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Sinopse

Este pequeno livro aborda ensinamentos sobre os 3


maiores místicos que já viveram na humanidade. Je-
sus, Krishna e Buda.
O livro traz parábolas e ensinamentos de como nos
tornarmos pessoas melhores.
Eles vieram em paz para nos ajudar a evoluir como
seres humanos.
Deixaremos aqui de lado as crenças individuais de
cada um sobre os mistérios que cercaram a vida des-
sas personalidades.
O pequeno livro é uma obra que traz os melhores
ensinamentos de cada um desses mestres da vida, as-
sim como a promessa que cada um faz a seus segui-
dores.
Cada um é venerado em determinado país de
acordo com sua cultura e crença, mas todos nos dei-
xaram ensinamentos semelhantes sobre como viver
em paz.
Usei neste livro os evangelhos de Cristo, algumas
passagens do Bhagavad Gita e trechos do livro A dou-
trina de Buda. Vamos embarcar juntos nessa leitura e
aumentarmos nosso aprendizado e espiritualidade so-
bre a vida.
O autor

Fausto Luiz Pizani é um estudante de teologia, fi-


losofia, religiões e ciências naturais. Seu objetivo
como ser humano é levar conhecimento ao maior
número de pessoas possíveis através de seus peque-
nos escritos e contos, desenvolvendo assim, um
maior entendimento sobre a vida por parte de seus
leitores.

Seus livros digitais são de fácil acesso a todos


aqueles que queiram aumentar seu conhecimento so-
bre Deus, o universo e a vida.

Misturando filosofia, teologia, ciência, religiões e


autoajuda, Fausto tenta despertar em seus leitores a
curiosidade de sempre se questionarem e refletirem
sobre a existência e qual o nosso papel como seres
humanos nessa jornada.

Fausto acredita que o amor é a maior força pre-


sente no universo e que devemos sempre espalhar
esse sentimento por toda parte e para todas as pes-
soas e seres viventes que habitam conosco neste pe-
queno planeta chamado Terra.

Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e


abrir-se-vos-á. – Jesus Cristo.
Viemos em paz

Introdução

O mundo em que vivemos, se tornou um verdadeiro


campo de batalha entre as pessoas. Todos os dias, no-
tícias de crimes hediondos nos assustam nos telejor-
nais e meios de comunicação. Mas será que o mundo
era para ser assim? Será que não tivemos exemplos de
pessoas que nos ensinaram a viver e agir de forma
correta com nossos semelhantes? Esse pequeno livro,
vai trazer ensinamentos de 3 personalidades que vi-
veram em nosso mundo na antiguidade e que nos dei-
xaram um enorme e vasto campo de conhecimento
sobre o que é a vida, seu significado e o que podemos
esperar dela no futuro. Eles vieram em paz para nos
ajudar a evoluir como humanos.
Vamos primeiramente falar de Jesus. Nascido em
Nazaré, desde criança já impressionava os doutores
das leis judaicas com suas palavras e sabedoria.
Jesus nasceu em um povo que vivia sob o domínio
do império Romano. Ele via seus contemporâneos
sendo dominados e os próprios judeus da elite contri-
buindo para isso, seu objetivo era trazer a liberdade
ao povo judeu e ao mundo todo.
A fé judaica era, e ainda é, uma fé exclusiva de um
povo. Tudo começou com os hebreus e Abraão, que
teve que fugir de Ur com sua família a pedido de Deus
para pregar o monoteísmo pelos povoados da Terra.
A fé judaica é monoteísta, ou seja, só existe um
Deus e acima dele ninguém é superior.
Muitas profecias sobre Jesus são encontradas na Bí-
blia, acredita-se que a primeira delas esta logo em Gê-
nesis na seguinte passagem: “Porei inimizade entre
você e a mulher, entre a sua descendência e o descen-
dente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o
calcanhar". Acreditasse que Yahweh, o deus dos he-
breus, promete ao seu povo um descendente que es-
magaria a cabeça da serpente que até então era o ego
do homem e depois foi considerada um demónio.

Outra profecia que também encontramos no livro de


Deuteronômio: “Eis lhes suscitarei um profeta do
meio de seus irmãos, como tu, e porei as minhas pa-
lavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe
ordenar. - Deuteronômio 18:18.”

Acredita-se que essas passagens falem sobre a


vinda de Jesus ao mundo, não vou entrar na questão
de Jesus ter sido enviado ou não, em todas as culturas
existem deuses e místicos que eram supostamente
anunciados antes de sua chegada, Buda foi um deles,
Krishna também.
O foco deste livro é somente sobre os ensinamentos
desses 3 grandes mestres de nossa existência, vamos
começar pelo mais conhecido no mundo todo, Jesus,
o filho de Deus.

Jesus

Jesus chamava Deus de pai, o que levou muitos a


crerem que ele realmente fosse o filho de Deus. Seus
ensinamentos foram contra a opressão, contra a injus-
tiça e contra todo tipo de maldade e castigo que colo-
cava a fé das pessoas em dúvida. Enquanto o povo de
Israel estava esperando por um salvador dos justos,
Jesus veio para proteger justamente os pecadores, o
que causou grande revolta nos fariseus.

Vamos ver na seguinte passagem, como era a forma


de Jesus pensar a respeito do que nós humanos deve-
ríamos fazer: “E propôs-lhe uma parábola, dizendo:
A herdade de um homem rico tinha produzido com
abundância; E arrazoava ele entre si, dizendo: Que fa-
rei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse:
Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei
outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novi-
dades e os meus bens; E direi a minha alma: Alma,
tens em depósito muitos bens para muitos anos; des-
cansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse:
Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens
preparado, para quem será? Assim é aquele que para
si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus. E disse
aos seus discípulos: Portanto vos digo: Não estejais
apreensivos pela vossa vida, sobre o que comereis,
nem pelo corpo, sobre o que vestireis. Mais é a vida
do que o sustento, e o corpo mais do que as vestes.
Considerai os corvos, que nem semeiam, nem segam,
nem têm despensa nem celeiro, e Deus os alimenta;
quanto mais valeis vós do que as aves? E qual de vós,
sendo solícito, pode acrescentar um côvado à sua es-
tatura? Pois, se nem ainda podeis as coisas mínimas,
por que estais ansiosos pelas outras? Considerai os lí-
rios, como eles crescem; não trabalham, nem fiam; e
digo-vos que nem ainda Salomão, em toda a sua gló-
ria, se vestiu como um deles. E, se Deus assim veste
a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no
forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? Não
pergunteis, pois, que haveis de comer, ou que haveis
de beber, e não andeis inquietos. Porque as nações do
mundo buscam todas essas coisas; mas vosso Pai sabe
que precisais delas. Buscai antes o reino de Deus, e
todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não te-
mais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou
dar-vos o reino. Vendei o que tendes, e dai esmolas.
Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro
nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão e
a traça não rói, porque onde estiver o vosso tesouro,
ali estará também o vosso coração. - Lucas 12:16-33.”
Esta passagem é uma das mais belas lições de Jesus,
ele sabia que a ansiedade das pessoas por terem medo
da miséria e do futuro assolavam a mente dos mais
humildes. Nessa passagem, Jesus nos incentiva a bus-
car primeiramente o reino de Deus, que só pode ser
alcançado amando a Deus acima de todas as coisas e
amando nosso próximo como a si mesmo.

No final, quando Jesus aconselha a vender o que te-


mos para doar aos pobres, ele esta se referindo as coi-
sas que não utilizamos mais e que por anos ficam
guardadas empoeirando em nossas casas.

Vamos ver agora outra passagem onde Jesus nos en-


sina que ele é o caminho para vida:
“Na verdade, na verdade vos digo que aquele que
não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe
por outra parte, é ladrão e salteador. Aquele, porém,
que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A este o
porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama
pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora. E,
quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante de-
las, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua
voz. Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes
fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estra-
nhos. Jesus disse-lhes esta parábola; mas eles não en-
tenderam o que era que lhes dizia. Tornou, pois, Jesus
a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo que eu
sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes
de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não
os ouviram. Eu sou a porta; se alguém entrar por mim,
salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. O
ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir;
eu vim para que tenham vida, e a tenham com abun-
dância. Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua
vida pelas ovelhas. Mas o mercenário, e o que não é
pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e
deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dis-
persa as ovelhas. Ora, o mercenário foge, porque é
mercenário, e não tem cuidado das ovelhas. Eu sou o
bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das mi-
nhas sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a
mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida
pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas que não são
deste aprisco; também me convém agregar estas, e
elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um
Pastor. Por isto o Pai me ama, porque dou a minha
vida para tornar a tomá-la. Ninguém a tira de mim,
mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar,
e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento re-
cebi de meu Pai. - João 10:1-18.”

Fica evidente nesta passagem, que Jesus se declara


filho de Deus, em outra passagem ele também nos diz
isso declarando: “Eu e o Pai somos um. - João 10:30”
embora teólogos interpretem essa passagem como a
vontade de Jesus e de Deus serem a mesma.

Jesus acreditava que Deus era espírito e que só po-


demos adorar Deus em espírito e em verdade. Vamos
ver nesta outra passagem o que Jesus ensina a um
mestre de Israel:
“E havia entre os fariseus um homem, chamado Ni-
codemos, príncipe dos judeus. Este foi ter de noite
com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és
Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer
estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. Je-
sus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te
digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver
o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode
um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura,
tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus
respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele
que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar
no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e
o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravi-
lhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O
vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não
sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo
aquele que é nascido do Espírito. Nicodemos respon-
deu, e disse-lhe: Como pode ser isso? Jesus respon-
deu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes
isto? Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos
o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não
aceitais o nosso testemunho. Se vos falei de coisas
terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das
celestiais? Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que
desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu. E,
como Moisés levantou a serpente no deserto, assim
importa que o Filho do homem seja levantado; Para
que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal ma-
neira que deu o seu Filho unigênito, para que todo
aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo,
não para que condenasse o mundo, mas para que o
mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é con-
denado; mas quem não crê já está condenado, por-
quanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os
homens amaram mais as trevas do que a luz, porque
as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o
mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas
obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a ver-
dade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam
manifestas, porque são feitas em Deus. - João 3:1-
21.”

Toda crença de Jesus é baseada em um único Deus,


mesmo tendo poder e domínio sobre uma multidão
que o seguia perto de sua morte, Jesus nunca pediu
para ser glorificado ou amado como Deus, ele deixa
isso bem explicito nessa passagem: “E Jesus lhe
disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom se-
não um, que é Deus. - Marcos 10:18.”

Jesus promete a vida eterna para aquele que nele


crer em um paraíso onde a maldade não vai existir.
Expressei aqui um pouco sobre os mais importantes
ensinamentos que Jesus pregou. Infelizmente Jesus
foi condenado pelos judeus por blasfêmia, capturado
e morto pelo exército romano.

Como os hebreus praticavam derramamento de san-


gue pela expiação do pecado, muitos passaram a crer
que a morte de Jesus redimiu a humanidade do pecado
original, nos dando uma chance para salvação.

Hoje em dia muitas pessoas enriquecem em nome


de Jesus, o que é totalmente contrário ao que Jesus
acreditava. Jesus queria que nos amassemos uns aos
outros e que repartíssemos o pão para com toda hu-
manidade, infelizmente o ego do homem não permite
que ele faça tal ação e é sobre o ego que falaremos a
seguir sobre a personalidade mais poderosa do Hin-
duísmo, Krishna. Milhares de pessoas acreditam que
Jesus ressuscitou após 3 dias depois de sua morte,
acredito que esse acontecimento pertença a fé de cada
um independente do que acreditamos.

Hoje existem cerca de 10 mil religiões diferentes


que pregam o nome de Jesus, o cristianismo com cer-
teza ainda é a maior religião de todos os tempos e
acredito que nesta vida não conheceremos ensina-
mentos semelhantes aos de Cristo por nenhum outro
ser humano.
Krishna.

Krishna, segundo a crença hindu, foi a encarnação


do deus Vishnu, assim como alguns cristãos acredi-
tam que Jesus tenha sido a encarnação do Deus dos
hebreus.

A maior parte dos ensinamentos de Krishna, podem


sem encontrados no livro Bhagavad Gita. Neste livro,
Krishna nos ensina sobre a imortalidade da alma, so-
bre vencer o ego humano e lutar pelo bem da huma-
nidade. Krishna significa a suprema verdade absoluta.
Ele é facilmente reconhecido por suas representações
artísticas. Sua pele é retratada na cor preta ou azul es-
cura, conforme descrito nas escrituras. Embora em re-
presentações modernas, ele geral mente seja mostrado
com pele azul. A data de nascimento de Krishna, co-
nhecida como Janmastami, é o dia 18 de julho de
3228 a.C. Kamsa havia sido alertado por Narada
Muni que, em breve, Vishnu nasceria na família de
Vasudeva. Soube também, através deste sábio, que
em uma encarnação anterior, Kamsa havia sido um
demônio chamado Kalanemi que tinha sido morto por
Vishnu. Conta a tradição védica que Kamsa, temendo
que Vishnu nascesse em qualquer uma das famílias
do reino, mandou matar todos os meninos com até
dois anos de idade, a fim de evitar o cumprimento da
profecia. Um conto muito similar entre Jesus e Hero-
des.

Krishna é o personagem principal do livro Bhaga-


vad Gita, nesse livro, ele incentiva o Jovem Arjuna a
lutar contra seus próprios familiares que usurparam
seu reino, mas Arjuna se recusa a lutar não querendo
batalhar conta sua própria família.
Vamos expor aqui algumas passagens desse livro
para que possamos entender melhor o pensamento de
Krishna.

Assim falava Arjuna ao Senhor dos corações. "Não,


não quero lutar!", suspirou - e calou-se. Krishna, po-
rém, sorrindo benevolamente, ali mesmo, em face dos
dois exércitos, assim falou ao desanimado:
Fala Krishna:
Andas triste por algo que tristeza não merece, e tuas
palavras carecem de sabedoria. O sábio, porém, não
se entristece com nada, nem por causa dos mortos
nem por causa dos vivos.
Nunca houve tempo em que eu não existisse, nem
tu, nem algum desses príncipes, nem jamais haverá
tempo em que algum de nós deixe de existir em seu
Ser real.
O verdadeiro Ser vive sempre. Assim como a alma
incorporada experimenta infância, maturidade e ve-
lhice dentro do mesmo corpo, assim passa também de
corpo a corpo, sabem os iluminados e não se entriste-
cem.
Quando os sentidos estão identificados com objetos
sensórios, experimentam sensações de calor e de frio,
de prazer e de sofrimento, estas coisas vêm e vão; são
temporárias por sua própria natureza. Suporta-as com
paciência!
Mas quem permanece sereno e imperturbável no
meio do prazer e do sofrimento, somente esse é que
atinge a imortalidade.
Neste pensamento, Krishna deixa claro que a alma
é imortal é que Arjuna deve lutar para reconquistar
seu reino. Ele também nos ensina sobre a dualidade
que inquieta a alma. Isso também é reforçado na pas-
sagem a seguir:
“Quem sabe que a alma de tudo é indestrutível e
eterna, sem nascimento nem morte, sabe que a essên-
cia não pode morrer, ainda que as formas pereçam.
Assim como o homem se despoja de uma roupa
gasta e veste roupa nova, assim também a alma incor-
porada se despoja de corpos gastos e veste corpos no-
vos.
Armas não ferem o Eu, fogo não o queimam, águas
não o molham, ventos não o ressecam.
O Eu não pode ser ferido nem queimado; não pode
ser molhado nem ressecado, ele é imortal; não se
move nem é movido, e permeia todas as coisas, o Eu
é eterno.
Para além dos sentidos, para além da mente, para
além dos efeitos da dualidade habita o Eu. Pelo que,
sabendo que tal é o Eu, por que te entregas à tristeza
ó Arjuna?
Se o ego está sujeito às vicissitudes de nascer e mor-
rer, nem por isto deves entristecer-te, ó Arjuna.
Inevitável é a morte para os que nascem; todo mor-
rer é um nascer, pelo que, não deves entristecer-te por
causa do inevitável.
Imanifesto é o princípio dos seres; manifesto o seu
estado intermediário; e imanifesto é também o seu es-
tado final. Por isto, ó Arjuna, que motivo há para a
tristeza?
Alguns conhecem o Eu como glorioso; alguns fa-
lam dele como glorioso; outros ouvem falar dele
como glorioso; e outros, embora ouçam, nada com-
preendem.
Eterno e indestrutível é o Eu, que está sempre pre-
sente em cada ser. Por isto, ó Arjuna, não te entriste-
ças com coisa alguma.
De mais a mais, visando o teu próprio dever, não
vaciles, porquanto, para um príncipe da classe dos
guerreiros, nada é superior à uma guerra justa.
Nota-se claramente que Krishna tenta mostrar a Ar-
juna que a morte física do corpo não representa nada
e que a alma é indestrutível. Alguns hindus acreditam
que essa passagem é realmente literal, Krishna nos
ensina a lutar pelo que é nosso por direito, outros
acham que essa luta que Arjuna esta enfrentando é
contra seu ego.
Nessa próxima passagem, Krishna vai nos ensinar
sobre nosso os sentidos que nos enganam e entorpe-
cem nossa mente:
“Neste mundo transitório quem não se deixa afetar
pelo bem ou pelo mal que poderão sobrevir, sem
louvá-lo ou maldizê-lo, já se encontra situado na
consciência divina.
Aquele que for capaz de retirar os sentidos de todos
os seus objetos assim como a tartaruga recolhe os
membros no casco, deve ser considerado um ser auto
realizado.
A alma corporificada consegue renunciar aos pra-
zeres dos sentidos muito embora ela não perca o sen-
tido do prazer. Porque, depois de provar o gozo trans-
cendental, ela fixa a consciência.
Os sentidos são tão fortes que conseguem arrastar
mesmo a mente do homem sóbrio que se esforça por
domá-los.
Quem controla os seus sentidos concentrando-se em
Mim pode ser considerado um homem de mente está-
vel.
O principal ensinamento de Krishna no Bhagavad
Gita, é de que devemos abandonar nosso ego, ou seja,
nossos desejos, pois são eles que ludibriam a mente
nos enganando nesse mundo de aparências, isso fica
mais claro na passagem a seguir:
“Quando o homem renuncia a todas as intenções e
não tem nenhum apego aos objetos sensíveis nem às
suas obras, diz-se que atingiu a Yoga.
Procure o homem elevar o eu através do Eu, não
permitindo que este afunde. Porque, na verdade, o Eu
é amigo do eu, que mesmo assim é seu inimigo.
O eu é um amigo para o homem cujo eu foi con-
quistado pelo Eu; mas para aquele que não está de
posse de seu Eu, o eu é como um inimigo.
O Eu supremo daquele que vive tranquilo e subme-
tido a seu eu mantém-se inalterável em meio ao calor
e ao frio, alegrias e pesares, honra e desonra.
Um yogue satisfeito com o conhecimento de si,
tranquilo, que realizou seu próprio equilíbrio, senhor
de seus sentidos, que vê da mesma forma o barro, a
pedra e o ouro é considerado o verdadeiro místico.
Superior é aquele que mantém a igualdade de sua
alma diante de amigos e inimigos, indiferentes e neu-
tros, estranhos e parentes, homens bons e maus.
Com certeza, Krishna foi um dos maiores místicos
que já viveram entre nós, na verdade não se tem evi-
dências históricas de sua existência, mas se a ideia
existe devemos dar atenção a ela.
Krishna nos ensina a lutar pelo bem, mesmo que
isso cause o sofrimento de outras pessoas, pois esse é
o único caminho que pode levar a humanidade a evo-
luir. Ele também acredita que devemos realizar servi-
ços devocionais a humanidade, não apenas trabalhar
só pelo nosso sustento. No Bhagavad Gita encontra-
se a maior parte de seus ensinamentos. Krishna pro-
mete a aqueles que atingirem o moksha, ou, a liberta-
ção, a união eterna com a alma universal do Hindu-
ísmo chamada Brâman.
Vamos agora falar de outro grande místico que vi-
veu entre nós, seu nome era Sidarta Gautama, mais
conhecido como Buda o iluminado.

Buda

Em uma noite qualquer, a rainha Maya da tribo de


Sakya ficou grávida quando viu, num sonho, um ele-
fante branco entrar em seu ventre, através da axila
direita. Esse era um sinal de que estava por vir um ser
divino. Após dar a luz a Buda, a rainha Maya morreu,
deixando o menino sobe os cuidados por Mahapraja-
pati, irmã mais nova da Rainha.

Um ermitão, Asita, que vivia nas montanhas próxi-


mas, vendo um brilho ao redor do castelo e julgando
isso como um bom presságio, desceu até o palácio,
onde lhe foi apresentada a criança. Predisse ele então:
“Este Príncipe, se permanecer no palácio, após a ju-
ventude, tornar-se-á um grande rei e governará o
mundo todo. Porém, se abandonar a vida palaciana e
abraçar a vida religiosa, tornar-se-á um Buda, o Sal-
vador do Mundo.

A princípio, o Rei estava contente com esta profe-


cia, mas aos poucos, começou a se preocupar com a
possibilidade de seu único filho vir a deixar o palácio
e tornar-se um monge errante.

Aos sete anos de idade, o Príncipe começou os es-


tudos em letras e artes militares, mas seus pensamen-
tos dirigiam-se naturalmente para outras coisas. Num
dia de primavera, o Príncipe e o Rei saíram do castelo
e juntos observavam um agricultor ao arado. De re-
pente, o Príncipe viu um pássaro descer ao solo e apa-
nhar um pequeno verme revolvido pelo arado do la-
vrador. Entristecido, sentou-se à sombra de uma ár-
vore e refletiu sobre o acontecido, murmurando a si
mesmo: “Oh! Por que todos os seres vivos se matam
uns aos outros. Existem relatos de que o pai de Buda
nunca deixava ele sair do castelo, mas em um deter-
minado dia ele encontrou uma passagem e se deparou
com um homem morto, um mendigo e um homem do-
ente.

Buda sentiu grande dor e tristeza sabendo que tudo


na vida era transitório, sua principal meta era buscar
uma auto realização através da vida para fugir dessas
dores que se manifestam nos humanos devido ao
apego que temos pelas coisas, percebendo isso, nos
deixou uma série de ensinamentos para praticarmos e
atingirmos a iluminação que ele conseguiu. Essa pra-
tica se chama Dharma.

Estando em Kusinagara, no bosque de árvores sala,


Buda proferiu os últimos ensinamentos a seus discí-
pulos, dizendo-lhes:

“Fazei vós mesmos uma luz. Confiai em vós mes-


mos: Não dependais de mais ninguém. Fazei de meus
ensinamentos a vossa luz: Confiai neles; não depen-
dais de nenhum outro ensinamento.”

“Considerai o vosso corpo, pensai em sua impureza;


sabendo que a dor e o prazer são causa de sofrimento,
como podeis ser coniventes com seus desejos? Con-
siderai o vosso coração, pensai em sua inconstância,
como podeis cair em ilusão e alimentar o orgulho e o
egoísmo, sabendo que tudo termina em sofrimento
inevitável?”

“Considerai todas as substancias, podeis nelas en-


contrar algum “eu” duradouro? Não são elas um agre-
gado que mais cedo ou mais tarde se partirá em peda-
ços e se dispersará? Não vos desconcerteis com a uni-
versalidade do sofrimento, segui os meus ensinamen-
tos, mesmo depois de minha morte, e estareis livres
do sofrimento. Fazei isso e sereis verdadeiramente
meus discípulos.”

“Caros discípulos, os ensinamentos que vos dei


nunca devem ser esquecidos ou abandonados. Eles
deverão ser sempre entesourados, meditados e prati-
cados! Se seguirdes estes ensinamentos, sereis sem-
pre felizes.”

“O propósito destes ensinamentos é controlar vossa


própria mente. Abandonai a cobiça, e conservareis o
corpo íntegro, a mente pura e vossas palavras serão as
palavras da verdade. Se nunca esquecerdes o caráter
transitório da vida, podereis resistir à ganância, à ira
e podereis também evitar todos os males.”

“Se vossa mente for seduzida e enredada pela cobiça,


deveis dominar e controlar a tentação, sede o senhor
de vossa própria mente. A mente de um homem pode
fazê-lo um Buda ou uma fera. Corrompido pelo erro,
torna-se um demônio; iluminado, torna-se um Buda.
Controlai, portanto, vossa própria mente e não deixeis
afastar do caminho correto.”

“Com estes ensinamentos, deveis respeitar-vos uns


aos outros e abster-vos de disputas; não deveis, como
a água e o óleo, repelir-vos mutuamente, deveis, isto
sim, como o leite e a água, combinar-vos.”

“Estudai juntos, aprendei juntos e praticai juntos es-


tes ensinamentos. – Não desperdiceis vossa mente e
tempo com o ódio e com a discórdia. Desfrutai das
flores da Iluminação, quando ela a vós se apresentar
e colhei os frutos deste caminho correto.”

“Os ensinamentos que vos tenho dado, eu os ad-


quiri, seguindo, por mim mesmo, o caminho da Ilu-
minação. Deveis, portanto, segui-los e sujeitar-vos à
sua essência em toda ocasião, quando ela a vós se
apresentar e colhei os frutos deste caminho correto.”

“Se os negligenciais, é porque realmente nunca me


encontrastes. Isto significa que estais longe de mim,
mesmo que estejais comigo; porém se aceitais e pra-
ticais meus ensinamentos, então, estais bem próximo
de mim, ainda que vos encontreis distante.”

“Caros discípulos, o meu fim está se aproximando,


a nossa despedida é iminente, mas não vos lamenteis.
A vida está sempre mudando; ninguém pode escapar
da dissolução do corpo. Esta transitoriedade vou
mostrar agora, com a minha própria morte, com o
meu corpo caindo em pedaços como um carro apo-
drecido.”

“Não vos lamenteis inutilmente, mas maravilhai-


vos com o princípio da transitoriedade e dele aprendei
a vacuidade da vida humana. Não alimenteis vãos de-
sejos de que as coisas mutáveis se tornem imutáveis.”

“O demônio das paixões mundanas está sempre


procurando ludibriar a vossa mente. Se uma víbora
morar em vosso quarto, não podereis ter um sono
tranquilo, se não a expulsardes.”

“Deveis romper os liames das paixões mundanas e


expulsá-las, assim como expulsais a víbora. Deveis,
indubitavelmente, proteger o vosso coração.”

“Meus discípulos, é chegado o meu derradeiro mo-


mento, mas não vos esqueçais de que a morte é apenas
o desaparecimento do corpo físico. Este corpo nasce
de pais e se mantém com alimentos; por isso, a doença
e a morte lhe são inevitáveis.”

“Atentai este fato: Buda não é um corpo físico, é a


Iluminação. O corpo físico perece, mas a Iluminação
subsistirá para sempre na verdade do Dharma e na
prática do Dharma. Aquele que apenas vê o meu
corpo não me vê realmente. Somente aquele que
aceita meu ensinamento consegue ver-me. “Depois da
minha morte, o Dharma será vosso mestre. Observai
o Dharma e sereis fiéis a mim.”

“Nestes quarenta e cinco anos de vida, nada ocultei


em meu ensinamento. Nele não há segredos, nenhum
significado oculto; tudo vos foi aberto e claramente
ensinado. Meus caros discípulos, é chegado o fim.
Logo estarei entrado no Nirvana. Esta é minha última
instrução.”
Meditação e práticas que englobam o respeito a si
mesmo e a todos os seres vivos são oferecidos aos
adeptos do budismo, que entre os seus principais en-
sinamentos destaca as “quatro verdades nobres”, que,
segundo a filosofia budista, podem ajudar todos a su-
perar o sofrimento e atingir a felicidade tão desejada.
São elas:
O sofrimento existe – Ele é real, não pode ser igno-
rado;
O sofrimento tem suas causas – Ele surge a partir
dos nossos apegos excessivos e das nossas expectati-
vas irreais;
É possível eliminar essas causas – Elimine o apego.
Você conseguirá isso com práticas corretas (medita-
ção, mantras, estudos, atos de caridade, etc) feitas
para eliminar esse hábito;
Existe um caminho para eliminá-lo – Siga os oito
passos do caminho óctuplo e liberte-se do apego ao
desejo

O nobre caminho óctuplo, Pensamento correto, Inten-


ção correta, Fala correta, Ação correta, Modo de vida
correto, Esforço correto, Atenção correta, Concentra-
ção correta

Toda a filosofia de Buda é para acabar com o sofri-


mento e nos trazer a felicidade. O budismo é uma fi-
losofia extremamente positiva de vida e assim deve
ser visto.

As técnicas de controle da mente do budismo, vem


sendo estudadas cada vez mais por cientistas, que já
identificaram através de eletroencefalogramas que
monges que levam a filosofia de vida do budismo
muito a sério conseguem altos graus de atividade na
área do cérebro que registra os sentimentos de felici-
dade.O atual Dalai Lama, inclusive, é um dos entusi-
astas da ciência. Ele é o principal incentivador
do Mind and Life Institute, uma organização desti-
nada a desenvolver um entendimento do funciona-
mento da mente com base na ciência, com o objetivo
de reduzir o sofrimento e aumentar a felicidade.

Com base nesses 3 mestres da vida que nos trouxe-


ram essas maravilhosas lições, poderemos aprender a
sermos pessoas melhores para conosco e para o pró-
ximo. Existem muitos sábios pelo mundo todo, para
fazer um livro abordando todos, levaria anos, mas es-
ses são os 3 mais conhecidos e fundadores das 3 reli-
giões mais importantes do mundo, o Cristianismo, o
Hinduísmo e o Budismo.

Fim
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