues e brâ-
manes da antiguidade descobriam segredos do uni-
verso sem nenhum instrumento tecnológico, alguns
acreditam que esses segredos eram obtidos através da
meditação.
Outro aspecto interessante entre ciência e religião,
é o fato de haver um observatório no Vaticano, lá tra-
balham físicos, químicos e biólogos tentando desven-
dar os mistérios da vida e do universo.
Muitos dizem que ciência e religião são opostas, na
verdade, são similares, a diferença é que a religião
busca tudo o que não sabe e atribui a falta de conhe-
cimento a Deus, Deus releva tudo, e a ciência, cria
experimentos para validar suas hipóteses. Ambas es-
tão unidas acreditando serem inimigas umas das ou-
tras.
Nikola Tesla foi um dos maiores exemplos disso,
uniu a sabedoria oriental com sua incrível inteligência
e fez as maiores descobertas da humanidade, assim
como um grande número de invenções.
Quando percebemos que tudo no universo esta in-
terligado, e que tudo se propaga através de uma vibra-
ção, podemos facilmente colocar nossa mente em har-
monia com essa vibração.
Segundo estudos da física quântica atual, quando
observamos uma matéria, ela altera seus padrões em
nível molecular. Acredita-se que em uma escala bem
pequena, que nossos pensamentos emitem ondas no
mundo físico, alguns cientistas acreditam que um dia,
poderemos desenvolver habilidades como telepatia e
telecinésia.
Essas ondas e vibrações que emitimos, precisam es-
tar em harmonia as forças do universo. Buda nos dei-
xou um pensamento sobre isso “A lei da mente é im-
placável. O que você pensa, você cria; O que você
sente, você atrai; O que você acredita. Torna-se reali-
dade”. Muitos místicos acreditam na força do uni-
verso assim como em suas leis, e para buscar o cami-
nho da luz, precisamos estar em harmonia com essas
forças.

O caminho da luz

Vivemos a vida buscando felicidade nas coisas ex-


teriores, como se fosse uma mercadoria. Nos torna-
mos escravos de nossos próprios desejos, a felicidade
não é algo que pode ser comprado como um produto
barato, isso é ilusão.
No budismo, o Samsara ou a roda do sofrimento, se
propaga pela busca do prazer. Tudo o que fazemos é
uma tentativa de buscar prazer, ou algo que queremos
e evitar e o que não queremos. Até um simples orga-
nismo faz isso, mas nós seres humanos, temos a ca-
pacidade de escolher nosso caminho. Somos livres
para pensar, e essa é a raiz de todos os problemas, é o
pensamento sobre o que desejamos que fugiu do con-
trole, não é errado querer ser feliz, o que é errado é
buscar a felicidade fora de nós, quando só pode ser
encontrada dentro.
Jesus foi tentado pelo demônio quando ficou no de-
serto por 40 dias, assim como Buda foi tentado por
Mara quando estava em meditação para alcançar a
iluminação, isso era eles sendo tentados pelos pró-
prios prazeres mundanos. Em ambas as histórias, o
demônio e a personificação de seus próprios desejos
e ego.
Você é os olhos dos quais a criação vê a si mesma,
quando acorda de um sonho, compreende que tudo no
sonho era você, você estava criando-o, não é diferente
do que acreditamos ser a realidade. Cada um e cada
pessoa é você, o criador nos olha através de todos os
olhos, debaixo de cada pedra, dentro de cada partí-
cula. Os olhos que olhamos, são os mesmos olhos que
nos olham de volta.
Todas as religiões possuem bons ensinamentos,
mas quando falamos em buscar um caminho de luz ou
evolução espiritual, não podemos nos apegar apenas
a uma ideia.
Já disse que é de extrema importância estudarmos
todas as religiões e agregar os bons valores que elas
passam. Mas é somente dentro do interior de cada um
que podemos desenvolver nossa espiritualidade.
Uma semelhança que existe em quase todas tradi-
ções religiosas em diferentes lugares do mundo, é o
arco de luz iluminado na cabeça dos seus místicos. A
esfera iluminada, é a imagem da energia de um ser
iluminado, ela é comum em todas as religiões ao re-
dor do mundo. Isso é encontrado no budismo, cristia-
nismo, hinduísmo, nas antigas religiões astecas até as
divindades do antigo Egito.
Antes de iniciar a busca pela espiritualidade, vamos
falar um pouco da religião mais antiga do mundo, o
Hinduísmo, assim como seu conto ou epopéia mais
famoso, o Bhagavad Gita.

O Hinduísmo

O hinduísmo surgiu na índia aproximadamente a


3000 a.c na antiga cultura védica, é a terceira maior
religião do mundo e a principal religião da Índia.
Muitos não encaram o hinduísmo como religião,
acreditam ser mais um conjunto de crenças e costu-
mes.
Apesar de ser uma religião politeísta (acreditam em
várias divindades), o hinduísmo engloba o brama-
nismo, isto é, a crença na "Alma Universal", ou Brâ-
man.
Mas o que torna o Hinduísmo tão majestoso, é sua
maneira de enxergar Deus e o universo. A maioria dos
Deus hindus tem algum aspecto da natureza humana
e das leis do universo.
Para quem não sabe, na entrada do CERN (organi-
zação europeia para pesquisa nuclear), tem uma bela
estatua do deus Shiva, como contribuição do Hindu-
ísmo para a ciência.
Mas porque estamos falando dessa religião e não de
outras? Quando se tem um profundo estudo do Hin-
duísmo, percebemos que ela é o ponto de partida de
todas as religiões que existem hoje, como Budismo,
Espiritismo e até mesmo o Cristianismo. A ideia de
trindade veio dos hindus, assim como a concepção do
nascimento de uma criança sem atividade sexual (por
meio de meditação), que depois também foi levada ao
cristianismo.
Conceitos de reencarnação, Karma, Maya e
Moksha, estão presentes nessa religião. O Karma é a
lei do eterno retorno, suas ações terão consequências
negativas que podem voltar a você, ou seja, quem pra-
tica o mal colhe o mal e quem pratica o bem colhe o
bem, isso é muito parecido com o pecado judaico cris-
tão, mas a diferença é que lá é chamado de pecado e
castigo.
O conceito de Maya, ou o mundo das ilusões, tam-
bém vem do hinduísmo. Maya seria todo o mundo
que ilude nossos sentidos, que são enganosos e nos
prendem a uma falsa realidade. Hoje quando estuda-
mos o modernismo capitalista, percebemos que é um
ciclo sem fim, a todo tempo coisas novas saem no
mercado, e o ser humano para preencher seu vazio
existencial, faz de tudo para adquirir esses produtos.
Esse é um belo exemplo de Maya, as pessoas nem se
quer se questionam se aquele objeto vai lhe trazer al-
gum benefício, mas elas querem fazer parte das pes-
soas que são consideradas “normais”. Maya seria para
nós, o sistema que falamos anteriormente, que ilude o
homem e o leva a ruina.
O conceito de reencarnação também é hinduísta,
eles acreditam que a alma vive eternamente presa ao
corpo, enquanto não nos livrarmos de todos os nossos
desejos que pretendem ser saciados pelo ego, voltare-
mos nesta vida, inclusive como outras formas de vida
diferente da humana.
O Moksha hindu, também teve muita influência nas
religiões, o Moksha é a verdadeira liberdade do
mundo de Maya, e quem o encontra se une a Deus,
não tendo mais a necessidade de voltar a essa vida
material. Esse conceito foi chamado de Nirvana pelo
Budismo, e também de reino dos céus pelo Cristia-
nismo.
Um dos mais famosos textos, ou epopeias hindus é
o Bhagavad Gita, surgido aproximadamente entre 500
a.c. Vamos expor aqui alguns trechos desse livro para
que possamos perceber a similaridade com as religi-
ões que vieram após o Hinduísmo.
Vamos fazer essa conexão entre o Bhagavad Gita e
as outras religões.

O Bhagavad Gita

1 - “Com a alma repleta de temor e compaixão, eu


te suplico, Senhor, faze-me saber qual o caminho
certo. Eu, teu discípulo, me refúgio a Tí para saber o
que devo fazer e deixar de fazer.”
Esse pensamento, está expressado em quase todas
as religiões do mundo, sempre que estamos perdidos,
procuramos por um Deus que nos traga conforto,
Deus é nosso refúgio e fortaleza.
2 - “Nunca houve tempo em que eu não existisse,
nem tu, nem algum desses príncipes, nem jamais ha-
verá tempo em que algum de nós deixe de existir em
seu Ser real.”
Muitos teólogos, acreditam que Deus sempre exis-
tiu, isso foge de nosso entendimento, porque tudo o
que conhecemos tem início e fim, mas como saber se
essa mesma natureza da existência física é a mesma
natureza de Deus? Outro aspecto importante nisso, é
a influência que essa ideia carregou através do tempo.
Não temos conhecimento se Platão leu esse livro ou
não, mas sua crença na imortalidade da alma tem
muita similaridade com esse trecho do Bhagavad
Gita.
3 – “Mas quem permanece sereno e imperturbável
no meio do prazer e do sofrimento, somente esse é
que atinge a imortalidade”
Isso se assemelha muito aos ensinamentos de
Cristo, quem mantiver a dor e ter verdadeira alegria
no senhor, não conhecera a morte. Jesus mesmo dizia
que a recompensa dos justos seria a vida eterna.
4 – “Quem sabe que a alma de tudo é indestrutível
e eterna, sem nascimento nem morte, sabe que a es-
sência não pode morrer, ainda que as formas pere-
çam.”
Do pó ao pó voltarás, outro pensamento aqui que
nos mostra a crença na imortalidade da alma e o fim
das formas matérias.
5- “Quando um homem renuncia aos desejos dos
sentidos engendrados pela mente, obtendo contenta-
mento unicamente no Eu, diz-se então que alcançou a
consciência divina.”
Esse pensamento tem muito em comum com Cristo,
quando um rico chegou a Cristo e perguntou o que ele
deveria fazer para entrar no reino de Deus, Jesus
disse: “Vendes tudo o que tem e dais esmolas aos po-
bres”. ou seja, para atingir o reino dos céus era preciso
se livrar de todas as fontes de prazer em missão para
um mundo mais justo, o que é exatamente o que esse
trecho do Bhagavad quer dizer.
6 - Brahma é o Imperecível e o Supremo; sua natu-
reza essencial é denominada espírito supremo; e a
emanação que dá origem a todos os seres chama-se
ação.
Tudo Deus criou, como está na Bíblia, no princípio
era o verbo, e o verbo se fez carne, ou seja, no princí-
pio só existia o espírito, e através da ação deu origem
a tudo o que existe.
Dei aqui, somente alguns exemplos para se ter uma
ideia de como o Hinduísmo pode ter influenciado a
maioria das grandes religiões do mundo, eu aconselho
a todos lerem esse livro, o Bhagavad Gita, foi para
mim uma das melhores leituras que já realizei, tanto
para crescimento pessoal como espiritual. Todo ensi-
namento que esse magnifico livro nos traz, é da con-
quista da liberdade e união com Deus através da luta
contra o desejo que vem do ego e corrompe o homem.
Krishna que é o grande interlocutor, ensina o prín-
cipe Arjuna, tudo sobre a natureza do ser e do uni-
verso. Nele achamos a ideia de que tudo o que existe
é de Deus (Panteísmo), mas os homens presos em
Maya, se entregam aos prazeres mundanos. É so-
mente pela liberdade do ego, que podemos nos unir
ao divino e conquistar verdadeira paz.

Vamos falar agora de Jesus Cristo, que ainda até


hoje, é seguido por bilhões de pessoas no mundo todo.

Jesus

Muitos mistérios haviam na vida de Jesus Cristo,


vamos analisar aqui o conceito de Jesus como homem
e não como algo divino.
Jesus mostrava sinais de sabedoria desde jovem, di-
zem que os doutores da lei se impressionavam com a
sabedoria do garoto. Era mestre em dialogar, e
quando começou sua pregação era mestre em ensinar.
Pelo pouco que se percebe, Jesus era contra todo o
tipo de opressão que manipulava os homens de sua
época, era contra o sistema religioso judaico e contra
a política de sua sociedade.
Com o passar do tempo, e seguido por muitas pes-
soas, Jesus começou a ser perseguido pelos judeus
acusado de blasfêmia. Mas na verdade, os judeus ti-
nham medo de que ele destruísse suas raízes, e foi
exatamente isso que ele fez, por esse motivo a Bíblia
é dividida entre o velho e o novo testamento, o velho
e semelhante a Torá, livro sagrado do Judaísmo, e o
novo, possui os evangelhos e ensinamentos de Cristo.
Jesus acreditava na imortalidade da alma (Assim
como Platão), ele dizia que quem cresse nele nunca
pereceria, mas teria a vida eterna.
Quando foi traído por Judas e concluiu que seu des-
tino seria a morte, Jesus se retirou e foi orar sozinho
e disse ao pai (como ele chamava Deus) que veio para
dar testemunho de sua existência, mas que agora que-
ria que o pai desse testemunho de sua vida para as
pessoas.
Quando estava pregado na cruz, até a sua fé perdeu
diante da dor ao dizer: “Pai, porque me abandonaste
nessa hora”, mas logo se redimiu e entregou sua alma
ao Deus que ele acreditava dizendo: “Entrego em tuas
mãos o meu espírito”
A ressureição de Cristo faz parte da fé cristã, mas
diante da missão de Cristo, isso é somente um ponto
a ser estudado.
Cristo pregou o amor entre todos os seres humanos,
seus ensinamentos são repletos de compaixão, amor e
sabedoria. Quando foi capturado pelos Judeus, Jesus
tinha um exército com ele e poderia facilmente come-
çar uma guerra, pelos relatos históricos essa guerra
até começou, mas o próprio Jesus apaziguou a multi-
dão.
Jesus sabia que o maior problema que perturbavam
as pessoas era a culpa, por isso dizia que sempre de-
vemos perdoar, porque assim, seremos perdoados
também por Deus.
Muitas são as igrejas que se exaltaram em nome de
Cristo. O Cristianismo ainda hoje é a maior religião
do mundo, mas o que poucas pessoas entendem, é que
a maioria das igrejas não pregam os ensinamentos de
Cristo, elas promovem a crença de Cristo e ganham
fortunas com isso.
Cristo nos mandou orar em nosso quarto, com a
porta fechada, mas isso poucos fazem, a maioria das
pessoas preferem ir as igrejas.
Cristo também pregou a humildade e o voto de po-
breza, quase ninguém faz isso, e praticamente todas
as igrejas que usam o nome de Cristo estão cada vez
mais ricas.
Cristo nos ensinou a famosa regra de ouro: “Não
faço ao próximo o que não queres que façam para ti
mesmo”, esse conceito, visto como uma moral na fi-
losofia, é válido até hoje, o problema é que poucos
conseguem seguir essa moral.
Jesus entregou sua própria vida em nome daquilo
que acreditava, se tornando assim um dos maiores no-
mes na história das religiões.

Buda

Siddhartha Gautama, mais conhecido como Buda,


também foi um grande mestre na arte de ensinar.
Para Buda, toda a razão do sofrimento também está
no desejo, assim como no Hinduísmo (toda ideia do
Budismo tem origem no Hinduísmo). Buda nasceu
em um palácio e herdaria 3 palácios divinos , diz a
lenda, que seu pai sabia que um dia ele renunciaria a
tudo para seguir seu caminho em busca da ilumina-
ção. O seu pai, Suddhodana, desejando para o seu fi-
lho o destino de ser um grande rei e preocupado com
o desvio do filho desse caminho, segundo relatos bi-
ográficos, tentou proteger o filho dos ensinamentos
religiosos e do conhecimento do sofrimento humano.
Devido a isso, seu pai o manteve preso em seu palácio
por um bom tempo, mas um dia, Buda encontrou uma
passagem e conseguiu sair. Quando se deparou com
um homem velho, um homem doente e um corpo em
decomposição, sentiu grande compaixão e partiu em
busca de sua liberdade.
Buda sentiu que a riqueza material não era o obje-
tivo final da vida, muitos de seus ensinamentos pre-
gam a compaixão e a sabedoria.
Buda ajuda a despertar a consciência do universo
todo, porque acreditava que só há uma consciência,
para despertar seu verdadeiro eu, precisamos desper-
tar todos os seres. Existem uma infinidade de seres
conscientes no universo, Buda se compromete a aju-
dar todos em seu despertar.
Vamos expor aqui, algumas de suas citações mais
importantes e poderosas:

“Mesmo Que Você Leia Muitas Escrituras Sagradas


E Mesmo Que Você Fale Muito Sobre Elas, O Que
De Bom Elas Podem Fazer Por Você Se Não Agir So-
bre Isto?”

“O Caminho Não Está No Céu. O Caminho Está No


Coração “.

“Para Compreender Tudo É Preciso Perdoar Tudo”

“Melhor Do Que Mil Palavras Ocas, É Uma Palavra


Que Traga A Paz.”
“Ninguém Nos Salva A Não Ser Nós Mesmos. Nin-
guém Pode E Ninguém Consegue. Nós Mesmos De-
vemos Percorrer O Caminho. “

“E No Momento De Uma Polêmica Em Que Senti-


mos Raiva, Já Deixamos De Lutar Pela Verdade E
Começamos A Brigar Com Nós Mesmos.”

“No Céu, Não Há Distinção Entre Oriente E Oci-


dente; As Pessoas Criam Distinções Dentro De Suas
Próprias Mentes E Depois Acreditam Nelas Como
Verdade “.

“Aqueles Que Estão Livres De Pensamentos Ran-


corosos Certamente Encontram A Paz.”

“O Ódio Não Cessa Pelo Ódio Em Nenhum Mo-


mento. O Ódio Cessa Com O Amor. Esta É Uma Lei
Inalterável. “

“Tem Que Haver O Mal Para Que Então O Bem


Possa Provar Sua Pureza Acima Dele.”

“A Mente É Tudo. O Que Você Pensa, Você Se


Torna. “

“Assim Como Tesouros São Descobertos A Partir


Da Terra, A Virtude Aparece Nas Boas Ações, E A
Sabedoria Aparece A Partir De Uma Mente Pura E
Pacífica. Para Caminhar Com Segurança Através Do
Labirinto Da Vida Humana, É Preciso A Luz Da Sa-
bedoria E A Orientação Da Virtude “.

“Somos Moldados Por Nossos Pensamentos; Nós


Nos Tornamos Aquilo Que Pensamos. Quando A
Mente É Pura, A Alegria Segue Como Uma Sombra
Que Nunca Vai Embora. “

“Trabalhe Por Sua Própria Salvação. Não Dependa


De Outros. “

“Vamos Nos Levantar E Ser Gratos, Porque Se Nós


Não Aprendemos Muito Hoje, Pelo Menos Aprende-
mos Um Pouco, E Se Nós Não Aprendemos Um
Pouco, Pelo Menos Não Ficamos Doentes, E Se Fica-
mos Doentes, Pelo Menos Nós Não Morremos; As-
sim, Vamos Todos Ser Gratos. “

“Não Se Pode Percorrer O Caminho Até Que Você


Se Torne O Próprio Caminho”

“Conquistar A Si Mesmo É Uma Tarefa Maior Do


Que Conquistar Outros”

“Três Coisas Não Podem Ser Escondidas Por Muito


Tempo: O Sol, A Lua, E A Verdade.”

“Não existe um caminho para a paz, a paz é o cami-


nho”
Krishna
No hinduísmo, Krishna é considerado um avatar ou
manifestação do deus Vishnu, é considerado a su-
prema personalidade de Deus, é uma das divindades
mais cultuadas em toda a Índia, Krishna é muito com-
parado a Jesus em alguns aspectos, ele também signi-
fica a manifestação de Deus vivo e também foi con-
cebido sem união sexual, através do pensamento
ióguico da mente.

Krishna significa a suprema verdade absoluta. Ele é


facilmente reconhecido por suas representações artís-
ticas. Sua pele é retratada na cor preta ou azul-escura,
conforme descrito nas escrituras. Embora em repre-
sentações modernas, ele geralmente seja mostrado
com pele azul.

A data de nascimento de Krishna, conhecida como


Janmastami, é o dia 18 de julho de 3228 a.C. Kamsa
havia sido alertado por Narada Muni que, em breve,
Vishnu nasceria na família de Vasudeva. Soube tam-
bém, através deste sábio, que em uma encarnação an-
terior, Kamsa havia sido um demônio chamado Kala-
nemi que tinha sido morto por Vishnu. Conta a tradi-
ção védica que Kamsa, temendo que Vishnu nascesse
em qualquer uma das famílias do reino, mandou ma-
tar todos os meninos com até dois anos de idade, a fim
de evitar o cumprimento da profecia.
Isso não lembra muito um conto bíblico sobre Je-
sus? Segundo as Escrituras hindus, o desapareci-
mento de Krishna ocorreu na meia-noite de 17 para
18 de fevereiro de 3102 a.C.

A iluminação

O pouco que estudamos até aqui, deu para perceber


que a liberdade e o amor estão no centro de todos os
grandes místicos que passaram por nosso planeta.
Em todo esse livro, buscamos mostrar que somos
aprisionados ao sistema, assim como procuramos um
caminho que nos liberte dele. Tudo o que oprime o
homem, que o faz se sentir culpado, não devemos in-
troduzir em nossa espiritualidade.
A espiritualidade tem que ser livre, fazer o bem,
cheia de amor e compaixão. O caminho da luz precisa
iluminar todas as trevas da ignorância, e nos fazer en-
xergar Deus na natureza, na criação, no afeto, na har-
monia, no universo e em tudo o que se pode contem-
plar.
A capacidade de atingir a iluminação, não é carac-
terística de um grupo ou religião específica, e sim um
direito de todo ser humano de nossa existência. A ilu-
minação é a conexão entre o homem e o divino. É so-
mente dentro de você que Deus pode ser encontrado,
pois tudo o que você abstrai do mundo físico através
dos sentidos, é julgado pela razão.
Muitos de nós nos perguntamos, como devo agir,
como Deus queria que eu fosse, existe algum sentido
em minha existência? Eu acredito que Deus nunca pe-
diu nada as pessoas, mas uma boa forma de seguir um
caminho correto é a união entre nós e nossos seme-
lhantes.
Não devemos se sacrificar pelo próximo, temos o
direito a nossa vida, liberdade e felicidade, mas pode-
mos lutar para que outras pessoas possam ter esses
mesmos direitos. Devemos trabalhar, buscar sabedo-
ria e conhecimento, depois transmitir o que sabemos
as outras pessoas, assim estaremos contribuindo para
a evolução espiritual de cada um.
Observe esse pensamento de Confúcio “O plano do
céu na produção da humanidade é este: aqueles que
primeiro se informam devem instruir aos outros que
se demoram em informar-se; e os que primeiro com-
preendem devem instruir aos que são mais lentos em
compreender”.
Muitos são os que passaram pelo mundo e ajudaram
nessa evolução do conhecimento. Devemos controlar
nossos desejos, a maioria das dores emocionais que
temos é devido a não realização de nossos desejos, o
ego está presente em todos nós e é preciso lutar contra
ele.
Muitas pessoas vivem infelizes por estarem na soli-
dão. Ninguém pode preencher o outro, se você acre-
ditar que só é feliz estando ao lado de alguém, essa
felicidade não é válida, a felicidade tem que depender
exclusivamente de você, Osho dizia “Ninguém pre-
enche o outro, o preenchimento é interno”
O amor é o elo mais forte entre Deus e o homem,
devemos amar tudo o que a natureza criou, devemos
ser gratos a Deus por esse incrível milagre que está
diante de nossos olhos por todos os lugares.
Devemos dar alguma contribuição para a humani-
dade, ela pode ser através do conhecimento ou através
da caridade, ou a luta por uma boa causa. Todos esta-
mos aqui com o mesmo objetivo, buscar a paz, a inte-
gridade com o mundo, o respeito, a liberdade e o
amor. Ajudar nossos semelhantes a chegar nesse
mesmo caminho faz parte de nossa vida.
A compaixão nos aproxima de Deus, assim como a
contemplação, já falamos sobre isso, mas é impor-
tante reforçar essa ideia.
O perdão, o não julgamento do próximo, também já
foi dito, mas vale lembrar sobre isso a todo momento,
pois se nos esquecermos disso, voltaremos a cometer
os mesmos erros de antes.
O caminho da luz não é o mesmo entre todas as pes-
soas, visto que cada uma tem experiencias únicas em
seu íntimo, o respeito pelo caminho do outro é funda-
mental para iluminarmos o nosso caminho. Não de-
vemos julgar nenhuma religião, devemos tentar abrir
os olhos das pessoas que sofrem transmitindo nosso
conhecimento e tentando entendê-las.
Não devemos ter apego por nada, nem pela nossa
própria vida, o futuro é misterioso, amanhã pode
acontecer algo inesperado e isso serve para todos nós,
se estivermos presos no apego, nosso sofrimento será
inevitável.
Seguindo todos esses ensinamentos, mais outros
que você considere correto, poderemos atingir o ca-
minho da luz e espiritualidade. Todos nós queremos
o bem, desejamos o bem para nós mesmos, e tudo o
que queremos para nós também o próximo quer para
ele.
Espero que esse pequeno livro o tenha ajudado de
alguma maneira, espero que todos possam alcançar o
caminho da luz, viemos todos de um mesmo criador,
a forma com que cada um contemple esse criador é
única, mas nossos desejos de bondade, justiça, paz,
amor e alegria permanecem em todos.
Não devemos desistir desse caminho, muito menos
da humanidade, devemos contribuir para que a evolu-
ção de cada um possa acontecer o quanto antes, essa
é nossa verdadeira missão aqui. Não levaremos nada
desse mundo, mas podemos deixar muito.
A verdadeira imortalidade, é ser lembrado para
sempre, ou pelo menos até o fim de nossa espécie,
quem faz o bem, permanece na lembrança das pessoas
como uma energia positiva que passa de geração para
geração.
Todos nós viemos a esse mundo com uma missão,
essa missão é igual para todos, apesar de cada um
exercer uma determinada função, estamos todos co-
nectados por uma mesma força universal em busca da
evolução espiritual.
Não existe diferença entre nós, somos todos seres
humanos, o que nos classifica, são as diferentes cul-
turas em que nascemos e as vezes a classe social em
que vivemos diante da sociedade, mas no plano exis-
tencial, vivemos as mesmas experiências, somos to-
dos filhos de uma mesma criação.
Observe o sol, que nos aquece de dia e nos traz luz,
que através dela, enxergamos todas as cores e mara-
vilhas do mundo, observe o céu estrelado a noite e a
lua, que aparenta ser do tamanho do sol, embora sa-
bemos que o sol e bem maior que a lua, porém ela está
na posição exata para que possamos ter um guia no-
turno.
Observe a água, os alimentos, os sentimentos de
amor, felicidade, o altruísmo e a solidariedade. Exis-
tem milhões de espécies de seres vivos, cada uma
com uma finalidade, o equilíbrio natural do qual o
único ser que coloca em risco é ó homem, é algo ex-
traordinário. Milhares de criaturas lutando pela vida
assim como nós.
Nunca saberemos nada sobre Deus além do que a
natureza nos mostra, esse é o motivo pelo qual a vida
está em constante progressão, se soubéssemos todos
os mistérios da criação, que incentivo o homem teria
para continuar essa eterna busca por uma força supe-
rior a nós mesmos?
Portanto, não deixe que ninguém atrapalhe a forma
pela qual você encontrou Deus, o importante é se isso
está lhe ajudando, e se você está ajudando outras pes-
soas a chegarem ao mesmo caminho rumo a ilumina-
ção. Se sua religião faz com que você viva feliz, res-
peite e ajude o próximo, você está no mesmo caminho
de milhões de pessoas.
Viemos todos de um mesmo Deus e morreremos to-
dos da mesma forma, mas ainda assim, existem pes-
soas orgulhosas, que vivem reclamando da vida por
não terem um carro moderno ou uma casa enorme.
Do que adianta você conquistar o mundo, mas per-
der a sua alma? Como dizia Jesus Cristo. Conquiste a
si mesmo primeiro, enxergue seus defeitos e os cor-
rija, aprenda a valorizar o amor, que é o único senti-
mento que não se perde quando se compartilha. Esta-
mos aqui só de passagem, um dia iremos embora, e o
que vamos deixar aqui? A imagem de uma pessoa po-
derosa, mas que foi odiada e invejada pela maioria?
Ou a imagem de um ser humilde que viveu e ajudou
a humanidade em seu caminho pela evolução espiri-
tual?
Por isso, seja humilde, ajude o mundo da forma que
você puder. “Por vezes sentimos que aquilo que faze-
mos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar
seria menor se lhe faltasse uma gota”, assim dizia Ma-
dre Teresa de Calcutá.

Temos que ter em mente, que nossa espiritualidade


também está em progresso, através de nossas próprias
experiências de vida, vamos mudando nossa forma de
pensar, e passamos a agir de forma diferente nas mes-
mas situações. Isso porque aprendemos com os nos-
sos erros. Errar faz parte da natureza humana, o mais
errado de tudo isso e persistir no erro, temos que me-
lhorar a cada dia. Portanto, não faça parte desse
mundo, quanto mais você puder fugir dele e de suas
ilusões, mais feliz você será. Viver de forma humilde
e sermos felizes com o que conseguimos conquistar,
é a melhor forma de passar por essa jornada, porque
um dia todos vamos morrer, e o que vai importar é o
que você deixou no coração das pessoas, e não os ob-
jetos de valores que você possui, muito menos seu or-
gulho, sua raiva e sua ambição.
Por mais difíceis que as coisas possam parecer,
ainda vejo a bondade natural das pessoas que agem de
forma solidária sem pedir nada em troca. Vivemos to-
dos os dias batalhando por uma vida mais feliz, até
que chegue o dia em que iremos partir e deixar para
trás toda essa existência, ou quem sabe, voltaremos
em uma existência melhor, em um futuro distante,
porque apesar da vida ser esse caos, viver é uma das
dádivas mais valiosas que Deus nos deixou experi-
mentar.

Observe o céu em uma noite limpa de inverno em


um local com ausência de luz, perceba o tamanho e o
número de astros que conseguimos enxergar, e tudo
isso que vemos, é somente nossa galáxia. Agora ima-
gine se pudéssemos ver todo o universo como seria?
Muitas teorias nos dizem que há outros planetas e ou-
tras formas de vida no universo, é bem provável que
sim, mas até agora nunca houve uma prova verdadei-
ramente científica sobre isso, e se essa hipótese é ver-
dadeira ou não, nunca saberemos, então tente imagi-
nar o quanto especial você é, e o quanto Deus quer te
ver feliz nessa vida. Nunca vamos chegar a uma con-
clusão exata sobre Deus, existem milhares de ideias,
mas só existe um lugar que você possa realmente per-
ceber que Deus existe, dentro de si mesmo. Não acre-
dite no que as pessoas falam sobre Deus para você,
descubra você mesmo, Deus é relativo para cada ser
humano, creia no que lhe faz sentido acreditar ou não,
viva de modo simples, procure felicidade nas peque-
nas coisas, entre em harmonia com o universo.
Agradeço de coração a todas as pessoas que dedica-
ram uma parte de seu tempo para ler este livro. Espero
que todos possam encontrar o caminho da luz.
Vou terminar com um belo pensamento de Eckhart
Tolle:
“"Quando cada célula do seu corpo estiver tão pre-
sente que você a sente vibrar de vida, e quando sentir
cada momento dessa vida como sendo a alegria do
Ser, então poderá dizer que está livre do tempo. O
problema não são as contas de amanhã. A morte do
corpo físico não é um problema. A perda do Agora é
que é o problema, ou antes, a ilusão central que trans-
forma uma mera situação, um simples acontecimento
ou uma emoção, num problema pessoal e num sofri-
mento. A perda do Agora é a perda do Ser. Estar livre
do tempo é estar livre da necessidade psicológica do
passado para formar a sua identidade e do futuro para
atingir a sua realização pessoal. O melhor indicador
do seu nível de consciência é a maneira como lida
com os desafios da vida quando eles surgem” -
Eckhart Tolle

Fim
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