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Hebert Davi Liessi

Oasis
´
Uma vida de intimidade com Deus através da oração

1ª EDIÇÃO
Ficha catalográfica elaborada por
Uariton Boaventura (CRB 5/1587)
L7198s Liessi, Hebert Davi.
Oásis: uma vida de intimidade com Deus
através da oração / Hebert Davi Liessi. – Edição do
Autor: Cachoeira, 2020.

106 p.
ISBN: 978-65-00-05658-7
1. Oração – Vida espiritual. 2. Oração
Meditação. 3. Oração – Crescimento espiritual.
Título.
CDD 248.32
SUMARIO
Ocupar a mente com a presença de Deus............................9

Adorar e Agradecer.................................................... 29

Suplicar por Perdão e Santificação................................... 53

Interceder................................................................ 77

Silênciar.................................................................. 93

Conclusão ..............................................................103

Apêndice A - Algumas dicas para melhorar nossa oração.......105


INTRODUÇÃO

O deserto mais seco do mundo está localizado no norte


do Chile, chamado de Atacama. Raramente chove,
apesar dos 10 milímetros de chuva por ano, o que faz nascer lindas
flores em meio à solidão das areias. Porém, o que ainda dá vida para
alguns lugares são as águas que descem das Cordilheiras dos Andes,
criando assim, oásis em meio ao nada.
Ao viajar dentro deste deserto, percebi que, aparentemente,
não há vida em nenhum lugar. De ambos os lados eu via dunas e
montanhas sem fim. Nenhuma árvore, nenhum animal, nenhum
cacto ou arbustos específicos de desertos. Para mim foi uma
experiência marcante o calor intenso durante o dia, mas nada se
compara ao mais seco frio que jamais tinha sentido, durante a noite.
O que mais me surpreendeu foi a presença de pequenas cidades
em meio as infinitas areias. São vilarejos de 120 moradores em Socaire,
5.000 pessoas em São Pedro do Atacama, até as maiores cidades como
Antofagasta, com mais de 300.000 habitantes. Muitas destes lugares
começaram a existir por viverem perto ou dentro de um oásis. Mas,
atualmente, ainda existem alguns lugares de vida em meio ao deserto.

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No caminho, podemos encontrar alguns oásis. É inacreditável
vê-los, parece uma miragem. Como podem existir águas e vidas em
meio ao mais seco deserto do mundo. Por exemplo, “o oásis do Jere
é único, porque lá existem diversas espécies de árvores frutíferas.
Há maçã, uva, laranja, romã. Só de pera, existem oito espécies
diferentes”.1 Também podemos citar as termas de Puritama, que
formam mais um oásis no deserto. A água dessas piscinas naturais
é quentinha, dando a prazerosa sensação de 30ºC.
Para os viajantes, para os turistas, para os moradores locais e
até para animais, encontrar um oásis em meio às profundas areias do
deserto é algo indescritível. A vida retoma sua força, a esperança da
jornada é reacendida, a paz e descanso se tornam a mais prazerosa
realidade. Em nossa vida também é assim. Precisamos de oásis para
voltar a viver, para ter paz.
Vivemos numa época de muita agitação e correria. As
demandas profissionais, acadêmicas, familiares etc. nos tomam o
tempo por completo, isso é, quando conseguimos dar conta de tudo.
Esta realidade muitas vezes nos leva a viver no deserto, sem uma
comunhão íntima com Deus. Nossa rotina nos faz ficar perdidos nas
grandes montanhas das frias areias da vida, ou nos deixa submersos
dentro das quentes dunas das aflições da existência.
Não podemos perder o poder disponível da oração para
fortalecer vidas, reavivar moribundos espirituais, e ressuscitar
mortos pela correria. Não permita que sua visão de quem é Deus
ou seu relacionamento com ele apague, pelo contrário, ao ler este
1
Para mais informações. Disponível em <http://g1.globo.com/globo-reporter/noti-
cia/2011/09/oasis-surge-e-surpreende-no-deserto-mais-seco-do-mundo.html>. Aces-
so em: 22/09/2014.

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livro, permita que o Espírito Santo crie Seu oásis nos desertos da
sua vida.
Oásis é um acróstico. Esta metodologia serve para
memorização. Cada letra da palavra Oásis tem um significado e
eu farei uma aplicação espiritual aprofundando a maneira de orar
com o objetivo de encontrar a paz em Deus. “O” significa Ocupar
a mente com a presença de Deus. “A” apresenta a maravilha de
adorar e agradecer a Deus. “S” demonstra nossa necessidade de
suplicar por perdão e santificação. “I” revela a grande vontade de
Deus para que sejamos intercessores. E, por fim, a letra “S” mostra
com é bom sentir a presença de Deus com o silêncio após a oração.
Recomendo que você leia este livro com oração, pedindo
a Deus que fale ao seu coração as verdades que Ele quer revelar
através de Sua Palavra e de experiências apresentadas aqui. Ao final
desta leitura, espero que sua compreensão sobre a importância e
a necessidade de falar com Deus desperte o desejo de viver esta
experiência diária de intimidade com Deus. Deus criou a oração
para ser um oásis, um momento de deleite, de paz, de nutrição e
abastecimento das águas e refrigério celestial.
Querido leitor, espero que este livro te leve para um oásis
real e que, além de tudo, te motive a viver uma vida de intimidade
com Deus, encontrando diariamente a paz, conforto e motivação
na oração.

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1 OCUPAR A MENTE COM A
PRESENÇA DE DEUS

“Buscar-Me-eis e Me achareis quando Me buscardes de todo o vosso


coração” (Jeremias 29:13)

“O único lugar em que podemos nos esconder da presença de Deus


é em Sua presença” Randy Maxwell
Certa segunda-feira, na cidade de Salvador, capital bahiana,
estava eu em minha casa tentando conversar com Deus em oração.
O dia estava iniciando. O movimento e o barulho intenso dos
carros, motos e ônibus aumentavam a cada minuto. As crianças da
escola ao lado, gritando e correndo alegremente. Neste momento,
eu pensava em todas as atividades de minha agenda, aquela lista
enorme. Seria um dia daqueles, que começamos bem cedo e
terminamos bem tarde.
Não estava conseguindo me concentrar. Não estava conseguindo
orar, escutar a Deus, meditar na Sua pessoa, maravilhosas promessas
e admoestações que tinha para me falar através de Sua Palavra. O que
você faria? O que você tem feito para meditar e ocupar sua mente na
presença de Deus em situações semelhantes?
Este capítulo tem os objetivos de (1) apresentar o que a
Bíblia diz sobre nossa mente, (2) clarear o que é meditação bíblica
e (3) motivar você a fim de sempre dedicar tempo contemplando

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o caráter de Deus, Suas obras e Sua palavra. Assim, mesmo com a
correria e barulho de uma cidade grande, como Salvador, ou em
qualquer outro lugar, eu e você podemos desfrutar completamente
da presença do Senhor ao nosso lado.

O ALIMENTO DA NOSSA MENTE


Querido leitor, para entendermos mais sobre como ocupar
a mente com a presença de Deus, é necessário saber como nossa
mente é alimentada, de acordo com a Palavra de Deus. Logo,
veremos como Deus quer trabalhar em santificar e transformar
nossos pensamentos através de uma meditação completa, descrita
nas Escrituras.
Paulo escreveu algumas definições sobre a mente humana.
Vejamos abaixo algumas negativas:
1. II Coríntios 11:3-4 – mente corrompida. “Mas receio
que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia,
assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da
simplicidade e pureza devidas a Cristo”. “Todas as coisas são
puras para os puros; todavia, para os impuros e descrentes, nada
é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão
corrompidas” (Tito 1:15). Satanás trabalha incansavelmente para
nos enganar e corromper nossa mente e hábitos a fim de nos
distanciarmos de Deus.
2. Colossenses 2:18 – mente carnal. “Ninguém se faça
árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos
anjos, baseando-se em visões, enfadando, sem motivo algum, na
sua mente carnal”. Mente humana sem a presença Cristo.

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É difícil não ter experiências como as descritas acima. Até
porque somos humanos e precisamos da graça e santificação divina
para operar em nossa mente e nos modificar para algo puro. Veja
abaixo o ideal de Deus para nossos pensamentos e como Ele tem
moldado aqueles que se entregam ao Seu poder:
1. Efésios 4:23 – mente renovada. “e vos renoveis no
espirito do vosso entendimento”. E em Romanos 12:2 diz: “E
não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela
renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus”.
2. I Coríntios 2:16 – mente de Cristo. “Pois quem conheceu
a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a
mente de Cristo”. E em Filipenses 4:7 diz: “E a paz de Deus, que
excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa
mente em Cristo Jesus”.
Assim querido leitor, nossa mente é corrompida pelo pecado
e não tem solução se não for transformada pela graça maravilhosa
de Cristo. Jesus quer transformar tudo em nós. Ele deseja ocupar
nossos pensamentos e decisões a fim de nos ajudar na caminhada
rumo ao céu e, principalmente, para nos deixar abertos ao Seu
poder salvador.
Quando ocupamos a mente com as coisas de Deus, podemos
meditar em Sua pessoa. Mas existe uma “nova espiritualidade”, a
qual ensina que não precisamos ocupar a mente com a presença
de Deus ou com Sua vontade descrita na Bíblia. Veja abaixo para
entender o perigo desta nova meditação espiritual.

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“NOVA ESPIRITUALIDADE”
Ao entrarmos, através da oração e do estudo de Sua
Palavra, na presença do Senhor do Universo, o Espírito Santo
transforma nossos pensamentos. Quando nossos pensamentos são
transformados, logo, nosso comportamento e vida também são
moldados pela companhia de Deus.
Sendo assim, no livro O Grande Conflito tem uma citação
importante para nossa compreensão do valor da contemplação:
“em lugar da justiça e perfeição do Deus infinito [...] Satanás pôs
a natureza pecaminosa e falível do próprio homem.” Em seguida,
afirma: “É lei, tanto da natureza intelectual como da espiritual, que,
pela contemplação, nos transformamos. A mente gradualmente se adapta
aos assuntos com os quais lhe é permitido ocupar-se. Identifica-se com
aquilo que está acostumada a amar e reverenciar” (p. 554-555). Isto
é, pelo muito contemplar, somos transformados. O que você tem
contemplado? Vale a pena ser transformado por isso?
Deus nos convida a separar tempo para contemplar Sua
Palavra, para conversar com Ele, pois, quando nossa mente está
completa das verdades da Palavra de Deus, nossa vida espiritual é
renovada. Ao orar, com nossa Bíblia aberta ao lado, ao meditarmos
nos princípios da Palavra de Deus temos que rogar a Deus para que
ilumine nossa mente a fim de que compreendamos Sua vontade e
vivamos a grande esperança que Ele nos está proporcionando.
Assim, as Escrituras Sagradas apresentam a espiritualidade
como contemplar e estudar as mensagens inspiradas escritas, as
quais produzem apreciação de Seus ensinos e amor ao Salvador e
Sua obras (Salmo 1:2; 119:15, 16, 97). “Vinde, pois, e arrazoemos”

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(Isaías 1:18). O apóstolo Paulo acrescenta: “Não vos conformeis
com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus” (Romanos 12:2).
Atualmente, vemos que há uma nova sensação, um novo êxtase,
há uma busca excessiva pela paz interior, pelo desenvolvimento
espiritual. São pessoas sinceras que anseiam uma experiência
mais profunda com Deus. Mas, está nova sensação está revestida
de misticismo oriental. Ou seja, conceitos do Hinduísmo e do
Budismo estão sendo unidos com os ensinos de Jesus através da
chamada “meditação/oração contemplativa”, uma maneira de
tentar entrar num estado de inconsciência. Tentam estar livres de
todas as distrações e pensamentos, na presença de um “deus” que,
segundo eles, está no centro do ser de cada um.
Este ensinamento é perigoso quando está unido com os
ensinos da Bíblia. Pois, nesta maneira de orar, pela contemplação
no “centro místico que cada um tem”, a mente não fica ocupada
com a vontade de Deus, mas supervaloriza o “deus” que está dentro
do indivíduo. É uma forma de retirar o estresse aprisionador e as
aflições da alma e se encontrar num estado vazio de pensamentos,
conhecido como Zen para a as religiões orientais.Também praticado
pela prática da Ioga e meditações transcendentais.
O “mantra”, por exemplo, é uma fórmula sagrada para
alcançar este objetivo: “Mantra é um som, sílaba, palavra ou
grupo de palavras considerado capaz de criar transformação
[transformação espiritual]. [...] O mantra se originou na tradição
védica da Índia, tornando-se mais tarde uma parte essencial da

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tradição hinduísta e prática costumeira no budismo, sikismo,
jainismo. O uso do mantra está hoje difundido por vários
movimentos espiritualistas,”2 inclusive movimentos que querem
ser cristãos. O sentimento de uma presença espiritual mística não
significa necessariamente que esta “presença” procede de Deus.
Ellen White advertiu: “Sob o disfarce religioso, Satanás procurará
estender sua influência sobre o mundo cristão” (Grande Conflito, p. 464).
Com isso, esses conceitos de “energia cósmica” dentro de nós
são contrários às Escrituras. O apóstolo Paulo admoestou:
“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também
em Cristo Jesus” (Filipenses 2:5). Ou seja, a Bíblia ensina que
ao invés de procurarmos algo no cosmos, devemos buscar Jesus e
Seu modelo de comunhão com o Pai. Reflita nisto querido leitor.
Que tipo de meditação você está buscando? Quem você quer
encontrar: o “EU” dentro de você ou o Pai celestial que está ao teu
lado?
Faz algum tempo, eu conheci uma senhora que tinha uma
vida de cristianismo relativamente místico. Ela procurava sempre
fazer estas conexões de oração com um esvaziamento da alma para
alcançar a plenitude da paz interior. Tinha um costume de usar do
louvor e do silêncio para chegar a uma forma de elevação do íntimo
do ser. Certo dia, eu cheguei à sua igreja e ela tinha colocado
luzes, velas e símbolos que levavam os pensamentos das pessoas
para algo mais místico do que bíblico. Provavelmente sua prática
de fé revelava mais as teorias de meditação descritas acima do que
a maneira em que Jesus ensinou para adorar a Deus.
2
Disponível em <http://en.wikipedia.org/wiki/Mantra>. Acessado em 20/08/14.

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A verdadeira meditação e ocupação da mente se fundamentam
em Jesus e Sua Palavra. Leva em conta Sua vida, morte, ressurreição,
ministério sacerdotal e breve retorno à Terra. A contemplação
de Jesus e da beleza de Sua verdade nos transforma. Quando
meditamos no sacrifício que Ele fez na cruz, entramos na presença
dAquele que é amor.
Seria benéfico a nós passar diariamente uma hora a refletir sobre
a vida de Jesus. Deveremos tomá-la ponto por ponto, e deixar que a
imaginação se apodere de cada cena, especialmente as finais. Ao meditar
assim em Seu grande sacrifício por nós, nossa confiança nEle será mais
constante, nosso amor vivificado, e seremos mais profundamente imbuídos
de Seu espírito (Desejado de Todas as Nações, p. 83).
A meditação e salvação que procuramos não vêm de nosso
interior; nós vamos encontrá-la se procurarmos em Cristo, e
nEle somente. Quando olhamos para Jesus em Sua Palavra, nosso
coração é protegido. Veja nas próximas linhas como a Bíblia ensina
a meditar e em Quem meditar.

MEDITAÇÃO BÍBLICA
Meditar para o cristão é ocupar a mente com a presença de
Deus, Sua Palavra e, através da oração, encontrar a paz neste elo de
comunicação com nosso Pai Celestial.
Jesus mesmo deu o exemplo de como ocupar a mente com
a presença de Deus. Ele meditava e orava, muitas vezes a sós,
buscando que o Pai cumprisse nEle Sua vontade em favor do ser
humano. Mas Jesus também vivia no meio do povo. Ele praticava a
vontade de Deus com as pessoas.

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Cristo demonstrou e exemplificou formas passivas e ativas
quando se referia à meditação. As passivas são: estudo da Palavra
de Deus, oração e meditação no poder e atuação de Deus para
revelar Seu amor aos seres humanos. E as maneiras ativas podem
ser encontradas no trabalho, obras da graça e vida abundante, como
Jesus sempre proporcionava.
Paulo ensinou que “tudo o que verdadeiro, tudo o que é
respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que
é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se
algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento”
(Filipenses 4:8).
Ao contrário deste verso acima, podemos abrir as “janelas da
vida” para forças e influências que irão desviar nossos pensamentos
de Deus. Por exemplo, os olhos. Se eu vejo muitos filmes, revistas,
jornais, novelas etc. que não tem conteúdos para aumentar minha
fé, consequentemente estou permitindo que o inimigo entre
facilmente em minha mente através dos olhos.
Os ouvidos também são parte das “janelas da vida”. As fofocas
que permitimos escutar, as músicas, as piadas, os comentários e
críticas que abrimos os ouvidos para entender. Não estaremos
percebendo que sutilmente pensamentos não santificados, impuros
ou incorretos estarão tendo livre acesso ao “centro de comando” de
nossa vida, o cérebro.
Lembro-me de ter lido um livro que explicava sobre o
controle de ações individuais. Neste material, foi explicado sobre
o poder da contemplação para a mudança do rumo de nossa vida.
É assim: (1) pela contemplação geramos nossos

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pensamentos: o que admiramos, olhamos ou apreciamos irá
alimentar o que iremos pensar. Exemplo: se admiro muito a maneira
de alguém ser generoso com os necessitados, consequentemente
minha apreciação pela atitude da pessoa poderá criar em mim
pensamentos que desejem ser semelhante a ela. Contudo, se
passo muito tempo contemplando violência e desonestidade,
provavelmente minhas ideias caminharão neste rumo.
(2) Os pensamentos formam os hábitos: parece óbvio,
de tanto pensarmos em algo, isso fará da rotina uma mudança lenta
nos hábitos de cada um. (3) Hábitos costumam ser a base das
ações: se tenho o hábito de orar quando acordar, logo minhas
primeiras ações ao despertar será conversar com Deus. E por fim,
(4) as ações tem o poder de direcionar o rumo da vida. Se
tiver ações de fofoca, inveja ou falsidade, possivelmente minha vida
será pautada nestes fundamentos.
Por isso, aquilo que contemplamos tem poder para mudar
nossos pensamentos, hábitos, ações e a vida, consequentemente.
Precisamos sempre estar atentos em que estamos meditando, em
que estamos abrindo nossa mente para receber. Deus quer que
possamos pensar em tudo o que é puro, verdadeiro, honesto, santo
e agradável para com seu poder santificar a vida do filho fiel.
Nossa mente tem que estar ocupada com as coisas de Deus.
Devemos meditar nas Palavras de Deus, na Lei que Deus colocou
para nossa proteção e obediência, nos caminhos santos que
Deus traçou para que nós caminhássemos, nas obras de Deus
demonstradas na vida dos seres humanos e, o mais importante,
meditar na Pessoa de Deus mesmo. Jeremias escreveu: “Achadas as

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tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria
para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó Senhor, Deus
dos Exércitos” (15:16).
“A comunhão com Deus, mediante a oração, desenvolve as faculdades
mentais e morais, a as espirituais se robustecem ao cultivarmos pensamentos
sobre assuntos espirituais” (Desejado de Todas as Nações, p. 71).
Logo, ao ver algumas sugestões de como devemos, de
acordo com a Bíblia, meditar diariamente, veremos nas próximas
linhas várias maneiras agradáveis de ocupar nossa mente com a
presença de Deus, podendo ser para iniciar uma oração, ou apenas
uma contemplação de Quem é nosso Pai celestial.

OCUPANDO A MENTE COM A PRESENÇA DO SENHOR


DEUS
Uma das maneiras mais agradáveis de desfrutar a presença
de Deus é relembrando Seus nomes e como Ele operou em Seu
povo e como atua em nossa vida hoje. Nós podemos ocupar nossa
mente com a presença de Deus ao relembrar as grandes coisas que
Ele fez pelo povo de Israel e, através do significado de Seu nome,
observar Suas poderosas ações para os frágeis humanos.
Abraão, por exemplo, era um homem que ocupava a mente
e o coração com a presença de Deus. Quando ele estava a ponto de
obedecer à ordem de Deus ao colocar seu filho Isaque no altar para
o sacrifício, logo apareceu um carneiro preso nos arbustos; chamou
aquele lugar de “(Jehovah-jireh) o SENHOR proverá” (Gênesis
22:14). E você, tem ocupado sua mente com a presença do Deus
que tudo provê? Antes de começar sua oração, é importante saber

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a Quem você está chegando perto. O Deus que tudo provê está no
trono do universo, na Sua transcendente majestade, com o objetivo
de salvar e ajudar os pecadores que precisam de Sua presença ao
lado de cada luta diária.
Podemos ocupar nossa mente com a presença de Deus
quando nos lembramos do episódio que Deus mandou Moisés
transformar as águas amargas em doces, fazendo uma promessa:
“Nenhuma enfermidade virá sobre ti, das que enviei sobre os
egípcios; pois Eu sou (Jehovah-ropheka) o SENHOR que te
sara” (Êxodo 15:26). Quantas vezes nós precisamos nos aproximar
mais de Deus para pedir a cura de nossos desejos pecaminosos
que nos controlam e nos fazem mais rebeldes. Além da sanidade
espiritual, como precisamos atualmente da cura de nossas
doenças. Quando buscamos a Deus, podemos ter a certeza que Ele
é infinitamente poderoso para curar, sempre com o propósito de
revelar seu amor e sua graça através de Cristo Jesus.
“(Jehovah-nissi) o SENHOR é minha bandeira” (Êxodo
17:15). Ao Israel vencer a batalha contra os Amalequitas, Moisés
deu este nome ao altar que edificou. Será que sua vida tem
mostrado que o Senhor é sua bandeira? Infelizmente, muitas
pessoas que se dizem serem seguidores de Deus, mas suas obras,
palavras e pensamentos não demonstram esta fé, não revelam por
qual “bandeira” estão lutando. Este mundo é uma guerra contra o
pecado, contra o adversário de Deus. Não permita que você esteja
vestido como um “filho de Deus”, mas carregando a bandeira do
inimigo de Deus.
Ocupamos nossa mente, também, quando deixamos Deus
nos santificar ao aceitar o sábado como uma aliança entre o Senhor
e seu povo. “Certamente, guardareis os Meus sábados; pois é sinal
entre Mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que Eu
sou (Jehovah-meqaddeshkem) o SENHOR que vos santifica”
(Êxodo 31:13). O sábado não foi feito somente para os judeus ou
para ser o dia das proibições. Ao contrário, é um dia que revela a
criação deste mundo e convida cada criatura a desfrutar de uma
comunhão íntima com seu Criador.
Além disso, o sábado é uma aliança visível de quem aceitou
o compromisso completo de viver pela graça de Jesus. Ninguém
será salvo por obras da lei, mas sim pela fé em Cristo, que salva a
cada um. Guardar o sábado é desfrutar o clímax da graça e viver
a experiência de ter um dia exclusivo escolhido, santificado e
abençoado por Deus. Um dia especial para que tenhamos para que
celebremos nosso relacionamento íntimo com nosso Criador. Um
dia propício para refletirmos sobre quem somos, nossa origem,
nossa redenção, nosso propósito e a quem pertencemos. Como é
prazeroso este dia para ter mais tempo a fim de ocupar a mente
com a presença de Deus.
Gideão estava escondido com medo dos inimigos de
Deus quando Deus apareceu a ele e disse: “Paz seja contigo!
Não temas! Não morrerás!” Assim, com a mente ocupada na
presença de Deus, edificou um altar e o chamou de “(Jehovah-
shalom) o SENHOR é paz” (Juízes 6:23-24). Este mundo
em que vivemos é um lugar de injustiças, perseguição, batalhas
para sobreviver e, muitas vezes, medo e desânimo. Precisamos
erguer altares em nossa casa. Altares de oração. Altares de

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adoração ao Único Deus. Altares de reverência e dependência
do Todo-poderoso Pai. Assim, conseguiremos encontrar a paz
através de Sua presença em nossa casa e em nossa vida.
A paz, egoísta, orgulhosa e fria, que o ser humano busca
nunca satisfará a ninguém. Muitas vezes em nosso lar não há paz
por diversas razões. Onde deveria ter um altar de adoração e união
da família para um culto, há uma televisão, computadores, artigos
diversos que desviam a mente de todos. Não que seja errado
ter estas coisas, mas o melhor lugar da casa deve ser o altar do
Senhor. O lugar onde pais e filhos se unem em oração, o lugar
de reconciliação para pessoas que se desentenderam ou brigaram.
Haverá mais paz em nossa vida e lar quando realmente erguermos
o Altar de oração e adoração.
Um costume de minha família era ter um local específico
em casa para a oração e culto. Em toda a casa se sentia a presença
de Deus, mas este local era diferente, especial. Era um lugar de
paz, de alegria e de comunhão. Não foram poucas vezes que eu
acordava bem cedo para ir à escola e via meu pai de joelhos orando
e minha mãe, em outros momentos, estudando a Bíblia. Eu cresci
percebendo que Deus sempre deseja trazer paz ao lar de cada
família, mas Ele precisa ser convidado para permanecer em nosso
lar. Ter um espaço, em nosso coração e em nossa casa dedicado
somente para Deus, torna a vida com mais paz e alegria. É possível,
é maravilhoso, experimente.
Quando Davi escreveu o salmo 23, ele tinha o costume de
ocupar sua mente com a presença de Deus; até chegar ao ponto de
escrever: “(Jehovah-roi) o SENHOR meu pastor” (Salmo 23:1).

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Neste poema ele eterniza a expressão humana diante da presença
do Criador. Muitas vezes nos falta a permissão para Deus ser nosso
pastor.
Certo dia eu estava conversando com um jovem chamado
Miquéias que conheci em São Tomé, uma ilha africana situada no
oceano Atlântico. Ele devia ter uns 35 anos de idade. Contava-me
que tivera experiências marcantes com Deus. Nada espetacular ou
sensacional. Mas uma vida diária de comunhão com Seu Pastor
celestial.
Com o passar de poucos dias, eu e ele fomos desenvolvendo
uma agradável amizade e, com isso, fui percebendo como ele
procurava ser uma ovelha de Deus. Ao ir para a igreja, não queria
apenas ser um religioso formal, buscava ansiosamente a companhia
do Espírito Santo. Sempre recitava o salmo 63:1: “Ó Deus, tu és
meu Deus forte, eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede
de ti; meu corpo te almeja como terra árida, exausta, sem água”.
Percebi na vida deste jovem que ser uma ovelha do Bom
Pastor é viver fazendo o melhor possível em cada atividade e
trabalho, procurando ter uma dependência e entrega total aos
cuidados de Deus. Até mesmo quando ele errava ao pecar, percebia
a repreensão do Pastor tentando ajuda-lo a consertar seus maus
hábitos e compreendia a ajuda celestial ao fortalecê-lo contra as
artimanhas do inimigo. Através desse amigo que está muito longe
de mim, posso sempre me lembrar, ao ler “o Senhor é o meu
pastor”, de como ser uma ovelha de Deus.
Também, podemos ocupar nossa mente ao nos lembrar
de “(Jehovah-sebaot) Senhor dos exércitos” (1 Samuel 1:3).

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Também “(El-shaddai) Deus Todo-poderoso” (Gênesis 17:1),
“(El-olam) Deus eterno” (Gênesis 21:33) e “(El-elyon) Deus
Altíssimo” (Gênesis 14:22). São expressões que revelam a soberania
de Deus. Ao você conhece-las e lembra-las a cada instante, o ajudará
a desenvolver uma relação mais submissa a este Senhor tão gracioso
em lutar ao nosso lado.
Frequentemente, começamos nossas orações já clamando
pela vitória de batalhas que estamos travando e nos esquecemos de
lembrar a Quem estamos dirigindo nossa prece. Jehovah-sebaot,
El-shaddai, El-elyon, está de braços abertos para te cuidar e poder
ter o controle de sua vida. Entregue para Ele tudo. “Entrega o teu
caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará” (Sl 37:5). Permita
realmente que Deus tome os caminhos e decisões de sua vida, pois
assim, encontrarás segurança para viver cada dia.
Querido leitor, há inúmeras maneiras de ocupar a mente
com a presença de Deus. Não somente lembrar o que Ele fez ao
povo de Israel, mas também relembrar os milagres e momentos
tão íntimos que você alguma vez teve com Deus, ou se não teve,
colocar-se a disposição para ter esta intimidade com o SENHOR.
Lembro-me de uma cena que experimentei com 18 anos. Eu
estava acampando com amigos numa montanha perto da faculdade e
o céu da noite estava incrivelmente estrelado. Eu estava enfrentando
uma luta espiritual, estava vivendo uma transformação interior que
Cristo operava em mim. Na madrugada, eu estava acordado, orando,
e contemplando a beleza das estrelas, os pequenos riscos de luzes que
apareciam geralmente, as luzes dos corpos celestes. Naquele momento,
eu pude experimentar o que é ocupar a mente com a presença de

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Deus. Não disse palavra nenhuma, também não escutei a voz dEle.
Mas uma coisa eu tenho certeza, eu estava sentado ao lado de meu Pai
celestial e estava desfrutando de Sua tão prazerosa presença.
E você? Tem permitido sua mente desfrutar da presença de
Deus? Você tem alcançado o privilégio de estar na companhia do
Senhor do Universo? Se a resposta for sim, parabéns; continue
assim, pois antes de qualquer oração ou momentos de adoração
a Deus, temos que permitir que nossa mente esteja ocupada da
presença de Jesus.

A ORAÇÃO DE JESUS
Jesus é nosso exemplo em tudo. Ele passava noites em
oração, horas em intercessão, gratidão, súplica por poder. Não
sabemos perfeitamente sobre tudo o que ele conversava, mas temos
uma certeza, Cristo amava estar na presença de seu Pai, ocupando
sua mente com a Palavra de Deus. Seu maior desejo era estar na
companhia de quem ele amava. Penso que antes de qualquer palavra
dita ou expressa do Filho para o Pai, algum tempo se passava apenas
contemplando a beleza e amor divino.
Com certeza, Jesus também é Deus, mas a questão é que
Ele mesmo, como humano, tinha prazer em ocupar sua mente com
o reino dos Céus e convidar seu Pai para estar bem juntinho em
uma comunhão íntima.
Em outro momento vemos Jesus ensinando os discípulos
alguns pontos importantes da oração. E o primeiro é: buscar a
presença e o reino de Deus para satisfazer Sua vontade. “Portanto, vós
orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus” (Mateus 6:9,10).

24
A primeira metade da oração que Jesus nos ensinou tem
a ver com o nome, o reino e a vontade de Deus. Para que seja
honrado seu nome, para que Seu reino venha e seja estabelecido
e, finalmente, para que Sua vontade seja feita. Assim, quando,
na oração, procuramos estar na presença de Deus como nosso
primeiro interesse, poderemos pedir as demais coisas, que serão
supridas pela vontade de Deus em nos cuidar.
Cristo mostra neste exemplo de oração acima que o primeiro
deve ser Deus. Depois diz: “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu
reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”
(Mateus 6:33). Muitas vezes temos a tentação de orar e já ir para o
final. Ou seja, queremos parar para pedir, clamar, rogar por tantas
dificuldades e milagres que precisamos, mas nos esquecemos com
Quem estamos falando.
Deus pede que primeiro coloquemos nosso coração em Sua
presença, que ocupemos nossa mente com as bondades divinas.
Logo, as outras coisas virão como consequência do amor de Deus.
Estimado leitor, isso é OASIS. No deserto da imaginação
mística, da massificação da pornografia e da violência, e na meditação
do “eu” interior, ocupar a mente com a presença de Deus é um oásis
de refúgio para quem anseia por Deus.
Meu desejo com este primeiro capítulo é que nós possamos
antes de iniciar nossas orações, ficar em silêncio contemplando a
beleza da santidade de Deus. É muito importante ocuparmos nossa
mente com a presença do SENHOR antes de começarmos uma
oração, que muitas vezes é atropelada de palavras, muito repetitiva
e até dispersada por outros pensamentos.

25
Quando conseguirmos nosso primeiro minuto ocupando
nossos pensamentos com Deus e direcionando nossa mente ao
Trono da Graça, lembrando versos bíblicos, nossa oração terá mais
sentido, mais propósito e, algo importante, nós sentiremos que
estamos diante do Senhor do Universo e de nossa vida.
Que tal começar agora? Feche seus olhos. Não diga palavra
nenhuma, não agradeça nem peça. Apenas experimente Deus ao
teu lado. Sinta a companhia do Seu salvador abraçando você.
“Torre forte é o nome do SENHOR; à qual o justo se acolhe
e está seguro” (Provérbios 18:10).
“É na comunhão com Ele, todo dia, toda hora permanecendo
nEle - que devemos crescer na graça” (Caminho a Cristo,p. 69).
Em continuação, veja no próximo capítulo como experimentar
a Deus através da Adoração e dos Agradecimentos.

26
Perguntas para reflexão:
Quais pensamentos nós devemos procurar ter? O que você
acha das “janelas da vida”?
Que perigos podem existir quando desejamos ter momentos
de paz e meditação?
Em que você mais gosta de meditar? Isso tem feito você
estar mais perto de Deus?
Como podemos ocupar nossa mente diariamente com a
presença de Deus?

27
2 ADORAR E AGRADECER

“Quando já ia chegando à descida do Monte das Oliveiras, toda a


multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a louvar a Deus em
alta voz, por todos os milagres que tinha visto”
(Lucas 19:37).

Muitas pessoas fazem de suas orações apenas momentos


de agradecimentos ou pedidos pontuais. Reconhecem o cuidado
que Deus tem com elas e demonstram confiança ao colocar suas
dificuldades e temores nas mãos do Senhor. É muito bom fazer isso,
porém, precisamos ir além dessa experiência, buscando estar na
presença do Amoroso, Justo e Santo Criador do universo.
A adoração a Deus deve ser a base de toda oração. O clímax
desse encontro. Pois o Senhor nos diz que importa que adoremos
em espírito e em verdade (João 4:24).
Existem muitos conceitos e definições para esta palavra e
este ato. Mas eu gostaria que nós tivéssemos em mente o que é
adoração: (1) reconhecer que Deus é o Único merecedor de ser
adorado, (2) aproximar-se da presença de Deus com espírito de
humildade perante o Criador do universo e de nossa vida, (3)
desejar entregar tudo o que somos e tudo o que temos nas mãos
dEste tão magnífico e grandioso Pai.

29
ADORAÇÃO É UMA RESPOSTA À GRANDIOSIDADE E
AMOR DE DEUS
Umas das grandes descobertas que alguém pode fazer de si
mesma é descobrir o propósito de sua criação, o porquê foi criada.
A vida espiritual, os valores pessoais, os sonhos, a história de vida,
entre outras coisas, são fortalecidas quando encontramos em Deus
a origem de nossa vida e, ao nos relacionarmos com Ele, crescemos
numa comunhão de objetivos e sentido para toda a vida. Tudo isso
gera um sentimento tão forte em quem percebe sua criação que a
resposta mais imediata e sincera é adorar o Criador.
Basicamente, há três tipos de pessoas quando falamos de
uma percepção espiritual bíblica. A primeira é alguém que vive
sem sentido em sua vida. Vai para a escola, depois para o trabalho,
alimenta-se, casa-se, passeia por lugares legais, a família cresce, a
doença vem e, logo, chega a morte. É uma vida triste, de aparências
e superficialidade, sem destino ou objetivos.
O segundo indivíduo é alguém que tem o propósito auto-
centralizado. Ele passa por cima de tudo, família, saúde, amigos, a fim
de alcançar um grande sucesso político, financeiro, religioso, social
etc. Este tem um objetivo de vida, ao correr somente atrás de crescer
e melhorar sua vida. Contudo isso é passageiro de acordo com a
Bíblia (Eclesiastes 1-3). Possivelmente se frustrará consigo mesmo.
Lembrei agora do jovem rico (Lucas 18:18-23). Ele
provavelmente poderia ilustrar o exemplo deste indivíduo que foi
descrito acima. Concordamos que ele conseguiu tudo o que desejava.
Mas a tristeza em seu coração nunca passou, principalmente depois
que rejeitou deixar todos seus sonhos e conquistas como resposta

30
ao convite de Cristo. Certo dia este homem acordou, e tudo o que
juntou foi tomado pelos inimigos.
Entretanto, existe um terceiro tipo de pessoas, na percepção
espiritual bíblica, que podemos citar aqui. Esta consegue encontrar a
cada dia a felicidade e a paixão por viver. Esta pessoa é um adorador
verdadeiro. Conseguiu, ao longo de uma vida aberta à influência
do Espírito Santo, talvez não imediatamente, compreender que
o propósito da vida é adorar, louvar a Deus, fazer Sua vontade e
seguir os apelos divinos para nossa salvação.
Esta pessoa desperta a cada dia tendo a certeza do propósito
da vida. Sua paz e satisfação crescem à medida que dedica tempo
para conhecer e se relacionar com Deus. Será que você está tendo
este enorme prazer de viver com propósito? Está você, realmente,
desfrutando da adoração a Deus em resposta ao Seu amor e
grandiosidade?
Conheci uma mulher numa igreja que fui pastor que inspira
minha vida. Ela alcançou posições acadêmicas, financeiras e sociais
altas. Conhecida em vários países, tinha cargos administrativos
invejados por muitos. Aparentemente ela tinha alcançado tudo o
que um ser humano desejaria ter. O propósito de sua vida tinha
sido realizado. Talvez não.
Depois dos cinquenta anos, ela percebeu que o principal
da vida estava faltando, Deus, mesmo não tendo dado atenção e o
valor necessário a Ele nas últimas décadas. Esta valorosa mulher
compreendeu que a vida só tem valor quando reconhecemos
a soberania e o comando de Deus e, como resposta a este
reconhecimento, adorou o Senhor.

31
Foi quando esta filha de Deus começou a estudar a Bíblia para
entender quem é o Senhor e como Ele se revelou. Não foram um,
dois ou três anos. Sua decisão final para um compromisso eterno
com Cristo só aconteceu depois de longos 10 anos de reflexão e
quebra de preconceitos. Por fim, seu batismo e o início de uma
eterna jornada de adoração ao lado de seu Salvador.
Já se passaram alguns anos deste este precioso acontecimento
na vida desta mulher. Quem a conhece percebe que o maior desejo
de sua vida é adorar ao Pai celestial por tanto amor, bondade e
poder em favor de sua vida e de seus familiares.
Ela encontrou o propósito de viver completamente.
Continuou com seus altos cargos sociais e acadêmicos, mas sempre
demonstrando, como Daniel na Babilônia, que viver para adorar a
Deus é a melhor escolha.
Querido leitor, sua história pode ser semelhante ou totalmente
diferente da mulher acima. Contudo, há uma semelhança que eu e
você podemos decidir ter: louvar e adorar a Deus em resposta ao
Seu amor e grandiosidade.
Para visualizar melhor o que é adoração e como dedicar a
vida para exaltar a Deus de todo o coração, de toda a alma e com
todas as forças, temos que aprender com Moisés e voltar ao Sinai,
assim podemos encontrar a paz que buscamos.

VOLTANDO PARA O SINAI


Voltar para o Sinai é um símbolo da busca humana na adoração
do Senhor. Nossos momentos de OASIS, momentos de oração
experimentando a presença de Deus ao nosso lado deveriam sempre

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ser como Moisés no Monte Sinai. Quantas vezes, ao o povo de Israel
estar acampado, este líder tinha que voltar a este Monte para buscar
ajuda e respostas divinas. Quantas vezes ele subiu para suplicar por
perdão e por provisões. Contudo, o que mais me marcou foram as
vezes que este líder voltava ao Sinai para adorar a Deus e tentar ver
a face do Senhor.
Disse o SENHOR a Moisés: “Farei também isto que disseste;
porque achaste graça aos meus olhos, e eu te conheço pelo teu
nome”. Então, ele disse: “Rogo-te que me mostres a tua
glória”. Respondeu-lhe: “Farei passar toda a minha bondade diante
de ti e te proclamarei o nome do SENHOR; terei misericórdia de
quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem eu me
compadecer”. E acrescentou: “Não me poderás ver a face, porquanto
homem nenhum verá a minha face e viverá”. Disse mais o SENHOR:
“Eis aqui um lugar junto a mim; e tu estarás sobre a penha. Quando
passar a minha glória, eu te porei numa fenda da penha e com a mão
te cobrirei, até que eu tenha passado. Depois, em tirando eu a mão,
tu me verás pelas costas; mas a minha face não se verá” (Êxodo
33:17-23).
O desejo mais intenso de Moisés era ver Seu Senhor. Já o
conhecia por quase todos seus anos, desde quando se lembrava de estar
vivo. Sua comunhão e adoração sempre foram crescentes. A cada dia
que passava este homem buscava adorar e honrar Seu Salvador.
Contudo, chegou o momento do clímax do relacionamento.
Ele pediu a Deus que mostrasse Sua face. Muita ousadia. Mas
este pedido demonstrou todo o temor e tremor de um adorador
verdadeiro em busca de conhecer mais Seu amado Criador.

33
A percepção das coisas espirituais é mental e não
necessariamente visual. Podemos nos basear na definição de fé
apresentada em Hebreus 11:1 “certeza de coisas que se esperam” e
a “convicção de fatos que não se veem”. Esperança relaciona-se com
o que não se vê, que aguarda acontecer. Logo, a experiência visual
não é condição indispensável para a existência da esperança. Voltar
para o Sinai é buscar adorar a Deus e conhecer mais Sua Glória.
O menor contato que podemos ter com a majestade de Deus
é tão vasto e amplo para nós, pequenos e frágeis seres, que apenas
o ouvir Sua voz seria suficiente para entender sobre Seu caráter.
Deus nos deu a Bíblia, com a ajuda do Espírito Santo, para
revelar tamanha grandiosidade numa percepção finita com o
pecado. Se somente com a visão das coisas de Deus fosse possível
existir fé, adoração e uma experiência autêntica com Ele, nem
os poucos profetas que receberam o dom de profecia estariam
percebendo quem é realmente o Senhor.
Afinal, “ninguém jamais viu a Deus” (1 João 4:12). Por isso,
quando Moisés rogou a Deus que lhe mostrasse Sua glória, Deus
enfatizou Sua essência com uma descrição verbal de Seu caráter,
não de Sua aparência. Em outras palavras, Moisés pediu a “figura” e
Deus lhe deu a “Palavra Escrita”
“Tendo o Senhor descido na nuvem, ali esteve junto dele e
proclamou o nome do Senhor. E, passando o Senhor por diante dele,
chamou: Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo
e grande em misericórdia e fidelidade...” (Êxodo 34:5,6) e “Então
o Senhor vos falou por meio do fogo; a voz das palavras ouvistes;
porém, além da voz, não vistes aparência nenhuma... Guardai, pois,

34
cuidadosamente a vossa alma, pois aparência nenhuma vistes... para
que não vos corrompais e vos façais alguma imagem esculpida na
forma de ídolo” (Deuteronômio 4:12,15-17).
Deus conhece a fraqueza do ser humano acerca do visual.
Naquele momento, até mesmo um vislumbre da face de Deus
poderia ser o despertar para uma idolatria, ou no coração de
Moisés, ou talvez ao povo de Israel. O Senhor sabe que muitas
vezes nós nos preocupamos mais com a figura do que com a
verdade que algo representa, tornando nossa adoração um fim em
si mesmo. Ao não revelar Sua face para Moisés, o Senhor não só
preservou seu servo como o ensinou que Sua palavra já e a porção
suficiente. Não somente para Moisés como para todos os seres
humanos, que desejam ver a Deus, no Sinai o Senhor ensinou que
basta Sua palavra, para não ter o perigo de cometer o pecado da
idolatria (Êx 20:3-6).
Contudo, constantemente Deus revelava Seu caráter e
vontade através de diversas formas, até ao ponto de demonstrar Sua
grandiosidade com ilustrações gloriosas (Daniel 7,10; Apocalipse
1).
Não podemos enfraquecer nossa adoração ao ponto de
dependermos de imagens, símbolos ou vozes para buscar a Deus.
Devemos buscar no monte Sinai como Deus quer ser adorado,
e procurar seguir os mandamentos que Ele escreveu na pedra.
Que cada momento de nossa vida e de nossas orações, possamos
“voltar ao Sinai”, buscando render verdadeiramente uma adoração
mais autêntica ao Senhor e procurar ser santo como Ele é Santo.
“Contemplando a Cristo somos transformados à Sua imagem, e renunciando

35
a nós mesmos... estaremos em comunhão íntima” (Ellen White, Manuscrito
48, 26/11/1890).
“Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Romanos
7:25) que revelou não a face da Divindade, mas todo Seu caráter,
poder e vontade. Veja na próxima parte como o “Eu SOU”, Jesus,
nos inspira a adorar a Deus e desfrutar de um relacionamento
íntimo com Ele.

OLHANDO PARA O “EU SOU”


Ao adorarmos a Deus, ao orar e ter comunhão com Ele,
necessitamos reconhecer quem Ele é. O reconhecimento,
admiração e reverência fazem parte da adoração. Com isso
lembramos as várias vezes que Cristo disse “Eu sou”, a fim de se
revelar para que nós possamos O adorar com maior zelo e com
uma intimidade fiel.
Ao Jesus estar dialogando com os judeus, Ele usou uma
expressão que já era muito conhecida para comunicar Sua natureza.
Disse: “Eu sou” (João 8:24, 28, 58; 13:19; 18:5-6, 8). Isso nos faz
lembrar Êxodo 3:14 quando “Eu sou” estava explicando quem era
que estava falando com Moisés.
Ao estarmos orando, precisamos recordar este nome, esta
marca e esta característica de Jesus. Ele é Deus. Ele se tornou ser
humano para dar a vitória aos que nEle depositam sua fé. Adorar a
Deus em oração é conversar intimamente com o grande “Eu sou”,
o qual se tornou acessível a fim de dar abundantemente Sua graça.
Adorar é colocar Deus no lugar que deve estar, no comando de
tudo e o único merecedor de nossa adoração.

36
Outras vezes Cristo afirmou “Eu sou o pão da vida”
(João 6:35, 41, 48, 51), “Eu sou a luz do mundo” (João
8:12). Com isso Ele estava atribuindo para si o poder divino de
Criador. Não somente é o pão que nos alimenta a cada momento
que temos fome, mas é o pão da vida eterna. Seu desejo é nos
manter nesta vida presente e, através de sua graça, nos santificar
para a vida eterna. Também é nossa luz, pois nos ensina quais são
os caminhos certos para que sigamos, e retira de nossa alma a
escuridão nos dando a luz e o entendimento da verdade em sua
Palavra.
Ao citar aspectos bem conhecidos dos judeus, Ele demonstrou
que além de ser adorado, Ele deseja estar conectado com o adorador
verdadeiro. “Eu sou a porta” (João 10:7,9), mostra que o pecador
miserável só poderá ter acesso a Deus e Sua presença através
dessa porta que é o Messias. Além disso, esta porta protege o fiel
adorador de perigosos ataques do leão que anda ao redor para
devorar (1 Pedro 5:8).
“Eu sou o bom pastor” (João 10:11, 14-15) relembra o
que vimos no capítulo anterior ao ter a certeza que “Deus é meu
pastor”. E, “Eu sou a videira verdadeira” (João 15:1,5) nos
coloca com a maravilhosa oportunidade de frutificar em nossa
vida através de uma adoração real, inteligente e profunda com o
salvador. Quando mais diminuímos nosso orgulho e egoísmo a fim
de adorar e estar unido com a Videira, mais vida haverá.
Em Trinidade e Tobago, uma ilha caribenha perto da
Venezuela, eu tive o prazer de conhecer uma senhora de uns
55 anos de idade na época. Mãe de três filhos, ótima funcionária

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pública, talentosa na cozinha e nos trabalhos manuais e, ex-adoradora
de Vishna e Brahma (deuses da religião Hindú). Desde sua infância,
seus pais a ensinaram que a adoração deveria ser feita a diversos
deuses, pois cada um merecia adoração ao ajudar no sustento dos
humanos, além de diminuir a ira deles.
Ela se dedicava muito. Era fiel e sincera à religião que
seus pais a ensinaram. Certo dia, esta mulher, com 30 anos
conheceu mais um “deus”, em sua maneira de ver, Jesus Cristo.
Assim, começou a ler a Bíblia e a orar para entender mais sobre
este “deus”. Logo, entendeu que havia um só Deus, o qual veio
a terra para revelar o Pai. Depois de muita luta, dedicou sua
vida e adoração a Cristo e iniciou uma vida nova de testemunho
e bondade ao encontrar o perdão de seus pecados e a paz em
Jesus.
Jesus Cristo merece nossa adoração e temor, pois afirmou
algumas expressões muito importantes para nós: “Eu sou a
ressurreição e a vida” (João 11:25). Somente nesta afirmação,
há tanta força e esperança que gera, naquele que está em
comunhão com Ele, a vontade de se render de maneira completa
em total adoração e submissão. O próprio Deus veio a terra
para dar a vida eterna àquele que nEle crê (Atos 16:31).
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6).
Além de ser a Vida, Jesus é o caminho correto, onde estão as
verdades divinas para iluminar todos que as buscam, sedentos
da presença do Deus verdadeiro. Será que Cristo tem sido
realmente o caminho por onde você tem andado? Será que você
tem buscado e praticado as verdades tão poderosas que exalam

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do Filho de Deus? Reflita um pouco, antes de continuar a leitura.
Esta afirmação de Jesus gera em você não só um sentimento de
adoração, mas leva-o para praticar a adoração em sua vida? Sua
resposta mostra o nível de adoração e compromisso que tem com
Cristo. Contudo, caso não se agrade muito de sua resposta, há
como diariamente você melhorar: pedindo ajuda celestial para
ser um adorador verdadeiro.
Finalmente, “Eu sou Alfa e Ômega” (Apocalipse 1:8;
22:13). Que palavras fortes e convictas! Jesus mesmo dizendo
que Ele é o início e o fim. Ele mesmo recebendo a adoração de
seres celestiais, homens e todo o ser que vive por todas as eras
de existência do universo. Adorar a Deus não é só reconhecer,
mas é deixa-Lo ser o único em sua vida. O início e o final de
cada dia. O início e o final de cada atividade e planejamento. O
que mais me chama atenção é que a palavra “final” não significa
somente a conclusão das coisas ou da vida, também tem o
sentido bíblico de “consumação”. Ou seja, Jesus é adorado por
nós porque nEle nossa vida tem um início e uma consumação,
um clímax que nunca acaba, pois estaremos na eternidade em
Sua presença.
Querido leitor, quando nós paramos para orar, para conversar
com nosso Pai celestial, precisamos adorá-Lo. Muitas vezes, na
correria do dia-dia não deixamos tempo para reconhecer Quem é
nosso Criador, Senhor e Salvador. Nós resumimos nossas orações
em pedidos e agradecimentos, o que não é ruim, mas muitas vezes
nos esquecemos de adorar e contemplar a Majestade de Deus.
O desejo de Deus para sua vida é que você possa

39
desfrutar momentos maravilhosos de oração adorando a Deus,
contemplando-O em sua santidade e majestade, e agradecendo
porque Ele se fez homem para estar bem pertinho de dEle, não
importa o lugar que estiver.
Leia este salmo e veja como Davi adorava a Deus
“Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha
alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta,
sem água. Assim, eu te contemplo no santuário, para ver a tua força e a
tua glória. Porque a tua graça é melhor do que a vida; os meus lábios te
louvam... no meu leito, quando de ti me recordo e em ti medito, durante a
vigília da noite. Porque tu me tens sido auxílio; à sombra das tuas asas, eu
canto jubiloso. A minha alma apega-se a ti; a tua destra me ampara” (Salmo
63:1-3,6-8).
“Para orar não é necessário que estejais sempre prostrados de joelhos.
Cultivai o hábito de falar com o Salvador quando sós, quando estais
caminhando, e quando ocupados com os trabalhos diários” (Ellen White,
Mensagens Seletas, vol. 2, p. 316).

AGRADECER
“E quando um uníssono, a um tempo, tocaram as trombetas
e cantaram para se fazerem ouvir, para louvarem o Senhor
e render-lhe graças; e quando levantaram eles a voz com
trombetas, címbalos e outros instrumentos musicais para louvarem
o Senhor, porque ele é bom, porque sua misericórdia dura para
sempre, então, sucedeu que a casa, a saber, a Casa do Senhor, se
encheu de uma nuvem” (2 Crônicas 5:13).

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O PRAZER DA GRATIDÃO VERDADEIRA
Como é bom agradecer por algo que realmente nos faz
felizes! Como faz bem para o coração demonstrar gratidão por
algo que recebemos, ou por um objetivo alcançado, um favor, um
gesto afetivo, um socorro etc. Se agradecer por estas coisas é bom,
quão melhor é agradecer a Deus por tantas e tantas bênçãos que
Ele nos tem dado graciosamente.
Gratidão faz parte da vida do ser humano. Desde os bebês
que não sabem falar, mas demonstram a gratidão com um sorriso e
uma risadinha, até aquelas pessoas que alcançaram a mais alta idade.
Esta palavra que decifra este sentimento consegue definir os mais
doces e sinceros gestos de alguém que reconhece que recebeu algo,
ou por méritos, ou por graça.
Interessante que em alguns idiomas, os agradecimentos
são usados muito criativamente. Em espanhol se fala “gracias”,
mostrando que o recebedor afirma ter recebido algo através da
graça da outra pessoa. A expressão em inglês “thank” também tem
o significado de estar grato por algo que uma pessoa fez e por
receber um favor.
O que me chamou atenção foi o sentido da palavra em
português: “obrigado”. Não revela literalmente que recebeu uma
graça ou favor. A pessoa que agradece fala “obrigado” também
como gratidão, porém, revela uma ideia mais abrangente do que
significa agradecer. Basicamente “eu estou obrigado a te retribuir
o mesmo que fez por mim”. Certamente não usamos tanto com
este sentido, mas agradecer gera um compromisso de fazer o bem,
de retribuir de uma maneira melhor do que recebeu.

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Assim que, em nossa relação com Deus, que é muito mais
santa do que a com nosso semelhante, devemos viver momentos
de gratidão. Experimentar Deus através de cânticos de gratidão,
através de ações de graças em louvor e em caridade etc., o
agradecer a Deus nos faz sentir mais de Sua presença, nos ajuda a
aprendermos mais sobre Sua pessoa e nos fortalece a fé numa firme
e inteligente convicção de que tudo está sob o controle dEle, por
isso merece todos os louvores e gratidões.
Lembro-me de umas das experiências mais marcantes
em minha vida. Meu casamento. Eu trabalhava como capelão e
professor de Ensino Religioso de um Colégio e de uma Escola na
cidade de Salvador. Eram dias maravilhosos de trabalho com os
alunos. E o que mais me marcou neste ano foram os preparativos
para o casamento, mesmo com as atividades infinitas do trabalho
na Educação.
Eu e minha noiva não tínhamos nossos familiares por
perto para nos ajudar nessas tarefas, então sempre dedicávamos
momentos em oração pedindo a direção de Deus. Para cada detalhe
do casamento nós orávamos e já agradecíamos pelas bênçãos que
iam acontecendo. Ao se aproximar o grande dia, pudemos contar
com a ajuda de nossa família, o que foi uma grande benção.
E, ao chegar o tão esperado dia do casamento, me lembro
de que eu e minha noiva paramos para orar e agradecer por
todo o processo que passamos juntos até então, e pedir a Deus
que continuasse a guiar tudo. Assim que, foi tudo uma benção.
Nada deu errado, até a chuva que caiu, Deus a segurou para que
todos os convidados já estivessem bem assentados. Após este dia,

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agradecer para mim tomou uma proporção muito forte, uma
relação muito íntima e amigável com Deus através da confiança
que Ele está guiando tudo. Nós experimentamos paz na oração
quando agradecemos.
Querido leitor, acredito que você também tenha várias
experiências de orações atendidas, de milagres que Deus realizou
e de bênçãos alcançadas. Lembre-se sempre de tudo que aconteceu.
Quando olhamos para o que Deus fez para nós no passado,
podemos, pela fé, já agradecer pelas bênçãos que virão no futuro.
Vejamos na Bíblia alguns exemplos marcantes de
agradecimentos a Deus.

GRATIDÃO NA BÍBLIA
Incrivelmente, de Gênesis ao Apocalipse se encontram
pessoas demonstrando gratidão a Deus através de palavras, ações,
louvores, orações etc. Quando estudamos a Palavra de Deus
entendemos que agradecer a Deus por todos os motivos possíveis
faz parte do viver em comunhão com Ele. Por exemplo, Davi já
após várias conquistas costumava orar assim: “Rendei graças
ao Senhor, porque ele é bom; porque sua misericórdia dura para
sempre” (1 Crônicas 16:34).
Até mesmo no final de sua vida, mesmo não podendo
construir o Templo para seu Deus, agradeceu dizendo ao povo:
“Bendito és tu, Senhor, Deus de Israel, nosso pai, de eternidade em
eternidade. Teu, Senhor, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória
e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra;
teu, Senhor, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos...
Agora, pois, ó nosso Deus, graças de damos e louvamos o teu
grandioso nome... todos inclinaram a cabeça, adoraram o Senhor
e se prostraram perante o rei” (1 Crônicas 29:10-11, 13, 20).
Gratidão frequentemente está ligada à adoração.
Ao Jesus ter nascido, seus pais o levaram para o Templo a fim
de o dedicarem. Então Simeão agradeceu a Deus dizendo: “Agora,
Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra;
porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste
diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para
glória do teu povo de Israel” (Lucas 2:29-32).
Jesus Cristo, mesmo sendo Deus e recebendo louvores,
e diversas gratidões das pessoas a quem Ele fazia bem, sempre
agradecia ao Pai. “(...) graças te dou porque me ouviste” (João
11:41). “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque
ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelastes aos
pequeninos” (Mateus 11:25).
O apóstolo Paulo também tinha um hábito muito positivo
de agradecer a todos os que o ajudavam na tarefa missionária. Mas,
além disso, sua vida tinha o propósito de agradecer a Deus por
ter feito tanto por ele de graça. “Dando graças ao Pai, que nos
fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz”
(Colossenses 1:12). “E toda língua confesse que Jesus Cristo é
Senhor, para glória de Deus Pai” (Filipenses 2:11). “Sou grato para
com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que
me considerou fiel, designando-me para o ministério” (1 Timóteo
1:12). Veja como Jesus lidou com a gratidão dos seres humanos.

44
OS DEZ LEPROSOS
Agradecer é responder imediatamente a alguém, por
reconhecer o fato de que recebeu algo. Agradecer a Deus é
responder imediatamente a Sua graça. Dar graça é a parte dEle. A
gratidão é nossa parte, e deve brotar como resposta no coração.
O relato de Lucas sobre os dez leprosos é uma das histórias
mais marcantes sobre a gratidão humana à graça recebida de Deus.
Diz assim:
De caminho para Jerusalém, passava Jesus pelo meio
de Samaria e da Galileia. Ao entrar numa aldeia, saíram-lhe
ao encontro dez leprosos, que ficaram de longe e lhe gritaram,
dizendo: Jesus, Mestre, compadece-te de nós! Ao vê-los, disse-
lhes Jesus: Ide e mostrai-vos aos sacerdotes. Aconteceu que, indo
eles, foram purificados. Um dos dez, vendo que fora curado,
voltou, dando glória a Deus em alta voz,e prostrou-se
com o rosto em terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe;
e este era samaritano. Então, Jesus lhe perguntou: Não eram dez os
que foram curados? Onde estão os nove? Não houve, porventura,
quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro? E
disse-lhe: Levanta-te e vai; a tua fé te salvou.
Esta é uma história que realmente toca nosso coração. Deus
sempre nos atrai através de Sua graça e amor maravilhoso. Ele sempre
quer que reconheçamos que a Ele pertence tudo e, principalmente,
todas as coisas acontecem por meio de Sua vontade.
Os dez leprosos perceberam que Jesus tinha o poder de Deus
para curá-los. Assim, começaram a gritar, “Mestre, compadece-te
de nós!” Nossa vida é clamar a Deus por Sua bondade.

45
Jesus nem disse para eles que ficariam curados. Somente
disse: “ide e mostrai aos sacerdotes”. Este é o poder de Deus. E
todos os leprosos começaram a correr ansiosos por mostrar o
milagre que ainda iria acontecer.
Mas, há um personagem, que não sabemos seu nome ou
história. Não sabemos como ele contraiu a lepra, nem como este
foi rejeitado e excluído pelas sociedades em que estava inserido.
Será que ele era o único samaritano neste grupo? Será que era
jovem ou mais ancião? Não sabemos nada sobre ele.
Entretanto, temos uma certeza ao ler este relato. Sua
gratidão foi tamanha que rompeu as fronteiras de judeus e
samaritanos e foi ao encontro de seu Salvador. Sua gratidão era tão
imensa que todas as diferenças, preconceitos regionais e tristezas
foram deixados de lado a fim de prostrar-se aos pés dAquele que
tudo pode fazer.
Por que os outros nove ex-leprosos não voltaram para
agradecer? Não sabemos a resposta. Porém, é possível imaginar.
Talvez os nove leprosos não quisessem ter uma comunhão íntima
com Jesus. Talvez os nove apenas desejassem a cura, a aceitação
da sociedade, a família e as labutas da rotina da vida. Talvez não
estivessem interessados em viver ao lado do Doador da graça.
Mesmo assim, Deus é Pai, e cuida de cada um dos Seus filhinhos,
até mesmo daqueles que O rejeitam, ou daqueles que querem fazer
trocas ou barganhas.
Cristo é capaz de eliminar qualquer problema em nossa vida,
mas o problema é que nem todas as vezes nós estamos dispostos a
responder positivamente à graça, concedida com tanto amor.

46
Contudo, Deus se alegra com as pessoas que desejam louvar,
adorar e agradecer a Ele por tudo e, até mesmo, por nada, do
que receberam. Isso é confiar em Sua graça. Isso é depender do
Altíssimo. Esse é o resultado natural de uma vida que está em
comunhão diária com Cristo. Quem agradece a Deus se torna
um espetáculo de louvor a Deus para o universo. Ninguém pode
silenciar a voz de um adorador que reconhece, mesmo na fartura ou
na escassez, que “tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses
4:13).
Uma quarta-feira à noite eu estava dirigindo o culto em
minha igreja. A igreja estava com bastante pessoas, e eu estava
falando sobre este relato dos dez leprosos. Foi num momento que
eu abri para o diálogo e para saber o que as pessoas queriam falar
daquilo que mais as impressionou. Logo, um médico amigo meu
descreveu um relato que ele teve em Campo Grande – MS, no
Hospital do Pênfigo.
Ele disse que um dos médicos pediu para ele dar uma carona
para um ex-paciente que estava voltando para casa, curado de “Fogo
Selvagem”, uma doença perigosa que atinge fortemente a pele.
Quando estes dois já estavam dento do carro, meu amigo médico se
assustou com tanta alegria que este ex-paciente tinha. Este homem
estava louvando a Deus o máximo que podia. Então meu amigo
perguntou de onde ele era, e ouviu a resposta: “Eu sou prefeito de
(...). Estava já há quatro meses internado neste maravilhoso hospital,
o qual Deus usou para me devolver a saúde. Agora, finalmente, posso
voltar à minha família, abraçar minhas crianças e minha esposa amada,
poderei retornar à prefeitura e testemunhar como Deus é grande!”.

47
Quando no culto aquela noite eu ouvi um testemunho lindo
como este, fiquei comovido, pois este prefeito estava determinado
a viver na solidão e na dor, por causa da doença. Mas Deus o curou.
O Grande Médico usou médicos humanos para devolver sua saúde.
Isso causou tamanho impacto na vida dele que não conseguia
segurar sua gratidão e louvor ao Senhor de sua vida.
Pessoas que mantêm uma comunhão diária com Deus,
pessoas que passam tempo em oração e se permitem escutar a Voz
do Senhor, são pessoas que conseguem ver mais a graça do que
aquelas que estão preocupadas com tantas coisas, e menos com a
companhia de Cristo.
Logo, agradecer a Deus é responder imediatamente a Sua
graça. Dar graça é a parte dEle. A gratidão é nossa parte, e deve
brotar como resposta no coração. Ser grato é reconhecer que não
merecemos nada, mas a vida e a salvação são presentes doados aos
Seus filhos. Cabe a nós agradecermos a este tão grande amor.

A ORAÇÃO DE JESUS
Como é bom nós adorarmos a Deus e agradecermos por
tantas bênçãos que Ele nos tem dado graciosamente!
Na continuação da oração de Jesus, vemos como Ele nos
ensina a exaltar seu nome e desejar que Sua vontade seja feita. “(...)
santificado seja o teu nome; venha o teu reino, seja feita a
tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6:9,10).
“Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, ao ponto
de sermos chamados filhos de Deus” (1 João 3:1). Deus não é só
transcendente, a ponto de governar o universo com todo o poder e

48
se esquecer de sua criação. Deus também é imanente, ou seja, Ele
está pertinho de você, ao teu lado para fortalecer e dar a paz e a
felicidade verdadeira que tanto busca.
Santificar o nome de Deus é adorar a Deus. Desejar que
Seu reino venha e que Sua vontade seja feita é a maneira mais
completa de louvar ao Senhor com todas as forças. Jesus quer que
o reino de Deus esteja na sua vida e na de sua família também.
Ansiar que a vontade de Deus seja feita, é preciso submeter nossos
planos, vontades, sonhos, ideias e gostos de acordo com a Palavra
do Senhor.
Lembre-se, Adorar a Deus é uma resposta de amor e de
gratidão por tamanha Graça recebida imerecidamente. Todos
os agradecimentos que temos no coração nos levam a fazer igual
àquele ex-leproso samaritano, que se prostrou para adorar a Cristo,
seu Senhor.
Experimentar a presença de Deus na oração é adorar e
agradecer. Encontrar a paz através de uma oração que se dedica
para louvar e demonstrar gratidão. E mesmo nos dias que nada
parecer resolver, tudo está ficando sem soluções, quando não há
saídas humanas para as dificuldades que temos, precisamos nos
lembrar do que o profeta Sofonias disse: “O Senhor, teu Deus, está
no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com
alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo”
(Sofonias 3:17). O que você acha de viver este OASIS com Seu
pai celestial?
Querido leitor, é seu desejo experimentar a presença
de Deus em sua vida através da verdadeira adoração? Tem você

49
a vontade ardente de agradecer ao Pai por tudo o que ele tem
feito em sua vida? Jesus está com os braços abertos para ouvir sua
oração. Experimente este amor. Viva esta oração. Feche seus olhos
e fale com seu Salvador e Senhor. Derrame toda sua vida em Sua
santa presença.
“Podemos viver no ar puro do Céu. Poderemos fechar a porta para
a imaginação impura e os pensamentos não santificados se levarmos nos-
so coração à presença de Deus por meio da oração sincera. Aqueles, cujo
coração estiver aberto para receber o apoio e a bênção de Deus, andarão
em uma atmosfera mais santa do que a da Terra e manterão comunhão
constante com o Céu” (Ellen White, Caminho a Cristo, 2007, p. 62).

50
Perguntas para reflexão:
O que é adorar e agradecer para você?
Como você tem experimentado a gratidão através de uma
vida de adoração?
Você acha que adoração e gratidão tem alguma relação?
Comente sobre um momento em sua vida no qual você
sentiu um grande desejo de agradecer a Deus por algo que
aconteceu.

51
3 SUPLICAR POR PERDÃO
E SANTIFICAÇÃO

“Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que


recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos
no momento oportuno” (Hebreus. 4:16). 

O QUE É PECADO NA BÍBLIA


Há várias formas teóricas para definir o que é pecado. A
forma (1) indutiva ou empírica, que quer provar por meio de
análise e observação; (2) paradigmática, usando um paradigma
como padrão para selecionar o que é correto e o que não é, e, entre
outras formas, a mais importante para esta leitura é a (3) bíblica.
Este último método, bíblico, busca palavras e expressões
bíblicas para ajudar a entender o que é pecado, procurando
compreender o que Deus quis dizer sobre este assunto em
diferentes momentos. O pecado é causado por algumas situações
ou características humanas que são apresentadas na Bíblia. Por
exemplo:

1. Ignorância – palavra grega “agnóia”.


Em Romanos 2:4 mostrou que há pessoas “ignorando que
a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento”. Mas em

53
Hebreus 5:2, vemos Cristo como Sumo Sacerdote que “é capaz
de condoer-se dos ignorantes e dos que erram”. Moisés fala para
a congregação de Israel em Levítico 4:13: “se toda a congregação
de Israel pecar por ignorância, e isso for oculto aos olhos da
coletividade, e se fizerem, contra algum dos mandamentos do
Senhor, aquilo que se não deve fazer, e forem culpados”.
Neste sentido, o pecado é causado por não conhecer a
vontade de Deus, por não se dedicar a buscar mais compreensão
sobre quem é Deus. Assim, o pecado se torna algo involuntário,
podendo chegar a ser uma ignorância escolhida pela pessoa.

2. Erro
A palavra hebraica que define pecado como erro é “shagah”,
tendo o sentido de extraviar, desviar do correto, errar moralmente
a vontade de Deus. Segue o mesmo sentido a palavra grega “planáo”.
Vemos que tanto no Antigo como no Novo Testamento os
escritores inspirados por Deus ensinavam que desobedecer aos
mandamentos e decretos de Deus é um erro, um pecado contra o
Salvador. Em Números 15:22: “quando errardes e não cumprirdes
todos estes mandamentos que o Senhor falou a Moisés”. Provérbios
28:10: “O que desvia os retos para o mau caminho, ele mesmo
cairá na cova que fez, mas os íntegros herdarão o bem”. Salmo
119:21: “malditos, que se desviam dos teus mandamentos”. Salmo
119:118: “Desprezas os que se desviam dos teus decretos, porque a
falsidade é a astúcia deles”. Assim, permanecer no erro, desviando-
se da vontade de Deus, é uma forma de pecado

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3. Desobediência
Palavra grega “parakoé”. Significa (1) sem desejo de ouvir,
(2) desobediência e (3) falta de atenção no que é importante. Em
Romanos 5:19 diz: “Porque, como, pela desobediência de um só
homem, muitos se tornaram pecadores...”. Em Hebreus 2:2 “e toda
transgressão ou desobediência recebeu justo castigo”.
Desta forma, entendemos que ao desobedecermos aos
mandamentos e estatutos de Deus, que estão tanto no Antigo como
no Novo Testamento, estamos pecando contra Deus e manchando
nossa vida de algo que nos afasta de Deus.
A desobediência pode ser voluntária ou involuntária.
Primeiramente, se eu escolho desobedecer abertamente o que o
Senhor me pediu para fazer, isso é bem voluntário. E, por outro
lado, a desobediência involuntária mostra a intenção de não
procurar saber a vontade de Deus a fim de segui-la. Ambas as
formas são pecado contra o Senhor de acordo com a Bíblia.

4.“Errar o alvo”
A palavra mais conhecida na Bíblia para entender o que é
pecado, “hamartía”. Cometer atos pecaminosos, conduta
pecaminosa, comportamento regido pelo pecado.
Em Oséias 13:2 “Agora, pecam mais e mais, e da sua prata
fazem imagens de fundição, ídolos segundo seu conceito... Homens
até beijam bezerros”. Em Daniel 11:32 “Aos violadores da aliança,
ele, com lisonjas, perverterá, mas o povo que conhece a Deus se
tornará forte e ativo”.
Paulo comenta sobre o pecado nesta maneira em Romanos

55
6:6 “foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o
corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como
escravos”. “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal,
de maneira que obedeçais às suas paixões” (Romanos 6:12). Pedro
disse: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados
os vossos pecados” (Atos 3:19). Em I Coríntios 15:17 “e, se Cristo
não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos
pecados”. Mas o pecado, além de ser algo individual, também é
considerado como algo da humanidade. João Batista disse sobre
Jesus: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João
1:29).
O que é errar o alvo? Que alvo? O alvo da obediência por
amor, que Deus colocou para alcançarmos através do Seu poder
nos ajudando e nos guiando para não errar. É poder divino atuando
na vida da pessoa que luta contra suas tendências pecaminosas, a
fim de agradar a Deus e responder ao amor e a graça já recebidos.
“É necessário passar muito tempo em oração particular,
em íntima comunhão com Deus. Unicamente assim se pode
obter vitórias” (Ellen White, Conselhos aos Pais, Professores e
Estudantes, p. 258).
Querido leitor, o pecado é algo muito sério e destrutivo
em nossa vida. Há diversas formas escritas aqui para ampliarmos
a compreensão do que é pecar contra Deus. Desta maneira, ao
conhecer o que a Bíblia fala sobre o pecado, cada um de nós
devemos sentir a sujeira que somos e correr para os braços de
Cristo, suplicando por perdão e por santificação.

56
5. Desrespeito a Deus
A palavra grega “asebo”, “adikia” e “anomia” são semelhantes
no significado de pecado como desrespeito a Deus e contra Sua lei
e justiça. Pode também significar: atuar pecaminosamente, quebrar
com a lei e/ou viver sem a lei de Deus.
Amós 4:1 diz “Ouvi esta palavra, vacas de Basã, que estais
no monte de Samaria, oprimis os pobres, esmagais os necessitados
e dizeis a vosso marido: Dá cá, e bebamos”. Em 2 Tessalonicenses
2:8 diz “então, será, de fato, revelado o iníquo (sem lei), a quem
o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela
manifestação de sua vinda”.
Quando temos uma irreverência na presença de Deus, ou
quando somos e atuamos contrariamente a Lei e Justiça de Deus
pecamos, pois estamos desrespeitando o caráter e vontade do
Senhor.

6.Transgressão e Perversão
Isso é compreendido pela expressão “ir além do limite”.
Apostasia aberta, depravação moral e abominação são similares
quando se trata do pecado degradante que o ser humano possa
planejar e/ou fazer. Em Levítico 20:10-11 vemos que “se um
homem adulterar com a mulher de seu próximo..., o seu sangue
cairá sobre eles”. Em Provérbios 17:23 diz sobre aqueles que
desejam perverter a vida e caráter de outros: “o perverso aceita
suborno secretamente, para perverter as veredas da justiça”. E
em 2 Tessalonicenses 2:3 diz que “ninguém, de nenhum modo,
vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha

57
a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da
perdição”.
Basicamente, entre tudo isso que vimos nas definições
e versos anteriores, percebemos que pecado é tudo, interno e
externo, que vai contrário a vontade e caráter de Deus. Tanto
pode ser considerado como atos como, em sua maioria, desejos
e sentimentos pecaminosos escondidos por causa da natureza
pecadora que temos.
E os resultados do pecado são muitos. O pecado causa
confusão e inquietação (Isaías 57), causa maldade e atos contra
a vida. O pecado resulta numa pesada culpa no indivíduo que a
carrega, fazendo com que perca o sono, não encontre paz, viva em
aflição e tenha uma vida amarga.
Contudo, o principal resultado do pecado em nossa vida é o
distanciamento de Deus e de Sua vontade. Quando estamos longe
de Deus estamos longe da Vida, portanto a morte é o fim de um
pecador. Paulo mesmo disse: “O salário do pecado é a morte”. O
pecado destrói a vida de qualquer pessoa. Destrói sua família, sua
saúde, sua fé, sua felicidade e amigos. O pecado traz problemas,
dificuldades e consequências amargas.
A única solução para o pecado é Cristo. Paulo continua
dizendo: “o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus
é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 6:23).
Você deseja que o poder de Cristo atue cada dia mais em sua
vida a fim de te ajudar a vencer as tentações, corrigir os maus hábitos
e, através de Sua maravilhosa graça, perdoar os pecados cometidos?
Continue lendo este livro. Você vai encontrar segredos de

58
homens da Bíblia que suplicaram por perdão e santificação e Deus
concedeu. Peça a Deus que avive a obra de salvação em sua vida.
Suplique a seu Salvador que dê uma vida santificada a cada dia.

AVIVA TUA OBRA, Ó SENHOR!


Quando paramos para ver nossa vida e como estamos abrindo-a
para a influência e para a presença de Deus é crucial nos lembrar
das palavras do profeta Habacuque. “Tenho ouvido, ó Senhor, as
Tuas declarações, e me sinto alarmado: aviva a Tua obra, ó Senhor,
no decorrer dos anos e, no decurso dos anos, faze-a conhecida; na
Tua ira, lembra-te da misericórdia” (3:2).
O contexto que o profeta vivia era muito difícil para desenvolver
a fé. Talvez muito parecido com os dias atuais que vivemos. Havia
muita apostasia. Pessoas buscavam a Deus apenas para receber
algo em troca e, ao receber, deixavam a fé e os compromissos.
Havia uma grande corrupção política, onde os líderes da nação
desprezavam todos os fracos e pobres, tornando-os como lixo da
sociedade. Muitos falsos profetas apareciam e confundiam mais e
mais a mente das pessoas e, como estas não estudavam a Palavra,
não sabiam definir o que era certo ou errado. Sem comentar sobre
a degradação moral e a violência nas ruas. Encontrou alguma
semelhança com nossos dias?
Conheci uma jovem mulher que já ia à igreja por muitos
anos, porém nunca tomou a decisão de ter um compromisso com
Cristo. Seu costume de ir aos bares, os namorados, de fazer festas
exuberantes e a falta de prática de um cristianismo verdadeiro fazia
dela uma escrava do pecado.

59
Com o passar dos anos e as dificuldades da vida, ela percebeu
que tinha que se batizar, como uma forma de se livrar dos problemas.
Até que enfim, houve seu batismo. Aparentemente ela estava
mudada. Contudo, os velhos hábitos e as tentações continuaram
a rodear sua vida. E gradualmente ela foi se entregando a antiga
vida longe de Deus. Eu percebia que esta moça sempre buscava
as bênçãos e proteção de Deus, mas nunca deixou com que o
Espírito de Deus operasse uma mudança, um reavivamento, em
sua vida.
É para situações semelhantes à esta que o profeta não vê
como viver perante Deus desta maneira. Não encontra soluções
para ajudar o povo a melhorar e nem aumentar a fé. Assim que
ele parece dar um grito de socorro. “Aviva Tua obra, ó Senhor!”.
“Aviva o teu povo!”. Isto significa uma petição intensa que é feita a
Deus para “restaurar a vida” ou “reviver” o coração e a comunhão
verdadeira com Deus e com o próximo.
Falar sobre oração é falar sobre avivamento espiritual.
Se sua oração não está te fazendo crescer espiritualmente, fique
atento. Se sua oração não está te motivando a fazer mudanças em
seus hábitos e pensamentos, talvez seja melhor analisar o que está
realmente acontecendo. Toda verdadeira oração gera vida espiritual
em quem a faz, isso reflete em seus atos, decisões e ideias. O maior
desejo de Deus é que cada um de nós passe tempo em oração. Não
somente uma oração de simples agradecimentos ou pedidos, mas
algo vivificador.
A fome espiritual virá quando abrimos nosso coração
para Deus operar. Precisamos orar pedindo que Deus nos dê este

60
desejo, pois as coisas deste mundo são muito atrativas. Atualmente,
nós temos todos os recursos disponíveis. Tablets, computadores,
tradutores, televisão, grandes templos, transportes adequados
etc. Tudo isso é e pode ser mais e mais uma grande benção para a
pregação do evangelho.
Contudo, o que mais é importante são as pessoas. Temos a
faca e o queijo, mas nos falta a fome. Precisamos querer evangelizar.
Precisamos ansiar por ver pessoas se convertendo e mudando suas
vidas por amor a Jesus. Precisamos ter sede de falar de Jesus e de
transmitir amor ao próximo. Este é nosso desafio atual como igreja.
A Bíblia apresenta vários exemplos de pessoas que ao orarem,
suplicaram por perdão e por santificação. A súplica é o clímax da
oração. A súplica abrange problemas, sofrimentos e angústias,
como vemos no texto de Habacuque ou no clamor de Ana ao pedir
um filho (1 Samuel 1:9-11) ou no profundo arrependimento que
Davi demonstrou no Salmo 51.
A súplica é um apelo, um clamor dirigido a Deus com tanta
humildade e, ao mesmo tempo, tanta confiança na misericórdia de
nosso Pai celestial. É nesse momento que Deus faz uma verdadeira
cirurgia espiritual em nossa vida.
Deus, pela Sua graça, está despertando Seu povo. Ele está
reavivando Sua igreja, visível e invisível através do mundo. Estaria
você, de fato, neste movimento? Vejamos nas próximas linhas
alguns exemplos de humanos, como eu e você, que se deixaram
disponíveis a Deus através da busca por perdão e por santificação.

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SUPLICAR POR PERDÃO E SANTIFICAÇÃO
Devermos preparar o caminho para a vinda de Jesus, como
fez João Batista. Necessitamos que o Senhor aumente nossa fé.
Precisamos ter menos confiança e segurança no que podemos fazer
e muito mais no que Deus está desejando fazer em cada um de nós,
individual e coletivamente.
Carecemos, numa medida muito maior do que já temos
agora, do desejo de estar em completa comunhão com o Pai
celestial. Devemos suplicar por perdão e santificação com mais
fervor. “Buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo
o vosso coração” (Jeremias 29:13). Somente um coração contrito,
sincero e suplicante pode estar aberto para a influência do Espírito
Santo.
Recordemo-nos também de Daniel, já idoso, na corte
corrupta da Pérsia. Ele era um homem pecador, porém, possuía
uma luz espiritual muito grande por estar na presença de Deus
cada dia de sua vida. Ele era conhecido como possuidor do Espírito
de Deus. Depois de passar por muitas dificuldades e vitórias no
dominado império babilônico, pôde experimentar a presença de
Deus e momentos de esperança ao orar.
Frequentemente, vemos que ele suplicava em suas orações.
Ele se humilhava de todo o coração diante de seu Senhor pedindo
o perdão e a santificação da própria vida e a do seu povo. “Ao nos
colocarmos intimamente ao Seu lado e manter comunhão com Ele...
por meio do poder do Espírito de Cristo, nosso coração e nossa vida são
transformados” (Ellen White, Carta 47, 28/03/1903).
Certa vez, como vemos no capítulo nove de seu livro, Daniel

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acabara de estudar as profecias de Jeremias sobre o cativeiro do
povo de Israel em Babilônia e sua libertação para retornar à tão
amada cidade de Jerusalém e, logo, voltou “o rosto ao Senhor Deus,
para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e
cinza” (Daniel 9:3).
Vemos que todos nós precisamos nos humilhar perante Deus
e buscá-Lo de todo o coração. O jejum e o pano de saco com cinzas
eram um símbolo e prática muito usada pelos fiéis a Deus que
estavam tristes, com algum pecado, algo que desagradara a Deus,
ou com algo que precisavam ajuda divina para solucionar.
Ao jejuar, como Jesus disse, não é necessário sair para a praça
ou as ruas e mostrar-se a todos. O jejum é um momento íntimo
da criatura com seu Criador. O jejum é uma demonstração de
abnegação e submissão à vontade de Deus. Este permite com que
nossa mente e coração estejam mais aptos a entender e a receber
as palavras do Salvador.
Este profeta estava em jejum, orando em súplicas, com pano
de saco com cinzas, para rogar ao seu Deus perdão, não somente
pelos pecados que ele cometera, mas pelas iniquidades que seu
povo estivera cometendo ao longo destes anos. E Deus se alegra
quando um filho Seu se aproxima com coração sincero e pequeno
para pedir ajuda e santificação.
Daniel continua dizendo:
Orei ao Senhor, meu Deus, confessei... temos pecado
e cometido iniquidades, procedemos perversamente e fomos
rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos;
e não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu

63
nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes e nossos pais, como
também a todo o povo da terra (Daniel 9:4-6).
Este homem é um exemplo para todos nós. Ele buscou ao
seu Deus da maneira correta, suplicando por perdão. É crucial
que nos coloquemos em nossa pequenez e reconheçamos nossa
natureza pecaminosa para entrarmos na presença de Deus. Jesus
sempre falava: “vinde a mim os cansados e oprimidos e eu os
aliviarei”. Ou seja, para ir à presença de Deus é necessário que a
pessoa reconheça que é fraco e pecador para então achar alívio e
perdão, que somente Deus pode dar.
Por grande que seja a luz espiritual de Deus em alguém,
mesmo que goze do favor e das bênçãos divinas, este deve andar
sempre humildemente diante do Senhor. Deve suplicar com fé a
Deus para que dirija cada um de seus pensamentos e domine cada
um de seus impulsos.
Pessoalmente, lembro-me muitas vezes que eu me recolhia
em oração e, com um coração orgulhoso e rebelde, eu não
conseguia sentir a Deus. Era tão difícil para mim orar e conversar
com meu Pai celestial quando eu estava com meu coração voltado
para mim mesmo, quando eu permitia que meus pensamentos e
vontades estivessem no controle.
Certa noite, já eram umas 19:30, eu tinha passado uma
semana espiritualmente pesada, comecei a caminhar lentamente
perto de um pequeno bosque na faculdade. Não havia nenhuma
pessoa por perto. Estava apenas eu e Deus. Então, no escuro da
noite, sem estrelas e sem lua, eu parei e comecei a chorar ao
conversar com Deus pedindo perdão por ser um filho tão mal. Eu

64
suplicava que Ele me limpasse dos pecados e me ajudasse a entregar
minha vida por completo à direção do Espírito Santo.
Não me lembro muito bem dos detalhes daquela noite.
Mas quando olhei no relógio já era 22:30. Eu estava tão leve. Meu
coração estava tão grato a Deus, pois eu tinha certeza eu havia
recebido o perdão e a oportunidade de recomeçar. Então, fui para
o quarto onde morava. Passei uma noite dormindo na presença do
Trono de Deus, algo que somente quem já passou por experiências
semelhantes sabe falar como é bom.
Querido leitor, isso é OASIS. É experimentar a presença
de Deus diariamente. É viver momentos de esperança num
futuro que nosso Salvador está preparando. Você tem tido uma
vida pesada e difícil? Você se sente conturbado e angustiado por
causa de seus pecados ou erros que ainda não sentiu que recebera
perdão?
Quer a resposta? Busque a Deus com súplicas verdadeiras.
Peça perdão e se confesse abertamente ao seu Pai celestial. “Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos
perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9).
“Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para
que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos
socorridos no momento oportuno” (Hebreus. 4:16). 
Com o perdão recebido, Jesus coloca sobre nós Suas vestes
de pureza e salvação. Ele retira nosso fardo. Logo, ele espera que
nós o busquemos para a santificação, ou seja, para a mudança de
hábitos e costumes em nossa vida, a fim de honrá-lo por aonde
irmos.

65
Qual é a sua decisão hoje? Quer fazer da súplica uma
experiência renovadora em sua vida com Jesus?
Aquele que quer viver de acordo com a Palavra de Deus deve
ter frequente comunhão com Cristo através da oração e estudo da
Palavra. Porque estas são as fontes da fortaleza. A comunhão com
Deus dará mais força para tomar decisões. A comunhão com Deus
dará poder para dizer não aos vícios e pecados que acariciamos.
Com fervor o crente deve buscar a Deus, deve suplicar por Sua
presença ao lado de cada provação e teste.
“A pessoa que ama a Deus se compraz em obter forças dEle,
mediante constante comunhão com Ele. Quando a conversa com
o Senhor se torna habitual, rompe-se o poder de Satanás” (Ellen
White, Review and Herald, 3 de dezembro de 1889).
Veja nas próximas linhas o exemplo de Josué e sua suplica
para entender melhor o que Deus quer de nossa vida.

A EXPERIÊNCIA DE JOSUÉ
“Então Josué, com as autoridades de Israel, rasgou as vestes,
prostrou-se, rosto em terra, diante da arca do Senhor, cobrindo de
terra a cabeça, e ali permaneceu até à tarde” (Josué 7:6).
O povo de Israel tinha perdido uma batalha importante contra
a cidade de Ai. Josué estava seguro que a vitória era certa, mas algo
saiu do controle. Alguém pecou. Assim, com grande tristeza no
coração, com vontade de obedecer a Deus em tudo, prostrou-se em
terra para pedir perdão a Deus pelo pecado do povo.
Como já vimos, o pecado destrói, o pecado mata, o pecado
cria angústia e aprisiona seu portador com trevas. O pecado não é

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somente um ato errado, mas pensamentos, planos e até vontades
erradas. Nós desejamos o pecado porque este nos cria uma fantasia.
Mas sua realidade é mortal a pessoa e muitas vezes às pessoas que
a rodeiam.
Na experiência de Josué e do povo de Israel, a palavra
de Deus nos mostra claramente que o pecado nos afasta de
Deus, trazendo consequências e fracasso. Somente o genuíno
arrependimento, fruto de uma busca sincera ao Senhor, pode nos
reaproximar do nosso Criador. O verdadeiro arrependimento nos
coloca diante e Deus (Jeremias 15:19) e nos conduz a uma nova
direção.
A súplica de Josué e dos anciãos de Israel teve a resposta de
Deus. O pecado foi abandonado e a nação obteve vitória. A súplica,
ou clamor, é o resultado de um arrependimento sincero. Rasgar as
veste e colocar pó sobre a cabeça era uma exteriorização do que
estava no coração dos suplicantes que, humildemente, clamavam
pela presença de Deus.
Estimado leitor, quando você tem orado, tem procurado se
humilhar perante Deus? Tem desejado fortemente uma limpeza que
somente o sangue do Cordeiro poderá realizar em sua vida? Busque
sinceramente suplicar a Deus por perdão e por santificação. Tenha
em mente a luta espiritual que travamos todos os dias, contra o
pecado que nos rodeia e contra o pecado que nasce dentro de nós.

LUTA ESPIRITUAL CONTRA O PECADO


Temos que ter em mente que nossa luta não é contra as coisas
deste mundo, tais como nossa rotina, nossas chateações, nossas
raivas ou tristezas. Nossa verdadeira luta é contra os principados
e potestades, contra as forças espirituais da maldade nas regiões
celestes (Efésios 6:12).
Como nossa luta é espiritual, precisamos de armas celestiais
para nos proteger e defender diante dos ataques no inimigo. “As
armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em
Deus, para destruir fortalezas” (2 Coríntios 10:4).
“Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns
pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a
suplica do justo” (Tiago 5:16).
Nós temos que enfrentar muitas tempestades em nossa
vida. Nossos pecados muitas vezes nos aprisionam em correntes
de depressão, baixa autoestima, obsessão, orgulho, egoísmo etc.
Quanto menos nós suplicamos a Deus por perdão, quanto menos
confessamos nossos pecados a Deus, quanto menos clamamos por
santificação, menos teremos o poder do alto e menos suportaremos
as tempestades.
Jesus foi claro ao dizer: “Aquele que vem a mim de maneira
nenhuma o lançarei fora” (João 6:37). Quando o pecador arrependido
suplica por perdão e santificação, Cristo ouve sua petição desde o
santuário celestial e concede a paz e a libertação que somente Sua
graça pode oferecer. O Salvador não escolhe a quem vai ajudar, ele
esta disponível e aberto para todo aquele que o buscar.
Assim, qualquer tempestade que você esteja passando,
suplique a Deus por perdão e limpeza, e permita que Ele o
transforme em cada momento. Suplique a Deus para que sinta a
necessidade de um reavivamento e reforma em sua vida.

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NECESSIDADE DE SUPLICAR POR REAVIVAMENTO E
REFORMA
Ao analisar as igrejas do Apocalipse, percebemos uma
equivalência histórica e profética nas eras do cristianismo.
Infelizmente, a igreja que mais se parece com nosso período é a
última, Laodiceia. E, além de parecer, profeticamente analisada
entende-se que somos nós mesmos.
Esta tem alguns sintomas que estão latentes em nossos
dias, tais como: cegueira, nudez, miséria e pobreza. Além de que
não consegue ser nem frio e nem quente. É morno. Isso se pode
compreender em todos os âmbitos da vida. Famílias acabadas.
Amor enfraquecido. Falsidade, orgulho, egoísmo etc. Mas,
principalmente, na vida espiritual, que permeia todas as esferas de
nossa existência.
Suplicar por perdão e santificação, um avivamento espiritual
completo, nos ajuda a acabar com a Síndrome de Laodiceia.
Quando verdadeiramente buscamos ao Senhor, ao procurarmos o
“ouro refinado” (fé e amor), o “colírio” (discernimento espiritual)
e as “vestiduras brancas” (justiça de Cristo), poderemos viver uma
experiência real e verdadeira com Deus.
Querido leitor, eu escrevo estas palavras para mim, mas as
estendo a você. Temos que parar de brincar de religiosidade e viver
a comunhão ativa com Deus. O Senhor não quer seres religiosos.
Ele busca por pessoas que realmente vivam a religião verdadeira da
Bíblia, o amor vindo de Cristo.
Deus sabe que muitas vezes nós nos escondemos na tradição
da igreja, ou nos costumes locais, na formalidade, ou até mesmo na

69
religião sentimental que busca um êxtase. Isso não é vida espiritual.
É necessário um reavivamento verdadeiro. Isso virá através
de horas estudando a Palavra de Deus de maneira inteligente. Virá
através de horas em oração pedindo santificação e transformação
dos pecados para uma vida, que vence cada tentação.Virá através de
uma fé convicta na graça de Jesus e na condução do Espírito Santo
em cada momento.
Certo dia um amigo médico estava comentando uma
dificuldade que ele teve numa consulta com uma paciente. Ela
estava com muita enxaqueca. Então o médico perguntou: “há
quantos anos você sofre com esta doença”? Ela respondeu: “tenho
sofrido por 40 anos, já tomei de todos os remédios que o senhor
possa imaginar. Já fiz tudo possível e impossível para me curar, e
nada. Estou piorando”.
O médico então revisou alguns exames e fez outras perguntas.
Enfim, depois de 30 minutos de uma consulta bem simples, ele deu
a receita: “Você precisa dormir cedo, comer mais verduras cruas e
fazer caminhada. Isso irá ajudar muito. Depois te dou outras dicas”.
“Mas doutor!”, ela exclamou com um grito e um golpe na mesa.
“Eu vim aqui para o senhor me dar um remédio e não para me
ensinar como viver!”.
Quantas e quantas vezes nós, como pecadores, vamos a
Deus, suplicando por perdão ou pedindo algo, e ouvimos sua
resposta: “mude seus hábitos; confie mais em mim; seja honesto
e puro”. Várias vezes escutamos algo que não era o que queríamos
ouvir. Várias vezes percebemos que Deus não está dando o
“remédio” que tanto pensamos ser bom. Ele está receitando

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dicas simples, que no final, vão trazer a cura, física e espiritual.
Precisamos estar mais atentos e dispostos ao que Deus quer dizer
para nossa vida.
É necessária uma reforma de vida. Jesus disse: “Vai e não
peques mais” (João 8:11). Todas as vezes que nós recebemos
o perdão e a graça de Deus, ficamos leves e limpos. Mas a
consequência mais notória de um arrependimento e perdão
verdadeiros é a reforma da vida, dos hábitos, dos pensamentos e
decisões. Deus vai te ajudar nesta reforma.
Você quer fechar seus olhos agora e buscar pela cura espiritual?
Você sente Deus te convidando intensamente para ter um entrega
total e um avivamento espiritual correto? Tenha este momento
de oração com seu tão poderoso Salvador. Suplique por perdão e
santificação, antes de continuar esta leitura.

A ORAÇÃO DE JESUS
“E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também
temos perdoado aos nossos devedores. Não nos deixe cair em
tentação, mas livra-nos do mal” (Mateus 6:12-13).
Pedir que nos livre do mal, não é somente livramentos de
tentações que vêm, mas também se trata do maligno, o inimigo
de Deus. Não lutamos contra carne, mas contra “principados
e potestades”, contra “os dominadores do mal nas regiões
celestes”. Precisamos pedir a Deus que nos livre das ciladas do
inimigo. Que nos ajude a vencer nossas tendências pecaminosas.
Livra-nos de tudo o que pode ser um perigo para nossa fé,
comunhão com Cristo e testemunho do evangelho.

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“Bem aventurado o homem que sofre por causa da tentação”
(Tiago 1:12). As tentações não vêm de Deus, mas Ele nos ajuda
e nos aperfeiçoa quando somos tentados pelo inimigo, a fim de
vencer e testemunhar de Seu poder.
Temos que pedir a Deus que nos dê forças para resistir às
tentações, aos dardos inflamados no inimigo. “Livra-nos do mal”, é
pedir para Deus nos ajudar a nunca dependermos de nossa própria
força, nunca ficarmos um dia sem buscarmos Sua presença e Seu poder,
para nunca perdermos a comunhão e conexão com Sua vontade.
“Enquanto os soldados executavam a terrível obra, e Ele sofria
a mais aguda agonia, Jesus orava pelos Seus inimigos: ‘Pai, perdoa-
-lhes, porque não sabem o que fazem’ (Lucas 23:34). Aquela oração de
Cristo pelos Seus inimigos abrangia o mundo inteiro, envolvendo cada
pecador que deveria viver até o fim dos tempos” (Ellen G.White, História
da Redenção, p. 222).
Jesus nos ensina a orar pedindo perdão a Deus pelas dívidas
cometidas, tendo a certeza que o Pai está ao lado para perdoar. Mas
Cristo acrescenta algo importante neste aspecto. Devemos perdoar
uns aos outros também. Devemos tirar o rancor, ódio e mágoas que
temos por alguém por ter nos ofendido. Por isso que ressaltamos
neste livro a seguinte ideia: “Perdoar é conceder ao outro o direito
de ser feliz novamente e, principalmente, perdoar é conceder a
você mesmo a liberdade da prisão interna”.
Na oração modelo Jesus comentou a questão do perdão.
Disse “porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também
vosso pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos
homens, tão pouco vosso pai vos perdoará...”.

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Perdão não é:
Perdoar não é ignorar um erro.
Alguém pode dizer: “Ah, deixa pra lá!”. Isso não resolve,
apenas encobre. Ignorar um erro não significa necessariamente
perdoar a quem nos magoou.
Perdoar não é desculpar nem passar por alto o erro.
José disse a seus irmãos: “vós intentastes o mal contra mim;
porém Deus o tornou em bem” (Gênesis 50:20). José tratou o caso
com personalidade e firmeza moral. Não arranjou desculpas para
o que tinha ocorrido. Um dos primeiros passos que temos de dar
para perdoar realmente, é reconhecer o erro que alguém cometeu
contra nós.
Perdoar não é assumir a culpa dos outros.
Muitos gastam tempo pensando o que fez para terem
sido ofendidos e injustiçados. José não fez isso. Foi amoroso e
diplomático com seus irmãos, mas não assumiu a culpa que era
deles.

O perdão que devemos aprender:


Perdoar implica em definir claramente o erro cometido
contra nós.
José disse a seus irmãos: “Eu sou
José, a quem vendestes para o Egito”.
Precisamos reconhecer interiormente os erros que outros
praticaram contra nós para que possamos perdoá-los.
Perdoar é encarar a cruz de Cristo.
Depois que identificamos os erros que cometeram contra

73
nós, os sentimentos que nasceram em nosso ser (ódio, rancor,
humilhação, injustiça, revolta, comparação, indiferença, etc.) resta-
nos ir à cruz de Cristo. Paulo em Efésios 4:32 diz: “Antes sede uns
para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos
outros, como também Deus em Cristo vos perdoou.”
Querido leitor, suplicar a Deus por perdão e santificação em
oração é umas das formas mais fortes de experimentar a presença
de Deus na sua vida, é viver o OASIS dentro do deserto do pecado,
da culpa e da vida sem santidade.
Ao você permitir que Deus faça uma limpeza e uma reforma
em sua vida, certamente o resultado disso será um reavivamento
verdadeiro. Se suplicamos por perdão e santificação, devemos
também oferecer aos nossos irmãos e inimigos o perdão verdadeiro.
Você precisa pedir perdão para alguém? Ou precisa dar perdão por
algo que fizeram a você?
Que Deus o abençoe e que em sua vida você possa
experimentar mais e mais a presença maravilhosa de Deus. Isso
deixará sua vida tão completa que você desejará interceder por
outras pessoas, ao pedir a Deus por elas. Veja o próximo capítulo
a fim de experimentar a presença de Deus através de uma oração
intercessora.

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Perguntas para reflexão:
O que é pecado para você? O que é pecado na Bíblia?
Você acha que suplicar a Deus por perdão é importante?
Por quê?
É difícil para você ser uma pessoa perdoadora? Como você
poderia perdoar mais aos que lhe ofendem?
Você sente que sua vida, sua família e sua igreja precisam ser
reavivados por Deus? Como?

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4 .INTERCEDER

“Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a


Deus, porquanto vive sempre para interceder por eles” (Hebreus. 7:25).

O QUE É ORAÇÃO INTERCESSORA?


É a ligação áurea que une o homem finito com o trono do
Deus infinito. Os homens não possuem nenhum atributo divino ou
bom que os faça dignos de pedir por si mesmo, nem mesmo por
outras pessoas. Mas através de Cristo, isto se torna tanto possível
como necessário.
O ser humano, a quem Cristo tem salvado por sua morte na
cruz do calvário, intercede diante o trono de Deus e sua petição é
tomada por Jesus que o tem comprado com seu próprio sangue.
Nosso grande Sumo Sacerdote coloca sua justiça ao lado do sincero
suplicante e a oração de Cristo se une com a do ser humano que
roga.
Querido leitor, intercessão é exatamente isso, unir-se com Deus
em oração e ação para abençoar alguém. É clamar pelo perdão de
alguém, é rogar por qualquer auxílio divino em favor do ser humano,
com o objetivo final de uni-lo a Deus. A oração intercessora é ter “amor
nos joelhos”, ou seja, é realmente amar pessoas e querer o bem delas. É
conversar com Deus sobre alguém. É um dever de todo cristão.

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Viver uma vida de intercessão é o que Cristo quer de Seus
discípulos. É um meio divino de abençoar os casais que estão
se desmoronando. É um meio divino de interceder por crianças
deixadas sozinhas e destruídas. É uma maneira divina de se interessar
por pessoas que vivem depressivas, vivem na escuridão ou ilusão da
vida, sem propósito ou valor. Realmente, a oração intercessora é o
que mais é importante na vida de um cristão verdadeiro.
Por exemplo. Logo após o pecado de Israel, quando fez o
bezerro de ouro, Moisés voltou a interceder diante de Deus em
favor de seu povo. O líder de Israel foi ao encontro do Senhor e,
em comunhão e contrição, Deus leu a sinceridade e o propósito
abnegado do coração de seu servo. Disse ao Senhor: “Agora, pois,
perdoa-lhes o pecado; ou, se não, risca-me, peço-te, do livro que
escreveste” (Êxodo 32:32).
Assim, Deus se colocou aberto para se comunicar com este
débil mortal “cara a cara”, semelhante a dois amigos conversando.
Moisés confiou tudo de si a Deus e abriu toda sua vida diante dEle.
O Senhor não repreendeu seu servo, mas se disponibilizou, como
sempre, a escutar suas súplicas e intercessões.
Lembro-me uma noite que eu estava no hospital com
minha esposa. Eu estava orando por ela para que ficasse melhor e
recebesse boa medicação. Mas, além de orar por ela, eu sempre ficava
sensibilizado a interceder pelos doentes daquele hospital. Acontecia
também quando uma ambulância passava, eu logo elevava uma oração
ao céu intercedendo pela pessoa enferma que estava dentro.
É importante que nós tenhamos não somente um senso de
rogar a Deus pelas pessoas que estão no sofrimento, mas também

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a responsabilidade de interceder por elas. Assim como Jesus fazia,
precisamos ser condutos de bênçãos ao clamar por pessoas que
necessitam de ajuda humana e divina.Veja agora quatro fundamentos
de uma oração intercessora

QUATRO FUNDAMENTOS DA ORAÇÃO INTERCESSORA


1. Seja específico
Não sei se acontece com você, mas na maioria das vezes
nossas orações são muito genéricas e temos a tendência de
generalizar todos os pedidos. Quantas vezes oramos: “Abençoe os
missionários, os irmão da igreja e os pedidos que foram feitos.
Senhor, mesmo que eu não me lembre do que foi pedido, abençoe
a todos”. Isso é generalizar uma oração. Isso é, em outras palavras,
que eu não estou me importando com o pedido do outro, mas para
ser legal vou orar por tudo.
Deus não precisa que você e eu generalizemos nossas
intercessões. Ele deseja que realmente nos importemos com
as dificuldades e pedidos das pessoas. Para isso precisamos ser
específicos em cada detalhe de nossa oração.
Para isso, fazer uma lista de oração com os pedidos e
necessidades que você tem escutado ajuda a não esquecer e a
pontuar o que realmente foi manifestado por alguém. Use um
caderno pequeno para escrever. Leve para as pessoas escreverem.
Dedique tempo em orar e interceder especificamente um por um.
Assim, você experimentará mais do caráter compassivo de Deus e
estará realizando o que Jesus mesmo ordenou acerca do amor ao
próximo.

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Paulo fazia sempre orações de intercessão pelas pessoas.
“Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de Seu
Filho, é minha testemunha que como incessantemente faço menção
de vós” (Romanos 1:9). “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos
outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode,
por sua eficácia, a suplica do justo” (Tiago 5:16).
2. Seja delicado
A oração intercessora é um desafio e pode desencorajar
pessoas que não estão vendo as mudanças desejadas de maneira
imediata. Muitas vezes orar por pessoas que nem mesmo
reconhecem a Deus pode causar desânimo. Orar por indivíduos que
não se interessam por suas orações pode entristecer o intercessor.
Contudo, seja delicado com as pessoas pelas quais você
está intercedendo. Não perca a fé. Continue orando e clamando.
Amavelmente continue compartilhando seu desejo pela salvação
do outro. Deixe a obra de salvação nas mãos do Espírito Santo que
sempre age poderosamente em nossas vidas.
E lembre-se que o maior interessado na salvação é Deus,
então, você está se unindo com o Salvador nesta obra tão nobre.
“E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito,
porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos
santos” (Romanos 8:27). O maior intercessor é o Espírito de Deus,
que se une conosco em favor das pessoas.
3. Seja persistente
“Com toda oração e súplica, orando em todo o tempo no
Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por
todos os santos” (Efésios 6:18).

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Persistir numa oração intercessora não é ficar repetindo
as mesmas coisas a Deus com alguns pensam. Persistir é lutar a
cada dia pela fé para que algo aconteça. E se não acontecer, estar
convicto que a vontade de Deus está acima de nós e é a melhor
opção.
Daniela tinha um marido que não havia aceitado Jesus como
seu salvador. Ela era ansiosa por levar seu esposo à Cristo. Mas ele
sempre resistiu a tudo o que era religioso.
Contudo, um dia ela decidiu que iria orar todos os dias de um
ano inteiro por este propósito. Cada dia, pela manhã, ela se ajoelhava
e clamava a Deus pela salvação de seu cônjuge. Ao final deste
ano, ela não havia visto nenhuma mudança e disse para Deus: “Eu
acredito, meu Deus, que devo continuar por mais um ano clamando
por meu amado”. “Não poderia o Senhor fazer um milagre em sua
vida?” finalizou ela. Durante todo o ano, dia a dia, ali estava Daniela,
ajoelhada intercedendo por seu marido e pela salvação dele.
Certo dia, seu marido chegou a casa, disse olá e se dirigiu
para o quarto. Ela achou a atitude diferente. Em passos silenciosos
ela foi ver o que seu esposo estava fazendo. E para sua grande
alegria, ele estava de joelho no mesmo lugar onde ela, todos os
dias, se ajoelhava para pedir por ele. Daniela viu seu amado orando
pedindo por misericórdia e pelo perdão a Deus.
Querido leitor, a vontade de Deus é que sejamos persistentes
na oração em favor das pessoas. Não é para ficar enchendo a oração
com frases inúteis ou com pedidos egoístas. A oração é uma forma
de, pela fé, colocarmos pessoas e suas dificuldades nos braços
amorosos do Pai Celestial.

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4. Seja paciente
“Exorto, pois, antes de tudo que se façam súplicas, orações,
intercessões, e ações de graças por todos os homens” (1 Timóteo
2:1).
Em nossos dias, os e-mails, os fast-foods, as ligações etc.
fazem com que tudo seja imediato em nossa vida. Muitas vezes
colocamos a bondade e a graça de Deus dentro desta cultura em
que a resposta à oração deva chegar imediatamente.
Nós temos que esperar pacientemente. Temos que aprender
que Deus é muito mais rápido do que imaginamos, porém tem
formas diferentes de responder uma oração.
Pode ser com um (1) “SIM” imediato, o que muitas vezes nós
experimentamos. Poder ser com um (2) “NÃO”, pois nem tudo o
que pedimos realmente será para nossa salvação e santificação. E,
também Deus pode responder com um (3) “ESPERE”. Parece que
na maioria das vezes que oramos, nosso Pai nos fala para esperar,
para aguardar o momento certo em que Ele agirá definitivamente.
Seja paciente e constante em suas orações. Não perca a fé,
pois o Senhor está guiando o universo e sua vida. Ter paciência
é semelhante em confiar plenamente que Ele pode fazer tudo o
que realmente é necessário. Creia nisto. Continue intercedendo
e espere em Deus. Veja também por quem Jesus intercedeu e o
exemplo para nós.

POR QUEM JESUS INTERCEDEU?


Sabemos que Deus é o primeiro a interceder por nós. A
oração feita por Jesus para os discípulos e por todos os crentes

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mostra como Ele se importa em interceder por cada um de Seus
filhos.
A oração de Jesus em João 17 é dividida em três partes,
que podem ser um exemplo para nós. São elas: (1) pedido por Si
mesmo (vv. 1-5), (2) intercessão pelos discípulos (vv. 6-19) e (3)
oração em favor de todos os crentes (vv. 20-26).
Quando, em nossas orações, paramos para interceder, aqui
entra a parte dos pedidos de oração, dos rogos e clamores que
fazemos pelos outros. Necessitamos orar por nós mesmos, pois
temos angustias e desafios que precisamos rogar a Deus para que
nos dê força e soluções.
Assim como Jesus, orou por si mesmo para receber o poder
do Pai. Devemos também clamar por nossa vida espiritual, por
nosso trabalho, família, saúde etc. tudo deve estar transparente para
Deus, até mesmo as intenções e desejos ocultos de nosso coração
devem ser postos no Trono da Graça.
Em nossas orações precisamos dedicar tempo para clamar
por nossos projetos e planos, por soluções de problemas e desafios
que temos que enfrentar. Sempre permitindo que Deus seja o
centro de nossos pedidos, e que tudo o que façamos ou obtenhamos
seja para Sua glória.
Logo após orar por si mesmo, devemos rogar pelos pedidos e
clamores das pessoas que nos rodeiam. Orar pela igreja, orar pelos
crentes, orar em favor do governo, interceder pelos vizinhos do
edifício ou da vizinhança. Pedir a Deus pelas pessoas que desejam
o mal e a destruição.
Interceder em favor do bem das pessoas deve ser um
costume do cristão, um hábito. Rogar a Deus pela salvação das
pessoas deve ser uma tarefa constante de todos os que conhecem
a maravilhosa graça. Veja abaixo como levar bênçãos às pessoas
através da intercessão.

LEVANDO BENÇÃO ÀS PESSOAS


Ao ler vários livros e artigos, ao analisar quais são os
temas mais citados nos pedidos de oração, percebi que podíamos
fazer um acróstico para memorizar os motivos de nossa oração
intercessora. São apenas seis motivos aqui, não são todos, mas
tentei organizar numa forma de que nos lembremos dos mais
citados.
Desta forma, ao interceder por pessoas e também por si
mesmo, você estará levando BENÇÃO à grande parte dos filhos
de Deus. Veja o acróstico abaixo para perceber a quem devemos
levar esta BENÇÃO.

B – Base familiar
E – Enfermos
N – Novos cristãos
C – Conhecidos e não conhecidos
A – Autoridades
O – Opositores

Estaremos intercedendo pelas Bases familiares, pelo


relacionamento entre pais e filhos, por problemas que surgem
no ambiente do lar etc., tudo o que faz parte da base familiar.

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Devemos continuar orando pelos Enfermos. Sempre que puder
fazer visitas aos lugares onde pessoas estão sofrendo por causa de
doenças ou acidentes que acontecem.
Nossa missão é clamar a Deus por mais Novos cristãos,
para que mais pessoas aceitem o evangelho. Contudo, além disso,
orar e cuidar dos novos cristãos, os que acabaram de nascer através
do batismo, aqueles que ainda estão aprendendo o que é viver com
Cristo. Podemos sempre incluir os Conhecidos e os não Conhecidos
e seus pedidos a Deus. Muitas vezes sabemos o que nosso vizinho
está precisando? Será que não valeria a pena orar pelas mulheres
que nos atendem no caixa de um supermercado? Não seria cristão
interceder pelos motoristas e cobradores dos ônibus que pegamos?
Não é tão necessário que oremos pelos desconhecidos que sofrem
desastres naturais ou problemas graves?
Cristo nos ensinou a orar pelas Autoridades e por nossos
inimigos ou Opositores. Mesmo que não gostemos da atitude de
tais pessoas, ou que fiquemos nervosos e decepcionados, é nosso
dever também interceder pelos governantes de nossa sociedade. E
o que dizer de nossos inimigos e opositores. Deus quer transformar
nossa vida ao ponto de sermos humildes e cristãos suficientes de
sermos igual a Jesus, que orou e intercedeu pelos que O odiavam.
“Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).
Querido leitor, está é nossa vida de intercessão, isto é ser
cristão. Deus está ao nosso lado para nos transformar e nos ajudar
a sermos quem leve “BENÇÃO” a todas as pessoas possíveis, em
oração e em ação.

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A COMPAIXÃO E AMOR DE DEUS EM NÓS
Interceder é se tornar semelhante ao compassivo Jesus, que
constantemente intercede por Seus filhos. Quando nós dedicamos
nossa vida para orar a favor de outras pessoas, permitimos que
nosso coração seja moldado pelo amor e misericórdia que Deus
tem por Seus filhinhos que sofrem aqui neste mundo. Interceder
não é apenas pedir por você e seus interesses, mas, principalmente,
é clamar ao Senhor para que cuide e abençoe outras pessoas
conhecidas ou desconhecidas por você.
Encontramos na História muitos personagens que
demonstraram verdadeira compaixão por pessoas. Eles viviam
orando e intercedendo pelas multidões e pelos povos que desejavam
levar aos braços de Cristo.
Lembramo-nos de David Brainerd, que orava nas florestas
congeladas de neve intercedendo pelos Indianos para que aceitassem
a Jesus. Ele passava noites clamando a Deus ajuda pelos povos que
pereciam sem o evangelho. Quando este missionário estava para
morrer, se hospedou na casa de Jonathan Edwards, o qual disse: “Eu
louvo a Deus pela providência dEle em você estar em minha casa,
assim eu posso ouvir suas orações, testemunhar sua consagração e
me inspirar por seu exemplo de intercessão pelas pessoas perdidas”.
Há também George Whitefield, grande pregador de multidões
de pessoas. Qual era seu segredo? O desejo intenso nas orações de
interceder pela salvação de todos quando possível. Ele orava três
vezes por dia rogando a Deus por poder celestial, a fim de tocar o
coração das pessoas para Cristo.
Como não citar o grande Dwight Moody. Aquele que andava

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pelas ruas de Chicago pregando sobre Jesus. Era seu alvo falar de
Cristo pelo menos a uma pessoa por dia. O dia que não conseguia,
ele saia pelas ruas a fim de encontrar alguém para escutar o
evangelho. Sua vida demonstrou não somente orações pela salvação
de pessoas, mas todos seus atos eram de maneira que intercediam
a Deus pelos perdidos para que aceitassem a Jesus como Salvador.
Por que será que parece que esta geração de intercessores
verdadeiros passou? Por que falta tanto em nossas orações a
intenção sincera de interceder pelos perdidos e pelas nações que
ainda não aceitaram a Cristo? Frequentemente, nossas orações
estão focalizadas em pedir somente por nossos problemas, lutas
e desafios. Nossas orações egoístas e sem missão refletem o vazio
espiritual e missionário em que muitas vezes nos encontramos.
Deus deseja que sejamos não somente luzes e sal na terra,
mas que nossas orações e clamores sejam pelos perdidos, pelas
multidões que ainda não estão decididas plenamente por Cristo.
O Espírito Santo quer nos usar poderosamente para fazer tremer
o inferno e retirar de lá pessoas compradas pelo sangue de Cristo.
A intercessão só vai começar a ter mais força quando pararmos e
dedicarmos horas intercedendo por vidas a serem salvas.
Para termos um coração compassivo igual ao de Deus,
temos que (1) orar por grupos de pessoas, clamando a Deus para a
salvação e transformação desses Seus filhos; (2) encontrar outros
cristãos que tenham fogo no coração para ganhar almas, pessoas
que sintam o ardente sentimento e dever de salvar o máximo
de pessoas; (3) ter objetivos e estratégias para desenvolver um
trabalho de intercessão e pregação na localidade em foco; e, (4)

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o mais importante, buscar na Bíblia, nos evangelhos, como Jesus
buscava atrair e salvar pessoas, qual era o sentimento de Cristo
sobre as multidões e aprender com Ele como ser um verdadeiro e
sincero intercessor.
O reino de Deus está chegando, não só no coração das
pessoas, mas Jesus está voltando para buscar as pessoas que O
aceitaram e amaram. Como, porém, as pessoas vão conhecer
a Cristo se eu e você não intercedermos por elas? Como irão
aceitar o evangelho se eu e você não dedicarmos tempo orando e
fazendo algo para que elas se encontrem com Jesus? “É impossível que
alguém... desfrute comunhão com Ele e não sinta responsabilidade pelas
pessoas por quem Cristo deu a vida” (Review and Herald, 21/07/1891).
Interceder é deixar que a compaixão e amor de Deus tome
sua vida com o objetivo de salvar pessoas. Você tem este desejo?
Você quer que o Senhor faça de você um intercessor verdadeiro?

A ORAÇÃO DE JESUS
“O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (Mateus 6:11)
Peça pelo pão diário, peça pelo alimento espiritual diário.
Peça também, intercedendo, pelo pão diário dos necessitados,
fazendo o melhor para ajudar. “E o meu Deus, segundo a sua
riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de
vossas necessidades” (Filipenses 4:19).
Lutero costumava fazer uma lista, famosa, sobre o que
significa este pão de cada dia: alimento, bebida, vestidos, calçados,
casa, trabalho, dinheiro, bom governo, bom tempo (nem frio nem
calor), paz, saúde, disciplina, honra, fiéis amigos e bons vizinhos.

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Logicamente Lutero estava colocando as necessidades e condições
das classes sociais da Alemanha no século XVI. O que também
podemos fazer com as necessidades de nosso século e sociedade.
A palavra pão na Bíblia tem alguns sentidos unidos:
1. O que é indispensável para viver; o mínimo de
mantimento que o pobre miserável ou o peregrino pode passar.
Pedir a Deus o pão de cada dia significa pedir que as provisões
básicas da vida sejam obtidas, quer por trabalho, quer pela graça de
alguém. Coisas básicas da vida, como Jesus disse em Mateus 6:25-
34, a roupa e a comida, pois Deus ajuda os passarinhos no comer
diário e os lírios do campo a se vestirem.
2. A Bíblia também apresenta o pão como um símbolo
da vida e da graça de Deus. Jesus é o Pão da Vida. O maná
era doado graciosamente por Deus para o cuidado e manutenção
do povo de Israel no deserto. Pedir para Deus o pão de cada dia
também é pedir pela graça salvadora de Cristo que diariamente
reveste o pecador que confessa e se arrepende. É viver pela
bondade de Deus, é depender de Sua ajuda e provisão no trabalho
e lutas diárias.
Querido leitor, buscar a Deus na oração é colocar sua
vida, suas necessidades nas mãos de dEle. Oração intercessora é
clamar ao Pai celestial que abençoe as necessidades das pessoas,
mais próximas ou não, conhecidas ou não, amigas ou não. Jesus
quer que eu e você sejamos intercessores, seguindo o exemplo
de Cristo.
Isso é OASIS. Quando eu e você nos conectamos com o Senhor
para interceder e abençoar os seres humanos, nós experimentamos

89
a presença divina. Encontramos o verdadeiro oásis em meio ao
deserto do egoísmo e do orgulho. Você está disposto a iniciar
sua missão através da oração? Feche seus olhos e converse com
Deus. Coloque em Seus braços a vida de pessoas que você sabe
que precisam de um milagre, ou apenas de uma bênção e proteção
diária.
No último capítulo, o próximo, ao ler, experimente como é
agradável e prazeroso sentir a presença de Deus através do Silêncio.
Como é bom escutar Sua voz através de versos e promessas que são
relembrados.

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Perguntas para refelxão:
O que é oração intercessora para você?
Por quem você acha que nós devemos interceder?
Você acredita que apenas orar intercedendo e não praticar
nenhuma ação já é o suficiente para Deus?
Comente alguma experiência que você passou ao interceder
por alguém ou ao saber que alguém intercedia por você. O que
sentiu? O que mudou?

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5 .SILÊNCIAR

“Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor”


(Lamentações 3:26).

Estar em silêncio na oração nos ajuda a escutar a voz de


Deus, nos abre o coração para entregar tudo o que pedimos e
intercedemos nas mãos dEle. Permanecer em silêncio é confiar
mais nas ações divinas do que nas nossas próprias forças.
Este capítulo tem o objetivo de apresentar o que a Bíblia
fala sobre o silêncio de Deus e o silêncio do ser humano. Além
disso, procura motivar cada um de nós a confiar plenamente no
Senhor para que possamos encontrar a paz que Ele quer nos dar.
“Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu
próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e
ele endireitará as tuas veredas” (Provérbios 3:5-6).

O SILÊNCIO DE DEUS
Esta expressão “o silêncio de Deus” gera em nós um
sentimento de contrição. Sinto que sou incapaz e fraco diante de
tantas dificuldades da existência humana. E que somente Deus
pode guiar nossa vida da melhor maneira que sequer imaginamos.
Inúmeras vezes a Palavra de Deus revela momentos que

93
pessoas fiéis tiveram que enfrentar “o silêncio de Deus”. Estas
pessoas não perderam a fé, não blasfemaram ou abandonaram sua
relação com o Senhor. Muito pelo contrário. Quando mais elas
escutavam o silêncio de Deus, mais elas se aproximavam com plena
certeza que suas vidas estavam depositadas nos braços do Altíssimo
Pai.
“Nada nos causa tamanho ferimento da alma como os agudos
dardos da incredulidade. Quando a prova vem, como sempre virá, não vos
angustieis ou lamenteis. O silêncio da alma faz mais clara a voz de Deus.
‘Então, se alegraram com a bonança’ (Salmo 107:30). Recordai que de-
baixo de vós estão os braços eternos” (EllenWhite, Signs of the Times, 5 de
novembro, 1902, tradução nossa).
Lembremos que Jó, um servo fiel, íntegro, que Deus elogiou
perante os representantes de todo o universo. Porém, este servo
de Deus vivia como nós vivemos hoje, num mundo de pecado e
morte. Não é Deus que traz as desgraças, é o inimigo que nos aflige
com toda sorte de lutas, problemas e tentações.
Mesmo com todo o sofrimento de Jó, este não abandonou
a Deus. Ao contrário, buscou mais a face do Criador e, mesmo
com erros humanos, o Senhor se revelou para Ele. Porém, isso
aconteceu após um período de silêncio.
Quando Deus fica em silêncio não é que Ele está longe ou
indiferente aos nossos problemas e lutas. Quando percebemos que
Deus está afastado de nós, é o momento que mais perto Ele está,
pois é necessário cuidar de sua fé num momento crítico. O silêncio
de Deus é revelado na Bíblia como sendo o Senhor respondendo
da melhor maneira possível para a salvação e bem de cada pessoa.

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O apóstolo Paulo sentiu na pele o “silêncio de Deus”. Quando
em muitas aflições e perseguições por amor ao Seu nome, este
seguidor de Deus rogava em altos brados, livra-me deste espinho
(2 Coríntios 12:7). E o que escutou foi um longo e profundo
silêncio. Mas continuou insistindo e implorando a Deus libertação
do pecado. Contudo, escutou uma frase que deve ser nossa frase
diária: “A minha graça te basta” (2 Coríntios 12:9).
O que dizer do grande João Batista, o maior segundo disse
Jesus Cristo. Ao estar preso e preste a morrer, este discípulo
perguntou ao seu primo: “És tu o que havia de vir, ou é outro
o que esperamos?” E Jesus lhe respondeu graciosamente, “o que
tendes ouvido e visto: que os cegos verem, os coxos andam, os
leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam...”
(Lucas 7:19-23). Após estas palavras, João não ouviu mais nada,
permaneceu no “silêncio de Deus”, porém, sua fé não desfaleceu, e
sua certeza no Salvador aumentou.
Querido leitor, apesar destes relatos acima e de tantos
outros, o maior que podemos citar aqui é o “silêncio do Pai” para
com Jesus na cruz. Depois de uma noite de muita luta e oração.
Depois de pedir “passa de mim este cálice, mas seja sua vontade”.
Depois de receber inúmeros açoites, injustiças, críticas, zombarias,
abandonos. Nosso Salvador foi crucificado de uma maneira
vergonhosa perante o universo. E na presença de todos gritou: “Pai,
por que me desamparaste?” (Mateus 27:46).
Não há como eu e você lermos este relato e contemplarmos
o Filho de Deus, nosso Salvador, vivendo “o silêncio de Deus”, e
não entendermos que o Senhor sempre está ao nosso lado. Mesmo

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na cruz, o Pai e o Espírito estavam mais pertos do que qualquer
criatura, porém, era necessário que eles ficassem em silêncio.
Jesus é o exemplo maior para nós. Mesmo que não
estivermos escutando a voz de Deus, ou sentindo Sua presença,
temos que ter a plena certeza que Ele é quem mais perto está de
nós. Não O deixe, não O abandone. Permaneça em fé com ele,
sabendo que, quando há silêncio, da parte de Deus, é quando mais
necessitamos estar atentos e abertos ao Seu eterno cuidado.

A EXPERIÊNCIA DE LORENA
Lorena é filha de Silvânia. Em sua adolescência ela se batizou
junto com sua mãe e seu irmão mais novo, Lucas, em Salvador.
Sua mãe era uma grande gerente numa rede de bancária na cidade,
era um exemplo de esportista, era fiel a Deus e muito dedicada na
pregação do evangelho.
Entretanto, um dia, Silvânia teve que ir ao hospital por causa
de uma leve queda na calçada da rua. Foi então que os médicos
começaram a se preocupar com ela. Descobriram um câncer forte
em seus pulmões que estava se espalhando pelo corpo e atingindo
o cérebro. A família ficou desesperada com algo tão grave revelado
de um dia para o outro.
Esta mulher, como uma serva de Deus, continuou com sua
fé ativa em Deus. Mesmo com os tratamentos pesados para tentar
retirar esta doença maligna, seu corpo foi enfraquecendo, mas a
certeza da salvação não saiu de sua cabeça.
O impacto atingiu seus filhos fortemente. Lorena, a mais
velha, lutava todos os dias com Deus em oração clamando pela vida

96
de sua jovem mãe. Esta filha colocou todas as esperanças no poder
de Deus, ao ponto de quase obrigá-Lo a curar.
Passaram-se aproximadamente um ano e nove meses de
luta espiritual durante os muitos tratamentos. Para Lorena, Deus
parecia em silêncio por não estar fazendo nada. Para Silvânia,
mesmo não vendo as soluções e respostas de Deus, se entregou
aos braços do Senhor da vida. Após as últimas três semanas de
muita tensão, esta mulher de Deus faleceu num sábado pela
manhã.
Foram períodos de muita tristeza na igreja e na família.
Os filhos Silvânia, Lorena e Lucas, tinham dificuldade para orar
e ler a Bíblia. Eles não estavam contra Deus. Mas tamanha era a
tristeza porque Deus não atendeu suas petições que eles perderam
a força em manter uma comunhão com Ele. Graças a Deus, a
igreja e a família estavam perto deles. Através de visitas, conversas,
intercessões, Lorena decidiu seguir os caminhos de sua mãe, que
mesmo na doença, realizava um Pequeno Grupo de oração e
estudo da Bíblia em sua casa para pessoas que ainda não tinham se
entregado a Jesus.
Até que em dia, Lorena fez uma linda pregação no culto da
igreja, falando sobre o silêncio de Deus. Mesmo com uma tristeza
inexplicável, esta filha mostrou que Deus nunca fica longe de
seus filhos. Ele nunca fica em silêncio. Ela disse uma frase que me
marcou muito: “Eu pensava que Deus estava em silêncio porque
Ele não respondia exatamente o que eu clamava. Porém, hoje eu
aprendi, com muita dor, que o Senhor sempre esteve ao meu lado
me dando forças para cuidar de minha mãe e permanecer com

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fé”. Na conclusão afirmou: “Deus nunca está em silêncio, somos
nós que não queremos escutar outras respostas que não sejam as
nossas”.
Lorena se tornou uma líder dos jovens da igreja. Ela tem
se dedicado a unir e fortalecer os mais novos na fé através de seu
exemplo. Mesmo com todas as dificuldades que ela passa e pela
saudade, esta filha motiva a todos para permanecerem firmes em
Deus, porque Ele é fiel. E Lucas, tem se unido mais fortemente ao
ministério de música, levando amigos para Jesus.

AQUIETAI-VOS E SABEI QUE EU SOU DEUS


“Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (Salmo 46:10).
“Descansa no Senhor, e espera nele; não te enfades por causa
daquele que prospera em seu caminho, por causa do homem que
executa maus desígnios” (Salmo 37:7). Este é um verso muito
forte, é uma certeza firme no Poder e Sabedoria divinos. Descansar
em Deus é o que este capítulo quer apresentar.
O Silêncio após a oração é importante para nós refletirmos
nas promessas do cuidado do Pai aos filhos. Na versão bíblica
em espanhol apresenta o mesmo conceito, mas com uma palavra
aumentando o significado da nossa confiança nEle. “Guarda silencio
ante Jehová y espera en él” (Salmo 37:7 – Reina Valera). É incrível
como é prazeroso descansar em Deus, guardar silêncio, aquietar
o coração na certeza que nossa vida está entregue aos cuidados e
planos dAquele que é Onisciente e Onipotente.
O ato de parar para sentir a presença de Deus, de meditar nas
promessas e propósitos divinos, de permitir que o “eu” desapareça,

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como disse Paulo, e que Cristo viva em nós é umas das mais
fantásticas experiências de alguém que vive na presença de Deus.
Ellen White comentou uma experiência que teve dizendo:
“Muitas noites, nos últimos nove meses, só pude dormir duas horas
por noite, e então às vezes me via envolta em trevas; mas eu orava, e recebi
muito suave conforto ao aproximar-me de Deus. As promessas:‘Chegai-vos
a Deus, e Ele Se chegará a vós’ (Tiago 4:8), e ‘vindo o inimigo como uma
corrente de águas, o Espírito do Senhor arvorará contra ele a Sua bandei-
ra’ (Isaías 59:19), cumpriram-se em mim. Sentia-me alegre no Senhor.
Jesus estava sagradamente próximo, e achei suficiente a graça concedida,
pois minha alma se firmava em Deus, e eu estava possuída de grato lou-
vor Àquele que me amou e a Si mesmo Se entregou por mim” (Mensagens
Escolhidas, v. 2, p. 241).
Permaneça em silêncio e escute a voz de Deus. Não espere
que os momentos escuros da vida rodeiem sua vida, não deixe que
cheguem as areias do frio deserto para afundar sua vida. Fique com
seu coração preparado, para que o Espírito Santo imprima em sua
mente as mensagens que Ele quer de dar. Mensagens bíblicas que
se encaixam com sua situação neste momento que esta passando.
Busque em lugar de paz, ou caso não consiga, tente acordar
pela madrugada. O silêncio da madrugada é espetacular para
encontrar paz. Deixe de lado os pensamentos que o inimigo de
Deus coloca para nos distrair.
Ao nos aquietarmos diante da presença de Deus, ao
silenciarmos em alguns segundos ou minutos diante do trono da
graça, Deus nos ajuda a sermos mais submissos a orientação divina.
Até alguns momentos de clímax onde podemos estar no centro de

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uma cidade barulhenta e sentir Deus falando algo para nós. Temos
que nos abrir mais a Deus e deixar com que Ele use Sua Palavra
para nos guiar em cada instante.
Querido leitor, isso é Oasis. No deserto do barulho, da
agitação e das incertezas, aquietar-se, fazer silêncio, descansar
na presença de Deus se torna um grande oásis de refúgio, de
refrigério e de fortalecimento para continuar a jornada desta
vida.
Silenciar-se perante Deus é orar sem palavras, é viver pela
fé as certezas e a convicção no que não se vê.

A oração de Jesus
“Porque teu é o reino, o poder e a glória para sempre,
Amém!” (Mateus 6:13).
“Tua, o Senhor, é a grandeza, o poder e a honra, ...tu exaltas
por chefe sobre todos” (1 Crônicas 29:11).

Termina Jesus sua oração. Esta é uma aclamação de grandeza


a Deus que nós devemos fazer todos os dias. É necessário que
deixemos nossas vontades e desejos em ter o reino para nós. O
reino deve ser de Cristo. Assim, tudo o que acontece em nossa vida
estará sobre o comando e cuidado do Senhor.
Ao terminarmos nossa oração em nome de Jesus, rendendo a
Ele, toda glória, honra e poder, estamos submetendo tudo o que falamos
na oração à Sua vontade. Nossos pedidos e nossos agradecimentos.
Nossas súplicas e nossos louvores. Nossas intercessões e nossa vida
estão sendo entregues ao Criador do Universo.

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Ao finalizar a oração como Jesus a finalizou, você sentirá
alegria e paz.Você terá a certeza de que este oásis renovou sua vida.
Você se sentirá realizado por ter buscado a Deus na maneira com o
Ele se agrada. Você encontrará a paz que tanto está procurando.
O “AMEM” significa “assim seja”. Mas também nos leva à
certeza que a resposta divina é maior do que os nossos sentimentos
e planos para nossas necessidades e desejos. Em nossa oração, o
que vale não é o que pedimos, mas a certeza que o melhor vem de
acordo coma vontade e resposta de Deus.
Que tal você mais uma vez fechar seu olhos e conversar
com seu Pai querido? Peça a Deus que os momentos de oração
sejam na sua vida oásis de renovação de aliança com seu Salvador.
Peça a Deus que o oásis da oração sejam momentos inesquecíveis e
diários, que vão permitir que sua vida esteja mais aberta à presença
de Deus. Experimente Deus na oração. Você nunca mais será a
mesma pessoa.

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Perguntas para reflexão:
O que é o silêncio de Deus para você?
Você alguma vez já viveu uma situação difícil e que,
aparentemente, não escutou a voz de Deus, mas sentiu que Ele
estava ao teu lado? Comente esta experiência.
Você acha que é importante após a oração ficar um pouco
em silêncio para sentir a paz de Deus? Por quê?

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C ONCLUSÃO

A realidade de um oásis no deserto realmente não tem


palavras para descrever a grandeza do prazer, da paz e da esperança
que dá àqueles que o encontram. Mesmo no mais seco deserto
do mundo, o Atacama, há lugares de refrigério, com abundância
de água, frutas para comer, sombra para descansar e, até mesmo,
termas quentinhas para relaxar.
Mas também, a realidade da oração se torna o mais delicioso
lugar de paz onde cada pessoa pode se encontrar.Tanto no silêncio do
quarto, ou na calmaria de um bosque de árvores, ou no estressante
trânsito, ou na urgência de uma decisão do trabalho, ou nas pressões
dentro da escola, ou até mesmo na emergência do hospital, a oração
é um oásis no deserto da vida. Muitos desejam encontrar a paz, e
Deus ensinou que é possível achar paz na oração. Como isso pode
ser possível?
No decorrer desses pequenos diálogos escritos, eu tentei
usar da palavra OASIS, como um acróstico, para pontuar e meditar
nos ensinamentos bíblicos sobre oração. Em cada letra foi colocado
uma lição importante sobre a oração. “O” significa Ocupar a mente
com a presença de Deus. “A” apresenta a maravilha de adorar e
agradecer a Deus. “S” demonstra nossa necessidade de suplicar por
perdão e santificação. “I” revela a grande vontade de Deus para que
sejamos intercessores. E, por fim, a letra “S” mostra com é bom
sentir a presença de Deus com o silêncio após a oração.

103
Meu desejo para você, querido leitor, é que a realidade
da oração, traga paz à sua vida, ao viver na presença de Deus.
Compartilhe e motive as pessoas mais próximas de você a
experimentarem uma vida de oração. “E o Deus da esperança vos
encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de
esperança no poder do Espírito Santo” (Romanos 15:13).

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A pêndice A - Algumas dicas para melhorar
nossa oração:

1. Ore toda vez que você lembrar-se de orar. Onde


você estiver, quando se lembrar de orar. Ore, até mesmo de olhos
abertos, no trânsito, no banheiro, no restaurante, apenas ore.
Converse com Deus.
2. Ore por uma variedade de coisas. Não se limite
a falar somente das coisas básicas, fale com Deus sobre tudo, os
detalhes de seu dia, os sentimentos que você teve, os acertos que
você obteve em algo.
3. Não ore com pressa de acabar a conversa. Não
pense em falar todos seus assuntos numa sentada. Fale com
Deus como a um amigo. Um pouco de tal assunto de noite, o
restante desse assunto noutro momento. Uma coisa hoje, outra
amanhã.
4. Ore sem palavras. Conquiste este prazer sem igual,
orar a Deus sem usar palavras. Como aprendemos no capítulo
Ocupar a Mente com a Presença de Deus, desfrute de seu Salvador
pertinho de você. Sinta as impressões que Deus vai colocar em seu
coração. Sinta Deus no silencio.
5. Mantenha seu momento de meditação separado
do momento de estudo. Uma coisa é ler um verso da Bíblia,
meditar nele a fim de ouvir o que Deus esta te falando para o dia.
Outra coisa é estudar o mesmo verso bíblico, com a intenção de
investigação teológica, histórica, literária etc.

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6. Ore para você ser uma benção a alguém. Assim
como Deus falou a Abraão que ele seria benção para as nações, nós
temos que pedir a Deus para que sejamos benção para outros.

Hebert Davi Liessi

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